Nas notícias lá fora: Polónia, construção e Inditex

  • ECO
  • 14 Janeiro 2022

Bruxelas está prestes a reter mais de 100 milhões de euros em fundos europeus da Polónia para cobrir multas diárias em dívida por violação do Estado de Direito.

As associações patronais do setor da construção em Espanha apelam ao Governo de Pedro Sanchez para adotar medidas compensatórias para mitigar o impacto da subida exponencial das matérias-primas. Já no ramo imobiliário, o fundador da Inditex, Amancio Ortega, vai comprar um complexo de dois arranha-céus em Toronto, naquela que é considerada uma das maiores operações no mercado de escritórios a nível mundial. E uma única página de um livro de banda desenhada do Homem-Aranha de 1984 foi comprada em leilão por um valor recorde de 3,36 milhões de dólares.

Financial Times

Bruxelas pronta a recuperar multas em dívida da Polónia por violação do Estado de Direito

Bruxelas está prestes a reter mais de 100 milhões de euros em fundos europeus da Polónia para cobrir multas diárias não pagas impostas pelo principal tribunal da UE por violação do Estado de Direito por parte do país, nomeadamente por falta de independência do sistema judicial. Segundo o comissário de Justiça, a Comissão vai enviar uma carta a Varsóvia a exigir o pagamento de 69 milhões de euros em multas diárias acumuladas desde o início de novembro. Se Varsóvia não cumprir dentro de 60 dias, a comissão vai reter o valor nos pagamentos da UE para a Polónia, impondo também juros.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês)

Expansión

Construtoras têm aumento de custos de dez mil milhões nas obras públicas

As associações patronais do setor da construção em Espanha apelam ao Governo espanhol para adotar medidas compensatórias para mitigar o impacto da subida exponencial das matérias-primas, que levaram a um aumento de 30% no custo de produção das obras. Estes aumentos de custos estão já a provocar um atraso na realização das obras públicas, o que se reveste de especial gravidade tendo em conta o volume de projetos que Espanha prevê realizar no âmbito do seu Plano de Recuperação e Resiliência.

Leia a notícia completa no Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol)

El Economista

Fundador da Inditex vai comprar dois arranha-céus em Toronto

O fundador da Inditex, Amancio Ortega, vai comprar um complexo de dois arranha-céus em Toronto, no Canadá, a dois fundos de pensões canadianos, por 800 milhões de euros, confirmou a Efe junto da sociedade que gere os seus investimentos. A venda do Royal Bank Plaza de Toronto, no centro da capital financeira canadiana, tinha sido revelada pela Bloomberg, que a classificou como uma as maiores operações no mercado de escritórios a nível mundial, desde o início da pandemia. As duas torres ligadas entre si foram postas à venda pela Oxford Properties, através da qual são feitos os investimentos dos fundos de pensões dos empregados municipais de Ontário e do Conselho de Investimento de Planos de Pensões Canadiano.

Leia a notícia completa no El Economista (acesso livre, conteúdo em espanhol)

The Guardian

Austrália volta a cancelar o visto a Novak Djokovic

O tenista sérvio Novak Djokovic, número 1 do mundo, voltou a ver o seu visto de permanência na Austrália cancelado. A decisão foi tomada pelo ministro da Imigração do país, Alex Hawke, justificando a decisão com o “interesse público do país”, tendo em conta que o atleta não está vacinado. A decisão implica que o tenista não possa voltar a receber um visto de entrada nos próximos três anos. Mas Djokovic ainda pode recorrer da decisão. Esta decisão contraria assim a ação prévia do Governo australiano de restituir o visto ao tenista sérvio, na sequência da decisão do tribunal, o que lhe permitiu permanecer no país apesar das irregularidades na obtenção do documento.

Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês)

Bloomberg

Página de banda desenhada do Homem Aranha comprada por quase três milhões

Uma única página de um livro de banda desenhada do Homem-Aranha de 1984 foi comprada em leilão por um valor recorde de 3,36 milhões de dólares (2,93 milhões de euros). A licitação recorde para a página 25 da Marvel Comics “Secret Wars n.º 8” traz a primeira aparição do fato preto do herói da banda desenhada — o fato simbiótico conduziria eventualmente ao aparecimento do personagem Venom — começou com 330 mil dólares (287 mil euros). O recorde anterior para uma página interior de uma banda desenhada norte-americana era de 657.250 dólares (573 mil euros) para a arte de uma edição de 1974 de “The Incredible Hulk”, que preparava a aparição de Wolverine.

Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

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Há 88 chefias da Administração Pública à espera de Governo

  • ECO
  • 14 Janeiro 2022

De momento, estão a ser avaliados os candidatos a 31 cargos de dirigentes da Administração Pública, estando para breve a abertura de mais 57 concursos.

Neste momento, estão em fase de avaliação pelos júris os candidatos a 31 cargos de dirigentes da Administração Pública que serão escolhidos pelo próximo Governo, estando ainda para breve a abertura de mais 57 concursos, de acordo com a página oficial da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), que conta, por sua vez, com um novo presidente, avança o Correio da Manhã (acesso pago).

Sob avaliação pelos respetivos júris estão já os candidatos aos cargos de inspetor-geral da Saúde, de secretário-geral do Ministério da Justiça e do presidente do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social, bem como para a Direção-Geral e Subdireção das Artes e para a Direção-Geral do Património Cultural.

Os candidatos têm que preencher os requisitos exigidos e, quando selecionados para uma entrevista, têm ainda de preencher um questionário informático com vista a traçar o seu perfil psicológico. A CReSAP indicará três nomes e o Governo que sair das eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro escolherá o eleito.

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Família EDP cai mais de 1% e pesa na bolsa de Lisboa

A praça lisboeta negoceia em terreno negativo na última sessão da semana, acompanhando a tendência sentida nas bolsas europeias.

A última sessão da semana começa em terreno negativo para a bolsa de Lisboa, que segue assim a tendência vivida entre as congéneres europeias. Quedas superiores a 1% das cotadas da família EDP penalizam o desempenho do índice de referência nacional, num dia em que a praça lisboeta está pintada de vermelho.

Pela Europa, o Stoxx 600 cede 0,6%, bem como o espanhol IBEX-35. Já o francês CAC-40 recua 0,9%, o alemão DAX perde 0,7% e britânico FTSE 100 cai 0,4%. Já em Lisboa, o PSI-20 recua 0,93% para os 5.653,07 pontos, com a grande maioria das cotadas do índice a registar desvalorizações no arranque da sessão desta sexta-feira.

A família EDP destaca-se nas quedas, com a casa-mãe EDP a perder 1,43% para os 4,471 euros e a subsidiária EDP Renováveis a cair 1,66% para os 19,52 euros.

A cair está também o BCP, em 1,16% para 17,10 cêntimos. O banco liderado por Miguel Maya volta assim às quedas, depois de ter subido 4% na última sessão, no dia em que os analistas da AlphaValue reviram em alta o preço-alvo dos títulos da cotada.

Nota ainda para a Navigator, que recua 0,95% para os 3,354 euros, para a Sonae, que cede 0,95% para os 1,041 euros e para a Altri, que desvaloriza 1,14% para 5,65 euros.

Já nos ganhos, sobressai apenas a Galp Energia, que sobe 0,41% numa altura em que os preços do petróleo estão em alta, e a Jerónimo Martins, que avança 0,14%.

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Austrália volta a cancelar visto ao tenista Djokovic

  • Joana Abrantes Gomes
  • 14 Janeiro 2022

O Governo australiano voltou a cancelar o visto ao tenista Novak Djokovic, alegando razões de "interesse público", pelo facto de o número um mundial do ténis não estar vacinado contra a Covid-19.

O Governo australiano cancelou o visto de permanência de Novak Djokovic pela segunda vez esta sexta-feira, por considerar que o tenista número 1 mundial, não vacinado contra a Covid-19, pode representar um risco para a comunidade.

A decisão foi tomada pelo ministro da Imigração australiano, Alex Hawke, que apontou, numa declaração, ter exercido o seu poder “ao abrigo da secção 133C(3) da Lei da Migração para cancelar o visto detido pelo Sr. Novak Djokovic por motivos de saúde e boa ordem, com base no interesse público de o fazer“, cita o The Guardian.

Segundo a mesma declaração, “esta decisão seguiu ordens do Circuito Federal e do Tribunal de Família a 10 de janeiro de 2022, anulando uma decisão prévia de cancelamento por motivos de equidade processual”. Tal implica que o tenista sérvio não possa voltar a receber um visto de entrada no país nos próximos três anos, uma decisão da qual Djokovic ainda pode recorrer.

Esta decisão contraria assim a ação prévia do Governo australiano de restituir o visto ao tenista sérvio, na sequência da decisão do tribunal, o que lhe permitiu permanecer no país apesar das irregularidades na obtenção do documento. Djokovic enfrenta agora a deportação.

Djokovic, que pretendia atingir o recorde de 21 títulos em torneios de Grand Slam caso ganhasse o Open da Austrália, admitiu esta semana ter prestado falsas declarações à entrada da Austrália. Espera-se que os advogados do sérvio, de 34 anos, recorram da decisão em tribunal.

Para além de erros e inconsistências na declaração de Djokovic para entrar na Austrália, soma-se a violação das diretrizes de isolamento face à Covid-19 na Sérvia. DCorona enquanto no seu país natal deu uma entrevista a um meio de comunicação social francês sabendo que testara positivo à Covid-19.

Na quarta-feira, Djokovic foi incluído no sorteio do Open da Austrália, que começa segunda-feira, e deveria jogar a sua primeira partida contra o compatriota Miomir Kecmanovic.

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Hoje nas notícias: Benfica, Novobanco e natalidade

  • ECO
  • 14 Janeiro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Fisco suspeita que o SC Braga facilitou a vitória ao Benfica num jogo de 2010. O líder do grupo parlamentar do PS sugere que o Fundo de Resolução pondere uma ação judicial contra a administração do Novobanco, após as escutas divulgadas no âmbito do processo Cartão Vermelho. O Conselho Económico e Social (CES) defende o fim dos “vistos gold”, considerando que irá contrariar as quebras na natalidade. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta sexta-feira.

Fisco suspeita que Braga facilitou vitória ao Benfica em 2010

O Fisco suspeita que o SC Braga facilitou a vitória ao Benfica num jogo de 2010. Em causa está uma ligação entre um jogo em que ambas as equipas se defrontaram nesse ano e uma comissão paga a um ex-dirigente do emblema minhoto. O processo está sob a alçada do Ministério Público, estando ainda a decorrer uma investigação à Britalar, empresa que construiu o Centro de Treino e Estágio do Seixal e cujo proprietário é António Salvador, presidente dos bracarenses desde 2003.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso indisponível)

“Fundo de Resolução deve ponderar processo contra o Novobanco”, diz João Paulo Correia

Para o líder do grupo parlamentar do PS, o Fundo de Resolução (FdR) “deve ponderar uma ação judicial contra a administração” do banco, depois de serem divulgadas escutas do processo Cartão Vermelho que dão indícios da relação entre o CEO do banco e o antigo presidente do Benfica. António Ramalho terá reunido com Luís Filipe Vieira para preparar a ida à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

PS diz que “baixar IRC não garante maior competitividade” e PSD admite reduzir escalões de IRS

O PS e PSD têm prioridades diferentes nas medidas fiscais. O PS defende que “baixar IRC não garante maior competitividade”, prometendo baixar o IRC apenas para as empresas que aumentem os salários médios. Já o PSD, que considera prioritária a descida do IRC remetendo a descida do IRS para a segunda metade da legislatura, considera que essa descida deve ser feita através da redução das taxas de imposto. Mas não exclui uma redução dos escalões, uma medida inscrita na proposta do Orçamento do Estado para 2022, chumbada pelo Parlamento e que António Costa promete recuperar caso vença as eleições.

Leia as notícias completas no Jornal de Negócios (acesso pago): PS e PSD

CES propõe acabar com “vistos gold” para ajudar natalidade

O Conselho Económico e Social (CES) defende o fim dos “vistos gold”, como uma medida para contrariar as quebras na natalidade. Isto porque considera que a medida levou a um aumento dos preços da habitação, impedindo vários jovens adultos de sair de casa dos pais e constituir a sua própria família.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Há 88 chefias da Administração Pública à espera de Governo

Neste momento, estão em fase de avaliação pelos júris os candidatos a 31 cargos de dirigentes da Administração Pública que serão escolhidos pelo Governo que resultar das eleições legislativas de 30 de janeiro, entre os quais se incluem os cargos de inspetor-geral da Saúde e de secretário-geral do Ministério da Justiça. Mas está também para breve a abertura de mais 57 concursos, de acordo com a página oficial da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP), que conta, por sua vez, com um novo presidente.

Leia a notícia completa em Correio da Manhã (acesso pago)

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“Fundo de Resolução deve ponderar processo contra o Novobanco”, diz João Paulo Correia

  • ECO
  • 14 Janeiro 2022

O líder parlamentar do PS alerta para as consequências da reunião de António Ramalho e Luís Filipe Vieira, salientando que pode estar em causa um crime de desobediência face à comissão parlamentar.

Para o líder do grupo parlamentar do PS, o Fundo de Resolução “deve ponderar uma ação judicial contra a administração” do banco, depois de serem divulgadas escutas do processo Cartão Vermelho que revelam indícios da relação entre o CEO do banco e o antigo presidente do Benfica, avança o Jornal Económico (acesso pago).

Segundo a informação que tem sido revelada no âmbito do processo, António Ramalho terá reunido com Luís Filipe Vieira para ajudar a preparar a ida à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os grandes devedores do banco. Esta situação levou mesmo a uma investigação por parte do Banco Central Europeu à relação entre os dois.

Para o deputado socialista João Paulo Correia, com este comportamento dos responsáveis poderá mesmo estar em causa o eventual crime de desobediência qualificada perante a Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

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Profissionais de saúde reclamam medidas sobre retenção de talento no SNS nos programas eleitorais

66% dos agentes do setor consideram essencial que os programas eleitorais indiquem as medidas a tomar em matéria de retenção dos profissionais do SNS. E 75% considera prioritário rever compensação.

Após quase dois anos de pandemia, a retenção e desenvolvimento dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a principal preocupação dos especialistas do setor para a próxima legislatura. Mais de dois terços consideram essencial que os programas eleitorais indiquem as medidas a tomar no sentido de reter e desenvolver os profissionais do SNS. E 75% considera prioritária a inclusão de medidas sobre revisão dos modelos de compensação e benefícios, indica o inquérito “Que prioridades para a Saúde em Portugal?”, realizado pela EY e pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH).

“Mesmo quando não se vive em pandemia, é importante que os cidadãos conheçam a estratégia e as principais medidas que os candidatos a governantes se propõem implementar. Com este inquérito quisemos contribuir para que quem melhor conhece o setor identifique quais os temas prioritários em saúde, aqueles que não deveriam ficar fora dos programas eleitorais”, justifica Paulo Luís Silva, partner da EY, citado no estudo.

A pesquisa demonstrou que os recursos humanos são, de facto, um tema fundamental, com 66% dos inquiridos a considerarem “essencial” que os programas eleitorais dos partidos que vão a votos nas legislativas de 30 de janeiro indiquem as medidas a tomar para reter e desenvolver os profissionais do Serviço Nacional de Saúde.

A retenção dos profissionais é especialmente importante tendo em conta a “carência crónica de enfermeiros em Portugal”, como classificou a Ordem dos Enfermeiros (OE), que divulgou recentemente que, desde o início da pandemia, em março de 2020, e especialmente no segundo semestre do ano passado, 2.413 enfermeiros já pediram para sair de Portugal.

À intenção de emigrar juntam-se as necessidades extraordinárias das instituições de saúde. Em 2021, os profissionais do SNS realizaram o maior número de horas extraordinárias de sempre: 21,9 milhões de horas. Em causa está um salto de 26% face ao total de horas extras feitas em 2020, ano que, por efeito da pandemia, já se tinha batido um recorde nesse âmbito.

O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque Cunha, estima que “os médicos deverão ter feito cerca de 7,5 milhões de horas extra”, defendendo que tal mostra que “é evidente que o SNS precisa de contratar mais médicos, ter melhores condições de trabalho, mais investimento”. Caso contrário, “o número de rescisões vai continuar a aumentar e vão existir reformas e, se nada for feito, vai manter-se a incapacidade de captar novos especialistas”, avisa.

Com estas preocupações bem presentes, a segunda prioridade, identificada por 55% dos especialistas do setor, é que sejam conhecidas as propostas de cada partido no que diz respeito ao papel que o SNS deve ter, incluindo a identificação das prioridades que cada um defende em matéria de desenvolvimento e de investimento.

Já para sensivelmente metade dos respondentes (48%), é importante que os eleitores tenham acesso à visão dos partidos sobre o modelo de governação que pretendem para o SNS.

“Tendo a pandemia deixado evidente que as decisões de política pública em matéria de saúde têm um impacto direto e relevante na vida de todos, para a APAH torna-se especialmente importante ouvir quem tem conhecimento direto do setor sobre quais as matérias que considera essencial serem detalhadas nos programas eleitorais”, defende Alexandre Lourenço, presidente da APAH.

Rever modelos de compensação e benefícios

Em matéria de retenção e valorização dos recursos humanos, 75% dos inquiridos consideram “prioritária” a inclusão de medidas concretas sobre revisão dos modelos de compensação e benefícios, enquanto 72% sinaliza a importância de medidas claras quanto ao papel que devem ter médicos e enfermeiros, bem como sobre se os partidos pretendem legislar em matéria de carreiras e de formação e retenção de profissionais.

Identificada por 68% da amostra, a terceira prioridade prende-se com a necessidade de se preverem mecanismos que permitam maior autonomia na contratação de pessoal, possibilitando assim melhor capacidade de resposta às necessidades dos utentes.

“É de assinalar que estas medidas de natureza mais estratégica, cujo alcance tem a ver com uma melhoria estrutural do SNS, se sobrepõe claramente a opções mais focadas no curto prazo, relacionadas com a compensação do risco acrescido e do esforço extra resultantes da pandemia”, alerta a EY.

Em linha com a preocupação verificada com os recursos humanos, o “investimento em pessoal médico” (4,05) e “pessoal de enfermagem” (4,04) obtiveram as pontuações mais elevadas na escala de prioridades (entre 0 — nada importante — e 5 — extremamente importante). Ficaram acima de fatores como “investimento no alargamento/remodelação da rede de cuidados de saúde” (3,91) e “investimento em equipamentos/meios complementares de diagnóstico” (3,55).

Financiamento para melhorar experiência dos utentes

No que toca ao financiamento do SNS, com apenas 1% da amostra a defender que esta matéria deva ser discutida apenas em sede de preparação do próximo Orçamento do Estado, o estudo da EY e da APAH — que auscultou administradores hospitalares, profissionais de saúde e associações de utentes entre 14 de dezembro de 2021 e 3 de janeiro de 2022 — conclui que há dois temas centrais sobre os quais os especialistas querem conhecer as propostas dos diferentes partidos.

É de assinalar que estas medidas de natureza mais estratégica, cujo alcance tem a ver com uma melhoria estrutural do SNS, se sobrepõe claramente a opções mais focadas no curto prazo, relacionadas com a compensação do risco acrescido e do esforço extra resultantes da pandemia.

EY

Em primeiro lugar, de que forma é que esse financiamento irá promover uma melhoria na articulação entre cuidados primários e secundários. Em segundo lugar, de que forma é que se pretende promover uma relação direta entre financiamento e os resultados sentidos pelos utentes.

“Resulta das respostas um apelo claro a que as medidas de política se centrem na experiência do utente, associando o financiamento à obtenção de resultados de saúde (Value-Based Healthcare) e promovendo acesso mais fácil e mais célere a cuidados de saúde através de uma melhor articulação com a rede de prestadores sociais e privados”, refere a EY.

Segundo o princípio Value-Based Healthcare, explica a consultora, a alocação do financiamento deve atender menos ao volume produzido (como, por exemplo, ao número de consultas ou de cirurgias) e mais aos resultados sentidos pelos utentes (ou seja, por exemplo, os benefícios reportados pelos utentes), permitindo aos serviços de saúde evoluírem com foco no utente.

No mesmo sentido, a melhoria da jornada do utente é vista como essencial por 79% dos agentes da saúde, enquanto 67% destacam como prioritária a redução de tempos de espera para consultas, cirurgias e exames, nomeadamente através de uma melhor articulação entre o SNS e a rede privada de cuidados de saúde.

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MyCareforce, a plataforma que faz o “match” entre enfermeiros e turnos

O objetivo da plataforma criada por dois portugueses é conectar profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros e técnicos auxiliares, a turnos disponíveis em instituições de saúde.

De um lado estão os enfermeiros e técnicos auxiliares de saúde, do outro lado os turnos disponíveis. A MyCareforce junta ambos numa plataforma gratuita que tem como objetivo conectar profissionais de saúde, nomeadamente enfermeiros e técnicos auxiliares, a turnos disponíveis em instituições de saúde. Para já, a plataforma conta com mais de 6.600 profissionais registados e 35 instituições. E há planos de crescimento: depois de ter levantado 100.000 euros e com o vislumbre de uma nova ronda de investimento, que poderá estar para breve, a MyCareforce pretende reforçar a equipa já durante o primeiro trimestre.

“Os profissionais consultam os turnos disponíveis na plataforma e, no caso de terem interesse, candidatam-se. A instituição analisa os vários perfis e, se considerar adequados, convida-os a realizar o turno. Ao aceitarem passam a estar adjudicados ao mesmo”, começa por explicar à Pessoas Pedro Cruz Morais, CEO e cofundador da MyCareforce.

O objetivo é, adianta o gestor, tornar o sistema cada vez mais automático. Futuramente, os enfermeiros com melhor rating e mais experiência poderão marcar turnos sem terem de passar pelo processo de validação junto das instituições.

“Convém referir que, previamente, ao inscrever-se na plataforma, existe um processo de validação onde é pedido ao profissional para preencher um perfil com informações pessoais e profissionais, que, como já referi, podem ser consultadas pela instituição no momento da decisão”, salienta.

A plataforma conta com mais de 6.600 profissionais registados, de norte a sul do país, e ilhas incluídas. Ainda que o perfil varie, a grande maioria são profissionais com emprego a tempo inteiro que, não se querendo comprometer com muitas horas noutras instituições, procuram um regime que lhes ofereça maior flexibilidade e autonomia ao nível da gestão do tempo.

“Temos também enfermeiros a part time ou mesmo recém-licenciados que acabaram o curso e procuram ganhar alguma experiência extra”, acrescenta Pedro Cruz Morais.

Já no que toca às instituições de saúde registadas na plataforma, a MyCareforce conta atualmente com 35, desde residências, unidades de cuidados continuados a hospitais e também laboratórios de testagens.

O “momento-chave” para pôr a plataforma no mercado

“No final de 2020, eu e João [João Hugo Silva, COO e cofundador] — que não nos conhecíamos na altura — fomos selecionados para entrar numa incubadora de startups onde, posteriormente, fomos desafiados a desenvolver uma ideia. Durante o processo de ideação, em plena pandemia, o João lembrou-se que tinha conhecidos que, durante o fim de semana, se deslocavam até à zona do Algarve para preencher turnos. Decidimos que podia ser um caminho e começámos a explorar. Liguei a uma pessoa que conhecia, responsável de uma residência que me validou a necessidade de contratar de forma flexível, e o João começou a investigar qual era o processo para encontrar estes turnos”, conta.

À esquerda João Hugo Silva, COO e cofundador da MyCareforce, e à direita Pedro Cruz Morais, CEO e cofundador da MyCareforce.

Rapidamente os jovens empreendedores perceberam que podiam simplificar algo que era “muito manual” e “pouco flexível”. E o facto de a ideia ter surgido em plena pandemia acabou por revelar-se um “momento chave” para a sua concretização, considera o CEO da empresa.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, especialmente no segundo semestre do ano passado, 2.413 enfermeiros pediram para sair de Portugal, segundo dados divulgados pela Ordem dos Enfermeiros (OE). À intenção de emigrar juntam-se as necessidades extraordinárias das instituições de saúde, fruto da Covid-19, o que aumenta a urgência de preencher os turnos, muitas vezes assegurados por enfermeiros que fazem bem mais do que um turno de trabalho, e que já levou a denunciarem mesmo situações de “exaustão e desmotivação” e de “não pagamento de trabalho extraordinário”.

“Estes números demonstram a continuação da tendência da emigração de enfermeiros, apesar da carência crónica de enfermeiros em Portugal. Nos últimos dois anos, chegámos ao ponto de querer contratar enfermeiros, nos momentos mais críticos da pandemia, e não haver enfermeiros no mercado, apesar de todos os anos saírem 3.000 novos enfermeiros das escolas”, afirma a OE, comentando estes números, citada em comunicado.

Cientes da urgência e pressão sentida no setor da saúde, Pedro Cruz Morais e João Hugo Silva começaram a idealizar a MyCareforce logo em janeiro de 2021 e, apenas um mês e meio depois, obtiveram o primeiro financiamento. Levantaram uma ronda pre-seed no valor de 100.000 euros.

Esta não é uma solução apenas para uma situação pandémica, é a nossa visão para futuro do trabalho na área da saúde.

Pedro Cruz Morais

CEO e cofundador da MyCareforce

O CEO da MyCareforce acredita que a utilidade da plataforma vai muito para além do período pandémico. “Sabíamos ainda que estávamos num momento chave para implementar esta solução, no entanto, esta não é uma solução apenas para uma situação pandémica, é a nossa visão para futuro do trabalho na área da saúde, uma vez que a necessidade de flexibilidade e resposta rápida já existia e continuará a existir”.

Sem avançar datas, Pedro Cruz Morais diz que a nova ronda de investimento chegará a seu tempo. “Pode ser que tenhamos novidades em breve”, comenta sem mais detalhes.

Em relação a planos de crescimento da equipa, que começou com apenas dois cofundadores e já conta com nove elementos, o CEO afirma que, ainda durante o mês de janeiro, vão abrir, pelo menos, mais duas vagas, um full stack developer e um UX/UI designer. E durante o primeiro trimestre, o objetivo é reforçar também a equipa de operações e marketing.

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Bares querem criar zona “free Covid” no Bairro Alto

O objetivo é criar uma zona "free covid" no Bairro Alto, em que a testagem é feita nos acessos e "no seu interior se poderia circular sem restrições", revela Ricardo Tavares ao ECO.

Um conjunto de empresários querem criar uma zona “free Covid” no Bairro Alto, em Lisboa, com testagem à entrada e sem restrições no interior, revelou a Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores, ao ECO. A associação já pediu uma reunião com caráter de urgência à Câmara Municipal de Lisboa, mas ainda não obteve resposta.

A ideia surgiu ainda no verão de 2021, sendo que o objetivo seria “criar uma zona “free Covid” no Bairro Alto, em que a testagem seria feita nos acessos e no seu interior se poderia circular sem restrições”, explica Ricardo Tavares, presidente da Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores, acrescentando que, no longo prazo, a medida poder-se-ia aplicar também a “outras zonas de animação turística no país”.

Na altura, a proposta foi apresentada informalmente numa reunião por videoconferência com Fernando Medina, na qual o então presidente da Câmara Municipal de Lisboa pediu que os empresários desenvolvessem a ideia e que depois voltariam a reunir. “Quando pedimos para reunir novamente foi quando Fernando Medina disse que estávamos em período eleitoral e que depois [das eleições autárquicas] se tentaria”, sinaliza o presidente desta associação, que conta com cerca de 400 associados.

A par disto, ainda durante o período de campanha eleitoral, também Carlos Moedas solicitou uma reunião com a Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores, na qual, segundo Ricardo Tavares, o atual presidente da autarquia lisboeta se mostrou igualmente recetivo à medida.

O Dr. Carlos Moedas, enquanto candidato, também achou a medida muito interessante e disse que se fosse eleito teria todo o gosto em discutir connosco esta e outras medidas que estávamos a propor. Só que continuamos a aguardar”, lamenta o responsável, acrescentando que a associação tem “tentado junto do gabinete da presidência da Câmara Municipal de Lisboa agendar uma reunião com caráter de urgência”, mas ainda não obteve “qualquer resposta”. O ECO questionou a Câmara Municipal de Lisboa sobre este assunto, mas não obteve resposta até ao fecho deste artigo.

Há bares e discotecas que se vão manter fechados, diz associação

Os bares e discotecas voltam a abrir portas a partir das 22h00 desta sexta-feira, mediante apresentação de teste negativo à Covid-19 ou, em alternativa, autoteste feito à entrada sob supervisão dos responsáveis, sendo que apenas as pessoas que tenham levado uma dose de reforço da Covid há mais de 14 dias ficam excluídas desta exigência. No entanto, mantém-se a proibição de beber bebidas alcoólicas na via pública.

Os empresários do setor de diversão noturna preferem não criar “qualquer tipo de expectativas” sobre esta reabertura e esperam este seja “o princípio do fim das restrições”, bem como que, “no limite”, que a exigência de apresentação de teste para acesso aos estabelecimentos de diversão noturna seja abolida nos próximos 30 dias. “Existem estabelecimentos que se vão manter fechados por não terem faturação suficiente para aumentar número de colaboradores para fazer controlo de testes e proibir que saiam com bebidas para a rua”, alerta o presidente da Associação Portuguesa de Bares, Discotecas e Animadores, ao ECO.

Com a atividade fortemente penalizada desde março de 2020, os últimos meses têm sido penosos para o setor da diversão noturna. O presidente da associação adianta que “grande parte das empresas” estão a pedir insolvência e estima que 70% não sobrevivam até ao final de 2022. Quanto aos apoios, esses têm sido “insuficientes”.

Para compensar as empresas pelo impacto financeiro do encerramento das semanas de contenção, o Governo retomou o lay-off simplificado, que permite aos empregadores reduzir os horários de trabalho ou suspender os contratos ao mesmo tempo que lhes assegura uma ajuda para o pagamento dos salários. O regime assegura um apoio ao pagamento dos salários, que corresponde a 70% de dois terços do salário relativo às horas não trabalhadas, subsídio que pode ser aumentado, adicionalmente, “no estritamente necessário de modo a assegurar” o salário completo do trabalhador.

Adicionalmente, as discotecas e bares podem também aceder ao programa Apoiar, um instrumento que suporta o pagamento de despesas fixas não relacionadas com salários, como já aconteceu com as rendas. No início de janeiro, o Executivo adiantou ao ECO que já tinha começado a pagar os valores referentes ao quatro trimestre de 2021, sendo que Ricardo Tavares afirma que “até à data” foram pagos os montantes aos empresários em nome individual, pelo que espera que “no decorrer da próxima semana as empresas recebam em massa esses apoios”.

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Empresas têm direito a apoio ao salário mínimo mesmo com trabalhadores de baixa ou com os filhos

Faltas em dezembro não travam atribuição da compensação à subida do salário mínimo. "Será considerado o valor da remuneração a que o trabalhador teria direito caso não existissem faltas", diz Governo.

A compensação à subida do salário mínimo nacional vai ser disponibilizada mesmo às empresas cujos trabalhadores tenham recebido em dezembro menos do que 665 euros de salário base, por terem estado de baixa médica ou a prestar assistência aos filhos, face ao encerramento das creches e atividade de tempos livres (ATL), garante ao ECO o Ministério do Trabalho.

O decreto-lei que criou a medida excecional em questão deixa claro que está em causa um subsídio pecuniário que será atribuído aos empregadores por cada trabalhador que, “na declaração de remunerações relativa ao mês de dezembro de 2021“, auferia o valor da remuneração base declarada equivalente ou ao salário mínimo nacional em vigor nesse ano (665 euros) ou um montante acima, mas inferior à nova retribuição mínima mensal garantida (705 euros).

Ora, em dezembro, houve um disparo do número de baixas por Covid-19 — só nos primeiros 21 dias desse mês foram atribuídas mais de 23 mil, segundo os dados do Ministério do Trabalho. Por outro lado, o Governo decidiu, face ao agravamento da pandemia, forçar o encerramento de creches e ATL a partir do dia 25 desse mês, o que levou milhares de pais a terem de faltar ao trabalho para ficarem a cuidar dos seus dependentes, recebendo, ainda assim, uma ajuda (o apoio excecional à família) que, na maioria dos casos, não assegurou o salário na íntegra.

Estas duas situações poderão ter levado a que alguns trabalhadores, que em circunstâncias normais receberiam o salário mínimo nacional, tenham auferido menos do que 665 euros como salário base nesse mês, não preenchendo, portanto, o tal requisito da compensação desenhada para ajudar os empregadores a pagarem a nova retribuição mínima mensal garantida.

Ao ECO, o Ministério do Trabalho garante, contudo, que isso não travará a atribuição desse subsídio. “Caso existam faltas em dezembro, será considerado o valor da remuneração base a que o trabalhador teria direito caso não existissem faltas ao trabalho, com base no valor da remuneração base diária”, explica o gabinete de Ana Mendes Godinho.

Convém notar que, no ano passado, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) avisou que havia empregadores que não estavam a receber este apoio na totalidade por estarem a ser excluídos da contabilização “trabalhadores por faltas ao trabalho em dezembro 2020, por motivos alheios à empresa”.

Este ano, esta compensação corresponde a 112 euros por trabalhador, para as empresas cujos trabalhadores recebiam em 2021 o salário mínimo (então, 665 euros) e passaram a receber o novo montante (os tais 705 euros). Já para as empresas cujos trabalhadores recebiam mais do que 665 euros, mas menos do que 705 euros, a compensação é de 56 euros por trabalhador. Mas há uma exceção a essa regra: se esse salário superior ao antigo salário mínimo mas inferior ao novo tiver estado previsto num instrumento de regulamentação coletiva de trabalho (revisto ou alterado e 2021), o apoio agora concedido é de 112 euros por trabalhador.

Conforme escreveu o ECO, as empresas interessadas nesta compensação têm de efetuar um registo nesse sentido, entre 1 de fevereiro e 1 de março, numa plataforma que está a ser agora atualizada.

No total, esta medida deverá custar aos cofres do Estado “à volta de 100 milhões de euros“, indicou aos jornalistas o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, à saída da reunião de Concertação Social em que foi apresentado aos parceiros sociais o valor final do salário mínimo a vigor em 2022 e os contornos da compensação que o acompanha.

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CTT criam imobiliária para rentabilizar património do grupo

O grupo CTT tem estado a estudar formas de "monetizar" o portefólio imobiliário avaliado em mais de 200 milhões de euros. Em dezembro, constituiu a CTT IMO - Sociedade Imobiliária.

Os CTT CTT 0,52% acabam de constituir uma sociedade imobiliária, a CTT IMO, em mais passo no sentido de rentabilizar o seu património imobiliário, avaliado em mais de 200 milhões de euros. A nova empresa foi criada a 23 de dezembro, com o mesmo conselho de administração dos Correios, e é liderada por João Bento. Há muito que os analistas aguardam por novidades neste capítulo.

Foi na apresentação dos resultados do primeiro semestre de 2019, em 26 de julho desse ano, que o tema foi suscitado pela primeira vez. Em conferência telefónica com analistas, João Bento revelou que a empresa estava à procura de uma “forma estruturada” de “otimizar” o seu portefólio imobiliário.

Um slide exibido na mesma ocasião refere que, “como parte do plano de transformação operacional, e em linha com a política de alienação de ativos não estratégicos quando as condições de mercado se verificam, os CTT vão implementar a otimização do seu portefólio imobiliário”. Cerca de três meses depois, em 31 de outubro de 2019, a expressão usada por João Bento foi a de “monetizar” estes ativos.

O imobiliário é um ativo apetecível para os investidores, na medida em que pode gerar cash flow, é protegido contra a inflação (por causa da atualização anual das rendas) e tende a valorizar com o tempo. Fonte próxima do processo confirmou ao ECO que a intenção dos CTT é a de transferir o portefólio para a nova sociedade. Outra fonte ligada ao mercado disse esperar que a CTT IMO seja um passo no sentido da alienação do referido portefólio.

Contactada acerca da constituição da CTT IMO, fonte oficial dos CTT explicou apenas tratar-se da “criação de uma empresa no normal desenvolvimento da estrutura societária dos CTT”. “Os CTT não fazem nenhum disclosure de nenhuma informação sobre este ou outro aspeto que não tenha sido feito primeiro ao mercado”, acrescentou, sem responder diretamente às perguntas colocadas pelo ECO.

Ainda assim, a análise às declarações de gestores dos CTT ao longo dos últimos anos deixam algumas pistas sobre os planos da empresa. Considerada uma “operação complexa”, os CTT estiveram alguns meses em busca de formas de “otimização fiscal” e pretendiam anunciar mais “detalhes” até ao final de 2019. Em 5 de novembro de 2020, Guy Pacheco, CFO, admitiu que a empresa tinha encontrado mais dificuldades do ponto de vista fiscal do que estava à espera, além dos constrangimentos causados pela pandemia.

Em março do ano passado, altura em que anunciou os resultados do ano completo de 2020, Guy Pacheco disse que a empresa tinha feito “muitos progressos nos últimos meses”, dando conta de que tudo estaria a postos para a transação ser submetida “aos reguladores relevantes”. O responsável afirmou ainda que a transação teria de ser submetida para “aprovação do concedente” do serviço postal universal, ou seja, o Estado português.

Em 6 de agosto de 2021, o responsável voltou a abordar o assunto. Respondendo a uma questão de um analista, disse que a empresa “decidiu não recomeçar a concessão [do serviço postal universal] com este item”, mas que tinha o “dedo no gatilho” para avançar assim que quisesse.

É na sequência disso que surge a CTT IMO, cujo objeto é “a compra, permuta, venda e arrendamento de bens imobiliários, e revenda dos adquiridos para esse fim”. Esta possível transação surge numa altura em que está a ser finalizado o novo contrato de concessão do serviço postal universal, que deveria ter entrado em vigor a 1 de janeiro de 2022, mas que está a ser prestado ao abrigo de um “acordo de transição” assinado com o Governo, até à conclusão do processo.

De acordo com a lei de bases da concessão, os CTT têm de “afetar à concessão o conjunto de meios humanos e materiais necessários à prestação do serviço”. Mas tal “não prejudica a possibilidade de alienação, substituição ou oneração de bens que integram a rede postal”, exceto os que pertençam ao domínio público. Numa decisão da Anacom datada de 2017, relativa aos inventários do património afeto à concessão”, lê-se que “não há imóveis do domínio público ou privado do Estado afetos à concessão atribuída aos CTT”.

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Impostos, salários e TAP. O que prometem Rio e Costa

Durante 75 minutos, Rio e Costa bateram-se pelo lugar de primeiro-ministro nas eleições antecipadas de 30 de janeiro. Para a economia, Costa promete continuidade, mas Rio diz que não chega.

Os temas económicos dominaram o debate entre os dois principais candidatos ao cargo de primeiro-ministro, como os impostos (IRS e IRC), os salários (no público e no privado) e o tema quente da TAP. Rui Rio e António Costa também falaram da governabilidade do país, do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da justiça. Em 75 minutos de debate, o atual primeiro-ministro prometeu continuidade, mas Rio argumentou que continuar é pouco.

É a promessa principal do PS: após classificar esta crise política de “absurda”, os socialistas prometem aprovar o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) mal cheguem ao Governo, implementando as medidas com retroativos a 1 de janeiro. A palavra de ordem de António Costa foi “continuidade”, até pelo lema da campanha de “Juntos Seguimos e Conseguimos”. Mas, desta vez, com uma maioria absoluta, em vez da dependência do PCP e do Bloco, que chumbaram o Orçamento.

Em resposta, Rui Rio atacou: Acabei de ouvir António Costa e o que disse é ‘vamos na mesma linha de continuidade’. As coisas vão continuar na mesma. Portugal vai continuar a cair“, afirmou, argumentando que prometer mais do que o país pode “seria persistir nos erros do PS” que resultaram nos “países comunistas pobres” da União Europeia a ultrapassar Portugal em termos económicos.Quero o futuro dos portugueses, não quero só o amanhã”, rematou.

Impostos: menos IRS e IRC, mas com receitas diferentes

Na área dos impostos, foi Rio quem deu o pontapé de partida para dizer que “em primeiro lugar temos de tratar do lado da produção, das empresas que criam os bons salários“, pelo que é preciso primeiro reduzir o IRC (de 21% para 17% em 2023 e 2024) e só depois o IRS (800 milhões de euros) em 2025 e 2026. “Se quisesse ganhar já as eleições fazia ao contrário”, notou.

Já Costa prometeu executar o Orçamento do Estado que foi chumbado pela esquerda, sustentando que trazia ganhos para os cidadãos com o desdobramento dos escalões do IRS, o aumento das deduções para as famílias com filhos e com o alargamento do IRS Jovem com a isenção de tributação nos dois primeiros anos. E acenou com “rapidez” na poupança de impostos para todos uma vez que o Orçamento já está preparado: “No dia em que terminar a discussão do programa de Governo apresentaremos na Assembleia da República o Orçamento“, anunciou.

Foi aí que Rio acusou Costa de querer “resultados diferentes com a mesma política que sempre seguiu”. “Exibe o Orçamento para 2022 que depois da descoberta do caminho para a Índia deve ser a coisa mais importante do país”, ironizou o social-democrata — Costa terminou o debate com essa imagem, levantando o documento do Orçamento para as câmaras nas últimas imagens televisivas deste debate.

Mas Costa ripostou ao encostar Rio a um discurso catastrofista, em linha com o “diabo” de Passos Coelho, e ao dizer que o social-democrata se tornou “insensível” para as pessoas ao só falar de números. “O que não incute confiança às pessoas é o discurso de Rio”, afirmou o socialista, passando de seguida ao ataque ao PSD por apresentar uma redução de impostos em 2022 inferior à de 2019. Rio justificou a diferença pelo impacto da pandemia nas contas públicas.

No debate sobre a carga fiscal, António Costa argumentou que esta “tem subido por boas razões”, graças ao aumento dos descontos para a Segurança Social, o que reflete a descida do desemprego e a melhoria dos rendimentos dos portugueses. Rio tinha dito que “se olharmos à governação do país desde 1995, verificamos que há uma degradação dos rácios todos”, sendo “um dos aspetos nucleares” a carga fiscal.

Salários: salário mínimo causa choque entre PS e PSD

É aqui que António Costa entra mais ao ataque, acusando Rio de ser contra o aumento do salário mínimo. “Desde 2016 que o PSD diz que o aumento do salário mínimo não seria possível”, disse o primeiro-ministro, argumentando que o Governo PS demonstrou que era possível fazê-lo através de um “esforço conjunto do Estado e das empresas”. “Há um consenso, incluindo dos empresários, que é preciso aumentar o salário mínimo” e que sem isso não se aumenta o salário médio, acrescentou.

À defesa, Rio acusou o PS de ser “muito à esquerda” neste tema ao fazer aumento por decreto, o qual considera ser “insustentável” a longo prazo, e de “nivelar os salários por baixo”. Para o PSD o salário mínimo é para aumentar, mas não há um valor definido à partida porque dependerá da taxa de inflação, dos ganhos de produtividade e da negociação em concertação social. “Pode ser simpático, mas quero ajudar quem mais precisa de uma forma mais sustentada“, concluiu.

O debate seguiu para os salários dos funcionários públicos e aí ambos alinharam. Costa prometeu uma atualização dos salários à taxa de inflação (0,9%) e sinalizou que quer rever os salários dos assistentes técnicos por causa da subida do salário mínimo, o que diminui a diferença do nível salarial. Rio também garante um aumento à taxa de inflação porque os funcionários públicos “que não podem ser prejudicados”. “Para conseguir mais do que isso precisamos de uma maior produtividade na economia portuguesa e nos serviços do Estado que com o PS se têm degradado, o SNS incluído”, acrescentou.

TAP: os milhões a voar, 50% à venda

Foi o último tema do debate e um dos que mais fricção causa entre o PS e o PSD. A novidade veio pela mão do atual primeiro-ministro ao revelar a percentagem da TAP que está disposto a vender, caso continue no Governo: “A companhia estará em condições de, assim que possível, alienar 50% do capital e há felizmente já outras companhias interessadas em adquirir 50% do capital“, revelou. Costa fez a defesa da compra feita em 2016 e respaldou o plano de reestruturação da empresa na “luz verde” dada pela Comissão Europeia, referindo vários dados para mostrar a importância da TAP na economia portuguesa.

Já Rio subiu o tom para dizer que é “inaceitável” e “revoltante” o valor injetado na TAP, calculando que as ajudas públicas à TAP quase equivalem à receita anual de IRC em Portugal e criticando a transportadora aérea por não servir o país todo e ter preços mais elevados do que as concorrentes. O líder do PSD prometeu vender a TAP (não disse qual a percentagem) o mais depressa possível, mas não pode ser amanhã porque senão vende-se mal e tem de se vender bem”.

Governabilidade: Costa acena com Governo à Guterres ou maioria com PAN

Um dos aspetos importantes deste debate foi a clarificação do que fará António Costa caso vença as eleições sem a maioria absoluta que está a pedir aos eleitores. “Se não tiver a maioria absoluta, não viro as costas ao país“, afirmou o primeiro-ministro, garantindo assim que apenas se demite do PS caso fique atrás do PSD. Nesse caso, “se Rui Rio ganhar, só posso ter uma leitura que é a de que os portugueses rejeitaram a minha ação, por isso arrumo os meus papéis e entregarei a chave ao doutor Rui Rio”, esclareceu.

Mas e se o PS ganhar sem maioria absoluta? “Teremos de conversar com os partidos na Assembleia da República num modelo clássico, diploma a diploma, como fez Guterres”, disse Costa, referindo-se ao período em que o PS negociou com o PSD liderado por Marcelo Rebelo de Sousa — ou seja, Costa dá a entender que não afasta acordos pontuais com o PSD de Rui Rio.

Recordando que foi ministro dos Assuntos Parlamentares de António Guterres, Costa admitiu que este foi um período “difícil” e que “levava mais tempo” a aprovar as propostas do Governo. O Executivo de Guterres demitiu-se em 2002, após o PS ter perdido as autárquicas de 2001, para evitar um “pântano político”.

Ainda assim, Costa remeteu a questão para o pós-eleições, afirmando que ainda “não sabemos a aritmética que vai resultar das eleições” e relembrando que o PAN foi o único partido a viabilizar o Orçamento para 2022. Os deputados do PAN podem ser suficientes caso o PS fique perto da maioria absoluta, como mostra o cenário mais otimista da sondagem do Público revelada esta quinta-feira. Sobre a possibilidade de reeditar a geringonça, o primeiro-ministro assumiu que “nas atuais circunstâncias não é possível”.

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