Dona do Pingo Doce lucra 419 milhões, quase mais 30% até setembro

Grupo retalhista Jerónimo Martins, que tem também operações na Polónia e Colômbia, reforça ganhos nos primeiros nove meses do ano. Subida dos preços faz cair volumes e optar por artigos mais baratos.

A Jerónimo Martins acentuou os ganhos nos primeiros nove meses do ano, que ficaram marcados pelo início da guerra na Ucrânia e pela subida acentuada dos preços. A dona do Pingo Doce aumentou os lucros em 29,3% até setembro, com o resultado líquido a ascender a 419 milhões de euros. Compara com os 324 milhões que tinha registado no mesmo período em 2021 e que, na altura, já tinha representado um crescimento homólogo de 48%.

Entre janeiro e setembro, as vendas consolidadas do grupo retalhista de origem portuguesa, que tem operações também na Polónia e na Colômbia, ascenderam a 18,4 mil milhões de euros. Equivale a uma subida de 21% em termos homólogos, segundo a comunicação à CMVM feita esta quarta-feira, em que reporta um crescimento de 17,8% do EBITDA do grupo que em Portugal detém o Pingo Doce e o Recheio, para 1,3 mil milhões de euros.

“Com as acentuadas subidas dos preços dos alimentos e da energia a asfixiarem o poder de compra das famílias, tomámos a decisão, transversal a todas as companhias do grupo, de trabalhar para conter na medida do possível a subida dos preços nas prateleiras das nossas lojas, admitindo pressão adicional sobre as margens”, comenta o presidente e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos, para quem estes resultados “espelham essa opção e a agilidade e assertividade demonstradas pelas insígnias, que fecham o período com posições de mercado reforçadas e tráfego intenso nas lojas”.

Com as acentuadas subidas dos preços dos alimentos e da energia a asfixiarem o poder de compra das famílias, tomámos a decisão de trabalhar para conter na medida do possível a subida dos preços nas prateleiras das nossas lojas, admitindo pressão adicional sobre as margens.

Pedro Soares dos Santos

Presidente da Jerónimo Martins

Quando faltam pouco mais de dois meses para o final do ano, o líder da Jerónimo Martins frisa que “a elevada instabilidade geopolítica e as perturbações nas cadeias de abastecimento que resultaram da pandemia aumentam o nível de incerteza relativamente à evolução dos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis e à extensão dos seus impactos sobre o consumo, num inverno que se antecipa com um nível de dificuldade sem precedentes nas últimas largas décadas”. Neste contexto, “suportados pela solidez financeira do grupo”, acrescenta, a prioridade passa por “assegurar a liderança em preço e continuar a merecer a confiança dos clientes e parceiros de negócio”.

Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo MartinsTIAGO PETINGA/LUSA

No comunicado divulgado esta tarde, a Jerónimo Martins insiste que manterá o “esforço de contenção dos preços de venda”, apesar de a inflação ao nível dos custos estar a aumentar a pressão sobre as margens percentuais das várias insígnias. E destaca precisamente a solidez do balanço do grupo, que no final de setembro se traduzia numa posição líquida de caixa (excluindo responsabilidades com locações operacionais capitalizadas) de 763 milhões de euros. A dívida líquida ronda os 1,7 mil milhões de euros.

Queda de volumes e produtos de mais baixo custo em Portugal

Em Portugal, onde “a pressão da subida generalizada dos preços sobre o rendimento disponível das famílias levou à queda de volumes no consumo alimentar e a uma crescente tendência de trading-down, isto é, a escolherem produtos de mais baixo custo, o EBITDA do negócio da distribuição ascendeu a 241 milhões de euros, 12,5% acima do homólogo, mas com a respetiva margem a ficar em linha (5,9%). No terceiro trimestre, “ao investimento em preço acresceu a subida substancial dos custos de eletricidade, que pressionaram a margem EBITDA”.

Nos primeiros nove meses do ano, em que abriu sete novas lojas (quatro adições líquidas) e remodelou 25 localizações, as vendas do Pingo Doce cresceram 10,3% (+13,4% no 3T) para os 3,3 mil milhões de euros. Já o Recheio beneficiou da recuperação do canal HoReCa a acompanhar a recuperação do turismo em Portugal, o que fez com que as vendas do cash & carry crescessem 28,8% e atingissem 850 milhões de euros neste período.

Na Polónia, a rede de supermercados Biedronka aumentou 23% as vendas, em moeda local, o que corresponde a 12,7 mil milhões de euros em nove meses, refletindo igualmente a inflação registada no cabaz. Já a cadeia de beleza Hebe registou uma faturação que equivale a 252 milhões de euros, 30% acima do registado na mesma fase do ano anterior, subindo 33,6% em moeda local.

Finalmente, na Colômbia, onde a inflação alimentar se mantém acima dos 20% e “impactado significativamente o consumo”, a Ara “investiu consistentemente em preço para responder com assertividade à necessidade clara das famílias de ter acesso a oportunidades de valor”. Em resultado, as vendas aumentaram 66,2% em moeda local e levaram a insígnia retalhista a acelerar o plano de aberturas para este ano de 180 para 230 a 250 lojas.

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Dona do Pingo Doce dá prémio de 550 euros a cada funcionário

Retalhista “incrementa em cerca de 50 euros” o prémio relativo aos lucros de 2021, em comparação com os anos anteriores. “Vamos pagar bons prémios porque o ano foi bom e tudo correu bem", diz a CEO.

A Jerónimo Martins vai passar um cheque de cerca de 550 euros a “todas as equipas operacionais”, o que inclui os trabalhadores dos centros de distribuição em Portugal e também os funcionários das lojas do Pingo Doce, Recheio, Jeronymo e Hussel.

O “número redondo” do prémio referente aos lucros de 2021 ainda está a ser apurado, mas a CEO do Pingo Doce, Isabel Ferreira Pinto, adiantou que o grupo vai “incrementar [o valor] em cerca de 50 euros”, face aos 500 euros que distribuiu no ano passado.

“Ainda estamos a fechar [o montante exato] e em processo de avaliações, só daqui a um mês [será definido]. Mas vamos pagar bons prémios porque o ano foi bom e tudo correu bem”, assegurou a responsável durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2021 em que o presidente do grupo pediu “bom senso” nas negociações relativas à subida dos preços dos produtos alimentares.

Este prémio vai ser assim pago em Portugal pelo 16º ano consecutivo. No ano passado foi atribuído a 23 mil colaboradores das operações em Portugal – 84% dos elegíveis -, juntamente com o salário de abril. Foram distribuídos 11 milhões de euros no mercado nacional e cerca de 50 milhões de euros a nível global a um total de 80.100 pessoas em Portugal, na Polónia e na Colômbia.

Este ano, calculou Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, o prémio a “pagar às pessoas” rondará os 220 a 230 milhões de euros. Em 2021, os lucros da retalhista alimentar aumentaram 48%, para 463 milhões de euros, com o grupo a propor a distribuição aos acionistas de um payout extraordinário de 100% dos resultados líquidos obtidos no exercício.

Segundo dados oficiais, 87% dos trabalhadores das lojas e centros de distribuição do Pingo Doce tiveram aumentos salariais em 2021, com a retribuição média mensal na área operacional a subir 4,3%. No Recheio, as valorizações remuneratórias abrangeram 78% dos funcionários destas categorias e o aumento médio foi de 4,8%.

Como a Pessoas/ECO adiantou em janeiro, para 2022, a Jerónimo Martins decidiu aumentar “entre 7% e 25%” os salários de entrada dos colaboradores do grupo. Um investimento de 22 milhões de euros no reforço das remunerações de entrada, abrangendo cerca de 26 mil colaboradores.

Na conferência de imprensa, a CEO do Pingo Doce referiu ainda que nas compras online, cuja operação é feita em parceira com o Mercadãoadquirido pela Glovo em setembro de 2021 -, não perspetiva a subida da taxa de entrega dos produtos, em resultado do custo dos combustíveis. “Para já, não esta em cima da mesa o aumento da taxa de entrega. Mas em tempos tão imprevisíveis são decisões que vamos tomando semana a semana”, sublinhou.

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Sonae entra no índice Bloomberg para a igualdade de género

Grupo liderado por Cláudia Azevedo junta-se a outras sete cotadas - Jerónimo Martins, Galp, EDP, EDP Renováveis, REN, NOS e BCP - no índice de transparência e boas práticas na igualdade de género.

A Sonae foi selecionada para integrar o Bloomberg 2022 Gender-Equality Index (GEI), que inclui na edição deste ano um total de 418 empresas de meia centena de setores — o financeiro, tecnológico e das utilities são os mais representados — e provenientes de 45 países e regiões, com uma capitalização bolsista combinada de 16 biliões de dólares (14,2 biliões de euros).

O grupo nortenho liderado por Cláudia Azevedo junta-se assim à NOS, à REN e a outras cotadas portuguesas, como a Jerónimo Martins, a Galp, a EDP, a EDP Renováveis ou o BCP, que já faziam parte da anterior edição deste índice que visa replicar o desempenho das empresas de capital aberto comprometidas com a prestação de informação transparente sobre as suas práticas e políticas relativas à igualdade de género.

Liderança feminina e pipeline de talento; igualdade de remuneração e paridade salarial; cultura inclusiva; políticas de prevenção contra o assédio sexual; ser uma marca pró-mulher. São estes os cinco pilares de desempenho avaliados no índice, num total superior a 70 indicadores, neste projeto da Bloomberg. Com a multinacional de origem retalhista sediada na Maia a distinguir-se, em particular, nos três primeiros indicadores e a alcançar uma pontuação global de 78%.

Assumimos o compromisso de 39% das posições de liderança serem ocupadas por mulheres até 2023. Esta decisão implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das nossas colaboradoras.

João Günther Amaral

Membro da comissão executiva da Sonae

Na edição de 2022, a pontuação média no GEI foi de 71%. A análise feita às 418 participantes, entre as quais algumas das principais empresas do mundo — as que têm uma capitalização de mercado de mil milhões de dólares são elegíveis para a inclusão no índice –, mostra que as mulheres ocupam 31% das cadeiras nos conselhos de administração. 72% têm um diretor para a área da diversidade e da inclusão (Chief Diversity Officer ou equivalente) e 61% exigem que a lista de candidatos para cargos de gestão seja equilibrada em matéria de género.

Sonae Tech Hub

Falando num “equilíbrio de direitos, liberdades e oportunidades”, João Günther Amaral, membro da comissão executiva, lembra que a Sonae assumiu há três anos o compromisso de ter 39% das posições de liderança ocupadas por mulheres até 2023 e que essa decisão “implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das colaboradoras” do grupo.

“Integrar este índice de referência mundial é um reconhecimento importante do progresso que já alcançámos e vem reforçar a nossa confiança em continuar este caminho pela igualdade”, acrescentou o administrador da Sonae, citado num comunicado enviado às redações esta quarta-feira.

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Miguel Almeida, presidente executivo da NOSHugo Amaral/ECO

Também a NOS se estreia neste índice em 2022, reclamando que a inclusão no GEI reforça o compromisso “para com a igualdade de tratamento e de oportunidades entre todas as suas pessoas, e para com a eliminação de qualquer tipo de discriminação em função do sexo”. Objetivos que diz estarem materializados no Plano para a Igualdade de Género 2022 e na Declaração de Compromisso para a Diversidade e Inclusão da empresa de telecomunicações.

“Os princípios da igualdade, diversidade e inclusão assumem um papel central na estratégia de recursos humanos da NOS, estando intrinsecamente relacionados com a evolução, crescimento e diversificação do nosso negócio. Apostamos na captação e retenção dos melhores talentos e promovemos a igualdade de oportunidades, independentemente do género. Estamos muito conscientes do impacto que estas práticas têm na valorização das nossas pessoas e esta distinção incentiva-nos evoluir cada vez mais”, resume Miguel Almeida, CEO da NOS.

Num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género.

Andy Brown

CEO da Galp

Já Andy Brown, CEO da Galp, que volta a fazer parte do índice este ano, concorda que “num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género”. “Estamos determinados a melhorar continuamente e o GEI permite-nos acompanhar o progresso que fazemos e prestar contas por ele”, conclui o líder da empresa energética.

JM e BCP a subir na classificação

A metodologia do GEI assenta na ponderação de dois fatores: 30% para disclosure (divulgação de informação) e 70% para data excellence (desempenho). No conjunto das duas dimensões, a Jerónimo Martins obteve este ano uma classificação de 71,55%, que representa uma subida de 6,5 pontos face à última edição.

Para Susana Correia de Campos, Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins, este resultado “atesta a consistência” com que esta área é trabalhada no seio da retalhista que detém o Pingo Doce (Portugal) ou a Biedronka (Polónia) e que este “é um trabalho diário de melhoria contínua num grupo que [se] orgulha de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres”.

É um trabalho diário de melhoria contínua num Grupo em que nos orgulhamos de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres.

Susana Correia de Campos

Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins

Já o Millennium BCP integra o Bloomberg Gender-Equality Index pelo terceiro ano consecutivo e é o único banco português na lista. A instituição financeira sublinha que o compromisso com todos os critérios ESG (environmental, social and corporate governance) está espelhado na evolução da classificação neste ranking: 77,79% em 2020, 78,11% em 2021 e 80,76% em 2022.

“Sermos referenciados à escala global numa matéria tão relevante é um orgulho para os profissionais do Millennium BCP e constitui um claro sinal do empenho do banco em criar uma cultura empresarial que promove a igualdade de oportunidades, premeia o mérito e a qualidade do trabalho em equipa”, salienta Miguel Maya, citado numa nota de imprensa.

Miguel Maya, presidente do Millennium BCPANTÓNIO COTRIM/LUSA

O presidente da comissão executiva frisa ainda que “uma organização que valoriza a diversidade e a equidade de condições independentemente de género, raça, religião ou orientação sexual, está seguramente mais bem preparada para interpretar novos contextos e desafios, bem como para respeitar e corresponder às necessidades dos clientes num mundo complexo, global e diverso”.

(Notícia atualizada às 18:15 com a declaração de Miguel Almeida)

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Holandeses da Heerema saem da Jerónimo Martins com mais-valia de 1.100 milhões em 14 anos

A Heerema ganhou 401,5 milhões quando vendeu 5% da Jerónimo Martins em 2013. Agora vendeu mais 5% e registou uma mais-valia de 500,6 milhões. Em 14 anos, encaixou mais 198 milhões em dividendos.

Quando o Banco Privado Português (BPP) alienou 15% do capital da Jerónimo Martins, em 2007, a dona do Pingo Doce perdeu um acionista incómodo – a relação entre João Rendeiro e Alexandre Soares dos Santos passava por uma fase complicada – e ganhou um acionista silencioso e discreto. A Heerema aplicou 241,7 milhões de euros na compra de 10% da Jerónimo Martins JMT 5,81% há 14 anos. O investimento resultou num verdadeiro “jackpot” para a firma holandesa ligada ao setor do petróleo, que abandonou agora o capital da Jerónimo Martins com uma mais-valia total de 1.100 milhões de euros.

A sua subsidiária Asteck concretizou, esta segunda-feira, a venda dos últimos 5% no capital da Jerónimo Martins, aproveitando o bom desempenho das ações, que negoceiam em máximos históricos. Já tinha sido assim em 2013, quando a firma holandesa alienou metade da posição quando as cotações estavam no pico.

Mas comecemos pelo princípio. A Heerema entrou na Jerónimo Martins em fevereiro de 2007, numa altura em que a crise financeira global estava à porta e o BPP a um ano do declínio. Na venda de 15% da Jerónimo Martins, João Rendeiro apurou uma mais-valia acima de 200 milhões de euros. Mas perdeu a oportunidade de realizar um ganho muito superior. A Jerónimo Martins estava a consolidar a recuperação da crise que atravessou com a aventura mal-sucedida no Brasil e que tinha deixado a companhia à beira da falência. A Heerema, que nasceu há mais de 70 anos na Venezuela, comprou as ações a 19,20 euros, um preço de entrada que dias depois ajustou para 3,84 euros devido ao stock split realizado pela cotada.

O sucesso com a alteração de estratégia do Pingo Doce e, sobretudo, o crescimento acelerado da Biedronka na Polónia, levou as ações da Jerónimo Martins a atingirem os 10 euros em setembro de 2010. O investimento da Heerema já tinha duplicado de valor, mas a companhia holandesa só iria cristalizar parte do investimento quando, em maio de 2013, as ações atingiram um máximo histórico acima de 18 euros. Na altura, vendeu metade da posição, a 16,6 euros por ação, realizando um encaixe de 522 milhões de euros. E uma mais-valia de 401,5 milhões de euros (tendo em conta o preço a que as ações foram compradas em 2007).

O desempenho das ações nos meses seguintes indicava que a Heerema tinha errado em não se desfazer logo de toda a posição. Os títulos regressaram abaixo dos 10 euros no final de 2014. Recuperaram depois, mas em 2019 estiveram de novo perto dessa fasquia. Durante todo este tempo a firma dos petróleos com sede na Holanda manteve o estatuto de segundo maior acionista da Jerónimo Martins. Sempre de forma discreta e, pelo menos publicamente, sem pressão sobre a administração liderada por Pedro Soares dos Santos. A Heerema esperou por outro pico nas ações para colocar um ponto final no investimento de sucesso na Jerónimo Martins. No início desta semana colocou 31,4 milhões de ações junto de investidores institucionais, a 19,75 euros cada uma. Encaixou 621,4 milhões de euros e apurou uma mais-valia de 500,6 milhões de euros (as ações agora vendidas tinham custado 120,8 milhões em 2007).

Segundo os cálculos do ECO, a Heerema obteve uma mais-valia bruta 902 milhões de euros nos dois momentos de venda dos 10% que tinha comprado há 14 anos. A este valor há que somar os dividendos que a Jerónimo Martins pagou todos os anos. Foram mais 198,4 milhões de euros (ilíquidos de impostos). Contas feitas, a companhia holandesa sai da Jerónimo Martins com um ganho total bruto de 1.100 milhões de euros. Um retorno acima de 400%.

No pódio do PSI-20

Uma parte considerável dos ganhos deve-se ao bom desempenho registado pela Jerónimo Martins em 2021. A retalhista (tal como a Sonae) é uma das estrelas da bolsa portuguesa este ano, com uma valorização superior a 50% tendo em conta os máximos históricos fixados antes de perder o segundo maior acionista. No PSI-20 só os CTT sobem mais desde o início do ano.

Os bons resultados a nível global, alicerçados por um crescimento robusto na Polónia (onde continua líder) e um EBITDA positivo nas operações na Polónia (onde entrou em 2013), bem como a atratividade do setor numa altura de reabertura das economias no pós-pandemia, justificam a performance das ações. A capitalização bolsista acima de 13 mil milhões de euros também dá um lugar no pódio entre as maiores cotadas portuguesas (só a EDP e EDP Renováveis têm um valor de mercado superior).

Esta terça-feira as ações afundaram mais de 10%, reagindo ao desconto de 8,6% que a Heerema aplicou na venda do pacote de ações. O CaixaBank BPI assinalava (antes da abertura da sessão desta terça-feira) que as ações tinham chegado ao seu preço-alvo (21,60 euros), o que “limitava a capacidade, em termos fundamentais, para a cotação continuar a apresentar um desempenho superior” ao setor.

Os momentos da Heerema na Jerónimo Martins

A Heerema tem as suas origens numa pequena construtora criada em 1948, na Venezuela, que se especializou no fabrico e instalação de plataformas de exploração petrolífera para companhias que operavam no Lago Maracaibo. Hoje está presente sobretudo no Mar do Norte, com escritórios em 10 países e mais de 2 mil trabalhadores. É dona dos maiores navios do mundo de transporte de infraestruturas de exploração de petróleo offshore.

Em baixo, estão os (poucos) momentos de destaque da empresa no capital da Jerónimo Martins:

23 de fevereiro de 2007 – A Asteck comprou 12.585.900 ações da Jerónimo Martins ao BPP de João Rendeiro, ficando com 10,01% do capital. As ações foram compradas a 19,20 euros cada uma (segundo uma notícia do Diário Económico), pelo que a firma holandesa efetuou um investimento de 241,6 milhões de euros. O BPP encaixou 362 milhões de euros com a venda de 15%.

31 de maio de 2007 – Jerónimo Martins multiplicou o número de ações por cinco, com a ação a ajustar em conformidade. A Asteck passou a deter 62.929.500 ações da Jerónimo Martins. O preço de compra de cada ação ajustou para 3,84 euros.

13 de maio de 2013 – A Asteck vendeu 31.464.750 ações da Jerónimo Martins (5% do capital). Os títulos foram vendidos a 16,60 euros cada um, o que resultou num encaixe de 522,3 milhões de euros. A mais-valia totalizou 401,5 milhões de euros, com a empresa holandesa a mais do que triplicar o investimento efetuado seis anos antes com a compra desta posição (120,8 milhões de euros).

15 de novembro de 2021 – A Asteck alienou os restantes 5% da Jerónimo Martins por 621,4 milhões de euros, a 19,75 euros por ação. As 31,4 milhões de ações agora vendidas tinham custado 120,8 milhões de euros há 14 anos, pelo que a mais-valia bruta desta operação foi de 500,6 milhões de euros.

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Bolsa fecha em alta e completa semana sempre a subir

Foi o dia das retalhistas em Lisboa: a Sonae disparou quase 6% e a Jerónimo Martins ganhou mais de 2%. Bolsa registou a quinta sessão de ganhos esta semana.

A bolsa de Lisboa fechou a sessão desta sexta-feira em alta, completando uma semana sempre a subir. O PSI-20 acumulou uma valorização semanal de mais de 1,5%, depois de duas semanas sob pressão.

O principal índice português avançou 0,64% para 5.744,02 pontos, na quinta sessão seguida de ganhos. Foram sobretudo as duas retalhistas nacionais a darem força a Lisboa: a Sonae — que detém a cadeia de hiper e supermercados Continente — disparou 5,84% para 1,069 euros e a Jerónimo Martins — que explora o Pingo Doce e a Biedronka na Polónia — somou 2,51% para 21,20 euros.

Sonae dispara

Mais cinco cotadas — além das duas retalhistas — encerraram a última sessão da semana em terreno positivo, com destaque para a Corteira Amorim (+1,70%) e para a REN (+0,80%). No caso da gestora da rede elétrica nacional, foi a primeira reação do mercado em relação aos resultados apresentados esta quinta-feira: registou lucros de 68,4 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, menos 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

A GreenVolt caiu 2,81% e teve o pior desempenho em Lisboa. No setor da energia, também a Galp cedeu 1,36% para 8,84 euros, num dia em que os preços do barril de petróleo desvalorizam mais de 1% devido à força do dólar e à possibilidade de os EUA libertarem reservas estratégicas.

O BCP, outro dos pesos pesados nacionais, caiu também mais de 1%.

Lá por fora, as principais praças europeias também encerraram a semana em alta, com o Stoxx 600 a subir mais de 0,30%. O parisiense Cac-40 avançou cerca de 0,50% e atingiu um novo máximo.

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Lucro da Jerónimo Martins sobe 48% para 324 milhões até setembro

A dona do Pingo Doce registou uma subida de 48% nos lucros nos primeiros nove meses do ano, com as vendas a ascenderem a 15,2 mil milhões de euros. Soares dos Santos prevê "atingir objetivos" em 2021.

A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, registou uma subida de 47,7% nos lucros, para 324 milhões de euros, durante os primeiros nove meses de 2021, segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Nos primeiros nove meses do ano, as vendas da retalhista portuguesa, que tem operações também na Polónia e na Colômbia, ascenderam a 15,2 mil milhões de euros, o que corresponde a uma subida de 7,1% face a igual período do ano passado.

No documento divulgado esta quarta-feira, o presidente e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos, destaca que as insígnias detidas pelo grupo terminaram os primeiros nove meses do ano com “posições de mercado mais fortes, em resultado da consistência do trabalho desenvolvido para consolidar liderança em preço e qualidade”.

“A dois meses do final do ano, com a época do Natal a aproximar-se e mesmo com incerteza em torno da evolução da pandemia, os resultados já conseguidos reforçam a nossa confiança de que atingiremos os objetivos de crescimento traçados para o ano”, acrescentou o gestor.

Se as vendas progrediram 7%, “o desempenho registado em todas as insígnias permitiu a alavancagem operacional”, levando o EBITDA a crescer 11,1%, acima do incremento das vendas, com o valor a incluiu 13 milhões de euros de custos relacionados com a Covid-19.

Os custos financeiros líquidos ascenderam a 119 milhões de euros até setembro (compara com 140 milhões de euros no período homólogo), “incorporando perdas de conversão cambial de 4 milhões de euros, relativas a ajustes de valor das responsabilidades com locações operacionais denominadas em euros na Polónia”, que no período homólogo tinham sido de 20 milhões de euros.

Impulso polaco e recuperação colombiana

O Pingo Doce e o Recheio aumentaram vendas e resultados, “apesar de as circunstâncias de mercado se terem mantido exigentes, sobretudo até julho, com a circulação de pessoas a permanecer baixa e um setor Horeca ainda muito fragilizado”. Até setembro, com mais cinco lojas, o Pingo Doce aumentou as vendas em 3,9%, para 3.000 milhões de euros; e o Recheio vendeu 660 milhões de euros (+3,2%).

Na Polónia, a Biedronka abriu 75 lojas (59 adições líquidas) e remodelou 232 localizações durante este ano, fechando os três primeiros trimestres com um crescimento de 10,3% nas vendas, em moeda local. A faturação da Hebe teve um registo semelhante (10,8%), com destaque para as vendas online, que mais do que duplicaram.

A colombiana Ara registou um “forte” crescimento de vendas (31,6% em moeda local) no período em análise, beneficiando da melhoria do “ambiente operacional” no terceiro trimestre, “à medida que o número diário de infeções foi controlado e as tensões sociais, apesar de persistirem, não terem impactado a cadeia de abastecimento nacional da mesma forma que no segundo trimestre”.

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Jerónimo Martins sobe quase 4% e anima bolsa

Doze cotadas encerraram o dia em alta, permitindo que o PSI-20 acompanhasse os ganhos dos pares europeus. Além da Jerónimo Martins, também o BCP esteve em destaque.

Segundo dia de ganhos na bolsa de Lisboa, que foi impulsionada desta vez pelas ações da Jerónimo Martins. A dona do Pingo Doce acelerou quase 4%, com os investidores confiantes em relação à retalhista que anunciou na véspera uma subida de 80% do lucro para 186 milhões de euros.

As ações da Jerónimo Martins subiram 3,67% para 17,105 euros, liderando os ganhos na praça nacional esta quinta-feira. A empresa liderada por Pedro Soares dos Santos prestou contas ao mercado esta quarta-feira, dando conta de um primeiro semestre “promissor” e durante o qual atingiu vendas de quase 10 mil milhões de euros, mais 6% em termos homólogos.

O setor do retalho teve um dia positivo: a Sonae, dona da cadeia de hiper e supermercados Continente, valorizou 2,30% para 0,8245 euros.

Jerónimo Martins avança mais de 3%

Mais 11 cotadas encerraram o dia em alta, permitindo que o PSI-20, o principal índice português, avançasse 0,49% para 5.119,49 pontos, prolongando os ganhos de 1% da última sessão.

O BCP também foi um dos títulos em maior evidência: o banco somou 1,66% para 0,1228 euros, depois de duas sessões em perda, na sequência dos resultados semestrais que apresentou na segunda-feira.

Do lado das perdas, a EDP Renováveis caiu 2,27% para 20,70 euros, depois da subida de mais de 3% na sessão anterior. O Citigroup baixou a recomendação dirigida aos títulos da empresa de renováveis para “hold” após o rally protagonizado no último mês, numa nota citada pela agência Reuters. A EDP também desvalorizou 0,58%.

O setor do papel, que esteve em destaque esta quarta-feira, viu a Altri cair mais de 1% e a Semapa, dona da Navigator, recuar mais de 2%, enquanto a Navigator contrariou esta tendência com ganhos de 0,97%.

Lisboa acompanhou os ganhos na Europa, onde as praças de Frankfurt, Paris e Madrid valorizaram até 0,5%, sendo que a bolsa de Milão ganhou 1%.

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Lucro da dona do Pingo Doce sobe 79% para 186 milhões até junho

Jerónimo Martins atingiu vendas de quase 10 mil milhões num primeiro semestre que qualificou de "promissor". Retalhista investiu 200 milhões dos 700 milhões previstos para este ano.

A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, registou uma subida de 78,9% dos lucros para 186 milhões de euros num primeiro semestre que classificou de “promissor”, apesar do impacto da pandemia.

Em comunicado enviado ao mercado, a retalhista revelou que as vendas atingiram os 9,9 mil milhões de euros no mesmo período, o que representa uma subida de 6,3% em termos homólogos.

Na Polónia, o principal mercado da Jerónimo Martins, a insígnia Biedronka observou uma subida de 6,8% das vendas para sete mil milhões de euros, com a retalhista a referir-se a um aumento das visitas às lojas perante um “maior controlo da situação pandémica e o consequente aligeiramento das medidas restritivas.

O mercado polaco representa 70% do volume de negócios da retalhista nacional, sendo que a Jerónimo Martins continuou a abrir lojas: foram abertas mais 53 lojas (representando 39 adições líquidas) nos últimos seis meses.

Em relação ao Pingo Doce, registou um crescimento das vendas em 4,6% para 1,9 mil milhões de euros. “A insígnia manteve uma forte atividade comercial” apesar das restrições, diz a Jerónimo Martins. Ainda em Portugal, o Recheio teve vendas de 398 milhões de euros, em linha com o mesmo período do ano passado.

Já a retalhista colombiana Ara viu a faturação aumentar quase 12% para 473 milhões de euros, sendo também um mercado onde a Jerónimo Martins está em plena expansão: abriu 41 novas lojas no primeiro semestre.

Investimento atinge 200 milhões

A Jerónimo Martins diz ainda que realizou investimentos na ordem dos 200 milhões de euros, dos quais 60% (120 milhões) foram alocados à Biedronka, em linha com o plano anunciado no ano passado.

A retalhista conta investir até 700 milhões ao longo deste ano. Porém, faz depender essa ambição daquilo que forem “as medidas de restrição que ainda possam vir a ser aplicadas nos mercados” onde opera, segundo se lê nas perspetivas para 2021.

O investimento inclui a adição de 100 lojas à rede da Biedronka e a remodelação entre 250 a 300 lojas. Em Portugal, o plano passa por abrir uma dezena de lojas Pingo Doce e remodelar outras 15. Já a Ara (Colômbia) prepara-se para abrir uma centena de supermercados.

(Notícia atualizada às 17h56)

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Lucro da Jerónimo Martins sobe 66% para 58 milhões

Vendas da dona do Pingo Doce subiram 1,5% para 4.786 milhões de euros no primeiro trimestre, à boleia sobretudo da unidade polaca Biedronka.

A Jerónimo Martins registou uma subida de 66% do lucro para os 58 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, com as vendas a subirem à boleia do negócio polaco da Biedronka.

Em comunicado enviado ao mercado, a retalhista adianta que as vendas totais do grupo aumentaram 1,5% para 4.786 milhões de euros no mesmo período, sendo que a Polónia reforçou o estatuto de principal mercado.

A unidade polaca Biedronka alcançou vendas de 3.388 milhões de euros, um aumento de quase 4% face ao primeiro trimestre de 2020. “As medidas de confinamento, embora com impacto negativo nas compras de impulso, beneficiaram as vendas a retalho, já que o encerramento dos restaurantes e escolas se traduziu num aumento do número de refeições em casa”, explicou a empresa liderada por Pedro Soares dos Santos.

Em relação a Portugal, as vendas do Pingo Doce caíram 0,8% para 929 milhões de euros, com a retalhista a sentir-se afetada pelo “limite ao número de pessoas dentro das lojas”. Março, contudo, foi já um mês com desempenho positivo nesta insígnia.

Já as vendas do Recheio cederam quase 20% para 173 milhões de euros, o que se deve sobretudo ao encerramento dos restaurantes e cafés a partir de meados de Janeiro, que impactou o desempenho do segmento HoReCa.

A Jerónimo Martins vê a retoma esperada para 2021 como “incerta”, estando dependente de vários fatores: da evolução da crise sanitária, do programa de vacinação e dos seus impactos no mercado interno e na recuperação do turismo. A empresa salientou que qualquer alteração dos limites impostos ao número de clientes em simultâneo dentro das lojas e restaurantes no sentido do alívio deverá ter efeito positivo imediato nos seus negócios no país.

A retalhista conta ainda com operações na Colômbia, com as vendas da Ara a subirem ligeiramente para 237 milhões. Já a Hebe teve receitas de 57 milhões.

A Jerónimo Martins prepara-se para pagar dividendos aos acionistas no valor de 28,8 cêntimos por ação no próximo dia 6 de maio.

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CEO da Jerónimo Martins critica gestão da pandemia em Portugal. “Polacos foram muito melhores”

CEO da Jerónimo Martins deixou críticas à forma como Portugal planeou o combate à pandemia. Compara com a Polónia, enaltecendo o planeamento rigoroso e a disciplina da organização polacas.

A Jerónimo Martins vê a economia da Polónia recuperar com força já na segunda metade deste ano, enquanto a retoma em Portugal só deverá acontecer um ano depois. O CEO da retalhista portuguesa deixou críticas à forma como se planeou a resposta à pandemia no nosso país. “Quanto maior for o desconhecido, maior é a importância de um planeamento rigoroso e da disciplina da organização. E nisso os polacos foram muito melhores que os portugueses. Isso, indesmentivelmente, em Portugal falhou”, atirou Pedro Soares dos Santos em conferência de imprensa com os jornalistas a propósito dos resultados do ano passado.

Soares dos Santos recusou fazer comentários “de bancada” sobre a situação sanitária, até porque reconheceu que “gerir crises é difícil, a pressão é muito grande, a complexidade trazida pela pandemia surpreendeu tudo e todos”. Ainda assim, não deixou de apresentar a sua visão sobre a forma como os dois países onde a Jerónimo Martins tem negócio combateram a pandemia e como isso se vai traduzir nos arranques das duas economias.

“Na Polónia prevejo que, no segundo semestre, possa haver uma grande retoma, porque o Governo polaco teve sempre uma grande preocupação de não fechar a economia, e de proteger a economia e o emprego. Foram duas coisas que tiveram sempre como grande objetivo, portanto penso que a retoma acontecerá mal haja uma certa confiança no sentido da vacinação e das pessoas sentirem alguma segurança”, afirmou o presidente da dona do Pingo Doce.

Para Portugal, as perspetivas são outras e surgem com um ano de atraso. “Da forma como nós prevemos e temos planeado para nós mesmos, no segundo semestre de 2022 vemos alguma recuperação dessa retoma”, disse.

Pandemia adia planos de expansão na Roménia

O CEO da Jerónimo Martins adiantou ainda que a pandemia teve impacto nos planos de expansão do grupo na Roménia. “Estávamos preparados para começar, em 2020 tínhamos tudo organizado, mas o processo ficou adiado”, disse Pedro Soares dos Santos.

“A Roménia continua a ser a nossa prioridade, mas temos de ver o impacto da pandemia para ver se continua a ser a nossa prioridade. Temos de dar tempo para saber se o país reúne as condições”, acrescentou, depois de ter dito que não vai desistir de fazer crescer o negócio.

Com presença em vários mercados, desde a Polónia até à Colômbia, a Jerónimo Martins registou lucros de 312 milhões de euros no ano passado, o que representa uma descida de quase 20% face a 2019.

A administração propôs o pagamento de um dividendo bruto de 28,8 cêntimos por ação, exceto ações próprias em carteira, num montante total de 181 milhões de euros (payout de 50%)

(Notícia atualizada às 13h22)

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Lucros da Jerónimo Martins caem 20%. Paga dividendo de 28,8 cêntimos

A dona da Biedronka e do Pingo Doce viu o resultado líquido em 2020 cair 19,9%, para 312 milhões de euros. Vai pagar um dividendo de 28,8 cêntimos aos acionistas.

Os lucros da Jerónimo Martins caíram 19,9% em 2020, para 312 milhões de euros. Apesar de as vendas terem aumentado 3,5%, cifrando-se em 19,3 mil milhões de euros, a empresa foi forçada a um “investimento acrescido em margem para mitigar o impacto das restrições introduzidas” para controlar a pandemia.

Numa nota submetida à CMVM, a administração diz propor, ainda assim, o pagamento de um dividendo bruto de 28,8 cêntimos por ação, exceto ações próprias em carteira, num montante total de 181 milhões de euros (payout de 50%). O grupo diz-se “bem preparado” para mais um ano de “desafios”, mantendo uma “inquestionável solidez de balanço”.

“A proposta de distribuição de dividendos permite ao grupo preservar total flexibilidade para acelerar os seus planos de expansão e aproveitar qualquer potencial oportunidade de crescimento não orgânico, mantendo, em simultâneo, um balanço forte”, lê-se no relatório anual divulgado esta terça-feira.

Na habitual nota a acompanhar as contas, o presidente e administrador delegado, Pedro Soares dos Santos, afirma que, depois de um “ano marcado por uma exigência sem precedentes”, o grupo “registou um sólido desempenho operacional e reforçou o seu balanço”. “Entrámos em 2021 com a confiança renovada na capacidade de cada insígnia antecipar os impactos da crise pandémica que continua, e continuará, a marcar o contexto operacional, com maior intensidade na primeira metade do ano”, acrescenta.

Os resultados consolidados da empresa mostram que o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 1% no ano, para 1.423 milhões de euros. A margem fixou-se em 7,4%, uma redução de 0,3 pontos percentuais: “O desempenho da margem incorpora o impacto negativo da desalavancagem operacional dos negócios, que registaram uma pressão acrescida sobre o desempenho das vendas e o aumento dos custos diretos incorridos pelas insígnias no contexto da pandemia e que se estimam em cerca de 41 milhões de euros”, explica a Jerónimo Martins.

Resultados anuais consolidados da Jerónimo Martins

Fonte: Relatório e contas da Jerónimo Martins

Pingo Doce esteve “particularmente exposto”

No plano das receitas, as vendas e prestação de serviços cresceram 3,5% no ano da pandemia e cifraram-se em 19.293 milhões de euros. Analisando por marcas de retalho, na Polónia, a Biedronka cresceu 6,7% em vendas, para 13,5 mil milhões de euros. “O consumo tornou-se mais contido com o início da crise pandémica, tendo, no entanto, revelado um certo nível de resiliência e continuado a reagir a propostas comerciais atrativas e que aliam o bom preço à qualidade”, destaca a retalhista.

Em Portugal, no entanto, as vendas do Pingo Doce reduziram-se 1,9%, para 3,9 mil milhões de euros. A retalhista explica que a insígnia “esteve particularmente” exposta “à redução da circulação de pessoas, quer pelo seu histórico de elevada densidade de vendas e número de visitas, quer pelo impacto que a ausência de tráfego tem nos restaurantes, cafés e na categoria de take-away da insígnia, a que se juntou, a partir de novembro, o encerramento das lojas nas tardes dos dias de fim de semana”.

“Fiel à decisão estratégica de proteger a sua proposta de valor independentemente das circunstâncias, a companhia investiu em atividade comercial e em comunicação ao longo do ano, aumentando progressivamente a sua capacidade de mitigação dos impactos sobre as vendas resultantes das medidas de confinamento”, destaca a Jerónimo Martins. Porém, a empresa diz reconhecer a “situação económica frágil de muitas famílias”, pelo que “manteve a forte dinâmica promocional”.

No plano das despesas, os custos operacionais da Jerónimo Martins também subiram em 2020: aumentaram 6,3%, para 2,8 mil milhões de euros. Quanto à dívida, a Jerónimo Martins chegou a 31 de dezembro de 2020 com uma dívida líquida de 509 milhões de euros, um agravamento face aos 196 milhões registados no mesmo dia de 2019.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h56)

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Bolsa perde 2% em janeiro. É o pior arranque de ano desde 2017

"Como vai janeiro, vai o ano inteiro", diz o ditado popular. O PSI-20 caiu mais de 2% no primeiro mês do ano. Más notícias para os investidores nacionais?

“Como vai janeiro, vai o ano inteiro”, diz o ditado popular. Para a bolsa portuguesa, a sabedoria popular não traz propriamente boas notícias. O PSI-20 fechou o primeiro mês do ano a cair mais de 2%, no pior arranque desde 2017. Vai ser assim 2021?

Na última sessão de janeiro, mês que ficou marcado pelo regresso do país ao confinamento devido à pandemia, o principal índice português recuou 1,26% para 4.794,55 pontos, agravando as perdas mensais para 2,12%. Há quatro anos que o primeiro mês do ano não terminava com perdas no PSI-20.

Entre os “pesos pesados”, apenas a EDP escapa às perdas este ano, apresentando uma variação mensal de 0,31%. Foi o mês em que os acionistas elegeram a nova equipa de gestão, liderada por Miguel Stilwell, que sucedeu ao histórico António Mexia. Esta sexta-feira, porém, a elétrica nacional registou perdas de 0,5%

Por outro lado, as outras quatro grandes cotadas nacionais entraram em 2021 com o “pé esquerdo”: o BCP acumulou uma desvalorização de 7% e a Galp perdeu mais de 5%. Já as cotações da EDP Renováveis e Jerónimo Martins registaram quebras menos expressivas em janeiro, cedendo 1,75% e 2,5%, respetivamente.

Esta sexta-feira todas estas ações tiveram perdas. O banco liderado por Miguel Maya caiu mesmo mais de 3% e a petrolífera (que anunciou este mês uma troca de CEO, com a saída de Carlos Gomes da Silva por troca com Andy Brown, ex-Shell), perdeu mais de 2,5%.

Piores desempenhos em Lisboa

Fonte: Reuters

Janeiro ficou marcado por novos receios com a propagação do vírus, potenciada por novas variantes mais eficazes e que levou o Governo português a implementar um novo confinamento generalizado. Outros países europeus também têm em cima da mesa medidas de restrição sérias face à evolução do vírus, isto apesar de já terem iniciado os planos de vacinação.

Na Europa, o índice de referência Stoxx 600 teve uma perda mensal de 0,68%. Outras importantes praças europeias também registam perdas desde o início do ano, com o alemão Dax-30 a cair mais de 2% e o espanhol Ibex-35 a derrapar quase 4%.

(Notícia atualizada às 17h05)

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