Quem negoceia criptomoedas passa a estar sob supervisão do Banco de Portugal

Transposição da nova diretiva europeia do branqueamento de capitais coloca entidades que negoceiem criptomoedas sob a supervisão do Banco de Portugal.

A negociação de “ativos virtuais” como as criptomoedas vai passar a estar sob a alçada do Banco de Portugal. O anúncio foi feito esta terça-feira pelo supervisor liderado por Mário Centeno, que explica que a decisão acontece no âmbito da entrada em vigor da lei que transpõe a última diretiva europeia sobre o assunto.

“O Banco de Portugal passa a assumir competências de supervisão das entidades que exercem serviços de troca, transferência ou guarda de ativos virtuais, no que diz respeito ao cumprimento das regras preventivas de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, com a entrada em vigor da Lei que transpõe a mais recente Diretiva europeia sobre esta matéria”, anunciou.

A transposição da diretiva foi publicada em Diário da República a 31 de agosto e altera a diretiva relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo (BC/FT). “Por via de tais alterações, a Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto, passa a incluir no elenco de entidades obrigadas ao cumprimento das regras preventivas do BC/FT, as entidades que exercem alguma das seguintes atividades com ativos virtuais”.

Incluem-se neste grupo serviços de compra e venda de criptomoedas, serviços de transferência destes ativos, serviços de guarda ou guarda e administração ou de instrumentos que permitam controlar, deter, armazenar ou transferir esses ativos, incluindo chaves criptográficas privadas.

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Tesla falha entrada no S&P 500. Ações derrapam 16%

Regresso das bolsas norte-americanas após o fim de semana prolongado nos EUA está a ser marcado pelo sentimento negativo em relação às tecnológicas.

A Tesla defraudou as expectativas de chegar ao índice de referência em Wall Street, o S&P 500, e os investidores estão a expressar a desilusão. Os títulos da empresa liderada por Elon Musk afundam 16,18% para 351,21 dólares na primeira sessão após o anúncio, que marca também o regresso das negociações nos EUA após o fim de semana prolongado para celebrar o Labor Day no país.

De forma surpreendente, a gestora de bolsas S&P Dow Jones Indices anunciou a inclusão da empresa de venda online de artesanato Etsy, da produtora de semicondutores Teradyne e da tecnológica especializada no setor da farmacêutica Catalent no S&P 500.

De fora ficou a Tesla cuja capitalização de mercado de cerca de 390 mil milhões de dólares é quase 10 vezes maior que o valor das outras três cotadas em conjunto. Apesar de terem uma dimensão inferior, têm um registo mais constante de lucros, o que poderá ter estado na origem da decisão, que não foi alvo de justificação oficial.

A Tesla está assim em destaque na primeira sessão em Wall Street após o feriado. O sentimento está a ser penalizado pelo ressurgimento das tensões entre EUA e China, bem como pelas preocupações em relação à recuperação económica. E são as tecnológicas que mais estão a pesar.

O Nasdaq tomba 3,62% para 10.903,79 pontos, com o peso das FAANG: o Facebook perde 3,58%, a Apple 5,24%, a Amazon 4,19%, a Netflix 3,21% e a dona da Google 3,60%. O S&P 500 cai 2,09% para 3.355,36 pontos, enquanto o Dow Jones recua 1,42% para 27.737,42 pontos.

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Presidente do BCP defende extensão das moratórias de crédito aos setores mais afetados pela pandemia

  • Lusa e ECO
  • 8 Setembro 2020

"Extensão das moratórias asseguraria “não só que as empresas continuam a ter menores necessidades de tesouraria até recuperarem os cash flows para uma situação de normalidade", diz Miguel Maya.

O presidente executivo do BCP defendeu esta terça-feira a extensão das moratórias de crédito para alguns setores mais afetados pela pandemia, como por exemplo o turismo, alertando para as “consequências muitíssimo negativas” de uma redução da notação de investment grade do país.

“Deveria resultar evidente que, face à elevadíssima dívida pública e às demais limitações que Portugal tem, uma das prioridades deveria passar por estender as moratórias de crédito para alguns setores de atividade, especialmente para os que não podem stockar o que produzem: ninguém compra as viagens não efetuadas em 2020 nem as dormidas de hotel não verificadas, são cash flows que se perderam”, sustentou Miguel Maya.

Falando durante a “I Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal” — promovida ‘online’ pela Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), com coorganização da Vida Imobiliária – o líder do BCP considerou que a extensão das moratórias asseguraria “não só que as empresas continuam a ter menores necessidades de tesouraria até recuperarem os cash flows para uma situação de normalidade (a tal nova normalidade), como uma menor necessidade de apoios públicos suportado pelo Orçamento do Estado, condição indispensável para não agravar ainda mais as contas públicas”. “Ninguém compra as viagens não efetuadas ou as dormidas de hotel não verificadas”, deu como exemplo o responsável para ilustrar os setores mais afetados pela pandemia.

É que, alertou, “se Portugal perder a notação de investment grade, haverá consequências muitíssimo negativas para todos os setores e, também, com muita relevância para o setor do investimento imobiliário”. “Imaginem as yields requeridas pelos investidores, os custos de financiamento, a diminuição da procura por parte dos particulares, a perda de confiança na economia portuguesa”, exemplificou.

Na opinião de Miguel Maya, apesar do forte impacto da crise decorrente da pandemia de Covid-19, “há sinais encorajadores” na economia, que “começa a dar sinais de recuperação”, e são “enormes” as “oportunidades” em aberto.

Esta crise traz consigo enormes oportunidades, decorrentes da sua origem e natureza (pandemia, o que determina, previsivelmente, uma duração limitada no tempo), mas também pelas oportunidades que decorrem de uma resposta forte ao nível dos estímulos financeiros e fiscais, o que permitirá uma forte recuperação, como apontam as previsões disponíveis”, sustentou.

Em Portugal, disse, “evidenciam-se sinais claros de retoma, mas o desempenho é muito marcado pelas características específicas do modelo de desenvolvimento económico”, com um “peso muito forte do turismo (que é setor que vai demorar mais tempo a recuperar), mas também pelos elevados rácios de endividamento do país e das empresas e pelas restrições orçamentais resultantes da anterior crise e que ainda nos condicionam”.

Tendo o setor empresarial português “fragilidades conhecidas, como reduzida capitalização e a excessiva alavancagem”, o presidente do Millennium bcp avisa que estas “vão ser exacerbadas pela presente crise”, com “implicações no nível da viabilidade de múltiplas empresas”.

“Em 2018, 30,8% das empresas apresentaram EBITDA negativo. Com os impactos decorrentes da redução do volume de negócios, imagine-se o que é que vão sofrer com esta crise”, alertou, defendendo o realismo de se admitir “que vão desaparecer muitas empresas em múltiplos setores”, até para “alocar adequadamente os escassos recursos disponíveis”.

Assegurando que “o BCP está profundamente empenhado em apoiar a economia e o investimento”, salientou, contudo, que “apoiar tudo e todos sem critério e rigor” seria “absolutamente desastroso”. “Somos um banco sistémico e o nosso ativo é o crédito à economia. Se a economia estiver mal nós estaremos mal, seguramente. Mas é um imperativo estarmos saudáveis para poder ajudar. Voluntarismos, apoiar tudo e todos sem critério e rigor são absolutamente desastrosos e rapidamente seríamos contaminados, adoecíamos e deixávamos de servir a economia”, afirmou.

Neste contexto, disse a “prioridade” do banco “passou do crescimento para o reforço do balanço logo no final do primeiro trimestre”, sendo que, quer em termos de solvabilidade, quer em termos de liquidez, o BCP está “bem preparado” e em condições para “apoiar a economia” portuguesa.

“Dispomos de rácios quer de capital, quer de liquidez, muito superiores aos requisitos de capital regulamentar. Temos ativos disponíveis para nos financiarmos junto do BCE [Banco Central Europeu] superiores a 21 mil milhões de euros”, destacou.

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Há mais 388 infetados com Covid-19. Morreram três pessoas nas últimas 24 horas

Nas últimas 24 horas foram identificados 388 novos casos do novo coronavírus em Portugal. A região de Lisboa e Vale do Tejo voltou a concentrar o maior número de novas infeções, com 58% do total.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 388 novos casos de infeção por Covid-19, elevando para 60.895 o número total de infetados desde o início da pandemia. O número total de vítimas mortais subiu para 1.846, após terem sido registadas mais três mortes nas últimas 24 horas.

A maioria dos novos casos voltou a ser registada na região de Lisboa e Vale do Tejo. Dos 388 novos casos confirmados nas últimas 24 horas, 225 foram registados em Lisboa (cerca de 58% do total), seguidos pela região Norte, que contabilizou 119 novas infeções (30,7%).

Boletim epidemiológico de 8 de setembro:

Neste contexto, Lisboa e Vale do Tejo continua a ser a região com mais casos até ao momento (31.273 casos de infeção e 687 mortes), seguindo-se do Norte (22.049 casos e 851 mortes), do Centro (5.004 casos e 254 mortes), do Algarve (1.171 casos e 17 mortes) e do Alentejo (998 casos e 22 mortes). Nas ilhas, os Açores registam 227 casos e 15 mortos, enquanto a Madeira tem 173 pessoas infetadas e continua sem registar nenhuma vítima mortal.

Quanto à caracterização clínica, a maioria dos infetados está a recuperar em casa, sendo que 394 estão internados (mais 13 face ao dia anterior), dos quais 50 em unidades de cuidados intensivos (mais um). Há ainda 34.466 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde, ou seja, mais 130 do que no balanço de segunda-feira.

Os dados revelados pelas autoridades de saúde dão ainda conta de mais 130 recuperados, um número significativamente superior relativamente ao último balanço. No total, já 43.146 pessoas recuperaram da doença. Entre os casos de infeção confirmados desde o início da pandemia, mas considerando também os recuperados, existem atualmente 15.903 casos ativos, mais 255 nas últimas 24 horas.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h23)

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OCDE antecipa um ritmo de crescimento moderado nas suas economias

  • Lusa
  • 8 Setembro 2020

a OCDE antecipa um ritmo de crescimento económico moderado para o conjunto dos seus países membros, mas também na Zona Euro e principais economias.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipou esta terça-feira um ritmo de crescimento económico moderado para o conjunto dos seus países membros, mas também na Zona Euro e principais economias.

Os indicadores compósitos avançados (CLIs) da OCDE, hoje divulgados, recuperaram em agosto para os 98,3 pontos, mais três décimas do que em julho, mas abaixo do nível 100 que marca a média de longo prazo e dos níveis alcançados antes da crise provocada pela pandemia da covid-19.

A OCDE sinaliza, no entanto, a moderação do ritmo de recuperação entre as economias, especialmente em França, onde o indicador compósito avançado apenas subiu de forma marginal nos últimos dois meses.

Na Zona Euro, a subida foi também ligeira, de uma décima, para os 97,7 pontos, enquanto nas sete maiores economias mundiais (Canadá, França, Japão, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA) se verificou um maior impulso de quatro décimas (98,2 pontos).

Os indicadores avançaram uma décima em França (97,3 pontos), três na Alemanha (99,4 pontos), Canadá (98,9 pontos) e Itália (97,6 pontos) e quatro no Japão (98,9 pontos), Reino Unido (99,3 pontos) e EUA (97,6 pontos).

No G5 asiático (China, Índia, Indonésia, Japão e Coreia do Sul) houve um avanço de seis décimas até aos 98,2 pontos.

A OCDE sublinha a necessidade de interpretar com prudência os seus dados, antes da incerteza persistente quanto à evolução da pandemia e das medidas que poderão ser aplicadas para conter a sua propagação.

Os CLis não servem para quantificar o grau de recuperação da atividade económica ou do retrocesso, mas sim a força das inflexões no ciclo económico, em baixa ou em alta.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 880.396 mortos e infetou mais de 26,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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Rio já pensou em alternativa se Marcelo não avançar para presidenciais

O líder social-democrata diz compreender a escolha de Marcelo Rebelo de Sousa em adiar o anúncio da decisão sobre a recandidatura, numa altura em que ainda está em exercício de funções.

O presidente do PSD recusa estabelecer uma data limite para Marcelo Rebelo de Sousa anunciar oficialmente uma recandidatura às presidenciais, mas garante que já pensou numa alternativa caso este não avance. Rui Rio diz ainda compreender os motivos pelos quais o atual Presidente da República prefere esperar por novembro para anunciar a decisão.

“Quando um Presidente da República em exercício anuncia a sua recandidatura relativamente cedo, começa a ser visto mais como candidato como Presidente”, explica Rio, em declarações transmitidas pelas televisões. Desta forma, o presidente do PSD reitera que compreende que quem está em funções “procure empurrar a decisão final o mais para a frente possível”.

Marcelo já adiantou que apenas irá anunciar a decisão depois de convocar as eleições presidenciais. Questionado sobre se isto não será um prazo apertado para o PSD encontrar uma alternativa caso Marcelo não avance, Rio diz: “A nossa cabeça não pára 24 horas por dia”. “Também penso nisso, também sei responder a isso”, assegura.

Já sobre a candidatura de Ana Gomes à presidência, noticiada esta terça-feira de manhã, Rui Rio diz apenas que “as pessoas são livres de se candidatarem”, recusando fazer mais comentários. “Para mim é indiferente, é como evoluir naturalmente” a entrada de candidatos na corrida presidencial, reitera o líder social-democrata quando questionado se a proliferação de candidatos à esquerda pode fortalecer o candidato à direita. Ana Gomes anunciou esta terça-feira que é candidata, o PCP já anunciou que vai anunciar o seu candidato este sábado e Marisa Matias vai anunciar a sua candidatura esta quarta-feira, tal como o Expresso avançou.

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Novo Banco vendeu imóveis com desconto sem explicar porquê, diz a Deloitte

A Deloitte conclui que foram vendidos imóveis abaixo do preço da última avaliação sem haver uma explicação para tal. Em reação, o Novo Banco diz que as vendas foram por concurso internacional.

Na análise que fez ao banco, a Deloitte concluiu que o Novo Banco vendeu imóveis a um preço inferior ao da última avaliação sem uma análise e justificação. Uma situação que é permitida pelas regras internas, segundo a consultora. Esta é uma das conclusões da auditoria — expurgada das matérias consideradas confidenciais — que foi divulgada esta terça-feira no site da Assembleia da República.

As vendas efetuadas pelo Novo Banco foram realizadas por valores inferiores (em alguns casos de forma significativa) face aos valores das últimas avaliações disponíveis“, começa por explicar a auditora, confirmando as notícias de que foram vendidos vários imóveis com desconto.

Contudo, o banco não deu uma explicação para tal. “O Novo Banco não tinha igualmente implementado procedimentos de análise e justificação formal das variações ocorridas nas avaliações obtidas, comparativamente às avaliações anteriormente disponíveis“, lê-se na auditoria.

A equipa da Deloitte verificou que nas propostas de aprovação das vendas de imóveis consta uma descrição das características dos mesmos, mas “não é incluída uma justificação ou explicação para a diferença entre o valor de venda e o valor de avaliação anterior”. A consultora nota, porém, que “esta justificação não era requerida de acordo com o normativo interno aplicável“.

Mais: “Refira-se a inexistência de normativos especificamente relativos a vendas agregadas de imóveis em vigor no período em análise, ao nível do Novo Banco e da sociedade gestora dos fundos, que identifiquem os passos a seguir no processo de deliberação por parte do órgão decisório e a documentação a ser preparada nesse âmbito, não obstante existirem normativos para a venda isolada de imóveis que foram considerados na análise efetuada”.

De acordo com a auditoria, a carteira de imóveis do Novo Banco tinha um valor líquido de 2.079 milhões de euros a 4 de agosto de 2014, subindo até 2.722 milhões de euros a 31 de dezembro de 2015. “A partir dessa data a carteira de imóveis foi evidenciando uma redução progressiva, sendo o seu valor liquido total de 2.035 milhões de euros em 31 de dezembro de 2018”, refere a Deloitte, explicando que nesse ano houve a venda de imóveis do Projeto Viriato, cujo valor ascendia a cerca de 550 milhões de euros. Tanto em 2017 como em 2018, os imóveis foram responsáveis pela maior parte das perdas do banco.

A Deloitte explica ainda que as vendas de carteiras de imóveis detidos por fundos de investimento abertos ocorrem entre 2014 e 2017, sendo que estas operações “nem sempre se apresentaram adequadamente documentados o racional para a montagem da carteira, o valor de venda esperado (sustentado em avaliações da carteira), ou uma análise de cenários alternativos“.

Em reação à auditoria, o Novo Banco esclarece que “tem, desde 2014, procurado reduzir o anormal volume de imóveis que detinha em carteira, como aliás era sua obrigação legal”. O banco liderado por António Ramalho argumenta que as vendas em “pacote” foram feitas por concurso internacional, “organizado e competitivo”, e “não por adjudicação direta, visando assegurar a obtenção o melhor preço de mercado“.

Além disso, o Novo Banco recorda que “todos os imóveis que faziam parte do património protegido pelo Mecanismo de Capital Contingente foram sujeitos a análise pela Comissão de Acompanhamento e a sua venda autorizada expressamente àquele preço, pelo Fundo de Resolução onde estão representados o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças“.

Deloitte deteta ausência de análises de conflitos de interesses

A auditoria da Deloitte verificou “a inexistência de normativos internos para todo o período que regulassem a realização sistemática de uma análise das entidades compradoras que participaram em processos de desinvestimento, de forma a concluir acerca de eventuais riscos de branqueamento de capitais e de conflitos de interesse“. No caso do BESI e do BES V, esta análise “não foi efetuada”.

Em causa estarão situações como as já noticiadas pelo Público em que o Novo Banco poderá ter vendido imóveis a fundos com ligações diretas ou indiretas ao Loan Star, o fundo norte-americano que comprou o banco em 2016.

Segundo a Deloitte, os pareceres da direção de compliance do Novo Banco apenas dizem que as estruturas dos fundos são complexas e que há declarações das sociedades gestoras de que não há participantes com maior de 25% do capital, “conforme estipulado em legislação para o dever de diligência no âmbito do branqueamento de capitais, pelo que não qualificam como últimos beneficiários efetivos, não tendo deste modo sido obtida informação adicional sobre a respetiva identidade”. Assim, os gestores da sociedade gestores são considerados os últimos beneficiários efetivos.

“Adicionalmente, nas situações em que foram realizadas análises de contraparte, não tendo sido identificadas pessoas relacionadas com o Novo Banco ou a Lone Star, de acordo com informação prestada pelo Novo Banco, não foram efetuadas análises de partes relacionadas ou análises de conflitos de interesses“, alerta a consultora, revelando “a inexistência de normativos internos para todo o período que regulassem a realização sistemática de uma análise das entidades compradoras que participaram em processos de venda, incluindo vendas agregadas de ativos, de forma a concluir acerca de eventuais conflitos de interesse ou outros constrangimentos à realização das operações“.

Em reação, o Novo Banco reafirma que “os compradores são naturalmente conhecidos, não só por exigência do Novo Banco, como porque, em Portugal, os imóveis são transmitidos por escritura pública e sujeitos a registo predial“.

(Notícia atualizada às 14h47 com a reação do Novo Banco)

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BES dava crédito sem analisar o risco

Falta de análise ao risco no momento da concessão, de informação suficiente sobre os devedores e não exigência de garantias marcam a concessão de crédito do BES, revela auditoria especial da Deloitte.

O Banco Espírito Santo (BES) fechou operações de crédito sem analisar o risco no momento da concessão, sem ter informação suficiente sobre os devedores e sem exigir garantias. A informação consta da auditoria especial da Deloitte às contas do banco no período entre 2000 e 2018, cujo relatório foi publicado esta terça-feira, pela Assembleia da República.

“O modelo de governance implementado no BES durante o período aplicável da nossa análise evidenciava um conjunto de fragilidades ao nível do processo de concessão e acompanhamento de operações de crédito“, começa por dizer a auditora, acrescentando que “essas fragilidades resultavam, entre outras, em insuficiências na documentação acerca dos devedores, risco das operações e respetivas garantias”.

A título de exemplo, a Deloitte refere que “foram identificadas situações de processos de concessão de crédito sem análises de risco no momento da concessão de crédito ou com limitações relevantes ao nível da informação financeira, orgânica e operacional dos devedores, inexistência de avaliações dos colaterais imobiliários e mobiliários, assim como, no âmbito do processo de acompanhamento, a inexistência de análises de risco regulares dos devedores e exceções ao nível da reavaliação regular dos ativos recebidos como colateral”.

A consultora explica que no período anterior a 4 de agosto de 2014 e até novembro de 2014 não era obrigatória a preparação de parecer prévio por um órgão independente da concessão para aprovação de operações de crédito. As regras em vigor definiam apenas a realização de análises de risco anuais, incidindo sobre a situação financeira e posição do cliente ou do grupo económico, e a atribuição de rating interno para os clientes. Não estava estabelecida ainda a obrigatoriedade de realização de análise de risco específica ou de emissão de parecer específico sobre as operações, previamente à sua contratação.

“Desta forma, as análises de risco não refletiam os riscos de crédito específicos associados às operações em análise nem o seu efeito no perfil de risco dos clientes“, concretiza ainda a Deloitte, acrescentando que o banco deu “um conjunto de créditos de grande dimensão, em alguns casos sem que fosse evidente, com base na informação disponibilizada, a capacidade de reembolso por parte do devedor“.

É referido ainda que esses créditos foram disponibilizados “por vezes sem colaterais ou baseados em colaterais que apresentavam volatilidade ou incertezas associadas à respetiva valorização“. “Num conjunto de situações, os devedores entraram em incumprimento, tendo gerado perdas de montante significativo registadas já na esfera do Novo Banco”, meta a este propósito a Deloitte no relatório.

Após a resolução do BES, a Deloitte refere que estes processos começaram a alterar-se. “O Novo Banco implementou de forma gradual um conjunto de alterações nos seus normativos e procedimentos internos que contribuíram para a melhoria dos processos nesta matéria”.

Refere por exemplo, a criação em novembro de 2014 do Departamento de Crédito, órgão independente da área comercial, o qual passou a fazer parte do processo de decisão de crédito no Novo Banco, tendo poderes de decisão sobre as operações ao abrigo dos seus poderes e/ou a responsabilidade pela emissão de pareceres.

De acordo com a Deloitte, as perdas associadas a operações de crédito superam os 2.000 milhões de euros entre 2014 e 2018.

(Notícia atualizada às 13h20)

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Guerra acionista no BCP custou mais de 700 milhões ao Novo Banco

Auditoria da Deloitte revela que BES emprestou dinheiro para compra de ações do BCP, PT e ESFG "sem racional económico". Perdas para o Novo Banco superam os 700 milhões.

A auditoria da Deloitte encontrou perdas potenciais de quase 750 milhões de euros no Novo Banco relacionadas com empréstimos do tempo do BES para a aquisição de ações de várias cotadas nacionais. Só com financiamentos a três clientes para a compra de títulos do rival BCP, o banco tinha uma exposição bruta de 709 milhões de euros no final de 2018.

O relatório da auditoria foi tornado público esta terça-feira pelo Parlamento, numa versão confidencial. Não são conhecidos os nomes dos grandes devedores.

Ainda assim, a Deloitte revela que o BES emprestou milhões de euros a seis clientes para a aquisição de títulos, nomeadamente do BCP, da Portugal Telecom e da Espírito Santo Financial Group, sendo que o colateral destas operações eram “fundamentalmente as próprias ações adquiridas”. Em alguns casos não existiam “covenants contratuais de cobertura mínima”, acrescenta a Deloitte.

Exposição bruta do NB

“Em resultado do declínio do GES e do Grupo PT, bem como da desvalorização significativa verificada na cotação em bolsa das ações do BCP, parte dos colaterais associados a estes financiamentos concedidos pelo BES viram o seu valor reduzir-se significativamente, originando o registo de perdas significativas“, conta a Deloitte, salientando que para alguns destes clientes, o BES obteve colaterais adicionais, que no entanto não foram suficientes para fazer face à totalidade das dívidas desses devedores.

A Deloitte detetou um grande devedor (cujo nome não é divulgado na versão confidencial que foi agora publicada) que recebeu financiamento do BES para a aquisição de ações sem que estivesse aferido “o racional económico subjacente à proteção de risco”. Só este cliente deu uma perda de 82 milhões ao Novo Banco.

Segundo a Deloitte, as perdas acumuladas com estes financiamentos para compra de títulos cotados na bolsa iam já nos 408 milhões de euros no final de 2018.

Recorde-se que a auditoria da EY à Caixa Geral de Depósitos (CGD) também revelou perdas milionárias com crédito para aquisição de ações do BCP na altura da guerra acionista em 2007, sendo então mencionados os nomes de empresas de Joe Berardo (que também é um dos grandes devedores do Novo Banco) e de Manuel Fino.

(Notícia atualizada às 12h54)

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Farmacêuticas garantem que não vão utilizar atalhos para desenvolver vacina para Covid-19

Diretores de quase uma dezena de farmacêuticas comprometem-se a submeter as vacinas para aprovação apenas quando estas provarem ser seguras e eficazes em grandes estudos clínicos.

Numa altura em o mundo ainda se vê a braços com a pandemia, as expectativas de uma vacina que ajude a controlar a situação estão em alta. Mas as farmacêuticas estão a sentir a pressão, e avisam que vão evitar todos os atalhos no desenvolvimento da vacina, de forma a garantir a segurança do produto.

O alerta foi dado numa carta aberta, assinada por vários grupos do setor, que estão a fazer vários avanços e negociações neste campo, como a AstraZeneca, BioNTech, GlaxoSmithKline, Johnson & Johnson, Moderna, Pfizer e Sanofi, adianta a Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

As empresas asseguram que apenas vão submeter as vacinas para aprovação quando estas provarem ser seguras e eficazes em grandes estudos clínicos. “No interesse da saúde pública, comprometemo-nos a que a segurança e o bem-estar das pessoas vacinadas sejam a nossa maior prioridade”, pode ler-se na carta assinada pelos diretores executivos de nove farmacêuticas.

Esta missiva tem também como intenção contrariar a perceção e insinuações de que pressões políticas para ter uma vacina pronta o mais rápido possível possam comprometer a segurança. Na carta, as empresas prometem também trabalhar para garantir que existem opções “indicadas para acesso global”.

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Auditoria da Deloitte ao Novo Banco já é pública. Veja aqui o relatório

  • Lusa
  • 8 Setembro 2020

A auditoria da Deloitte ao BES/Novo Banco é referente ao período entre 2000 e 2018, decorria desde o ano passado e deveria ter ficado concluída em julho, tendo sido entregue na semana passada.

O relatório da auditoria da Deloitte ao BES/Novo Banco já foi disponibilizado no site da Assembleia da República, um documento expurgado das matérias consideradas confidenciais.

Este relatório revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 04 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.

Em conferência de imprensa, o presidente executivo do Novo Banco disse que 95% das perdas referidas na auditoria da Deloitte devem-se a ativos anteriores a 2014, ou seja, que pertenciam ao BES e passaram para o Novo Banco na resolução. Afirmou ainda António Ramalho que a auditoria “confirma a forma transparente e competitiva” com que o Novo Banco tem vindo a recuperar o seu balanço, sobretudo através da venda de carteiras de ativos.

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PCP apresenta candidato à Presidência da República no sábado

"Não há duas sem três", diz Jerónimo de Sousa, quanto à possibilidade de se recandidatar à Presidência da República. Candidato apoiado pelo PCP deverá ser conhecido no dia 12.

Os comunistas deverão revelar no dia 12, sábado, que candidato à Presidência da República apoiarão nas próximas eleições. Questionado pelos jornalistas esta terça-feira, quanto à possibilidade de voltar a recandidatar-se ao cargo de chefe de Estado, Jerónimo de Sousa sublinhou que “não há duas sem três“.

“Eu candidato? É costume dizer-se que não há duas sem três. Já diz duas, participei nessas batalhas. Não posso dar nenhuma informação apressada, mas com certeza teremos outro candidato, outra candidata que vai ser anunciado talvez dia 12, mas coisa, menos coisa“, disse o líder comunista.

Na corrida à Presidência da República, já estão a eurodeputada bloquista Marisa Matias, a socialista Ana Gomes e o deputado André Ventura. Marcelo Rebelo de Sousa ainda não confirmou se se irá recandidatar.

De acordo com as sondagens conhecidas em agosto, o atual Presidente da República recolhe 70,8% das intenções de voto, enquanto Ana Gomes conta com 9,7%. André Ventura aparecia, nessa ocasião, com 10,2% das intenções de voto, e Marisa Matias com 4,2%. Jerónimo de Sousa recolhia apenas 2,5%.

Questionado esta terça-feira sobre o Orçamento do Estado, Jerónimo de Sousa disse haver uma “relação institucional” com o Governo e remeteu o diálogo do partido com o Governo sobre o OE 2021 para o Parlamento. “Haveremos de encontrar formas de relacionamento normal e natural que tem sempre existido na Assembleia da República”, afirmou.

Até ao momento, Jerónimo disse não ter agendado qualquer encontro com António Costa, apesar de faltar um mês para a entrega do Orçamento no Parlamento. Habitualmente, grande parte dos contactos dos comunistas com o executivo sobre o Orçamento é feito a nível da Assembleia da República, havendo encontros entre Jerónimo e Costa ou no início ou no fim do processo de consultas.

O primeiro-ministro já avisou que possivelmente haverá uma crise política, caso não exista acordo com a esquerda parlamentar. O dirigente comunista respondeu que “procurar uma posição de ameaça não ajuda em nada” e “não contribui para solução nenhuma.

Na sexta-feira, na festa do Avante, o secretário-geral comunista considerou que um acordo escrito com o Governo minoritário socialista é “claramente dispensável”, ressalvando que o PCP aguarda pelo próximo Orçamento do Estado e está disponível para “dar a sua contribuição”. E no discurso de encerramento, no domingo, disse que “não vale a pena sentenciar que o PCP não conta”, sublinhando que o partido “conta muito e decisivamente” para defender os interesses dos portugueses.

Já sobre eventuais exigências de, no Orçamento, não estarem previstas mais verbas para o Novo Banco, o líder comunista insistiu na passagem do banco para controlo do Estado – uma posição que o partido tem vindo a defender há anos.

(Notícia atualizada às 13h35 com mais declarações)

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