China culpa EUA pelo agravamento da guerra comercial

  • Lusa
  • 3 Junho 2019

Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares sobre bens importados.

A China culpou os Estados Unidos pelo agravamento das disputas comerciais entre os dois países, mas absteve-se de indicar como retaliará as mais recentes medidas da administração de Donald Trump.

O relatório difundido pelo Governo chinês afirmou que “enquanto mais se concede ao Governo dos EUA, mais este exige” e garantiu que a China não recuará em “questões de princípio”.

O documento assegurou que Pequim manteve a sua palavra, durante as onze rondas de negociações, e honrará os seus compromissos, se um acordo for alcançado. E acusou os EUA de retrocederem três vezes ao longo das conversações, introduzindo taxas alfandegárias adicionais sobre produtos chineses.

Os negociadores norte-americanos “recorreram à intimidação e coerção”, lê-se no documento.

“A soberania e a dignidade de um país devem ser respeitadas, e qualquer acordo alcançado pelos dois lados deve basear-se na igualdade e no benefício mútuo”, acrescentou.

Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares sobre bens importados.

Em causa estão os planos de Pequim para o setor tecnológico, que visam transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos daquele país em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Washington impôs já taxas alfandegárias de 25% sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China e ameaça taxar mais 300 mil milhões.

O Presidente norte-americano colocou ainda a gigante chinesa das telecomunicações Huawei numa lista negra, que restringe as empresas dos EUA de fornecer chips, semicondutores, software e outros componentes, sem a aprovação do Governo.

Pequim retaliou com taxas adicionais sobre 60.000 milhões de dólares em bens produzidos nos EUA, que entraram em vigor este fim de semana.

O país asiático anunciou ainda, na sexta-feira passada, que estabeleceria a sua própria lista de “entidades não confiáveis”, que integraria empresas e particulares estrangeiros.

Wang Shouwen, vice-ministro chinês do Comércio, afirmou que a China divulgará, em breve, informações mais detalhadas sobre a lista de entidades não confiáveis, mas adiantou que visa empresas que “violavam princípios de mercado” ao reduzir o fornecimento de componentes para empresas chinesas por razões comerciais.

Wang também repetiu sugestões de que a China poderia restringir a exportação de minerais conhecidos como terras raras, que são amplamente usados em carros elétricos e telemóveis, incluindo lítio, o principal componente das baterias modernas.

“Se alguns países usam os metais raros da China para produzir produtos que contêm o desenvolvimento da China, isso é inaceitável”, afirmou Wang.

O responsável considerou que a China foi forçada a “tomar medidas fortes em resposta” às ações norte-americanas e negou que o país tenha recuado nos seus compromissos anteriores.

Os EUA fizeram exigências inaceitáveis que violariam a soberania chinesa, defendeu.

“Se lhes deres um dedo, eles querem o braço”, acusou.

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Acabou a interdição. Pescadores já podem voltar a capturar sardinhas

  • Lusa
  • 3 Junho 2019

"Vamos começar a pesca com 10.799 toneladas entre Portugal e Espanha, o que corresponde a 7.181 toneladas (66,5%) para a frota portuguesa", diz José Apolinário, secretário de Estado das Pescas.

Os pescadores podem, a partir de hoje, voltar a capturar sardinhas, após a interdição decidida em setembro passado, com limites que vão permitir a garantia da sustentabilidade do “stock”, conforme assegurou o secretário de Estado das Pescas.

“Face aos dados do recurso que temos, vamos começar a pesca com 10.799 toneladas entre Portugal e Espanha, o que corresponde a 7.181 toneladas (66,5%) para a frota portuguesa, das quais 5.000 até ao final de julho” e as restantes 2.181 toneladas a partir de agosto, indicou na sexta-feira José Apolinário, em declarações à Lusa.

Este limite foi acordado entre Portugal, Espanha e a Comissão Europeia, estando acima das 10.300 toneladas inicialmente propostas por Bruxelas.

“As estimativas que existem [apontam] para uma ligeira recuperação da biomassa, mas é necessário continuar os esforços. Reconhecemos que esta ligeira recuperação se deve muito aos esforços que o setor tem vindo a desenvolver […], mas essa recuperação tem que ser visualizada e consolidada com base nos dados científicos”, sublinhou, na altura, José Apolinário.

O Governo está assim a aguardar os resultados dos cruzeiros científicos realizados na primavera, ressalvando que apesar da “ligeira recuperação” prevista, “as estimativas em termos de biomassa, estão ainda distantes dos pontos de referência ideais”.

Questionado se a quota definida para Portugal e Espanha poderá vir a aproximar-se dos valores sugeridos pelo setor — entre as 15.000 e as 16.000 toneladas –, o secretário de Estado das Pescas reiterou que só os dados científicos podem ditar uma alteração, notando que o Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) publicou recentemente um parecer onde aponta que o cenário de pesca para os dois países não deveria ser superior a 7.000 toneladas.

“Com os dados que dispomos neste momento, pensamos que as 10.799 toneladas fazem um equilíbrio entre o estado do recurso e o esforço de pesca”, concluiu.

Em 15 de maio, através de um despacho publicado em Diário da República, o Governo já tinha indicado que de 03 de junho e até ao final do mês a quota (5.000 toneladas) será repartida entre “o grupo de embarcações cujos armadores ou proprietários são membros de organizações de produtores (OP) reconhecidas para a sardinha e o grupo de armadores ou proprietários que não são membros de OP reconhecidas para a sardinha, correspondendo a cada um dos grupos, respetivamente, 4.925 toneladas e 75 toneladas”.

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Dívida da TAP é atrativa? Credibilidade paga riscos

Numa operação inédita, a companhia aérea está no mercado para captar 50 milhões de euros através de dívida para o retalho. Dá um juro de 4,375%. É muito? É pouco? Analistas dizem que paga o risco.

No processo de preparação para levantar voo na bolsa, a TAP está a “arrumar a casa”. A redução do passivo enquadra-se nesse objetivo, sendo que para isso a companhia aérea decidiu avançar com uma emissão de obrigações destinadas também a investidores de retalho. A operação arranca esta segunda-feira, apresentando um argumento que a empresa espera que seja de peso: Dá uma taxa de juro de 4,375%. Será suficiente para compensar o risco a que se estará a expor?

Num mundo de juros negativos nos mercados financeiros, mas também de taxas muito baixas (quase zero) nos depósitos bancários, taxas como a que a empresa portuguesa se propõe a pagar salta à vista. Mas quando o juro é elevado, habitualmente o risco também o é. Isso mesmo tem sido percetível com as emissões, por exemplo, das Sociedades Anónimas Desportivas (SAD), que apresentaram taxas de 3%, 4% e 5%.

“Apesar de em 2017 a TAP ter apresentado lucros, em 2018 apresentou um prejuízo de 118 milhões de euros, o que acaba por justificar esta taxa de juro mais alto”, diz João Farrajosa, account manager da XTB. “A mudança de estratégia nos últimos anos só terá efeito a longo prazo, e dentro de dois anos começará a notar-se essas mudanças”, nota Pedro Amorim, analista da Infinox, salientando que a “taxa de juro está ajustada ao risco específico”.

"A TAP não deixa de ser uma transportadora aérea com bastante impacto e credibilidade, não só em Portugal como na Europa. Essa credibilidade consegue trazer um certo ‘conforto’ aos investidores, acabando por ser uma remuneração justa para o risco.”

João Farrajosa

Account Manager da XTB

O track record da TAP em termos de resultados, mas também em termos de endividamento devem ser tidos em conta, mas a companhia aérea portuguesa tem a seu favor uma boa imagem pública. “A TAP não deixa de ser uma transportadora aérea com bastante impacto e credibilidade, não só em Portugal como na Europa”, sendo que essa “credibilidade consegue trazer um certo ‘conforto’ aos investidores, acabando por ser uma remuneração justa para o risco”, diz Farrajosa.

Overbooking?

A emissão arranca esta segunda-feira, 3 de junho, podendo os investidores colocar as ordens até dia 18, com o investimento mínimo a ser de 1.000 euros, equivalente a uma obrigação. Há 50 mil destes títulos disponíveis, mas, dizem os analistas contactados pelo ECO, poderão ser poucos. Mesmo com os 32 riscos da empresa explicados nas 1.057 páginas do prospeto, o juro alto num contexto de taxas quase nulas noutros produtos deverá levar a um overbooking.

“As condições são bastante vantajosas. Penso que a procura irá ser maior do que o esperado”, diz João Farrajosa. “Num clima em que as taxas de juro oferecidas pelos depósitos dos bancos são extremamente baixas (perto dos zeros), os portugueses vão ver esta obrigação como uma alternativa a diversificação das suas poupanças“, acrescenta Pedro Amorim, alertando, contudo, os investidores para que não coloquem toda sua carteira nestes títulos.

Outro ponto que os pequenos investidores devem ter em atenção é o dos custos. “À subscrição das Obrigações TAP 2019-2023 estarão associadas outras despesas e comissões”, salienta a TAP no prospeto da emissão. “O subscritor poderá, em qualquer momento prévio à subscrição, solicitar ao intermediário financeiro a simulação dos custos do investimento que pretende efetuar, por forma a obter a taxa interna de rendibilidade do mesmo”, alerta.

Um voo de teste

Esta emissão, a primeira que a TAP faz para o retalho, acontece numa altura em que a companhia área revela a ambição de rumar à bolsa, tendo apontado 2020 para o fazer. “Estamos a preparar a empresa para o momento em que surgir uma oportunidade [de entrar em bolsa], avançarmos“, disse recentemente Antonoaldo Neves, CEO da TAP. A colocação destas obrigações poderá ser um bom “voo de teste” ao apetite pelas ações que venham a ser dispersas.

“A emissão destas obrigações é ótima para os investidores analisarem a sua possível entrada no capital na empresa num futuro próximo“, diz o analista da Infinox, salientando o mérito que a operação tem em termos de estratégia de redução do passivo. Começar pela dívida “faz parte da estratégia [de entrada em bolsa] de muitas operações que são feitas pelas empresas a nível mundial”, remata o especialista, ao ECO.

“A redução do passivo ajuda a melhorar o aspeto financeiro da empresa, o que acaba por fazer aumentar o interesse junto dos investidores. No entanto, a TAP não deve ficar por aqui, visto que ainda terá que encontrar uma solução para os prejuízos crónicos (2017 foi uma exceção à regra) a que a empresa tem sido sujeita se quer ter sucesso nessa entrada em bolsa“, conclui João Farrajosa, account manager da XTB.

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Agora já pode consultar projetos do PT2020 no telemóvel. IAPMEI tem uma nova app

Para além da app, o IAPMEI vai lançar também um conjunto de guias e de vídeos tutoriais sobre a apresentação de candidaturas e gestão de projetos Portugal 2020.

Quer saber em que ponto está o seu projeto? Quer mandar uma mensagem rápida ao seu gestor de projeto? Quer ter informações sobre os pagamentos dos incentivos comunitários? Receber alertas? Estas são algumas das novas funcionalidades que passam a estar disponíveis no telemóvel para todos os empresários que tenham projetos financiados pelo Portugal 2020 sob a responsabilidade do IAPMEI.

A nova aplicação já se encontra disponível na App Store da Apple, para quem utiliza um iPhone ou um iPad, com sistema IOS, ou na Google Play Store, para os smartphones ou tablets com sistema operativo Android. Mas apesar de já estar disponível desde 12 de fevereiro de 2019, e ser oficialmente apresentada esta segunda-feira, tem vindo a ser sujeita a várias atualizações com bases nos inputs das empresas a quem a app foi dada a testar.

É o caso de Marco Pereira. “As apps são boas para trazer informação essencial disponível no telemóvel sobre todos os projetos, valor do financiamento, o investimento já realizado, o número de dias que faltam para terminar o projeto”, explica ao ECO, o administrador da Joalpe. O responsável desta empresa que oferece soluções de logística, organização e merchandising para o ponto de venda das maiores cadeias de retalho a nível mundial lembra, contudo, que “para informação mais detalhada é necessário ir mesmo ao site do IAPMEI ou contactar gestor do projeto”.

“A App é útil na medida em que replica de uma forma bastante real o que conseguimos obter ou fazer no ambiente da consola tradicional do IAPMEI”, sublinhou ao ECO, por seu turno, Silvana Leal da Tintex. “É um ótimo ponto de partida termos uma desmaterialização do processo por via de uma aplicação tão intuitiva. É um instrumento de proximidade face à realidade dos nossos dias”, acrescenta a responsável de recursos humanos e de projetos desta empresa criada em 1998 como tinturaria, mas que hoje é considerada uma “referência mundial no desenvolvimento e produção de materiais sustentáveis”.

Para Silvana Leal, a app é “um ótimo instrumento não para o técnico interno ou o consultor associado à empresa, mas mais para a administração da empresa”. “Alarga as pessoas que podem ter acesso à informação do projeto”, acrescenta, sublinhando porém que esta app não substitui o Balcão 2020, por exemplo.

A abertura a mais pessoas não alimenta quaisquer receios de segurança porque para aceder é necessário fazer login. Para entrar na aplicação, que custou pouco mais de 32,5 mil euros, é necessário preencher o número de identificação fiscal e introduzir uma palavra passe. “Não é possível avançar sem a autenticação correta”, garante o IAPMEI.

E para que não tenha de fazer um constante esforço de memória, a app disponibiliza a opção de lembrar as credenciais e de colocar a impressão digital.

Após o login correto surge uma área de ajuda sobre as principais funcionalidades disponíveis: obrigações, projetos, mensagens e avisos. E é através do menu das “obrigações” que se se acede à homepage e são apresentados os vários deveres (caso existem) para cada projeto em particular e o calendário dessas mesmas obrigações.

Depois, na área do projetos, a empresa tem a listas de todos os projetos associados, assim como um alerta sobre os projetos a associar. Por exemplo, a Joalpe tem atualmente dois investimentos no âmbito do Portugal 2020, um de 2,5 milhões de euros no âmbito do SI Inovação e outro de um milhão para a Internacionalização da empresa. Estes projetos traduziram-se, para já, “na contratação de mais dez pessoas, todas qualificadas, mas ainda vai ser necessário contratar mais”, assegura o administrador Marco Pereira.

Também a Tintex tem vários projetos que receberam apoio do Portugal 2020, mas nem todos contam com o IAPMEI como organismo intermédio. Alguns estão a ser desenvolvidos sob o chapéu da Agência Nacional de Inovação (ANI) e outros da Aicep. Neste caso, na app só estará disponível a informação relativa aos primeiros, que têm implícito um investimento que ronda os sete a oito milhões de euros, conta Silvana Leal. Em causa esteve a compra de maquinaria e o alargamento da fábrica para aumentar a capacidade produtiva da empresa que conta já com cerca de 130 funcionários, sendo 25 deles qualificados. “Desde o arranque desta nossa estratégia de investimento e crescimento, muito ligada à sustentabilidade e à inovação, e alavancada nos programas operacionais, a nossa equipa que tinha cerca de oito pessoas qualificadas, de um universo de cerca de 100 trabalhadores passou agora para 130, sendo 25 qualificados”, afirma Silvana Leal.

Para cada projeto é possível consultar um menu com as seguintes funcionalidades: informação sobre a visão global, gestor, regulamentação, pedido de pegamento, outras formalizações, pedidos de elementos, garantias e informação adicional.

A app, desenvolvida pela Innovation Makers, ao longo de cerca de um ano, disponibiliza ainda a legislação específica para cada projeto, nomeadamente, os avisos de concurso, o referencial de mérito, a republicação do aviso (caso exista), o guia de preenchimento do formulário de candidatura, entre outros.

Já quanto aos pedidos de pagamento as empresas podem consultar todos os pedidos submetidos, com a data de receção, o fundo em questão (Feder ou FSE), o estado (em análise ou decidida) e a data de decisão, caso já exista. Em cada item é possível consultar o detalhe de cada pedido.

As empresas podem ainda ver todos os pedidos de elementos que fizeram, no âmbito da análise da candidatura ou de verificação dos pedidos de pagamentos, mas não podem responder a um pedido de elementos por esta via. Esta área só pode ser usada para consulta.

Para além da app, o IAPMEI vai lançar também um conjunto de guias e de vídeos tutoriais sobre a apresentação de candidaturas e gestão de projetos Portugal 2020, com vista à melhoria das práticas nesta área.

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 3 Junho 2019

O arranque da emissão de obrigações da TAP e a divulgação de um novo relatório do Banco de Portugal sobre operações financeiras no mundo digital vão marcar o dia. Tanto quanto a sardinha.

O início do prazo para a subscrição das obrigações da TAP marca o arranque da primeira semana de junho, mês em que também a pesca da sardinha pode ser livremente retomada — até as cinco mil toneladas, pelo menos. Mas ao longo do dia de hoje, o Banco de Portugal vai dar a conhecer um novo relatório sobre a evolução dos serviços financeiros nos meios digitais portugueses e a Ibersol revela as suas contas trimestrais. E pela segunda semana consecutiva, esta segunda-feira traz combustíveis mais baratos.

Arranca subscrição da emissão da TAP

A companhia aérea anunciou na última semana uma emissão de obrigações através da qual pretende captar 50 milhões de euros, sendo que para atingir essa meta oferece uma taxa de juro elevada: 4,375%. O prazo de subscrição destas obrigações arranca esta segunda-feira e o prazo estender-se-á até 18 de junho. A TAP vai emitir um total de 50 mil títulos, a mil euros cada, com maturidade em 2023. O objetivo da empresa, segundo o prospeto da operação, passa por gerar “fundos para consolidar o seu passivo num prazo mais alargado, através do refinanciamento de dívidas que se vencerão num futuro próximo, bem como para financiar a sua atividade corrente”.

Reabre pesca da sardinha

Os pescadores portugueses estão sem poder pescar sardinha desde setembro de 2018, numa medida que visou proteger o ‘stock’ deste pescado, tomada depois de uma recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar. Mas esta proibição terminou à passagem da meia-noite desde domingo, precisamente quando os Santos Populares estão prestes a arrancar em força. De 3 de junho a 31 de julho, porém, o limite de descargas de sardinha capturada com a arte de cerco pela frota portuguesa só pode atingir as cinco mil toneladas.

Banco de Portugal apresenta relatório sobre produtos financeiros nos canais digitais

O banco central português deverá revelar esta segunda-feira os resultados de mais um questionário às instituições financeiras sobre a comercialização de produtos e serviços bancários através de canais digitais. Este relatório do BdP tem como objetivo divulgar de forma detalhada as práticas das instituições financeiras na comercialização de produtos e serviços bancários em ambiente digital, de modo a conhecer a sua evolução e os obstáculos desta nova realidade e melhor avaliar eventuais alterações às regras ou às fiscalizações.

Gasóleo e gasolina mais baratos esta semana

Os preços dos combustíveis em Portugal descem um pouco a partir de esta segunda-feira, reagindo à queda dos preços do petróleo nos mercados internacionais. O gasóleo, o combustível mais utilizado pelos portugueses, é precisamente aquele que vai registar a descida mais expressiva. De acordo com fonte do setor, o preço do gasóleo simples deverá estar a partir de hoje dois cêntimos mais barato que na passada semana, com o preço da gasolina a dever registar uma descida de preços entre 1,5 e dois cêntimos por litro.

Ibersol apresenta contas do primeiro trimestre

Um dia antes de pagar o dividendo de 10 cêntimos por ação sobre os resultados de 2018, a Ibersol vai apresentar as suas contas relativas ao período de janeiro a março deste ano. O grupo, que em Portugal detém as insígnias Pizza Hut e Burguer King, teve lucros de 3,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018.

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Carris lança carreiras com “emissões zero” ainda este ano

Carris pretende lançar carreiras com "emissões zero" ainda este ano, assim que começarem a chegar os 15 novos autocarros elétricos. Mas também tem planos para reforçar oferta de elétricos históricos.

A Carris espera estrear a sua primeira carreira de autocarros totalmente livre de emissões de carbono ainda este ano. “É intenção da Carris aproveitar a chegada dos autocarros elétricos a partir do verão para lançar, ainda este ano, a primeira carreira emissões zero“, revelou Tiago Farias, presidente da empresa, em conversa com o ECO.

“Este ano vamos ter autocarros 100% elétricos na rua a tempo inteiro”, disse o responsável, detalhando que ainda não há qualquer decisão sobre qual será a rota em que a transportadora se vai estrear nas emissões zero, mas que este é um objetivo para cumprir. “Deve ser alinhado com o município, mas gostava de ainda em 2019 inaugurar uma carreira ‘emissões zero’. A Carris tem de ter, e vai ter, os meios para o fazer.”

A transportadora lisboeta lançou um concurso para a aquisição de 15 autocarros elétricos em abril do ano passado, com um preço base de 11,7 milhões de euros. Em causa estão “15 autocarros standard elétricos, para serviço público urbano de transporte de passageiros, estação de carregamento elétrico e serviços de manutenção”. A estação de carregamento já foi criada na Pontinha, explicou Tiago Farias, e a empresa estima começar a receber estes veículos durante o verão.

Apesar da vontade em criar mais um marco histórico na longa vida da Carris, Tiago Farias assume que o lançamento de uma carreira assente apenas em autocarros elétricos será um viagem experimental. “É um caminho de aprendizagem, de adaptação. Lisboa é um ótimo teste para estes veículos, é quente no verão, tem uma topografia acidentada”, apontou.

Mas esta é uma aprendizagem que, cedo ou tarde, vários setores terão que passar. As metas para a descarbonização das sociedades assim o obrigam e a transição deve ser feita gradualmente, ainda que deva começar quanto antes.

A Carris quer caminhar para a descarbonização total da frota. Estamos a fazê-lo de forma gradual, com uma transição contínua nos próximos 15 a 20 anos, reduzindo a percentagem de diesel, com penetração forte do gás natural, mas começando já a introduzir os autocarros 100% elétricos, que ganharão cada vez mais peso na frota”, explica o presidente da companhia.

Além dos 15 autocarros elétricos encomendados pela empresa no ano passado, já este ano, e também em abril, a Carris anunciou o lançamento de um concurso para duplicar a oferta de elétricos propriamente ditos, concurso que irá mais do que duplicar a a frota atual da empresa ao nível destes veículos. Estes novos elétricos deverão começar a chegar em 2021 e, de acordo com os planos da autarquia para a mobilidade em Lisboa, deverão ser um enorme eixo de crescimento e transformação para a Carris.

Elétricos históricos são para aumentar

Além do avanço para os novos elétricos articulados, que poderão ter até 28 metros e que irão servir para alargar o atual trajeto da carreira 15, levando esta ligação a Miraflores e Cruz Quebrada, de um lado, e Parque das Nações ou Portela, do outro, os planos da Carris para a sua frota de elétricos não se fica por aqui. Consciente da icónica imagem transmitida pelos elétricos mais antigos — especialmente se comparados com os mais recentes e modernos –, é também intenção da empresa reforçar a oferta atual destas composições tradicionais.

Carris quer comprar elétricos novos, mas construídos com a imagem tradicionalMark Fischer

 

Estamos fortemente envolvidos em tentar garantir que vamos comprar elétricos históricos, à imagem dos tradicionais que temos em operação”, revelou também Tiago Farias, presidente da Carris, ao ECO. O objetivo não será comprar destas composições a colecionadores ou restaurar antigas, mas antes comprar elétricos novos, mas desenhados com o traço mais tradicional que reconhecemos a estes veículos.

“É um concurso que está a ser preparado, gostava de o lançar ainda este ano. Mas como é um produto muito específico, exige encontrar-se a melhor conjugação entre a manutenção da imagem e as tecnologias mais recentes. Mas [o concurso] do próximo ano não faltará. A ideia é aumentar a oferta servida com o ‘look’ antigo“, explicou. Ou seja, estas aquisições não irão servir para renovar o parque atual de elétricos, antes alargar o serviço destes com mais composições “antigas”.

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Produção seguradora aumenta 8,4%

  • ECO Seguros
  • 3 Junho 2019

No primeiro trimestre de 2019, a produção de seguro direto aumentou 8,4% face a igual período de 2018. Para este crescimento contribuíram o ramo Vida com 9% e os ramos Não Vida com 7,6%.

Nos primeiros três meses do ano a produção de seguro directo no mercado nacional superou 3,54 mil milhões de euros, o que traduz um aumento de 8,4% relativamente ao mesmo período de 2018. Para este acréscimo contribuíram os acréscimos verificados tanto no ramo vida (9%) como no ramo não vida (7,6%).

De acordo com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), as empresas nacionais, que se encontram sob a sua supervisão prudencial, apresentaram taxas idênticas de crescimento nos dois ramos. Já nas sucursais de empresas da União Europeia a operar em Portugal o aumento verificado na produção do ramo vida foi muito mais significativo (15,3%) do que o observado no não vida (2,4%).

A produção de seguro directo pelas empresas nacionais suplantou, no período, três mil milhões de euros, mais 251 milhões que há um ano, enquanto a produção seguradora das sucursais da UE ultrapassou 357 milhões de euros. Entre estas o bom desempenho do ramo vida merece realce particular por inverter a tendência decrescente verificada no período homólogo, em que os prémios tinham diminuído 18,9%.

A estrutura da carteira não apresenta variações significativas, com o ramo vida a representar 59,7% da produção seguradora e o ramo não vida 40,3%.

Quanto aos custos com sinistros a boa novidade é que eles caíram 3,5% no primeiro trimestre face a idêntico período de 2018, o que se fica a dever sobretudo à diminuição de 7% observada no ramo vida, dado que no ramo não vida os custos até aumentaram.

O conjunto do mercado averbou custos com sinistros nos primeiros três meses do ano da ordem de 2,4 mil milhões de euros, com o ramo vida a assumir 1,6 mil milhões e o não vida 803 milhões. A exceção são as sucursais de seguradoras da UE, para quem os custos do ramo vida representam menos de metade dos custos do ramo não vida. Refira-se que o custo com sinistros vem cumprindo uma trajetória decrescente entre as seguradoras nacionais.

O crescimento do ramo vida, a estrela do primeiro trimestre, decorre muito do crescimento dos seguros de vida não ligados PPR, que viram o seu peso na carteira total do ramo vida aumentar de 35,2% para 42%. A sua produção atingiu 1,7 mil milhões de euros.

Os Planos de Poupança Reforma (PPR) cresceram de 47,3% face ao período homólogo de 2018, aumentando o seu peso na estrutura do ramo Vida, representando cerca de 51% da produção total.

No que respeita à produção dos ramos Não Vida, esta ultrapassou 1, 4 mil milhões de euros, cerca de mais 100 milhões que em igual período do ano anterior. De destacar o crescimento de 13,1% da modalidade Acidentes de Trabalho, cujo peso relativo na produção passou a ser de 17,4% no final do trimestre.

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Portugal passa a ter três escolas de formação de executivos entre as melhores do mundo

  • ECO
  • 3 Junho 2019

O ISCTE deixou de integrar a lista das 80 melhores escolas para a formação de executivos de acordo com o Financial Times. A Nova SBE mantém o 57.º lugar e é a melhor a nível nacional.

Portugal tem três escolas de formação de executivos entre as melhores do mundo eleitas anualmente pelo jornal britânico Financial Times, menos uma que em 2018. A Nova School of Business and Economics é a melhor classificada entre as escolas portuguesas, mantendo o 57.º lugar, seguida da Católica Lisbon School of Business e da Porto Business School, que mantêm o lugar entre as 80 melhores escolas no mundo, mas perdem posições no ranking global.

O ISCTE deixou de fazer parte do ranking das 80 melhores escolas para a formação de executivos no ranking do Financial Times, para o qual tinha entrado em 2018.

A Nova School of Business and Economics é a melhor classificada mantendo o 57.º lugar no ranking global pelo terceiro ano consecutivo. A Nova SBE melhorou 10 lugares no ranking global de programas customizados para empresas, passando do 62.º para o 52.º lugar na tabela e ultrapassa a Católica Lisbon School of Business também nesta categoria.

A Católica Lisbon School of Business é a segunda escola portuguesa mais bem colocada na formação para executivos em termos globais, tendo descido 13 lugares para a posição 63.º, e perdeu 10 lugares no ranking global de programas customizados para empresas.

Já a Porto Business School passou de 69.º para o 76.º lugar entre as 80 melhores escolas do mundo para a formação de executivos, conseguindo no entanto melhorar no ranking global de programas customizados para empresas, do 75.º para o 64.º lugar.

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Morais Leitão assessora primeira emissão de “Panda Bonds”

  • ADVOCATUS
  • 2 Junho 2019

A Morais Leitão assessorou a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP na primeira emissão de dívida em moeda chinesa por parte da República Portuguesa.

A Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados (Morais Leitão) assessorou a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP na primeira emissão de dívida em moeda chinesa por parte da República Portuguesa. Foram colocados 2000 milhões de renminbi.

“Panda bonds” – a designação comum nos mercados para este tipo de dívida – são títulos de dívida emitidos no mercado chinês por entidades estrangeiras, uma situação ainda muito pouco comum e que proporciona acesso à base de investidores chineses e a um mercado com elevada liquidez.

A equipa da Morais Leitão envolveu Luís Branco, sócio de Bancário e Financeiro, Maria Soares do Lago e Mariana Solá de Albuquerque. Para Luís Branco, “esta é a primeira experiência portuguesa no mercado chinês, o que significaria sempre um desafio do ponto de vista da assessoria jurídica; mas é igualmente a primeira experiência de um país da zona euro, que molda agora quaisquer emissões futuras.”

 

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Marques Mendes: Diretora-geral do Fisco “devia pedir a demissão” por causa das operações stop

O comentador da SIC diz que no caso das operações stop do Fisco houve, no mínimo, “negligência”. Sugere que Helena Borges devia pedir a demissão.

Marques Mendes afirmou este domingo que a operação do Fisco que na semana passada aconteceu em Valongo foi “excessiva e lamentável. Um abuso. Parece um tique medieval”.

O comentador da SIC defendeu que o secretário de Estado do Fisco, António Mendonça Mendes, esteve bem neste caso, “porque agiu com rapidez e equilíbrio”.

Já em relação a Helena Borges, Diretora-geral do Fisco, Marques Mendes é bastante critico e diz que, “no mínimo, devia pedir a demissão e colocar o lugar à disposição”.

Isto porque “veio dizer que não sabia de nada. Se não sabia, tinha obrigação de saber. Se não leu o plano de ação que lhe foi enviado pela Direção de Finanças do Porto, deveria ter lido. Há, no mínimo, uma negligência”, afirmou Marques Mendes.

A diretora-geral da Autoridade Tributária, Helena Borges, disse na sexta-feira que desconhecia as operações que as direções de impostos e a GNR estavam a realizar no distrito do Porto, realizando penhoras de carros a devedores, que encontravam através de operações Stop montadas para o efeito. Helena Borges disse que soube das operações pela imprensa, quando já decorriam.

“Não conhecia o plano, nunca o diretor de Finanças do Porto discutiu o tema comigo, nem o partilhou ou submeteu a discussão em qualquer reunião do Conselho de Administração da Autoridade Tributária e Aduaneira. Tive conhecimento da ação, já em curso, através da Imprensa”, disse Helena Borges ao Jornal de Notícias.

O Público e o Jornal de Notícias adiantaram que, apesar de a diretora da AT alegar que não conhecia os planos, estes estavam descritos de forma explicita no Plano de Atividades da Direção de Finanças do Porto, citando inclusivamente “operações stop em estradas com grande fluxo de trânsito de forma a identificar veículos automóveis de devedores com vista à sua penhora ou apreensão”.

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Carreiras longas no Estado com penalização reduzida no acesso à reforma

  • Lusa e ECO
  • 2 Junho 2019

Os funcionários públicos podem reduzir em quatro meses a idade legal de acesso à reforma por cada ano de carreira contributiva além dos 40 anos.

Os funcionários públicos continuam a poder reduzir em quatro meses a idade legal de acesso à reforma por cada ano de carreira contributiva além dos 40 anos, mas desta redução não pode resultar o acesso à pensão antes dos 65 anos.

A medida consta da versão preliminar do Decreto-Lei de Execução Orçamental (DLEO), a que a Lusa teve acesso, segundo a qual, na data em que o trabalhador “perfizer 65 anos, a idade normal de acesso à pensão é reduzida em quatro meses por cada ano completo que o tempo de serviço exceda 40 anos de carreira, não podendo a redução resultar no acesso à pensão antes daquela idade”.

O Ministério do Trabalho esclarece, contudo, que tal medida não é uma novidade (está em vigor desde 2013), fazendo parte do DLEO apenas porque as regras da Segurança Social mudaram, deixando os subsetores da Caixa Geral de Aposentações (CGA) fora deste desconto. “Foi por isso necessário criar uma norma legal que habilitasse os subscritores da CGA a poderem continuar a beneficiar da redução da idade de acesso à pensão em 4 meses por cada ano acima dos 40 de serviço”, explica o gabinete de Vieira da Silva.

O projeto do DLEO — que aguarda ainda aprovação em Conselho de Ministros — prevê ainda que a aposentação se pode verificar, “independente de qualquer outro requisito, quando o subscritor contar 15 anos de serviço e a idade normal de acesso à pensão de velhice que sucessivamente estiver estabelecida no regime geral da segurança social”.

Sem alterações ficam as condições de acesso à pensão antecipada, que no caso dos funcionários públicos é possível a partir dos 55 anos de idade e 30 de carreira contributiva, estando sujeita às penalizações previstas, ou seja, ao fator de sustentabilidade e ao corte de 0,5% por cada mês de antecipação face à idade legal da reforma.

Assim, e se a atual alteração prevista no DLEO for aprovada, um funcionário público com 43 anos de descontos terá como idade legal de reforma os 65 anos e cinco meses e não os 66 anos e cinco meses em vigor uma vez que ‘ganha’ um ano pelo facto de ter mais três de descontos que os 40 exigidos.

O documento prevê também que a aposentação voluntária (quando não dependa da verificação de incapacidade) “fixa-se com base na lei em vigor à data em que seja recebido o pedido de aposentação pela Caixa Geral de aposentações” e na situação “existente à data em que o mesmo seja despachado”.

Desta forma são relevantes para o cálculo da pensão as regras existentes à data do pedido e a situação do requerente (idade e tempo de serviço) à data do despacho.

Esta disposição já tinha sido anunciada pelo Governo depois de, em fevereiro último, o Tribunal Constitucional se ter pronunciado pela inconstitucionalidade de uma norma introduzida pelo anterior Governo que, em 2013, veio determinar que as pensões eram calculadas com base nas regras em vigor à data do deferimento do pedido e não no momento da sua entrada.

Esta mudança ao Estatuto da Aposentação foi, na altura justificada pela necessidade de se travarem as “corridas às reformas” de cada vez que eram conhecidas intenções de alterar as regras de acesso à aposentação.

Nesta versão preliminar do Decreto-Lei de Execução orçamental prevê-se ainda que, para efeitos do apuramento da pensão mínima, esta “apenas é elevada para o montante mínimo legalmente previsto quando o aposentado ou reformado não receba pensão ou pensões de valor global igual ou superior à pensão mínima que seria devida com base exclusivamente no tempo de serviço da CGA”.

Tal como já previa o diploma que veio regulamentar as pré-reformas, e que entrou em vigor em 6 de fevereiro deste ano, esta versão preliminar do DLEO também refere que o tempo em que os subscritores da CGA se encontrem na situação de suspensão ou redução do contrato de trabalho por terem celebrado um acordo de pré-reforma “releva para a apresentação nos termos em que tal relevância é estabelecida no regime da segurança social”.

A contagem do tempo pressupõe que, enquanto durar a situação de pré-reforma, o trabalhador e a entidade empregadora mantenham o pagamento das contribuições para a CGA “calculadas à taxa normal, com base no valor atualizado da remuneração relevante para aposentação que serviu de base ao cálculo da prestação de pré-reforma”.

O Decreto-Lei da Execução Orçamental de 2019 ainda não foi aprovado pelo Governo, tendo o Ministério das Finanças indicado à Lusa, que “a proposta de 2019 não deverá trazer alterações significativas face a 2018”.

Nos quatro anos de mandato do atual Governo, 2019 fica como aquele em que o Governo aprovará mais tarde o Decreto-lei de Execução Orçamental, que estabelece as normas de plena execução do Orçamento do Estado, nomeadamente em termos de cativações.

O DLEO entrará em vigor no dia seguinte a o da sua publicação, produzindo efeitos desde a data de entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2019 e até à entrada em vigor do Decreto-Lei de Execução Orçamental para 2020.

(Notícia corrigida com a nota enviada pelo Ministério do Trabalho de que já estava em vigor desde 2013 o desconto de quatro meses por cada ano de descontos acima dos 40).

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Centeno responde a Rio: “não acho nada que haja uma crise de regime”

O ministro das Finanças respondeu a Rui Rio, que disse este sábado que a crise não era da direita, mas sim de todo o regime. Centeno diz a Rio que "o regime está muito bem estabelecido".

Marcelo Rebelo de Sousa disse na sexta-feira que a direita portuguesa poderia entrar em crise nos próximos anos, o presidente do PSD respondeu sábado a dizer que a crise não era da direita, mas de todo o regime, mas o ministro das Finanças discorda completamente de Rui Rio: “Não acho nada que haja uma crise de regime”.

Mário Centeno foi este domingo à feira do livro para uma conversa sobre a Europa, mas no final, questionado pelos jornalistas, mostrou-se em total desacordo com o presidente do PSD e disse que a representação está muito bem desenhada na democracia e que o que será preciso é capacidade de decisão e fazer compromissos.

“Não acho nada que haja uma crise de regime. A representação está muito bem desenhada na nossa democracia, são 19 democracias maduras na área do euro. Portugal orgulhosamente faz parte desse grupo, temos apenas que com os instrumentos que temos, com base na situação económica e financeira muito positiva que hoje todos os países vivem, reduzir a incerteza política”, disse o ministro das Finanças, vestindo a pele de presidente do Eurogrupo e falando do impacto de decisões políticas como o Brexit e o aumento do protecionismo têm nas economias, e consequentemente nas opiniões políticas dos eleitores.

Mário Centeno não quis comentar as declarações do Presidente da República sobre uma eventual crise na direita portuguesa — apesar de ser um dos ministros Governo mais abertamente críticos da anterior governação –, mas para Rui Rio deixou mais um recado: “o regime está muito bem estabelecido, a representação não tenho dúvida nenhuma sobre como é que se faz. É preciso apenas que se use a tal palavra, compromisso, e capacidade de decisão”.

O presidente do PSD disse este sábado que Portugal precisa de “reformas profundas no regime” e que todos os partidos deviam conversar, caso contrário a tendência é para que a abstenção continue a aumentar. “Os portugueses não estão descontentes com os partidos da direita, estão descontentes com os partidos como um todo”, disse.

As palavras do presidente do PSD, que falava em Albufeira, surgiram em resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, que disse que havia uma possibilidade forte de haver uma crise na direita portuguesa e aludiu mesmo a dois partidos que agora não se falam.

“Portanto, eu diria que há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos. Isto, para ser muito realista. Isto explica por que é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho também por que é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, numa intervenção em inglês, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa.

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