Dívida pública deve ficar acima da meta em 2021, mas abaixo em 2022

As Finanças prometem uma redução da dívida pública "sem precedentes" em 2021 e 2022, na ordem dos 13 pontos percentuais. E antecipam uma melhoria do rating de Portugal este ano.

Após cinco meses consecutivos de quedas do stock de dívida pública, o Ministério das Finanças anuncia que vai rever em baixa o rácio previsto para 2022, mas admite que o valor de 2021 deverá ficar ligeiramente acima do estimado no Orçamento do Estado para 2022. Em pré-campanha eleitoral, o gabinete de João Leão promete uma redução da dívida pública “sem precedentes” em 2021 e 2022, após ter disparado em 2020 para 135,2% do PIB por causa da crise pandémica.

Não é habitual o Governo rever previsões sem ser nos documentos oficiais — Programa de Estabilidade e Orçamento do Estado –, mas, em plena pré-campanha eleitoral, o Ministério das Finanças decidiu enviar um comunicado sobre o endividamento público para anunciar que em 2021 e 2022 “a dívida pública deverá atingir uma redução sem precedentes de mais de 13 pontos percentuais em resultado da forte recuperação económica”.

Porém, olhando para os números anunciados esta sexta-feira, nem tudo é uma melhoria. As Finanças escrevem que em 2021 o rácio da dívida pública, na ótica de Maastricht (a que interessa para comparações internacionais), ficará “na casa dos 127%”, acima dos 126,9% do PIB estimados em outubro quando o Orçamento do Estado para 2022, que viria a ser chumbado, foi apresentado.

Já para 2022, a previsão melhora dos 122,8% para os 122%, menos oito décimas. A explicação para esta revisão em baixa, segundo o comunicado, está no “programa de financiamento com a estratégia de gestão da dívida pública e a disponibilidade de fundos europeus subjacentes, em conjunto com as perspetivas mais recentes de crescimento económico”. Em causa está uma queda de cinco pontos percentuais em relação ao final de 2021.

Antes da pandemia, o rácio da dívida pública situava-se nos 116,6% do PIB.

Finanças antecipam melhoria do rating em 2022

O Ministério das Finanças escreve ainda que, com a redução em 2021 e 2022, “Portugal retoma assim a trajetória de redução da dívida que foi interrompida devido à pandemia”, o que vai levar a uma melhoria da notação financeira do país em 2022. “Temos confiança que este percurso deverá traduzir-se, este ano, numa melhoria do rating da República“, anuncia o gabinete de João Leão.

“Este resultado é prova do compromisso do Governo em assegurar a estabilidade e a credibilidade externa que o país conquistou nos últimos anos, fundamental para garantir a manutenção das melhores condições de financiamento para o Estado, para as empresas e as famílias”, lê-se ainda no comunicado, acrescentando que “desta forma, é possível continuar a reduzir o peso do serviço da dívida pública que os portugueses anualmente suportam”.

PS promete contas certas e quer baixar dívida pública para 110% do PIB

Na apresentação das linhas gerais do programa eleitoral do PS, os socialistas assumiram que as contas certas vieram para ficar e traçaram o objetivo de baixar a dívida pública para menos de 110% do PIB até ao final da legislatura (2026).

Temos de chegar a 2024 com uma dívida pública que não ultrapasse os 116% do PIB, o nível pré-pandemia, para que em 2026 o rácio esteja abaixo dos 110% do PIB, protegendo a credibilidade internacional do país”, afirmou Costa, revelando um dos objetivos do cenário macroeconómico subjacente ao programa eleitoral do PS e ao programa de Governo, caso vença as eleições como indicam as sondagens.

Segundo o primeiro-ministro, a redução da dívida pública, antes da pandemia, permitiu uma poupança anual de sete mil milhões de euros em juros para as famílias, empresas e Estado, em comparação com a fatura do serviço da dívida pública e privada em 2015.

Anteriormente, Mariana Vieira da Silva, um dos braços direitos de Costa tanto no Governo como no PS, tinha afirmado que o “objetivo das contas certas mantém-se e é reforçado”. “Não há oposição entre contas certas e crescimento económico“, argumentou a atual ministra da Presidência. E inaugurou o novo lema do PS: Depois de virar a página da austeridade, é preciso “virar a página da pandemia” em 2022.

(Notícia atualizada às 12h10 com mais informação)

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Pensões antecipadas de pessoas com incapacidade de 80% vão deixar de sofrer cortes

  • Lusa
  • 7 Janeiro 2022

Pensionistas com incapacidade de, pelo menos, 80%, 15 anos de carreira contributiva e idade igual ou superior a 60 anos vão deixar de ter cortes na reforma antecipada, mas só com novo OE.

A lei que antecipa a idade de pensão de velhice para pessoas com incapacidade de 80% ou mais foi publicada esta sexta-feira para entrar em vigor com o próximo Orçamento do Estado e ser regulamentada no prazo de seis meses.

Resultante de uma proposta legislativa de substituição do PS a projetos do BE, PCP, PEV e PAN, a lei cria um regime de antecipação da idade de pensão de velhice por deficiência para as pessoas que, cumulativamente, tenham idade igual ou superior a 60 anos, deficiência a que esteja associado um grau de incapacidade igual ou superior a 80% e pelo menos 15 anos de carreira contributiva constituída com a situação de deficiência e grau de incapacidade igual ou superior a 80%.

“Ao cálculo do montante de pensão atribuída não é aplicável o fator de sustentabilidade, nem a penalização [de 0,5% por cada mês ou 6% por ano] por antecipação da idade normal de reforma“, lê-se na lei publicada esta sexta-feira em Diário da República e que entra em vigor com o Orçamento do Estado subsequente à sua publicação.

Em 2021, o fator de sustentabilidade – que indexa o valor das pensões antecipadas à esperança média de vida – correspondeu a um corte de 15,5%.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou a antecipação da idade de pensão de velhice por deficiência em meados de dezembro, segundo nota publicada na página oficial da Presidência da República na Internet.

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Manual de cibersegurança para o gestor dormir bem à noite

Se é empresário ou gestor e o ataque informático ao grupo Impresa lhe tirou o sono, o ECO compilou várias dicas práticas que pode implementar já hoje para subir a fasquia aos potenciais atacantes.

Se o ciberataque à Impresa lhe tirou o sono, há coisas que pode fazer já hoje para dormir melhor à noiteMontagem por Lídia Leão/ECO

O ciberataque aos sites da SIC Notícias e do Expresso deixou muita gente perplexa esta semana. Não só por ter derrubado o arquivo de dois importantes canais de informação online, mas acima de tudo por mostrar que nem uma grande empresa é imune aos perigos que se escondem na internet.

Uma velha piada no meio tecnológico versa que existem dois tipos de empresas no mundo: as que já foram atacadas e as que não sabem que já foram atacadas. Em 2017, a então diretora-geral da Cisco Portugal, uma tecnológica, dizia ao ECO que a empresa bloqueava 20 mil milhões de ciberataques a cada dia. Quatro anos depois, deve travar bem mais.

Provavelmente, o ataque informático ao grupo Impresa marcou a atualidade pela exposição que teve. Afinal, a SIC Notícias e o Expresso, dois meios bem conhecidos no país, foram pura e simplesmente apagados da web. E não é preciso muita criatividade para imaginar a dimensão dos prejuízos que está a ter, não só pela perda de receita como pelo impacto reputacional.

Mas a verdade é que os ciberataques são recorrentes, mesmo em Portugal. Os especialistas confirmam-no, embora muitas vezes estes incidentes acabem varridos para debaixo do tapete, ou nunca assumidos pelas organizações. Ora, o ataque à Impresa, pelo mediatismo que tem tido, está a causar nervosismo no Portugal corporativo, tirando o sono a muitos gestores.

Se é o seu caso, preste atenção a estas dicas recolhidas junto de especialistas. O propósito deste guia é o de lhe mostrar o que pode fazer já hoje na sua empresa, de forma prática e objetiva, para que tenha uma noite mais descansada.

1ª Dica: Quanto menos privilégios, melhor

Dois peritos em cibersegurança contactados pelo ECO estão de acordo quanto à importância de as empresas manterem o “mínimo de privilégio possível” nos acessos aos seus sistemas.

Muitas empresas que operam em ambientes mais digitais atribuem contas de utilizador aos funcionários. É importante que cada trabalhador só tenha permissões para as funções necessárias ao desempenho das tarefas que lhe são atribuídas.

“Quanto menos permissões, mais limitado fica o alcance de um ataque”, explica Hugo Nunes, da S21Sec, uma empresa especializada em cibersegurança: “Se uma pessoa só precisa de ir a um determinado sítio, vai-se construir um guia para essa pessoa só conseguir ir a esse sítio e não ir para as plataformas ao lado.”

Por outras palavras, o Pedro do economato não deve ter permissões de acesso ao sistema de faturação, da mesma maneira que a Maria programadora não deve poder consultar as fichas dos colegas.

Outra praga são as contas zombie, de pessoas que já nem sequer estão na empresa, ou outros acessos criados para projetos temporários que “continuam lá para sempre”, alerta o especialista.

Tarefa:

Faça uma análise aos perfis de acesso ao sistema informático da sua empresa. Elimine permissões desnecessárias, redundantes ou obsoletas. Garanta que cada funcionário só tem os privilégios digitais necessários para poder trabalhar. É melhor manter os acessos reduzidos, aumentando-os temporariamente quando for necessário.

2ª Dica: A autenticação em dois passos é obrigatória

É dos conselhos mais importantes para Marc Rivero López, especialista da Kaspersky, outra empresa de cibersegurança que comercializa um conhecido antivírus com o mesmo nome: ligar sempre, mas mesmo sempre, a autenticação a dois passos.

“Os utilizadores precisarão de uma combinação de nome de utilizador e palavra-passe, mas também de um código temporário que pode ser recebido por SMS ou definido por uma aplicação que gere códigos temporários”, explica o perito.

Através da autenticação a dois níveis, o utilizador que se queira ligar ao sistema precisa de uma coisa que só o proprietário da conta deve saber, mas também de uma coisa que só ele tem. Geralmente, o primeiro nível é a senha de autenticação e o segundo nível é o telemóvel, que recebe um segundo código temporário via SMS.

Hugo Nunes, da S21sec, vai um pouco mais longe. Sinalizando que as pessoas são “os elos mais fracos” das empresas (do ponto de vista da cibersegurança, claro), o especialista desaconselha “a utilização de passwords fracas” ou “da mesma password” para vários sistemas.

Tarefa:

Garanta que todos os utilizadores com acesso à infraestrutura informática da sua empresa têm ativada a autenticação a dois passos. Se possível, torne-a tecnicamente obrigatória. Alguns sistemas permitem fazer o logout de todas as contas em simultâneo, ou até forçar a alteração da senha de acesso a cada mês, por exemplo.

3ª Dica: O computador só serve para trabalhar

Para Hugo Nunes, no contexto do teletrabalho, o computador que cada funcionário leva para casa deve “ser um equipamento exclusivo para o trabalho”.

Além disso, as contas de utilização regular, como as do Windows, não devem ter permissões de administrador (o que impede a instalação de programas e a execução de certos ficheiros, duas das vias de ataque mais comuns).

Tanto Hugo Nunes como Marc Rivero López consideram essencial que os sistemas sejam atualizados com regularidade, dado que esses pacotes, muitas vezes, servem para corrigir vulnerabilidades de segurança que vão sendo descobertas pelos fornecedores.

Atualizado também deve estar o antivírus, diz Hugo Nunes. Aliás, deve ser atualizado automaticamente e é recomendável que exista “uma monitorização sobre esse equipamento, para perceber se a pessoa carregou onde não devia, descarregou um ficheiro com um comportamento anormal”, entre outros comportamentos de risco. “Nunca no aspeto de monitorizar o que a pessoa está a fazer, mas sim no aspeto de se assegurar que o negócio está seguro”, acrescenta.

Os computadores de trabalho não devem ter instalado software que não seja necessário. Quanto mais software, maior é o perímetro de ataque.

Por fim, reforme o mais rapidamente possível aqueles sistemas pré-históricos que ainda usa na sua organização.

Questionado sobre o que deve um gestor fazer se a empresa ainda usa o antigo Windows XP, Hugo Nunes é perentório: “É um risco que tem consequências. Hoje em dia, Windows XP já nem é uma equação — é uma porta aberta” para atacantes, remata.

Tarefa:

Se a sua empresa atribui um computador a cada funcionário, desenvolva uma política de utilização do mesmo e explique-a aos trabalhadores. Impeça a utilização do computador para fins pessoais. Prefira sempre as atualizações automáticas, desligue as permissões de administrador no sistema operativo e, na volta, desinstale qualquer programa de que o trabalhador não necessita. O mesmo se aplica a si, que está tão ou mais exposto ao risco de servir de porta de entrada aos atacantes. Faça um plano para substituir sistemas antigos e/ou obsoletos.

4ª Dica: Esqueça o Wi-Fi grátis

Os especialistas não recomendam a utilização de redes Wi-Fi públicas ou abertas, uma vez que o tráfego pode não estar protegido e ser intercetado por terceiros.

Se tem por hábito viajar em trabalho para o estrangeiro, esqueça a rede do aeroporto. E se não houver alternativa, paciência.

Há, contudo, formas de mitigar o risco. “A tecnologia de hoje permite às empresas protegerem os computadores mesmo se não estiverem conectados à rede da empresa”, explica o responsável da Kaspersky.

Três letras: use VPN. Conhece? “É como um túnel seguro que se estabelece do ponto A ao ponto B, onde todo o tráfego é cifrado e e está seguro”, diz Marc Rivero López, quando questionado como explica o que é uma VPN, Virtual Private Network, aos seus amigos.

Existem empresas que fornecem este tipo de serviço, mas também pode indagar junto da operadora que fornece a internet à sua empresa.

“Se está a dar acesso à rede interna da empresa, algum nível de segurança tem de assegurar, senão é uma porta de entrada. Esses níveis de segurança, muitas vezes, são prestados” por operadoras, diz Hugo Nunes.

Tarefa:

Se está em trânsito, opte por um hotspot privado para aceder à internet, ou partilhe a rede do seu telemóvel. Forme e informe os seus trabalhadores para que façam o mesmo. Evite sempre as redes públicas e gratuitas e pondere adotar um serviço de VPN.

5ª Dica: Faça o bendito backup (e teste-o com regularidade)

Backups? É obrigatório”, diz ao ECO o especialista da S21sec. Se devem estar em suporte físico ou na cloud, isso é consigo, desde que “esteja confortável com o risco do tempo de recuperação e o risco de destruição de dados”, explica Hugo Nunes.

Regra geral, as cópias de segurança armazenadas na cloud podem permitir recuperações mais rápidas em caso de ciberataque, mas podem elas próprias ser apagadas ou comprometidas pelos atacantes. Pelo contrário, em linhas gerais, cópias de segurança mantidas offline são teoricamente mais seguras, mas também podem resultar em tempos de recuperação mais elevados (e lembre-se: no caso de ciberataque, durante esse tempo, o seu negócio pode estar parado).

“Os backups têm de estar separados da rede de produção, porque se o atacante tem acesso à rede, não pode ter acesso aos backups. É algo que eles [os atacantes] procuram sempre”, avisa o perito.

Além dos backups, também os testes de recuperação são essenciais. Não seria o primeiro caso de alguém que, no momento do desastre, sorri por ter feito uma cópia dos dados, mas descobre depois que a informação, afinal, estava corrompida.

É boa ideia definir um “plano de recuperação de desastre cibernético” e simular o que faria se se visse na mesma situação do grupo Impresa. Regularmente, teste a integridade das cópias de segurança e prepare-se para o pior cenário que consiga imaginar. Não basta as habituais simulações de incêndio ou terramoto.

Tarefa:

Certifique-se de que existem cópias de segurança de todo o sistema informático da sua empresa e de todos os dados, especialmente os mais sensíveis. Confirme com regularidade se essas cópias de segurança estão funcionais e prontas a entrar em ação caso enfrente um ciberataque. Desenhe um plano de recuperação de desastre cibernético e simule como recuperaria a empresa se sofresse um apagão digital.

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Dois anos depois, Portugal Ventures volta a ter presidente

Rui Ferreira sobe à presidência da capital de risco pública, ocupando um lugar vago desde a saída de Rita Marques para o Governo. Teresa Fiúza, ex-diretora do BES, é recrutada no Montepio.

Dois anos depois da saída de Rita Marques para secretária de Estado do Turismo, no início do segundo governo liderado por António Costa, a Portugal Ventures (PV) volta a ter um presidente em funções. A engenheira eletrotécnica que em abril de 2018 sucedera a Celso Guedes de Carvalho na liderança da capital de risco pública, tem como sucessor Rui Ferreira, confirmou ao ECO fonte oficial.

O novo conselho de administração entrou em funções no início deste ano, na sequência da nomeação por parte da assembleia geral de acionistas e é composto por três elementos. Além de Rui Ferreira, que era até agora vice-presidente executivo, Pedro de Mello Breyner mantém-se como vogal neste novo ciclo, que se estende até ao final de 2013. Outra novidade é a entrada de Teresa Fiúza para vice-presidente da PV, que em 2021 investiu quase 13 milhões de euros em 70 empresas.

Rui Ferreira (presidente), Teresa Fiúza (vice-presidente) e Pedro de Mello Breyner (vogal) compõem a nova administração da Portugal Ventures

Licenciada em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE e com MBA com especialização em Marketing pela Católica Lisbon, a gestora de 49 anos estava até agora no Montepio, onde nos últimos quatro anos integrou a comissão de acompanhamento do fundo de pensões. Experiente nas áreas de banca e crédito especializado, foi diretora do Banco Espírito Santo até à queda de Ricardo Salgado e à resolução da instituição financeira, em 2014.

Numa mensagem dirigida aos stakeholders, publicada numa newsletter a que o ECO teve acesso, os novos administradores afirmam estar “conscientes dos desafios que [os] esperam nos próximos dois anos na condução dos destinos da sociedade” que agora pertence ao Grupo Banco Português de Fomento e que em 2022 completa dez anos de existência.

"Estamos conscientes dos desafios que nos esperam nos próximos dois anos na condução dos destinos da sociedade.”

Rui Ferreira, Teresa Fiúza e Pedro de Mello Breyner

Administradores da Portugal Ventures

Desde 2012, a Portugal Ventures calcula já ter investido 171 milhões de euros em mais de 180 novas empresas. Tem atualmente sob gestão 184 milhões de euros e mais de 140 empresas no portefólio. Investe em startups que criam soluções inovadoras, com capacidade de internacionalização, nas áreas de Digital, Engenharia & Indústria, Ciências da Vida e Turismo, nas fases pre-seed, seed e series A.

“O novo Conselho de Administração, que agora inicia funções, assume o compromisso, no arranque de um novo ciclo da vida da Portugal Ventures, de continuar a trabalhar lado a lado com as empresas do nosso portefólio, com as suas equipas, os nossos parceiros, no sentido de contribuir para o fortalecimento do empreendedorismo e da economia portuguesa”, acrescenta a missiva assinada por Rui Ferreira, Teresa Fiúza e Pedro de Mello Breyner.

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Ex-ministro Azeredo Lopes absolvido no caso Tancos. Cabecilha do assalto condenado por terrorismo

O antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, foi absolvido de todos os crimes de que estava acusado no caso Tancos. João Paulino e Hugo Santos condenados pelo crime de terrorismo.

O juiz Nelson Barra decidiu absolver o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, de todos os crimes de que estava acusado no caso Tancos – denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal. Três arguidos foram condenados pelo crime de terrorismo, entre eles, João Paulino. Na leitura da decisão, que decorreu no tribunal de Santarém, foram condenados 11 arguidos.

Entre as decisões estão ainda a condenação de Hugo Santos e João Paulino por tráfico de estupefacientes, a condenação de Luís Vieira, Vasco Brazão e mais quatro arguidos pelo crime de favorecimento e a condenação de Vasco Brazão por um crime de falsificação documentos.

João Paulino, cabecilha do assalto, foi condenado a oito anos de prisão efetiva pelos crimes de terrorismo e tráfico de droga. Já os membros do grupo que assaltou os paióis, João Pais e Hugo Santos, foram condenados a cinco anos de prisão efetiva e a sete anos e seis meses, respetivamente.

O major Vasco Brazão, ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, foi condenado a cinco anos com pena suspensa, o coronel Luís Vieira, ex-diretor da PJM, condenado a quatro anos com pena suspensa e o major Pinto da Costa foi condenado a cinco anos com pena suspensa. Foi determinada uma pena acessória para Vasco Brazão de proibição do exercício de funções, de 2 anos e 6 meses.

O sargento Lima Santos da GNR de Loulé foi condenado a cinco anos de pena suspensa. Já os militares Bruno Ataíde e Laje de Carvalho foram condenados a três anos de pena suspensa. José Gonçalves foi condenado a dois anos e seis meses de pena suspensa.

Todos os 23 arguidos do caso Tancos foram absolvidos do crime de associação criminosa, uma vez que o tribunal não deu o crime como provado.

Neste caso estava em causa o furto e recuperação das armas do paiol de Tancos, que envolve 23 arguidos, incluindo o antigo ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

A leitura do acórdão esteve prevista para 11 de outubro de 2021, mas uma alteração não substancial dos factos por parte do coletivo de juízes determinou a reabertura do julgamento, tendo-se realizado no início de dezembro uma audiência para novas declarações de alguns arguidos e alegações suplementares, centradas num alegado acordo de impunidade para o autor confesso do furto aos paióis, João Paulino.

No julgamento, que começou em novembro de 2020, está em causa um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Além do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, estavam também em julgamento o antigo diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira e o ex-porta-voz desta instituição militar Vasco Brazão, além de elementos da GNR de Loulé.

Alguns arguidos foram acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais, enquanto outros, entre os quais Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo ministerial no seguimento do processo, e os dois elementos da PJM da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a recuperação de algum material sido feita na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Dos 23 arguidos, apenas um não prestou declarações, Jaime Oliveira, com alegadas responsabilidades no furto. Estava acusado de dois crimes em coautoria, associação criminosa e tráfico e outras atividades ilícitas. Foram arroladas 113 testemunhas pelo Ministério Público e 136 testemunhas pelos arguidos.

Paulo Lemos foi constituído arguido no processo sobre o furto de armamento do paiol de Tancos, mas posteriormente ilibado pelo Ministério Público por ter demonstrado “arrependimento ativo” e colaborado nas investigações.

Dezanove testemunhas prestaram depoimento por escrito, incluindo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa.

O processo chegou à distribuição com 22.497 páginas.

Em alegações finais, o Ministério Público pediu a absolvição de 11 dos 23 arguidos, incluindo de Azeredo Lopes, considerando que a conduta do ex-governante se pautou apenas por uma “omissão do ponto de vista ético”, ao não diligenciar no sentido de ser levantado um processo disciplinar aos elementos da Polícia PJM.

Já a pena mais grave – entre os nove e os dez anos de prisão – foi pedida para João Paulino, autor confesso do furto.

 

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Taxa de desemprego recua para 6,3% em novembro

Novembro trouxe um recuo da taxa de desemprego e um aumento da população empregada. Já a taxa de subutilização registou um "valor idêntico" ao mês anterior.

A taxa de desemprego fixou-se em 6,3% em novembro, o que significa que recuou 0,1 pontos percentuais (p.p) face ao mês anterior, indicam os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Já a população empregada cresceu.

“A taxa de desemprego situou-se em 6,3%, menos 0,1 p.p. do que no mês precedente, igual a três meses antes e menos 0,9 p.p. do que um ano antes“, lê-se no destaque publicado pelo gabinete de estatísticas, que detalha que, em novembro, 326,9 mil pessoas estavam desempregadas em Portugal, menos 0,8% do que no mês anterior.

Por outro lado, a população empregada verificou um aumento em cadeia de 0,3% e um salto homólogo de 3,1% para 4.852,8 mil indivíduos. A taxa de emprego subiu, assim, 0,1 pontos percentuais para 63,2%.

Quanto à população ativa, o INE indica que se registou um aumento tanto face a outubro (0,2%) como face a novembro de 2020 (2,1%), totalizando 5.179,7 mil pessoas. “O aumento da população ativa resultou do acréscimo da população empregada de 13,0 mil ter superado a redução da população desempregada de 2,7 mil”, frisa o gabinete de estatísticas.

Já a população inativa abrangeu 2.506,4 mil pessoas, menos 0,3% do que no mês anterior e menos 3,7% do que há um ano. “O decréscimo da população inativa foi explicado pela diminuição do número de inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego (9,0 mil; 6,5%) e do número de outros inativos, os que nem estão disponíveis, nem procuram emprego (7,5 mil; 0,3%)”, salienta o INE. Contas feitas, a população inativa verificou, no 11.º mês de 2021, o “valor mais baixo dos últimos dez anos“, observa o gabinete de estatísticas.

Em novembro, também a taxa de subutilização do trabalho caiu: fixou-se em 11,7%, “valor idêntico” a outubro, avança o INE, e 2,3 p.p. abaixo do registado no mês homólogo de 2020. “Em novembro de 2021, a subutilização do trabalho atingiu o valor mais baixo (621,4 mil pessoas) desde o início da série em 2011“, destaca o gabinete de estatísticas. A subutilização do trabalho inclui desempregados, subemprego em tempo parcial, inativos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram um novo posto e inativos que procuram emprego mas não estão disponíveis para começar um novo trabalho.

Em novembro, Portugal uma fase da pandemia menos grave do que a atual, não tendo estado em vigor as restrições que hoje estão impostas e que podem afetar a evolução do emprego, como o encerramento temporário dos bares e discotecas. Para responder ao impacto dessas medidas, o Governo continua a disponibilizar medidas extraordinárias de apoio à manutenção dos postos de trabalho, nomeadamente o lay-off simplificado e o apoio à retoma progressiva.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h38)

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Contágios subiram 46% na Europa e maioria dos países em risco elevado

  • Lusa
  • 7 Janeiro 2022

Incidência média nos últimos sete dias é de 1.253 novos casos por 100.000 habitantes na Europa, enquanto a taxa de mortalidade é de 50,6 por milhão de habitantes.

As novas infeções por coronavírus aumentaram 46% na semana passada na Europa, onde a maioria dos países está em risco elevado, revelou o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).

De acordo com o último relatório, com dados atualizados até ao passado dia 02, a situação epidémica geral nos países da União Europeia (UE) e no Espaço Económico Europeu (EEE) apresenta um elevado índice de caso, que continuam a crescer há duas semanas.

A incidência média nos últimos sete dias é de 1.253 novos casos por 100.000 habitantes. A taxa de mortalidade é de 50,6 por milhão de habitantes, 9% menos do que na semana anterior, mas ainda em níveis elevados.

Dez países (Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Letónia, Luxemburgo e Malta) encontram-se numa situação preocupação muito elevada e 18 (incluindo Espanha), de preocupação elevada, enquanto noutros dois (Áustria e Roménia) o nível de preocupação é moderado. Em comparação com a semana anterior, 16 países passaram a uma categoria superior, 13 permanecem na mesma e um (Itália) caiu um nível menos preocupante do ponto de vista da epidemia.

Dos 28 países que forneceram dados sobre a ocupação hospitalar ou as admissões em unidades de cuidados intensivos, 12 registaram uma tendência de aumento em pelo menos um desses indicadores, destacou o ECDC. Segundo o documento, 72,9% da população da UE/EEE recebeu pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19, 68,5% completaram o esquema vacinal e 28,5% já têm a dose de reforço.

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Inflação homóloga na Zona Euro atinge novo recorde de 5% em dezembro

  • Lusa
  • 7 Janeiro 2022

Inflação homóloga sobe de 4,9% em novembro para os 5% em dezembro na Zona Euro, um novo máximo histórico, face à subida dos preços da energia.

A taxa de inflação homóloga atingiu em dezembro um novo máximo histórico na Zona Euro ao chegar aos 5%, puxada pela subida dos preços da energia, segundo uma estimativa rápida divulgada esta sexta-feira pelo Eurostat.

Segundo o serviço de estatísticas europeu, a taxa de inflação homóloga atingiu um novo máximo histórico desde a criação do euro ao subir de 4,9% em novembro para 5% em dezembro.

Entre as principais componentes da inflação da Zona Euro, espera-se que a energia tenha a taxa anual mais elevada em dezembro (26,0%, em comparação com 27,5% em novembro), seguida da alimentação, álcool e tabaco (3,2%, face a 2,2% em novembro), dos bens industriais excluindo energia (2,9%, em comparação com 2,4% em novembro) e dos serviços (2,4% face a 2,7% em novembro).

Na variação mensal, a inflação subiu 0,8% em dezembro.

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CEO da Apple recebeu quase 100 milhões de ordenado em 2021

  • ECO
  • 7 Janeiro 2022

Os perto de 100 milhões de dólares pagos pela Apple a Tim Cook representam um aumento de 500% face ao recebido pelo gestor em 2020.

O CEO da Apple, Tim Cook, recebeu 98,7 milhões de dólares de ordenado em 2021, ano em que completou uma década aos comandos da gigante tecnológica, revela o The Wall Street Journal (acesso pago).

Estes quase 100 milhões de dólares pagos ao gestor representam um aumento de 500% face ao que recebeu em 2020 (cerca de 14,8 milhões de dólares), de acordo com as informações enviadas pela Apple à CMVM norte-americana.

No ano passado, o vencimento base de Tim Cook permaneceu inalterado nos três milhões de dólares por mês, pelo que a maior parte do aumento da remuneração adveio do recebimento de ações avaliadas em 82,3 milhões de dólares.

No ano fiscal de 2021, as vendas da Apple atingiram os 365 mil milhões de dólares, um nível recorde. Na semana passada, a Apple tornou-se a primeira cotada do mundo a atingir os três biliões de dólares em valor de mercado, tendo desvalorizado desde então, acompanhando a queda da generalidade dos mercados.

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Do HR manager ao técnico de payroll, conheça os perfis mais procurados em RH este ano. E os seus salários<span class='tag--premium'>premium</span>

O técnico de payroll junta-se aos perfis de RH mais solicitados, podendo atingir, em alguns casos, um salário anual de 35.000 euros, mais 5.500 euros do que o valor apurado no ano anterior.

A pandemia surgiu que nem um tsunami, deixando as empresas e os departamentos de gestão de pessoas praticamente "debaixo de água" e, quando finalmente vieram à tona, já não eram os mesmos. E com novas necessidades em termos de perfis. Especialistas em compensação e benefícios são os profissionais de gestão de pessoas mais solicitados este ano, seguindo HR manager,HR business partnere recruiter.Este ano deverá manter-se " alguns incrementos na componente salarial e de melhoria dos restantes benefícios" nos profissionais de RH, destaca o Guia do Mercado Laboral 2022", elaborado pela Hays. Ainda assim há menos profissionais interessados em mudar de empresa.Em 2021, embora as movimentações de profissionais entre empresas se tenham mantido estáveis, houve áreas que se destacaram. É o

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Portugal diz adeus ao carvão e evita emissão de 1,4 milhões de toneladas de CO2 em 2021

E o resto do mundo? A Polónia tem centrais a carvão com funcionamento assegurado até 2049. Na COP26, a Índia aceitou "a redução progressiva do carvão". Londres jura que "o fim do carvão está próximo".

Dezembro de 2021 vai ficar para a História de Portugal: foi o primeiro mês desde 1985 (quando a central de Sines entrou em funcionamento) que o país não queimou qualquer carvão para produzir eletricidade. Algo que já não acontecia há 36 anos e que foi possível devido ao encerramento, no final do mês de novembro, da central termoelétrica do Pego, a última ainda a trabalhar a carvão no país.

Portugal tornou-se assim no quarto país da União Europeia a abandonar o uso do carvão para gerar energia elétrica, depois da Bélgica (2016), da Áustria e da Suécia (2020).

Já a Polónia, por exemplo, tem centrais a carvão cujo funcionamento acabou de ser assegurado até 2044 ou mesmo 2049. Há apenas dois anos, em 2019, o carvão produzia cerca de 37% da eletricidade no mundo, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Em Portugal o cenário é já bem diferente e em termos de emissões relativas à queima de carvão, estas reduziram-se em 2021 em 1,4 milhões de toneladas, sendo que a APREN e a Zero acreditam que este valor só não foi maior “porque havia necessidade de esgotar praticamente todo o carvão existente na central termoelétrica do Pego até novembro de 2021”.

As grandes centrais termoelétricas em Portugal emitiram, em 2021, 4,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o valor mais baixo desde desde 1990. “Com um maior peso de fontes renováveis e menor uso de carvão”, explicam as duas organizações, aquele valor tinha já descido para 6,6 milhões de toneladas em 2020.

No ano em que se realizou a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), o carvão esteve nas luzes da ribalta até ao último minuto. Por um lado fez-se História, já que foi a primeira vez (de todo o sempre) que foi mencionado numa declaração final da COP a questão dos combustíveis fósseis e do carvão.

No entanto, quase no último minuto, a Índia pediu uma alteração ao texto final para suavizar o apelo ao fim do uso de carvão. O ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, pediu para substituir no texto o fim progressivo – “phase-out” por uma redução progressiva – “phase down” -, uma proposta que foi aceite com desagrado por vários países.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, disse na altura que “o carvão não tem futuro”, frisando que “a União Europeia queria ir ainda mais longe em relação ao carvão.

A presidência britânica da COP26 lançou o acordo “Global Coal to Clean Power Transition” — segundo o qual não serão dados “novos apoios públicos aos combustíveis fósseis”.

Na prática, quem assinou este acordo compromete-se a deixar de financiar projetos de combustíveis fósseis até ao fim do ano de 2022, mas também a colocar metas para o fim do uso doméstico do carvão para produzir eletricidade e também para o fim da construção de novas centrais até 2030 nos países desenvolvidos e até 2040 nos países mais pobres.

A bordo estão os grandes poluidores e dependentes de carvão como a Indonésia, Polónia, Vietname, mas também os Estados Unidos, Banco Europeu de Investimento, Itália, Indonésia, Espanha, Nepal, Chile, Ucrânia, Canadá, Reino Unido e Eslovénia. De fora ficaram pesos-pesados poluentes como a China, Japão, Rússia e Austrália. Sem esquecer a Índia e a África do Sul, altamente dependentes do carvão.

Ainda assim, o Reino Unido cantou vitória. “Hoje acho que podemos dizer que o fim do carvão está próximo”.

A tempestade perfeita que trouxe de volta o carvão

Para complicar ainda mais o cenário, o mundo entrou em plena crise energética e o carvão, que devia estar então a caminho da reforma, deu uma reviravolta, com a Agência Internacional de Energia a prever que a produção mundial de energia a carvão deverá aumentar 9% em 2021, face a 2020, ameaçando as metas estipuladas para a neutralidade carbónica até 2050.

Só nos Estados Unidos da América e na União Europeia prevê-se um aumento de 20% na produção de energia a partir do carvão em 2021 e um aumento de 12% na Índia e de 9% na China. A culpa é dos preços recorde do gás natural e da ausência de energia eólica, que obrigaram alguns países a voltar a ligar as centrais a carvão para garantir eletricidade para pessoas e indústria.

“O carvão é a maior fonte de emissões de carbono a nível mundial”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol, sendo que “o máximo histórico registado este ano na produção de energia a partir desta fonte, é um sinal preocupante do quão longe o mundo está de reduzir as suas emissões até à neutralidade carbónica”.

A IEA espera que o carvão atinja o seu pico no próximo ano com 8,11 mil milhões de toneladas, sendo os maiores aumentos de produção vindos da China, Rússia e Paquistão. Para o meio da década, a Agência estima que as emissões de dióxido de carbono provenientes de carvão estejam em 2024, pelo menos, 3 mil milhões de toneladas acima do que seria expectável de um cenário rumo à neutralidade carbónica até 2050.

Em Portugal, 73% da produção de eletricidade já vem das renováveis

 

De acordo com a ADENE – Agência para a Energia, em dezembro de 2021 73,0% da produção de energia elétrica em Portugal teve origem em fontes renováveis, sendo este o terceiro maior valor do ano, apenas superado pelos meses de fevereiro (88,6%) e março (78,4%).

A energia eólica representou 42,7% do total da energia elétrica produzida, valor mais alto registado no ano de 2021. A energia hídrica representou 21,5%, a biomassa 6,5% e o solar fotovoltaico 2,3% (o segundo valor mais baixo do ano).

A produção de energia elétrica por fontes não renováveis representou 27% do total da eletricidade produzida: 26,5% por via das centrais térmicas a gás natural (centrais de ciclo combinado a gás natural de Lares, Pego, Ribatejo e Tapada do Outeiro) e 0,5% pela restante térmica não renovável.

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New York Times compra The Athletic por 550 milhões de dólares

  • ECO
  • 7 Janeiro 2022

Esta aquisição trará 1,2 milhão de assinantes digitais do The Athletic para o New York Times. Negócio deverá ficar fechado nos próximos meses.

O grupo New York Times chegou a acordou para comprar o site de desporto The Athletic, num negócio avaliado em cerca de 550 milhões de dólares, de acordo com o jornal norte-americano (acesso condicionado). Trata-se da maior aquisição do grupo de media norte-americano em quase 30 anos.

Esta aquisição trará 1,2 milhão de assinantes digitais do The Athletic para o The New York Times, ajudando a diretora executiva, Meredith Levien, a atingir a meta da empresa de ter dez milhões de assinantes pagos até 2025. No final do terceiro trimestre, o grupo tinha 8,3 milhões de assinaturas.

“Estamos agora à procura de atingir uma meta significativamente maior do que os dez milhões de assinaturas e acreditamos que o The Athletic permitirá expandir o nosso mercado de potenciais assinantes”, afirmou Levien em comunicado.

“Hoje atingimos um marco incrível para o The Athletic. Estamos entusiasmados por anunciar o acordo para a aquisição por parte do The New York Times, transação que deverá estar fechada no primeiro trimestre de 2022”, refere o The Athletic numa nota assinada pelos co-fundadores Alex Mather e Adam Hansmann.

Em 1993, o grupo New York Times gastou 1,1 mil milhões de dólares na aquisição do Boston Globe e, uma década mais tarde, em 2005, investiu 410 milhões de euros na aquisição do About.com, ambos negócios vendidos mais tarde por valores inferiores.

Em março, o Wall Street Journal (acesso pago) noticiou que o The Athletic estava em negociações para uma fusão com a Axios. O jornal avançou mais tarde que a operação tinha sido suspensa.

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