Adesão à greve na EMEL ronda “mais de 90%”

  • Lusa
  • 6 Maio 2022

Adesão à greve da EMEL acima dos 90%, diz CESP. Greve irá durar 24 horas dada a falta de resposta da empresa quanto a aumentos salariais, tendo a mesma proposto um aumento de 20 euros.

A adesão dos trabalhadores da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) à greve desta sexta-feira rondou, na parte da manhã, mais de 90%, de acordo com fonte sindical.

“Está a correr bastante bem. Os dados que temos, que são da parte operacional da empresa, os únicos que conseguimos aferir até ao momento, [indicam que] estamos acima os 90% de adesão, uma resposta muito significativa dos trabalhadores àquilo que temos em cima da mesa”, disse à Lusa Ana Pires, do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) e trabalhadora da empresa.

Os trabalhadores da EMEL estão esta sexta-feira em greve, por 24 horas, devido à falta de resposta por parte da empresa quanto aos aumentos salariais.

Devido à falta de resposta por parte da empresa e da Câmara Municipal de Lisboa (única acionista), os trabalhadores da EMEL decidiram fazer uma paralisação, com piquetes à porta das instalações dos serviços localizados na Rua Sanches Coelho e no acesso ao parque subterrâneo do Marquês de Pombal.

“Até agora, a empresa apresentou-nos uma proposta de aumento de salário de 20 euros [em resposta] a uma proposta de 90 euros, sendo que começou com 10, continuando-se a escudar num conjunto de dificuldades que não existem”, começou por explicar Ana Pires.

Segundo a sindicalista, os resultados apresentados ao longo dos anos pela empresa, que são públicos, podem ser “considerados milionários” e têm “trazido um encaixe financeiro à câmara municipal, sua única acionista e proprietária, de grande monta, mas há sempre dificuldades quando chega ao momento de valorizar os trabalhadores”.

“Dizem que estão esgotados na mesa de negociações, mas apresentam um plano de atividades e orçamento que diz que já ultrapassaram os níveis de 2019, portanto, todos os problemas conjunturais da pandemia desapareceram e os níveis já estão a superar os de 2019”, salientou a representante.

De acordo com Ana Pires, os aumentos dos salários tornaram-se “uma emergência nacional”, sendo “justos e necessários”.

“Aqui os trabalhadores estão a dizer isso tudo – é possível. Sentem-se enganados com este posicionamento da empresa e da Câmara Municipal de Lisboa”, disse, salientando que, mesmo com todos os alertas que têm vindo a entregar, a posição da autarquia “ou é de silenciar ou de apoiar a administração”.

“Os trabalhadores aqui estão com uma grande manifestação de força a dizer que rejeitam na totalidade aumentos miseráveis”, sublinhou, recordando que, no ano passado, o CESP também não chegou a acordo sobre um aumento salarial – os números da EMEL na altura eram “ainda mais baixos do que aquilo que propõe agora”.

Segundo a sindicalista, em 2021 só metade dos trabalhadores é que tiveram aumento e há uma desvalorização constante, que se vem a sentir desde o período da ‘troika’, quando estes trabalhadores sofreram os congelamentos salariais e de progressões na carreira.

“Há uma desvalorização imensa. E agora, confrontados com este brutal aumento de vida, o que temos são salários que não chegam até ao fim do mês para as despesas básicas”, disse.

Da parte da tarde a sindicalista prevê que os níveis de adesão à greve se mantenham com os da manhã, aquando da entrada dos segundos turnos dos trabalhadores operacionais.

Além de aumentos salariais, os trabalhadores da EMEL reivindicam a atribuição de diuturnidades no valor de 40 euros, o aumento do subsídio de penosidade no valor de 80 euros, o aumento do subsídio de refeição no valor de 8,5 euros e ainda um aumento do subsídio de turno.

Os trabalhadores reivindicam, por outro lado, 25 dias úteis de férias e dispensa no dia de aniversário.

No piquete de greve, junto ao Marquês de Pombal, esteve o vereador da CDU João Ferreira, num ato de apoio e deixando “palavras de solidariedade e saudação pelo êxito da luta, tendo em conta a adesão” dos trabalhadores.

Esta greve não devia ser feita, tratando-se de uma das empresas mais lucráveis para a câmara municipal”, salientou João Ferreira.

A EMEL e o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos de Serviços, Comércio, Restauração e Turismo (SITESE) chegaram a acordo para um aumento salarial de 25 euros para todos os trabalhadores, anunciou a empresa municipal, na quinta-feira, em comunicado.

No entanto, o CESP manteve a paralisação desta sexta-feira, uma vez que não chegou a qualquer acordo.

Entre o acordado entre a EMEL e o SITESE está a “atualização de todos os níveis salariais constantes da tabela salarial em 25 euros, que representa um aumento médio de 2,48%”, referiu a empresa.

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Infarmed está a recrutar 15 técnicos superiores. Salário é de 1.215 euros

As 15 vagas em questão dizem respeito à categoria de técnico superior e à modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado. Salário será superior a mil euros.

O Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamente e Produtos de Saúde anunciou a abertura de concurso comum para o preenchimento de 15 postos de trabalho na carreira/categoria de técnico superior. O salário mensal será de 1.215,93 euros.

“Podem candidatar-se ao presente procedimento concursal quaisquer trabalhadores, com e sem vínculo de emprego público previamente constituído, que reúnam os requisitos exigidos para a carreira técnica superior”, lê-se no aviso publicado esta sexta-feira em Diário da República (DR).

Os postos de trabalho em questão distribuem-se por três referências, que correspondem a diferentes áreas funcionais e habilitacionais. A referência A diz respeito à gestão, avaliação e vigilância de medicamentos e produtos de saúde, tendo como nível habilitacional a licenciatura ou mestrado integrado na área da ciência (Ciências Biomédicas, Ciências Farmacêuticas e Medicina), e para a qual estão disponíveis sete vagas.

A referência B, por sua vez, está relacionada com acessibilidade, uso racional e informação. O nível habilitacional pedido é licenciatura ou mestrado integrado na área das Ciências Farmacêuticas, Medicina, Engenharia Biomédica ou outras áreas das ciências da saúde; Economia, Gestão ou Ciências Sociais, Matemática ou Estatística, Análise de Dados, Informática. Para esta estão em causa cinco postos de trabalho.

Finalmente, a referência C — respeitante ao licenciamento, inspeção e controlo de qualidade — requerer a licenciatura em Ciências Farmacêuticas e abrange três postos de trabalho.

As vagas em questão têm em vista a constituição de vínculo de emprego público, na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado. “Os candidatos serão posicionados na 2.ª posição remuneratória a que corresponde o 15.º nível remuneratório (1.215,93 euros) da carreira geral de técnico superior”, lê-se no aviso publicado em DR.

Além disso, “é observada a quota de um lugar para emprego de pessoas com deficiência”.

As candidaturas devem ser apresentadas no prazo de 15 dias úteis a contar da publicação da oferta na Bolsa de Emprego Público, através da submissão de formulário eletrónico próprio, disponível em www.infarmed.pt, na área do recrutamento, o qual deve ser acompanhado de alguns documentos (preferencialmente em formato PDF), como o CV, uma fotocópia do certificado de habilitações e, caso se aplique, fotocópias dos comprovativos das ações de formação frequentadas e relacionadas com o conteúdo funcional do posto de trabalho.

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ICO, Iberdrola, Nortia e Seaya aceleram transição energética

  • Servimedia
  • 6 Maio 2022

A Fond-ICO Next Tech, a Iberdrola e a Nortia juntaram-se à Seaya para acelerar a transição energética e a sustentabilidade, através do primeiro grande fundo tecnológico espanhol - o "Andrómeda".

A Secretaria de Estado da Digitalização e Inteligência Artificial e o ICO – através da Fond-ICO Next Tech -, a Iberdrola – através do seu programa de arranque em Perseo -, e a Nortia Capital – holding de investimentos de Manuel Lao -, juntaram-se à Seaya Ventures, fundada por Beatriz González, para lançar o “Andrómeda”, um fundo tecnológico espanhol que pretende acelerar a transição energética e a sustentabilidade, noticia a Servimedia.

A novidade foi lançada hoje por Nadia Calviño, primeira vice-presidente e ministra dos Assuntos Económicos e da Transformação Digital, durante o seu discurso na conferência Cercle dEconomía, em Barcelona.

O fundo, que tem uma dimensão de 300 milhões de euros, vai investir em escalas tecnológicas europeias relacionadas com a sustentabilidade, transição energética, eletrificação da economia e outras áreas, como a agricultura sustentável e a economia circular.

A Fond-ICO Next Tech vai disponibilizar até 100 milhões de euros para este fundo. A primeira vice-presidente salientou que “já são duas operações do Next Tech Fund em menos de seis meses, consolidando esta iniciativa como a grande alavanca para o crescimento das escalas tecnológicas com uma base transformadora no país”.

Por seu lado, José Carlos García de Quevedo, presidente do grupo ICO, salientou que “o investimento da Fond-ICONextTech no Andrómeda vai impulsionar o desenvolvimento de projetos que contribuam para a dupla transição – digital e verde – do tecido produtivo, a fim de consolidar a recuperação e o crescimento sustentável”.

Este é o primeiro grande fundo de capital de risco tecnológico que inclui objetivos específicos de sustentabilidade em conformidade com o artigo 9º do Regulamento da União Europeia, com critérios ambientais, de sustentabilidade e de governação (ESG) claros e mensuráveis.

Ana Forner, CEO da Nortia Capital, afirmou que a empresa “está firmemente empenhada no empreendedorismo e na sustentabilidade. Fazer parte de um projeto pioneiro como o Andrómeda permite-nos apoiar as empresas espanholas a estarem na vanguarda da tecnologia e da sustentabilidade“.

“Este é um projeto que permitirá aos líderes tecnológicos do futuro crescerem em Espanha, assegurando que estamos na vanguarda das tecnologias mais sustentáveis. O Andrómeda complementa a atividade que temos vindo a desenvolver há mais de 15 anos, através de Perseo, para apoiar os melhores empresários e startups que aceleram a transição para um modelo energético sustentável”, disse Diego Díaz Pilas, diretor do programa de arranque da IberdrolaPerseo.

Por sua vez, Beatriz González, fundadora de Seaya, agradeceu por poder contar com o apoio da Nortia, da Iberdrola e do Fond-ICO Next Tech neste fundo, que afirma ser “pioneiro no sul da Europa”. “A inovação e a tecnologia são as chaves para alcançar um desenvolvimento mais sustentável e o Andrómeda quer apoiar os fundadores que querem liderar este compromisso para o futuro”, concluiu.

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João Vieira dos Santos e José Machado vencem 5.ªedição do Prémio Abreu Advogados

A Abreu Advogados premiou mais uma vez a investigação inovadora em direito. Na quinta edição o prémio foi entregue a João Vieira dos Santos e José Machado.

João Vieira dos Santos e José Machado são os vencedores, ex aequo, da 5ª edição do Prémio Abreu Advogados, uma competição nacional dedicada à investigação e à inovação para a prática do direito. A cerimónia de entrega das distinções teve lugar na passada quinta-feira no auditório da firma em Lisboa e contou com a presença dos vencedores e dos membros do júri e com as intervenções de Inês Sequeira Mendes, managing partner da Abreu Advogados, e Luís Barreto Xavier, presidente do Instituto de Conhecimento.

João Vieira dos Santos foi premiado pela tese de doutoramento apresentada na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, com o tema “Regulação de formas de financiamento Fintech, Crowdfunding e ICO”, enquanto José Machado foi distinguido pela tese de doutoramento que apresentou na Escola de Direito da Universidade do Minho, sobre “A responsabilidade civil dos gestores por violação do dever de promover a negociação no âmbito dos instrumentos pré-insolvenciais de recuperação de empresas”.

Com uma periodicidade bienal, o Prémio Abreu Advogados tem como objetivo promover a realização de trabalhos de investigação em domínios jurídicos novos ou com uma vertente marcadamente inovadora. Cada um dos vencedores desta edição vai receber o montante de 3.750 euros e ter a possibilidade de publicar os respetivos trabalhos pelas Edições Almedina.

Luís Barreto Xavier, presidente do Instituto de Conhecimento da Abreu Advogados, e José Machado e João Vieira dos Santos, vencedores do prémio.

“A dificuldade em escolher apenas um vencedor para esta edição é demonstrativa da qualidade dos trabalhos apresentados. Estamos muito satisfeitos com as distinções atribuídas a João Vieira dos Santos e José Machado, que conseguiram combinar um trabalho de investigação rigoroso com um pensamento crítico e criativo sobre temas tão atuais para a prática do direito”, destaca Luís Barreto Xavier.

O júri para esta edição do Prémio Abreu Advogados foi composto por Alexandre Dias Pereira, Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Benjamim Silva Rodrigues, Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça; Diogo Pereira Duarte, sócio da Abreu Advogados; Filipa Calvão, Professora da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa; Isabel Marques da Silva, Juíza Conselheira do Supremo Tribunal Administrativo; Luís Gonçalves da Silva, consultor da Abreu Advogados; Marta Costa, sócia da Abreu Advogados e Paulo de Tarso Domingues, sócio da Abreu Advogados e Diretor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto.

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Diogo Lopes Pereira é o novo diretor de B2B para a Ibéria da Younited

A empresa reforça o seu compromisso com o mercado português, já demonstrado com a localização do seu serviço de apoio ao cliente global em Portugal e a recente abertura do seu escritório em Lisboa.

A Younited acaba de anunciar um reforço da sua atuação no mercado português, com o recrutamento de Diogo Lopes Pereira enquanto diretor de B2B para o mercado ibérico.

“O futuro do mercado financeiro está a ser construído todos os dias por empresas que aliam a melhor e mais recente tecnologia, aos serviços financeiros que os consumidores procuram. Esta é a maravilha das fintech que através da inovação, satisfazem as necessidades dos clientes o mais comodamente possível”, começa por dizer Diogo Lopes Pereira.

“Junto-me agora à Younited com um enorme entusiasmo, e com a certeza de que existe muito espaço para crescer junto dos consumidores, dos parceiros bancários e das empresas portuguesas”, acrescenta, citado em comunicado.

Com este passo, a Younited comprova o seu compromisso com o mercado e talento portugueses, já demonstrado com a localização do seu serviço de apoio ao cliente global em Portugal e a recente abertura do seu escritório físico em Lisboa.

“Em julho de 2021 anunciámos uma nova ronda de financiamento de 170 milhões de dólares que serão dedicados a consolidar a presença da Younited no mercado europeu, nomeadamente em Portugal, industrializando a nossa oferta B2B e expandindo a nossa rede de parceiros”, explica Annie Criscenti, deputy CEO da Younited Portugal.

“Foi também neste ano que anunciámos o lançamento do Younited Pay, um novo método de pagamento que permitirá às empresas do retalho fornecerem, aos seus Clientes, planos de pagamento repartidos por três a 48 meses e que está previsto para 2022. Contamos com o Diogo para estes projetos e para o crescimento da Younited em Portugal.”

Licenciado em gestão pela Católica-Lisbon e com um MBA do INSEAD, ao longo dos mais de 20 anos de carreira, Diogo Lopes Pereira passou por vários bancos, como o Barclays, o Citibank e o BNP Paribas, bem como pela consultora McKinsey.

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Juiz Carlos Alexandre absolvido de abuso de poder no sorteio manual do processo Marquês

Relação de Lisboa apreciou as suspeitas de abuso de poder de Carlos Alexandre no sorteio do Marquês. Juiz proibiu entrega de cópia do processo a jornalistas, permitindo apenas a sua consulta.

O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) considera que não houve abuso de poder por parte de Carlos Alexandre no que toca à distribuição manual do processo da Operação Marquês, que acabou por ficar nas suas mãos e sem ter sido feito uma sorteio eletrónico, como manda a lei. Sendo assim, a decisão foi de não pronúncia. Agora os assistentes poderão ainda recorrer da decisão. Segundo Pedro Delille, o advogado do assistente, José Sócrates, esta foi “uma decisão corporativista”. E vamos ponderar se recorremos ao Supremo Tribunal de Justiça.

Sendo assim, o juiz de instrução Carlos Alexandre não vai a julgamento. “A versão do assistente não é minimamente fundada”, disse o juiz. “Nas declarações dos arguidos, o tribunal não detetou incoerências”.

“O cerne da acusação consistiu na imputação aos arguidos dos seguintes factos: requeridos combinaram entre si planear e vieram a conseguir esforços e diligências que, aquando a primeira remessa do processo Marquês pelo DCIAP, a senhora oficial de justiça garantisse que o processo ficasse com Carlos Alexandre”, disse o juiz. “E o de evidenciar através da mediatização do processo… “, disse ainda, fazendo antever a sua decisão. Acrescentando que a defesa do assistente dizia que o juiz o fez “pelo gosto em ter poder, vaidade e fazer cumprir intenções políticas. Na análise que fiz, na instrução, constituía o cerne da alegação do assistente José Sócrates”.

De “tais circunstâncias de facto não se encontra de todo prova direta”, diz o juiz Jorge Antunes. Referindo ainda que no testemunho do arguido Carlos Alexandre, este “negou qualquer relação de proximidade com a arguida Teresa Santos e negou conluio com a senhora escrivã e funcionários”. A resposta é clara: “perante o acervo probatório não é de todo provável que o tribunal em julgamento se convença, além de toda a dúvida razoável, dos factos imputados pelo assistente aos arguidos. Os factos não estão indiciados nos autos. Nada mais se revelou suportado, quer por meios de prova direta, quer indireta”, afirmou o juiz desembargador.

Apesar de ser facto notório que maioria dos processos mediáticos terem ido parar às mãos de Carlos Alexandre, foram várias as testemunhas que garantiram que não foi por resultado de algum tipo de “conluio”, explicou ainda o juiz responsável por esta fase de instrução.

O juiz Jorge Antunes explica que o IGFEJ garantiu ao tribunal que não foi reportada pelo Ticão qualquer impossibilidade na distribuição eletrónica dos processos. Isto porque em causa está a distribuição do processo Marquês, logo em setembro de 2014, na fase de inquérito, que ficou a cargo do juiz de instrução sem ter sido realizado um sorteio eletrónico. Abuso de poder, falsificação de funcionário e denegação de justiça foram os crimes em causa que estavam em análise, com o juiz de instrução Carlos Alexandre e a escrivã Teresa Santos, os dois visados pela participação do ex-primeiro-ministro, a serem constituídos arguidos.

O juiz começou por ler um ponto que desde logo ‘ilibava’ o juiz Carlos Alexandre ao defender que “inexiste base para validar a nulidade do despacho que decidiu o segredo de Justiça no caso Marquês” e que inexistia razão para Carlos Alexandre pedir escusa no processo. E avisou que não iria avaliar a questão de mérito do processo: apenas dizer se arquivaria ou não a questão.

Esta sessão começou logo com uma questão insólita quando o juiz Jorge Antunes avisou que não seria permitido entregar uma cópia da decisão aos jornalistas e que estes, apesar do processo ser público, poderem apenas consultá-lo no Tribunal da Relação de Lisboa.

Assumindo que à data o Citius estava com “constrangimentos” no seu funcionamento — tese defendida pela advogada de Carlos Alexandre, de forma a justificar a distribuição manual do processo — Jorge Antunes disse ainda que em agosto 2014 (pouco antes da entrada em vigor do mapa judiciário) Carlos Alexandre enviou um pedido ao CSM mostrando preocupação de como ficaria a lei no que toca à distribuição de processos. Entre 8 de setembro e 5 de novembro, no que respeita a processos no Ticão, a escrivã procedeu quase sempre a distribuição manual dos processos, explicou o juiz Jorge Antunes.

Quanto à Operação Marquês, foi remetido ao Ticão a 8 de setembro de 2014 pelo DCIAP, dando entrada a 9 de setembro de 2014, tendo então a escrivã num ato não presidido por juiz, à distribuição do processo de forma manual. Que acabou nas mãos do juiz Carlos Alexandre.

A abertura de instrução foi conhecida no dia 17 de fevereiro, resultando de um despacho de 11 de fevereiro do juiz desembargador Jorge Antunes, no qual confirmou a constituição do juiz Carlos Alexandre e da escrivã Maria Teresa Santos como arguidos no caso da distribuição manual do inquérito da Operação Marquês, realizada em 2014. Em causa neste debate instrutório estão alegados crimes de abuso de poder, falsificação de funcionário e denegação de justiça.

No despacho de 11 de fevereiro, o desembargador Jorge Antunes rejeitou diligências pedidas por José Sócrates, nomeadamente a inquirição de várias testemunhas, por não as considerar necessárias. O pedido de abertura de instrução de José Sócrates ocorreu depois de o Ministério Público (MP) ter arquivado o inquérito sobre esta matéria.

Segundo o despacho de arquivamento, datado de 6 de dezembro de 2021, a que a Lusa teve acesso, a procuradora Maria Isabel Santos decidiu então arquivar o inquérito por considerar não terem sido “recolhidos indícios suficientes da verificação do crime de abuso de poder indiciado, ou outro”.

Antes, também o Conselho Superior de Magistratura (CSM) havia realizado um processo de averiguações e um procedimento de inquérito que culminaram em arquivamento. No entanto, o advogado do ex-primeiro-ministro, Pedro Delille, criticou então o órgão máximo de gestão e disciplina da magistratura judicial por ter admitido a violação do princípio do juiz natural.

José Sócrates tinha sido acusado neste processo pelo Ministério Público, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal. No entanto, na decisão instrutória, em abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o, para ir a julgamento, por três crimes de branqueamento de capitais e três de falsificação de documentos.

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Walk Talks. A relação do mentor com o mentee

  • Trabalho
  • 6 Maio 2022

João Perre Viana e Nuno Santos Fernandes, partners e mentores da Walking Mentorship, falam-nos da relação do mentor com o mentee e de como é importante respeitar a "mochila" do outro.

Na mentoria, a relação entre o mentor e o mentee deve ser pautada por respeito, humildade e respeito. Respeitar a “mochila” de cada um é muito importante, pois nunca se sabe “o que tem lá dentro e o peso que carrega”, diz João Perre Viana, partner e mentor da Walking Mentorship.

Além disso, “o mentor está na posição que for mais útil para ajudar o mentee”, acrescenta Nuno Santos Fernandes, partner e mentor da Walking Mentorship. O mentor “nunca vai esticar a relação para além do que é saudável”, mas também “não deve alimentar a auto sabotagem do mentee”. Um equilíbrio que traz desafios, mas, se feito com a honestidade e com a intenção certa — de pôr os interesses do mentee em primeiro lugar — revela resultados positivos.

Este é o tema da conversa de João Perre Viana e Nuno Santos Fernandes.

Uma conversa, enquanto se caminha, que se repete todas as semanas aqui na Pessoas. Bem-vindos à Walk Talks.

http://videos.sapo.pt/cvAWwzOr1GVGRBZsIEFp

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Lucro do BPI cai 18% para 49 milhões no primeiro trimestre

O BPI registou lucros de 49 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma descida de 18% em relação ao mesmo período de 2021.

O BPI registou lucros de 49 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma descida de 18% em relação ao mesmo período de 2021. O banco explica a diminuição dos resultados com a atividade em Portugal, que teve um lucro 28 milhões de euros no arranque de 2022 face aos 54 milhões há um ano, quando registou ganhos extraordinários de 23 milhões com a venda de créditos não produtivos.

Já o angolano BFA deu um contributo de 14 milhões de euros, devido à valorização do kwanza, acima do milhão de há um ano. O banco ainda tem por receber os dividendos de Angola relativos a 2021, que vão ajudar a engordar os resultados. Em relação ao moçambicano BCI, o contributo foi de sete milhões.

“A atividade do banco foi bastante positiva, com crescimento dos proveitos e ganhos de quota em todos os segmentos comerciais. Ao mesmo tempo, tivemos custos bastante contidos, apesar dos investimentos na área digital”, resumiu o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na apresentação dos resultados.

O crédito aos clientes aumentou 2,2 mil milhões de euros e os recursos de clientes subiram três mil milhões em termos anuais, ajudando o banco em Portugal a estabilizar os rendimentos com juros (“compensou a agressividade da concorrência na concessão de crédito”, disse Oliveira e Costa) e a aumentar as receitas com comissões: a margem financeira estabilizou nos 113 milhões de euros e as comissões líquidas subiram 12% para 189 milhões de euros. O produto bancário manteve-se nos 178 milhões no período.

O CEO destacou o bom desempenho no crédito à habitação, que acelerou 10% para 13,4 mil milhões de euros, com o banco a beneficiar dos processos internos mais simples e rápidos na contratação dos empréstimos e do ambiente económico mais favorável. O banco teve uma quota de contratação de 20% em março. “Estamos a ganhar quota de mercado de forma consistente”, assinalou Oliveira e Costa.

Em relação aos custos, subiram ligeiramente: mais 3% para 112,3 milhões de euros. O investimento em software e obras em imóveis atingiram os 16,6 milhões. Os quadros também aumentaram em oito trabalhadores, com o BPI a empregar 4.486 colaboradores. Oliveira e Costa disse que o banco vai continuar a renovar os quadros.

Pelo facto de ter aumentado os volumes de negócio, o BPI teve mais encargos com custos regulamentares: pagou 21,2 milhões de euros de contribuição sobre o setor bancário e 3,9 milhões de adicional de solidariedade, que Oliveira e Costa diz não fazer sentido manter-se atualmente. “É um imposto cego”, disse o líder do BPI sobre o adicional de solidariedade.

Quanto aos rácios, terminou março com um rácio de capital de 17,5% e Oliveira e Costa lembrou que já têm em conta a previsível distribuição de dividendos em linha com o que tem sido feito nos últimos anos.

O banco chegou a março de 2022 com um rácio de NPE de 1,6% e um rádio de cobertura de NPE de 150%.

25 milhões de imparidades para a guerra

Oliveira e Costa adiantou ainda que o banco tem uma exposição “completamente insignificante” à Rússia e à Ucrânia, apesar de ter empresas clientes com negócios naquelas regiões.

Em todo o caso, das imparidades não alocadas de 72 milhões de euros que foram constituídas na pandemia, um terço desse valor está a ser alocado para “esta nova situação” da guerra, frisou o gestor. São cerca de 25 milhões.

“Mesmo que a Covid se desanuvie, deslocaremos uma parte para este efeito da Ucrânia”, precisou.

(Notícia atualizada às 12h41)

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Ações dos CTT afundam 6% após quebra nos lucros

Correios anunciaram uma queda de 38% dos lucros e ações estão sob pressão na bolsa de Lisboa: recuam mais de 6% para mínimos de quase um ano.

Os CTT CTT 1,66% estão sob pressão vendedora na sessão desta sexta-feira em Lisboa, com os títulos a caírem mais de 6% para mínimos de quase um ano, depois de ter anunciado uma quebra de 38% dos lucros no primeiro trimestre do ano.

As ações cedem 6,39% para 3,955 euros, o valor intradiário mais baixo desde 20 de maio do ano passado, arrastando o PSI para perdas de cerca de 0,5%, num dia de aversão ao risco na Europa.

A empresa liderada por João Bento anunciou esta quinta-feira que o lucro no primeiro trimestre do ano recuou 38,1% para 5,4 milhões de euros, um desempenho justificado com a redução dos volumes no segmento de Correio e com o abrandamento do negócio de Encomendas e Expresso. O EBIT (resultado antes de juros e impostos) caiu 41,1% para 9,4 milhões de euros.

“Os CTT reportaram resultados fracos”, consideram os analistas do CaixaBank/BPI, assinalando que o EBIT recorrente de cerca de seis milhões ficou abaixo das previsões de 13 milhões do Caixabank/BPI.

CTT em queda

Em relação à área de Encomendas e Expresso, que é uma das alavancas do negócio dos CTT para contrariar a quebra no Correio, os analistas dizem que perdeu o bom momento que vinha registando nos últimos trimestres, com a empresa a justificar este desempenho com o regresso dos consumidores às lojas físicas e o impacto da inflação na confiança dos consumidores, penalizando o e-commerce.

Já o Banco CTT, o outro motor do grupo, teve receitas e um EBIT que superaram as estimativas, na ordem dos cinco milhões e dois milhões, respetivamente.

Apesar de tudo, os CTT reiteraram as perspetivas para 2022, apontando para um EBIT entre 65 milhões e 75 milhões de euros.

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Fabamaq prevê contratar 35 pessoas em 2022. Há 12 vagas disponíveis

A empresa sediada no Porto que desenvolve jogos de casino está a operar num modelo de trabalho híbrido, em que os trabalhadores têm de ir ao escritório cinco vezes por mês.

Depois de, no ano passado, ter reforçado a equipa com 57 novos colaboradores, a Fabamaq estima recrutar 35 profissionais este ano. Até ao momento, 19 pessoas já ingressaram na empresa sediada no Porto que desenvolve jogos de casino e conta já com 230 colaboradores. Atualmente há 12 vagas disponíveis. A empresa está a operar num modelo de trabalho híbrido, em que os trabalhadores têm de ir ao escritório cinco vezes por mês.

“Começámos o ano de 2022 com a previsão de contratação de 35 novos gamers (nome com que apelidamos os nossos colaboradores). Até ao momento já contratamos 19 pessoas, mas estes números acabam por ir variando devido às entradas e saídas que ocorrem do longo do ano e algumas alterações que possam surgir no roadmap dos projetos em curso. Neste momento, por exemplo, temos 12 vagas em aberto”, avança Luís Silva, head of people, interaction & brand da Fabamaq, em declarações à Pessoas.

Estas vagas já publicadas dizem respeito a diferentes áreas da operação da empresa, havendo posições mais focadas no desenvolvimento de jogos para os ambientes físico e online, mas também oportunidades ligadas à gestão de projetos, à matemática, ao motor de jogo e ao sistema operativo.

“As posições que temos em aberto atualmente de uma forma exata são: software developer – game developer, build engineer, game engine developer, operation system developer, digital game development, devops engineer, godot game development, mobile developer, IT gaming technician, mathematician, data master e delivery manager”, detalha Luís Silva.

Os interessados podem consultar as oportunidades de trabalho aqui.

5 dias por mês no escritório e bónus de 350€ para formação

No que toca ao regime de trabalho implementado na tecnológica, a Fabamaq trabalha em regime híbrido, “sendo que os gamers têm de trabalhar a partir do escritório obrigatoriamente cinco dias por mês”. “Estes são os princípios básicos que regem o modelo de trabalho, sendo que, depois, os team leaders fazem uma gestão do cumprimento destes princípios com as suas equipas de acordo com o perfil das funções envolvidas”, esclarece.

Recentemente, a empresa anunciou também o lançamento do “Fabamaq Graduation”, colocando à disposição dos seus colaboradores mais de 70.000 euros para investirem em formação. O programa financia parcial ou totalmente os cursos escolhidos por cada profissional, disponibilizando a cada um o orçamento fixo anual de 350 euros para esse efeito. São elegíveis para o programa as formações enquadradas com a área de atividade da software house que desenvolve jogos de casino.

“O ‘Fabamaq Graduation’ vem complementar ou reforçar a aposta que a empresa já fazia no desenvolvimento de competências dos seus gamers através do plano de formação anual”, afirma Luís Silva.

A empresa conta, ainda, com um programa de coaching, uma “iniciativa dinamizada por coaches certificados que temos dentro da empresa e que contribuem de forma importante para a evolução pessoal e profissional dos gamers participantes”.

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Fosso entre juros de Portugal e da Alemanha é o maior em dois anos

Os juros exigidos a Portugal já são o dobro dos da Alemanha. Taxa passou também a ser mais elevada do que a de Espanha. Itália e Grécia são os mais expostos a um "ataque" dos especuladores.

A entrada num novo ciclo de subida dos juros não está só a puxar pelas taxas da dívida portuguesa no mercado. A diferença face aos valores exigidos à Alemanha, que funciona como uma medida da perceção de risco dos investidores, tem vindo também a aumentar e ultrapassa já um ponto percentual. O mesmo se passa com a Espanha e, em muito maior grau, com a Itália e a Grécia. O que representa um desafio para o Banco Central Europeu. A Fitch pronuncia-se hoje sobre o rating de Portugal.

A taxa implícita nas obrigações da Alemanha com maturidade a 10 anos sobe esta sexta-feira para os 1,06% e a de Portugal os 2,187%, uma diferença de 112,7 pontos base, de acordo com dados do site World Government Bonds. Desde maio de 2020 que o chamado spread não era tão elevado. Há seis meses rondava os 60 pontos base, agora o custo de financeiro é o dobro do germânico.

A maior dimensão e robustez da economia alemã, mas sobretudo o menor peso da dívida pública explicam a diferença de avaliação dos investidores. Em Portugal, o rácio era de 127% do PIB no final de março, mantendo a trajetória descendente face aos 138,9% registados um ano antes. A Alemanha fechou 2021 com um rácio de 70%.

“O spread da dívida portuguesa versus a alemã tem vindo a subir desde outubro de 2021, no entanto ainda estamos longe dos valores que tivemos nos anos pós crise da dívida soberana”, afirma Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

“O alargamento atual acaba por ser justificado pela grandes diferenças de dinâmicas económicas que ambos os países apresentam”, argumenta, assinalando que Portugal “depende muito de setores que foram bastante impactados pela pandemia e que demoram o seu tempo a recuperar quase dois anos perdidos”.

A mudança na política monetária do Banco Central Europeu (BCE) também contribui para o afastamento da taxa de juro entre os dois países. “Com o BCE a começar a retirar os programas de estímulos, vai ficar mais dívida disponível para investidores comprarem, que podem exigir um prémio mais elevado”, explica Filipe Silva.

Os juros exigidos no mercado a Portugal passaram também a ser ligeiramente mais elevados do que os de Espanha (2,145%), o que não acontecia desde maio de 2021. O facto de os custos de financiamento serem mais baixos do que no país vizinho tem sido motivo de regozijo do Governo, mas já não se verifica atualmente.

Outro indicador usado para aferir a perceção de risco são os credit default swaps (CDS), contratos financeiros que permitem aos investidores protegerem-se contra um eventual incumprimento. O preço dos CDS de Portugal também tem vindo a aumentar, situando-se nos 48 pontos base esta sexta-feira, valor onde não estava desde novembro de 2020.

Apesar da subida, a cotação destes contratos também indica que o nível de taxas de juro de Portugal está longe de ser considerado preocupante. Segundo o site World Government Bonds, o custo de 48 pontos base tem implícita uma probabilidade de incumprimento de apenas 0,8%.

Isto será um problema se o nível a que as “yields” chegarem se tornarem incomportáveis e colocarem em risco a recuperação da economia nacional.

Filipe Silva

Diretor de Investimentos do Banco Carregosa

A Fitch pronuncia-se hoje sobre o rating de Portugal. Em novembro, a agência manteve a notação de risco em “BBB”. “Apesar da dimensão pequena e elevado grau de abertura da economia portuguesa, a retoma do PIB e a contenção orçamental limitaram a deterioração das contas públicas”, sublinhou então a Fitch. Sendo o outlook da agência para o país “estável”, embora este possa hoje mudar, não deverá existir uma alteração da classificação de risco.

Portugal está a pagar este ano o dobro pelo novo financiamento nos mercados (1,2%) do que pagava em 2021 (0,6%), mas o custo continua a ser inferior ao do stock da dívida já existente. Ou seja, os novos títulos continuam, em média, a ser mais baratos do que os que são reembolsados. “Estamos preparados para a subida de taxas de juro”, garantiu Cristina Casalinho, presidente da agência que gere a dívida pública (IGCP), em entrevista ao ECO, referindo que a fatura com juros deverá continuar a cair.

“A normalização que estamos a assistir ainda não é de todo problemática para a dívida nacional, os prémios de risco têm vindo a ser ajustados e o fato de termos taxas positivas é bom para todos os intervenientes na atividade económica. Isto será um problema se o nível a que as yields chegarem se tornarem incomportáveis e colocarem em risco a recuperação da economia nacional”, considera Filipe Silva.

Itália e Grécia motivam preocupação

A entrada neste novo ciclo de subida das taxas de juro não está a afetar todos por igual e regressou o receio da fragmentação das condições monetárias na Zona Euro. É na dívida italiana e grega que isso é mais evidente.

A taxa implícita nas obrigações a 10 anos de Itália subia esta sexta-feira para os 3,055%, com a diferença para a Alemanha a chegar aos 198,6 pontos base. Os juros exigidos à Grécia estão nos 3,447%, com o spread nos 237,8 pontos base. A primeira tem uma dívida pública de 150,4% do PIB e a segunda de cerca de 200%.

É a reação do mercado à esperada subida dos juros de referência pelo Banco Central Europeu, que pode chegar em julho, dada a maior vulnerabilidade daqueles países.

“A perspetiva de uma política monetária mais apertada na Zona do Euro aumentou a ameaça de uma forte queda (e subida das taxas) nos mercados de títulos da região“, assinala Andrew Kenningham, economista-chefe para a Europa da Capital Economics, numa nota divulgada ontem.

O mercado de títulos da Zona do Euro está vulnerável a um forte “sell-off”.

Andrew Kenningham

Economista-chefe para a Europa da Capital Economics

“Se isso acontecer, achamos que o BCE acabará por intervir para evitar qualquer dano duradouro. Mas duvidamos que concorde com um novo programa de compra de ativos até que a necessidade seja urgente. Como resultado, consideramos que o mercado de títulos da Zona do Euro está vulnerável a um forte sell-off“, acrescenta.

A alemã Isabel Schnabel, que faz parte da comissão executiva do BCE, salientou esta semana ao Handelsblatt que “vários países assumiram dívidas a taxas de juros muito baixas e, simultaneamente, aumentaram os prazos médios de pagamento. O que significa que um aumento das taxas só teria um efeito gradual nos custos médios de financiamento“.

Questionada sobre a possibilidade de um ataque especulativo que leve as taxas das obrigações para níveis insustentáveis, Schnabel garantiu que o banco central “impedirá uma fragmentação da Zona Euro instigada pela especulação”. “Já temos um programa disponível para isto, uma vez que no âmbito do PEPP (Programa de Compras de Emergência Pandémica) podemos reinvestir de forma flexível os títulos que chegam à maturidade”, acrescentou.

“É um facto que o spread tanto de Itália como da Grécia têm vindo a aumentar significativamente, mas não nos parece que tal seja para já um problema”, afirma Filipe Silva. “O nível a que o prémio de risco destes países irá chegar, será sempre monitorizado pelo BCE, pois não é de todo desejável voltarmos a ter um problema nas dívidas soberanas europeias“.

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A ASAP no mandato de 2011/2014

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  • 6 Maio 2022

Pedro Raposo - Presidente do Conselho Diretor da ASAP

Iniciamos o nosso mandato em fevereiro de 2011, sendo que logo na primeira reunião do Conselho Diretor pude compreender a sorte que havia tido com a equipe a que tive a honra de presidir.

Efetivamente não tendo até esta data feito parte dos órgão sociais da ASAP, tendo sido desafiado pelo Miguel Cancela de Abreu para assumir essa responsabilidade, fui acompanhado por uma equipe bastante experiente, da qual faziam parte, para além do próprio Miguel, o Ricardo Guimarães, o Manuel Protásio, a Rita Maltez, o João Carvalhinho e o Gonçalo Gama Lobo, a maioria deles com uma vasta experiência nos temas societários, muitos que já haviam participado nos anteriores Conselhos Diretores da ASAP, que poderiam, com bastante mais facilidade do que eu, tal era o vasto conhecimento que tinham, ter assumido a presidência da Associação.

Para além dos membros do Conselho Diretor, seguindo uma prática anteriormente estabelecida, participavam também nas nossas reuniões, que durante os três anos que se seguiram fizemos com uma periodicidade quinzenal, o Nuno Pena, o João Afonso Fialho e o Francisco Souza de Brito. Uma equipa de luxo!

O mandato não se afigurava fácil. Para além da conjuntura e de um Bastonário com uma visão negativa sobre as sociedades de advogados, os anos anteriores tinham sido de franco crescimento e afirmação da ASAP, durante a presidência do Pedro Cardigos, que tinha contribuído para o crescimento e afirmação da Associação.

Pedro Raposo - Presidente do Conselho Diretor da ASAP (2011/2014)
Pedro Raposo, Presidente do Conselho Diretor da ASAP (2011/2014)

O primeiro objetivo foi, pois, o de manter o que vinha sendo feito. Por um lado, as formações mensais, que diligentemente realizamos aos longo dos trinta e seis meses de mandato e, por outro, os encontros anuais que tinham vindo a crescer em participantes e importância, que também realizamos, aumentando sempre o número de participantes e conseguindo que as diversas sociedades, sem reservas, discutissem temas sensíveis e atuais e partilhassem conhecimentos e experiências sem reservas, o que muito beneficiou todos e fortaleceu os laços entre as diversas associadas e a Associação.

Mas não nos limitamos a dar seguimento ao que de bem vinha sendo feito, desde o primeiro momento do mandato elegemos um tema, que já na altura antecipávamos ser fulcral para o exercício da atividade das nossas associadas e que infelizmente ainda hoje carece de regulamentação: o da relação entre os associados e as sociedades.

Foram muitas as reuniões e discussões que tivemos sobre esta matéria, desde logo sobre o âmbito que o documento deveria ter, por fim acordamos que deveria ser um Código de Boas Prática, que não se limitasse a regulamentar os termos das relações entre as associadas e os advogados associados que nelas trabalhavam, mas também que estabelecesse algumas regras sobre as relações entre as próprias sociedades de advogados.

Era um tema sensível que obrigava a consensos, desde logo face às diferentes dimensões das sociedades de advogados associadas, mas ao fim de um ano tínhamos o documento pronto e apresentamos o mesmo ao Conselho Superior, que, entretanto, tínhamos constituído e que era composto pelos mais importantes advogados que faziam parte das nossas associadas.

O documento foi depois apresentado em Assembleia Geral e mereceu a aprovação de todos, tendo muitas associadas, dai em diante, usado o mesmo como guia nas relações com os seus associados.

De salientar, nesta matéria, a ajuda que tivemos do nosso saudoso Colega Rui Pena, que tinha sido presidente do Instituto das Sociedades de Advogados e que, com a sua experiência, muito ajudou ao sucesso da iniciativa.

Na busca incessante da partilha de informações entre as associadas, estimulamos e apoiamos, durante o mandato, o desenvolvimento e atividade dos grupos que, entretanto, se tinham organizado, nas áreas da informática e do marketing, os quais vieram a realizar vários encontros e conferências, beneficiando o nível de conhecimento de todos e a profissionalização das associadas onde trabalhavam.

Por fim, já em 2013, procedemos à realização do segundo inquérito do CESOP, repetindo a iniciativa de 2010, que permitiu ter um estudo comparativo e de seguimento, que demonstrava a evolução das sociedades de Advogados e o seu contínuo crescimento e afirmação.

Decorridos mais de 10 anos desde o início do mandato, confesso que tenho saudades daquelas reuniões de final de tarde, em que tanto aprendi com aquela equipa fantástica, a todos eles, pelo que me ensinaram e pelo que fizeram pelas sociedades de advogados portugueses, o meu bem haja!

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