Presidente da República: “Há vários caminhos para o Novo Banco”

O Presidente da República considera que há vários caminhos para o Novo Banco, mas alerta que saída do Procedimento por Défices Excessivos não pode ser posta em causa.

O Presidente da República considera que existem várias soluções para o Novo Banco, mas nunca devem passar por partir a instituição, estragar a saída do Procedimento por Défices Excessivos, devendo ainda sacrificar o mínimo possível os outros bancos. Marcelo Rebelo de Sousa, sem nunca o dizer, é claramente contra uma nacionalização da instituição.

“Não se pode partir o Novo Banco. Não faz sentido”, disse Marcelo na sua primeira grande entrevista desde que tomou posse como Chefe de Estado. O Presidente da República reconhece que existem “vários caminhos possíveis”, contudo, “não é o Presidente da República que tem de achar”. A solução deverá passar primeiro pelo Banco de Portugal e depois pelo Governo, sublinhou o Chefe de Estado. Uma solução que tem sempre de “ser aceite pelo Banco Central Europeu”.

Não se pode estragar a saída do Procedimento por Défice Excessivo por causa do Novo Banco.

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Questionado sobre uma eventual nacionalização do Novo Banco, Marcelo deixou um alerta vincado: “Não se pode estragar a saída do Procedimento por Défice Excessivo por causa do Novo Banco”. A solução encontrada deve ainda “sacrificar, o mínimo possível, os outros bancos”.

Um ano depois do início (da segunda tentativa) da venda do Novo Banco, há um candidato firme — o Lone Star — e outro que ainda não apresentou uma proposta vinculativa, o consórcio Apollo/Centerbridge. Agosto é a data-limite para evitar uma liquidação forçada e imposta pelo BCE.

Caixa vai ter administração na próxima semana

Marcelo Rebelo de Sousa revelou ainda que, na próxima semana, a Caixa Geral de Depósito terá os nomes todos, o que porá um ponto final na incerteza que se vive na liderança do banco público que está sob um gestão provisória depois de António Domingues ter entregue a sua demissão na sequência da obrigatoriedade de divulgar os rendimentos. Marcelo garante que para ele nunca houve dúvidas sobre essa obrigação.

Para mim e para o primeiro-ministro nunca foi uma dúvida“, disse quando questionado pelos jornalistas da SIC se António Domingues e a sua equipa eram obrigados ou não a divulgar os seus rendimentos. “Era cumprir a lei”, acrescentou.

Na entrevista, o Presidente deu ainda um respaldo ao Executivo por este ter supostamente resolvido, ao longo deste ano, os problemas relacionados com o BPI — que está agora a ser alvo da OPA do CaixaBank, que “conseguiu resolver os problemas de indefinição de capital” e o BCP que está a reforçar capital com novos acionistas, nomeadamente a Fosun.

Marcelo sublinhou ainda a importância de resolver o problema do crédito malparado (non performing loans, NPL), de modo a “libertar as instituições de ativos problemáticos, na medida do possível, mas sem onerar os contribuintes”. “Daí estar a ser estudada uma solução com os privados”, acrescentou o Chefe de Estado, uma solução analisada por Frankfurt, Comissão Europeia e Banco de Portugal.

 

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Ulrich: Contribuintes pagaram a banca? “É mentira”

  • Rita Atalaia
  • 18 Janeiro 2017

O presidente do BPI diz que os contribuintes não pagaram os problemas na banca. Fernando Ulrich diz que os acionistas é que enfrentaram a "destruição colossal" do capital.

Afinal quem é que pagou os problemas da banca? Fernando Ulrich nega que tenham sido os contribuintes. Para o presidente do BPI, os acionistas é que mais foram penalizados com a crise no setor financeiro. Apesar do apoio do Estado à banca, não foi suficiente para livrar os acionistas de perdas expressivas. Uma situação que está a mudar com a recuperação do setor. Houve alturas em que a intervenção do Estado foi maior e teve capital em risco. Mas agora já não é assim. Ulrich diz que o Estado tem agora mais margem de manobra.

Fernando Ulrich diz estar preocupado com o que tem visto e ouvido na comunicação social — nomeadamente declarações de comentadores — que passam a mensagem de que os contribuintes é que têm pago os problemas na banca. “É mentira”, diz o presidente do BPI num encontro com jornalistas. Os números “mostram que quem fez um grande esforço e teve perdas gigantescas foram os acionistas dos bancos” e revelam que “os vários governos protegeram muito bem os contribuintes”, realça Ulrich.

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No encontro com jornalistas, Fernando Ulrich apresentou as contas feitas pelo BPI com base em informação pública. Conclusões? O presidente do BPI diz que houve uma “destruição de capital acionista colossal”. Diz que é o equivalente a 19% do produto interno bruto de 2016. O presidente do banco português realça ainda que “os aumentos de capital foram praticamente destruídos ao longo destes anos. Exceto o BPI, porque o banco vale quase o dobro dos aumentos de capital feitos”.

As contas mostram uma destruição de cerca de 35 mil milhões de euros nos cinco maiores bancos portugueses – BES/Novo Banco, BCP, CGD, BPN e Banif – entre 2001 e 2017. E quais as consequências? Segundo o presidente do BPI, a distorção brutal da concorrência. Quando há uma destruição do capital “para quem geriu de forma mais rigorosa, a vida foi mais difícil do que se tivéssemos todos tido a mesma atitude”. Mas também a distorção brutal na alocação de recursos, acrescenta.

“Os 30 mil milhões de euros [que foram injetados pelos acionistas nos bancos] não evaporaram, não se perderam, nem foram numa mala para a lua.” Ulrich reconhece que uma parte significativa destas perdas pode estar com relacionada com empréstimos que os bancos fizeram mas não conseguiram recuperar.

Estado tem mais “margem de manobra”

Mas a intervenção do Estado já foi maior e já teve mais capital em risco. Com os aumentos de capital, a situação está a melhorar. Ulrich relembra que o Estado tem a participação na CGD, a garantia das obrigações do Novo Banco — que vão ser extintas sem que tenha de pagar — e os empréstimos ao Fundo de Resolução. Mas a lista já foi muito superior. Tem, por isso, “agora mais margem de manobra”, refere.

Isto numa altura em que se fala da possível nacionalização do Novo Banco. E quem é que esta opção — entre um conjunto que inclui venda ou liquidação — vai proteger? A banca.

Nesta hipótese, que está por certificar que é viável, tendo em conta os acordos assumidos com a Comissão Europeia, os bancos ganham de duas formas: recebem um valor pela venda do Novo Banco ao acionista Estado e libertam-se do risco do side bank.

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CaixaBI: BPI terá registado lucros de 266 milhões em 2016

BPI apresenta resultados no dia 26. Analistas do CaixaBI estimam que o banco liderado por Fernando Ulrich tenha registado uma subida de lucros de 266 milhões de euros em 2016.

O BPI deverá ter registado uma subida de 12,7% dos lucros para 266,4 milhões de euros em 2016, um resultado impulsionado pelo crescimento de 13,6% da margem financeira para 753,8 milhões de euros, segundo uma estimativa do CaixaBI.

O banco liderado por Fernando Ulrich prepara-se para apresentar contas do ano passado no dia 26 de janeiro, numa altura em que é alvo de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) da parte do CaixaBank. O grupo catalão oferece 1,134 euros por cada ação que ainda não detém.

Para o CaixaBI, o negócio do BPI deverá ter beneficiado da queda dos custos dos depósitos, o que lhe permitiu melhorar a margem financeira — a diferença entre os juros pagos nos depósitos e os recebidos nos empréstimos.

“A margem financeira doméstica vai continuar a beneficiar da queda dos custos dos depósitos com a média do spread sobre os novos depósitos pagos pelo BPI em setembro a situar-se apenas 0,2% acima da Euribor. Isto é o equivalente a uma média de taxa de juro de 0% que o BPI pagou nos depósitos originados em setembro”, diz o banco de investimento.

Em relação ao trimestre, o lucro terá ficado nos 83,3 milhões de euros, representando uma queda de 2,4% face aos resultados do trimestre de 2015.

As ações do BPI valorizaram 0,44% para 1,133 euros.

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ATM: “Acredito que o preço ainda pode ser revisto em alta”

"A CMVM procurou proteger os acionistas e o mercado", mas Octávio Viana continua contra o preço da OPA ao BPI. Diz que ainda pode ser revisto. Caso não seja, haverá processos contra o CaixaBank.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deu “luz verde” à oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank sobre o BPI. A oferta foi aprovada, mas o preço não mexeu: é de 1,134 euros por ação, um valor que Octávio Viana diz que não é equitativo para os acionistas do banco. Pede mais, e acredita que o banco catalão poderá dar mais. Até porque caso não o faça, haverá processos judiciais, diz o presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM) ao ECO.

“Compreendo a posição da CMVM. O principal interesse foi proteger os acionistas todos., mas também proteger o mercado em si”, refere o responsável pela associação que representa os pequenos acionistas. A oferta foi aprovada com o valor que já tinha sido apresentado, contrariando o pedido da ATM para a nomeação de um auditor independente. “Nomear um auditor independente era complicado por não haver registo. Se o nomeassem antes, o CaixaBank podia não cumprir com a OPA”, refere Octávio Viana.

"Nomear um auditor independente era complicado por não haver registo. Se o nomeassem antes, o CaixaBank podia não cumprir com a OPA.”

Octávio Viana

Presidente ATM

O responsável da ATM diz que reuniu várias vezes com o regulador do mercado. E que desses encontros ficou consciente dos riscos que havia de nomear esse auditor sem o registo da OPA feito. “Havia o risco efetivo de o CaixaBank não cumprir com a oferta. A consequência era não poderem fazer nova oferta [num prazo de seis meses] e reduzirem a posição. Podia ser prejudicial para os pequenos acionistas”, refere, notando que perante tal situação o “banco poderia ser alvo de uma intervenção mais severa por parte do BCE”.

Neste momento, a oferta está registada. O CaixaBank já não pode voltar atrás, sendo que o dinheiro já está bloqueado. A CMVM já não pode fazer nada relativamente ao preço, mas Octávio Viana continua a acreditar que o CaixaBank acabará poder rever o valor oferecido por livre e espontânea vontade. “Não acredito que a CMVM tenha aceitado esta oferta de ânimo leve”, diz, salientando que “não é uma oferta equitativa para os investidores”.

Sem apontar para um preço, o responsável da ATM sustenta esta visão de que deveria haver uma revisão do valor da OPA, entre outros, no facto de recentemente ter havido a nomeação de Mário Silva para a liderança do BFA, mas também de o BNA ter feito depender o “ok” ao negócio da venda dos 2% do BPI à Unitel. Ou seja, “houve transações envolvendo partes relacionadas”, apontando como claro beneficiário da operação a Santoro, de Isabel dos Santos.

Litigância? Muita

Octávio Viana acredita que o “CaixaBank tem noção do nível de risco que corre se não subir o preço”. Qual risco? “Pode haver aqui uma litigância sem precedentes”, diz, rematando que o banco catalão “pode comprar a paz se subir o preço”. Caso tal não aconteça até ao final do período de aceitação da oferta, a 7 de fevereiro, o presidente da ATM diz que há vários grupos de investidores que avançarão para os tribunais.

“Tem-se falado em três ou quatro ações” judiciais contra diferentes alvos. Uma dessas ações será contra o Estado português, que se “vier a ser condenado pode levar a que seja obrigado a pagar o que o CaixaBank deveria ter pago”; contra a CMVM; mas também contra a administração do BPI; e, claro, contra o próprio CaixaBank, neste caso por “enriquecimento sem causa”, remata.

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BPI: Pequenos acionistas impugnam venda do BFA

  • Lusa
  • 13 Janeiro 2017

Para os pequenos investidores, nem Caixabank nem Santoro – principais acionistas – deveriam votar na decisão de venda do BFA por terem ambos interesses na operação.

Pequenos acionistas do BPI puseram uma ação em tribunal a pedir a impugnação da decisão tomada na assembleia-geral do banco sobre a venda parcial do Banco de Fomento de Angola (BFA), que já foi concretizada.

O documento a que a Lusa teve acesso foi apresentado no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia e, ao longo de 52 páginas, quatro acionistas que integram a associação de pequenos investidores ATM apresentam as razões para defenderem a impugnação da decisão tomada na assembleia-geral de 13 de dezembro, em que à segunda tentativa os acionistas do BPI aprovaram a venda de 2% do BFA à operadora angolana Unitel.

Nestes termos, e com os fundamentos expostos, pede-se a vossa excelência senhor juiz que declare nula ou anule (…) a deliberação tomada pela assembleia geral do Banco BPI na sua reunião de 13 de dezembro”, lê-se na ação judicial que deu entrada esta quinta-feira.

A venda parcial do BFA pelo BPI já foi entretanto concretizada a 5 de janeiro, anunciou o banco, passando então a operadora angolana a controlar 51,9% do capital e ficando o BPI com 48,1%.

no final de outubro, a ATM tinha dado a indicação de que poderia vir a impugnar a assembleia-geral de acionistas do BPI sobre o tema, defendendo que nem Caixabank nem Santoro – principais acionistas – deveriam votar por terem ambos interesses na operação.

É que o Caixabank tem em curso uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre 100% do capital do BPI e a Santoro tem ligações à Unitel, uma vez que ambas as empresas são controladas pela empresária Isabel dos Santos.

A 13 de dezembro, os acionistas do BPI aprovaram por 83,23% dos votos expressos (sem contar com abstenções) a venda parcial do BFA – apresentada pela administração do BPI como a “única solução” para resolver o excesso de exposição do BPI a Angola, que motivava a preocupação do Banco Central Europeu -, tendo então vários pequenos acionistas dito à Lusa que Caixabank e Santoro se abstiveram.

Questionado pelos jornalistas em conferência de imprensa sobre essas abstenções, o presidente do BPI, Artur Santos Silva, recusou comentar e também não respondeu à questão sobre se há a possibilidade de as abstenções do Caixabank e Santoro terem acontecido para evitar contestação judicial pelos pequenos acionistas.

“Pode fazer as leituras que entender. Neste processo, e chegados a este ponto, só 3,8% do capital social esteve contra esta transação”, afirmou o fundador do banco.

Os pequenos acionistas e também o grupo Violas, o maior acionista português do BPI com 2,7%, tinham-se já manifestado várias vezes contra a operação por considerarem que retirava valor ao BPI.

No final da assembleia-geral de 13 de dezembro, Tiago Violas considerou que houve “uma troca direta do controlo do BPI pelo controlo do BFA e que os pequenos acionistas foram quem pagou”, referindo-se ao facto de o Caixabank ter em curso a OPA do CaixaBank, em que este oferece 1,134 euros por ação.

Questionado sobre se aceitariam fechar este tema e não avançar com processos em tribunal caso o Caixabank revisse o preço oferecido na OPA, Tiago Violas afirmou que tudo seria “ponderado” e que o fundamental é que “o BPI vale bastante mais do que 1,13” euros por ação e que esta venda parcial do BFA cria “destruição de valor”.

Já em outubro, a associação ATM se tinha pronunciado contra o baixo valor do preço da OPA do Caixabank, considerando que não paga a perda de valor de o BPI já não controlar o BFA.

Os principais acionistas do BPI são o Caixabank, que detém cerca de 45,50% do capital social (e tem em curso uma Oferta Pública de Aquisição para controlar a totalidade do capital do banco), e a angolana Santoro, com 18,6%.

Entre os acionistas de referência contam-se ainda a seguradora Allianz, com 8,4%, a ‘holding’ da família Violas, com 2,68%, e o Banco BIC, com 2,28%, posição esta que se relaciona com a da Santoro, uma vez que ambas as empresas têm Isabel dos Santos como acionista de referência.

O BFA tem sido nos últimos anos a ‘joia da coroa’ do BPI. Dos lucros de 182,9 milhões de euros que o BPI apresentou entre janeiro e setembro de 2016, a atividade internacional (onde se inclui a operação em Angola) contribuiu com 125,4 milhões de euros.

Se a venda parcial do BFA já estivesse concretizada à data de 30 de setembro, o banco tinha tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da atividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos, segundo a própria instituição.

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Dividendos da Unitel de 2014 a caminho do BPI

Primeiro chegaram os de 2015, agora os do ano anterior. Fica assim completo o pagamento de dividendos pela Unitel ao banco liderado por Fernando Ulrich.

A Unitel estava em falta com os dividendos do BFA, mas já pagou tudo. Primeiro chegaram os referentes a 2015, agora o BPI revela que já foi concedida autorização para que sejam pagos os restantes 29,2 milhões de euros.

“O Banco BPI vem agora informar que recebeu na data de hoje a confirmação de que a transferência para Portugal dos dividendos (…) se encontra autorizada pelo Banco Nacional de Angola”, refere o comunicado enviado à CMVM.

O banco já tinha recebido os dividendos de 2015. Num comunicado antes da assembleia geral em que foi aprovada a venda de 2% do BFA, o banco notava que tinha recebido “a confirmação de que a a transferência para Portugal dos dividendos do BFA relativos ao exercício de 2015, no montante equivalente a 36,9 milhões de euros, se encontra autorizada pelo Banco Nacional de Angola”.

O pagamento destes 66 milhões de euros em dividendos era uma das condições que o BPI impôs à Unitel para aceitar vender à operadora angolana mais 2% do capital do BFA. Com essa venda, o BPI e a Unitel passam a deter, respetivamente, 48,1% e 51,9% do capital do BFA.

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BCE diminui exigências de capital ao BPI em 2017

  • Rita Atalaia
  • 15 Dezembro 2016

O BPI terá de apresentar um rácio CET1 de 9,25% em 2017. O valor representa uma diminuição das exigências impostas pelo BCE. Mas, para alcançar o rácio total, terá de emitir 350 milhões de dívida.

O banco explica, num comunicado enviado ao regulador do mercado, que o rácio de capital CET 1 terá de ser de 9,25% no próximo ano, o que fica abaixo dos 9,75% exigidos por Mario Draghi em 2016. Isto representa uma diminuição da exigência de solidez do BPI.

“Face a estes requisitos, e tendo em conta a venda de 2% do BFA e a redução de 0,5 pontos percentuais na taxa de desconto das responsabilidades com pensões prevista para o final de 2016, estima-se que o Banco cumpra os novos rácios mínimos exigidos em matéria de CET1 (Common Equity Tier 1) e Tier 1″, diz o BPI num comunicado enviado à CMVM. O Tier 1 mantém-se no mesmo valor de 9,75%.

No entanto, o BCE aumentou as exigências para o rácio total. O banco central quer agora que o BPI registe um rácio total de 11,75%, em comparação com os atuais 9,75%. Isto apenas será possível, segundo o banco, através “da emissão de dívida subordinada (Tier 2) num valor de até 350 milhões de euros, em termos a definir posteriormente”.

No último retrato feito ao sistema bancário europeu pela EBA, com dados até 30 de junho deste ano, os bancos portugueses apresentavam maiores fragilidades de capital do que a média dos bancos europeus: enquanto a média nacional apontava para um rácio CET 1 de 11,18%, na Europa essa média era relativamente mais robusta, de 13,64%.

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CaixaBank: Resultado da AG “reflete apoio maioritário” à venda do BFA

O CaixaBank decidiu abster-se da votação que aprovou a venda de 2% do BFA à Unitel, para não condicionar o resultado.

O resultado da votação que decorreu, esta terça-feira, na assembleia geral de acionistas do BPI, e que aprovou a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (BFA) à Unitel de Isabel dos Santos, “reflete inequivocamente um apoio maioritário” dos acionistas ao conselho de administração do banco.

Quem o diz é o CaixaBank, principal acionista do BPI, em comunicado enviado esta tarde às redações. “O resultado da votação reflete inequivocamente um apoio maioritário por parte dos acionistas do BPI à proposta realizada pelo seu conselho de administração”.

Por outro lado, acrescenta, a aprovação “permitirá solucionar o incumprimento da concentração de grandes riscos do BPI logo que a venda dos 2% do BFA seja formalizada”.

O CaixaBank informa, ainda, que decidiu abster-se na votação realizada hoje. “Com a abstenção, o CaixaBank não quis condicionar o resultado da votação com o seu voto decisivo e optou por aceitar a decisão que fosse adotada pelos restantes acionistas do BPI que acorreram à assembleia geral”.

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CMVM decide preço da OPA ao BPI antes da AG

Decisão sobre o preço da oferta do CaixaBank para comprar o BPI será tomada a tempo da assembleia-geral de acionistas marcada para a próxima terça-feira, sabe o ECO.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) vai decidir sobre o preço proposto pelo CaixaBank para comprar o BPI ainda antes da realização da assembleia-geral do banco português, agendada para a próxima terça-feira, 13 de dezembro, e que vai determinar o sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do grupo catalão sobre a instituição portuguesa, sabe o ECO.

Neste momento, o regulador do mercado, liderado por Gabriela Figueiredo Dias, está a analisar se a contrapartida de 1,134 euros por ação que os catalães oferecem é ou não justa. Tanto a administração do BPI como os acionistas minoritários já sublinharam que o preço da OPA espanhola é baixo, com os últimos a reclamarem a nomeação de um auditor independente.

Ainda assim, uma decisão favorável à indicação de um auditor externo para definir um preço mínimo é pouco provável. E isto porque o CaixaBank cumpriu o que determina número 1) do artigo 188 do Código dos Valores Mobiliários sobre a contrapartida da OPA obrigatória, cujo valor não pode ser inferior ao mais elevado dos seguintes montantes:

De qualquer forma, quando os acionistas do BPI forem chamados a decidir sobre a venda 2% da sua posição no Banco Fomento Angolano (BFA) à empresária Isabel dos Santos (através da Unitel), já a CMVM terá apresentado o seu veredicto sobre uma das questões ainda em aberto na OPA do CaixaBank sobre o banco português: o preço.

A assembleia-geral do BPI está marcada para a terça-feira da próxima semana, depois de o CaixaBank ter pedido a suspensão do último encontro dos acionistas por não ter a garantia de que a venda dos 2% do capital do BFA, e consequente redução da posição do BPI para os 49%, seja considerada suficiente para que o Banco Central Europeu (BCE) classifique a operação passível de reduzir a exposição do banco aos grandes riscos de Angola.

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Like & Dislike: Capitalizar a CGD com rácios do BPI?

Já muito disparate foi dito sobre a Caixa Geral de Depósitos. Este de Mourinho Félix está a disputar a liderança.

É a nova polémica na Caixa Geral de Depósitos. Sim, mais uma.

Esta quarta-feira, a Comissão Europeia veio confirmar aquilo que já todos desconfiávamos: António Domingues foi a Bruxelas negociar o plano de recapitalização da Caixa quando ainda era administrador do BPI.

António Domingues só assumiu funções como presidente da CGD no dia 31 de agosto, tendo renunciado ao cargo que mantinha no conselho de administração do BPI a 30 de junho. No entanto, em março e abril teve reuniões com Daniele Nouy do Mecanismo Único de Supervisão e mais tarde com a Direção-Geral de Concorrência. Era apresentado como vice-presidente do BPI, mas que vinha para negociar em nome da Caixa.

A situação é estranha e bizarra e levanta uma série de dúvidas sobre eventuais conflitos de interesse. Entretanto, o próprio António Domingues veio, em resposta a Pedro Passos Coelho, dizer que nessas reuniões não tinha tido acesso a informação privilegiada para elaborar o plano de recapitalização da Caixa.

“Quem conhece o setor e tem experiência adequada sabe que a informação pública disponível era suficiente para a elaboração de tal plano”, responde na altura Domingues.

Ao que o líder do PSD perguntou, e bem, “como é que se negoceia com a Direção-Geral da Concorrência um plano de capitalização sem ter informação da carteira de clientes?”.

A resposta chegou hoje. O secretário de Estado do Tesouro e das Finanças veio dizer hoje ao jornal Público que “quando se trabalhou no plano de negócio, fez-se com informação pública, aplicando à Caixa os rácios do BPI”.

A ver se nos entendemos. Mourinho Félix acabou de dizer que o plano de recapitalização do maior banco privado português foi elaborado tendo em conta os rácios de capital do BPI, um banco que em termos de dimensão e perfil de negócio tem pouco ou nada a ver com a Caixa.

Das três, uma:

  1. Domingues negociou com base em informação errada;
  2. Mourinho Félix disse um grande disparate;
  3. Ou os rácios da Caixa e do BPI são muito parecidos e permitem elaborar um plano de recapitalização de um com base nos indicadores do outro.

Então vamos à procura dos rácios. Segundo as contas da Caixa, no final de setembro, “o rácio de crédito vencido com mais de 90 dias atingiu 7,8% em setembro de 2016”. O rácio de crédito em risco, calculado de acordo com os critérios do Banco de Portugal, situou-se em 12,2%.

Estes são dois dos indicadores mais importantes a considerar num plano de recapitalização ou de negócio porque o Estado está a injetar capitais públicos na Caixa precisamente para tapar o buraco deixado pelos clientes que não pagaram, obrigando o banco a reconhecer enormes imparidades.

E então os rácios do BPI são parecidos? A 30 de Setembro, segundo o relatório e contas do banco, “o rácio de crédito a clientes vencido há mais de 90 dias ascendia a 3,5% nas contas consolidadas. O rácio de crédito em risco ascendia a 4,6%”.

Resumindo: a 90 dias, o rácio da Caixa é de 7,8% e o do BPI 3,5%. O crédito em risco no CGD é 12,2% e no BPI 4,6%. Com base nestas contas descartamos a hipótese 3) os rácios da Caixa e do BPI são muito parecidos e permitem elaborar um plano de recapitalização de um com base nos indicadores do outro.

Sobram duas: 1) Domingues negociou com base em informação errada; ou 2) Mourinho Félix disse um grande disparate;

Qualquer uma delas merece um Dislike.
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O Like & Dislike é um espaço de opinião.

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BPI: pequenos e grandes acionistas em lados opostos

A ATM vai "pedir a anulação e nulidade da deliberação", caso Isabel dos Santos e o CaixaBank votem na reunião de acionistas. Administradores do BPI também vão ser alvo de processo judicial.

A assembleia geral de acionistas do BPI marcada para esta quarta-feira à tarde, no Porto, para aprovar a venda de 2% do BFA à Unitel, vai ser palco de uma “guerra” entre pequenos e grandes acionistas. De um lado, o CaixaBank e Isabel dos Santos, do outro os pequenos acionistas representados pela ATM e a Violas Ferreira Financial.

A ATM, associação de investidores e analistas técnicos, assume em declarações ao ECO que irá “pedir a anulação e a nulidade da deliberação caso a venda do BFA seja aprovada na assembleia geral de amanhã porque entendemos que o negócio é lesivo dos interesses dos pequenos acionistas“. Uma ideia que Tiago Violas Ferreira, da Holding Violas Ferreira (2,681%), não rejeita apesar de dizer que “ainda não temos definido o que vamos fazer, mas é uma possibilidade que está em cima da mesa”.

Tiago Violas Ferreira, a exemplo da ATM, defende que a Santoro de Isabel dos Santos e o CaixaBank não poderão votar na reunião. Para Tiago Violas Ferreira “os dois acionistas são parte interessada no negócio do BFA”. Ainda assim, o representante do maior acionista luso adianta que “não fizemos qualquer pedido à mesa, o que iremos é referir durante a reunião de acionistas a nossa posição e no final iremos fazer uma declaração de voto”.

De resto, os dois acionistas também não votaram na reunião do conselho de administração do BPI que decidiu propor à Unitel a compra de 2% do BFA, por 28 milhões de euros. A proposta foi feita em setembro pela administração do BPI à Unitel, considerando a gestão que era a única solução para o BPI cumprir com as exigências do Banco Central Europeu que obrigam à redução da exposição a Angola.

Posição semelhante tem a ATM, se bem que esta tenha por antecipação entregue um pedido ao presidente da mesa, Carlos Osório de Castro. Octávio Viana, presidente da ATM defende que “o CaixaBank e a Isabel dos Santos não poderão votar porque são parte interessada, assim como o BIC e ainda a Allianz”.

No caso da Allianz, detentora de 8,4% do capital do BPI, Octávio Viana diz que o impedimento surge devido a ter uma “relação comercial de grande dependência com o CaixaBank e dos catalães terem inclusive admitido que caso a OPA sobre o BPI se concretize vai manter com a Allianz uma maior ligação”. Apesar de já terem realizado o pedido, Octávio Viana diz que “não temos qualquer reposta do presidente da mesa, mas um dado é certo, se houver votação e estes acionistas votarem iremos fazer um pedido de anulação da deliberação”.

Isabel dos Santos, detentora da Santoro, que controla 18,65% do capital do BPI, é também acionista da Unitel, controlando inclusive a gestão da operadora angolana. Já o CaixaBank, detentor de 44,161 % do capital do BPI, conseguiu ver aprovado o fim dos limites de voto do banco de Ulrich, naquela que era a principal condição para o sucesso da OPA lançada pelos catalães.

Para que a desblindagem dos estatutos fosse possível, a gestão do BPI propôs a venda de 2% do BFA e a consequente perda de controlo da instituição angolana. Isabel dos Santos absteve-se da votação e a operação acabou por passar dando assim “luz verde ” à OPA do CaixaBank.

Responsabilização judicial para a administração do BPI

Para além de ir pedir a anulação da votação da assembleia geral, os pequenos acionistas estão também a preparar um processo judicial contra os administradores do BPI.

Octávio Viana adianta que estão também “a equacionar um processo de responsabilidade civil contra a administração do BPI”. A ATM considera que a administração do banco não se portou bem durante todo este processo.

Uma opinião que já tinha sido defendida por Edgar Ferreira, da Holding Violas Ferreira, quando a 13 de outubro deste ano apresentou a sua renúncia à administração do BPI.

Edgar Ferreira alegou “divergência profunda” com a administração por esta considerar a OPA do CaixaBank sobre o BPI oportuna e também porque foi o único administrador “que não votou favoravelmente esta alienação de 2% do BFA pelo ridículo valor de 28 milhões de euros”. Edgar Ferreira considerou na altura que “estes atos de gestão no decorrer de uma OPA são suscetíveis de conduzir à apreciação e responsabilização judicial dos membros deste Conselho de Administração”.

E se os grandes acionistas não votarem?

Cenário 1: Santoro, BIC , CaixaBank e Allianz impedidos de votar.

Caso o presidente da mesa aceite as pretensões da ATM e da Violas Ferreira Finance, serão os pequenos acionistas a decidir a votação e, nesse caso, a venda de 2% do BFA pode ficar inviabilizada. A questão de não haver quórum não se coloca porque os grandes acionistas estão presentes, o que não podem é votar. Nesse caso, o processo volta à estaca zero, ou melhor, o problema da exposição dos grandes riscos a Angola mantém-se, ficando o BPI em incumprimento com uma das exigências do BCE.

Cenário 2: Santoro, BIC e CaixaBank impedidos de votar. Allianz vota.

Mas pode dar-se o caso de Osório de Castro impedir a votação aos acionistas Isabel dos Santos e CaixaBank e permitir que a Allianz vote e, nesse cenário, o mais provável é que a venda do BFA à Unitel aconteça mesmo.

Cenário 3: todos votam.

É o cenário mais plausível de acontecer e nesse caso, a venda de 2% do BFA à Unitel é uma realidade. Com o BPI a perder o controlo do banco angolano e a cumprir as exigências do BCE.

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Bancos privados passam de lucros a perdas agregadas de 133,5 milhões até setembro

  • Lusa
  • 12 Novembro 2016

Os maiores bancos privados acumularam um prejuízo agregado de mais de 130 milhões de euros entre janeiro e setembro. Novo Banco e BCP foram os principais responsáveis.

Os quatro maiores bancos privados que operam em Portugal tiveram, em termos agregados, prejuízos de 133,5 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, o que compara com lucros registados no mesmo período de 2015.

Nos primeiros nove meses do ano passado, o Novo Banco e BCP apresentaram resultados negativos, pelo que os lucros apresentados pelo BPI e Santander Totta não foram suficientes para impedir um cenário global ‘vermelho’ na banca privada.

Assim, fazendo as contas, entre janeiro e setembro deste ano os quatro maiores bancos privados registaram no conjunto prejuízos de 133,5 milhões de euros, que contrastam com lucros agregados de 173,5 milhões do mesmo período de 2015.

Analisando por instituição, os maiores prejuízos cabem ao Novo Banco – o banco de transição que resultou da resolução do Banco Espírito Santo – que apresentou esta quinta-feira resultados negativos de 359 milhões de euros até setembro, ainda assim melhor do que os prejuízos de 418,7 milhões de euros dos primeiros nove meses de 2015.

O banco – que está em processo de venda e que tem levado a cabo uma intensa reestruturação, com reduções de custos – destacou, contudo, que conseguiu no terceiro trimestre um lucro marginal de 3,7 milhões de euros, o que acontece pela primeira vez desde que foi criado, em 3 de agosto de 2014.

Também o maior banco privado português, o BCP, registou até setembro um prejuízo de 251,1 milhões de euros, que compara com os lucros de 264,5 milhões de euros de igual período do ano passado, justificando que os resultados contabilístico foram influenciados negativamente sobretudo pelo reforço nas imparidades (perdas potenciais), nomeadamente para crédito.

Já o Banco BPI conseguiu, até setembro, fazer crescer os lucros em 21,2% para 182,9 milhões de euros, em resultado de uma melhoria da atividade doméstica para 57,5 milhões, mas principalmente da atividade internacional (sobretudo a operação em Angola, onde tem o BFA) com 125,4 milhões de euros.

Na sexta-feira à noite, o BPI divulgou ao mercado o impacto nas suas contas do acordo que fez com a operadora angolana Unitel para a venda de 2% do Banco Fomento de Angola (ficando o BPI com 48,1% e a Unitel com 51,9%, que assim passa a controlar o banco angolano). Se essa operação já estivesse concretizada, à data de 30 de setembro, o BPI teria tido um prejuízo de 25 milhões, em vez de lucro, devido à inversão do resultado da atividade internacional, que passaria de 125 milhões positivos para 84 milhões negativos.

Por fim, como tem sido hábito, o Santander Totta voltou a registar um desempenho positivo, com um lucro de 293,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida homóloga de 66,2%.

Do resultado líquido do Santander Totta até setembro, nove milhões de euros dizem respeito à integração de atividade bancária do Banif, que adquiriu no final de 2015 por 150 milhões, mas o banco detido pelo espanhol Santander já disse que espera que no futuro esse investimento venha a render ainda mais.

Quanto ao banco público Caixa Geral de Depósitos, o maior a operar em Portugal, este ainda não apresentou resultados referentes aos primeiros nove meses do ano, depois de entre janeiro e junho ter tido prejuízos de 205,2 milhões de euros, valor que compara com os lucros de 47,1 milhões de euros do período homólogo.

A CGD tem estado no centro de uma polémica devido aos membros da administração liderada por António Domingues, que tomou posse em 31 de agosto deste ano, rejeitarem apresentar as declarações de rendimentos e património junto do Tribunal Constitucional.

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