Como avaliam os empresários o patinho feio do Governo?

O PIB está a crescer ao maior ritmo do século. Mas o ministro da Economia é o menos popular. O ECO falou com empresários: dizem que Caldeira Cabral é competente, mas ainda lhe falta peso político.

PIB cresce ao maior ritmo do século mas parece que Caldeira Cabral é o menos popular dos ministros.Fotomontagem ECO

Desde que iniciou funções até ao momento, Manuel Caldeira Cabral é visto como o ‘patinho feio’ do grupo. O PIB teve a maior subida dos últimos 17 anos, mas a popularidade do ministro da Economia é a pior entre os membros do Executivo. Ao ECO, os empresários contactados elogiam o desempenho, mas admitem dificuldades na comunicação. Caldeira Cabral é visto como o “menos político” do Governo, “fora dos holofotes” e, principalmente, apagado por Mário Centeno e João Vasconcelos.

O atual ministro nasceu assim“, confessa o presidente da Frulact, João Miranda. O próprio primeiro-ministro apelidou-o de “tímido e talvez discreto de mais” no Congresso do PS. Um dos comentadores mais influentes do país, Marques Mendes, sentenciou o destino de Caldeira Cabral: “O atual ministro da Economia não vai durar muito tempo”. Ainda esta quarta-feira o Jornal de Negócios noticiava uma “remodelação em marcha lenta”, onde se inclui a saída do suspeito do costume.

Um dos pontos fracos é o seu perfil académico uma vez que António Costa quererá alguém mais próximo dos empresários. Manuel Caldeira Cabral era professor na Universidade do Minho, ainda que, no passado, já tivesse sido assessor económico em governos socialistas. O que dizem os empresários? Elogiam o desempenho do ministro e da economia portuguesa, apontando a falta de carisma como um ponto fraco.

Não gere bem a sua capacidade de comunicação e a perceção que existe sobre a sua obra.

Peter Villax

Presidente da Hovione

“A fraca popularidade do ministro da Economia é uma questão de psicologia social”, atira o presidente do grupo DST, José Teixeira, ao ECO, assinalando a “natureza” de Manuel Caldeira Cabral e a sua “coreografia”. “Há alguns que têm jeito para a teatralização“, diz, mas o economista do Norte não é um deles. A mesma hipótese é lançada pelo presidente da Hovione, Peter Villax: “Não gere bem a sua capacidade de comunicação e a perceção que existe sobre a sua obra”.

Para Villax a baixa popularidade é, em última análise, “um mistério”. “Caldeira Cabral é muito simpático, é uma pessoa encantadora, mas não se tem afirmado”, confessa. Uma tese confirmada pelo presidente da Frulact, João Miranda, que admite que “a única coisa que se pode apontar é a falta de carisma, de conseguir mover com o discurso, com um murro na mesa”.

Os estudos de opinião têm dado Manuel Caldeira Cabral como um dos ministros mais impopulares. Contudo, essa classificação ganhou outra leitura quando, no mês passado, o ministro da Economia continuou a ser o pior no estudo de opinião revelado pelo Expresso, mesmo depois da tragédia de Pedrógão Grande ter afetado Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, e o caso de Tancos ter abalado Azeredo Lopes, ministro da Defesa.

A única coisa que se pode apontar é a falta de carisma, de conseguir mover com o discurso, com um murro na mesa.

João Miranda

Presidente da Frulact

Tal popularidade contrasta com os números do crescimento económico que superaram as expectativas dos socialistas: a surpresa com os 2% no quarto trimestre de 2016, o crescimento de 2,8% no primeiro trimestre de 2017 e a manutenção do ritmo de subida do PIB nos 2,9% no segundo trimestre. Este último número, por exemplo, é o maior crescimento económico em 17 anos. E, ainda que beneficie de uma base baixa de comparação em 2016, é das melhores notícias que um ministro da Economia teve na mão para dar aos portugueses nos últimos anos.

Centeno e João Vasconcelos ofuscam Caldeira Cabral

Os próprios empresários contactados pelo ECO dão o mérito a Caldeira Cabral. Mas João Miranda reconhece que Portugal teve, “no passado, ministros da Economia muito populares”, o que já não tem acontecido ultimamente. Na última década, em parte por causa do programa de ajustamento, a importância do ministro da Economia foi passando para o ministro das Finanças: a atenção passou a estar no défice e na dívida pública. Foi o caso de Vítor Gaspar e de Maria Luís Albuquerque em relação a Álvaro Santos Pereira e a António Pires de Lima, respetivamente, o que também se verifica com Mário Centeno — o ministro das Finanças que contrasta por ser o membro do Governo mais popular.

À semelhança dos seus antecessores, também Caldeira Cabral não escapou a esse efeito e… às gaffes. Poucos meses após ter iniciado funções, quando aplicou o agravamento fiscal aos combustíveis previsto no OE2016, Caldeira Cabral apelou aos portugueses para não abastecerem em Espanha: “Temos de olhar com preocupação porque corresponde também a impostos que deixam de ser pagos em Portugal”, disse em março de 2016. As críticas não tardaram a chegar. Meses depois, no âmbito do OE2017, admitiu que “a progressividade [do IRS] poderá afetar as classes mais altas marginalmente”. Os estragos de Caldeira Cabral foram depois amparados por Centeno: “Em termos de IRS, as taxas não serão alteradas”, garantiu o ministro das Finanças.

Além de Mário Centeno, o presidente da Hovione, Peter Villax, aponta o nome de João Vasconcelos, ex-secretário de Estado da Indústria, como um dos fatores de retirada de protagonismo a Caldeira Cabral. “O sucesso do João Vasconcelos também é o sucesso do Caldeira Cabral, mas a verdade é que o secretário de Estado acabava por ter mais visibilidade e protagonismo que o ministro“, admite Villax, referindo-se à área das startups que teve o seu ponto alto na realização do Web Summit em novembro de 2016.

Discreto ou ousado? “É o menos político”, apontam empresários

Pouco depois de tomar posse, o próprio Caldeira Cabral admitia ao Público que não se via como um “intervencionista”. A sua prioridade está no contacto direto com os empresários. Em agosto de 2016, Caldeira Cabral confessava ao DN que “o carro do ministério já marca perto de 100 mil quilómetros”. O ministro da Economia tem percorrido Portugal de norte a sul e este é o seu principal argumento contra as críticas de ser um ministro “tímido”. “Acho que ousado e ambicioso não são contraditórios com tímido e discreto”, acrescenta na mesma entrevista. Caldeira Cabral chegou até a dizer que não tinha “uma máquina de propaganda”.

Esta forma de atuar do ministro leva os empresários a concluir que tem um perfil menos político, aponta o diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. Paulo Vaz compara-o ao ex-ministro da Economia de António Guterres, Daniel Bessa: “Os ministros menos políticos são mais expostos às movimentações políticas e geralmente são mais sacrificados, mas este caso é ainda mais estranho porque a economia está a funcionar, por mérito do Governo e fruto de uma conjuntura internacional positiva“.

Dá prioridade ao trabalho que faz e não tenta apregoá-lo.

Jorge Armindo

Presidente da Amorim Turismo

Paulo Vaz aconselha Caldeira Cabral a “capitalizar” os indicadores económicos — “o melhor que este Governo tem para apresentar”. “Caldeira Cabral criou um modelo de desenvolvimento económico a que este Governo se agarrou como alternativa à austeridade”, argumenta. Ainda assim, admite que o próprio ministro não esteja interessado num futuro de carreira política.

A mesma tese é apontada pelo presidente da Amorim Turismo, Jorge Armindo: “É o menos político do Governo”, classifica, referindo que a popularidade está ligada às notícias. Jorge Armindo diz que Caldeira Cabral, “apesar de estar a fazer um trabalho correto, não se exibe demasiado”. Ou seja, está “fora dos holofotes”, porque “não tem jeito para isso”. “Dá prioridade ao trabalho que faz e não tenta apregoá-lo”, argumenta, relembrando a velha máxima de que “à mulher de César não basta ser séria, tem de parecer”.

Já José Teixeira, presidente do grupo DST, que diz conhecer Caldeira Cabral, classifica-o como “sério e trabalhador”. “A economia está a funcionar e isso não pode ser dissociado do trabalho do ministro da Economia”, argumenta, referindo que há projetos em que “é preciso saber esperar para colher”. É por isso que José Teixeira é contra a saída do académico do Governo. Também João Miranda, presidente da Frulact, sai em defesa do ministro: “Tecnicamente não há nada a apontar ao ministro Caldeira Cabral, tem alinhado algumas políticas com as necessidades dos empresários, das empresas e da economia”, argumenta.

A economia está a funcionar e isso não pode ser dissociado do trabalho do ministro da Economia.

José Teixeira

Presidente da DST

E o que já fez Caldeia Cabral? Em quase dois anos já lhe passaram pelas mãos vários dossiers. Por exemplo, os fundos comunitários para as empresas. A meta logo no arranque da legislatura era fazer chegar cem milhões de euros às empresas nos primeiros cem dias de Governo. Caldeira Cabral foi conseguindo cumprir todas as metas sucessivas fixadas neste capítulo, mas os louros parecem recair no ministro do Planeamento, Pedro Marques, que tutela a maior parte dos fundos. Outro marco foi a conclusão do Programa Capitalizar que passou pela revisão do Processo Especial de Revitalização — um trabalho feito em parceria com a ministra da Justiça, Francisca Van Dunen — mas também a definição de apoios para ajudar as empresas a resolver um dos principais problemas que levou muitas a fechar portas.

Os números recordes das receitas do Turismo, a descida do IVA na restauração, a realização do Web Summit e a garantia de que o evento volta a Lisboa este ano parecem não ser suficientes para dar popularidade ao ministro.

Numa tentativa de ter mais exposição, Manuel Caldeira Cabral tem apostado na mensagem que passa para o exterior. A entrevista mais recente foi ao El País, mas já passou por diversas vezes na Bloomberg, foi entrevistado pelo jornal alemão Handelsblatt, esteve presente em Davos e em outros encontros internacionais.

Em Portugal, a olhar para os estudos de opinião, a mensagem não tem chegado aos portugueses. Falta saber se o ‘patinho feito’ se transforma em ‘cisne’, evitando a saída do Executivo antes das eleições legislativas de 2019.

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Prova dos 9: A austeridade acabou como diz Caldeira Cabral?

O conceito é usado pelos políticos, mas os economistas têm dúvidas da sua utilidade. O Governo diz que acabou. Direita e esquerda garantem que continua. O ECO reuniu indicadores que dão pistas.

“Rigor” tem sido uma das palavras mais usadas por Mário Centeno em conferências de imprensa sobre o défice e as finanças públicas. Já a palavra “austeridade” está longe do seu dicionário, a não ser que seja para dizer que acabou. Ainda antes de chegar a ministro das Finanças, em novembro de 2015, o então deputado socialista dizia que “a austeridade em Portugal chegou ao fim”. A frase era dita por Centeno ao jornal El Español onde se referia aos “impostos elevados” e aos “cortes transversais” do último Governo.

Quase dois anos depois, é a vez do ministro da Economia anunciar ao El País: “Acabámos com a austeridade”. Mas o problema inicial está na nomenclatura que começou a ser usada com a chegada da troika. O que é a austeridade? A questão divide a esquerda e a direita. Num sentido mais literal, pode-se dizer que é a “característica do que é austero”, semelhante a “rigor” ou “severidade”. Ao ECO, o professor de Economia, Luís Aguiar Conraria, admite que o termo é “político”: “Não é uma estatística económica que seja bem definida“, defende.

Com esta ressalva, o ECO foi à procura de vários indicadores que mostram a evolução do Estado na sua relação económica com os cidadãos.

A afirmação

“Libertámos a economia das amarras da austeridade. Acabámos com a austeridade e adotámos uma política moderada e responsável, devolvemos rendimentos a trabalhadores e pensionistas e assegurámos que os cidadãos não teriam mais cortes. Assim se recuperou a confiança dos portugueses e dos investidores.”

As explicações

Carga fiscal

A carga fiscal é dos conceitos que mais polémica suscita na discussão política. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, “o conceito de carga fiscal define-se pelos impostos e contribuições sociais efetivas (excluindo-se, portanto, as contribuições sociais imputadas“. Resta então somar os impostos sobre o rendimento e património, os impostos sobre a produção e importação e as contribuições sociais efetivas, excluindo as “contribuições sociais imputadas dos empregadores”.

No primeiro ano completo do atual Governo, a carga fiscal diminuiu duas décimas. O dado foi revelado pelo INE: em 2016 a carga fiscal fixou-se nos 34,4%, face aos 34,6% registado em 2015. Comparado com o primeiro ano do Governo PSD/CDS, a diminuição de 2011 para 2012 até foi superior, dado que caiu cinco décimas. Contudo, logo a seguir, em 2013, com o “enorme aumento de impostos” anunciado por Vítor Gaspar, a carga fiscal subiu 2,3 pontos percentuais para 34,1%.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Eis o que aconteceu no ano passado: a receita dos impostos indiretos aumentou, a dos impostos diretos diminuiu, a das contribuições sociais cresceu — o que resultou num aumento total da receita com impostos e contribuições sociais de 2,5%. Contudo, o PIB nominal cresceu acima desse valor (3%), o que resultou numa queda ligeira da carga fiscal.

Para este resultado contribuiu a queda do peso da tributação direta, dado que no ano passado os escalões do IRS foram atualizados, a extinção gradual do corte nas pensões milionárias e a suavização da sobretaxa do IRS. Por outro lado, as contribuições sociais aumentaram dado o desempenho mais positivo do mercado de trabalho.

Apesar da descida do IVA nos restaurantes a partir da segunda metade do ano, os impostos indiretos conseguiram gerar mais receita graças à compensação noutros itens como o do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP) e o imposto sobre o tabaco. Para 2017 o Governo promete uma redução de 0,1 pontos percentuais para os 34,1%.

Receita dos impostos diretos:

  • Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares – IRS (-3,8%)
  • Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas – IRC (-0,1%)
  • Outros impostos diretos (16%)

Receita dos impostos indiretos:

  • Imposto sobre Produtos Petrolíferos e Energéticos (11,1%)
  • Imposto sobre Veículos (17,5%)
  • Imposto sobre o Tabaco (9,3%)
  • Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (15,3%)
  • IABA – Imposto sobre o Alcool e as Bebidas Alcoólicas (11,7%)

Em 2017 este caminho continuou. Os impostos indiretos continuaram a aumentar — por exemplo, o adicional ao IMI –, mas também acentuou-se a devolução de rendimentos, principalmente com a extinção gradual da sobretaxa do IRS e o aumento extraordinário das pensões. Para 2018, o que veio a público das negociações do Orçamento indicam a mesma trajetória com o alívio fiscal nos escalões do IRS, por exemplo.

A despesa e o défice

A execução orçamental do ano passado já o indiciava, mas o relatório do INE sobre o défice de 2016 confirmou: a despesa pública desceu com os cortes no investimento, apesar de a despesa corrente ter subido. Ou seja, apesar de a reposição dos salários das administrações públicas e as prestações sociais terem feito aumentar a despesa, o investimento público caiu 22% e compensou esse efeito. Feitas as contas, a redução da despesa pesou mais na redução do défice do que o aumento da receita.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

Um dos principais argumentos da direita é que a austeridade entre 2011 e 2015 reduziu de forma significativa o défice, além de estar sob um programa de ajustamento externo. De 2015 para 2016, o défice diminuiu 0,91 pontos percentuais de diferença, o que se traduz em 1.519 milhões de euros.

Partidos à esquerda do PS e direita concordam

À esquerda também há quem rejeite a tese de que a austeridade acabou. Foi o caso de Carvalho da Silva, ex-líder da CGTP, em fevereiro deste ano. Mas também de Catarina Martins, em abril, quando argumentava que “não foram criadas” para a austeridade acabar. Em entrevista ao i, a líder do BE dizia apenas que o empobrecimento do país parou.

À direita, ainda em agosto, Assunção Cristas afirmava que o adicional ao IMI (AIMI) é a “prova dos nove da austeridade” deste Governo. Em abril, Passos Coelho garantia que “ainda há muita austeridade disfarçada” e que “a austeridade pode hoje ter uma feição diferente”. No debate do Estado da Nação chegou mesmo a dizer que “a máscara do fim da austeridade caiu”.

É também nesta união invulgar entre esquerda e direita que se vê o quão lato este conceito é. Aguiar Conraria resume: se a austeridade é cumprir as metas de défice e uma contenção de despesa, esta existe; se austeridade for cortes de pensões e salários de funcionários públicos, esta deixou de existir.

A elasticidade do termo pode trazer para a discussão diversos indicadores e argumentos. O professor de Economia refere que “tudo o que o Governo fez e que este reverteu, reverteu em troca de alguma coisa: ou aumento dos impostos indiretos ou de cativações”.

Por outro lado, “o que indicia que a austeridade diminuiu é que o ritmo de redução do défice diminuiu”. Aguiar Conraria recorda que o défice passou de 10% para 3% entre 2011 e 2015, se excluído o efeito do Banif neste último ano. Comparado com o percurso anterior, “não é nada especial”, classifica.

Já no que toca à carga fiscal, Aguiar Conraria tem mais dúvidas — “quando se fala de duas décimas estamos a discutir algo que cai dentro da margem de erro… manteve-se estável“, argumenta.

Prova dos Nove

Por causa da dificuldade em definir o conceito, a resposta só pode ser “depende”. Depende essencialmente da perspetiva com que se olha para a realidade. A despesa, por exemplo, continua a ser vigiada de forma apertada. Houve devolução de rendimentos, mas os impostos indiretos aumentaram. O investimento público, por exemplo, afundou. Conta para avaliar a austeridade? Depende, mais uma vez. Mas há um facto: a palavra austeridade saiu do vocabulário da atual solução governativa, a não ser para anunciar o seu desaparecimento.

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Autoeuropa: Governo reuniu-se com a Volkswagen

  • Lusa
  • 3 Setembro 2017

Os trabalhadores da Autoeuropa cumpriram na quarta-feira um dia de greve, a primeira paralisação por razões laborais. O Governo reuniu-se com o grupo Volkswagen.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse este domingo à Lusa que o Governo tem “estado em contacto” com as duas partes no impasse que vigora na Autoeuropa, informando ter-se também reunido com o presidente executivo (CEO) da Volkswagen.

Em declarações à margem de uma visita a Vila Nova de Gaia para assistir a último dia da prova de acrobacia de aviões Red Bull Air Race, a decorrer num circuito desenhado no rio Douro, o governante negou que da parte da tutela esteja a haver um silêncio estratégico.

“O Governo tem estado atento e em contacto com as duas partes. Estive em Milão com o CEO da Volkswagen para lhe transmitir que este é um investimento muito importante e no qual o país está empenhado“, disse. Neste cenário, Manuel Caldeira Cabral defendeu que se deve tentar “conseguir encontrar uma posição comum entre a administração da empresa e os interesses da administração e as reivindicações naturais dos trabalhadores”.

“Penso que é nesse sentido que a administração está a trabalhar, com sentido de responsabilidade, a mesma com que os trabalhadores estão a tentar encontrar uma plataforma de entendimento para que haja paz social”, acrescentou. No seu entender, essa paz social “tem sido uma marca desta empresa e uma marca que reforçou muito a atração deste investimento”.

Por isso, mostrou “certo de que em investimentos futuros a Volkswagen vai continuar a apostar nesta fábrica”. Mantendo o otimismo em relação ao diferendo na fábrica de produção de automóveis de Palmela (distrito de Setúbal), o ministro reafirmou que “vai ser possível encontrar uma solução”.

Os trabalhadores da Autoeuropa cumpriram na quarta-feira um dia de greve, a primeira paralisação por razões laborais na fábrica de automóveis do grupo Volkswagen. A greve foi marcada após a rejeição de um pré-acordo entre a administração e a Comissão de Trabalhadores (que apresentou a demissão e convocou eleições para 3 de outubro), devido à obrigatoriedade de os funcionários trabalharem ao sábado, como está previsto nos novos horários de laboração contínua que serão implementados a partir do próximo mês de novembro.

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Ministro da Economia acumula pasta da Indústria

  • Lusa
  • 11 Julho 2017

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, disse que vai assumir a pasta do secretário de Estado da Indústria demissionário, João Vasconcelos.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, afirmou esta terça-feira que vai assumir a pasta do secretário de Estado da Indústria demissionário João Vasconcelos, “em conjugação com os secretários de Estado” daquela tutela.

Questionado pela Lusa, à margem da apresentação e debate do estudo EY Atractiveness Survey, sobre se vai assumir a pasta da secretaria de Estado da Indústria, Manuel Caldeira Cabral disse aos jornalistas: “É óbvio que será sempre o ministro a assumir todas as pastas do seu ministério, em conjugação com os secretários de Estado”. O governante acrescentou ainda: “Neste momento o secretário de Estado ainda está em funções e está a trabalhar comigo nesse sentido”.

Os secretários de Estado da Indústria, João Vasconcelos, dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, e da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, pediram no domingo a exoneração dos cargos, após terem requerido ao Ministério Público a constituição como arguidos no processo de investigação às viagens dos governantes a França, a convite da Galp Energia, para assistirem a jogos do Euro 2016. Entretanto, na segunda-feira, a Procuradoria-Geral da República informou estarem em curso diligências para a constituição como arguidos dos três secretários de Estado exonerados (Internacionalização, Assuntos Fiscais e Indústria).

Empresas estrangeiras têm “um interesse crescente” e “positivo” em Portugal

Questionado sobre se as empresas estrangeiras mantêm interesse em investir em Portugal, Manuel Caldeira Cabral afirmou que os resultados que tem tido, no âmbito das viagens de diplomacia económica e de promoção do país em todo mundo, é de que existe “um interesse crescente” e “positivo”.

“Quando entrámos para o Governo ainda havia muitas perguntas sobre a situação do país, hoje em dia o que nos perguntam é em que setores podemos investir, onde é que estão as oportunidades, quem é que podemos contactar”, afirmou o governante. “O que encontramos, de facto, em todo o mundo é um interesse grande de investir em Portugal, de trabalhar com as empresas portuguesas, de encontrar em Portugal parceiros e é isso em que estamos a trabalhar”, continuou.

Manuel Caldeira Cabral sublinhou a rota direta entre Portugal e China, país de onde tem vindo “muito investimento” para Portugal, recordando que também está a ser trabalhada a rota direta para o Japão, que tem grandes empresas a marcar presença no mercado português.

“Estamos a trabalhar em criar melhores ligações, não só melhores ligações aéreas, mas principalmente melhores ligações de negócios, trabalhando em conjunto com a AICEP [Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal], trabalhando em Portugal na melhoria das condições de inovação”, prosseguiu, sublinhando que o programa Startup Portugal deu “um impulso muito grande à capacidade das empresas portuguesas se afirmarem internacionalmente”.

O governante sublinhou que as empresas internacionais têm demonstrado “um interesse em investir em Portugal, investir em áreas cada vez mais tecnológicas, em áreas cada vez mais exigentes, mais sofisticadas, e que também criam melhores empregos e empregos mais bem remunerados para os jovens portugueses”.

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Exportações portuguesas com melhor desempenho que as exportações alemãs? Depende do ano de comparação

O desempenho das exportações portuguesas deverá superar o das exportações alemãs em 2017. Mas isso não tenha acontecido já, segundo Caldeira Cabral? A resposta depende do ano usado como base.

As exportações portuguesas deverão registar um desempenho superior às alemãs entre 2000 e 2017. É essa, pelo menos, a previsão da OCDE. Mas isto já não tinha acontecido, segundo o ministro da Economia? Tudo depende da perspetiva: Caldeira Cabral usou uma base de comparação diferente da OCDE. A Organização usa como base o ano de 2000. Já o Ministério da Economia usa 2005, ano a partir do qual, segundo o gabinete de Caldeira Cabral, a evolução das exportações portuguesas foi superior ao das exportações alemãs.

O ponto de partida da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico é o ano de 2000. Tendo essa base, o desempenho das exportações portuguesas nos últimos 16 anos não foi superior ao das exportações alemãs, segundo os dados do Economic Outlook divulgado esta quarta-feira pela OCDE. Contudo, a OCDE estima que isso vai mudar em 2017 e 2018, anos em que prevê que o desempenho das exportações de Portugal supere o da Alemanha na comparação com a base de 2000.

As exportações portuguesas passarão assim a ter um desempenho superior ao das exportações alemãs este ano. Mas isto já não tinha acontecido? A 19 de maio, o ministro da Economia já tinha apontado para este resultado: “Portugal teve nos últimos dez anos uma performance das suas exportações superior à da Alemanha”. Tudo depende do ano usado como base de comparação.

Ao ECO, o Ministério da Economia explicou que essa afirmação tem como base o ano de 2005, um gráfico semelhante divulgado recordando a OCDE em fevereiro deste ano. Nessa comparação, segundo o gabinete de Caldeira Cabral, o desempenho das exportações portuguesas ultrapassa o desempenho das exportações alemãs a partir desse ano. “Se mudarmos a base 100 para o ano 2005, Portugal tem um desempenho das exportações, a partir desse ano muito superior à Alemanha e a qualquer outro país que está no gráfico”, esclarece o Ministério da Economia.

Este indicador da OCDE mede o aumento das exportações de Portugal em relação ao aumento da procura de importações nos respetivos parceiros comerciais. Ou seja, estes resultados refletem a evolução das quotas do mercado face a evolução das importações dos parceiros comerciais. Enquanto a comparação feita pela OCDE tem como base o ano de 2000, a comparação feita por Caldeira Cabral tem como base o ano de 2005, produzindo assim conclusões diferentes.

Portugal tem beneficiado de forma significativa da globalização.

OCDE

Economic Outlook 2017

No mesmo relatório divulgado esta quarta-feira, a OCDE escreve que “Portugal tem beneficiado de forma significativa da globalização”, referindo que as exportações cavalgaram a sua importância no PIB, passando o seu peso de 27% para 40%. A Organização prevê que o volume das exportações irá continuar a aumentar “fortemente” dado que continuará a haver melhoria do lado da competitividade.

“Uma recuperação [económica] mais forte do que o esperado nos parceiros comerciais de Portugal pode levar a um impulso maior nas exportações e no investimento do que está atualmente previsto”, aponta a OCDE.

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Marcelo aponta para revisão do rating português em setembro

O Presidente da República revelou que responsáveis internacionais elogiaram a evolução económica portuguesa, sinalizando que seria justa uma melhoria do rating da República.

O Presidente da República afirmou esta terça-feira que, se a economia continuar a evoluir como atualmente, é “justo” haver uma revisão do rating da República por parte das agências de notação financeira. Em visita ao Centro de Desenvolvimento do Hospital Garcia da Horta, em Almada, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que vários responsáveis internacionais elogiaram a evolução da economia portuguesa. Marcelo espera um reconhecimento desse crescimento principalmente pelas agências que têm a notação mais baixa.

“Ainda ontem estive nas conferências do Estoril e estavam lá responsáveis internacionais financeiros e europeus, e todos eles elogiavam a evolução económica portuguesa”, confessou o Presidente da República, acrescentando que “vários deles diziam — para não dizer todos — que esperavam que isso viesse a ser reconhecido pelas agências de rating, em particular por aquelas que têm a notação mais baixa”. Em declarações transmitidas pela SIC Notícias, Marcelo admitiu que essa revisão possa acontecer em setembro.

“Se a evolução [da economia] continuar a que tem sido, até setembro, parece justo haver aquilo que vai reforçar a confiança dos investidores na economia portuguesa”, afirmou o Presidente da República, assinalando a redução da taxa de desemprego, algo que está “consolidado”, mas pela qual é preciso esperar até final do ano para tirar conclusões. Marcelo Rebelo de Sousa disse esperar que o momento “francamente bom” da economia portuguesa continue, em termos de investimento, crescimento, exportações e de emprego.

Também esta terça-feira, António Costa argumentou que “é manifesto que a avaliação de hoje de Portugal é muito diferente da situação que era em 2011”, Na XXIX Cimeira entre Portugal e Espanha, em Vila Real, o primeiro-ministro defendeu que “manter a notação financeira hoje como se nada tivesse acontecido desde 2011 não faz muito sentido”. “Não há dado económico que não diga o óbvio: que o rating deve ser revisto”, concluiu.

A mesma visão foi partilhada pelo atual comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos. Em audição no Parlamento Europeu, em Bruxelas, Pierre Moscovici afirmou esta quarta-feira “que há boas razões de confiar mais em Portugal hoje, o que não era o caso no passado”. Quando o desempenho macroeconómico melhora, e é esse o caso, e quando as finanças públicas estão mais em ordem, mesmo que subsistam problemas de dívida que não podem ser subestimados, então não será ilógico que aqueles que avaliam a economia portuguesa se deem conta de que os riscos não podem ser olhados hoje com os óculos de ontem”, considerou Moscovici.

A esperança das instituições nacionais é que as agências de notação como a Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s atribuam à dívida do país um grau de investimento. Também o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, afirmou este domino que “os números do défice, do crescimento económico e do emprego este ano justificam, naquilo que é a análise normal dos ratings [avaliação], uma revisão”.

Esta possível revisão da notação financeira do país ainda este ano também foi sinalizada pelo deputado socialista João Paulo Correia, coordenador do PS na Comissão de Orçamento e Finanças, em entrevista ao ECO em abril: “Julgo que por altura do início do segundo semestre poderá ser o primeiro momento em que as agências de rating poderão fazer uma reclassificação da notação que dão ao nosso país”.

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“Portugal teve uma performance das exportações superior à da Alemanha”, diz Caldeira Cabral

  • Margarida Peixoto
  • 19 Maio 2017

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, identificou dois problemas estruturais e cinco oportunidades para a economia portuguesa.

Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, frisou dois problemas estruturais e cinco oportunidades para Portugal crescer.Paula Nunes / ECO 19 maio, 2017

“Portugal teve nos últimos dez anos uma performance das suas exportações superior à da Alemanha”, defendeu o ministro da Economia, Caldeira Cabral, esta sexta-feira, na conferência Portugal, from here to where, em Lisboa. É certo que partiu de um ponto muito inferior, mas evoluiu mais depressa, defendeu o ministro. Esta é apenas uma das cinco oportunidades identificadas por Caldeira Cabral, para o crescimento da economia portuguesa.

Caldeira Cabral alinhou “dois problemas estruturais importantes” que Portugal evidencia, e “cinco oportunidades que devemos aproveitar”.

Do lado dos problemas, o ministro sublinhou “a dívida e a demografia.” Para responder ao excessivo endividamento, o governante frisou o programa Capitalizar e destacou as “medidas fiscais, de financiamento”, os “instrumentos de acesso ao mercado de capitais para pequenas empresas” e os “instrumentos de reestruturação.”

No que toca à questão demográfica, reconheceu que é “importante e vai ter efeitos quer na Segurança Social, quer no crescimento económico da economia portuguesa.”

Caldeira CabralPaula Nunes/ECO

Mas para responder a estas questões estruturais, Manuel Caldeira Cabral destacou cinco oportunidades:

  1. Qualificações: “Ao mesmo tempo que temos uma quebra na natalidade, estamos a substituir uma geração que está acima dos 60 anos por uma geração mais nova com níveis de qualificação diferentes”, explicou o ministro. “A geração entre os 25 e os 35 tem qualificações que comparam bem com, por exemplo, a população alemã”, defendeu. Esta geração entrou no mercado de trabalho no meio de uma crise internacional muito grande e teve pouca oportunidade de demonstrar o seu potencial, frisou, adiantando que agora o fundamental é permitir que estes jovens ganhem condições para fazer a diferença.
  2. Sistema judicial: é preciso “mudar o funcionamento do sistema judicial para torná-lo mais ágil e mais rápido”, defendeu Caldeira Cabral, sublinhando que esta é uma área em que “Portugal tem potencial para melhorar.”
  3. Energia: Portugal é um importador líquido de energia, sublinhou o ministro. “Mas Portugal ser hoje um país escasso em energia é uma questão de tecnologia”, garantiu, frisando que foram licenciados já “200 milhões de euros de energia solar”, sem qualquer subsídio. “Nas próximas décadas, Portugal poderá tornar-se um país abundante em energia”, sublinhou Caldeira Cabral, notando que este é “um défice estrutural que pode ser corrigido.”
  4. Inovação: “Um dos grandes desafios é melhorar o sistema de inovação”, disse Caldeira Cabral. Para isso, o ministro destaca o Programa Interface, que visa reforçar a ponte entre as empresas e as universidades.
  5. Internacionalização: Este é um ponto em que Portugal tem empresas de grande qualidade, frisou o ministro, notando que as exportações já vêm a crescer desde a última década. “Portugal teve nos últimos dez anos uma performance das suas exportações superior à da Alemanha”, defendeu, admitindo, contudo, que a economia alemã partiu de um ponto muito diferente, “desde logo de um superavit para um superavit ainda maior.”

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Novo contrato de gás? Não vai precisar de inspeção

  • Lusa
  • 11 Maio 2017

O ministro da Economia assegura que "a segurança será totalmente assegurada". Continua a ser obrigatório uma inspeção de três em três anos.

O Governo vai eliminar várias obrigações relacionadas com a instalação de gás e eletricidade nos edifícios, que implicavam custos para os utentes, garantindo que com estas alterações, “a segurança será totalmente assegurada”.

O Governo aprovou esta quinta-feira os decretos-lei que estabelecem novos regimes de instalação de gases combustíveis e de eletricidade em edifícios, sendo que entre as medidas previstas está o fim da necessidade de aprovação do projeto de instalação de gás (que será substituída por termos de responsabilidade do autor do projeto) e a dispensa de realização de novas inspeções nas situações de alteração do contrato de gás ou de mudança de comercializador.

“Eram apenas formalidades, mas que causavam muitos problemas e custos adicionais aos utentes”, afirmou o o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, aos jornalistas, no ‘briefing’ que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros.

Caldeira Cabral disse ainda que estas medidas, que estavam previstas no programa de simplificação ‘SIMPLEX+ 2016’, “visam estimular a simplificação e a redução de custos para os utentes e para as empresas”, bem como “estimular maior concorrência, facilitando a alteração de comercializador sem exigir custos adicionais de inspeção e perda de tempo com esses aspetos”.

O ministro garantiu que com a eliminação destas formalidades deixam também de existir os custos associados para as famílias e as empresas: “No caso em que deixa de ser exigida [a inspeção], em caso de mudança de titular, ou quando há uma mudança de comercializador, significa que são custos que não vão ser reduzidos: vão mesmo desaparecer”, afirmou.

Caldeira Cabral garantiu ainda que, com estas alterações, “a segurança será totalmente assegurada”.

“O que está em causa é que as inspeções periódicas continuam a existir; passam de dois em dois anos para de três em três. Mas o que acontece é que, numa casa arrendada e que se mude o titular, se mudar ao longo desse período, isso não gera nenhuma razão adicional para uma inspeção, tal como alguém que a meio desse período mude de fornecedor, poderá fazê-lo sem que isso ponha em causa qualquer valor de segurança”, disse.

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Governo disponível para apoiar investimentos da empresa química Solvay

  • Lusa
  • 4 Maio 2017

Depois do desinvestimento, agora vem o investimento. A empresa belga de produtos químicos tem um projeto para atrair investimentos estrangeiros, garante o ministro da Economia.

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, manifestou hoje a disponibilidade do Governo para apoiar a empresa belga de produtos químicos Solvay, em Vila Franca de Xira, que pretende fazer mais investimentos em Portugal.

A intenção foi manifestada esta tarde após uma reunião do ministro da Economia com a administração da Solvay, na qual participou também o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro.

“Estamos a falar de uma empresa que há dois, três anos desinvestiu em Portugal, mas que agora apresenta um projeto para atrair investimentos estrangeiros”, explicou à Lusa o governante.

A administração da Solvay não quis dar pormenores sobre o projeto nem sobre o investimento necessário, mas segundo Manuel Caldeira Cabral este pode criar condições para que outras empresas ligadas ao setor químico se possam instalar nas áreas adjacentes.

Manuel Caldeira Cabral referiu que o Governo está disponível para ajudar a empresa a concorrer a apoios, nomeadamente ao nível do custo de energia e de incentivos fiscais.

“Apoiaremos não só esta empresa como todos os investimentos que poderão ocupar este espaço e adjacentes. Podem criar aqui novos polos de exportação e de criação de emprego. É esta a boa notícia”, sublinhou.

Em 2014 o grupo belga Solvay tinha anunciado que iria encerrar uma unidade da fábrica da Póvoa de Santa Iria, Vila Franca de Xira, no âmbito de um plano de reestruturação.

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Caldeira Cabral aponta para crescimento acima de 2% em 2017

O ministro da Economia admite que a previsão do Programa de Estabilidade para o crescimento económico é "prudente" e indica que a economia portuguesa possa crescer mais de 2% ainda este ano.

O ministro da Economia português afirmou, em entrevista à Bloomberg, que o crescimento económico de Portugal pode exceder os 2% este ano, superando a revisão em alta para 1,8% que o Governo fez no Programa de Estabilidade (PE) deste mês. “Estamos a assistir a uma aceleração do crescimento [económico] que nos faz esperar ter números que possam ir para lá dos 2%”, afirmou Manuel Caldeira Cabral esta quinta-feira. Ainda esta terça-feira, nas celebrações do 25 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa tinha pedido ao Governo maior criação de riqueza.

No Orçamento do Estado para 2017, preparado em outubro do ano passado, o Governo estimava um crescimento económico de 1,5%. Contudo, dado que a estimativa para 2016 (1,2%) acabou por se estabelecer nos 1,4% — e principalmente devido à aceleração da economia no quarto trimestre de 2016 –, o Governo acabou por rever em alta a previsão do crescimento económico em 2017 para 1,8%, o mesmo valor que tinha definido no primeiro Programa de Estabilidade deste Executivo de abril do ano passado. Ainda sem serem públicos os dados do PIB para o primeiro trimestre deste ano, Caldeira Cabral indica agora uma subida superior a 2%. No PE o Ministério das Finanças apontava para um crescimento acima de 2% apenas em 2020.

“Todos os dados sugerem que vamos ultrapassar as nossas metas para este ano”, respondeu o ministro da Economia, à Bloomberg, numa entrevista realizada em Lisboa. Caldeira Cabral classificou de “prudente” a meta para o Produto Interno Bruto definida no Programa de Estabilidade. Entre os argumentos do ministro da Economia estão os números das exportações e a habilidade do país para atrair investimento estrangeiro para as empresas, incluindo as do setor automóvel e imobiliário. Além disso, Caldeira Cabral vincou a crescente confiança dos consumidores que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, está em máximos de duas décadas.

O ministro da Economia está de tal forma otimista que disse não ver nenhuma razão para que as agências de rating não subam a classificação de investimento de Portugal, retirando-a do lixo. “Se fizerem a análise correta, [as agências de rating] verão que as condições em que Portugal está atualmente são muito melhores do que há dois ou três anos”, argumentou, referindo que “o peso da dívida do país está a decrescer, o crescimento económico está a ganhar ‘momentum’ e as exportações e o investimento estrangeiro estão também a subir”.

Sobre a situação política, Caldeira Cabral criticou quem diz muitas coisas sobre Portugal, referindo que António Costa conseguiu criar um “Governo moderado” e uma solução política “estável” para implementar políticas que “promovem o crescimento e, ao mesmo tempo, reduzem o défice” orçamental.

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Comércio internacional: As viagens de Marcelo, Costa e Caldeira Cabral

As exportações têm puxado pela economia portuguesa nos últimos anos. Mas existem pressões protecionistas a prejudicar o comércio internacional. Quais têm sido as apostas do país nas visitas oficiais.

Fotomontagem de Raquel Sá MartinsFotomontagem: Raquel Sá Martins

Em 2015 a economia portuguesa cresceu 1,6%. Em 2016, no total do ano, o PIB desacelerou ligeiramente crescendo 1,4%. No entanto, o quarto trimestre surpreendeu com a economia a acelerar novamente. Nos últimos anos o Produto Interno Bruto tem sido impulsionado pelas exportações com o saldo comercial a dar um contributo positivo. 2017 recebeu por arrastamento a aceleração do final do ano passado, mas terá desafios: mercados como o angolano já não são o que eram e a ligação ao Reino Unido e Estados Unidos — dois parceiros comerciais fulcrais — pode vir a deteriorar-se.

Esta sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa discute com os seus conselheiros de Estado a situação do comércio internacional. O Conselho de Estado contará com um convidado especial relacionado com o tema: o brasileiro Roberto Azevêdo, recentemente reconduzido como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), fará parte da discussão.

Numa altura em que a pressões protecionistas se acumulam em várias áreas do globo, têm sido várias as visitas oficiais ou de Estado que têm como objetivo desbravar terreno para consolidar as trocas comerciais. Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, acumulam já várias milhas nos seus passaportes. O ECO selecionou as principais viagens e os seus objetivos para perceber quais são as apostas dos atuais responsáveis políticos para Portugal.

1 – Índia

De todas as visitas, esta foi a mais badalada. O protagonista? António Costa, o primeiro chefe de um Governo ocidental com origem indiana. A Índia recebeu de forma pomposa o primeiro-ministro português de tal forma que havia cartazes espalhados pelo país, como se tratasse de um artista de música ou uma estrela de cinema. Entre as várias iniciativas, Costa e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, participaram num evento sobre startups. Em Goa, o primeiro-ministro encontrou-se com empresários de Bollywood para captar investimentos na área do cinema.

Apesar de o crescimento económico na Índia estar a abrandar, mesmo assim esta é uma economia emergente a crescer a mais de 7% ao ano. É até superior ao da China. Em 2015, Portugal exportou apenas cerca de 80 milhões de euros para a Índia. Os indianos foram o 46º cliente de Portugal e o seu 17º fornecedor. Já Lisboa era o 58º cliente de Nova Deli e o seu 106º como fornecedor. Além disso, as receitas provenientes de turistas indianos em Portugal na hotelaria ascenderam a 10,1 milhões de euros em 2015, uma subida de 97,8% face ao ano anterior. Isto resulta num saldo negativo da balança comercial de 350,3 milhões de euros para Lisboa.

Na Índia já operam empresas portuguesas como a Efacec, a Brisa ou a Visabeira. A ideia da visita foi reforçar as áreas do ambiente (saneamento, recolha de lixo e abastecimento de água), da defesa (a Índia é um dos principais compradores mundiais de armamento), ciência, turismo e de startups. O primeiro-ministro Modi, antes da visita, tinha destacado os vários setores onde as empresas portuguesas têm experiência útil, conhecimento e competências: áreas como a das “infraestruturas — especialmente na área das estradas, portos e vias navegáveis interiores –, a defesa, a energia (eólica, solar e hidroelétrica), as TIC e as startups, gestão de águas e resíduos, agricultura e processamento de produtos agrícolas, cooperação marítima, cinema, turismo e hospitalidade”.

As startups indianas marcaram forte presença na Web Summit, em novembro do ano passado. Na visita à Índia, o primeiro-ministro anunciou que o Governo português vai adotar um programa de facilitação de vistos destinado a jovens indianos, abrangendo universitários empreendedores em ‘startups’. Depois de assinado um memorando de entendimento entre a Start-up Portugal e a Start-up Índia, o primeiro-ministro deixou um apelo para que os jovens indianos tirem partido desta medida de facilitação de vistos. Além disso, o Governo irá avançar com a desburocratização administrativa para facilitar as relações entre os dois países no âmbito do Simplex+.

Em julho do ano passado, o ministro da Economia já tinha ido à Índia. Também nessa visita foi anunciado que a Índia escolheria Portugal como base europeia de negócios, não só pela ligação à União Europeia, mas também pela proximidade com os mercados africanos.

2 – China

Logo a seguir à Índia, a China é das economias que mais cresce atualmente: para 2017 a meta é de 6,5%. O país esteve em destaque no encontro de Davos deste ano com uma participação recorde. Xi Jinping foi o primeiro Presidente chinês a participar no Fórum Mundial, o que demonstra uma maior abertura perante o comércio internacional. Outro sinal foi o anúncio de que a China ia reduzir, rapidamente, em 2017, as restrições ao acesso de investidores estrangeiros. O investimento chinês em Portugal — até agosto de 2016 — excedeu os 6,6 mil milhões de euros, em setores que vão desde a energia, eletricidade, comunicação, aviação civil, bancos, seguradoras, cuidados de saúde, proporcionando oportunidades de emprego a mais de 21 mil pessoas.

Em fevereiro, Portugal passou a estar mais ligado à China: os produtos vindos de países de língua portuguesa vão ter direito a condições especiais de entrada no território chinês. A isenção de impostos alfandegários, acesso a uma linha de financiamento, uma estrutura logística que considera transporte, armazenamento, centros de exposição e distribuição, campanhas de marketing e organização de ações promocionais são algumas das medidas que integram a criação da zona livre de comércio para produtos dos países de língua portuguesa, apresentada em Tianjin, na China.

Ainda no final do ano passado, o Expresso noticiou que o Governo estava a preparar a criação de um fundo para atrair investimento estrangeiro por parte de países como a China, a Coreia do Sul ou os países do Golfo Pérsico para Portugal. Na visita que António Costa fez em outubro à China, o primeiro-ministro trouxe vários avanços na bagagem: uma parceria entre a NOS e a Huawei, uma ligação direta aérea entre Portugal e a China em junho deste ano, um memorando de entendimento com foco no empreendedorismo entre Portugal e Macau, um acordo para promover a vinda de empresas chinesas para a Zona Industrial e Logística de Sines e, finalmente, um interesse particular das autoridades chinesas na Base das Lajes, depois do desinvestimento feito pelos Estados Unidos.

Muito recentemente, o Ministério da Economia regressou à China para fazer um ‘pitch’ aos empresários chineses. O objetivo de Caldeira Cabral, presente no Boao Forum (o Davos asiático), era vender a imagem de que os portos portugueses são uma porta aberta para o mercado único da União Europeia. Ao contrário do que acontece noutros mercados, os chineses estão neste momento abertos a uma maior globalização, rejeitando o protecionismo que emerge em alguns países. “Não podemos ignorar que metade do crescimento no mundo está a acontecer na Ásia. A China, e também a Índia, são parceiros chave para o desenvolvimento mundial”, disse Caldeira Cabral, esta semana, em declarações à CGTN.

3 – Davos (Suíça)

No final de janeiro, a pequena cidade de Davos, na Suíça, voltou a ser invadida pelos mais importantes nomes políticos e económicos do mundo. Entre eles estiveram vários portugueses: António Guterres enquanto secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Horta Osório enquanto presidente executivo do Lloyds, António Costa enquanto primeiro-ministro, Manuel Caldeira Cabral enquanto ministro das Economia e João Vasconcelos enquanto secretário de Estado da Indústria. O evento serviu, tal como no passado, para projetar a imagem de Portugal no mundo como uma economia em recuperação.

Um desses casos foi o encontro entre o chefe do Governo português e a líder do Fundo Monetário Internacional. Christine Lagarde terá elogiado não só a consolidação orçamental mas também “a criação de emprego, o crescimento económico e a estabilização do sistema financeiro”. Depois do encontro, Costa revelou que a “primeira mensagem foi de congratulações” por Portugal ter tido “um resultado surpreendente para aquilo que eram as previsões iniciais do FMI”. Os encontros alargaram-se ao comissário europeu Carlos Moedas, ao presidente do Banco Europeu de Investimento e do mayor de Londres, Sadiq Kahn. Além dos políticos presentes, também os principais empresários portugueses estiveram no encontro, ao lado de investidores internacionais e potenciais clientes.

O ministro da Economia não aproveitou o encontro para convencer os executivos da Tesla a instalarem uma sede em Portugal, mas deixou uma garantia: a dívida portuguesa vai baixar. Manuel Caldeira Cabral teve na agenda várias reuniões previstas com empresários e empresas. Mas também reuniu com outros ministros da Economia de vários países, como é o caso do Canadá, Argentina e Arábia Saudita. “Este ano vamos a Davos com uma mensagem mais positiva, de um país que está a sair de um problema de défice excessivo, uma mensagem do país que teve no terceiro trimestre do último ano o melhor crescimento da União Europeia, uma mensagem do país que também está a desenvolver políticas de atração de investimento, políticas de apoio ao empreendedorismo e às startups”, revelou Caldeira Cabral antes da visita.

4 – Brasil

Em novembro do ano passado, Caldeira Cabral foi a São Paulo, onde assinou um memorando de cooperação para o desenvolvimento e internacionalização de startups com a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), o maior sindicato patronal do Brasil. Em declarações à Lusa, nessa altura, o ministro das Economia referiu que “num futuro próximo, poderemos ter empresas portuguesas desenvolvendo negócios interessantes no Brasil ou sendo apoiadas financeiramente pelas incubadoras que atuam aqui“. Caldeira Cabral prometeu ainda apoiar um evento de startups brasileiro, a Acelera, e trazer mais empresas inovadoras brasileiras à Web Summit nos próximos anos.

Em setembro, foi a vez de secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, ir a Belo Horizonte assinar um contrato entre o CEiiA (Centro de Engenharia e Inovação) e o Estado de Minas Gerais, cujo objetivo é a implementação do projeto mais avançado do Brasil na área dos veículos elétricos.

O Brasil é também um dos vários países onde Portugal está à “caça” de mais turistas. A Estratégia Turismo 2027 classifica o mercado brasileiro como um mercado com potencial de crescimento. Os turistas brasileiros têm uma despesa média elevada e baixa sazonalidade. O país esteve até presente na 29º edição da Bolsa de Turismo de Lisboa.

Em setembro, António Costa também esteve no Brasil, mas a visita foi mais focada no setor cultural, nomeadamente no Museu da Língua Portuguesa, e também nos Jogos Paralímpicos. Um depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter estado em Terras de Vera Cruz, o primeiro-ministro foi ao Brasil para lançar uma iniciativa de captação de investimento empresarial. “Portugal e o Brasil não se podem conformar com a relação económica que têm”, afirmou na altura à Lusa, referindo que “tem havido uma melhoria nos últimos 20 anos, mas ainda há muito para avançar”.

Já no verão, em julho, os dois países tinham celebrado o resultado de uma parceria a nível militar com a construção da aeronave KC-390, que vai ser usada no combate dos fogos florestais.

5 – Reino Unido

A meio de novembro do ano passado, cerca de cinco meses depois de o britânicos decidirem sair da União Europeia, o Presidente da República visitou o Reino Unido. Marcelo Rebelo de Sousa encontrou-se com a Rainha Isabel II, Theresa May, empresários e banqueiros. A comitiva do Presidente foi acompanhada por uma comitiva do Governo liderada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno. As preocupações na bagagem estavam relacionadas com o Brexit, nomeadamente as trocas comerciais, mas principalmente sobre a situação dos portugueses que vivem no país.

As autoridades portuguesas estão a confiar no passado histórico entre os dois países, mas tudo vai depender da forma como decorrerem as negociações entre o Reino Unido e a União Europeia. Na comitiva estava a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, mas também o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro. Ambos tiveram um encontro com Alan Duncan, o secretário de Estado britânico responsável pelos assuntos europeus mas também com os presidentes da comissão dos assuntos europeus da câmara dos lordes e da câmara dos comuns. A preocupação esteve centrada na situação da comunidade portuguesa no Reino Unido.

Pelos encontros que teve e pelo discurso de May, Margarida Marques interpretou, em declarações ao ECO em janeiro, a ambição britânica: “Não pretende o mercado interno, mas pretende um acordo comercial de livre circulação de bens, serviços e capitais com a UE. Por outro lado, propõe um outro acordo que tem a ver com a mobilidade das pessoas”. É que o Reino Unido acolhe mais de 200 mil emigrantes portugueses e o futuro destes cidadãos continua a ser incerto. A questão coloca-se ainda para as empresas que lá estão e para as exportações portuguesas, que têm sido um dos motores da economia: o Reino Unido é o quarto maior cliente e sexto fornecedor de comércio internacional de bens para Portugal.

O Presidente da República afirmou, nessa altura, que “o mundo muda, a Europa muda, mas as nossas relações bilaterais não mudam”. “Eu e o Governo português estamos profundamente empenhados nesta ambição nacional de captar investimento estrangeiro direto essencial para manter crescimento, empregos e desenvolvimento social e económico”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa, mantendo a aposta na “ancestralidade” das relações entre os dois países. Tudo vai depender da resposta à seguinte questão: o Reino Unido vai ou não manter o acesso ao mercado único europeu? Se as outras visitas tinham como objetivo a expansão, no caso dos britânicos Portugal tentou e tentará manter a relação benéfica para o saldo comercial.

A alegria de Moçambique e os problemas diplomáticos em Angola

Em ano e meio de Governo e um ano de Marcelo já foram muitas as milhas acumuladas. Além da Índia, China, Davos, Brasil e Reino Unido, as autoridades portuguesas já mantiveram contactos com outros Estados. Uma das visitas mais badaladas, apesar do seu teor económico ter sido menor, foi a do Presidente da República a Moçambique. A visita, em maio do ano passado, foi marcada por imagens de alegria, mas a situação política interna era de tensão. Com a crise financeira moçambicana em mente, Marcelo quer que haja investimento português em força para ajudar o país. Este é um mercado com 25 milhões de pessoas que, apesar de terem pouco poder de compra, está em desenvolvimento e pode ser aproveitado pelas empresas portuguesas, como é o caso da fábrica da Sumol+Compal.

Mais uma visita emblemática de Marcelo foi o encontro com Fidel Castro, em Cuba. Em outubro do ano passado, o Presidente da República, acompanhado por uma comitiva parlamentar, foi em visita de Estado a Havana e concluiu que este é “um momento único” para estreitar as relações económicas entre os dois Estados: “Há um clima favorável, há um diálogo reforçado, há uma empatia”, disse na altura. Este é mais um exemplo que se junta a muitas outras visitas: António Costa já foi a Cabo Verde, Alemanha, Grécia, Suécia e Marrocos, e Caldeira Cabral tem um passaporte recheado com visitas à Colômbia, Itália, Luxemburgo, Estados Unidos e Macau.

Um dos problemas das exportações portuguesas no último ano chama-se Angola. Mas o problema alargou-se ao âmbito diplomático, político e empresarial quando o Ministério Público constituiu arguido o vice-presidente angolano, Manuel Vicente. Em causa ficou logo de imediato a visita da ministra da Justiça ao país — que foi adiada –, mas também uma futura visita de António Costa. No final de fevereiro, o Jornal de Angola insistiu nas críticas a Portugal acusando o país de fazer uma “campanha orquestrada para denegrir a imagem de Angola”. O Estado português reiterou a disponibilidade do primeiro-ministro para fazer uma visita a Angola. A meio deste mês, a operadora de televisão por satélite angolana Zap, da empresária Isabel dos Santos, interrompeu a difusão dos canais SIC Internacional e SIC Notícias nos mercados de Angola e Moçambique.

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Caldeira Cabral: “Demissão de Dijsselbloem é o melhor para a Europa”

O ministro da Economia português diz que o presidente do Eurogrupo perdeu as eleições e não "deve tentar culpar os outros pelas suas próprias falhas".

O ministro da Economia português diz que Jeroen Dijsselbloem deve abandonar a presidência do Eurogrupo. “É o melhor para a Europa”, defende Caldeira Cabral, depois de o responsável pelo grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro ter dito que os países do sul da Europa, como Portugal, gastaram dinheiro em “bebidas e mulheres” durante o combate à crise das dívidas soberanas que afeta a região desde 2010.

A polémica em torno das declarações de Jeroen Dijsselbloem intensifica-se. Desde vez é Manuel Caldeira Cabral que vem defender a saída de Jeroen Dijsselbloem da liderança do grupo dos ministros das Finanças da Zona Euro. “Seria o melhor para a Europa e o melhor que poderia fazer”, refere o ministro da Economia português numa entrevista à Bloomberg. “Ele perdeu as eleições [na Holanda] e penso que não deve tentar culpar os outros pelas suas próprias falhas”, realça Caldeira Cabral.

Em causa está uma entrevista que Dijsselbloem concedeu ao Frankfurter Allgemeine Zeitung. Nomeadamente a parte em que o holandês sugeriu que os países que pediram ajuda financeira, casos de Portugal, Grécia, Espanha, depois de terem desperdiçado dinheiro em “bebidas e mulheres”. O ministro da Economia português diz que “não podemos deixar que o Eurogrupo seja dividido dessa forma e, por esse motivo, essa pessoa deve sair”.

António Costa também criticou duramente as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa. Diz que “numa Europa a sério, a esta hora Dijsselbloem já estava demitido”. O primeiro-ministro disse que “a Europa não se faz com Dijsselbloem’s”. Costa referiu-se ao atual presidente do Eurogrupo como um “lobo disfarçado de cordeiro”.

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