Candidatos sabem à meia-noite se entraram no ensino superior

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Os resultados da primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior são divulgados na madrugada de domingo, com quase 64 mil candidatos para cerca de 56 mil vagas.

Os resultados da primeira fase do concurso de acesso ao ensino superior são divulgados na madrugada de domingo, com quase 64 mil candidatos para cerca de 56 mil vagas para fazer face ao número recorde de candidaturas em décadas.

Às 52.963 vagas abertas inicialmente foi feito um reforço 3.080 lugares, que resulta de um aproveitamento de vagas não preenchidas nos concursos especiais de acesso, à semelhança do que já tinha acontecido no ano passado.

Este ano, a primeira fase do concurso nacional de acesso às universidades e politécnicos contou com 63.878 candidaturas, mais 11 mil em comparação com as vagas disponibilizadas inicialmente e o maior número desde 1996.

A segunda fase de candidaturas começa na segunda-feira, 27 de setembro, e decorre até 8 de outubro, estando disponíveis as vagas que sobrarem da primeira fase e aquelas em que os colocados não concretizem a matrícula.

Podem candidatar-se os estudantes não colocados na primeira fase, os colocados na fase inicial que queiram concorrer novamente, os colocados que não se matriculem, os que, apesar de reunirem condições para isso, não se candidataram na primeira fase e os que só reuniram condições de candidatura depois de terminado o prazo para o efeito.

Os resultados primeira fase são divulgados à meia-noite de domingo e os da segunda fase a 14 de outubro.

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GMS Store sem medo da maçã: Apple Store em Portugal seria “uma mais-valia”

A GMS Store é um dos "revendedores premium" da Apple em Portugal. A venda de iPhones representa metade da faturação, mas a empresa não teme a possível concorrência da marca da maçã.

A Apple apresentou novos telemóveis este mês e gravou em Portugal alguns dos vídeos que mostrou no evento principal da empresa, transmitido para todo o mundo. O novo iOS 15, o sistema operativo dos iPhones, também não esquece os portugueses — a marca desenhou de raiz o mapa de Portugal na aplicação Apple Maps, incluindo mais informação e detalhe.

O que a Apple ainda não tem em Portugal é uma loja oficial.

Designadas de Apple Stores, as lojas oficiais da Apple são espaços comerciais próprios, mantidos pela marca. Porém, em Portugal, a tecnológica norte-americana conta apenas com alguns “revendedores premium“, cadeias de lojas parceiras, focadas na venda de equipamentos e acessórios da marca. As empresas têm de cumprir uma série de requisitos para manterem esse estatuto.

A GMS Store é um desses grupos. Com dez lojas em vários centros comerciais do país, metade da faturação resulta da venda de iPhones. E se a Apple decidir abrir uma loja própria em Portugal, fragmentando o negócio?

Portugal ainda não tem uma Apple Store oficialApple

A hipótese não tira o sono a André Marques da Silva, CEO da GMS Store: “Uma possível loja Apple, embora não tenhamos conhecimento de planos para a mesma, seria vista por nós como uma mais-valia para uma proximidade cada vez maior entre a Apple e o mercado português”, assegura, em resposta a questões do ECO.

O gestor garante que a GMS tem “uma parceria muito próxima e cimentada” com a empresa liderada por Tim Cook, sendo que o plano para o futuro passa pela expansão. “A nossa estratégia para este novo ano fiscal é, não só a expansão do parque de lojas, como a abertura de uma loja a sul de Lisboa até ao fim de 2021, como também reforçar o negócio online, onde, desde a pandemia, temos vindo a investir para assegurar ao consumidor uma boa experiência e serviços de elevada qualidade”.

André Marques da Silva, CEO da GMS StoreD.R.

Uma nova aposta que já está decidida é a venda de equipamentos recondicionados, ou seja, aparelhos em segunda mão que são alvo de uma inspeção técnica e substituição de componentes que, eventualmente, possam estar danificados. Para a GMS Store, “o mercado português está preparado para a venda de produtos Apple, devidamente recondicionados e certificados”. E, como não podia deixar de ser, a ideia é igualmente anunciada como fazendo parte de uma estratégia mais alargada de sustentabilidade.

Mas André Marques da Silva não especifica se a empresa só vai vender iPhones recondicionados, ou se tenciona vender outros aparelhos usados, como iPads e relógios.

Sobre o futuro, a nova gama de iPhones 13 representa o segundo leque de equipamentos da Apple com suporte para rede 5G, que ainda não existe em Portugal. Sobre este aspeto, André Marques da Silva também prefere não se alongar.

“Para nós é importante termos uma oferta em que os nossos equipamentos tenham a melhor performance, quer em Portugal, quer em qualquer lugar do mundo, seja em termos de velocidade de resposta, seja em termos de segurança para o consumidor”, diz. E conclui: “Quando os operadores tiverem uma oferta 5G alargada, e penso que será em breve, os nossos equipamentos estarão já aptos para essa velocidade, e isso é que é o importante para nós.”

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Mais 5 mortes e 713 casos de Covid-19, o oitavo dia com menos de mil infeções

Boletim da DGS dá conta de mais 713 casos de Covid-19. É o oitavo dia consecutivo em que se registam menos de mil novas infeções. Morreram cinco pessoas nas últimas 24 horas.

Foram detetados mais 713 casos de Covid-19 em Portugal, o oitavo dia consecutivo com menos de mil infeções. Morreram mais cinco pessoas por causa da doença nas últimas 24 horas.

Há menos pessoas internadas do que na sexta-feira, mas subiram ligeiramente os internamentos em unidades de cuidados intensivos (UCI). São 408 as pessoas internadas (-2), das quais 83 em UCI (+7).

O número de casos ativos caiu em 278, para 31.481. Recuperaram mais 986 pessoas face ao balanço prévio.

Boletim epidemiológico de 25 de setembro de 2021:

O Norte concentra dois dos cinco óbitos, mais dois no Centro e um em Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Mas a região da capital concentra o maior número de novos casos (266) este sábado.

Desde o início da pandemia, já foram confirmados no país quase 1,07 milhões de casos de Covid-19. Quase 1,02 milhões de pessoas recuperaram da infeção e perto de 18 mil não resistiram, sucumbindo às complicações provocadas pelo coronavírus.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h03)

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Preços altos da eletricidade ameaçam tombar cimento português

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Associação Técnica da Indústria do Cimento alerta que o fim do serviço de interruptibilidade e o aumento do custo da eletricidade ameaçam colocar cimenteiras em desvantagem competitiva.

A Associação Técnica da Indústria do Cimento (ATIC) avisa que o fim do serviço de interruptibilidade anunciado pelo Governo, e o aumento do preço da eletricidade, ameaçam a indústria cimenteira nacional.

Em comunicado, a ATIC alertou que “o anunciado fim do serviço de interruptibilidade, o aumento exponencial do custo da energia elétrica, e a exclusão do setor cimenteiro do âmbito de aplicação da Portaria anunciada a 15 de setembro pelo Ministro do Ambiente e Ação Climática, que cria o mecanismo de compensação dos custos indiretos de alguns setores industriais abrangidos pelo CELE, coloca o setor numa situação de desvantagem competitiva face a outros setores nacionais e congéneres europeus”.

“Estas alterações são especialmente penalizadoras, dado o momento crítico que atravessamos, em que se agudizam os esforços para cumprir novas metas de descarbonização, cada vez mais exigentes, agravadas pelo contexto pós-pandémico atual”, lê-se na nota de imprensa.

A associação que tem como associados a Cimpor e a Secil começa por manifestar preocupação pelo facto de a indústria cimenteira não ser abrangida pelas medidas que têm vindo a ser anunciadas pelo Governo, “visando compensar o fim da interruptibilidade, nomeadamente a adoção do mecanismo de compensação dos custos indiretos de CO2“.

O designado serviço de interruptibilidade prestado pelas indústrias de Alta e Muito Alta tensão (48 instalações a nível nacional das quais seis pertencem à indústria cimenteira), com fim anunciado a 31 de outubro de 2021, compensa as empresas pela interrupção de abastecimento de energia em caso de necessidade, evitando apagões no sistema elétrico.

Assim, sublinha a ATIC, “é urgente prolongar o serviço de interruptibilidade face ao contexto atual e até que um pacote de medidas estruturais seja, efetivamente, adotado pelo Governo para permitir a sustentabilidade das empresas cimenteiras nacionais”.

Na passada terça-feira, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, anunciou em conferência de imprensa um conjunto de “almofadas” para atenuar o impacto do aumento do preço de mercado da eletricidade, entre os quais a revogação do mecanismo de interruptibilidade, que – segundo as estimativas apresentadas — permitirá uma poupança anual de 100 milhões de euros.

“É possível afirmar, com algum grau de segurança, que o efeito conjunto de todas estas medidas permitirá assegurar a estabilidade tarifária para as famílias portuguesas do mercado regulado”, que abrange menos de um milhão de clientes domésticos, afirmou então o ministro.

Para a ATIC, “o aumento incomportável para as empresas dos preços da eletricidade – que triplicou no último trimestre e é muito superior ao praticado em países como França, e Alemanha que beneficiam ainda de outros apoios aos setores eletrointensivos — veio agravar ainda mais a atual situação, colocando as empresas do setor numa posição critica”.

Segundo dados da associação, o setor emprega, direta e indiretamente, 5.100 pessoas, e as suas exportações representaram 1.600 milhões de euros entre 2005 e 2018, contribuindo assim para o equilíbrio da balança de pagamentos.

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Trabalhadores da Saint-Gobain criticam Governo e prometem intensificar luta

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Uma centena de trabalhadores da Saint-Gobain manifestaram-se em Lisboa contra o despedimento coletivo de 130 funcionários e criticaram o primeiro-ministro, por não os ter recebido em São Bento.

Cerca de uma centena de trabalhadores da Saint-Gobain manifestaram-se este sábado, em Lisboa, contra o despedimento coletivo de 130 funcionários e lamentaram não terem sido recebidos pelo primeiro-ministro, António Costa, prometendo intensificar a luta.

Pelas 10h35, os trabalhadores, as suas famílias e membros dos sindicatos representativos juntaram-se no Largo de Santos, em Lisboa, seguindo em direção à residência oficial do primeiro-ministro, ao som de apitos, buzinas e palavras de ordem, como “Costa, escuta, os vidreiros estão em luta”.

Uma delegação representativa dos trabalhadores e dos sindicatos acabou por ser recebida na residência oficial, mas a reunião, que durou poucos minutos, não contou com a presença de António Costa.

“Não fomos recebidos por quem pedimos a audiência, que era o primeiro-ministro [António Costa]. Não fomos recebidos sequer por um assessor ou um chefe de gabinete. Concluímos que este Governo fala, mas quando é hora de aparecer não está presente”, lamentou a coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM), Fátima Messias, em declarações à Lusa.

De acordo com a dirigente, os trabalhadores “não deixarão de registar esta atitude”, prometendo avançar com novas formas de luta para defender a empresa e os postos de trabalho. Os trabalhadores têm-se concentrado diariamente junto à fábrica de Santa Iria, há cerca de um mês, em defesa dos postos de trabalho e também já estiveram em frente aos ministérios do Trabalho e da Economia.

A FEVICCOM tem uma reunião, na segunda-feira, no Ministério do Trabalho, com os secretários de Estado do Emprego e Adjunto do ministro da Economia para discutir esta situação. “Vamos estar reunidos com os secretários de Estado face à luta e à pressão que os trabalhadores fizeram nas últimas deslocações a Lisboa. Da parte do principal responsável do Governo, não houve essa atenção, nem sequer essa consideração por esta justa luta. A reunião com o primeiro-ministro está pedida desde 25 de agosto”, apontou Fátima Messias.

Na quarta reunião para discutir o despedimento coletivo na Saint-Gobain, na sexta-feira, a empresa apresentou propostas de recolocação para cerca de uma centena de trabalhadores e aumentou o valor das suas indemnizações, mas reiterou a irreversibilidade da decisão de encerramento da atividade produtiva em Santa Iria. Contudo, esta proposta está aquém das reivindicações dos trabalhadores, que pedem agora a intervenção do executivo.

“A empresa, nesta última reunião, apresentou uma lista com algumas possibilidades de recolocação de emprego para um conjunto de trabalhadores, mas o que os trabalhadores da Saint-Gobain Sekurit Portugal querem é a manutenção de todos os postos de trabalho e o retomar, o quanto antes, da atividade na unidade de Santa Iria”, disse hoje à Lusa Pedro Milheiro do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV).

O também membro da comissão de trabalhadores (CT) da Saint-Gobain Sekurit Portugal referiu que a empresa tem dito, “desde a primeira hora”, que a decisão da multinacional francesa “está tomada e é irreversível”, notando que os vidreiros continuam a acreditar que é possível manter os postos de trabalho e a atividade.

“Está aqui em causa uma decisão estratégica e política da multinacional francesa para deslocalizar a produção feita em Portugal para outras unidades em outro país. É contra este crime económico e social que estão a levar a cabo que estamos em protesto há mais de um mês”, vincou, lembrando que os trabalhadores reclamam “uma intervenção urgente e séria, por parte do Governo, na defesa dos interesses nacionais”.

Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 trabalhadores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas e totaliza um volume de faturação correspondente a 180 milhões de euros. O processo negocial no âmbito do despedimento coletivo na Saint-Gobain Sekurit Portugal prossegue na terça-feira. A decisão de encerramento da atividade produtiva da empresa e o consequente despedimento coletivo dos 130 trabalhadores foi anunciada no dia 24 de agosto.

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Investimento angolano em Portugal é superior ao investimento português em Angola

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Em junho deste ano, o investimento angolano em Portugal era superior em 241 milhões de euros ao investimento português em Angola. Dados do Banco de Portugal foram revelados pela AICEP.

O investimento angolano em Portugal era, em junho deste ano, superior ao português em Angola em 241 milhões de euros, de acordo com dados do Banco de Portugal, enviados à Lusa pela AICEP.

Segundo os dados cedidos pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o Investimento Direto Estrangeiro de Angola em Portugal (IDE) ascendia, em junho deste ano, a 2.214 milhões de euros, face aos 1.973 milhões de euros de Investimento Direto Português no Estrangeiro (IDPE) em território angolano registados no mesmo mês.

O IDE tem-se mantido mais ou menos estável desde 2017, sendo que em dezembro de 2019 totalizava 2.249 milhões de euros e um ano depois fixava-se nos 2.176 milhões de euros.

Já o IDPE registou uma queda assinalável nos últimos anos. Em dezembro de 2017 ascendia a 4.547 milhões de euros e em 2020 já tinha descido para 1.944 milhões de euros.

No que diz respeito às exportações para Angola, os dados enviados pela AICEP, do Instituto Nacional de Estatística (INE), apontam para uma redução de 2,8% no primeiro semestre deste ano, em termos homólogos, tendo as importações caído por seu turno quase 78%, numa altura em as trocas internacionais foram fortemente afetadas pela pandemia.

Nos últimos dez anos, muita coisa mudou nas relações entre empresários angolanos e portugueses, com os exemplos mais evidentes a serem a queda da influência de Isabel dos Santos, na sequência do Luanda Leaks, e as consequências do desaparecimento do Grupo Espírito Santo.

As relações económicas mais importantes entre os dois países são visíveis nos seguintes setores:

Banca

A década de 90 marcou a entrada dos bancos portugueses em Angola com a normalização do sistema financeiro do país, depois das nacionalizações pós-independência (1975).

Dos bancos que compõem o setor bancário angolano, cinco concentram a maioria do mercado. Destes, dois têm capitais de origem portuguesa: o Banco de Fomento Angola (BFA), de que o BPI é acionista, e o Banco Económico, antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), do grupo Espírito Santo, que acabou por ser arrastado na derrocada do grupo. O Novo Banco mantém uma posição nesta instituição angolana, que é dominada pela Sonangol.

Estão ainda no país o BCP, através do Banco Millennium Angola (BMA) e a Caixa Geral de Depósitos, no Banco Caixa Geral, onde chegou a ter uma parceria com o Santander Totta, que vendeu a sua posição em 2015. Também o Montepio está presente nesta nação africana, através de uma participação, de 51% no Finibanco Angola.

A presença de Angola na banca portuguesa é mais recente e foi alvo de muitas mudanças nos últimos anos, depois do Luanda Leaks.

Em 2008, a Sonangol comprou 9,99% do capital do BCP e, em 2009, foi vez da ‘holding’ Santoro (de Isabel dos Santos) entrar no BPI, ao adquirir 9,67% do capital do banco ao BCP. A Sonangol é atualmente o segundo principal acionista do BCP, com 19,49%.

No BPI, a Santoro vendeu a sua participação na OPA (Oferta Pública de Aquisição) do CaixaBank, em 2017. Por sua vez, o BIC Portugal comprou o BPN por 40 milhões de euros ao Estado português, mas depois do Luanda Leaks, a instituição (agora EuroBic) anunciou que a empresária Isabel dos Santos iria abandonar a estrutura acionista do banco português, uma medida para “salvaguardar a confiança na instituição”, segundo a entidade financeira.

No entanto, esta venda ainda não avançou e para já a empresária mantém-se no banco, através da Finisantoro (17,5%) e da Santoro Financial Holding (25%), segundo a última informação disponível no site do banco, sendo que a participação está arrestada.

Energia e indústria

A holding Esperaza, uma joint-venture em que a Sonangol detém 60% das ações e a Exem (de Isabel dos Santos) detém os restantes 40%, controla 45% da Amorim Energia que, por sua vez, é acionista de referência da Galp. No entanto, a petrolífera estatal angolana anunciou em julho deste ano ter sido declarada como única proprietária do investimento feito na Galp, segundo a sentença final de um tribunal holandês que arbitrou o litígio que opunha a petrolífera à Exem, que, por sua vez, recorreu da decisão.

Já a relação da petrolífera portuguesa com Angola remonta a 1982, dedicando-se à atividade de produção e exploração de petróleo.

Na área industrial, com ligações à energia, a posição de Isabel dos Santos na Efacec era, até ao ano passado, maioritária, mas acabou por ser nacionalizada pelo Governo depois da saída da empresária, devido ao Luanda Leaks. Está agora em processo de reprivatização.

Construção

A presença mais emblemática de empresas portuguesas em Angola pertence à Mota-Engil. A empresa liderada por António Mota e Gonçalo Moura Martins está no país desde a sua fundação, em 1946, mas tem vindo a reforçar e diversificar a sua presença nos últimos anos, acompanhando o desenvolvimento económico daquele mercado.

A Mota-Engil Angola, a filial criada em 2010 pelo grupo para este país, conta com acionistas como a Sonangol (20%), sendo que o Estado angolano planeia vender esta posição.

A Teixeira Duarte é outra das construtoras portuguesas que marcam presença no mercado angolano. As dificuldades de empresas como a Soares da Costa, historicamente com grande presença em Angola, ditaram a redução dos interesses portugueses no mercado angolano, neste setor.

Telecomunicações e media

Nas telecomunicações, a participação de Isabel dos Santos na Nos, através da ZOPT, está arrestada pelo tribunal, sendo que, em março, a presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, afirmou que está “na expectativa” que “seja corrigido” o arresto de bens da ZOPT para que a parceria com a empresária angolana seja dissolvida.

Questionada sobre o processo de dissolução da ZOPT – detida em 50% pela Sonaecom e a restante metade por Isabel dos Santos -, Cláudia Azevedo disse estar a aguardar que a situação esteja resolvida.

Nos meios de comunicação social, a angolana Newshold detém ainda, na Impresa, 2,4% do grupo fundado por Pinto Balsemão, tendo abandonado outras posições nos media nacionais.

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Fatura da luz “tem uma carga de impostos muito grande”

  • ECO
  • 25 Setembro 2021

João Manso Neto, presidente executivo da Greenvolt, diz que baixar a fatura da luz deve passar por uma "deslocalização de custos", redividindo-os dentro da sociedade.

O presidente executivo da Greenvolt não vê os preços da eletricidade a baixar, pelo que defende uma “deslocalização de custos” para reduzir a fatura da luz — serviço essencial que, “ao contrário do que se pensa, tem uma carga de impostos muito grande”, afirma João Manso Neto, em entrevista ao Dinheiro Vivo.

Dando como exemplo os “subsídios para a igualização de preços entre continente e ilhas, os subsídios para as câmaras por concessões ou os que foram para as antigas renováveis”, Manso Neto sugere “redividi-los dentro da sociedade, quer por outros combustíveis, quer pelo Orçamento do Estado”. Algo que, reconhece o gestor, o Governo está “em parte” a fazer.

Manso Neto acredita ainda que os preços grossistas elevados da eletricidade podem incentivar as empresas a avançarem “rápido com estações de autoconsumo”, dado que, a cada dia que passa, “perdem dinheiro em relação ao que teriam se tivessem investido em autoconsumo”. Para baixar os preços, propõe ainda “a expansão das renováveis” e o “fomento” dos “contratos de longo prazo”.

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Francisco George recomenda vacinar crianças contra Covid-19, se eficácia for comprovada

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

As crianças maiores de cinco anos devem ser vacinadas contra a Covid-19, desde que a segurança e a eficácia da vacina estejam comprovadas cientificamente nestas idades, defende o médico especialista.

As crianças maiores de cinco anos devem ser vacinadas contra a Covid-19, desde que a segurança e a eficácia da vacina estejam comprovadas cientificamente nestas idades, defende o médico especialista em saúde pública Francisco George.

A vacinação das crianças está a ser a discutida e analisada, tendo a Pfizer já anunciado que a sua vacina contra a Covid-19 é eficaz em crianças dos 5 aos 11 anos e que vai requerer autorização nos EUA para este grupo em breve.

Em entrevista à Lusa, o ex-diretor-geral da Saúde Francisco George não vê entraves na vacinação deste grupo etário, desde que as vacinas “tenham uma base de comprovação científica, da sua segurança e do resultado positivo”.

“Se as coortes estudadas por epidemiologistas perceberem que as crianças são fontes de transmissão do vírus, da infeção, e que precisam de ser protegidas, e se tivermos a certeza da segurança da vacina, não vejo porque não”, diz em entrevista à agência Lusa na sede da Cruz Vermelha Portuguesa, instituição a que preside, no Palácio da Rocha do Conde D’Óbidos, em Lisboa.

Em Portugal, as crianças são vacinadas desde a nascença até à entrada no ensino secundário, observa o médico que durante 12 anos foi diretor-geral da Saúde, cargo que deixou em 20 de outubro de 2017, na véspera de completar 70 anos, pondo fim a uma carreira de 44 anos ao serviço da Função Pública.

Então, questiona: “Se há reforço para as outras vacinas, e se há vacinação de crianças com menos de cinco anos para outras doenças, porque é que não há de haver também para estas?”.

Quanto à terceira dose da vacina, defende que a sua necessidade é ditada pelo nível de anticorpos produzidos pelas vacinas anteriores e que a decisão terá de ser tomada com base científica. “Não são as opiniões, sobretudo de comentadores, que devem ser ouvidas em termos dos comentários que formulam, que são livres, que são justos, que são legítimos, mas não tem base científica”, declara.

Portanto, sustenta, “não há aqui nenhuma opinião a não ser aquela que é baseada na demonstração de que o número de doses anteriores [da vacina] tenha protegido o cidadão, a sua família, a comunidade, através da medição em laboratório dos anticorpos que circulam no soro”.

Entre 1980 e 1991, Francisco George esteve na Organização Mundial da Saúde e em 1990 desempenhou as funções de epidemiologista do Programa Mundial de Luta Contra a Sida como coordenador para a África Austral.

Desde então lidou com outras crises epidémicas, como a SARS – Síndrome Respiratória Aguda Severa, em 2003, a infeção respiratória do Médio Oriente, dez anos depois, e agora com o coronavírus SARS-CoV-2, uma “doença nova” que surgiu na China no final de 2019.

Francisco George fala com entusiasmo da atual pandemia pelas medidas tomadas para a combater, mas sobretudo da vacina: “É extraordinária. Ao contrário de outras, é uma vacina inteligente” e “é absolutamente seguro ser vacinado”. “É espantoso como a evolução científica, com base nos conhecimentos recentes da biologia molecular, foi agora adaptada ao fabrico com sucesso destas vacinas”, em que é inoculada uma proteína mensageira do vírus, em vez do vírus morto ou atenuado, diz com eloquência.

Considera também “absolutamente único” a desinfeção com um álcool-gel que “não é abrasivo e protege as mãos”. “Nunca mais vamos deixar de ter a higiene das mãos em conta”, diz, destacando os benefícios desta medida, a par com o uso da máscara, na diminuição da frequência de “muitas outras doenças” como a gripe.

À pergunta se a população deve usar máscara na rua no outono/inverno, responde rapidamente que “só traz benefícios”. E se esta medida deve voltar a ser obrigatória nos períodos de maior atividade gripal, a resposta vem em jeito de pergunta: “Mas porque não? qual é o problema?”. “É socialmente aceite se for caso disso, não vejo nenhuma preocupação”, refere, e pode ser até usada de forma espontânea pela população.

Voltando à vacina contra a Covid-19 e se esta devia ser obrigatória, Francisco George afirma que não, mas reitera o apelo deixado na sua última intervenção enquanto diretor-geral de Saúde, para que se altere a Constituição de 1976, que apenas prevê o internamento compulsivo de portadores de anomalia psíquica.

“Eu não estou a defender a obrigatoriedade da vacina, estou a defender que, por exemplo, um doente que tenha ébola não possa sair do hospital e entrar no metropolitano. Isso é que eu defendo”, justifica.

O objetivo é que “não haja diferença entre anomalia psíquica e doença contagiosa” e, para isso, “a Constituição pode e deve ser mudada para ir ao encontro dos interesses da saúde pública, defende, frisando que este “é um tema urgente que não pode ser ignorado”.

“É necessário criar princípios inteligentes, mais flexíveis, que não tornem difícil a prevenção e o controle dos problemas em saúde pública”, evitando-se assim estar a decretar-se “sucessivamente estados de emergência” como aconteceu com a Covid-19.

Mundo falhou na preparação de pandemias

O mundo falhou na preparação de pandemias como a Covid-19, ainda que alertado por outras doenças emergentes desde há 40 anos, alerta também o médico de saúde pública Francisco George.

Francisco George acha estranho que não se tivesse admitido que podiam surgir novas doenças e não houvesse uma preparação para elas, à luz de outros coronavirus neste século (Sars logo no início do século e depois, em 2012, o Mers). Mas Francisco George vai mais atrás, recua a 1980, lembra o aparecimento da sida, também uma doença que até então não existia.

“O que é estranho neste processo é que muitos governos, muitos governantes, muitos médicos, muitos cidadãos, não tenham compreendido o fenómeno de 1980 com o aparecimento de um novo vírus, de uma nova doença que até então não tinha existido”, diz.

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Multinacional oferece emprego qualificado em Mirandela, mas não tem candidatos

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Empresa internacional Enline está à procura de trabalhadores qualificados, não não surgem candidatos. “Estamos a ter imensa dificuldade em encontrar profissionais", desabafa o fundador.

Um engenheiro de Mirandela regressou à terra para instalar na cidade transmontana o polo principal de uma nova multinacional na área da energia, que está a recrutar, mas não consegue candidatos para emprego qualificado.

Manuel Lemos é um dos fundadores da Enline, que escolheu Mirandela para sede em Portugal da empresa, que tem 25 clientes nos cinco continentes, entre eles as elétricas nacionais de vários países que usam o software desenvolvido para monitorizar remotamente linhas e equipamentos de energia.

Portugal foi onde tentaram experimentar o produto sem sucesso e ainda hoje não têm clientes no país, onde agora se confrontam com a dificuldade de encontrar interessados para preencher as vagas de emprego que estão a oferecer.

“Estamos a ter imensa dificuldade em encontrar profissionais principalmente para desenvolvimento de negócio, pessoas com experiência em mercados internacionais, capacidade de falar e escrever inglês, entre outras línguas”, concretizou à Lusa.

A empresa já abriu concursos e continua com “sete ou oito vagas”, que incluem também profissionais com experiencia no setor elétrico ou softwares e das especialidades de Tecnologias da Informação e de Marketing.

“Acho que é muito importante tornar público que existe uma empresa de software internacional, que atualmente exporta 100% do que faz para o mundo, que está por decisão dos acionistas em Trás-os-Montes, mas que precisamos de profissionais que queiram vir para o interior”, salientou.

A empresa recebeu apoio do programa para contratação de quadros qualificados, o COESO, e tem como parceiro estratégico o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) que “já ajudou a contratar uma pessoa” e em conjunto estão a entrevistar outras.

Manuel Lemos tem 37 anos e é natural de Mirandela, no distrito de Bragança, estudou engenharia no Porto e emigrou para o Peru, na crise de 2008. Foi trabalhar para uma empresa alemã da área da energia, papel e mobilidade e foi lá que conheceu outros dois engenheiros estrangeiros com quem decidiu arriscar.

Esta aventura começou em 2018 com o desenvolvimento de um software para monitorização de equipamentos e linhas de energia que se distinguem do que existe no mercado por não necessitar de equipamento ou idas ao terreno.

Conseguiram apoio de uma incubadora de empresas da União Europeia e um investidor português e, mais recentemente, da incubadora do Parque Natural Regional do Vale do Tua.

“Esse processo foi complicado, nós iniciamos em Portugal, onde infelizmente não tivemos sucesso”, recordou.

Foram bater a portas distintas europeias e a primeira que se abriu foi a da rede elétrica espanhola, seguindo-se a Áustria, Alemanha, e, atualmente, têm clientes “na Austrália, índia, Canadá, Estados Unidos, muitos países da América Latina, desde Brasil, Peru, Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai”.

A empresa tem escritórios no Brasil, Peru, Alemanha e agentes e revendedores em diferentes países. “Em Portugal, estamos a tentar convencer distintos clientes como a REN, EDP, entre outros, a aplicar as nossas tecnologias, mas infelizmente ainda não está nada contratualizado, mas temos muito otimismo que possa ainda ocorrer este ano”, contou.

De acordo com o sócio, a tecnologia que desenvolveram permite antecipar, prevenir e corrigir os problemas que afetam a distribuição de energia, nomeadamente os mais conhecidos dos público em geral, como os cortes no fornecimento ou incêndios causados por linhas de alta tensão.

A empresa tem tecnologia que cria um chamado “gémeo digital” da rede ou equipamento, através do qual é possível fazer uma leitura real do que está a ocorrer e “diagnosticar e informar o cliente sobre potenciais falhas ou eventos e como corrigir antes que estas ocorram ou no momento em que estejam ocorrer”.

A tecnologia destina-se também a melhorar a potência, redução de perdas até 25% ou controlo da vegetação ao longo das linhas, assim como de incêndios provocados por linhas de transmissões, através das faíscas geradas por descargas elétricas ou curto-circuitos.

A tecnologia está a ser aplicada em “aproximadamente dois mil quilómetros de linhas em todo o mundo, sendo que as vendas oficiais começaram há pouco mais de um ano”. A perspetiva é “até ao final do ano duplicar este valor e no próximo ano atingir entre dez a 15 mil quilómetros e ir crescendo”.

Manuel Lemos acredita neste crescimento com base nos números de um mercado mundial de “aproximadamente 100 milhões de quilómetros de linhas de transmissão”.

O volume de negócios da Enline “ainda é pequeno” por ainda se encontrar “numa etapa de desenvolvimento de projeto-piloto com clientes estratégicos”.

Manuel Lemos prevê que chegarão ao final do ano “com aproximadamente meio milhão de euros de negócios” e espera “ultrapassar um milhão” no próximo ano, com o objetivo de “chegar a cinco milhões de euros entre 2023 e 2024”.

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“Confunde-se em Portugal precariedade com sazonalidade”, diz presidente da CTP

  • Lusa e ECO
  • 25 Setembro 2021

Francisco Calheiros diz que se confunde em Portugal "precariedade com sazonalidade". O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) não concorda com alterações da Agenda do Trabalho Digno.

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) diz que se confunde precariedade com sazonalidade em Portugal, que é premente tratar o trabalho não declarado e a valorização dos jovens, e que a negociação dos orçamentos tem que ser repensada.

Em entrevista à Lusa, Francisco Calheiros considera que a Agenda do Trabalho Digno, que está a ser discutida em Concertação Social, o que está a ser proposto, é uma alteração à legislação laboral com a qual a CTP não concorda.

“Nós não estávamos de acordo em relação a esta Agenda, porque há aqui questões que são muito claras. O que está muito claro ali é uma alteração à legislação laboral, que foi feita em 2019. Por amor de deus, seis meses antes da pandemia. Não faz sentido, nem sequer houve tempo para digerir, para aquilatar do que é que tinha sido feito”, afirma.

Ainda assim, diz, “há questões concretas”, como, por exemplo, “a legislação sobre o teletrabalho, que já existia mas que teve que ser visitada, que como é óbvio fez-se”, acrescenta.

“Há um grande consenso em relação a certas matérias, dei dois exemplos: a valorização dos jovens e o combate ao trabalho não declarado. Estamos todos de acordo, Governo, sindicatos e entidades patronais. Agora, o problema não é nos ‘pormaiores’, é nos pormenores. Assistimos a uma série de situações que levam a uma alteração à legislação laboral com a qual não concordamos”, reforça, dando como exemplo “determinados reforços da ACT ou um combate à contratação a termo que, para a CTP, “não faz qualquer sentido”.

“Continua-se a confundir em Portugal precariedade com sazonalidade. Essa confusão continua a existir, uma questão que está clara na cabeça de muitos países […]. Há questões que, por exemplo, não nos dizem diretamente respeito enquanto empresas nossas associadas, mas somos utilizadores – e é preocupante – como o trabalho temporário. Ou seja, acho que esta Agenda do Trabalho Digno mais uma vez vem no seguimento que é tudo medidas que em nada favorecem a flexibilidade laboral, em nada favorecem as empresas, vem no seguimento do discurso do senhor secretário-geral do PS no Congresso em que 40 minutos onde estive presente, pouco ouvi falar de economia e nada ouvi falar de empresas e isto são situações que à confederação do turismo nos preocupam muito”, sublinha.

Francisco Calheiros diz que esta “não é a altura” e que “quanto maior flexibilidade houver no emprego, mais as empresas empregam (…)”. “Muitos empresários, neste momento, com a Agenda do Trabalho Digno para sair, com a quantidade de alterações que lá estão, já estão a fazer marcha atrás nos recrutamentos. Quanto maior flexibilidade houver, mais se recruta”, afirma.

E numa altura em que se aproxima a entrega do Orçamento do Estado para 2022 e subsequente discussão de alguns destes temas, Francisco Calheiros diz que “é altura de repensar a forma como estes orçamentos de estado são negociados”.

“Continua-se a confundir em Portugal precariedade com sazonalidade. Essa confusão continua a existir, uma questão que está clara na cabeça de muitos países.

Francisco Calheiros

Presidente da Confederação do Turismo de Portugal

Estava a ser “sexy” trabalhar no turismo

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) admite ainda que há um problema de falta de recursos humanos, porque até estava a ser “sexy” trabalhar no setor, mas com a pandemia “tudo ficou congelado”.

“Há, de facto, falta de pessoal [no setor do turismo], não há dúvida nenhuma, isso é um problema com que nós nos deparamos. É um problema que temos que abordar com muita frontalidade e é um assunto que tem sido muito discutido nas direções da CTP”, afirma Francisco Calheiros, na mesma entrevista.

“Estava a ser ‘sexy’ na altura [antes da pandemia], estava a ser uma moda trabalhar no turismo. Com esta pandemia, tudo ficou congelado”, acrescentou o responsável.

Francisco Calheiros considera que o setor do turismo em Portugal está a jogar na Champions League, numa analogia ao futebol, acrescentando que o setor “tem que ser o Ronaldo”, ou seja, “o ponta de lança da economia portuguesa”.

Acerca do impacto da pandemia no setor do turismo, o responsável diz acreditar que “o mal terá passado: “Estão reunidas as condições para a retoma do turismo”, afirma. No entanto, e ainda que o setor tenha entrado numa trajetória ascendente de recuperação com o verão, o responsável descartou “um certo otimismo” de que se tem falado.

“[Perdas de] 63% em 2020, 56% em 2021, é tudo um desastre. Para quem? Para o norte, passando pelas ilhas, as agências, os hotéis, passando pelos restaurantes, é tudo péssimo. […] 2020 e 2021 foram dois anos terríveis”, aponta.

Francisco Calheiros insta também o Governo a pôr em prática medidas de apoio que ficaram “no papel”. “Muitas das empresas [do setor do turismo], neste momento, estão presas por arames. E qual é o problema? O problema é que não podemos morrer quando estamos a chegar à praia. Quer dizer, estamos a ver a praia e este esforço de um ano e meio é fundamental que não seja infrutífero”, considera Francisco Calheiros.

O presidente da CTP acredita que em março de 2022 o setor vai retomar a sua atividade normal, com a aproximação do Carnaval e da Páscoa, bem como com o fim do período de época baixa, que se inicia agora em outubro.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português (CTP)JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

“Sinto vergonha de discutir o aeroporto, tenho vergonha”

Por fim, o presidente diz sentir “vergonha” quando se discute o assunto aeroporto, um dos que mais o preocupa – a par da TAP –, pedindo, por isso, um “pacto de regime” de “uma vez por todas”.

Francisco Calheiros lembra que a falta de capacidade aeroportuária e uma TAP em “espera” são grandes constrangimentos à retoma e crescimento do setor do turismo, logo da economia, e, por isso, fortes motivos de preocupação.

“Se retomar tudo em 2023, isto [aeroporto] é um dos assuntos que mais nos preocupa porque temos que pensar a médio prazo, porque existem investimentos em pipeline [projeto] de novas unidades hoteleiras, etc. Que eu saiba o caderno de encargos do estudo de impacto ambiental estratégico não está feito”, afirma o presidente da CTP.

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Partidos alemães tentam cativar indecisos até ao último minuto

  • Lusa
  • 25 Setembro 2021

Os candidatos na Alemanha estão a tentar captar o voto dos indecisos nos últimos momentos antes das eleições, mas mostram cautela em virtude da publicação das sondagens.

Nos últimos momentos da campanha para as legislativas de domingo na Alemanha, os candidatos tentam captar o voto dos indecisos mas mostram cautela em virtude da publicação das sondagens.

Olaf Scholz, candidato social-democrata (SPD) tem agendado para este sábado à tarde “um encontro com os eleitores, em Potsdam, capital do Estado de Bradenburgo, a sudoeste de Berlim, por volta das 15h00 (14h00 em Lisboa).

Ao longo da semana, Olaf Scholz manteve-se firme nas questões sociais e sobretudo na proposta sobre o aumento do salário mínimo nacional, tendo acrescentado, sexta-feira, a questão da habitação tendo-se referido também às questões ambientais.

A presença da jovem ativista sueca Greta Thunberg, no centro de Berlim, durante a “greve climática” de sexta-feira obrigou Scholz a referir-se, num comício em Colónia, que “este é o momento da transição”. Na mesma altura, a candidata dos Verdes, Annalena Baerbock, anunciava através da rede social Twitter que se juntava “à greve climática” que envolve milhares de jovens estudantes, a maior parte deles sem idade para votar.

Face às sondagens que têm sido publicadas nas últimas 48 horas, Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças do governo de coligação, candidato do SPD (social-democrata) ao cargo de chanceler repetiu as questões sociais que tem defendido, mas mostrou-se cauteloso sobretudo nas críticas contra o candidato social-democrata, Armin Laschet.

Uma pesquisa do instituto Allensbach, publicada sexta-feira no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, situava Sholz (SPD) com 26% das intenções de voto seguido do conservador Armine Laschet (CDU/CSU) com 25%. Até ao momento, as fontes do SPD contactadas pela Lusa não reagiram à sondagem de sexta-feira.

Por outro lado, durante a madrugada deste sábado, a publicação digital Politico mostrava o SPD com 25% das intenções de voto, a CDU com 22% e em terceiro lugar os Verdes com 11% das intenções de voto.

Angela Merkel esteve presente numa ação de campanha dos democratas-cristãos em Munique alertando que existem “grandes diferenças” entre a CDU e o SPD sobretudo no que diz respeito a matérias ligadas à economia reiterando os receios sobre “a possibilidade” de uma futura coligação de esquerda.

As grandes questões internacionais só foram aprofundadas no último debate televisivo, quinta-feira, mas os assuntos não marcam a campanha junto dos eleitores. Os Verdes e os liberais do FDP mostraram preocupações sobre a República Popular da China, criticando abertamente o acordo comercial entre a União Europeia e Pequim.

Para o FDP é necessária a redução da dependência em relação ao mercado da República Popular da China através de outras parcerias nomeadamente com os países do Mercosur e com a Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN).

Scholz disse que pretende conseguir mais “força” para a União Europeia, mas evitou responder de forma clara às questões relacionadas com a emissão de títulos de dívida.

Um dos assuntos esquecidos, apesar da tomada de posição de Scholz, foi a declaração sobre a a nova parceria estratégia e de defesa entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália (AUKUS) e que levou ao cancelamento do contrato de compra de submarinos franceses por parte do governo de Camberra.

Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças, disse que “entende perfeitamente a irritação de Paris” sobre o assunto mas a crise dos submarinos não emergiu durante a campanha, apesar da presença da autarca da capital francesa, a socialista Anne Hidalgo, convidada do SPD no comício de Colónia.

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Da coligação semáforo à geringonça, um guia para o futuro governo alemão

Desde os anos 50 que um governo alemão é formado por apenas dois partidos. Este ano pode ser diferente. Saiba as alianças possíveis e para onde apontam as sondagens.

O namoro entre social-democratas e verdes alemães, durante a campanha para as legislativas deste domingo, antecipa um regresso ao início do século quando a dupla SPD/Verdes, de Gerhard Schröder e Joschka Fischer, governaram durante dois mandatos.

As sondagens mostram que o social-democrata e atual ministro das Finanças, Olaf Scholz, pode aspirar a ser o próximo chanceler. Desde meio de agosto que aparece à frente nas intenções de voto, e, nos vários debates em que se destacou, prefere repetir, tal como a candidata dos Verdes, Annalena Baerbock, que é tempo dos democratas-cristãos (CDU), de Armin Laschet, voltarem à oposição ao fim de 16 anos no poder.

A combinação SPD-Verdes é, no entanto, curta. Para conseguirem uma maioria parlamentar precisam de um terceiro parceiro. Nas últimas sondagens da Wahrecht.de/FT, os dois partidos têm 44,6% dos votos. Se se juntarem aos liberais (FDP), liderado por Christian Lindner, passariam a ter 56,9% — a chamada coligação semáforo. “A fase do semáforo amarelo é sempre mais breve”, avisou Laschet, antes de defender que “o FDP seria constantemente ameaçado de ser expulso” desta aliança.

A outra opção passa por uma ‘geringonça’ à alemã, uma coligação original no panorama político alemão, entre o SPD, os Verdes e o partido mais à esquerda, Die Linke. A maioria também parece assegurada (51,5%), ainda que à justa e o Die Linke esteja demasiado perto do limiar de 5% necessário para entrar na câmara baixa do parlamento alemão (Bundestag).

Fonte: Wahlrecht.de/FT

Ao SPD e Verdes interessa manter vivo o cenário da ‘geringonça’, até como forma de pressão para os liberais, que historicamente preferem ser parceiros da CDU. “A simples existência de uma potencial combinação SPD-Verdes-Die Linke pode levar o FDP a mudar de lado e a concordar com uma coligação semáforo, justificando com a salvaguarda da política fiscal e orçamental e o ‘interesse nacional’”, defende, numa nota, o chefe economista do Unicredit, Erik Nielsen.

Com 40% dos 60,4 milhões de eleitores indecisos, o resultado é muito mais incerto do que há quatro anos, quando Angela Merkel ia à frente, com uma diferença de dois dígitos, e as apostas limitavam-se a tentar acertar no parceiro da CDU. As sondagens de 2021 só indicam que o candidato social-democrata segue na dianteira, mas por pouco e, em caso de renúncia a uma nova ‘grande coligação’ entre SPD e CDU, será necessário um governo com três partidos.

A história mostra que os alemães tendem a preferir o status quo e que nem sempre o partido mais votado é o que forma governo. Ao todo, desde 1949, existiram 24 governos de coligação na Alemanha, mas os exemplos de um governo formado com três partidos ficaram nos anos 50 — descontando o facto da própria CDU ser uma aliança de dois partidos, com a CSU, o partido democrata-cristão que concorre apenas na Baviera.

Este ano, até o número final de deputados pode ser um recorde. No mínimo há 598 representantes no Bundestag que podem, em teoria, ser esticados para 900. Nas eleições de 2013 havia 630 deputados, número que subiu para 709 em 2017, um máximo de sempre. Com dois votos no boletim — um direto num representante do distrito, outro na lista de um partido –, cada alemão pode escolher votar em dois partidos. No final, são os votos no partido que refletem a representação no Parlamento, mas quanto maior for a dispersão partidária entre os 299 eleitos diretamente e os votos num partido, mais cresce o número de deputados.

Para lá da ‘grande coligação’, que não pode ser descartada se assegurar uma maioria parlamentar, o ECO guia-o pelas outras cinco alianças possíveis entre três partidos, após 26 de setembro. Primeiro tem de se lembrar das cores dos partidos: SPD (vermelho), CDU/CSU (preto), Verdes, Liberais (amarelo) e Esquerda (vermelho e preto):

Coligação Semáforo

SPD-FDP-Verdes. Um governo com estas cores ganha força perante as últimas sondagens. Seria a primeira vez, em 16 anos, que a CDU passaria à oposição. A coligação responderia a três desafios que enfrenta a economia germânica: equidade social (SPD), mudança nas políticas climáticas (Verdes) e a modernização da economia e do setor público (FDP). Os liberais têm historicamente recusado ficar entre o SPD e os Verdes, mas este ano não descartam este cenário desde que assegurem o cargo de ministro das Finanças. A combinação teria, logo à partida, um obstáculo a superar: o aumento de impostos colhe mais simpatias no centro-esquerda que entre os liberais. A nível regional, existe a aliança semáforo no estado Rhineland-Palatinate.

Coligação Geringonça

SPD-Verdes-Die Linke. Seria uma espécie de “geringonça” à alemã, com a entrada pela primeira vez do Die Linke no arco da governação. Nem o SPD, nem os Verdes têm excluído formar uma aliança com o partido mais à esquerda do espetro político alemão — que inclui uma fação dos comunistas e dissidentes social-democratas. Ideologicamente, o trio de esquerda tem pontos em comum na área dos impostos ou políticas sociais. As posições radicais da política externa da Esquerda — que, por exemplo, defende a saída da Alemanha da NATO — tornam esta aliança impopular e imprevisível. Ainda assim, existe em três estados alemães: Turíngia, Bremen e Berlim.

Coligação Jamaica

CDU-Verdes-FDP. Esta combinação é uma das mais prováveis se a CDU ficar à frente em votos, ou se Laschet acabar por conseguir formar governo. Em 2017, houve uma tentativa de negociação a três, mas os liberais desistiram e a opção voltou a ser uma “grande coligação”, a terceira nos últimos quatro mandatos. Neste cenário, a CDU manteria o chanceler, os Verdes ficariam com o Ministério do Ambiente e Negócios Estrangeiros e a pasta das Finanças cairia em mãos liberais. Resta saber se os Verdes conseguiriam ceder a uma política fiscal mais à direita e a uma maior rigidez das finanças públicas. A nível regional foi possível um entendimento no estado de Saarland entre 2009 e 2012 e, nos dias de hoje, em Schleswig-Holstein.

Coligação Alemanha

CDU-SPD-FDP. Com as cores da bandeira alemã, esta coligação é uma das mais improváveis, apesar do alargado apoio parlamentar e até do alinhamento político em várias políticas. É a preferida dos empresários e pessoas com elevados rendimentos. Mesmo garantindo o cargo de chanceler, se os social-democratas entrassem num governo dominado pelo centro-direita arriscariam diluir a sua base de voto.

Coligação Quénia

SPD-CDU-Verdes. Uma ‘grande coligação’, mais os Verdes, teria uma maioria absoluta reforçada — acima de 66%. Os três partidos têm uma larga experiência governativa, conhecem bem o eleitorado e são moderados. Mas esta é considerada uma opção teórica, ainda que esteja a funcionar nos estados federados de Brandenburgo e Saxónia. A ameaça da extrema-direita do AfD, que teve cerca de um quarto dos votos nas eleições regionais, obrigou estes três partidos a um entendimento.

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