Banco do BCP na Polónia perde 181,2 milhões de euros até setembro

Bank Millennium registou prejuízo de mais de 181 milhões entre janeiro e setembro, um resultado "substancialmente influenciado" por provisões relacionadas com créditos hipotecários.

O Bank Millennium, com sede em Varsóvia, e no qual o BCP detém uma participação de 50,1%, encerrou os nove primeiros meses do ano com um prejuízo de 181,2 milhões de euros (-823 milhões de zlótis), informou esta terça-feira a instituição bancária, num comunicado enviado à CMVM. Este resultado já era esperado pelo banco português.

O desempenho foi substancialmente influenciado por provisões relacionadas com riscos legais associados à carteira de créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira, no montante total de 1.573 milhões de zlótis (346,3 milhões de euros)”, lê-se no documento.

Deste montante, 1.424 milhões de zlótis (313,5 milhões de euros) dizem respeito à carteira de créditos hipotecários concedidos pelo próprio banco e 149 milhões de zlótis (32,8 milhões de euros) estão relacionados com a carteira do Euro Bank [comprada em 2019 pelo BCP]. O banco polaco nota que, o nível de provisões acumuladas, representa 20,3% do valor da carteira de créditos hipotecários em moeda estrangeira.

Este cenário já era esperado pelo BCP — que, a 6 de outubro, num outro comunicado à CMVM, já antecipava um resultado negativo. Nesse documento, lia-se que o Bank Millennium tinha decidido constituir nas contas do terceiro trimestre “provisões de 451,8 milhões de zlótis para riscos legais relacionados com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira”.

No documento publicado esta terça-feira, o banco informa ainda que, excluindo as provisões relacionadas com a carteira de créditos hipotecários em francos suíços, o resultado líquido do Bank Millennium cifrou-se em 803 milhões de zlótis (176,7 milhões de euros), ou seja, um crescimento de 51,5%.

Entre janeiro e setembro, os proveitos operacionais diminuíram 1,2% face ao mesmo período do ano passado, enquanto a margem financeira diminuiu 0,6%, “refletindo o impacto da redução das taxas de juro em 2020”. Por sua vez, as comissões aumentaram 11,3% e os custos operacionais recuaram 9,5%, “suportados por menores custos relacionados com contribuições regulamentares e iniciativas de corte de custos”.

(Notícia atualizada às 8h29 com mais informação)

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Hoje nas notícias: Vítor Bento, PSD e fundos europeus

  • ECO
  • 26 Outubro 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos ressalva a importância de se “acabar com a fiscalidade que apenas incide sobre a banca portuguesa”. No plano político, Rui Rio pondera convocar um Conselho Nacional extraordinário com o intuito de propor novamente um adiamento das eleições diretas do partido. Ao mesmo tempo, sabe-se que Carlos Moedas não terá autonomia no que toca a decisões relativas a grandes projetos urbanísticos. A marcar o dia está ainda a notícia de que, por cada 100 euros de investimento público, 84 são provenientes de fundos europeus.

“Empresas internacionais vêm cá ser subsidiadas com recursos nacionais”, diz Vítor Bento

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) defende o fim da “fiscalidade que apenas incide sobre a banca portuguesa”, criticando ainda as “várias proibições de comissionamento que distorcem o modelo de negócio” no país. Numa entrevista, Vítor Bento notou que, “em Portugal, é proibido cobrar taxas negativas nos depósitos de grandes empresas”, o que não acontece em mais nenhum país. Isso tem consequências: “As empresas internacionais vêm cá fazer os seus depósitos para serem subsidiadas com recursos nacionais”, alegou.

Leia a entrevista completa no Público (acesso condicionado).

Rui Rio quer Conselho Nacional extraordinário no PSD

Numa altura em que Orçamento de Estado para 2022 está na iminência de ser chumbado, e tendo em conta que o Presidente da República já admitiu o cenário de eleições legislativas antecipadas, o atual presidente do PSD prepara-se para convocar um Conselho Nacional extraordinário com o intuito de voltar a propor um adiamento das eleições diretas do partido, marcadas para 4 de dezembro. O objetivo de Rio é candidatar-se a primeiro-ministro e evitar ir a eleições com um PSD dividido.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Moedas sem autonomia para grandes projetos urbanísticos

O novo presidente da Câmara Municipal de Lisboa tem de consultar o executivo camarário para tomar decisões relativas a operações urbanísticas que sejam consideradas “de impacte relevante ou semelhante a uma operação de loteamento e o acréscimo de superfície de pavimento seja superior a 800 metros quadrados”, a menos que seja para indeferir. Esta imposição resulta de uma proposta apresentada pelo PCP em reunião camarária.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (ligação indisponível).

Fundos europeus representam 84% do investimento público

Uma boa parte dos fundos europeus do Portugal 2020 e do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é destinada a projetos de investimento público, o que coloca Portugal no primeiro lugar entre os países mais dependentes de fundos comunitários. Por cada 100 euros de investimento público, 84 euros são fundos europeus, de acordo com estatísticas da Comissão Europeia. Se um dia os fundos acabarem, o país poderá ter de reequacionar toda a sua política de investimento. Depois de Portugal na tabela, surgem a Croácia (80%), a Lituânia (74%) e a Polónia (61%).

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Preços da luz e escassez de papel tramam setor do livro

Se o custo da energia continuar a subir e os congestionamentos nos transportes de mercadorias não forem rapidamente ultrapassados, a escassez e o preço do papel poderão tornar-se em breve um problema sério para o setor editorial. O presidente da Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (Apigraf) nota que, se o atual cenário se mantiver, será difícil evitar um um aumento do preço dos produtos que usam papel, cartão ou cartolina, incluindo os livros. O responsável nota ainda que as matérias-primas usadas pelas gráficas, e não apenas o papel, estão todas a subir, das chapas usadas para impressão às colas, tintas ou vernizes.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

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Arranca auto-agendamento das vacinas contra a gripe e Covid-19 para maiores de 80 anos

As pessoas com mais de 80 anos vão poder fazer o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e Covid-19 a partir desta terça-feira.

A partir desta terça-feira, os cidadãos com mais de 80 anos que ainda não foram convocados para a vacinação vão poder fazer o auto-agendamento para receberem a vacina contra a gripe a dose de reforço da Covid-19.

À semelhança no que aconteceu com a vacinação primária completa, através deste agendamento online, os utentes podem escolher a data, bem como o local onde pretendem ser inoculados. Caso não exista vaga podem optar por por ficar em lista de espera ou, até, escolherem outro posto de vacinação. Posteriormente, vão receber um SMS para confirmarem o agendamento proposto.

Não obstante, a Direção-Geral da Saúde (DGS) já veio alertar que “poderá haver casos, porém, em que sejam chamados doentes abaixo da faixa que se encontra aberta por já cumprirem todos os critérios de elegibilidade e para não atrasar o processo”. Além disso, a entidade liderada por Graça Freitas sublinha que processo está dependente da entrega de vacinas, sendo que a DGS estima que a partir de novembro o número de vacinas seja suficiente “para acelerar o ritmo de vacinação”.

A terceira dose da vacina contra a Covid começou a ser administrada a 11 de outubro, a pessoas residentes em lares de idosos e com mais de 80 anos. Quatro dias depois, a administração desta dose de reforço começou a ser dada às restantes pessoas com mais de 80 anos que não estão em lares, sendo que o processo está a realizar-se por faixa etária decrescente e vai abranger todos os utentes com idade igual ou superior a 65 anos.

De referir que na semana passada arrancou a administração simultânea das vacinas contra a gripe e a dose de reforço contra a Covid. Até este sábado, 123 mil pessoas já tinha recebido uma terceira dose ou uma dose adicional da vacina contra a Covid e 279 mil pessoas já tinham sido vacinadas contra a gripe, de acordo com o último balanço realizado pela DGS.

Para o efeito, esta a terceira dose e vacina contra a gripe estão a ser administradas num misto entre centros de saúde e de vacinação. O objetivo é vacinar mais de dois milhões de portugueses com a terceira dose da vacina até dezembro.

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YouTube suspende conta de Bolsonaro por desinformação

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

Plataforma suspendeu canal do Presidente do Brasil por pelo menos sete dias, após Jair Bolsonaro ter alegado num vídeo que o uso de vacinas contra Covid-19 poderia facilitar o desenvolvimento de SIDA.

O YouTube suspendeu na segunda-feira o canal do Presidente brasileiro por pelo menos sete dias, após Jair Bolsonaro ter alegado num vídeo que o uso de vacinas contra Covid-19 poderia facilitar o desenvolvimento de SIDA.

O vídeo, que foi transmitido em direto na conta oficial do Presidente na quinta-feira, também foi removido porque viola as diretrizes de “desinformação médica sobre a Covid-19” da plataforma, explicou o YouTube.

“Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador ou qual a sua opinião política”, indicou a plataforma de vídeos em comunicado.

Porta-vozes do YouTube explicaram à agência espanhola Efe que a plataforma também optou por suspender a conta de Bolsonaro por pelo menos uma semana porque o seu canal já havia sido notificado em julho sobre a publicação de desinformação sobre a pandemia.

Assim, por se tratar de uma “reincidência”, o líder da extrema-direita brasileira não poderá publicar novos vídeos ou transmitir ao vivo pelos próximos sete dias.

É a primeira vez que uma rede social suspende o perfil de Bolsonaro, que se tem caracterizado pelo negacionismo diante da gravidade da pandemia da Covid-19 e da eficácia das vacinas para combater a doença.

Antes do YouTube, também as redes sociais Facebook e Instagram retiraram das suas plataformas o vídeo em que Bolsonaro vinculava o uso de vacinas contra a Covid-19 ao desenvolvimento de SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

Num vídeo em direto na última quinta-feira, o chefe de Estado citou uma notícia falsa na qual se defendia que relatórios oficiais do Governo do Reino teriam sugerido que algumas pessoas vacinadas contra a Covid-19 estariam a desenvolver SIDA “muito mais rápido do que o previsto”, justificando assim a sua posição contra a imunização.

“Eu só vou dar a notícia. Não a vou comentar porque já disse isso no passado e foi muito criticado. Relatórios oficiais do Governo do Reino Unido sugerem que pessoas totalmente vacinadas estão desenvolvendo SIDA 15 dias após a segunda dose. Leia essa notícia. Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha transmissão ao vivo”, disse o Presidente.

As declarações de Bolsonaro geraram uma onda de críticas de diferentes associações médicas e científicas, que rapidamente negaram qualquer ligação entra a vacina e a SIDA, e as rotularam como notícias falsas.

O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Arthur Lira, disse nesta segunda-feira que Jair Bolsonaro deve ser responsabilizado por divulgar informações falsas, ao comentar a decisão tomada pelas redes sociais. “Se ele [Bolsonaro] não tiver nenhuma base científica, ele vai pagar sobre isso”, afirmou Lira, ao comentar o assunto durante um seminário sobre o agronegócio em São Paulo.

O negacionismo de Bolsonaro levou à instauração de uma comissão parlamentar que investigou durante seis meses as alegadas omissões do Governo em plena emergência sanitária, cujo relatório final, que deve ser votado esta terça-feira, acusa Bolsonaro de “crimes contra a humanidade” por ter agravado a pandemia.

Com mais de 605 mil mortes e 21,7 milhões de infetados pelo covid-19, o Brasil é, em números absolutos, um dos três países mais afetados pela pandemia no mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia.

A Covid-19 provocou pelo menos 4.945.746 mortes em todo o mundo, entre mais de 243,56 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da AFP.

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Conselho de Ministros avaliou “situação política”. Costa diz que fala hoje no Parlamento

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

À saída de um Conselho de Ministros extraordinário, marcado depois de o PCP ter dito que se prepara para chumbar o Orçamento do Estado, António Costa disse que falará ao Parlamento esta terça-feira.

O primeiro-ministro afirmou na madrugada desta terça-feira que a reunião extraordinária do Conselho de Ministros, que durou até perto da meia-noite, se destinou a avaliar a situação política na véspera do debate orçamental no parlamento.

“Foi um Conselho de Ministro de avaliação da situação política, e amanhã [hoje] falaremos na Assembleia da República”, declarou António Costa, numa alusão ao debate da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022, que tem início esta tarde e que será votada na quarta-feira.

Depois de pouco mais de duas horas de reunião, que teve início na segunda-feira à noite, nenhum outro membro do Governo prestou declarações à imprensa e até agora também não está previsto qualquer comunicado sobre os resultados da reunião.

Este Conselho de Ministros foi convocado de forma extraordinária ao início da tarde de segunda-feira, após Bloco de Esquerda (no domingo) e o PCP terem comunicado o voto contra o Orçamento do Estado na generalidade, na quarta-feira.

Segundo o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, a reunião serviu para avaliar a situação em que o executivo minoritário socialista se encontra do ponto de vista político e a preparação do debate da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022”, que se inicia esta tarde.

“Vamos fazer uma avaliação das posições que vamos assumir nos próximos dias, designadamente nos possíveis quadros que termos do ponto de vista de análise”, referiu Duarte Cordeiro, numa conferência de imprensa no parlamento a meio da tarde de segunda-feira.

Nessa mesma conferência de imprensa, Duarte Cordeiro afirmou que o Governo tem disponibilidade para continuar a negociar o Orçamento, mas defendeu que não podem ser criadas “ilusões”, já que foram anunciados votos contra logo na generalidade por parte do Bloco de Esquerda, PCP e, depois, também pelo PEV.

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EDP Brasil prepara venda de ativos hídricos e vai recomprar ações

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

Empresa detida em mais de 52% pela EDP anunciou que se prepara para alienar três ativos hídricos no Brasil. Também cancela ações representativas de 4,3% do capital social e recompra ações próprias.

A EDP Brasil, detida em 52,64%1 pela EDP, aprovou o cancelamento de ações próprias representativas de 4,3% do seu capital social e que prepara a alienação de três ativos hídricos no país sul-americano.

Em comunicado ao mercado de capitais, a EDP Brasil comunica que os três ativos hídricos envolvidos num processo estruturado de alienação são a Companhia Energética do Jari – CEJA, a Empresa de Energia Cachoeira Caldeirão S.A. e Energest S.A.

“Até o presente momento, não foram celebrados contratos definitivos para alienação de participações acionistas no âmbito do referido processo”, refere a empresa.

“Em linha com o plano estratégico de 2021-2025, os desinvestimentos nos ativos hídricos refletem a gestão do portfólio da companhia com objetivo de redução de exposição ao risco hidrológico no Brasil”, adianta.

No mesmo comunicado, a EDP Brasil informa que aprovou o cancelamento de 25.685.126 ações próprias, representando 4,3% do capital social da companhia e o lançamento de um novo programa de recompra de até 23.558.500 ações ordinárias, a ser executado num prazo máximo de 18 meses.

“Este programa faz parte do processo contínuo de maximização de valor para os accionistas da EDP Brasil”, refere a empresa.

As aquisições serão efetuadas na Bolsa de Valores da B3 S.A., a preços de mercado, adianta.

Na semana passada, a EDP anunciou a venda à Actis Assessoria Investimentos de três lotes de transmissão de energia no Brasil, uma transação a que corresponde um enterprise value estimado de 1.329 milhões de reais (210 milhões de euros).

Os ativos em causa são a EDP Transmissão S.A. (Lote 24), a EDP Maranhão I S.A. (Lote 7) e a EDP Maranhão II S.A. (Lote 11)”, sendo que cada lote possui uma subestação, que também foi vendida nesta operação, junto com as redes.

Ainda “pendente de aprovações regulatórias”, a transação enquadra-se na “estratégia de rotação de ativos na atividade de transporte de energia no Brasil, definida no plano de negócios 2021-2025, da qual faz parte também o recente acordo para a aquisição da CELG-T”, afirma a EDP.

Em 14 de outubro, a EDP adquiriu por 1.977 milhões de reais (cerca de 309 milhões de euros) 100% das ações da Celg Transmissão S.A (CELG-T), num leilão organizado pela ANEEL.

Com esta operação, a EDP estima uma receita anual permitida (RAP) adicional de 223 milhões de reais no ciclo 2021/2022, através da aquisição dos 756 quilómetros de redes de transmissão e das 14 subestações da estatal goiana de transmissão.

Com a venda dos lotes 7, 11 e 24 e a aquisição da CELG-T, a EDP passa a contar com lotes de transmissão no seu portfólio que, quando operacionais, totalizarão 2.241 quilómetros de linhas em extensão e aproximadamente 702 milhões de reais de RAP.

Desde 2017, a EDP diz já ter investido 4.100 milhões de reais em obras e projetos de transmissão adquiridos em leilões da ANEEL ou no mercado secundário, o que “representa 80% de execução de seu CAPEX [investimento em bens de capital] total nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Espírito Santo, Acre e Rondónia”.

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Todas as estações do metro de Lisboa estão fechadas

  • Lusa
  • 26 Outubro 2021

Greve parcial dos trabalhadores do metro de Lisboa deixa todas as estações encerradas, informou a Fectrans. Serviço do metropolitano é retomado às 10h15.

Às 6h45 desta terça-feira, a adesão à greve parcial dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa era elevada, encontrando-se todas as estações encerradas, disse à Lusa Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).

Os trabalhadores do Metro de Lisboa cumprem uma nova greve parcial, entre as 5h00 e as 9h30, dado que as negociações salariais com a empresa têm falhado, prevendo-se que o serviço seja retomado às 10h15.

“Até esta hora [6h45], os trabalhadores que deviam ter entrado ao serviço não entraram. Não temos maquinistas, nem posto de comando central, o que significa que todas as estações estão fechadas. Não há circulação de comboios”, disse Anabela Carvalheira.

A sindicalista da Fectrans indicou que estão apenas a trabalhar cinco funcionários, que estão a cumprir os serviços mínimos. “Não há trabalhadores a trabalhar à exceção dos que foram definidos pelos serviços mínimos, que são cinco trabalhadores durante este período de greve. Mas estão de greve apesar de estarem a fazer o piquete de segurança”, sublinhou.

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Mudanças na contratação pública aumentam risco de fraude, alerta Tribunal de Contas

Tribunal de Contas elogia "boas taxas de compromisso" do PT2020, mas aponta "execução lenta", "baixo nível de absorção dos fundos" e "incumprimento de objetivos intermédios em muitos dos programas".

O Tribunal de Contas alerta para os riscos acrescidos que resultam das alterações introduzidas ao nível da contratação pública, que podem comprometer a qualidade dos projetos financiados com verbas europeias e aumentar o risco de fraude. A instituição liderada por José Tavares sugere, assim, que sejam implementados novos controlos nos processos de gestão.

No relatório de auditoria ao Portugal 2020, publicado esta terça-feira, o Tribunal de Contas sublinha que as alterações ao Código dos Contratos Públicos que preveem procedimentos pré-contratuais simplificados, com possível adoção de procedimentos não concorrenciais até limiares elevados, e o regime excecional de execução orçamental e de simplificação de procedimentos dos projetos aprovados no âmbito do PRR — que, designadamente, dispensa ou acelera os prazos para pareceres e autorizações normalmente necessários — aumentam os riscos de fraude e corrupção. O alerta já tinha feito através de parecer emitido pela sua Comissão Permanente no processo legislativo, mas o Tribunal faz questão de o reiterar neste novo relatório.

O Tribunal de Contas reconhece que estas mudanças “aceleram alguns dos processos responsáveis por demoras”. No entanto, relembra que, “embora se trate de um balanço difícil”, há que “assegurar o equilíbrio entre a necessidade de responder à crise de forma célere e a salvaguarda dos princípios da transparência, integridade e responsabilidade na utilização dos fundos públicos, designadamente os europeus”, pode ler-se no documento.

Os constrangimentos na fase de contratação pública dos investimentos traduzem-se em “atrasos na execução, decorrentes de concursos desertos, situações de insolvência dos adjudicatários e providências cautelares com efeitos suspensivos na contratualização das empreitadas (em particular nas entidades da administração central e do setor empresarial do Estado), alertam as autoridades de gestão.

E esses atrasos são notados pelo Tribunal de Contas que elogia as “boas taxas de compromisso”, mas aponta a “execução lenta”, o “baixo nível de absorção dos fundos”, o “incumprimento de objetivos intermédios em muitos dos programas” e a “fraca orientação para resultados”.

“Os fatores que influenciaram a lenta execução e o incumprimento de objetivos e metas são recorrentes e estão relacionados com o arranque tardio dos programas, incluindo atrasos na aprovação dos programas, na estabilização das autoridades de gestão, dos organismos intermédios e das correspondentes competências, e na definição e desenvolvimento dos sistemas de informação”, aponta o Tribunal de Contas. A instituição frisa ainda a “insuficiência de recursos humanos nas estruturas de apoio; a dificuldade dos organismos intermédios em darem resposta dentro dos prazos às tarefas neles delegadas; dificuldades na interoperabilidade entre os sistemas de informação”; a “necessidade de aguardar por regulamentação ou orientações definidas a nível central e de articular a competência e atuação de entidades diversas”.

Os atrasos decorrem ainda de em algumas áreas “os apoios não suscitam interesse junto dos beneficiários, nomeadamente por falta de capacidade técnica ou financeira dos mesmos”.

Por isso, a instituição liderada por José Tavares deixa um conjunto de recomendações para que no PRR e no PT2030 não sejam cometidos os mesmos erros:

  • Melhorar a articulação entre os Programas Operacionais Temáticos e os Programas Operacionais Regionais na definição dos critérios de seleção dos beneficiários e na delimitação de fronteiras de elegibilidade dos investimentos;
  • Promover a sensibilização das entidades envolvidas para a necessidade de cumprimento de princípios e requisitos procedimentais e de controlo equilibrados, promovendo as orientações necessárias para um adequado recurso ao mercado e para a efetiva emissão em tempo oportuno dos pareceres técnicos que condicionem de forma crítica a qualidade dos projetos;
  • Assegurar a efetividade da contrapartida nacional dos investimentos cofinanciados pelos fundos europeus;
  • Criar condições para a implementação de um efetivo sistema de gestão e avaliação do desempenho dos fundos, que contenha os estímulos necessários a uma adequada orientação para os resultados;
  • Implementação de mecanismos ajustados de controlo e gestão da integridade e transparência na aplicação dos fundos europeus, que tenham em conta os riscos resultantes dos regimes legais entretanto adotados.

Reprogramação anula efeitos penalizadores do incumprimento de objetivos

Em termos de resposta à crise, a instituição aponta ainda o dedo facto de o Executivo ter usado a reprogramação dos fundos europeus para responder à pandemia, mas também para “atenuar ou anular os efeitos penalizadores decorrentes do incumprimento dos objetivos intermédios”. Ou seja, no âmbito de cada quadro comunitário de apoio, os Estados membros têm de cumprir objetivos intermédios

Ora, Portugal optou por fazer uma reprogramação do Portugal 2020 em 2018 e mesmo assim parte dos objetivos intermédio não foram cumpridos. De acordo com o Tribunal de Contas, “em 24,1% dos eixos/prioridades (a maioria dos quais no FSE), os objetivos intermédios não foram atingidos”. “No entanto, se as metas não tivessem sido revistas antes da avaliação, 62% dos eixos prioritários/prioridades não teriam atingido o nível de realização intermédia prevista”, revela a avaliação intermédia do PT2020, efetuada em 2019 com referência a 31 de dezembro de 2018, que envolveu a análise do desempenho em 87 eixos prioritários/prioridades, com 290 indicadores.

Este incumprimento levou à reafetação de 11,4% da reserva de desempenho, o equivalente a 173,8 milhões, sendo o Fundo Social Europeu o mais afeado. Mas foi possível evitar quaisquer “penalizações em benefício de outros programas”, reconhece o Tribunal, que não deixa de constatar que a aplicação do “quadro de desempenho não estimula uma efetiva melhoria dos resultados”. O quadro de desempenho é o subconjunto de indicadores de um eixo prioritário sujeitos à avaliação do desempenho no momento intermédio ou final.

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5 coisas que vão marcar o dia

A agenda mediática deverá ser dominada pelo provável cenário de eleições antecipadas com o previsível chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022).

Além do debate sobre o Orçamento do Estado para 2022 e o cenário de eleições antecipadas, há mais eventos a marcar esta terça-feira: é o caso da reunião extraordinária dos ministros da Energia da União Europeia para discutirem a crise energética e da assembleia de credores da Dielmar que será decisiva para o futuro da empresa.

Arranca a discussão do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade

O Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) continuará a dominar a agenda mediática agora que está iminente o chumbo da proposta do Governo na Assembleia da República. É a primeira vez que tanto o Bloco como o PCP anunciam o voto contra um Orçamento de António Costa. Esta terça-feira arranca a discussão na generalidade no Parlamento com mais de quatro horas de debate num momento de crispação entre o PS e os seus habituais parceiros parlamentares. O debate prolonga-se para quarta-feira, dia em que ocorrerá a votação decisiva que deverá levar ao chumbo do Orçamento e à marcação de eleições antecipadas.

Ministros da Energia da União Europeia discutem aumento dos preços

Os ministros da Energia dos 27 Estados-membros da União Europeia vão reunir-se de forma extraordinária esta terça-feira para discutir o aumento dos preços da energia no mercado interno. No Conselho de Transportes, Telecomunicações e Energia, os ministros vão trocar pontos de vista sobre o pacote de medidas sugerido pela Comissão Europeia e vão debater possíveis medidas de atenuação dos preços de energia a nível nacional e da União Europeia. Em cima da mesa está, por exemplo, a compra centralizada de gás natural, replicando o modelo da aquisição das vacinas.

Banco de Portugal divulga resultado do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito

Esta terça-feira o banco central vai divulgar os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito. No último inquérito divulgado em abril, os bancos sinalizavam que estavam a apertar os critérios de concessão de crédito para empresas (PME) e crédito ao consumo para cidadãos. No caso do crédito à habitação os critérios mantiveram-se. Neste momento especula-se sobre qual será a política de concessão de crédito dos bancos após o fim das moratórias (que acabaram em setembro).

Como evoluiu o défice orçamental até setembro?

Com o próximo Orçamento do Estado prestes a ser chumbado, o Ministério das Finanças continua a executar o Orçamento deste ano com as contas públicas a beneficiar da recuperação da economia. Esta terça-feira a Direção-Geral do Orçamento irá divulgar a síntese de execução orçamental relativa a setembro, a qual deverá ser antecipada durante a tarde pelo gabinete de João Leão. Até agosto, o défice orçamental em contabilidade pública situava-se nos 6.878 milhões de euros.

Assembleia de credores decide futuro da Dielmar

Esta terça-feira a assembleia de credores da Dielmar, que está insolvente, vai reunir-se para decidir sobre as propostas e manifestações de interesse. Perante o perigo de se avançar para o encerramento definitivo e a liquidação dos bens, a empresa de confeções está em contrarrelógio para ser vendida a eventuais interessados. Segundo a Lusa, que cita o administrador de insolvência, existem duas propostas formais e mais duas manifestações de interesse não oficializadas.

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Fase principal do leilão do 5G atinge hoje 200 dias de licitações

Há 200 dias que as operadoras licitam as frequências à venda na fase principal do leilão do 5G, num investimento que está rapidamente a caminho dos 500 milhões de euros.

A fase principal do leilão de frequências do 5G, promovido pela Anacom, deverá atingir esta terça-feira 200 dias de licitações, marco que é assinalado num momento de especial crispação no setor das telecomunicações. O valor do espetro caminha a passos largos em direção aos 500 milhões de euros.

Esta segunda fase da venda de frequências arrancou a 14 de janeiro e tem, entre os participantes, empresas como Meo, Nos, Vodafone e outras. Antes, já tinha havido uma primeira fase, exclusiva para novos entrantes, que começou a 22 de dezembro de 2020 e terminou a 11 de janeiro deste ano.

O 200.º (ducentésimo) dia do leilão principal dá-se uma semana depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter apontado baterias à Anacom no Parlamento, afirmando que o regulador das comunicações “inventou o pior modelo de leilão possível” para as frequências da quinta geração móvel. Declarações que tornaram o 5G num verdadeiro facto político.

Paulo Rangel, candidato a presidente do PSD, veio dizer de seguida que o Governo tem de ser consequente nas palavras, sugerindo assim que o Conselho de Administração da Anacom, na pessoa do presidente João Cadete de Matos, deveria ser demitido. A Nos também exigiu a demissão do regulador.

A Anacom ainda não avançou com nenhuma reação às palavras do primeiro-ministro na Assembleia da República. Em meados deste ano, o regulador promoveu duas alterações às regas do leilão para tentar acelerar a venda, sem aparente sucesso até ao momento.

5G a caminho dos 500 milhões

Nesta altura, as frequências à venda na fase principal do leilão do 5G já permitem um encaixe superior a 470 milhões de euros (mais concretamente, de 472,42 milhões), fixando-se a licitação num conjunto de lotes na faixa dos 3,6 GHz, uma das relevantes para a rede móvel de quinta geração. O espetro valia 195,9 milhões de euros quando foi posto à venda e, até agora, apenas um lote nos 700 MHz, dos mais caros, é que ainda não mereceu qualquer interesse por parte das empresas do setor.

Já a fase exclusiva para empresas que ainda não têm presença no mercado, e que decorreu entre o final do ano passado e o início deste ano, totalizou 84,35 milhões de euros em licitações, duplicando o valor de reserva das faixas, que era de 42 milhões. Com base em informações que circulam no mercado e em informação que foi tornada pública pela comunicação social, terão licitado nessa fase a espanhola MásMóvil e a romena Digi Communications, pelo menos.

Portugal e Lituânia são os dois únicos países da União Europeia que ainda não têm ofertas comerciais de 5G, embora outros Estados-membros não tenham ainda concluído ou iniciado leilões para a venda de frequências. Espera-se que a Lituânia anuncie esta semana um leilão da faixa dos 700 MHz, o que pode deixar Portugal para último no panorama do 5G europeu.

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Da descida do IRS às pensões extra, estas são as medidas que caem com o chumbo do OE

Com o voto contra do Bloco e do PCP, as medidas da proposta do OE 2022 vão cair, incluindo a mudança nos escalões do IRS, o aumento dos pensionistas e função pública e mais dinheiro para o SNS.

Nas últimas semanas ouviu anúncios de medidas que constam ou iam constar do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), mas o iminente chumbo da proposta do Governo com o voto contra do Bloco e do PCP significa que ficarão pelo caminho. Exceto se houver uma reviravolta até quarta-feira, o país deverá entrar em 2022 em duodécimos, podendo gastar por mês apenas 1/12 da despesa efetuada em 2021, e com eleições antecipadas marcadas pelo Presidente da República. Não haverá descida do IRS nem englobamento obrigatório, aumento da função pública e pensionistas, mais dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nem o crédito fiscal para o investimento das empresas.

Será difícil explicar aos portugueses que todas estas melhorias nas suas vidas estão postas em causa“, disse Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, na primeira reação do Governo esta segunda-feira ao anúncio de voto contra do PCP, assegurando que “nunca” tinha ido “tão longe” nas negociações com os comunistas. Porém, não foi suficiente: Jerónimo de Sousa justificou o voto contra com a “insuficiente” resposta na na valorização dos salários, nas mudanças na lei laboral e no reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Portugal não precisa de um Orçamento qualquer“, disse o líder do PCP, argumentando que “há condições e meios” para responder aos problemas, mas o PS recusa-se a fazê-lo.

A concretizar-se o chumbo do OE 2022 na quarta-feira, esta será a primeira vez desde 1979, o primeiro Orçamento após o resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI), que um Orçamento do Estado será chumbado pelo Parlamento. Mas, na prática, o que significará para os portugueses? Além de terem de ir às urnas escolher um novo Governo uma vez que Marcelo Rebelo de Sousa ditou que essa seria a consequência do chumbo, os contribuintes também deverão pagar mais impostos do que pagariam caso o Orçamento estivesse em vigor a 1 de janeiro de 2022.

Logo a 11 de outubro quando a proposta do OE foi apresentada, os portugueses ficaram a saber que iam ser criados dois novos escalões de IRS, o que se traduziria num desagravamento fiscal para todos os contribuintes, além de um reforço do IRS Jovem e o aumento de 200 euros do mínimo de existência que iria isentar de pagar IRS mais 170 mil contribuintes. Para alguns contribuintes no topo chegaria o englobamento obrigatório das mais-valias mobiliárias especulativas (até um ano), o que agravaria a fatura fiscal. No caso das empresas, havia o reforço do Incentivo Fiscal à Recuperação, um benefício fiscal para o investimento privado.

Na ótica dos rendimentos, os funcionários públicos conseguiam neste Orçamento um aumento salarial de 0,9%, além das normais progressões e promoções, e os pensionistas até 658 euros iam ter uma subida extraordinária de 10 euros por mês — depois o Governo cedeu para abranger as pensões até 1.097 euros, incluindo 2,3 milhões de pensionistas. Mais recentemente, o Executivo abriu o jogo quanto ao salário mínimo, anunciando “o maior aumento de sempre” de 40 euros para os 705 euros e comprometendo-se a chegar aos 850 euros (almejados pelo PCP) em 2025. No caso específico do salário mínimo, o Governo tem o poder legislativo para o aumentar no início do próximo ano, caso ainda esteja em funções, mas poderá ter dificuldades em pagá-lo aos funcionários públicos dado que terá limites na execução orçamental.

Há também a gratuitidade progressiva das creches a partir do próximo ano letivo, começando com o primeiro ano de creche em setembro de 2022, o aumento do abono de família, o reforço das verbas para o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e para “a densificação da oferta de transportes públicos” e o alargamento do Fundo de Tesouraria de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em 750 milhões de euros, de acordo com o que anunciou António Costa após a reunião da comissão política nacional do PS na passada sexta-feira. Algumas destas medidas seriam viabilizadas na fase de especialidade do OE, a qual não existirá se for chumbado na generalidade.

O Governo acenava ainda à esquerda com um aumento de 700 milhões de euros no Orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e uma maior autonomia para contratações no caso de substituições — tendo o PS cedido ainda neste âmbito para dar mais autonomia nos limites de quadro pessoal e dos orçamentos das instituições do SNS, de acordo com Duarte Cordeiro.

Crescimento da economia fica em causa. Alterações na lei laboral e no SNS em dúvida

Outra consequência do chumbo do Orçamento, que fica em duodécimos, é a maior dificuldade em executar o Plano de Recuperação e Resiliência: este ponto foi alvo de alertas por parte do Presidente da República e o próprio ministro das Finanças, João Leão, admitiu a dificuldade acrescida, ainda que tenha dito que “há soluções que podem ser exploradas”. E o risco não é só orçamental, mas também económico dado que o PRR dá um contributo de dois pontos percentuais ao crescimento de 5,5% do PIB previsto para 2022.

Mais incerto é o que acontecerá com as alterações à legislação laboral e com o estatuto do SNS que se misturaram com as negociações do Orçamento. Na passada quinta-feira, em Conselho de Ministros, foi aprovada a proposta de lei que procede à alteração de legislação laboral no âmbito da agenda de trabalho digno e o novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dois documentos em que o Governo tentou aproximar-se às exigências do PCP e do Bloco.

Os documentos podem estar aprovados, mas ainda existe todo um caminho legislativo a percorrer, nomeadamente com a consulta pública e os procedimentos no Parlamento, o que poderá demorar meses. Dependendo do calendário das eleições legislativas definido pelo Presidente da República, estes “avanços” que o Governo ofereceu à esquerda poderão ficar pelo caminho.

No caso da lei laboral, em causa está o reforço do processo de arbitragem no fim dos contratos coletivos, tendo o Executivo mostrado abertura para uma “suspensão sem prazo da caducidade” (anteriormente prologavam apenas até 2024); o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador na regulamentação do teletrabalho e das plataformas digitais; a reversão da compensação devida (indemnização) por cessação do contrato a tempo certo ou incerto; e a reposição do valor de trabalho suplementar após as 120 horas extra.

No caso do estatuto do SNS, o Governo cedeu na criação da carreira especial de técnico auxiliar de saúde (ainda que não nos moldes que o Bloco queria), incluiu mais incompatibilidades e obrigatoriedades no regime da dedicação plena dos médicos do SNS, cedeu na implementação de um regime extraordinário de incentivos para fixação de médicos de família em zonas carenciadas e ainda na “valorização da carreira de enfermagem com a abertura de um concurso extraordinário de progressão na carreira mas também a reposição dos pontos perdidos quando entraram na nova carreira”, de acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Ainda nesse Conselho de Ministros tinha sido aprovado o decreto-lei que cria o Estatuto dos Profissionais da Área da Cultura, o qual deverá entrar em vigor a 1 de janeiro de 2022. Neste caso, a medida deverá seguir em frente.

Por fim, António Costa tinha também mostrado abertura para eliminar o fator de sustentabilidade para os pensionistas que tenham 60 anos e que tenham 80% de incapacidade durante pelo menos 15 anos.

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Ninguém ganha com eleições antecipadas

Atirar a toalha ao chão e pôr fim à geringonça não vai ajudar o PCP a reconquistar eleitorado. Esquerda pode ser penalizada e ala mais à direita do Parlamento poderá beneficiar da situação.

Comunistas e bloquistas recusam viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 e atiram o país para eleições antecipadas. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ameaçou e reiterou que, perante um chumbo do documento iniciará “logo, logo, logo a seguir o processo de dissolução” da Assembleia da República. E se até quarta-feira não houver um “golpe de magia”, a pergunta que se coloca é quem ganha com a realização de eleições antecipadas? Os politólogos ouvidos pelo ECO são perentórios em afirmar que não será a esquerda. Eventualmente, a direita. Mas o mais certo é ninguém ganhar.

“A realização de eleições vai gerar um impasse no país e uma perda de tempo do ponto de vista da retoma programa“, diz André Freire. De acordo com a proposta de Orçamento do Estado, a economia nacional deverá crescer 5,5% no próximo ano, com um importante impulso dos fundos europeus, cuja execução fica parcialmente comprometida com o país a funcionar em duodécimos. “Os partidos de esquerda dificilmente beneficiarão desta culpa por as negociações não chegarem a bom porto. Nem mesmo o PS vai capitalizar com isto, porque demonstra incapacidade de encontrar soluções em conjunto”, acrescenta o professor de ciência política do ISCTE.

“O PS não ganha também porque as eleições antecipadas vão desencadear-se num contexto de fatores exógenos que não favorecem o partido no poder“, frisa António Costa Pinto, dando como exemplo o escalar dos preços do petróleo ou a dinâmica nos mercados internacionais das matérias-primas que vão gerar inflação. E os partidos à esquerda “também não capitalizam”, vaticina o investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

“O PCP tinha avisado” que iria chumbar o OE caso as suas reivindicações não fossem satisfeitas, recorda Adelino Maltez. E se o Governo se lamenta pelo facto de “nunca terem ido tão longe no diálogo com o PCP” e que houve um “esforço enorme” para se aproximar dos pedidos dos comunistas, isso não foi suficiente. “A alma dos comunistas estava em contradição por ser um dos dois pés de uma geringonça a três“, acrescenta o professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, onde é professor catedrático do grupo de ciências jurídico-políticas.

Atirar a toalha ao chão e pôr fim à geringonça não vai ajudar o PCP a reconquistar eleitorado, defendem os politólogos. “O PCP vai continuar a declinar um pouco e o bloco de Esquerda também”, diz António Costa Pinto. “O PCP já está a declinar há várias eleições“, lembra André Freire. Para os politólogos não é um problema de ter dado a mão ao Governo de António Costa, mas antes um “problema estrutural” do partido, mais uma vez evidenciado pelo resultado nas eleições autárquicas.

“O facto de o eleitorado de esquerda ter gostado desta solução e de se antecipar que esta pode ser uma oportunidade de alteração de Governo para a direita isso pode, ao contrário do que se pensa, penalizar o PS”, diz Costa Pinto.

Os politólogos admitem que a ala mais à direita do Parlamento poderá de facto beneficiar desta situação até porque PSD e CDS estão a disputar a liderança e isso poderá colar, de certa forma, as suas campanhas internas a uma pré-campanha eleitoral. “Se alguém beneficia disto será a direita”, diz André Freire, admitindo a possibilidade de vir as ser formado um Governo de direita “com PSD, liderado por Rui Rio ou Paulo Rangel, e com CDS e Iniciativa Liberal em coligação pré-eleitoral e se necessário o Chega também pode fazer parte da solução, mas não em coligação. Uma solução estilo Açores”, explica o professor de Ciência política do ISCTE.

É quase certo que o PS vai pedir uma maioria absoluta para poder governar, dizem os politólogos. “Mas as pessoas não estão para aí viradas”, diz André Freire. “À semelhança do que aconteceu em grandes cidades como Lisboa e Coimbra, as pessoas podem não mudar o sentido de voto, mas haver uma maior desmobilização à esquerda“, antecipa. “O PS pode voltar a ter uma maioria relativa, mas a esquerda no seu conjunto vai ser penalizada, isto tendo em conta as sondagens”, acrescenta, admitindo que “o PAN talvez possa conquistar mais votos nas novas eleições tendo em conta a capacidade de negociação demonstrada”.

Um PS minoritário voltar-se para o PSD para formar um Governo de bloco central é uma cartada afastada por todos. “É um mito”, diz mesmo Adelino Maltez. “Só numa conjuntura de grande crise seria possível”, admite Costa Pinto, sublinhando que essa solução “conduziria a um maior fracionamento e ascensão de partidos antissistema”.

Mas então quem ganha? “Fica tudo na mesma, com com mais X% para uns e menos X% para outros”, resume Adelino Maltez, sublinhando que o destino de António Costa está traçado. “Quem com ferro mata, com ferro morre“, diz recordando o facto de ter chegado a primeiro-ministro sem ser a força política mais votada — quem ganhou as legislativas de 2015 foi o PSD sob a liderança de Pedro Passos Coelho — e que foi por iniciativa do PCP na própria noite eleitoral ter lançado as bases da geringonça. Agora é o mesmo PCP que determina o seu fim.

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