“Aumento do salário mínimo dá um sinal muito bom à economia”

  • Lusa
  • 10 Outubro 2020

O ex-ministro da Economia considera que uma subida do salário mínimo é positiva para a economia portuguesa, embora admita que menos significativa em 2021 por causa do impacto da pandemia.

O economista e ex-ministro Manuel Caldeira Cabral considera que a subida do Salário Mínimo Nacional é positiva para a economia, embora admita que face à atual crise possa ter uma subida menos significativa em 2021.

“O aumento do salário mínimo dá um sinal muito positivo à economia e à sociedade. Quando um dos principais problemas é um problema de procura, este sinal dá confiança aos trabalhadores e é um sinal importante”, explica Caldeira Cabral em entrevista à Agência Lusa.

O economista, que foi o primeiro ministro da Economia no primeiro governo de António Costa, lembra que a discussão sobre a subida do salário mínimo já se havia colocado quando fez parte do Governo e apesar de as condições económicas não serem exatamente as mesmas, não tem dúvidas de que o salário deve aumentar.

O atual momento “é diferente, mas talvez não seja tão diferente do momento em que estávamos no final de 2015 e princípio de 2016 em que também havia os mesmos argumentos” para não aumentar o salário mínimo.

Ainda assim, Caldeira Cabral reconhece que em 2021 a subida do salário mínimo deverá ser mais moderada que em anos anteriores devido ao atual estado da economia. “Penso que este seria um ano em que o aumento do salário mínimo, pelas condições da economia, deveria ser mais moderado que em anos anteriores”, defende o economista, adiantando que a subida deveria estar relacionada com a evolução da economia.

“Devemos desenhar aumentos do salário mínimo que tenham a ver com a evolução da economia. Que devem ter capacidade de ser maiores se houver uma recuperação económica mais rápida, mas que, eventualmente, devem ser menores se a recuperação da economia for mais lenta”.

Caldeira Cabral reconhece que, para algumas empresas, o salário mínimo “tem influência na sua capacidade competitiva e de rentabilidade”, mas lembra também que a atual crise afetou as empresas de forma muito diferente.

“A crise afetou empresas muito diferentes de uma forma muito diferente e, portanto, é muito mais importante ter apoios fortes”, por um lado e, por outro, “é preciso olhar para o Programa de Recuperação e alinhar o que são as nossas prioridades com o que são as prioridades europeias”.

E explica o que pode ser feito para apoiar as empresas: “podemos usar fundos de sustentabilidade para financiar as nossas empresas a fazer investimentos, se calhar com uma grande parte a fundo perdido, que lhes reduzam a fatura energética nos próximos anos”, por exemplo. Este tipo de investimentos, prossegue o economista, pode permitir a redução dos custos energéticos das empresas e, dessa forma, torná-las “mais competitivas” e, assim, permitir-lhes aguentar “salários mínimos mais elevados”, conclui.

No final de setembro o Governo começou a ouvir os parceiros sociais sobre o aumento do salário mínimo nacional em 2021, mas não apresentou uma proposta ainda que mantenha o objetivo de o atualizar dos atuais 635 euros para 750 euros até ao final da legislatura.

Entre 2011 e 2014 o salário mínimo manteve-se congelado nos 485 euros, tendo aumentado depois disso sucessivamente para 505 euros em 2015, 530 euros em 2016, 557 euros em 2017, 580 euros em 2018, 600 euros em 2019 e 635 euros em 2020.

O aumento do salário mínimo dá um sinal muito positivo à economia e à sociedade. Quando um dos principais problemas é um problema de procura, este sinal dá confiança aos trabalhadores e é um sinal importante.

Manuel Caldeira Cabral

Economista e ex-ministro da Economia

OE tem de mostrar “que não estamos a voltar a políticas de austeridade”

Manuel Caldeira Cabral considera também essencial que a proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) mostre claramente que o país não está a regressar às políticas de austeridade aplicadas em 2011.

“É importante que o próximo Orçamento seja anticíclico, mostre um claro compromisso de que não estamos a voltar a 2011, a políticas de austeridade”, defende aquele que foi o primeiro ministro da Economia do primeiro Governo liderado por António Costa.

Atualmente a ocupar o cargo de vogal do Conselho de Administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, Caldeira Cabral justifica a necessidade de se dar este sinal aos agentes económicos para que se faça uma gestão das expectativas que permita impulsionar a recuperação da economia.

“É importante ter políticas que trabalhem, não só para compensar a queda da economia, mas também no sentido de gerar expectativas mais positivas de crescimento”, explica numa entrevista à Agência Lusa feita na condição de que não se abordariam os temas relacionados com a supervisão do setor dos seguros.

Apesar de defender a necessidade de não aplicar medidas de austeridade em 2021, Caldeira Cabral defende também a posição do Governo de, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia, prescindir dos empréstimos disponíveis, apostando na execução dos 15,3 mil milhões de euros em subvenções diretas.

“Os empréstimos seriam muito importantes se o Estado estivesse com dificuldades de se financiar ou se esse financiamento fosse necessário”, explica o antigo ministro, adiantando que não é esse o caso uma vez que Portugal se está “a financiar com taxas que estão entre as mais baixas a que alguma vez se financiou” e que chegam a ser negativas nalguns prazos.

Caldeira Cabral defende ainda que no âmbito do Orçamento para 2021 se avance rapidamente com as medidas de estímulo à economia. “Se essas medidas se se concretizarem em investimento e em despesa no primeiro e no segundo trimestre terão o efeito de alteração das expectativas e de estancar a perda de emprego”.

O economista explica que não está a defender aumentos exagerados do lado da despesa, mas que se deve seguir uma política semelhante à usada entre 2015 e 2019. “Mostrámos que um aumento moderado da despesa, bem focado e bem canalizado para áreas em que tem efeitos multiplicadores muito fortes pode dar um estímulo forte à economia”, defende.

Tudo medidas que, segundo o economista, ajudarão à recuperação de uma economia que terá batido no fundo no segundo trimestre deste ano quando registou uma quebra trimestral homóloga de 16,3% do Produto Interno Bruto (PIB).

“Depois de uma queda muito forte no segundo trimestre, temia-se que o terceiro trimestre também fosse bastante mau por causa do turismo, mas há alguns sinais, principalmente no quarto trimestre, que mostram que a economia está a recuperar lentamente, mas está a recuperar”, sublinha Caldeira Cabral.

O antigo ministro diz acreditar que estes sinais se irão manter no próximo ano, com o primeiro trimestre de 2021 “ainda a ser de queda homóloga”, mas com o PIB no segundo e terceiro trimestre a registar “crescimentos homólogos muito fortes”.

Apesar destas boas notícias, Caldeira Cabral adverte para o facto de os resultados ainda serem negativos ao nível do emprego. “O crescimento do desemprego vai continuar até ao final deste ano, vai continuar no primeiro trimestre do próximo ano e possivelmente só a meio do próximo ano é que vamos ter uma estabilização, ou até uma diminuição do desemprego”, prevê o economista.

Caldeira Cabral acredita, ainda assim, numa recuperação forte em 2021, mas explica que é preciso ter consciência do que significa essa recuperação. “Depois de uma queda de 8% em 2020, se calhar a maior desde a Segunda Guerra Mundial, em 2021 vamos ter o maior crescimento desde os anos 90. Mas se crescermos 4,5% significa que ainda ficamos muito atrás de onde estávamos em 2019”, ou seja, prossegue o economista, “provavelmente só em 2022 ou em 2023 é que vamos conseguir voltar ao nível de 2019”.

“Transparência e combate à corrupção não podem ser comprometidos”

Manuel Caldeira Cabral defende, por fim, uma maior rapidez na aplicação das verbas que chegarão de Bruxelas, mas diz que não pode faltar transparência ou combate à corrupção.

Quanto à aplicação dos fundos europeus, Caldeira Cabral diz, em entrevista à Agência Lusa, que temos de ter em atenção três aspetos diferentes: “A necessidade de rapidez. Os objetivos de longo prazo. E a transparência e o combate à corrupção”.

Mas, para o antigo ministro, “a transparência e o combate à corrupção não podem ser comprometidos. Não se pode aceitar falta de transparência ou falta de combate à corrupção”, sublinha.

Já nos outros dois objetivos, Caldeira Cabral diz que têm de se fazer compromissos. “É necessário um compromisso entre objetivos de longo prazo (e os objetivos definidos pela União Europeia), mas temos de ter formas que garantam que a execução é rápida”.

O antigo ministro justifica a necessidade dessa rapidez com o facto de este ser um fundo de recuperação que não pode ter mecanismos que façam com que a sua aplicação resvale para 2022 ou 2023.

“Isso significaria que ao longo de 2021 a economia europeia entraria numa crise muito mais profunda do que o necessário e numa crise que depois tenderia a arrastar-se” e quando os fundos chegassem ao terreno “teriam mais dificuldade em ser eficazes”, explica.

O antigo ministro defende assim que uma solução deve passar por um reforço das estruturas técnicas que em Portugal fazem a avaliação da aplicação desses fundos.

“O reforço destas estruturas, que são estruturas técnicas e que fazem uma avaliação técnica, pode ajudar”, explica, adiantando que, com mais pessoas a trabalharem nessas estruturas, é possível “fazer uma análise igualmente rigorosa, mas analisar um maior volume de projetos”.

Caldeira Cabral diz ainda que “não devemos ir para o maniqueísmo de dizer que uns estão pela rapidez e outros estão pela transparência”. O economista reconhece que há regras que são importantes para o controlo da despesa e que algumas dessas regras atrasam os processos e, nesse sentido, defende que em 2021 se simplifiquem algumas. Mas, “ao serem simplificadas, deve haver mecanismos que permitam fazer uma avaliação posterior e que criem nas pessoas que estão a utilizar os fundos a certeza de que não vão ficar sem fiscalização. Não têm é a fiscalização toda feita previamente”.

Para os objetivos de longo prazo, uma peça essencial para a sua definição é a “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação 2020/2030” elaborado pelo gestor Costa Silva a pedido do Governo.

Caldeira Cabral diz que este é um plano com “muito conteúdo” e que aponta para várias áreas onde terá de se atuar.

“Há um tempo muito curto e este trabalho, que não é suposto substituir o trabalho dos ministérios, ou o trabalho de negociação com a Comissão Europeia, é um trabalho que de forma independente e do exterior traz para dentro muitas sugestões, muitas ideias”, conclui Caldeira Cabral.

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Algarve e Centro já registam desemprego na casa dos 5%

Desemprego está a descer em todas as regiões, acompanhando a tendência do país, mas há casos em que as taxas se situam na casa dos 5%: Algarve e Centro. Já as ilhas registam os níveis mais elevados.

Nenhuma região escapa à melhoria da economia portuguesa, com todas elas a apresentarem descidas acentuadas na taxa de desemprego no último ano, acompanhando a tendência do país. Mas já há casos em que o nível de desempregados se situa já na casa dos 5%, como o Algarve e a região Centro, bem abaixo da média nacional. Do outro lado, as regiões autónomas da Madeira e dos Açores continuam a registar as taxas mais elevadas.

Com a taxa de desemprego em Portugal a cair para 6,7% no segundo trimestre do ano, o nível mais baixo desde 2004, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sugerem que as regiões estão a aproveitar os bons ventos do crescimento económico e com os reflexos deste bom momento a evidenciarem-se no mercado de trabalho.

Algarve e Centro apresentam-se como as regiões onde as taxas de desemprego se situam-se bastante aquém daquilo que é a média nacional: entre março e junho, ambas regiões registaram um nível de desemprego de 5,3%, aproximando-se de níveis que alguns economistas indicam ser de pleno emprego e onde não é possível descer muito mais.

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Já a Região Autónoma da Madeira (8,3%), a Região Autónoma dos Açores (8,2%), o Norte e a Área Metropolitana de Lisboa (7,2%, em ambas) e o Alentejo (6,9%) observam taxas acima da média nacional, indicam as Estatísticas do Emprego divulgadas esta quarta-feira.

No caso concreto da Madeira, embora continua a registar o nível de desemprego mais elevado em Portugal, a verdade é que foi justamente na ilha onde a taxa mais desceu no último ano: caiu dos 11% no segundo trimestre do ano passado para os 8,3% no passado trimestre, no que se traduz numa expressiva queda de 2,7 pontos percentuais em termos homólogos (em todo Portugal a descida homóloga foi de 2,1%).

Outras quedas acentuadas do desemprego deram-se no Algarve e no Norte, com recuos de 2,3 pontos — na situação algarvia, a entrada no período alto do turismo poderá ajudar a explicar o comportamento do mercado de trabalho.

Segundo o INE, estima-se que a situação de desemprego tenha afetado 351,8 mil pessoas em Portugal durante o segundo trimestre do ano, menos 109,6 mil face ao mesmo período de 2017.

(Notícia em atualizada às 12h15)

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Caldeira Cabral: Portugal é dos países mais competitivos do mundo para produzir energia solar

  • Lusa
  • 26 Julho 2018

O ministro da Economia disse que Portugal está entre os países mais competitivos do mundo para a produção de energia renovável a partir do sol. Preços da energia deverão baixar gradualmente.

O ministro da Economia disse que Portugal é um dos países mais competitivos do mundo para produzir energia solar e está a ganhar novas centrais que permitirão sextuplicar a produção nacional até 2025 e sem subsídios estatais. “O que soubemos [Governo] fazer foi valorizar junto dos investidores internacionais o que são as condições naturais do país, fazer um enquadramento regulatório claro e transparente que atraísse o investimento e criar condições para que estes investimentos crescessem num país que, na energia solar, é dos mais competitivos do mundo”, afirmou Manuel Caldeira Cabral.

O ministro falava aos jornalistas no concelho de Ourique, no distrito de Beja, no Alentejo, onde inaugurou esta quinta-feira a Central Solar Fotovoltaica Ourika!, a primeira grande central solar da Europa a produzir energia em regime de mercado, ou seja, sem tarifas garantidas ou outros subsídios estatais que acarretam custos para os consumidores e contribuintes. A central solar, que foi a primeira a ser licenciada em Portugal para operar em regime de mercado e implicou um investimento de 35 milhões de euros, tem uma potência total instalada de 46 megawatts-pico e, durante 30 anos, vai produzir 80 gigawatts-hora de energia por ano, o suficiente para garantir o consumo de 25 mil famílias.

Segundo o ministro, em Portugal, já estão licenciados mil megawatts e há “pouco mais de mil megawatts em processo de licenciamento” para novas centrais solares que irão produzir sem subsídios. Com os mil megawatts já licenciados, será possível “mais do que triplicar” até 2021 e “multiplicar por seis” até 2025 a capacidade de produção de energia solar em Portugal e “sem subsidiação”, admitiu.

“Isto demonstra que Portugal, hoje, é um país competitivo em termos de energias renováveis sem precisar de subsídios”, frisou, explicando que a “expansão muito forte do solar” e o ‘boom’ de novas centrais solares decorrem das “ótimas condições” do país para produção de energia solar, da evolução tecnológica e do “quadro regulatório estável, que dá confiança aos investidores” e lhe permite “ser competitivo a preços de mercado”.

“Esta estratégia que seguimos de um quadro regulatório sem subsídios vai, a prazo, contribuir para a descida do preço da energia em Portugal”, frisou, referindo que o Governo quer “continuar com uma estratégia consistente de aumentar o espaço das energias renováveis na produção”, mas “cada vez onerando menos os consumidores” e, neste sentido, as novas centrais a produzir “sem qualquer subsídio, portanto sem qualquer custo adicional para os consumidores”.

Por outro lado, as novas centrais “garantem” que Portugal vai passar a ser “cada vez mais um exportador de energia, um país que cumpre e até ultrapassa as metas ambientais que se propõe na União Europeia e, “progressivamente”, terá “custos de energia mais baixos, tornando as empresas mais competitivas e dando mais poder de compra às famílias”.

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Ministro da Economia defende que interior é espaço para grandes projetos de investimento

  • Lusa
  • 10 Março 2018

Salientando que o interior "não é uma região menos capaz", Caldeira Cabral considerou que, pelo contrário, é uma zona com "muitas soluções e que tem mostrado que é muito competitiva".

O ministro da Economia, Caldeira Cabral, considerou este sábado, em Castanheira de Pêra, que o interior é um espaço para grandes projetos de investimento, colocando de parte a ideia de que esta parte do país não tem soluções.

“O interior não tem de ser uma região sem prosperidade e há espaço para investimentos nas novas indústrias, como nas áreas mais tradicionais, como é o caso da agricultura”, sublinhou o governante. Falando na conferência “Valorizar o interior – Promover o investimento e o emprego”, organizada pela Confagri e UGT, Caldeira Cabral disse que a agricultura e as agroindústrias do interior tiveram em 2017 “um aumento das exportações muito significativo, com algumas áreas da agricultura a crescerem mais de 20%”.

O ministro da Economia apresentou vários exemplos de investimentos realizados em diversos setores, considerando que “no interior há espaço para grandes projetos em setores e áreas mais sofisticadas, que estão a acontecer”.

“É o resultado do investimento que tem sido feito, das novas dinâmicas empresariais e da melhor organização dos produtores, que está a trazer mais rendimento para as regiões do interior e, nesse sentido, temos de continuar a trabalhar para não olharmos para o interior como [região de] perda de empregos, diminuição da população e da atividade económica“, frisou.

Salientando que o interior “não é uma região menos capaz”, Caldeira Cabral considerou que, pelo contrário, é uma zona com “muitas soluções e que tem mostrado que é muito competitiva”, apontando também o crescimento registado no turismo.

Além do investimento em 43 novas unidades hoteleiras no interior, o ministro da Economia frisou, ainda, o reforço de 30 milhões no programa “Valorizar”, para projetos com “enfoque especial nas regiões onde houve incêndios, para restauro e valorização dos espaços afetados”. Segundo o governante, este programa está associado a investimentos de 58 milhões de euros em 250 projetos aprovados.

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Manuel Caldeira Cabral vai estar em Davos com… will.i.am

O ministro da Economia português vai estar num painel com o cantor e empreendedor norte-americano, will.i.am. Já o primeiro-ministro vai partilhar o palco com líderes europeus sobre o futuro da UE.

William James Adams Junior — ou will.i.am — é um rapper norte-americano mais conhecido por ter integrado a banda Black Eyed Peas. Mais recentemente, o artista tem sido notícia no mundo do empreendedorismo por fundar uma startup tecnológica. Na próxima terça-feira, will.i.am vai partilhar o palco com Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia português, numa sessão sobre educação em Davos, um encontro promovido pelo Fórum Económico Mundial.

As tendências do mercado apontam para um previsão: no futuro, o talento relacionado com ciência, tecnologia, engenharia e matemática irá ditar a criação de emprego no futuro. Segundo a descrição da sessão, até 2020 deverão ser criados dois milhões de postos de trabalho nessas áreas. O que pode ser feito para que a procura por pessoas qualificadas nestes ramos tenha a oferta correspondente?

É a esta resposta que Manuel Caldeira Cabral, will.i.am, Suzanne Fortier (diretora da Universidade de McGill, Canadá), Steve Rusckowski (CEO da Quest Diagnostics) e Robert Zimmer (presidente da Universidade de Chicago) vão responder no dia 23 de janeiro na Suiça no encontro de Davos. A sessão, que é promovida pelo CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), conta com a diretor geral da estrutura, Fabiola Gianoti. A moderação caberá a Lynda Gratton, professor de gestão na London Bussiness School.

Primeiro-ministro debate a Europa com outros líderes europeus

O destaque em português não vai só para Manuel Caldeira Cabral. António Costa estará ao lado de Cecilia Malmström, comissária europeia do comércio, e Leo Varadkar, primeiro-ministro irlandês, para discutir o futuro do projeto europeu. A sessão será moderada por Peter Limbourg, o diretor-geral da Deutsche Welle, e acontece a 25 de janeiro.

Além do primeiro-ministro, vão estar em Davos vários nomes nacionais como é o exemplo de Carlos Moedas, o comissário europeu para a inovação, que vai intervir em três painéis na Suíça ao longo dos três dias deste encontro mundial. O português vai falar sobre a internet of things, o investimento europeu na inovação e no empreendedorismo tecnológico e sobre a investigação científica.

Além de Moedas, também António Guterres, atual secretário-geral das Nações Unidas, vai fazer um discurso em Davos. Segundo a lista de convidados, Mário Centeno também estará presente já enquanto presidente do Eurogrupo.

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Governo anuncia linha de 600 milhões de euros para aumentar as exportações

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, anunciou esta quarta-feira uma nova linha de financiamento de 600 milhões de euros para pôr as exportações a valerem metade do PIB até 2025.

O ministro Caldeira Cabral anunciou esta quarta-feira a criação de uma nova linha de apoio às empresas.Henrique Casinhas/ECO

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, anunciou esta quarta-feira uma nova linha de 600 milhões de euros de financiamento para ajudar as empresas portuguesas a aumentarem as exportações. “Estamos a lançar novos instrumentos de financiamento à exportação”, disse. O Governo espera contar com o apoio da banca e já terá o apoio do Novo Banco neste programa. A linha junta-se ao programa Capitalizar e foi apresentada pelo ministro na sessão de abertura da 12ª edição do Portugal Exportador.

Caldeira Cabral disse que este instrumento será de “apoio direto às exportações”. “Queremos que [as empresas] encontrem em casa instrumentos de financiamento às exportações para se afirmarem nos mercados externos ainda mais e ainda melhor.”

O ministro acrescentou que o crescimento das exportações nacionais não está “apenas concentrado num setor, mas num conjunto amplo de setores”. “Portugal está a ter um crescimento de 11,5% das exportações. Está a ter 12 meses em que está a ver uma aceleração das exportações que deverá ser o maior crescimento desta década”, defendeu. Salientou o aumento de 15% nas exportações de produtos metálicos e de 10% no setor agroalimentar, onde só as exportações de frutas terão crescido 28% “num só ano”. Quanto ao turismo, Caldeira Cabral garantiu que “continua a crescer” na época baixa.

Exportações a valerem metade do PIB em 2025

Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização, abordou aquilo a que chamou de “um novo patamar de exportações no peso do PIB”. Segundo Brilhante Dias, as exportações valem hoje “mais de 40%” da riqueza gerada no país num ano, um número que subiu dos cerca de 25% há uns anos. “A internacionalização da economia portuguesa tem sido um objetivo partilhado pelas entidades públicas, tem convergência no quadro político entre diferentes agentes e forças partidárias e tem tido nas empresas um parceiro fundamental”, disse.

Cerimónia de abertura da 12.ª edição do Portugal Exportador.Henrique Casinhas/ECO

“O Governo definiu um objetivo de médio a longo prazo para a próxima década de atingirmos 50% do peso das exportações no PIB. É preciso perceber porque fixamos esse objetivo: o país continua a viver com uma forte restrição financeira, mas não é apenas nas administrações públicas. O país, se quer crescer e de forma mais acelerada, tem de ser capaz de ter na procura externa um motor fundamental do seu crescimento. Um país que precisa de investir é um país que precisa de mais importações e precisa de exportar mais para equilibrar, referiu Eurico Brilhante Dias.

A mesma meta foi salientada por Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, que na mesma sessão indicou que a entidade tem como meta o alargamento da “base exportadora” que “implica trazer mais empresas à exportação recorrente”. “Contem connosco para vos ajudar nisso. Temos o objetivo de prestar mais e melhores serviços. Conseguiremos trazer mais empresas para a exportação e que as empresas que mais exportam, exportem mais e melhor”, garantiu.

Esta edição do Portugal Exportador contará com a representação de 34 embaixadas, 34 câmaras de comércio bilaterais e mais de uma centena de oradores em 16 workshops e 32 “cafés temáticos”, números avançados por Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP, na intervenção inicial.

A internacionalização da economia portuguesa tem sido um objetivo partilhado pelas entidades públicas, tem convergência no quadro político entre diferentes agentes e forças partidárias e tem tido nas empresas um parceiro fundamental.

Eurico Brilhante Dias

Secretário de Estado da Internacionalização

Novo Banco “terá um período de estabilização”

Na sessão de abertura, Vítor Fernandes, administrador do Novo Banco com o pelouro das empresas, salientou também que “o peso das exportações” tem vindo a aumentar no PIB nacional, salientando que é agora de cerca de 40%, “quando há uns anos não passava muito mais de 20%”. O administrador reconheceu ainda que o Novo Banco “passou um período difícil” nos últimos anos, tendo passado “de banco de transição” para “um banco de pleno direito. “Durante estes três anos, foi possível continuar a apoiar as empresas. Não temos nota de perdas de clientes significativas.”

O tema da venda do Novo Banco foi ainda abordado pelo ministro Manuel Caldeira Cabral. Concluída a transferência do ativo para o fundo Lone Star, o ministro da Economia disse que “o Novo Banco, depois de um período de ajustamento, terá um período de estabilização”.

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Caldeira Cabral: Fogos não vão ter impacto no crescimento económico

O ministro da Economia revelou que o impacto dos danos dos fogos foi de 0,01% do PIB. E assegura que o PIB continua a crescer a 3% e que há empresas da Catalunha a quererem vir para Portugal.

O ministro da Economia garante que os fogos florestais não vão afetar o crescimento económico em Portugal, assinalando que o país quer crescer mais do que está as previsões do Governo. Em entrevista à Bloomberg esta segunda-feira, Manuel Caldeira Cabral afirma que a economia está a expandir-se a 3% e que este crescimento é “sustentável”. “O que não queremos é fazer previsões muito altas e falhar”, disse Caldeira Cabral.

“Os fogos florestais não terão impacto no crescimento [económico]”, assegura Caldeira Cabral. Ainda assim, o ministro da Economia admite que o impacto social “foi grande”, mas o impacto em termos económicos dos danos foi de apenas “0,01% do PIB”, disse. Dado que as empresas terão seguros ou a ajuda do Estado, o Governo espera que não haja impacto das tragédias na economia.

Por outro lado, a beneficiar a economia, estão alguns elementos revelados pelo ministro da Economia: “algumas empresas” do Reino Unido transferiram parte das suas operações para Portugal por causa da saída dos britânicos da União Europeia. Logo após o Brexit, o Governo português decidiu criar um task force com este intuito. No final de outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, disse, em Lisboa, que se isso acontecer é bom para os dois países.

Além disso, Caldeira Cabral revelou que “três empresas da Catalunha abordaram o Ministério da Economia para mudar parte das suas atividades de Barcelona para Lisboa” devido à turbulência política atual na região. O ministro da Economia aproveitou para referir que a atração de investimento estrangeiro em Portugal está a acontecer “não só em imobiliário, mas também na área dos serviços de tecnologia, turismo e indústria”.

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Subida da derrama afetaria “conjunto muito pequeno de empresas”

  • ECO
  • 4 Novembro 2017

O ministro da Economia, Caldeira Cabral, não levanta o véu sobre as intenções do Governo de aceitar uma subida da derrama estadual pedida pela esquerda. Mas minimizou o seu impacto nas empresas.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, não avança se o Orçamento do Estado aprovado esta sexta-feira possa vir a incluir um aumento da derrama estadual, uma medida pedida pela esquerda e em discussão na especialidade. No entanto, Caldeira Cabral, numa entrevista à rádio TSF e Dinheiro Vivo, disse que, a avançar, a medida afetaria apenas “um conjunto muito pequeno de empresas”.

“As propostas nesse sentido iam afetar só as empresas com mais de 35 milhões de euros de lucro. (…) É um conjunto muito pequeno de empresas. Não vamos estar a criar uma ideia errada face ao conjunto de empresas que podem ser afetadas, vamos ver estas medidas primeiro no contexto na discussão da especialidade e no contexto de decisões que vão ter um caráter político também”, disse o ministro.

Antes, na mesma entrevista, já tinha referido que o “importante é garantir que não vai haver um aumento da carga fiscal”. “Isso o Orçamento do Estado garante, e ao mesmo tempo, que também não há baixas de impostos que põem em causa a consolidação orçamental. Vamos ver o que sai do debate”, apontou.

Caldeira Cabral comentou ainda as declarações de António Saraiva, presidente da CIP, que disse numa entrevista ao ECO24, o programa do ECO e da TVI24, que o ministro da Economia tem falta de força política. “Ouvi essa entrevista e o que ele disse foi que faltou aos ministros da Economia, e citou vários incluindo-me também nesse lote, capacidade para se impor junto das Finanças. A relação que tenho tido com o ministro das Finanças não é de eu me impor a ele ou de ele se impor a mim. Temos uma relação solidária dentro do Governo”, defendeu-se o ministro.

Impacto do Web Summit será “ligeiramente maior” este ano

Manuel Caldeira Cabral falou ainda do Web Summit, a grande conferência de tecnologia, empreendedorismo e inovação que deverá trazer a Lisboa mais de 50.000 pessoas na semana que vem. É a segunda vez que a capital portuguesa acolhe este evento e o ministro da Economia já tem expectativas.

“No ano passado a estimativa que fizemos em termos de impacto direto foi de 200 milhões, que se estima em restaurantes, hotéis e outros impactos. Neste ano o que estimo é que é ligeiramente maior, cerca de 250 milhões a 300 milhões, uma vez que vem mais gente”, explicou.

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Brexit: Boris Johnson estará em Portugal amanhã

O Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico terá vários encontros cujo foco será a relação entre Portugal e o Reino Unido após a saída da União Europeia, prevista para 2019.

Boris Johnson, o polémico Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, vai estar em Portugal esta sexta-feira para se encontrar com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, mas também com o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e com empresários portugueses que fazem negócio no Reino Unido. O encontro foi promovido pela embaixada do Reino Unido em Portugal.

Esta sexta-feira o Museu da Eletricidade recebe Boris Johnson num encontro onde trocará impressões com empresários portugueses e onde estará Caldeira Cabral, segundo o Ministério da Economia, numa altura em que se continua a especular sobre quais serão as relações comerciais entre o Reino Unido e o resto da Europa.

No encontro estarão ainda várias personalidades portuguesas entre governantes, deputados, académicos, comentadores e dirigentes de empresas, de acordo com a embaixada britânica. Kirsty Hayes, a embaixadora do Reino Unido em Portugal, também estará presente. O encontro não é público.

O único vestígio público da visita de Boris Johnson a Portugal será o encontro bilateral com Augusto Santos Silva. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, os dois homólogos vão discutir o processo negocial da saída do Reino Unido da União Europeia, mas também outros assuntos da agenda internacional.

Foi no início deste mês que a primeira-ministra britânica publicou um guia legislativo para o pós-Brexit. Uma vez que o Reino Unido perde grande parte da legislação em vigor com a saída da UE, os britânicos estão já a preparar-se para iniciar uma maratona legislativa. Em Bruxelas, as negociações continuam focadas no acordo final de saída e só depois serão discutidas as relações comerciais.

Numa entrevista ao The Sunday Times, também no início de outubro, Theresa May chegou a admitiu uma remodelação governamental, tendo apontado a possível saída de Boris Johnson do Executivo.

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Caldeira Cabral: Competitividade do país está “muito mais robusta”

O ministro da Economia reconheceu que Portugal está mais competitivo e de uma forma "muito mais robusta". Apostar nas qualificações é garantia de crescimento em duas décadas, defendeu.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, considera que a economia portuguesa “está a ter um bom momento, puxado principalmente pelo investimento e pelas exportações”, defendendo que é preciso criar oportunidades para os profissionais qualificados e melhorar a oferta das qualificações como forma de garantir que o país continua a crescer nas próximas décadas. O ministro acrescentou também que a competitividade do país, hoje, é maior e “muito mais robusta”.

“A economia portuguesa provou, e tem de continuar a provar, que é competitiva para dar condições a esta geração mais nova. Caso contrário, sabemos o que ela vai fazer [sair do país] e isso é o pior que podia acontecer ao país”, indicou o governante, reiterando que “o tipo de estrutura produtiva que Portugal tem não é uma que possa encontrar empregos para estas pessoas qualificadas”. “Estamos a trabalhar para atração de novos investimentos nesta área”, disse.

E acrescentou: “A grande oportunidade de crescimento económico que temos nos próximos 20 anos [em Portugal] é a substituição de gerações que não tiveram oportunidades por gerações qualificadas.”

Manuel Caldeira Cabral apontou que, no novo ecossistema das startups, “um investimento que crie 400 postos de trabalho é, às vezes, um investimento de dois milhões” de euros, mas reconheceu que “a estrutura de investimentos do Portugal 2020 não é a mais adequada para estas empresas”. De qualquer modo, “Portugal é hoje uma ótima oportunidade para o crescimento destas empresas”: “Muitas viram isso e estão a trazer para Portugal as suas sedes, outras apenas uma parte do seu negócio.”

Caldeira Cabral concluiu, indicando que a competitividade de Portugal está “mais robusta”, uma vez que está assente em “empresas que competem num mercado global”, ao contrário do que acontecia quando o país entrou na União Europeia, onde “o mercado não estava protegido do exterior”.

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Subir IRC em 2018? Ministro responde com estabilidade fiscal para as empresas

Apesar de BE e PCP quererem aumentar os impostos sobre as empresas, o ministro da Economia garante que o Governo está a trabalhar num cenário de "estabilidade fiscal" para os empresários portugueses.

Manuel Caldeira Cabral garante que o Orçamento do Estado para 2018 está a ser elaborado com o objetivo de ter “estabilidade fiscal” para as empresas. Questionado pelo ECO, à margem da apresentação de um relatório sobre a competitividade do país, sobre se o Governo vai agravar os impostos das empresas, o ministro da Economia não respondeu diretamente, mas deixou claro que não trabalha nessa sentido. BE e PCP querem agravar o IRC para compensar o alívio fiscal no IRS e o próprio primeiro-ministro afirmou que se o OE for mais longe nos escalões terá de haver subida de impostos.

O que houve nos últimos dois Orçamentos foi um desagravamento fiscal e o que tem havido na generalidade dos impostos é uma estabilidade fiscal“, afirmou Caldeira Cabral, à margem da apresentação do Relatório Global de Competitividade, lançado pelo Fórum Económico Mundial — ranking onde Portugal subiu quatro posições, ainda que a opinião dos empresários nacionais tenha piorado. Questionado pelo ECO sobre se consegue garantir às empresas que não subirá os impostos no próximo ano, o ministro da Economia afirmou apenas que o Governo trabalha no sentido de manter estáveis os impostos atuais.

É nesse sentido [da estabilidade fiscal] que estamos a trabalhar e é um enorme contraste com o que aconteceu no período anterior em que houve fortíssimos agravamentos fiscais muito penosos quer para as empresas quer para os trabalhadores”, argumentou Caldeira Cabral. Contudo, esta possibilidade foi levantada recentemente pelos parceiros parlamentares do Executivo: na passada sexta-feira, o Jornal Económico revelou que BE e PCP querem um aumento da derrama estadual aplicada às empresas com maiores lucros.

A proposta dos dois partidos vai no sentido de aumentar a derrama estadual para as empresas com rendimento tributável superior a 35 milhões de euros — o escalão mais elevado do IRS — dos atuais 7% para 9%. Segundo bloquistas e comunistas, esta proposta teria um “contributo importante”, superior a 100 milhões de euros, valor que seria assim aplicado no alívio fiscal do IRS.

Acresce que esta quarta-feira, em entrevista ao Correio da Manhã, António Costa admitiu que se o Governo tiver de ir mais além no IRS — inicialmente tinha proposto um alívio fiscal de 200 milhões de euros –, essa despesa terá de ser compensada com a subida de impostos ou a execução de menor despesa noutras áreas. O primeiro-ministro acrescentou até que um alívio maior nos escalões deixa menor margem para o descongelamento das carreiras da função pública, outra das medidas que está em cima da mesa nas negociações do Orçamento do Estado para 2018.

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Governo aprova 12 contratos fiscais de investimento de 160 milhões

  • ECO e Lusa
  • 14 Setembro 2017

Os projetos abrangem áreas como a aeronáutica, a energia, a indústria dos moldes, a indústria automóvel, a maquinaria e a saúde, vão beneficiar de benefícios fiscais em sede de IRC, IMI e Selo.

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira 12 contratos fiscais de investimento, num valor total de 160 milhões de euros e que vão criar 358 postos de trabalho direto até 2023, anunciou o Executivo socialista.

“Estes 12 projetos de investimentos hoje aprovados comprovam o bom momento que a economia portuguesa está a atravessar”, destacou Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião semanal do Governo. E acrescentou: “O investimento no segundo trimestre do ano aumentou pelo quinto trimestre consecutivo, atingindo um crescimento de 10,3%, o maior dos últimos 18 anos”.

Os 12 projetos em causa, que abrangem áreas como a aeronáutica, a energia, a indústria dos moldes, a indústria automóvel, a maquinaria e a saúde, vão beneficiar de benefícios fiscais em sede de IRC, IMI, Imposto de Selo e IMT.

Segundo o governante, este desempenho mostra a “sustentabilidade da economia portuguesa”. Caldeira Cabral realçou a diversificação dos projetos aprovados, quer em termos geográficos, quer a nível setorial e até no que toca à dimensão.

E apontou ainda para a “dinâmica do crescimento verificada nas empresas exportadoras de mercadorias na primeira metade do ano”, que possibilitou que as exportações de bens e serviços tenham subido 12,6% face a igual período de 2016, naquele que é o maior crescimento semestral dos últimos seis anos.

Saiba quais os investimentos que receberam este incentivo:

  • OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, para desenvolver o projeto de revestimento integral de aeronaves. Em causa está “todo o processo de preparação da aeronave e remoção química do revestimento existente e pintura, de acordo com requisitos de total proteção de operadores técnicos e meio ambiente”. “O contrato permite um crédito de imposto, em sede de IRC, correspondente a 10%, e tem associado um investimento global de 9,9 milhões de euros que levará à criação de 28 postos de trabalho até 2023, 19 dos quais em 2018”, revela o comunicado do Conselho de Ministros.
  • Tec Pellets – Produção e Comercialização de Pellets, vai receber um crédito de imposto, em sede de IRC, até 16%, graças ao investimento de de 30,7 milhões de euros e a criação de 23 postos de trabalho até 2020 na sua unidade industrial para obter ganhos de eficiência.
  • Sakthi Portugal SP 21 vai criar uma nova fábrica para produzir “componentes de segurança crítica de ferro modular para automóveis”. “O contrato prevê um crédito de imposto, em sede de IRC, até 18%, isenção de IMI durante cinco anos e isenção do Imposto do Selo”, explica o comunicado do Conselho de Ministros desta quinta-feira. Mas, em contrapartida, a empresa tem de investimento de 36,7 milhões de euros, e criar 135 postos de trabalho.
  • Painel 2000 – Sociedade Industrial de Painéis. A empresa propõe-se investir 7,5 milhões de euros em duas linhas de produção de novos produtos para aumentar a sua eficiência e aumentar, de forma “significativa” a sua capacidade e produtividade. Em causa está a criação de 21 postos de trabalho até 2019. O contrato prevê um crédito de IRC, de 20% para um projeto com investimento associado de 7,5 milhões de euros.
  • Paper Prime. Um investimento de 24,6 milhões de euros que vai criar 45 postos de trabalho é o que se propõe a Paper Prime numa nova fábrica de lenços de papel. Em troca obtém um crédito de IRC de 20%, isenção de IMI até 31 de dezembro de 2019, isenção de IMT e de Imposto do Selo.
  • Fundifás – Fundição Injetada. O investimento de 7,8 milhões de euros para aumentar eficiência produtiva e reduzir os custos de produção prevê criar 20 postos de trabalho até 2019.
  • DMM – Desenvolvimento, Maquinagem e Montagem, a empresa de componentes de automóveis promete investir 10,2 milhões de euros e criar 24 postos de trabalho até 2019 e em troca o Executivo concede-lhe um crédito fiscal, em sede de IRC até 20%.
  • Epalfer – Serralharia de Moldes, Cunhos e Cortantes quer construir uma nova unidade industrial e vai crédito de IRC, de 16%. Em causa está um investimento de 4,7 milhões de euros e a criação de seis postos de trabalho até 2020.
  • Bohus Biotech Portugal vai investir 5,6 milhões de euros para instalar uma unidade produtiva de dispositivos médicos. Por isso vai receber um crédito fiscal, em sede de IRC, de 20%. Este projeto prevê a criação de 12 postos de trabalho até 2020.
  • Efapel – Empresa Fabril de Produtos Elétricos vai receber um crédito fiscal em sede de IRC, de 18%, isenção de IMI durante dez anos e ainda isenção de Imposto do Selo pelo seu investimento de 13,7 milhões de euros “para a industrialização de soluções que irão permitir diferenciar a sua oferta”, explica o comunicado do Conselho de Ministros. Este projeto prevê a criação de 27 postos de trabalho.
  • Sociedade Schmidt Light Metal, Fundição Injectada quer fabricar novas peças para o setor automóvel. O contrato prevê um crédito de imposto, em sede de IRC, de 18%, com um investimento total associado de oito milhões de euros e a criação de 17 postos de trabalho até 2020.

Artigo atualizado

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