Ameaças de Trump dão resultado: fábricas investem nos EUA

As respostas das empresas instaladas nos EUA às ameaças de Donald Trump têm sido positivas para o próximo presidente. As fabricantes de automóveis têm recuado e decidido fazer investimentos no país.

O setor automóvel está no centro da política norte-americana com a chegada de Donald Trump a presidente dos EUA a acontecer esta sexta-feira com a tomada de posse. BMW, General Motors, Ford, Fiat, Toyota, … são muitas as empresas já ameaçadas por Trump e que ou recuaram na intenção de sair do país ou anunciaram investimentos.

O último caso é o da General Motors que anunciou esta segunda-feira um investimento total de mil milhões, segundo a Bloomberg. Esta decisão surge no seguimento das críticas que Donald Trump tem vindo a fazer às empresas que importam do México ou fabricam os carros lá, ameaçando até com um imposto especial de 35% para as importações do México.

Com este investimento de 1.000 milhões, a empresa prevê adicionar ou reter mais mil empregos nas fábricas existentes, apesar de ainda não se saber exatamente quais. Um responsável da General Motors, Craig Glidden, rejeitou que este anúncio é o resultado das pressões de Trump.

Contudo, é evidente a pressão que o próximo presidente dos EUA faz e tem sido visível também que tem tido resultados. Na passada quarta-feira, Trump não esteve com rodeios na sua primeira conferência de imprensa: “Espero que a General Motors siga o exemplo [da Fiat e da Ford] e acho que vai ser isso que vai acontecer”, afirmou aos jornalistas.

Mas esta mudança não é ingénua. A Bloomberg escreve que as empresas querem, em contrapartida, aproveitar a desregulamentação que Donald Trump quer levar a cabo. Além disso, as fabricantes de automóveis esperam conseguir impostos sobre o rendimento mais baixos, beneficiando das políticas expansionistas da próxima administração.

“Este é o curso normal de um negócio”, considera um consultor independente da indústria automóvel de Stamford. Maryann Keller explica que o que as empresas estão a fazer é “anunciar investimentos que iriam fazer de qualquer outra forma”.

O orçamento da General Motors ascende aos nove mil milhões de dólares por ano. Apesar de ter anunciado investimentos na casa dos 2,9 mil milhões, a empresa foi atacada por Donald Trump por importar alguns Chevrolet Cruze do México. Além disso, a empresa anunciou que cerca de 3.300 trabalhadores vão ter de deixar a empresa.

Fabricantes alemães

Em entrevista ao jornal Bild, Trump criticou os fabricantes de automóveis alemães, como a BMW, Daimler e Volkswagen por não produzirem mais veículos em solo norte-americano: “Se querem fabricar carros no mundo, desejo-vos o melhor. Podem construí-los para os EUA, mas por cada automóvel que entrar nos EUA vão pagar uma taxa de 35%”, afirmou.

Ford

A razão para a Ford ter cancelado a construção de uma fábrica no México, um investimento de 1,6 mil milhões de dólares? A Ford diz que foi a queda da procura, mas Trump terá tido influência. Em alternativa, a empresa norte-americana de automóveis anunciou que optou por investir em 700 milhões de dólares na instalação de uma unidade fabril no Estado do Michigan, garantindo diretamente a criação de 700 empregos.

Fiat

A fabricante de automóveis comprometeu-se a investir mil milhões para que os novos jipes da marca sejam construídos nos EUA. Além isso, a empresa decidiu tirar do México a produção de um modelo, transferindo-o para a fábrica de Michigan. Esta foi apenas mais uma vitória de Donald Trump, que continua confiante no regresso às origens de muitas indústrias.

Toyota

A Toyota vai aplicar a maior parte do novo investimento de 10 mil milhões de dólares na modernização das fábricas da marca. O valor vai ser investido nos Estados Unidos da América durante os próximos cinco anos, garantiram os gestores. A Toyota, a maior construtora automóvel do mundo, empresa 40.000 pessoas nos Estados Unidos, 5.000 das quais foram contratadas nos últimos cinco anos.

Editado por Paulo Moutinho

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Lisboa em terreno positivo apesar de perdas do BCP

  • Leonor Rodrigues
  • 12 Janeiro 2017

A Jerónimo Martins fez com que o índice português registasse ganhos, embora ligeiros, apesar da queda do BCP. Lisboa contrariou assim a tendência de perdas nos mercados europeus.

O BCP voltou a cair e desvalorizou mais de 2%, mas a bolsa nacional acabou por fechar em terreno positivo. O PSI-20 avançou ligeiramente graças aos ganhos da Jerónimo Martins, com os investidores à espera da divulgação das vendas preliminares do último trimestre de 2016. Lisboa contrariou assim a tendência de perdas na Europa. A pressionar o mercado esteve o discurso de Donald Trump, depois de ontem não ter avançado detalhes sobre o seu plano para estimular a maior economia mundial.

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Alô, Trump? É o Marcelo

  • Lusa
  • 12 Janeiro 2017

Donald Trump já recebeu uma chamada de Marcelo Rebelo de Sousa. Foi esta quinta-feira que o Presidente falou com Trump sobre o relacionamento histórico bilateral e a base das Lajes.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou esta quinta-feira por telefone com o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abordando o relacionamento histórico bilateral e a base das Lajes, disse à Lusa fonte de Belém.

O Presidente da República falou há instantes com o Presidente Trump, recordando o bom relacionamento histórico entre os dois países, que é uma garantia da continuação de uma cooperação útil no futuro”, afirmou à Lusa fonte da Presidência da República, cerca das 14:40.

Segundo a mesma fonte, foi “uma conversa de cerca de 12 minutos”, durante a qual, entre outros temas, “falaram da base das Lajes”, nos Açores, e Marcelo Rebelo de Sousa lembrou “que Portugal foi o primeiro país a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América”.

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Kremlin pode ter informação comprometedora sobre Donald Trump

Os serviços secretos dos EUA sabem que Moscovo tem dossiês com informação pessoal e financeira sobre Donald Trump, diz a CNN. Trump e o Kremlin desmentem.

É a notícia que está a marcar a atualidade norte-americana esta quarta-feira. Estarão a circular documentos confidenciais entre as agências de serviços secretos, os membros do Congresso e outros responsáveis oficiais com informação não verificada de que a Rússia tem na sua posse dossiês com informações pessoais e financeiras que podem comprometer o presidente eleito Donald Trump. A informação foi confirmada pela CNN com “várias fontes”.

As alegações terão sido apresentadas na última semana a Barack Obama e ao próprio Donald Trump sob a forma de uma sinopse de duas páginas, anexada a um relatório sobre a suposta interferência dos russos nas eleições presidenciais. As informações sobre Trump, escreve a CNN, terão sido compiladas por um ex-agente britânico dos serviços secretos com credibilidade aos olhos dos serviços de inteligência dos Estados Unidos.

A ideia dos serviços de inteligência será mostrar que o Kremlin terá informação que pode ser prejudicial para o novo presidente e para os republicanos, mas também para Hillary Clinton e para o Partido Democrata. Além disso, segundo a cadeia de televisão, alguns oficiais veem nisto mais uma prova de que a Rússia tentou ajudar na eleição de Trump, apenas revelando informação danosa à campanha da democrata.

Na sinopse consta ainda que os representantes de Donald Trump terão mantido contactos com Moscovo durante a campanha eleitoral, indica a CNN, citando duas fontes oficiais. Donald Trump já reagiu no Twitter, dizendo que as notícias “são falsas”. “É totalmente uma caça política às bruxas!”, escreveu. Entretanto, o Kremlin também já desmentiu que tenha dossiês com informação comprometedora, nem de Donald Trump nem de Hillary Clinton, segundo a CNBC.

Com as informações avançadas pela CNN, o BuzzFeed conseguiu e publicou o dossiê completo com as alegações de que o governo russo tem “cultivado, suportado e assistido” o presidente Trump durante vários anos. No entanto, o facto de as informações não serem verificadas nem confirmadas lançou um debate sobre se a comunicação social deve ou não publicar este tipo de informação.

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Trump vai nomear genro para conselheiro-chefe

  • Marta Santos Silva
  • 9 Janeiro 2017

O marido de Ivanka Trump, Jared Kushner, pode vir a ser um dos conselheiros mais próximos do presidente, se conseguir contornar uma lei federal anti-nepotismo.

Donald Trump deverá designar o genro Jared Kushner como um dos seus principais conselheiros, segundo avança esta segunda-feira o Washington Post. Casado com Ivanka Trump, Kushner deverá juntar-se à Casa Branca enquanto conselheiro após já ter sido uma das pessoas mais próximas de Trump durante a campanha eleitoral, mas existem dúvidas éticas acerca da viabilidade da sua nomeação.

Kushner, de 35 anos, é administrador do negócio multimilionário da sua família há quase uma década, com foco específico na área do imobiliário. Segundo o Washington Post, uma declaração do advogado de Kushner emitida este fim de semana esclarecia que o empresário estaria disposto a demitir-se do seu posto executivo e a vender “ativos substanciais” para poder assumir um lugar na Casa Branca de Donald Trump.

No entanto, a nomeação de Jared Kushner para um posto próximo do presidente poderá enfrentar obstáculos. Por um lado, colocam-se questões relacionadas com possíveis conflitos de interesses se Kushner se mantiver parcialmente ligado aos seus interesses empresariais.

Por outro lado, existe uma lei federal contra o nepotismo que impede que funcionários públicos nomeiem familiares para as agências que supervisionem. Criada quando John F. Kennedy nomeou o irmão para procurador-geral, a lei refere explicitamente os genros. Não está decidido, porem, se a lei se aplica a este caso visto que a Casa Branca não é uma agência.

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Trigger, uma notificação para quando Trump tweeta

Os mercados agitam-se sempre que Donald Trump se mexe no Twitter. Mas agora há uma aplicação que avisa os investidores quando o novo presidente fala de uma empresa na rede social.

A Trigger é uma aplicação de alertas de mercado para iPhone. Dependendo de como for configurada, quando uma ação atinge um máximo ou um mínimo, o utilizador pode receber uma notificação no telemóvel. Isso permite aos investidores serem avisados quando o mercado se está a comportar de uma determinada forma, facilitando as tomadas de decisão.

No entanto, há agora um novo tipo de alerta: o Alerta Trump. Quando o presidente eleito dos Estados Unidos da América publicar um tweet a falar de uma cotada em específico, os utilizadores da Trigger já podem escolher serem avisados disso, avançou o site norte-americano Business Insider.

É conhecida a influência que Donald Trump tem na rede social dos 140 carateres. O magnata norte-americano usa o Twitter para emitir reações oficiais, para atacar adversários e para se defender de acusações. Fá-lo, parece, de fora descomprometida e sem olhar a consequências.

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Exemplo de um alerta: “Trump acabou de tweetar sobre a General Motors, da qual és acionista”Trigger, via Business Insider

No entanto, muitas das mensagens do novo presidente caem que nem bombas nos mercados. Principalmente as que mencionam empresas, como a Lockeed, a Boeing e, mais recentemente, a General Motors. Nos três casos, os tweets de Trump provocaram rombos significativos no preço dos títulos dessas empresas. Esta quinta-feira, o alvo foi a Toyota.

Assim, com os Alertas Trump, os investidores podem programar a Trigger de uma forma nova: emitir uma notificação sempre que Donald Trump tweetar sobre uma empresa da qual o utilizador seja acionista.

A Trigger pode ser descarregada aqui em dispositivos iOS (iPhone e iPad). Para mais informações, o melhor é consultar o site oficial. Sim, os mercados já sentem esta necessidade e Trump ainda nem sequer tomou posse.

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Guterres tomou iniciativa e já falou com Trump

Foi o português quem decidiu ligar a Donald Trump. A conversa, segundo o porta-voz da ONU, foi sobre as relações futuras das duas entidades.

A ONU revelou esta quarta-feira que António Guterres já falou com Donald Trump ao telefone, depois de a 28 de dezembro ter dito que já tinha existido contactos entre as duas equipas de transição. A conversa baseou-se nas possibilidades das relações entre os Estados Unidos da América e Organização das Nações Unidas nos próximos quatro anos de mandato da nova administração.

De acordo o porta-voz da ONU, Farhan Haq, a iniciativa da ligação telefónica partiu do secretário-geral que iniciou as suas funções esta segunda-feira, dia 2 de janeiro de 2017. Haq afirmou ainda aos jornalistas, em Nova Iorque, na sede da organização, que Guterres e Trump mantiveram um diálogo positivo sobre as relações entre a ONU e os EUA, não revelando mais pormenores sobre no que concordam ou não.

Em discussão estiveram as “várias hipóteses de participação e cooperação entre a Organização das Nações Unidas e os Estados Unidos da América”. O porta-voz afirmou ainda que é a vontade de António Guterres manter um contacto próximo com o próximo presidente norte-americano. “Terei o maior interesse em visitar Trump assim que for possível”, afirmou em entrevista à SIC, na última semana do ano, garantindo que tudo fará “para trabalhar de forma construtiva com a nova Administração norte-americana”. Donald Trump toma posse a 20 de janeiro.

Editado por Paulo Moutinho

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Fed: Subida mais rápida dos juros em cima da mesa

A Reserva Federal norte-americana está preocupada com os efeitos das políticas económicas de Donald Trump. Admite, nas minutas, acelerar o ritmo de subida dos juros nos EUA.

Três semanas depois, eis as minutas da última reunião de 13 e 14 de dezembro da Reserva Federal norte-americana onde os governadores decidiram aumentar a taxa de juro. A Fed está preocupada com as políticas económicas que possam vir a ser adotadas por Donald Trump que poderão forçar Janet Yellen a acelerar o ritmo de subida dos juros nos EUA.

Trump pode obrigar o banco central a acelerar o passo dos aumentos da taxa de juro para combater um aumento muito rápido da inflação, caso os estímulos da nova administração tenham um grande impacto num futuro breve, principalmente ao nível da taxa de desemprego (aumentando os rendimentos, logo colocando pressão nos preços).

O presidente-eleito dos EUA promete investimentos em infraestruturas, cortes nos impostos, menos regulação e mais investimentos nos EUA, com possíveis castigos para as empresas que quiserem investir fora do país. As incertezas relacionadas com essas medidas de Trump e os seus efeitos pesaram na discussão sobre como deverão ser os próximos momentos da política monetária norte-americana.

Quase todos os participantes indicaram que os riscos que se antecipam, fruto dos dados do crescimento económico, aumentaram. “Os participantes enfatizaram a sua considerável incerteza acerca do timing, tamanho e composição de qualquer iniciativa política fiscal ou económica assim como sobre como essas políticas podem vir a afetar a procura agregada e a oferta”, pode-se ler nas minutas divulgadas esta quarta-feira no seu site oficial.

Foi na reunião de dezembro que a Fed avançou com a segunda subida da taxa de juro em oito anos, elevando a taxa para o intervalo entre 0,5% e 0,75%. A última vez que a taxa de juro tinha subido foi exatamente há um ano, em dezembro de 2015. A previsão atual é que a Fed aumente três vezes a taxa em 2017, acompanhando a política económica de estímulo do novo presidente dos Estados Unidos da América.

Editado por Paulo Moutinho

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Trump nomeia mais um nome ligado a Wall Street

O próximo presidente do regulador do mercado de capitais norte-americano tem ligações a Wall Street, o que contrasta com as críticas feitas por Trump durante a campanha.

O próximo presidente dos Estados Unidos da América escolheu mais um nome ligado a Wall Street para a nova administração que toma posse no dia 20 de janeiro. Chama-se Jay Clayton e vai ser o presidente da Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente à CMVM em Portugal. Em comunicado, a equipa de transição de Trump refere que a atuação de Clayton vai permitir que haja mais emprego nos EUA. Esta nomeação acumula-se a outras como a de Gary Cohn, ex-Goldman Sachs, para principal conselheiro económico da nova administração.

“Clyton vai ter um papel importante para desencadear o poder de criar empregos da nossa economia ao encorajar o investimento em empresas norte-americanas enquanto faz uma supervisão forte a Wall Street e indústria relacionadas”, lê-se no comunicado publicado pela equipa de transição de Donald Trump e Mike Pence. Neste momento, Jay Clayton é partner da Sullivan & Cromwell LLP, uma empresa de advogados reconhecida de Nova Iorque, com ligações à bolsa.

O comunicado diz ainda que Clayton traz “décadas de experiência a ajudar empresas a navegar pelas complexas regulações federais”, além de ser “muito talentoso e um especialista em muitos aspetos da lei financeira e regulatória”. “Ele vai assegurar que as nossas instituições financeiras possam prosperar e criar empregos enquanto jogam segundo as regras ao mesmo tempo“, declarou Donald Trump no comunicado.

Não há, por isso, dúvidas quanto ao papel que Jay Clayton vai representar na administração Trump, dadas as ideias que o próximo líder norte-americano apresentou na campanha. “Temos de desfazer muitos dos regulamentos que têm sufocado o investimento nos negócios norte-americanos, e restaurar a supervisão no setor financeiro de forma a que este não prejudique os trabalhadores norte-americanos”, afirmou Trump. Uma vontade que o próprio Clayton corrobora no mesmo comunicado onde é conhecida a nomeação.

Editado por Paulo Moutinho

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Ford transfere investimento do México para os EUA, mas Trump não é a razão

Donald Trump ainda não tomou posse, mas as políticas protecionistas que defende já se sentem. No caso concreto da Ford, o CEO diz que essa não foi a razão. A procura do mercado é a culpada.

Foi a procura do mercado e não Donald Trump a razão para a Ford ter cancelado a construção de uma fábrica no México, um investimento de 1,6 mil milhões de dólares. Em alternativa, a empresa norte-americana de automóveis anunciou esta terça-feira que optou por investir em 700 milhões de dólares na instalação de uma unidade fabril no Estado do Michigan, garantindo diretamente a criação de 700 empregos.

“No fim de contas, não se estava a verificar o volume e a procura que tínhamos esperado para essa fábrica. Estávamos a ver a nossa capacidade e concluímos que podemos construir isso [essa infraestrutura nova] numa fábrica já existente e usar essa unidade que já temos”, esclareceu o presidente executivo da Ford, Mark Fields, à CNBC esta terça-feira.

Somos uma multinacional global. A nossa casa é aqui nos Estados Unidos.

Mark Fields

CEO da Ford

Ou seja, segundo o responsável, “tornou-se claro que não vamos precisar desta unidade”, tendo em conta “as nossas previsões para a procura” e a capacidade existente. “Nos últimos pares e anos temos visto que os carros pequenos sofreram um declínio acentuado”, afirmou Fields.

Foi exatamente sobre a produção deste tipo de carros que Trump se tinha pronunciado, pouco tempo depois de ter sido eleito o próximo Presidente dos EUA: em causa estava a mudança da produção de um modelo de uma fábrica norte-americana para uma fábrica no México, que seria compensada pela produção de outro modelo, sem a perda de postos de trabalho. Independentemente dessa nuance, Donald Trump criticou a decisão, ameaçou criar uma tarifa dos carros provenientes do México e a Ford voltou atrás na decisão, uma “vitória” que Trump celebrou como dele, tal como fez esta terça-feira:

Apesar desta decisão, a empresa vai continuar a construir o modelo Ford Focus na fábrica existente no México, em Hermosillo, para aumentar os lucros. Ao longo dos últimos meses, a Ford tem dito consecutivamente que não está a planear fechar nenhuma fábrica no Estados Unidos da América. Segundo o presidente executivo da empresa, tanto Trump como Mike Pence, o vice-presidente, foram informados da decisão e mostraram-se contentes com os novos investimentos nos EUA.

Na mesma entrevista, Mark Fields garantiu que a casa da Ford é nos EUA: “Somos uma multinacional global. A nossa casa é aqui nos Estados Unidos. É muito importante para nós sermos fortes e enérgicos aqui em nossa casa e desenvolver investimento para criar emprego, tal como nos últimos cinco anos”, afirmou. O CEO da Ford deixou ainda um “voto de confiança” nas políticas pró-crescimento de Donald Trump, dizendo que vão ser favoráveis ao ambiente empresarial norte-americano.

Também esta terça-feira, o próximo Presidente dos Estados Unidos da América acusou a General Motors de enviar para os stands norte-americanos o modelo de automóvel Chevy Cruze, alegadamente fabricado no México, sem pagar impostos por isso. “Façam nos Estados Unidos ou paguem grandes impostos fronteiriços!”, escreveu Trump. A General Motors já reagiu, garantindo que esses automóveis são maioritariamente fabricados em território norte-americano, no Estado do Ohio.

O mesmo problema “diplomático” com o próprio país poderá estragar os planos de Tim Cook. A Apple planeia fabricar os iPhones na Índia, mas a nova administração norte-americana poderá representar uma barreira para a Apple quanto à produção fora dos EUA, caso a política de protecionismo continue.

Editado por Paulo Moutinho

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A economia de cinco choques entre os EUA e os russos

  • Marta Santos Silva
  • 30 Dezembro 2016

Entre um embargo ironicamente falhado, durante a invasão soviética do Afeganistão, e o impulso da Corrida ao Espaço para a economia, a rivalidade entre os russos e os EUA está escrita em números.

Barack Obama expulsou 35 diplomatas russos dos EUA, Putin aguentou a jogada e não retribui para já. Apesar de tudo, é o princípio de uma crise diplomática que promete fazer estalar os ânimos internacionais, pelo menos até à tomada de posse de Donald Trump, a 20 de janeiro, já que o Presidente-eleito pelos norte-americanos é próximo de Putin e quer uma relação mais próxima com Moscovo.

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O motivo por detrás desta crise? A influência russa nas eleições norte-americanas através da divulgação de emails pirateados da equipa de Hillary Clinton e do Comité Nacional dos Democratas, que terá afetado o resultado eleitoral final. O Governo russo rejeita ter tido um papel no ataque informático a que Hillary Clinton atribui a sua derrota, embora investigações dos serviços secretos americanos e de uma empresa privada tenham mostrado fortes indícios nesse sentido.

Barack Obama promete que a resposta, que inclui também sanções a nove entidades e indivíduos russos, não fica por aqui e o primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev já reagiu: “É lamentável que a Administração de Obama, que começou por restabelecer os nossos laços, vá acabar o mandato numa agonia anti-Rússia”, escreveu no Twitter, fechando com: “Descanse em paz”.

Com as tensões a aumentar cada vez mais entre as que continuam a ser as duas grandes superpotências mundiais, o ECO recorda algumas das vezes em que EUA e União Soviética chocaram, e quais os impactos económicos desses conflitos, até aos dias de hoje.

Guerra ditou o sucesso de uma Coreia e a queda de outra

Uma das principais guerras por proxy — que opôs o ocidente, com os Estados Unidos como protagonistas, e o oriente, protagonizado pela China e pela União Soviética — é a guerra da Coreia, que durou entre 1950 e 1953 e deixou cicatrizes que perduram até hoje. Uma delas é visível no mapa: a fronteira entre a Coreia do Norte, que se tornou numa ditadura fechada e retrógrada, e a Coreia do Sul, uma potência tecnológica mundial.

Uma equipa norte-americana na Coreia verifica o equipamento, a 15 de julho de 1950.
Uma equipa norte-americana na Coreia verifica o equipamento, a 15 de julho de 1950.Signal Corps

Embora inicialmente a economia da Coreia do Norte tenha florescido após o fim da guerra graças ao apoio da União Soviética, o fim da URSS nos anos 1990 levou ao colapso da economia norte-coreana.a Coreia do Sul, após um início difícil, começou a ganhar terreno logo nos anos 60 e, atualmente, é a quarta maior economia asiática.

Mas a guerra não teve só impacto nas Coreias. Um relatório do Institute for Economics and Peace (a ligação abre um PDF) descreve os efeitos da guerra na economia norte-americana, que sofreu mudanças profundas para suportar o esforço do conflito. A quase totalidade dos custos da guerra foi financiada por subidas de impostos, e o Governo viu-se forçado a bloquear o aumento dos preços devido ao acelerar da inflação, impulsionada pelo investimento público.

Na crise dos mísseis de Cuba quem ganhou foi Cuba

Outubro de 1962, o Presidente dos Estados Unidos era John F. Kennedy, e o líder da então União Soviética era Nikita Kruschev. O palco estava montado para um confronto de 13 dias que deixou o mundo inteiro em tensão. Para tentar evitar que os Estados Unidos ameaçassem Cuba, Kruschev mandou que fossem colocados mísseis nucleares na ilha próxima dos EUA. O compromisso, após negociações difíceis, chegou a 28 de outubro: os russos retirariam os mísseis de Cuba, após Fidel Castro ter concordado, com a supervisão das Nações Unidas e os Estados Unidos desarmariam os seus mísseis posicionados em Itália e na Turquia.

Quem ficou a ganhar economicamente? Talvez a resposta seja Cuba, segundo o think tank Council on Foreign Relations, que sublinha que Castro se sentiu abandonado pela União Soviética devido à cedência na questão dos mísseis, o que empurrou Kruschev a apoiar mais fortemente o Estado cubano nos anos que se seguiram, com um projeto de ajuda militar e também económica. Mas as relações entre Cuba e a União Soviética demorariam vários anos a sararem completamente.

Corrida até à Lua: NASA empurra a economia

Durante a Guerra Fria, a corrida até ao espaço opunha a União Soviética e os Estados Unidos com uma grande ferocidade — sem competir frente a frente em guerra aberta, as duas potências esforçavam-se por se mostrarem superiores através da tecnologia e da rapidez com que conseguiam conquistar o espaço. O maior desafio? Chegar até à Lua. Os americanos ganharam nessa frente: puseram os primeiros homens na Lua em 1969, com a missão Apollo 11.

Buzz Aldrin, fotografado por Neil Armstrong, visível no reflexo no visor. Os dois primeiros homens na Lua.
Buzz Aldrin, fotografado por Neil Armstrong, visível no reflexo no visor. Os dois primeiros homens na Lua.NASA

E os Estados Unidos também podem ter ganhado de outra perspetiva: a da economia. É difícil saber dados da economia da União Soviética, dada a falta de transparência do regime. Mas nos EUA o impacto da corrida espacial é muito claro.

A CNN resume-o em pouco exemplos: não só o programa especial impulsionou a miniaturização da eletrónica, o que daria lugar à invenção e comercialização dos computadores e posteriormente da Internet, como também empurrou a indústria do semicondutor, que hoje emprega mais de 200 mil pessoas nos EUA com vendas que ultrapassam os 115 mil milhões de dólares anuais e criou a indústria dos satélites comerciais. O investigador Henry Hetzfeld estimou que a economia do espaço valesse cerca de 250 mil milhões de dólares em 2009.

Afeganistão abanou economia Soviética

Após uma melhoria lenta mas estável das relações entre os EUA e a União Soviética ao longo dos anos 1970, em 1979 tudo acabou abruptamente com a entrada soviética na guerra civil do Afeganistão. Mais uma vez, as duas potências combateram indiretamente em território alheio, com os norte-americanos a financiarem e armarem grupos rebeldes que combatiam as forças soviéticas no país. A guerra durou dez anos, e não só deixou o Afeganistão extremamente fragilizado como, dizem alguns historiadores, terá também enfraquecido profundamente a economia da URSS.

Doze anos após invadir o Afeganistão, a União Soviética entraria em colapso, em parte devido ao peso económico que um conflito tão longo teve na nação.

Jimmy Carter acabaria por perder as eleições contra Reagan em parte por causa do embargo de cereal.
Jimmy Carter acabaria por perder as eleições contra Reagan em parte por causa do embargo de cereal.US National Archives and Records Administration

Sabe-se bem, no entanto, que uma das ações dos Estados Unidos para tentar pressionar a URSS a deixar o Afeganistão não teve o efeito desejado. O Presidente Jimmy Carter instituiu em 1980 um embargo à exportação de cereal para a União Soviética, o que não teve muito impacto na URSS porque Moscovo conseguia adquirir cereal noutras fontes, incluindo a Venezuela e o Brasil. Já nos Estados Unidos, o resultado foi pesadíssimo: os preços de cereal caíram drasticamente e os EUA acabaram mesmo a ter eles próprios que o importar. Reagan acabaria com o embargo em 1981.

Sanções pela anexação da Crimeia podem estar a acabar

É difícil medir os impactos económicos que as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia tiveram na economia russa. Após a anexação da Crimeia pela Rússia, a Europa e os EUA fizeram sentir a sua reprovação ao impor sanções de natureza diplomática, restritiva e também económicas. O problema é que surgiram na mesma altura em que os preços do petróleo caíam e a Rússia entrava numa recessão, sendo assim difícil separar os efeitos das sanções da restante conjuntura.

O think tank Center for European Policy Studies, com base em Bruxelas, sublinha que o fluxo de transações comerciais entre a UE e a Rússia se mantém estável mesmo após a imposição de sanções o que deixa subentender que o impacto em 2016 pode não ter sido muito significativo. Os Estados Unidos, no entanto, garantem que pelo menos em 2015 a contração da economia russa foi entre 1% e 1,5% mais forte do que se não tivesse havido sanções.

epa05640786 A picture made available on 21 November 2016 shows a graffiti mural depicting US President-elect Donald Trump (R) smoking with Russian President Vladimir Putin on the wall of the barbecue restaurant Keule Ruke in Vilnius, Lithuania, 20 November 2016. EPA/ROMAN PILIPEY
Um graffiti em Vilnius, na Lituânia, mostra Donald Trump e Vladimir Putin a fumarem juntos. EPA/ROMAN PILIPEY

No entanto, é certo que a retirada destas sanções daria um empurrão à economia russa. E embora a União Europeia, pelo seu lado, já tenha renovado as suas sanções, os Estados Unidos poderão estar a caminho de as levantar, não só pela proximidade de Donald Trump com Moscovo mas também porque Trump escolheu Rex Tillerson, CEO da Exxon Mobil, para seu secretário de Estado — uma posição semelhante à de ministro os Negócios Estrangeiros. Tillerson é próximo de Putin, mas mais do que isso, a Exxon tem muito a ganhar com o fim das sanções. “Se alguma empresa americana vai ganhar com o levantamento das sanções à Rússia, seria a Exxon”, lê-se na CNN.

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E a personalidade do ano foi…

  • Ana Luísa Alves
  • 29 Dezembro 2016

Quem marcou o ano que esta semana se encerra? E porquê? O ECO foi tentar saber junto de uma reformada, uma desempregada, um estudante, uma professora e uma criança quem foi a personalidade de 2016.

Para uns é mais fácil, para outros pode levar uns minutos. Quando questionados sobre o nome que mais marcou o ano, as respostas dividem-se. Há dois portugueses na lista, e nenhuma mulher a destacar. Pelo menos para as cinco pessoas entrevistadas pelo ECO.

Donald Trump

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Margarida Silva tem apenas 11 anos, mas tinha na ponta da língua o nome da pessoa que, para ela, marcou o ano: Donald Trump.

Margarida está no sexto ano de escolaridade e acompanha as notícias na internet e com a mãe, jornalista e editora da secção de política no Diário de Notícias. Para ela, o mais recente Presidente eleito nos Estados Unidos tornou-se “famoso por discriminar as pessoas, por serem gays ou de raça negra”.

É já em janeiro que Donald Trump toma posse e Margarida considera que, no próximo ano, ainda vai dar que falar por bons e maus motivos. “Os maus é por poder continuar a discriminar as pessoas, os bons é por poder aprovar alguma lei que venha a ser boa para os norte-americanos”, explicou ao ECO.

Mas Margarida vai mais longe e revela aquele que, para ela, vai ser o maior desafio do Chefe de Estado eleito: “Tentar agradar às pessoas”.

Papa Francisco

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O Papa Francisco é a pessoa que ainda mantém alguma esperança na humanidade, quando até nós mesmos já desistimos, de certa forma, da ideia de que algo pode mudar”, explicou Inês Carvalho ao ECO.

Inês tem 22 anos, é licenciada em Gestão de Lazer e Animação Turística, mas neste momento está desempregada. Para ela a personalidade do ano foi o representante máximo da Igreja Católica por ser aquele que “pensa nas pessoas, em cada uma delas na sua individualidade, como seres humanos, e não apenas como trabalhadores, ou qualquer outra etiqueta que se possa colocar em alguém“.

“É isso que faz falta a todos nós, olharmo-nos uns aos outros para além da nossa profissão ou estatuto, mas sim como pessoas. As pessoas estão muito preocupadas com os rendimentos e com os bens que possuem, e não dão valor a atitudes e gestos que só por si podem fazer a diferença na vida de qualquer pessoa”, acrescentou.

Para Inês, aquilo que o Papa Francisco tem feito leva quem não é crente a acreditar no que diz. Para o ano, e à semelhança do que tem acontecido desde que foi eleito, em 2013, Inês espera que o Papa Francisco se continue “a destacar e a dar que falar por tudo aquilo que defende, e pela força com que acredita nos seus ideais“.

Marcelo Rebelo de Sousa

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Tiago Paiva tem 22 anos, e é estudante de História, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Para ele, a personalidade do ano foi Marcelo Rebelo de Sousa, eleito Presidente da República em março. E porquê?

“Pela forma como uniu em torno de si um povo que precisava de uma figura na qual se centrar e na qual encontrar a sua força para sair da miséria geral”, explicou Tiago ao ECO. “O Presidente destaca-se pela sua popularidade, de um lado ‘bom’ pela sintonia com o Governo, de um lado ‘mau’ pelo mau estar que cria, por vezes, no seio do partido”, acrescentou o estudante.

Será inevitável que Marcelo Rebelo de Sousa continue a dar que falar no próximo ano. Mas, para Tiago, será a “irreverência presidencial e quebras de protocolos” do atual Presidente da República que o vão distinguir em 2017. Além disto, o grande desafio que Marcelo Rebelo de Sousa pode vir a enfrentar será a “coesão social e política”, explico Tiago ao ECO.

António Guterres

Uma das pessoas que mais deu que falar em 2016 foi António Guterres, eleito em outubro para o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas. É o nono representante da organização e para a professora Ana Paula Oliveira, foi a personalidade do ano.

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A escolha de Paula prende-se com a “capacidade de confrontar os interesses económicos, políticos e geoestratégicos das grandes potências mundiais na forma como têm vindo a lidar com o esmagador movimento de pessoas fugidas da guerra, da fome, da perseguição política, da tortura e da morte” do atual secretário-geral. “António Guterres destaca-se com a “denúncia discreta, mas contundente, das situações de injustiça que grassam pelo mundo das quais são vítimas seres humanos como nós, com direito à vida e a um futuro melhor”, acrescenta a professora.

E ao que tudo indica, António Guterres vai ser novamente uma das personalidades do ano que vem, devido à posição com que assumiu o cargo. “Guterres conseguiu, por si só e rompendo os esquemas de manipulação da escolha que sempre caracterizaram e desacreditaram a ONU, ser nomeado por aclamação secretário-geral, batendo rivais muito fortes politicamente, alguns escolhidos em último momento, por motivos políticos”, explicou Ana Paula ao ECO.

Para a professora, o grande desafio que Guterres enfrenta daqui para a frente passa por “dignificar a ONU enquanto organização que deve servir interesses supranacionais em nome da defesa dos direitos humanos, da paz e da autodeterminação dos povos”.

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Leonor Marmelo tem 67 anos e não foi preciso pensar muito para escolher Guterres como a personalidade do ano. A razão é só uma, “ter sido eleito como o novo secretário-geral das Nações Unidas de entre tantos países, e esse cargo é muito importante na vida daqueles que sofrem”.

Para o futuro, Leonor considera que o maior feito de Guterres pode passar por “negociar certas coisas, acabar com a guerra na Síria e dar apoio a todas as vítimas e todos os países envolvidos”, acrescentou.

Editado por Mónica Silvares

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