Oposição prepara lista única em torno de Miguel Coelho para as eleições no Montepio

Tal como há três anos, um grupo de associados procura juntar forças e apresentar uma lista concorrente única à Associação Mutualista. Há um nome em cima da mesa para liderar lista: Miguel Coelho.

Com as eleições apontadas para o final do ano, a corrida nos bastidores da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) começa a aquecer. Se a candidatura do atual presidente Virgílio Lima com uma lista de continuidade é dada como adquirida, a oposição está (novamente) focada em alinhar interesses, deixar as divergências de lado e concentrar as forças numa lista concorrente única. E há já um nome em torno do qual um grupo de associados e ex-dirigentes do Montepio está a trabalhar, de acordo com informações recolhidas pelo ECO. Trata-se de Miguel Coelho, antigo administrador financeiro da equipa de Tomás Correia, com quem veio a entrar em rota de colisão em 2018.

Em teoria, é muito provável que seja esse nome, mas o processo não está concluído”, confirmou fonte próxima das discussões ao ECO. Em cima da mesa está a ideia de juntar numa única lista membros (ou grande parte dos nomes) das listas de Ribeiro Mendes e António Godinho e que saíram derrotadas das últimas eleições de 2019, tendo reunido, ainda assim, mais de 55% dos votos em conjunto.

Já nas últimas eleições foram desenvolvidos esforços no sentido de tentar derrotar Tomás Correia agregando várias forças internas da oposição, mas não se chegou a um bom porto. A mesma fórmula está novamente de volta. “Aprendemos nestes três anos que o mais importante é conseguir convergência ampla e construir uma convergência à altura dos desafios do Montepio”, afirma agora Ribeiro Mendes, que encabeçou a lista B nas últimas eleições, ao ECO. Não foi possível contactar António Godinho.

As conversações estão em curso neste momento com vista a chegar a um entendimento em relação a um projeto para a mutualista e aos nomes que irão candidatar-se não só ao conselho de administração, juntamente com Miguel Coelho, mas também aos outros órgãos sociais: conselho fiscal, mesa da assembleia e a recém-criada assembleia de representantes, que deu lugar ao conselho geral.

Quanto a Miguel Coelho, foi administrador com o pelouro financeiro da equipa de Tomás Correia entre 2016 e 2018. Como Ribeiro Mendes, também Miguel Coelho entrou em divergência com a gestão, tendo inclusivamente votado contra um aumento de capital de 250 milhões do banco em 2017 e que foi integralmente subscrito pela mutualista. Antes disso, o docente da Universidade Lusíada exerceu funções em empresas do grupo, incluindo o banco, e foi vice-presidente do Instituto da Segurança Social.

Como o ECO avançou, o processo eleitoral já arrancou no passado mês de janeiro com a mutualista a pôr em consulta pública um projeto de regulamento eleitoral, que prevê o voto eletrónico em vários “pontos de contacto” da mutualista com os associados em todo o país e o registo prévio dos candidatos concedido pelo regulador dos seguros.

Estas duas novidades do regulamento eleitoral mereceram duras críticas deste grupo de associados que agora tenta formar uma lista concorrente única contra Virgílio Lima. “O projeto [de regulamento eleitoral] inclui um conjunto de procedimentos que, a serem adotados, constituiriam um gravíssimo enviesamento do processo eleitoral, conferindo tais vantagens à lista apoiada pelo conselho de administração incumbente, que só em situações muito extremas não seria esta a vencedora”, segundo manifestou este grupo numa carta enviada à comissão que elaborou a proposta. O projeto de regulamento eleitoral ainda tem de ser aprovado em assembleia geral.

O mandato dos atuais órgãos sociais termina no final do ano. Os estatutos obrigam a que a atual administração liderada por Virgílio Lima apresente uma lista. As eleições são aguardadas com expectativa face ao momento que vive a maior instituição mutualista do país, que gere poupanças de mais de dois mil milhões de euros de 600 mil associados.

As contas da AMMG de 2020 ainda não são conhecidas, embora se saiba que há muito que a instituição convive com desafios do ponto de vista financeiro. O ECO revelou há duas semanas que a AMMG e o Banco Montepio estão a preparar a desconsolidação de uma carteira de mil milhões de euros em crédito malparado e imóveis do banco para um veículo ligado à mutualista. O banco não ficará com qualquer exposição a este veículo, o que permitirá libertar capital. O processo está a ser estudado internamente e, caso seja viável, será submetido aos supervisores e auditores, disse fonte oficial da mutualista.

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Banco Montepio quer transferir 1.000 milhões em ativos problemáticos para a mutualista<span class='tag--premium'>premium</span>

Montepio está a preparar-se para transferir uma carteira de mil milhões de euros em crédito malparado e imóveis do balanço do banco para um veículo financeiro que será gerido pela mutualista.

O Banco Montepioe a Associação Mutualista Montepio Geral(AMMG) estão em discussões para transferir cerca de mil milhões de euros em crédito malparado e ativos imobiliários do banco para um veículo financeiro que será gerido pela mutualista, de acordo com informações recolhidas pelo ECO junto de várias fontes. A instituição financeira liderada por Pedro Leitão está a ser pressionada pelo Banco de Portugal para encontrar uma solução estruturalpara reduzir a elevada exposição a ativos problemáticos. A resposta a esta pressão do regulador deverá passar pela desconsolidação de uma grande carteira de NPL ( non performing loans) e de REO ( real estate owned) do seu balanço, transferindo-a para uma sociedade-veículo gerida pela mutualista, a maior do país e que conta com mais de 600 mil

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Banco Montepio tem novo administrador para acelerar transformação digital

Banco Montepio anunciou a contratação de Jorge Baião, ex-administrador com o pelouro da tecnologia da informação do Crédito Agrícola.

O Banco Montepio anunciou esta segunda-feira um novo administrador para acelerar a transformação tecnológica no banco. Jorge Baião é o novo membro da equipa executiva de Pedro Leitão e terá a seu cargo o pelouro da Tecnologia, Transformação Digital, Operações e Meios.

O novo executivo do Banco Montepio vem do Crédito Agrícola, onde desempenhava a função de Chief Information Officer (CIO). Antes disso, passou pelo grupo BBVA, em Espanha, e pelo Banco Santander, e também pela consultoria de gestão (Deloitte e Arthur D. Little) onde geriu programas transformacionais e de reestruturação no setor financeiro em diversas geografias (Europa e América Latina), de acordo com a informação disponibilizada pelo banco.

Com esta contratação, Pedro Leitão reforça a sua equipa executiva com um elemento com larga experiência nas áreas transformacional e tecnológica. O banco pretende reforçar a tendência que iniciou há um ano de transformação e aceleração digital. Pedro Leitão era anteriormente Chief Digital Officer do Banco Atlântico Europa.

“A transformação digital é hoje vital no setor financeiro sendo, por isso, um dos pontos fulcrais da estratégia em prática no grupo Banco Montepio. Foi neste contexto que o conselho de administração do Banco Montepio convidou Jorge Baião para integrar este órgão, como membro da comissão executiva”, frisa o banco em comunicado.

O Banco Montepio tem em curso um plano de reestruturação que deverá levar à saída de cerca de 900 trabalhadores, cerca de 20% dos seus quadros, e ao encerramento de 80 balcões nos próximos anos, num processo ajustamento que é visto como crucial para o regresso aos lucros e à geração orgânica de capital, numa altura em que todo o setor está a ser afetado pela pandemia de Covid-19.

O banco fechou 2020 com prejuízos de cerca de 81 milhões de euros, depois de lucros de 21 milhões em 2019. Os resultados foram duramente afetados pela pandemia, com o banco a registar imparidades de 77 milhões de euros, e pela reestruturação em curso, que representou um custo não recorrente de 35 milhões.

Os capitais próprios desceram 125 milhões de euros para 1.327 milhões de euros, o que poderá levar a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) a ter de registar nova imparidade com o banco nas contas individuais.

 

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Eleições na Associação Mutualista Montepio aquecem com oposição a atacar regras

Associação Mutualista entrou em clima pré-eleitoral. Oposição de Ribeiro Mendes e Costa Pinto ataca regras propostas pela instituição, considerando que dão vantagem à lista apoiada pela administração.

Dia de eleições na Associação Mutualista Montepio – 07DEZ18Hugo Amaral / ECO

As eleições para os órgãos sociais da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) só vão ter lugar em dezembro, mas a instituição vive já em clima pré-eleitoral. Como avançou o ECO, a mutualista colocou no mês passado em consulta pública uma proposta de regulamento eleitoral, prevendo, entre outros pontos, o voto eletrónico e o registo prévio dos candidatos junto do regulador. Agora, um grupo de associados que inclui Fernando Ribeiro Mendes e João Costa Pinto contesta as regras para ir a jogo, considerando que dariam vantagem à lista apoiada pela administração de Virgílio Lima. “Só em situações muito extremas esta lista não venceria”, refere este grupo numa carta a que o ECO teve acesso.

“O projeto [de regulamento eleitoral] inclui um conjunto de procedimentos que, a serem adotados, constituiriam um gravíssimo enviesamento do processo eleitoral, conferindo tais vantagens à lista apoiada pelo conselho de administração incumbente, que só em situações muito extremas não seria esta a vencedora“, refere este grupo de associados do Montepio numa carta dirigida na semana passada a Manuel Porto, da comissão de elaboração do regulamento eleitoral.

Se o projeto fosse aprovado, o Montepio teria “eleições que de democráticas nem sequer teriam a aparência”, acrescenta este grupo no parecer que conta com mais de três dezenas de subscritores, muitos deles ex-candidatos em listas da oposição à atual administração.

São várias as críticas que estes associados dirigem ao projeto de regulamento, propondo mais de seis dezenas alterações.

Começam por contestar o facto de adiar as eleições para a recém-criada Assembleia de Representantes (que substitui o conselho geral no final do ano passado e deixou a AMMG sem órgão de supervisão desde então) e organizá-las juntamente com eleições para os outros órgãos. Isso é “inaceitável”, dizem os subscritores. “Deve-se fazer uma alteração drástica do sentido do Regulamento Eleitoral e desenvolver procedimentos que permitam realizar urgentemente eleições para a Assembleia de Representantes”, propõem.

"O projeto [de regulamento eleitoral] inclui um conjunto de procedimentos que, a serem adotados, constituiriam um gravíssimo enviesamento do processo eleitoral, conferindo tais vantagens à lista apoiada pelo conselho de administração incumbente, que só em situações muito extremas não seria esta a vencedora.”

Parecer de grupo de associados ao projeto de regulamento eleitoral

Voto eletrónico sujeito a interferências

Também o modelo de votação eletrónica proposto no regulamento eleitoral merece duros reparos, pois está longe de garantir que não há interferência de terceiros, segundo este grupo de associados.

Pela primeira vez, os associados poderão fazer uso do voto eletrónico, mas só o poderão fazer “nos locais onde tenha representação associativa ou outros definidos pela comissão eleitoral”, isto é, aos balcões do banco, de acordo com a proposta de regulamento eleitoral.

O grupo subscritor diz que “a solução para o voto eletrónico prevista no projeto é, na verdade, o que se pode designar por um voto presencial por meios eletrónicos”. Pelo que “tal solução não é aceitável sem que estejam garantidas as mesmas condições de secretismo e proteção contra interferências de terceiros impostas para o voto presencial em urna”, acrescenta.

Alternativa: “a modalidade de voto presencial por meios eletrónicos só deve ocorrer sob condição imperativa de nos locais escolhidos estarem reunidas exatamente as mesmas condições exigidas para a votação presencial em urna“, com membros de todas as listas a acompanharem o ato.

"A solução para o voto eletrónico prevista no projeto é, na verdade, o que se pode designar por um voto presencial por meios eletrónicos. ”

Parecer de grupo de associados ao projeto de regulamento eleitoral

Registo prévio da ASF para quê?

Outras das novidades que constam do projeto de regulamento eleitoral diz respeito à necessidade de os candidatos ao conselho de administração e ao conselho fiscal terem luz verde do regulador, neste caso, a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) que terá de dar o chamado “registo prévio”.

O grupo de associados não encontra “explicação razoável” para a inclusão deste requisito para alguém poder candidatar-se ao Montepio. “O que a lei impõe é que esse registo seja feito antes do início de funções das pessoas que integram as listas eleitas e é essa uma prática frequentemente seguida nos setores bancário e segurador”, sublinha o grupo.

E dão um exemplo da complexidade em que se transformaria o processo de registo caso esta regra avance: “Se concorressem quatro listas, que sentido faria obrigar 44 candidatos a submeterem-se a todo um complexo processo de registo que, inclusive, poderia obrigar à frequência de atividades de formação por parte de pessoas que não seriam eleitas?” “Fosse o objetivo obstaculizar a formação de listas e limitar o exercício de direitos democráticos, seria, de facto, um processo eficaz”, argumenta o grupo.

Nesse sentido, os subscritores do parecer pretendem “uma grande simplificação” do regulamento nesta matéria. Querem eliminar o requisito de registo prévio da ASF e que a verificação da idoneidade de todos os candidatos se efetue a partir do Certificado de Registo Criminal. O regulamento também deve prever o modo de suprir chumbos da ASF a candidatos eleitos, sugerem estes associados.

Apresentação de resultados da Associação Mutualista Montepio - 01JUL20
Virgílio Lima é presidente da AMMG desde dezembro de 2019, após saída de Tomás Correia.Hugo Amaral/ECO

O mandato dos atuais órgãos sociais termina no final do ano. As eleições são aguardadas com expectativa face ao momento que vive a maior instituição mutualista do país, que gere poupanças de mais de dois mil milhões de euros de 600 mil associados.

Virgílio Lima, presidente da mutualista depois da saída de Tomás Correia, deverá entrar na corrida, embora ainda não tenha deixado qualquer indicação nesse sentido. De qualquer forma, da atual administração terá de sair uma lista candidata para garantir a continuidade da instituição, como preveem os estatutos. A oposição também já começou a posicionar-se, ao redor de Fernando Ribeiro Mendes, ex-administrador da instituição e que saiu derrotado nas últimas eleições.

Antes de entrar em vigor, o regulamento eleitoral terá de ser votado pela assembleia geral de associados, que ainda não tem data prevista para a sua realização. Os associados ainda não votaram o plano e orçamento de 2021, pois a assembleia prevista para o final do ano passado foi adiada devido à pandemia.

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Eleições no Montepio vão ter voto eletrónico pela primeira vez

Mutualista já prepara as eleições para os órgãos sociais que decorrerão no final do ano. Regras eleitorais preveem que candidatos tenham registo prévio da ASF e voto eletrónico aos balcões do banco.

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) já começou a preparar as eleições para os órgãos sociais que terão lugar no final do ano. E perspetivam-se novidades nas regras de voto. Pela primeira vez, os associados poderão votar de forma eletrónica. É uma “inovação” há muito tempo pedida dentro da mutualista para travar a fraca afluência aos atos eleitorais, mas que surge num contexto importante da pandemia que está a impor sérias restrições na circulação das pessoas para travar a disseminação do vírus.

O mandato dos atuais órgãos sociais termina no final do ano. As eleições são aguardadas com expectativa face ao momento que vive a maior instituição mutualista do país, que gere poupanças de mais de dois mil milhões de euros de 600 mil associados.

Virgílio Lima, presidente da mutualista depois da saída de Tomás Correia, deverá entrar na corrida, embora ainda não tenha deixado qualquer indicação nesse sentido. De qualquer forma, da atual administração terá de sair uma lista candidata para garantir a continuidade da instituição, como preveem os estatutos. A oposição também já começou a posicionar-se, ao redor de Fernando Ribeiro Mendes, ex-administrador da instituição e que saiu derrotado nas últimas eleições.

Com vista às eleições que terão lugar em dezembro, a mutualista colocou em consulta pública o projeto de regulamento eleitoral. Há novidades importantes às regras eleitorais que decorrem dos novos estatutos. Por exemplo, com a extinção do conselho geral no final do ano passado, os associados terão agora de eleger os membros da nova assembleia de representantes.

Também há alterações na forma de votar em relação aos últimos atos eleitorais e que foram marcados por elevada abstenção. Passam a ser admitidas três formas de votação, e não duas como até agora: o tradicional voto presencial, o voto por correspondência e, pela primeira vez, também o voto eletrónico.

A votação eletrónica funcionará com adaptações, na medida em que os associados não poderão votar a partir de casa. Antes, será “efetuada nos locais onde a AMMG tenha representação associativa ou outros definidos pela comissão eleitoral”, prevê o projeto de regulamento eleitoral que foi elaborado por um grupo de associados. Isto é, os associados poderão exercer os votos nos balcões do Banco Montepio, que são o ponto de contacto da mutualista com os associados.

Para o efeito, a mutualista disponibilizará uma plataforma “que deverá garantir a autenticidade e caráter secreto do voto de cada associado eleitor bem como auditabilidade de todo o processo”.

Antes de finalizar a votação, o associado terá acesso às suas escolhas (haverá dois boletins: um para a eleição do conselho de administração e conselho fiscal e outro para a eleição da assembleia de representantes), podendo rever o seu sentido de voto. Confirmada a votação, é disponibilizado um recibo de voto em formato eletrónico.

O voto eletrónico poderá ajudar a combater a fraca adesão que a mutualista vem registando ao longo dos últimos anos. Nas últimas eleições, realizadas em 2018, votaram apenas 47 mil associados de num universo de cerca de 480 mil associados que poderiam exercer esse direito.

Apresentação de resultados da Associação Mutualista Montepio - 01JUL20
Virgílio Lima é presidente da AMMG desde dezembro de 2019, após saída de Tomás Correia.Hugo Amaral/ECO

Candidatos sujeitos a exame prévio do regulador

Também pela primeira vez os candidatos às eleições terão de ter um registo prévio do regulador, a Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Mas este exame prévio aplica-se apenas aos elementos que se candidataram aos dois órgãos mais importantes, o conselho de administração e o conselho fiscal, deixando de fora os membros da assembleia de representantes.

“Para efeitos do registo prévio junto da ASF, os candidatos interessados devem formar uma lista completa para cada um desses órgãos e solicitar diretamente à ASF o registo prévio dos candidatos, nos termos legais aplicáveis”, diz o projeto de regulamento eleitoral que estará em consulta pública até 12 de fevereiro.

Para se submeterem a exame do regulador, os candidatos terão antes de apresentar (até final de abril) uma certidão que ateste que os candidatos são associados e se encontram em condições de se candidatar e ainda um relatório de avaliação (contendo elementos como CV, registo criminal, etc) que será elaborado pela comissão eleitoral.

Antes de entrar em vigor, o regulamento eleitoral terá de ser votado pela assembleia geral de associados, que ainda não tem data prevista para a sua realização. Os associados ainda não votaram o plano e orçamento de 2021, pois a assembleia prevista para o final do ano passado foi adiada devido à pandemia.

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Banca europeia vai despedir mais de 80 mil trabalhadores até 2023

Portugal não escapa à vaga de despedimentos que os trabalhadores do setor bancário enfrentarão nos próximos anos. Maiores bancos europeus vão abrir a porta de saída a mais de 80 mil funcionários.

Vem aí uma nova vaga de despedimentos na banca, acelerada pelo impacto da pandemia. Os maiores bancos europeus têm em marcha planos que vão levar à saída de mais de 80 mil trabalhadores nos próximos três anos. Estes números não incluem Portugal, mas o ajustamento também irá acontecer por cá.

Com mais de 46 mil trabalhadores (e após terem cortado mais de 10 mil empregos na última década), os bancos nacionais já deixaram indicações de que vão reduzir o pessoal, embora não se conheçam números. Apenas o Banco Montepio revelou (internamente) que pretende cortar até 900 postos de trabalho até 2023, cerca de 20% do pessoal do banco, e conta, para isso, com o estatuto de empresa em reestruturação aprovado pelo Governo e que facilita as rescisões por mútuo acordo com acesso ao subsídio de desemprego até ao limite de 400 trabalhadores, tal como revelou o ECO esta semana.

O espanhol Santander já anunciou que pretende levar a cabo 4.000 saídas, sendo que o ajustamento irá abranger não só a operação no mercado vizinho, mas vai incluir ainda as operações britânicas e portuguesas. Mas não foram divulgados números sobre o impacto por cá.

Este está longe de ser o maior ajustamento de pessoal na banca europeia, de acordo com os dados compilados pela agência de notação financeira DBRS. O britânico HSBC tem em curso uma redução de pessoal que irá abranger 15% da sua força de trabalho, ou 35 mil trabalhadores, até ao final do próximo ano. E o alemão Deutsche Bank vai cortar 18 mil empregos (20% dos quadros) num processo que termina em 2022.

“Na ausência de consolidação significativa, esperamos que os custos operacionais se mantenha em 2021, na melhor das hipóteses, com os bancos a continuarem à procura de oportunidades para reduzir os custos enquanto prosseguem com os investimentos necessários para responder aos requisitos de regulação e compliance, mas também à concorrência”, dizem os analistas da DBRS Morningstar.

“Ao mesmo tempo, a experiência acumulada durante os confinamentos com a utilização crescente dos canais digitais pelos clientes e com o trabalho remoto pode ser um catalisador para uma maior eficiência”, acrescentam.

De acordo com os planos já revelados por alguns dos maiores bancos do Velho Continente, está em curso a saída de 80.965 trabalhadores. A lista elaborada pela DBRS inclui 14 instituições financeiras que vão desde Espanha até à Dinamarca e Suécia, mostrando que o processo de redução de pessoal é transversal a toda a banca europeia.

Num comentário às perspetivas de evolução do negócio, a agência de rating considera que os bancos vão enfrentar tempos desafiantes ao longo deste ano, perante a pressão nas receitas. “Tendo em conta o ambiente de receitas difícil e de baixa rentabilidade, reduzir os custos operacionais continua a ser uma prioridade clara, e a pressão para melhorar os retornos deverá levar a maior consolidação bancária em alguns países”, sublinham os analistas da DBRS.

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Banco Montepio tem luz verde do Governo para a saída de até 400 trabalhadores

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social aprovou o estatuto de empresa em reestruturação do Banco Montepio, com limite até 400 saídas nos próximos três anos.

O Governo aprovou o estatuto de empresa em reestruturação requerido pelo Banco Montepio, alargando a quota de rescisões com acesso a subsídio de desemprego até ao limite de 400 trabalhadores até setembro de 2023.

“O estatuto de empresa em reestruturação foi atribuído à Caixa Económica – Montepio Geral no período até setembro de 2023 e até ao limite de 400 trabalhadores, após análise por parte do Instituto da Segurança Social e do IAPMEI e após consulta aos parceiros sociais e à Associação Portuguesa de Bancos”, confirmou fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) após confrontado pelo ECO com essa informação.

O Banco Montepio tem em curso um processo de reestruturação que passa pela saída até 900 trabalhadores, cerca de 20% dos quadros da instituição financeira. Uma parte das saídas está a ser feita por via de reformas antecipadas. Outra parte do processo está a ser executada através de rescisões por mútuo acordo e que se encontrava dependente da decisão do Governo em relação ao pedido de estatuto de empresa em reestruturação.

Em dezembro, os sindicatos UGT e CGTP deram “parecer” negativo ao requerimento apresentado pelo Banco Montepio, apontando críticas sobre a falta de transparência do processo e rejeitando que a Segurança Social financiasse despedimentos do banco.

O pedido foi feito pelo banco a 27 de agosto, numa carta endereçada à ministra Ana Mendes Godinho. Na missiva, a que o ECO teve acesso, os administradores do banco Nuno Mota Pinto e José Carlos Mateus assinalaram o “caráter de urgência” do pedido e juntaram um outro documento: o projeto de reestruturação. Contudo, o banco eliminou informação do dossiê, alegando que “muitos elementos constantes do projeto de reestruturação remetido em anexo assumem natureza privilegiada e confidencial, cuja divulgação a terceiros seria apta a causar prejuízos elevados, de natureza patrimonial e reputacional”.

Além das saídas de trabalhadores, a reestruturação vai levar ao fecho de 80 balcões nos próximos anos, num processo ajustamento que é visto como crucial para o regresso aos lucros e à geração orgânica de capital, numa altura em que todo o setor está a ser afetado pela pandemia de Covid-19.

A instituição liderada por Pedro Leitão registou prejuízos de 56,8 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, perante o crescimento das imparidades e provisões para fazer face aos riscos da crise pandémica. O banco é detido pela Associação Mutualista Montepio Geral.

(Notícia atualizada às 17h31 com mais informação)

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Grupo de associados quer plano para sanear contas do Montepio. Pede eleições antecipadas

Grupo de associados do Montepio defende plano de saneamento da instituição e exige eleições antecipadas, pois atual gestão está "esgotada". Governo e reguladores também são chamados a ajudar.

A situação do Montepio é “dificílima” mas é “reversível” e, por isso, um grupo de associados que pertenceram a listas da oposição a Tomás Correia quer mobilizar a comunidade da mutualista para começar a preparar um plano de saneamento da instituição, juntamente com o Governo e reguladores, que acusam de se alhearem dos problemas. Também pretende a realização de eleições antecipadas, dado que a atual gestão de Virgílio Lima já “esgotou”.

Para já não há propostas no papel, apenas ideias. Até porque o movimento que subscreve a declaração “É urgente salvar o Montepio” quer mobilizar associados em busca de soluções e chamar a atenção dos poderes públicos em relação à gravidade da situação do grupo, explicou João Costa Pinto, ex-presidente da comissão de auditoria do Banco de Portugal e atual conselheiro da mutualista.

Costa Pinto é um dos subscritores da declaração, cuja apresentação decorreu esta terça-feira e junta mais três dezenas de associados, incluindo Fernando Ribeiro Mendes (ex-administrador do Montepio e candidato derrotado nas últimas eleições), Eugénio Rosa (ex-dirigente do Montepio) e João Proença (ex-líder da UGT).

A dimensão do desafio financeiro é tal que não é viável a conceção e aprovação de um programa de reequilíbrio em tempo útil para resolver os desequilíbrios sem o papel do Governo“, adiantou Costa Pinto, defendendo um plano a médio e longo prazo dado o desafio de reequilíbrio a fazer no grupo Montepio.

No entender deste grupo de associados, haverá dois níveis de ação: na Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), com mais de 600 mil associados, e no Banco Montepio, que é controlado pela primeira.

Sem cálculos precisos, Eugénio Rosa indicou que o desequilíbrio financeiro na mutualista será da ordem dos 500 milhões de euros. “Se retirarmos os ativos fictícios –, os ativos por impostos diferidos –, chegamos à conclusão que esses ativos são inferiores ao passivo, àquilo que a AMMG deve, em cerca de 500 milhões de euros”, disse o economista que já pertenceu aos órgãos da instituição.

Em relação ao Banco Montepio, o desafio é diferente. Eugénio Rosa explicou que o banco precisa de mais capital para conceder empréstimos, que é o que está na base do negócio bancário.

Neste ponto, Costa Pinto acrescentou que a solução para o banco poderá passar por uma espécie de “bad bank”, isto é, um veículo que ficasse a gerir e a maximizar com tempo os ativos problemáticos (crédito malparado e imóveis) do banco. Isto permitiria libertar capital necessário para aumentar o negócio. O conselheiro também sugeriu a abertura do capital do banco a outras entidades através de aumentos de capital, salvaguardando-se o controlo da mutualista. Mas sem grandes pormenores.

O Governo e os reguladores também são chamados. E se forem precisos recursos públicos, porque não? “O ex-ministro das Finanças Mário Centeno disse há algum tempo que se o governo fosse chamado a ajudar o Montepio que estaria disponível”, lembrou Mário Valadas, outro dos subscritores presentes na conferência de imprensa.

Para já não há negociações com o Governo, embora este grupo tivesse já realizado alguns contactos, mas com respostas insatisfatórias. “O que tem acontecido é um passar de responsabilidades uns para os outros ou um lacónico estamos a acompanhar a situação”, lamentou Manuel Ferreira, conselheiro da AMMG que também subscreve a declaração. Este dirigente disse não acreditar que Governo e reguladores possam “estar a fazer coisas à margem” dos associados.

Assim, à espera de mais contributos, o próprio grupo de subscritores fará as suas propostas. Foi abordada a possibilidade de criação de um fundo de garantia mutualista para proteger as poupanças dos associados, tal como existe um fundo de garantia de depósitos bancário.

Mas uma coisa é certa: este plano não inclui a atual administração liderada por Virgílio Lima, cuja capacidade de ação se encontra esgotada. Quais as diferenças entre a atual gestão e este grupo de associados? “Desde logo reconhecer os problemas e tirar as consequências para que a situação não se prolongue e agrave nesta situação de pandemia”, disse Costa Pinto.

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Dulce Mota sai do Banco Montepio para liderar gestora de ativos da mutualista

A Montepio Valor vai ser integrada na Montepio Gestão de Ativos, que passará a ter como presidente Dulce Mota, que está de saída da administração do banco.

Apresentação da nova marca Montepio - 20FEV19

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) vai avançar com a fusão das duas gestoras de ativos do grupo, com objetivo de reduzir os custos. A entidade liderada por Virgílio Lima vai integrar a Montepio Valor na Montepio Gestão de Ativos, que passará a ser liderada por Dulce Mota, atual administradora do banco.

“O conselho geral da AMMG autorizou a operação de fusão por integração da Montepio Valor na Montepio Gestão de Ativos”, indicou fonte oficial da instituição em resposta a perguntas colocadas pelo ECO, confirmando que está em preparação o projeto de fusão das duas empresas.

“Confirmada a autorização [do conselho geral], só depois de concluído o estudo concreto da integração haverá condições para realizar o processo de apreciação dos seus processos e termos pelos vários órgãos de governo”, acrescentou a mesma fonte, sem confirmar o nome de Dulce Mota para presidir à Montepio Gestão de Ativos.

Ainda assim, ao que o ECO apurou, aquando da discussão da operação de fusão das duas empresas na reunião do conselho geral da mutualista que teve lugar na semana passada para discutir o desempenho das várias empresas do grupo (Banco Montepio, área segura, etc), foi apontado o nome da atual administradora do banco para liderar a gestora de ativos, confirmando-se, de resto, uma notícia avançada pelo ECO no final de setembro.

Na altura, o ECO avançou que Dulce Mota estava de saída do Banco Montepio, que chegou a liderar interinamente durante vários meses, até à chegada de Pedro Leitão, quando o banco se encontra no início de um processo de reestruturação mais amplo que poderá levar à saída de 900 trabalhadores e ao fecho de 80 balcões. A reestruturação visa cortar custos e otimizar a estrutura para regressar aos lucros, algo que tem sido visto como fundamental pelas agências de rating.

No que diz respeito à fusão das duas sociedades gestoras, a AMMG (dona do banco) ressalva que a operação tem como objetivo simplificar a estrutura do grupo mutualista, reduzindo custos e promovendo um serviço ao “associado/cliente ainda mais integrado”.

Recentemente, o grupo avançou com a fusão das imobiliárias Montepio Imóveis e a Germont, visando objetivos semelhantes. Isto num contexto em que outras instituições financeiras (como a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco, por exemplo) também estão a simplificar os seus grupos para tornar a estrutura mais eficiente e com menos custos.

De acordo com o relatórios e contas, a Montepio Gestão de Ativos, que tem como presidente Virgílio Lima, geria 1.700 milhões de euros em ativos no final do ano passado, dos quais 1.500 milhões relativos a gestão de carteiras e 190 milhões a fundos de investimento mobiliário.

Quanto à Montepio Valor, liderada por Pedro Líbano Monteiro, chegou a dezembro de 2019 com ativos sob gestão na ordem dos 400 milhões de euros, representando uma quota de mercado de 3,8%. Ou seja, com a fusão, a AMMG cria uma gestora com ativos sob gestão no valor de 2.100 milhões.

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Montepio arranca com rescisões por mútuo acordo. Plano inclui SAMS vitalício, computador e apoio para procurar emprego

Programa de rescisões por mútuo acordo arranca hoje. Banco oferece pacote de benefícios, desde SAMS vitalício e apoio na procura de emprego, além da compensação de 1,3 salários por ano de casa.

O Banco Montepio arranca esta quinta-feira com o programa de rescisões por mútuo acordo. O banco está a oferecer um pacote de benefícios que inclui, entre outros, o acesso vitalício ao SAMS (sistema de saúde dos bancários) para quem tem mais de 55 anos, a atribuição de computador e o apoio na procura de um novo posto de trabalho, além da compensação financeira correspondente a 1,3 salários por ano de antiguidade, apurou o ECO.

Como o ECO avançou, o banco liderado por Pedro Leitão tem em curso um plano de reestruturação que passará pela saída de entre 600 a 900 trabalhadores, através de reformas antecipadas (que já arrancaram) ou por via de rescisões mediante acordo entre as duas partes. Este ajustamento é considerado fulcral para o regresso aos lucros.

Quem quiser aderir à modalidade de rescisões por mútuo acordo poderá fazê-lo a partir de agora, sendo que este programa se estenderá ao longo do próximo mês e terminando no dia 4 de dezembro. Todos os trabalhadores são considerados elegíveis.

Para convencer os trabalhadores a aderirem ao plano, o banco está a oferecer uma compensação financeira equivalente a 1,3 salários (corresponde ao valor de um subsídio de Natal ou de férias) por ano de casa. Há um extra para as adesões recebidas até 20 de novembro correspondente a mais um salário. Mas pacote de benefícios não fica por aqui.

SAMS vitalício, carro e computador

Os colaboradores com mais de 55 anos não perderão o acesso ao SAMS após a rescisão, dado que o banco assegurará que estes trabalhadores terão acesso vitalício ao sistema de saúde dos bancários. A quem tem menos de 55 anos é oferecido um seguro de saúde por três anos, sem período de carência, incluindo preexistências e extensível ao agregado familiar existente à data da rescisão (cônjuge e filhos até 18 anos).

Adicionalmente, o banco garante que quem rescindir por mútuo acordo terá acesso ao subsídio de desemprego, sendo que também disponibilizará, se o trabalhador quiser, apoio na procura de novo emprego ou noutro tipo de iniciativa pessoal.

Os colaboradores com viatura funcional poderão usufruir do carro por mais três meses de forma gratuita, havendo a possibilidade de aquisição. O banco oferecerá ainda o computador portátil aos trabalhadores com portátil atribuído.

O Banco Montepio também atribui vantagens no acesso ao crédito ou nos produtos de poupança.

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Cortes de pessoal e balcões serão “chave” para Montepio regressar aos lucros, diz a Fitch

Montepio tem em curso reestruturação que passa pela saída até 900 trabalhadores e o fecho de 80 agências. Fitch diz que cumprir plano será "chave" para o banco voltar aos lucros não antes de 2021.

A Fitch considera que a execução do plano de reestruturação, que passa pelo fecho de 80 balcões e a saída de 600 a 900 trabalhadores nos próximos anos, será “chave” para o Banco Montepio regressar aos lucros.

“A capacidade da gestão de cumprir o plano de eficiência operacional (fecho de balcões e redução do quadro) será chave para restaurar a rentabilidade através de uma redução do rácio cost-to-income“, sublinha a agência de notação financeira numa nota publicada esta sexta-feira e onde dá conta da manutenção do rating do banco em “B-“.

O Banco Montepio registou prejuízos de 50 milhões de euros no primeiro semestre face aumento das provisões para responder à crise da pandemia e não deverá voltar a ter lucros nem este ano nem no próximo, tendo em conta as condições económicas adversas do país e as próprias limitações do banco que não lhe dão outra alternativa senão reestruturar, diz a Fitch.

“Além dos baixos buffers de capital, o banco tem uma capacidade limitada para gerar capital organicamente tendo em conta o seu elevado nível de ativos problemáticos (…) e a baixa rentabilidade operação. O banco, portanto, entrou na crise numa posição fraca, deixando-o com opções estratégicas muito limitadas, uma vez que terá de dar prioridade a medidas de remediação de capital e uma profunda reestruturação da sua rede comercial para melhorar a eficiência operacional“, dizem os analistas.

A Fitch antecipa uma deterioração da qualidade do crédito devido à “severa contração económica em 2020 e ao aumento material do desemprego”. Ainda assim, o aumento dos créditos em incumprimento deverá ser “mitigado” no curto prazo por causa da “generosa” moratória do Governo que permite uma suspensão do pagamento dos empréstimos até final de 2021.

“Também esperamos que o Banco Montepio venha a agir no sentido de mitigar o impacto do aumento do malparado nos próximos 18-24 meses, o que, se for bem executado, poderá evitar um aumento acentuado do rácio de malparado”, frisa a agência. “Não esperamos que o rácio de malparado suba materialmente para níveis acima dos 15% no final de 2021”, estima a Fitch.

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Banco Montepio esconde plano de reestruturação à espera do Governo

Banco informou trabalhadores que quer reformas antecipadas este ano. Não deu mais detalhes sobre o plano, mas garante que não está à espera de decisão sobre estatuto de empresa em reestruturação.

A Comissão de trabalhadores e sindicatos ainda não tiveram todas as informações relativas ao plano de reestruturação que o Banco Montepio está a preparar. Na reunião desta quarta-feira, estas estruturas de trabalhadores apenas foram informadas pela comissão executiva de que o banco vai avançar este ano saídas através de reformas antecipadas e com o fecho de mais de 30 balcões. Sobre o resto do plano, pouco mais foi adiantado. A instituição está à espera da decisão do Governo em relação ao pedido de estatuto de empresa em reestruturação.

A reunião era aguardada com expectativa, depois de o ECO ter revelado que o Banco Montepio está preparar um plano que prevê a saída de 800 trabalhadores. Aliás, para levar a cabo boa parte destas saídas, o banco da mutualista tem um pedido ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) relativo ao estatuto de empresa em reestruturação.

Porém, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO, a comissão executiva liderada por Pedro Leitão não divulgou todas as informações do plano que tem em mente. Num segundo esclarecimento enviado ao ECO, já esta quinta-feira, o banco garante que não está a esconder o plano, mas não revela quaisquer detalhes, e assegura que “não está à espera que o Governo decida o pedido de estatuto de empresa em reestruturação”, mas também não esclarece porque é que esses números não são revelados.

Esta quarta-feira, numa primeira nota de esclarecimento, o banco informou já depois da publicação deste artigo que Pedro Leitão não disse, em qualquer uma das reuniões tidas esta tarde, que seriam dispensados 800 colaboradores. “O número 800 foi apenas referido a título indicativo, no âmbito do esclarecimento feito àquelas estruturas sobre o requerimento formal dirigido às autoridades competentes para efeito de alargamento de quota para subsídio de desemprego”, disse fonte oficial do banco.

Confirmou ainda “um plano que prevê a saída de pessoas por reforma antecipada e rescisão por mútuo acordo e que é parte integrante do plano de ajustamento, otimização e reorganização em curso, bem como a consulta sobre beneficios e medidas de flexibilização de relações de trabalho que estão, neste momento, a ser equacionadas pela instituição”.

Para já, isto é, até final do ano, o banco deverá avançar com um programa de reformas antecipadas, tendo sido identificados 160 trabalhadores elegíveis. Isto além das cerca de quatro dezenas de agências redundantes geograficamente que fecharão portas.

Quanto às saídas através de rescisões por mútuo acordo, o banco não adiantou qualquer número, até porque se encontra dependente da decisão do Governo em relação ao estatuto de empresa em reestruturação. Trata-se de um mecanismo que flexibiliza a quota de que dispõe (em função da sua dimensão) para acordos com trabalhadores com vista a uma rescisão amigável, mantendo estes o direito ao subsídio de desemprego.

Para fazer este pedido, uma empresa tem de apresentar um projeto que demonstre que a dimensão da reestruturação, necessária à viabilidade económica e financeira da empresa, obriga a ultrapassar aqueles limites. Caberá depois ao MTSSS decidir se aprova ou não, e em que dimensão, sendo ainda consultado o Ministério da Economia e os parceiros sociais sobre a situação económica e do emprego no setor em causa.

Neste momento, comissão de trabalhadores e sindicatos aguardam que a comissão executiva envie documentos sobre o plano para que possam começar a sentar-se à mesa das negociações.

Após a reunião, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB), o Sindicato Independente da Banca (SIB) e o Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) afirmaram em comunicado que irão analisar com detalhe o plano apresentado” que for apresentado e “alertaram que não irão tolerar qualquer forma de pressão junto dos trabalhadores para que aceitem reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo, se essa não for a sua livre vontade”.

O Banco Montepio fechou o primeiro semestre do ano com prejuízos de mais de 50 milhões de euros devido à pandemia, embora já venha enfrentando há mais tempo desafios do ponto de vista da rentabilidade, de geração de capital e da limpeza do malparado. Por outro lado, o acionista Associação Mutualista Montepio Geral, que nos últimos anos tem vindo a injetar dinheiro no banco, também se encontra numa situação particularmente desafiante, como sublinharam os auditores da instituição.

Pedro Leitão é o CEO do Banco Montepio desde fevereiro, após um longo período de indefinição na liderança do banco. Vai agora perder Dulce Mota, administradora responsável pelo da rede comercial, estando de saída para a sociedade gestora de fundos do Montepio.

(Notícia atualizdada às 22h03 com esclarecimento do banco)

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