Ursos atacam BCP. Ações caem 20% desde o máximo
O banco liderado por Nuno Amado continua a perder valor em bolsa. Afunda mais de 20% desde o último máximo, entrando em "bear market". E os abutres festejam. Estão a ganhar milhões.
O “mercado atravessa um período particularmente difícil”. A frase é de Gabriela Figueiredo Dias, a presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), utilizando-a para contextualizar o comportamento negativo do Banco Comercial Português (BCP) em bolsa. Mas se o momento é difícil, para o banco liderado por Nuno Amado está ainda mais complicado. Queda após queda, os títulos estão já abaixo dos 20 cêntimos, acumulando uma queda de mais de 20%. Os ursos tomaram conta do BCP.
Foi a 13 de julho que os títulos do banco atingiram o último pico em bolsa. Depois de uma queda ligeira no arranque do ano começou a recuperação que levou as ações a praticamente duplicarem de valor em seis meses. Uma escalada que trouxe, no verão, a correção. “A queda na cotação do BCP poderá refletir uma correção, após a forte subida desde os seus mínimos de fevereiro de 2017”, diz Albino Oliveira, gestor da Patris Investimentos. Depois de chegar aos 25,88 cêntimos, o BCP afundou até aos 19,76 cêntimos, um mínimo de abril.
Os títulos do banco têm vindo a ceder dia após dia (com a liquidez a disparar). Baixaram dos 20 cêntimos (terminaram a última sessão nos 19,95 cêntimos), elevando para 22,91% a queda no espaço de apenas um mês e meio, entrando no que nos mercados financeiros se designa por “bear market”. Uma descida expressiva que arrasou com 887 milhões de euros da capitalização bolsista da instituição, levando o valor de mercado a baixar da fasquia dos três mil milhões. Se cair mais arrisca ser ultrapassado pela Nos (2.740 milhões de euros).
BCP sob pressão. Já chegou a valer menos de três mil milhões
Além da correção, a pesar nas cotações do banco está, segundo os analistas, também o interesse na unidade polaca do Deutsche Bank. Pode estar a “deixar os investidores receosos quanto ao impacto nas contas do banco”, uma vez que a instituição vai desembolsar dinheiro quando “ainda não terminou a fase de estabilização financeira”, explica Paulo Rosa, trader do Banco Carregosa. É uma operação que pode ser “um constrangimento à distribuição de dividendos a partir de 2018/2019”, nota Pedro Lino, da Dif Broker.
Abutres aplaudem…
A “única forma de ter uma sustentabilidade a longo prazo é apresentando resultados e uma evolução favorável”, diz Nuno Amado, confrontado com as quedas recentes em bolsa. “É para isso que estamos a trabalhar”, remata o presidente executivo do BCP. Mas os investidores não parecem estar totalmente convencidos de que o banco conseguirá atingir as metas a que se propôs, nomeadamente em termos de resultados. E os abutres agradecem. Estão a ganhar dezenas de milhões de euros.
O banco sempre foi o alvo preferido dos especuladores na bolsa nacional. E continua a sê-lo, agora mais do que nunca: a percentagem do capital do BCP que está nas mãos de investidores que procuram ganhar com a queda das ações (através da chamada estratégia de short selling) atingiu recentemente um recorde de 3,79%, de acordo com os dados compilados pela CMVM. A AQR Capital Management tem a maior “fatia”: 1,4%.
…bolsa treme (bastante)
A queda do BCP pesa na carteira dos seus acionistas (apesar de fazer sorrir os especuladores), mas também na de outros investidores na bolsa nacional. É que o banco liderado por Nuno Amado é um dos títulos que maior peso tem na ponderação do índice de referência português, o PSI-20, o que faz com que o mau desempenho dos títulos leve muitas vezes a uma queda da praça lisboeta. A correlação entre o BCP e o PSI-20 é, segundo a Bloomberg, de 0,57, sendo 1 uma correlação perfeita.
No acumulado desta semana, o BCP apresenta uma desvalorização de mais de 11%, queda que leva o PSI-20 a apresentar uma descida de 4,6%, a maior semanal desde julho, levando o índice a tocar mínimos de maio. Apesar da queda, a bolsa continua com um saldo positivo de 8,45% desde o início do ano, assim como o BCP, que ganha 8,15%. É, ainda assim, um dos piores desempenhos entre as 19 cotadas do PSI-20.
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