Evitar as quedas dos idosos, pontos aos pescadores e a inteligência artificial. As propostas mais “fora da caixa” do iSimplex

O programa Simplex de 2019 chega, mais uma vez, com o objetivo de facilitar a vida aos cidadãos. Há propostas que envolvem o Cartão de Cidadão ou o IVA, mas há outras mais improváveis.

O Governo quer continuar o trabalho de simplificar e modernizar a Administração Pública, facilitando a relação entre cidadãos ou empresas e serviços públicos. Para isso, e mais uma vez, a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa anunciou um conjunto de novas propostas que fazem parte do iSimplex 2019.

O programa é transversal a várias áreas e setores. Se as mudanças no que toca ao Cartão de Cidadão (CC), carta de condução, IVA ou IRS são mais esperadas, há outros temas que constam do Simplex e que mais dificilmente adivinharia.

É o caso da medida “Livre de Queda”, que faz parte do capítulo economia comportamental. O objetivo é “prevenir quedas de pessoas idosas”, lê-se no site do Simplex. Como? “Promovendo o acesso a informação específica e a instrumentos de apoio relativos ao risco associado a quedas”.

Talvez seja ainda preciso mais informação para compreender como é que o Governo vai, de facto, evitar as quedas dos mais idosos. Mas diz que vai fazê-lo, disponibilizando “uma check-list que permita a avaliação das condições da habitação e que apresente medidas redutoras do risco, segundo recomendações do Instituto Nacional de Reabilitação e da Direção-Geral da Saúde”.

O iSimplex 2019 foi esta sexta-feira oficialmente apresentado. Ao todo são 119 propostas.Unsplash

Também com um modelo preditivo que recorrendo à inteligência artificial (IA), outras das propostas — esta na área da educação — prevê a criação de um sistema que integre e agregue informação para “identificar indiciadores de situações de risco de abandono escolar no ensino superior”.

Idosos, alunos e, também, os pescadores ajudaram a completar o livro do Simplex. A proposta Simplex, chamada “À Pesca de Pontos”, é “criar um sistema de atribuição de pontos cumulativos aos pescadores que entreguem redes de pesca usadas e demais resíduos juntos dos ‘bancos azuis’ da Docapesca, sendo os referidos pontos convertidos em benefícios para os pescadores”. E, no que toca aos portos, vai ser disponibilizada uma plataforma digital que permite, entre outras tarefas, a submissão de pedidos, a solicitação de pareceres e a gestão de marinas de recreio.

Da portos às vinhas, o Governo também incluiu no programa uma medida que pretende facilitar o trabalho do viticultor. O “Balcão da Vinha” promete “criar um ponto único de contacto na Administração Pública, eletrónico e presencial, que permita ao viticultor obter todas as permissões administrativas necessárias à plantação da vinha”.

Uma proposta semelhante vai na direção das pessoas portadoras de deficiência. A intenção é “criar um webservice para automatizar a prova da situação de incapacidade e respetivo grau, para efeitos de atribuição do cartão de estacionamento“.

Tratamentos termais, coleção de arte e inteligência artificial

Na área da saúde, há uma medida que estabelece a comparticipação de tratamentos termais online. No fundo, o que se pretende é disponibilizar ao cidadão a prescrição eletrónica de tratamentos termais comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). De acordo com o Governo, o objetivo é “introduzir novas práticas terapêuticas e determinar os ganhos em saúde associados a estes tipos de tratamento”.

O Governo não esqueceu, também, a cultura e propõe agora digitalizar a coleção Pombalina na Biblioteca Nacional de Portugal, que também verá o motor de busca do seu site mais desenvolvido.

E, como vários projetos que constam deste programa utilizam a inteligência artificial, o Governo propôs, também, desenvolver um “GuIA Responsável”. Esta medida visa a disponibilização de uma “ferramenta de avaliação do risco associado aos projetos de inteligência artificial, designadamente os que constam do programa iSimplex 2019”, lê-se no site.

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França quer “acordo europeu” para substituto de Lagarde no FMI

  • Lusa
  • 6 Julho 2019

O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, quer "um acordo europeu em relação à melhor personalidade possível" para substituir Christine Lagarde no FMI.

O ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, afirmou que quer “um acordo europeu em relação à melhor personalidade possível” para suceder a Christine Lagarde à frente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Hoje nenhuma decisão foi tomada pela França e ninguém pode reivindicar o apoio da França”, disse o governante aos jornalistas, à margem do Fórum Económico de Aix-en-Provence, em França.

A única coisa que posso dizer é que é preciso que haja um acordo europeu”, adiantou o ministro, lembrando que na sexta-feira disse ao Presidente francês, Emmanuel Mácron, que não era candidato à sucessão de Christine Lagarde.

“É o Presidente que vai votar numa personalidade com base nas orientações e recomendações que vou fazer sobre o assunto”, disse Bruno Le Maire, que deverá falar novamente este fim de semana com Emmanuel Macron, antes das reuniões de ministros da União Europeia (UE) e da zona euro na segunda e na terça-feira, em Bruxelas.

Na terça-feira, os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) chegaram a acordo sobre as nomeações para os cargos institucionais de topo, designando Christine Lagarde, atual diretora-geral do FMI, para a presidência do Banco Central Europeu (BCE), sucedendo ao atual presidente, Mario Draghi, cujo mandato termina em 31 de outubro.

Desde a sua criação, em 1944, o FMI foi liderado por europeus, enquanto o Banco Mundial sempre foi presidido por um norte-americano e dos 11 líderes do FMI cinco eram franceses.

Vários nomes franceses circulam desde a nomeação de Christine Lagarde para o BCE, caso do Comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, ou de Benoit Coeuré, membro da Comissão Executiva do BCE.

O governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, também era dado como candidato, mas disse à sua equipe que não estava interessado no cargo.

“Alguns rumores indicam que vou para o FMI. Eu confirmo, se necessário, que estou muito satisfeito no Banco de França e que vou ficar convosco. Nós temos ainda muitos desafios para termos sucesso juntos”, disse o governador num email enviado à sua equipa e que a AFP teve acesso.

No FMI, o nome da búlgara Kristalina Georgieva, que foi presidente interina do Banco Mundial e vice-presidente da Comissão Europeia, é falado para o cargo, enquanto outros querem que exista uma reforma profunda do FMI e pretendem conferir maior peso e poder aos países emergentes.

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Primeiro-ministro reitera “total confiança” no ex-ministro da Defesa apesar de ser arguido no caso Tancos

  • Lusa
  • 6 Julho 2019

Azeredo Lopes foi constituído arguido no caso de Tancos. O primeiro-ministro assegurou hoje que mantém "total confiança" no seu ex-ministro da Defesa.

O primeiro-ministro, António Costa, cumprimentando o então ministro da Defesa Nacional cessante, Azeredo Lopes.ANDRÉ KOSTERS/LUSA 15 outubro, 2018

O primeiro-ministro, António Costa, assegurou manter “total confiança” no ex-ministro Azeredo Lopes, que foi constituído arguido no processo relativo ao chamado caso Tancos, até porque a comissão de inquérito parlamentar já fez “um trabalho esclarecedor”.

“Tenho total confiança” no ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes e “acho que a comissão de inquérito parlamentar já fez um trabalho muito esclarecedor”, afirmou António Costa, em Braga.

O ex-ministro foi constituído arguido na quinta-feira no processo sobre o furto de Tancos, considerando que esta condição, apesar de garantir mais direitos processuais, é “socialmente destruidora”.

“Comunico que fui (quinta-feira) constituído arguido no processo relativo ao chamado caso Tancos. Esta condição, se é verdade que me garante mais direitos processuais, é absolutamente inexplicável tendo em conta os factos relativos ao meu envolvimento do processo, que foi apenas de tutela política”, referiu na altura, em comunicado enviado à agência Lusa.

Admitindo que “o dr. Azeredo Lopes está profundamente magoado com toda a situação”, o primeiro-ministro lembrou que “é importante que não restem quaisquer insinuações ou dúvidas sobre esta matéria”, defendendo, por isso, que a Justiça “investigue o que tem a investigar”.

Presente em Braga para participar na última sessão organizada pelo Partido Socialista para preparar o programa para as eleições legislativas, António Costa enviou “um grande abraço de solidariedade” a Azeredo Lopes e garantiu que irá aguardar “tranquilamente o que vão ser as conclusões de todo este processo”.

No dia em que foi constituído arguido, o ex-ministro da Defesa mostrou-se convicto de que vai ser “absolutamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo”.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 e, quatro meses depois, a Polícia Judiciária Militar (PJM) revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos o agora ex-diretor da PJM.

No dia 12 de outubro de 2018, Azeredo Lopes apresentou a sua demissão do cargo de ministro da Defesa Nacional. Na base do pedido de demissão estiveram os desenvolvimentos do processo de investigação judicial ao desaparecimento e recuperação das armas furtadas nos paióis de Tancos.

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Portugal prepara digitalização de serviços consulares com experiência da Holanda

  • Lusa
  • 6 Julho 2019

O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse este sábado que Portugal está a preparar a digitalização dos serviços consulares, aproveitando a experiência da Holanda neste tema.

O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse este sábado que Portugal está a preparar a digitalização dos serviços consulares, tendo estado na Holanda na sexta-feira para conhecer uma experiência que já tem vários anos.

“Esta visita foi muito importante porque foi possível verificar que, com mudanças tecnológicas, consegue-se garantir um serviço mais ágil”, disse José Luís Carneiro à Lusa, lembrando que Portugal está “a fazer um esforço equivalente”.

Portugal criou em abril de 2018 um Centro de Atendimento Consular, sedeado em Lisboa, numa parceria do Ministério da Modernização Administrativa com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, explicou o secretário de Estado.

“Foi muito importante conhecer esta experiência até porque, a par do reforço dos meios humanos, que tem vindo a ser desenvolvido, a par também da motivação dos funcionários, nomeadamente com a adoção do mecanismo de correção cambial e também com o mecanismo compensatório em sede de IRS em termos remuneratórios, há passos que estão a ser dados no sentido da digitalização e da modernização dos serviços”, referiu.

As mudanças que estão em curso, adiantou, “são muito equivalentes a mudanças que foram feitas na Holanda, daí que tenha sido importante partilhar experiências”.

Além disso, “fica estabelecido um canal com os serviços consulares holandeses para que os nossos serviços possam dialogar e aperfeiçoar os seus serviços”, afirmou.

A visita a Haia serviu também para o secretário de Estado se encontrar com os portugueses “de várias gerações e com motivações diversas na sua inserção na vida da Holanda”.

“Estive com portugueses investigadores, professores universitários” e ficou decidido “apoiá-los nos esforços que venham a desenvolver para se organizar e poderem integrar as redes de investigadores portugueses que já está constituída no âmbito dos países do Benelux”, explicou José Luís Carneiro.

Por outro lado, o grupo comprometeu-se a “agregar as muitas dezenas de investigadores e professores” portugueses que vivem na Holanda, com o apoio da embaixada e secção consular portuguesa.

O secretário de Estado aproveitou ainda a visita à Holanda para condecorar o clube associativo inserido na Casa de Portugal, que completou 50 anos.

“Condecorámos o clube com uma placa de mérito pelos seus 50 anos e pelo trabalho desportivo, cultural e recreativo na Casa de Portugal e destacámos também o cidadão Avelino [Neto], que não apenas ajudou a fundar este clube como dedicou a vida a auxiliar a formação de outras instituições sociais”, explicou.

“Aproveitei para falar-lhes dos termos em que o Ministério dos Negócios Estrangeiros aceita candidaturas do movimento associativo para efeito de financiamento das suas atividades, sugerindo-lhes que comecem a preparar as candidaturas que se iniciam no dia 1 de outubro e duram até 31 de dezembro”, acrescentou.

Segundo o secretário de Estado, a visita a Haia foi “muito enriquecedora do ponto de vista do conhecimento do modo como os portugueses vivem”.

“Pude partilhar um diálogo muito franco e aberto, conhecer alguma das suas dificuldades e sobretudo a vontade que têm que depois de visitar Haia – onde temos a nossa embaixada – possamos visitar outros locais onde temos comunidades, nomeadamente Roterdão e Amesterdão”, concluiu.

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Bandeiras pretas e emigrantes lesados do BES esperam António Costa em Braga

  • Lusa
  • 6 Julho 2019

O secretário-geral do PS, e também primeiro-ministro, vai estar em Braga para a última sessão organizada pelo PS no âmbito da preparação do programa do partido para as eleições legislativas deste ano.

Bandeiras pretas, cartazes em várias línguas e um grupo de cerca de 30 antigos e atuais emigrantes lesados do BES, que acusam o Novo Banco e o Governo de “burla à descarada”, esperam este sábado António Costa, em Braga.

O secretário-geral do PS, e também primeiro-ministro, vai estar naquela cidade para a última sessão organizada pelo PS no âmbito da preparação do programa do partido para as eleições legislativas deste ano.

“Fomos burlados. Primeiro pelo antigo BES e depois pelo Governo. Foi-nos dito que havia uma provisão para cobrir a burla do BES, mas depois esse dinheiro desapareceu e foi desviado para pagar a dívida do BES a outros banco”, explicou à Lusa um dos representantes do grupo, António Cruz.

Estão à sombra, vão almoçando e distribuindo o que “cada um trouxe”.

“Alguns de nós sobrevivem com a ajuda dos outros. Ficaram sem nada. Confiaram nos gerentes dos bancos, alguns nem sequer sabiam ou sabem ler. Fomos todos enganados”, explica outra manifestante.

Prometem continuar os protestos: “Já fizemos mais de 100 manifestações. Nós e os lesados que viviam em Portugal. Depois uns aceitaram o acordo proposto e receberam algum, muitos de nós não receberam nada”, explicou o porta-voz.

A António Costa querem “pedir contas, porque se diziam e há papeis que dizem que havia dinheiro para pagar aos lesados, quer residentes, quer imigrantes, porque é que isso ainda não foi feito”.

Até porque ele [António Costa] prometeu que o faria se fosse eleito“, acrescentou.

Segundo afirmam, foram alvo de “um engodo de papéis, leis e ladrões porque o dinheiro não se esfumou, em algum lado ele está”.

A convenção, marcada para as 15:00, será dedicada à temática “Sociedade Digital”.

Sob o lema Porque#TodosDecidem, foram organizadas, entre 15 de junho e hoje, quatro convenções temáticas centradas em quatro desafios nacionais (desigualdades, alterações climáticas, demografia e sociedade digital), que culminam numa convenção nacional, a realizar no dia 20 de julho, em Lisboa, com a apresentação do programa eleitoral.

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Magistrados brasileiros repudiam declarações de Bolsonaro a favor do trabalho infantil

  • Lusa
  • 6 Julho 2019

Na passada quinta-feira, o chefe de Estado do Brasil usou a história pessoal da sua infância para argumentar que o trabalho não prejudica as crianças. Magistrados brasileiros repudiam declarações.

A Associação brasileira dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) repudiou na sexta-feira as declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, em que defendeu o trabalho infantil, afirmando que o governante “desconhece a realidade de dois milhões” de menores.

Na passada quinta-feira, numa transmissão em direto na sua página do Facebook, o chefe de Estado do Brasil usou a história pessoal da sua infância para argumentar que o trabalho não prejudica as crianças.

“Posso confessar agora, se bem que naquele tempo não era crime. (…) Eu, com nove, dez anos de idade, quebrava milho na plantação e quatro, cinco dias depois, com sol, ia colher o milho. (…) Não fui prejudicado em nada. Quando alguma criança de nove, dez anos, vai trabalhar em algum lugar, está cheio de gente falando que é trabalho escravo, trabalho infantil”, afirmou Bolsonaro.

“Agora, quando estão a fumar um paralelepípedo de crack (tipo de droga), ninguém fala nada. Então, o trabalho não atrapalha a vida de ninguém. Fique tranquilo que não vou apresentar aqui nenhum projeto para descriminalizar o trabalho infantil, porque eu seria massacrado. Mas quero dizer que eu, meus irmãos, com essa idade, trabalhávamos no campo. Trabalho duro”, acrescentou o chefe de Estado, frisando que “o trabalho dignifica”.

Fique tranquilo que não vou apresentar aqui nenhum projeto para descriminalizar o trabalho infantil, porque eu seria massacrado. Mas quero dizer que eu, meus irmãos, com essa idade, trabalhávamos no campo. Trabalho duro.

Jair Bolsonaro

Presidente do Brasil

No entanto, as declarações do governante não foram bem vistas pelos magistrados do trabalho que, através da Anamatra, reforçaram a mensagem de que a infância “é para estudar e brincar”.

“Insiste o Presidente da República em condenar a infância e a adolescência brasileiras ao surrado argumento do ‘ou trabalha, ou vai roubar’. Demonstra, assim, desconhecer por completo a realidade de mais de dois milhões de crianças massacradas pelo trabalho em condições superiores às suas forças físicas e mentais, dos mais de duzentos óbitos e dos mais de 40 mil crianças e jovens que sofreram mutilações e deformações decorrentes de acidentes de trabalho entre 2007 e 2017”, argumentou a associação.

A associação de magistrados mencionou ainda os traumas psicológicos dos menores, advindos “do amadurecimento precoce, do enfraquecimento dos laços familiares e do prejuízo ao desenvolvimento da escolaridade, e, consequentemente, das oportunidades”.

A Anamatra defendeu que Governo brasileiro desenvolva políticas públicas de reinserção dos “45 milhões de adultos desempregados e subutilizados ao mercado de trabalho”.

Insiste o Presidente da República em condenar a infância e a adolescência brasileiras ao surrado argumento do ‘ou trabalha, ou vai roubar’.

Anamatra

Também o Ministério Público do Trabalho do Brasil partilhou na quinta-feira, no Twitter, uma série de mensagens contra o trabalho infantil, através da campanha “Bom Trabalho Pra Você”, em defesa do trabalho digno no país sul-americano.

“Lugar de criança é na escola. O trabalho infantil, proibido pela legislação brasileira, prejudica o desenvolvimento psicológico e físico da criança. (…) O trabalho infantil também perpetua o ciclo da pobreza: quanto mais precoce é a entrada no mercado de trabalho, menor é a renda obtida ao longo da vida adulta”, escreveu o Ministério Público do Trabalho.

Após a repercussão negativa dos seus comentários, Jair Bolsonaro usou as redes sociais para responsabilizar a esquerda pela polémica.

“A esquerda está a atacar-me por defender que os nossos filhos sejam educados para desenvolver a cultura do trabalho desde cedo. Se eu estivesse defendendo sexualização e uso de drogas, estariam a idolatrar-me. Essa é a verdade”, afirmou o chefe de Estado.

“Não devemos confundir o incentivo ao trabalho e à disciplina com exploração, abuso e abandono da escola. São coisas completamente distintas e todos sabemos disso”, acrescentou Bolsonaro.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), em 2016, 1,8 milhões de crianças e adolescentes, com idades entre os 5 e 17 anos, trabalhavam no Brasil com carga horária média semanal de 25,3 horas, a maioria em situação ilegal.

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Quem dá mais? PSD prevê mais crescimento. Centeno também

O programa eleitoral do PSD prevê um crescimento do PIB mais robusto do que o previsto no PEC do Governo. Mário Centeno também diz que vai melhorar previsões.

Esta semana, o líder do PSD apresentou o cenário macroeconómico que vai balizar as propostas eleitorais dos social-democratas. Os economistas de Rui Rio partem da previsão de crescimento do PIB para este ano de 1,6% (do Conselho das Finanças Públicas) e apontam para valores mais otimistas nos próximos anos face aos números que estão no Programa de Estabilidade do Governo.

Estas são as previsões do PSD, comparadas com as do PEC:

2019 = 1,6% [PEC prevê = 1,9%]
2020 = 2,0% [PEC prevê = 1,9%]
2021 = 2,2% [PEC prevê = 2,0%]
2022 = 2,4% [PEC prevê = 2,0%]
2023 = 2,7% [PEC prevê = 2,1%]

Este crescimento mais acentuado, segundo o líder dos social-democratas, vai ser conseguido graças ao impacto na economia de um alívio fiscal (de 3,7 mil milhões de euros) e de uma aceleração do investimento público (mais 3,6 mil milhões de euros). Sobre a descida de impostos, Rui Rio desvendou esta sexta-feira algumas medidas, nomeadamente a promessa de descer o IRC cobrado às empresas (dos atuais 21% para 17% em 2023) e uma descida do IVA na eletricidade e gás, de 23% para 6%.

As criticas do PS: “Buraco negro” e “falha ali quase tudo”

O PS, através do deputado João Paulo Correia, já tinha reagido aos números do PSD, dizendo que Rui Rio pretende abrir “um buraco negro” na ordem dos 7,2 mil milhões de euros nas contas públicas nacionais nos próximos anos e exigiu “explicações urgentes” dos social-democratas.

E não é a única voz socialista a pedir explicações. Também Mário Centeno pede explicações, não tanto em relação às previsões de crescimento, mas sobre o corte prometido, e não especificado, nas despesas.

“Não vejo uma dificuldade significativa no cenário macro apresentado pelo PSD desse ponto de vista. Já a mesma coisa não penso em relação à sua razoabilidade orçamental, onde, do pouco que sabemos daquele programa, me parece que falha ali quase tudo”, afirmou Mário Centeno, em entrevista este sábado ao jornal Público.

O ministro das Finanças fala no “habitual milagre do corte da despesa que levanta algumas dúvidas, em particular no que diz respeito aos consumos intermédios. Aquela evolução que é ali prevista só é possível com reduções reais da despesa com consumos intermédios e há uma dimensão enormíssima deste tipo de despesa que é precisamente na saúde.” Por isso pede explicações: “é só preciso explicarem”.

Apresentação do Programa de Estabilidade 2019-2023 - 15ABR19

Mário Centeno mais otimista do que… Mário Centeno

Nesta entrevista, Mário Centeno desvenda que voltará a contribuir para a elaboração do programa eleitoral do PS, tal como fez em 2015 com um grupo de 12 economistas.

Tal como Rio Rui, promete um quadro económico mais otimista do que aquele previsto no Programa de Estabilidade do próprio Governo.

Naturalmente, espero que as medidas que apareçam no programa eleitoral do PS sejam amigas do crescimento económico e, portanto, a resposta é sim”. A pergunta era a seguinte: “Vai ter metas mais ambiciosas de crescimento do que o Programa de Estabilidade?”

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Investigação ao caso BES voltará a falhar prazo

  • ECO
  • 6 Julho 2019

Fonte do Ministério Público afirmou que a equipa titular do processo não vai proferir qualquer despacho, de acusação ou arquivamento, dentro do prazo. Tem até segunda para concluir inquérito.

O Ministério Público tem até segunda-feira para concluir o inquérito ao caso Espírito Santo, mas o prazo deverá derrapar novamente, adianta este sábado o Jornal de Notícias (acesso pago). Fonte daquele organismo afirmou ao jornal que a equipa titular do processo não vai proferir qualquer despacho, de acusação ou arquivamento, dentro do tempo previsto.

O jornal dá conta de alegados problemas de liderança e de relacionamento dentro da equipa como uma das explicações para a falta de resultados da investigação que foi iniciada há cinco anos.

Lembra ainda que se o Ministério Público tivesse seguido à risca a lei relativa aos prazos de duração máxima do inquérito, então a investigação dos crimes que precederam a resolução do BES teria terminado em 30 de setembro de 2018. Mas estes prazos são considerados indicativos pelos tribunais, o que permitiu que a investigação se prolongasse mais no tempo e que só no início deste ano Amadeu Guerra proferisse um despacho a fixar o prazo de 8 de julho, isto antes de ter trocado a direção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) pela da Procuradoria Distrital de Lisboa.

Ou seja, a investigação deveria estar concluída na próxima segunda-feira, mas o prazo voltará a derrapar. Fonte do Ministério Público antevê “anos” até que algumas investigações deste dossiê sejam encerradas. O caso tem mais de 40 arguidos, entre os quais o antigo líder do BES, Ricardo Salgado.

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Auditoria ao Novo Banco vai até 2018

  • ECO
  • 6 Julho 2019

Auditoria ao Novo Banco será feita ao antes e aos pós-resolução do antigo BES, como queriam o Presidente da República e o PSD.

A auditoria ao Novo Banco não vai ficar pelo período até à resolução do antigo BES, em agosto de 2014, e vai incluir também operações realizadas até 2018, avança este sábado o semanário Expresso, indo ao encontro do que pretendiam o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o PSD.

Esta situação decorre da lei 15/2019, dos grandes devedores, que obriga à realização de uma “auditoria especial” a “atos de gestão” sempre que há a “disponibilização direta ou indireta de fundos públicos” num banco, nota aquele jornal. Este ano o Fundo de Resolução teve de colocar 1.149 milhões de euros no Novo Banco ao abrigo do mecanismo de capital contingente, obrigando o Tesouro a emprestar 850 milhões de euros.

É no âmbito desta lei que a auditoria ao Novo Banco irá abranger os dois períodos: pré e pós-resolução. Sendo que a auditoria à fase anterior da resolução responde ao pedido do Ministério das Finanças quando se soube dos prejuízos de 1.400 milhões do Novo Banco no ano passado, em março deste ano, e que passaria a pente fino apenas as operações de crédito que foram transferidas do BES para o banco de transição há cinco anos. E a auditoria à fase pós resolução atende às pretensões de Marcelo e o PSD queriam uma auditoria mais abrangente, uma opinião contrária à do primeiro-ministro, António Costa.

“Faz sentido uma auditoria não apenas na pré-história, isto é, até à resolução, mas depois da resolução, porque é neste momento que se trata de saber se é preciso mais dinheiro ou não, e isso é preciso saber para o futuro”, declarou o Presidente da República.

Sendo assim, a auditoria abrangerá também o período do Governo de António Costa e de Mário Centeno. Entre as operações que serão escrutinadas está a venda do Novo Banco aos americanos do Lone Star. Foi nesta alienação que ficou decidida a garantia pública de quase 4.000 milhões de euros, que compromete o Fundo de Resolução a colocar dinheiro no banco em caso de perdas com um conjunto de créditos que coloquem a estabilidade financeira em causa.

“A auditoria especial a realizar nos termos da Lei nº 15/2019, além de dar cumprimento integral ao que encontra estipulado na lei, deverá abranger também o âmbito da auditoria que havia anteriormente sido proposta, nos termos que já vinham sendo discutidos entre o Fundo de Resolução e o Novo Banco”, confirmou o Banco de Portugal ao jornal. O supervisor adiantou que já foi desencadeado o processo para a realização da auditoria especial e que o Novo Banco já foi notificado.

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Portugal antecipa pagamento de 2 mil milhões de dívida aos credores europeus da troika

A vontade de pagar antecipadamente a dívida aos credores oficiais europeus já tinha sido avançada pelo ECO. Agora o ministro vem quantificar: serão 2 mil milhões de euros até ao final do verão.

Depois de pagar a a totalidade dos 26,3 mil milhões de euros emprestados pelo FMI, o Governo prepara-se para pagar antecipadamente parte do dinheiro que deve aos restantes credores da troika.

Em entrevista ao ECO, em março, o Secretário de Estado Adjunto e das Finanças já tinha avançado com a possibilidade de o Governo aproveitar a queda dos juros para um mínimo histórico para fazer um novo brilharete e começar a pagar antecipadamente parte do dinheiro que Portugal ainda deve ao Fundo de Resgate e aos parceiros europeus. No total, ainda devemos a estes credores oficiais mais de 50 mil milhões de euros.

Este sábado, em entrevista ao jornal Público, o ministro das Finanças vai mais longe e avança com um valor. O valor do primeiro pagamento estará, revela Mário Centeno, “em torno de 2.000 milhões de euros”. “E depois, no futuro, outros pagamentos do mesmo tipo poderão ser feitos. Isso permitirá, dadas as taxas de juro de Portugal neste momento, poupanças que serão sempre superiores a 100 milhões de euros, o que é muito significativo e crucial na gestão da dívida pública em Portugal”, disse ao Público.

Depois de no final do ano passado o Governo ter reembolsado a totalidade do empréstimo feito pelo FMI no início do programa de resgate financeiro, Portugal ainda tem de pagar mais de 50 mil milhões de euros aos credores oficiais. O país ainda deve 24,3 mil milhões de euros ao Mecanismo Europeu de Estabilidade — o atual Fundo de Resgate Europeu — e outros 27,3 mil milhões de euros ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, um mecanismo de empréstimos bilaterais criado em junho de 2010, em plena crise financeira.

Os juros da dívida pública portuguesa continuam a negociar em mínimos históricos. Na sexta-feira, no mercado secundário, a yield das obrigações a 10 anos valia 0,439%, numa altura em que uma grande parte da dívida pública com maturidade mais curta negoceia com juros negativos.

 

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Recordes deram vertigem a Wall Street. Bolsas americanas corrigem de máximos

Bolsas norte-americanas cederam na última sessão da semana. Investidores viram bons números no mercado de trabalho, mas não gostaram. Isto porque a Fed poderá não ser tão agressiva como querem.

Foi uma sexta-feira negativa para as bolsas norte-americanas, depois de uma sequência de bons resultados. Wall Street corrigiu dos máximos atingidos na passada quarta-feira, tendo sido penalizada pelas boas notícias no mercado de trabalho, que deixou os investidores a pensarem duas vezes quanto àquilo que poderá ser a ação da Reserva Federal em termos de política monetária.

O S&P 500, o índice de referência em todo o mundo, fechou em baixa de 0,17% para 2.990,71 pontos. Este mau desempenho também se estendeu aos outros dois importantes índices americanos, o tecnológico Nasdaq e o industrial Dow Jones, que recuaram 0,09% e 0,14%, respetivamente. Ainda assim, no acumulado da semana, as três praças apresentam ganhos superiores a 1%.

O Departamento do Trabalho norte-americano mostrou que a economia criou 224 mil postos de trabalho, o melhor registo em cinco meses, superando as estimativas dos analistas sondados pela Reuters, que tinham estimado a geração de 160 mil empregos. Foi uma boa notícia que não caiu tão bem entre os investidores, porque o banco central poderá não ser tão agressivo na promoção de políticas monetárias acomodatícias como se antecipava.

Embora os analistas acreditam que a Fed vai cortar os juros na próxima reunião de política monetária agendada para o final do mês, depois deste relatório deixaram de apostar tanto numa redução de 50 pontos base. Ganha agora terreno uma descida de 25 pontos base entre os investidores.

“A nossa única esperança, pelo menos no curto prazo, é que a Fed se mantenha acomodatícia e talvez venha a ser um pouco mais acomodatícia até termos uma resolução da guerra comercial”, referiu Shawn Cruz, da TD Ameritrade, citado pela Reuters.

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Sonae responde a Sócrates. Empresa diz que “nunca pressionou nem tentou obter tratamentos especiais”

  • Lusa
  • 5 Julho 2019

Fonte da Sonae diz que acusações de José Sócrates não são novidade. Empresa diz que sempre exigiu ser tratada com equidade, rejeitando que tenha pressionado ou tentado obter tratamento especial.

A Sonae “nunca pressionou, nem tentou obter tratamentos especiais”, disse à Lusa fonte oficial, depois de o ex-primeiro-ministro José Sócrates ter acusado o presidente do grupo de pressão no caso da OPA lançada sobre a PT.

“Estas não são acusações novas e, como é óbvio, a Sonae nunca pressionou nem tentou obter tratamentos especiais, exige sim ser tratada com lisura e equidade”, afirmou fonte oficial do grupo liderado por Cláudia Azevedo (irmã de Paulo Azevedo) desde final de abril.

O ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates disse, em resposta escrita à comissão de inquérito à CGD, que o seu governo manteve neutralidade na OPA da Sonae à PT e a única pressão veio do então presidente da Sonae, Paulo Azevedo.

“Os argumentos que a empresa esgrimiu em defesa do seu plano aconteceram no âmbito do processo organizado pelo próprio governo, que pretendia comparar os benefícios dos dois projetos, tendo sido expressamente convocada para este efeito”, prosseguiu fonte oficial da Sonae, que considerou que “os argumentos que utilizou neste processo foram exatamente os mesmos que utilizou publicamente“.

Na resposta à comissão de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, José Sócrates afirmou: “Posso e devo dizer que o único concorrente que efetuou abertamente essa pressão foi a Sonae. Dias antes da assembleia-geral o presidente do Conselho de Administração da Sonae, Dr. Paulo Azevedo, telefonou-me pedindo expressamente a intervenção do governo para que a Caixa Geral de Depósitos [CGD] votasse a favor da Sonae. Reafirmei, nesse telefonema, a nossa posição de neutralidade”.

Sócrates diz que nunca falou com o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, sobre a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Sonae, nem recebeu dele “nenhum pedido ou pressão sobre este assunto nem direta, nem indiretamente”, assim como não recebeu “qualquer quantia monetária ou outro qualquer bem” do grupo BES, da empresa Lena ou de qualquer outra empresa.

O ex-governante diz que a posição do seu governo sempre foi de que “deveria ser o mercado a decidir”, e isso mesmo ficou explícito na assembleia-geral em que o Estado se absteve.

Sobre o voto da CGD, que também era acionista da PT, diz Sócrates que “o governo não deu qualquer orientação à Caixa Geral de Depósitos nem a nenhum dos seus administradores” e que o banco público votou apenas tendo em conta o seu interesse.

Sócrates afirma mesmo que a relação do seu governo com a PT “foi sempre conflituante”, porque o executivo queria aumentar a concorrência no setor das telecomunicações, enquanto a PT queria manter o seu poder no setor.

A OPA da Sonae sobre a PT foi lançada em 2006 e terminou em 2007, sem sucesso.

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