Fitch diz que recapitalização da CGD sobe défice para 2,8%

A Fitch considera que a recomendação de Bruxelas para a saída de Portugal do PDE sublinha o esforço do país no controlo das finanças públicas, mas a dívida pública e malparado pressionam rating.

A Fitch estima que a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) aumente o défice orçamental para 2,8% este ano. Numa nota após a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos, a agência de notação financeira considera que essa decisão sublinha o esforço do país no controlo das finanças públicas. Ainda assim, a elevada dívida pública e malparado do setor bancário limitam melhorias no rating.

“A recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, equivalente a 1,1% do PIB, significa para nós uma subida do défice para 2,8% do PIB em 2017”, adianta a Fitch. “Excluindo esta transferência, o défice seria 1,7% e esperamos que caia para 1,4% em 2018, graças ao impacto de melhorias macroeconómicas e os esforços de contenção da despesa corrente”, dizem os analistas daquela agência.

A Fitch está menos otimista do que o Executivo: depois dos 2% em 2016, o Governo espera que o défice volte a descer para 1,5% em 2017 e para 1% em 2018.

Em relação à recomendação da Comissão Europeia de retirar Portugal de vigilância apertada, a Fitch relativiza essa decisão. A estabilidade política facilitou a saída do PDE, mas será complicado baixar ainda mais o défice a partir de agora. E no que toca ao potencial impacto no rating que atribui à dívida portuguesa, o país continua longe de sair do nível considerado lixo.

“[A saída do PDE] sublinha o reforço nas finanças públicas do país depois de uma política de ajustamento e de uma recuperação económica”, considera a agência. “Mas o elevado nível de dívida pública e a baixa qualidade dos ativos do setor bancário vão continuar a pesar no perfil de crédito de Portugal“, acrescenta.

"[A saída do PDE] sublinha o reforço nas finanças públicas do país depois de uma política de ajustamento e de uma recuperação económica. (…) Mas o elevado nível de dívida pública e a baixa qualidade dos ativos do setor bancário vão continuar a pesar no perfil de crédito de Portugal.”

Fitch

Segundo a Fitch, a dívida pública deverá cair do nível de 130,4% do PIB no final de 2016, “mas vai continuar bem acima da média da categoria “BB” (51% do PIB) e da média da Zona Euro (90%) no médio prazo”. Face a este cenário de elevado endividamento público, fica mais reduzida “a capacidade de o país de responder a um choque económico e financeiro e é uma fraqueza chave no perfil de crédito do soberano“, explica a agência.

(Notícia atualizada às 16h10)

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FMI pede mais realismo a lidar com a situação grega

  • Juliana Nogueira Santos
  • 23 Maio 2017

O Fundo Monetário Internacional, pelas palavras de Poul Thomsen, exigiu mais realismo e detalhes acerca do resgate grego para que este se possa juntar às negociações.

O Fundo Monetário Europeu (FMI) pede pressupostos mais realistas em relação à economia grega e mais informação sobre as medidas de alívio de dívida, para que este possa fazer parte do resgate a Atenas. As declarações foram de Poul Thomsen, responsável europeu do FMI.

“Ainda pensamos que falta realismo nos pressupostos e mais especificidade”, afirmou Thomson esta terça-feira, depois de conhecidas as conclusões da reunião do Eurogrupo. O responsável europeu constatou também que foram feitos progressos na discussão acerca da situação da Grécia, mas que esta ainda está longe de acabar.

O pedido de que o FMI se junte ao processo de resgate grego, que neste momento está a ser gerido apenas pelos países da zona euro, foi feito por um grupo desses mesmos países, encabeçado pela Alemanha, e tem como principal objetivo aumentar a credibilidade deste. O FMI diz que só se junta quando o alívio da dívida for concedido.

A Grécia já fez saber que o pagamento de uma nova tranche do empréstimo não está dependente da entrada do FMI e deixou um recado aos credores: Atenas já fez a sua parte, ao nível das reformas, por isso, os credores têm uma obrigação “moral, política e legal” de cumprir a sua parte do acordo. “A Grécia já cumpriu as suas obrigações. Agora são os nossos parceiros e credores que têm o dever moral, legal e político de cumprir o deles”, disse aos jornalistas Dimitris Tzanakopoulos, porta-voz do Executivo helénico.

No Eurogrupo a discussão vai continuar

No seguimento da reunião do Eurogrupo que teve lugar esta segunda-feira em Bruxelas, o presidente Jeroen Dijsselbloem afirmou que foram feitos “grandes progressos” no pacote de políticas a seguir, e o sentimento que predomina é positivo. “Estamos muito confiantes no trabalho feito na Grécia para implementar as medidas e reformas, para que se possa desbloquear a nova tranche antes do verão.”

Ainda assim, os ministros da zona euro ainda não chegaram a um consenso acerca desta discussão, pelo que o trabalho vai prosseguir nas próximas semanas, culminando na próxima reunião do Eurogrupo que vai decorrer em junho, no Luxemburgo.

O ministro alemão das Finanças está confiante de que será possível chegar a acordo no espaço de três semanas, no encontro de junho. Em declarações em Bruxelas, Wolfgang Schäuble, disse apesar de não ter sido possível chegar a acordo na segunda-feira é possível ultrapassar os diferendos num espaço de três semanas e garantiu que a Alemanha não está a bloquear nada, apenas se está a cingir às regras.

O tom positivo manteve-se também no discurso de Pierre Moscovici. O comissário europeu dos Assuntos Económicos informou os seus pares europeus de que “104 das 140 medidas podem ser consideradas completas” e fez questão de sublinhar também o papel das autoridades gregas neste processo, estas que “estão a assumir as suas responsabilidades.”

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Costa: “A margem que nós agora ganhamos [com o PDE] é estreita”

Esta terça-feira realiza-se o primeiro debate quinzenal depois da recomendação da Comissão Europeia de retirar Portugal do PDE.

António Costa enfrentou os deputados esta terça-feira de tarde depois da Comissão Europeia ter recomendado a saída de Portugal do Procedimento por Défices Excessivos (PDE). Depois de se ter dirigido ao país esta segunda-feira, o primeiro-ministro respondeu às questões dos partidos. À esquerda pede-se mais margem orçamental para investir na economia e melhorar as condições de vida dos portugueses, nomeadamente através do aumento dos escalões do IRS. À direita, PSD e CDS querem que o Governo seja prudente para que Portugal não regresse aos défices excessivos. Costa afirmou neste debate quinzenal que a margem de flexibilidade conquistada é “estreita”.

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Wall Street em alta apoiado por plano de gastos de Trump

As ações norte-americanas arrancaram a sessão em alta, num dia em que a administração de Donald Trump deverá entregar uma proposta de orçamento que prevê cortar 3,6 biliões de euros em dez anos.

As ações norte-americanas arrancaram em terreno positivo, pela quarta sessão consecutiva, com os investidores a reagirem de forma positiva ao anunciado plano de corte de gastos governamentais da Administração de Donald Trump, que permita reduzir o défice orçamental.

Para esta terça-feira está previsto que a Administração republicana anuncie uma proposta que prevê um corte na ordem dos 3,6 biliões de dólares (cerca de 3,2 biliões de euros) nos orçamentos ao longo dos próximos dez anos.

É perante este cenário que o índice industrial Dow Jones arrancou a avançar 0,21%, para os 20,938.64, enquanto o S&P 500 soma 0,18%, para os 2,398.43 pontos. Já o tecnológico Nasdaq ganha 0,28%, para os 6,150.69 pontos.

Uma das propostas incluídas no plano de Trump prevê a alienação de metade das reservas petrolíferas norte-americanas, o que representa uma ameaça para a OPEP e que está a pressionar as cotações do “ouro negro”. O barril de crude registava uma queda ligeira, para os 50,94 dólares no mercado norte-americano. Já o brent transacionado em Londres sofria uma perda ligeira, para os 53,66 dólares por barril.

(Notícia atualizada às 15 horas)

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Morreu o ator Roger Moore

  • ECO
  • 23 Maio 2017

Famoso ator britânico que protagonizou James Bond morreu aos 89 anos.

Roger Moore, que deu corpo ao famoso personagem James Bond, morreu esta terça-feira, aos 89 anos.

A informação foi revelada pelos filhos do ator no Twitter. A mensagem indica que o famoso ator morreu na Suíça, “depois de uma curta mas corajosa batalha contra o cancro”. E acrescenta que o funeral terá lugar no Mónaco, de acordo com os desejos de Moore.

Sir Roger Moore fez parte do elenco de dezenas de filmes. Por sete vezes interpretou a personagem de James Bond, o famoso agente secreto britânico, nos seguintes filmes:

  • 007 – O espião que me amava (1977)
  • 007 e o homem da pistola dourada (1974)
  • 007 contra o foguete da morte (1979)
  • 007 — vive e deixe morrer (1973)
  • 007 — Na mira dos assassinos (1985)
  • 007 contra Octopussy (1983)
  • 007 — Somente para seus olhos (1981)

 

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Portugal já pediu a Bruxelas para pagar antecipadamente ao FMI

  • Lusa
  • 23 Maio 2017

De acordo com Ricardo Mourinho Félix, o Governo solicitou hoje a Bruxelas a autorização para reembolsar antecipadamente o empréstimo ao FMI.

O Governo português já pediu autorização aos seus parceiros europeus no Conselho Ecofin, em Bruxelas, para pagar antecipadamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI) cerca de dez mil milhões de euros dos empréstimos concedidos durante o programa de assistência financeira.

“Depois de ontem (segunda-feira) ter sido anunciada a proposta da Comissão de que Portugal saia de défice excessivo, hoje pedimos na reunião do Ecofin aos nossos parceiros europeus autorização para um novo «waiver» que nos permita pagar ao FMI antecipadamente, e antes das tranches europeias, cerca de dez mil milhões de euros”, anunciou o secretário de Estado das Finanças, no final de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin).

Ricardo Mourinho Félix apontou que o pagamento antecipado ao FMI de cerca de 10 mil milhões de euros permitirá, por um lado, “fazer uma gestão dos pagamentos mais equilibrada no futuro”, o que “facilitará seguramente o financiamento”, e por outro lado permitirá ter “uma gestão da maturidade da dívida adequada e com um custo incomparavelmente mais reduzido”.

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Polícia francesa faz buscas ao PSG, Di Maria e Pastore

  • Lusa
  • 23 Maio 2017

Os argentinos Ángel di Maria, que passou pelo Benfica, e Javier Pastore são suspeitos de fraude fiscal relativamente aos seus direitos de imagem.

A polícia francesa está a efetuar hoje buscas aos escritórios do Paris Saint-Germain e às casas dos argentinos Ángel di Maria e Javier Pastore, suspeitos de fraude fiscal relativamente aos seus direitos de imagem.

As revistas principiaram ao início da manhã e visam encontrar provas dos pagamentos aos atletas através de paraísos ficais, segundo denúncia do grupo ‘Football Leaks’ sobre corrupção no futebol.

Essas notícias levaram à abertura, em dezembro, de uma investigação preliminar sobre evasão fiscal agravada

Segundo os órgãos de informação do consórcio ‘Football Leaks’, o ex-benfiquista Di Maria e Pastore cobravam os direitos de imagem através de uma empresa holandesa, que depois pagava ao primeiro através do Panamá e ao segundo pelo Uruguai.

Desse modo, as receitas não eram tributadas pelo fisco francês, que agora investiga as alegadas irregularidades.

A investigação sobre a evasão fiscal está a ser conduzida pelos serviços centrais de luta contra a corrupção e infrações financeiras.

O Paris Saint-Germain sempre negou pagar direitos de imagem em paraísos fiscais.

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Mais de 80 hotéis abrem portas nos próximos dois anos

  • Lusa
  • 23 Maio 2017

Cerca de metade das novas unidades hoteleiras começará a operar ainda este ano, segundo a Associação de Hotelaria de Portugal. O Governo quer turismo em todo o país e no ano inteiro.

A Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) informou hoje que até 2018 vão abrir 83 novas unidades hoteleiras no país, 41 das quais ainda este ano. No próximo ano, a perspetiva de abertura, em todo o país, é de 42 novas estruturas, afirmou a presidente executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.

Em declarações aos jornalistas, a responsável comentou que a associação tem recebido contactos de interessados em abrir hotéis com 300 quartos, numa referência ao crescente interesse de investidores.

Num encontro com a imprensa, os responsáveis da associação de hoteleiros informaram sobre os novos aumentos nos indicadores em março, o que abre uma “perspetiva muito positiva para abril”, que incluiu Páscoa, um período tradicionalmente forte em termos turísticos.

No terceiro mês do ano, a taxa de ocupação aumentou 1,9 pontos percentuais, enquanto o preço médio subiu 5%, com especial destaque para a Costa Azul, que “parte de valores baixos”.

O Minho liderou a subida do RevPar (receita por quarto disponível) e a Madeira o ‘ranking’ de maior ocupação, enquanto Lisboa teve o melhor preço e performance do Revpar.

No ranking de nacionalidades de dormidas a liderança pertence ao Reino Unido, seguindo-se a Alemanha e a Espanha, com o Brasil a registar uma subida de 60% (na comparação homologa) e dos Estados Unidos de 28,7%.

A entrada em atividade destas novas unidades poderá contribuir para um excesso de oferta hoteleira no caso de a capacidade do aeroporto de Lisboa esgotar. “A capacidade do aeroporto de Lisboa vai esgotar-se e até 2022 a oferta de Lisboa crescerá e não vamos ter mais turistas, se se mantiverem as coisas tal como estão, o que é preocupante” por poder afetar taxas de ocupação e os preços, alertou hoje o presidente da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins.

Governo quer turismo em todo o país e no ano inteiro

A secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, pediu hoje trabalho aos agentes do setor para que o turismo seja uma atividade de todo o território nacional e durante o ano inteiro.

Para Ana Mendes Godinho, importa continuar a “trabalhar o turismo” também na chamada época baixa, num momento em que esta atividade já “cresce desconcentradamente em todo o país e ao longo de todo o ano”.

“Se hoje estamos bem, estaremos melhor daqui a dez anos”, desde que as empresas e as entidades públicas mantenham o ritmo de investimento da última década, admitiu, em Coimbra, ao intervir numa sessão sobre o financiamento da atividade turística.

No entanto, “tem de se ir para o terreno e fazer as coisas acontecer”, defendeu, lembrando que existem ainda alguns “problemas na litoralização do turismo”, bem como nos territórios de baixa densidade demográfica.

Ana Mendes Godinho realçou que Portugal tem atualmente, a nível internacional, a “imagem de um país bom para visitar e para viver”, o que tem contribuído para o crescimento da economia nacional.

“É preciso que este crescimento continue a acontecer. Mas é preciso não parar. Sejamos atores desta mudança no terreno”, sublinhou a secretária de Estado do Turismo.

A “boa imagem” de Portugal como país de destino turístico “é resultado de muitos fatores”, incluindo os “investimentos públicos e privados” dos últimos dez anos, alguns deles efetuados “em momento de crise” económica e financeira.

“Se continuarmos com esta grande capacidade de arrojo que os portugueses têm”, num país “em ebulição e de alma nova”, será possível afirmar “daqui a dez anos que arriscámos no tempo certo”, acrescentou Ana Mendes Godinho.

 

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Análise: A saída de Portugal do PDE

A saída de Portugal do PDE (Procedimento dos Défices Excessivos) merece alguma reflexão, apesar de esta decisão da Comissão Europeia estar já prevista há algum tempo.

O que é o PDE e a entrada de Portugal em 2009

Primeiro, porque entrou Portugal na vertente corretiva do PDE? Em 2009, Portugal violou, pela terceira vez, o limite imposto no Pacto de Estabilidade e Crescimento, de o défice orçamental não ser superior a 3%. Nesse ano de 2009, o défice orçamental rondou os 11%, fruto por um lado do efeito da crise financeira mundial (a recessão de 2009 levou a um quebra significativa das receitas fiscais, em especial do IVA, que se reduziu em 13%) mas também das políticas expansionistas, nomeadamente através do investimento publico (autoestradas, barragens, parque escolar, etc.) e do aumento do consumo publico (por exemplo, o aumento de salários dos funcionários públicos em véspera das eleições).

Mas foi a 3ª vez que Portugal entrava na vertente corretiva do PDE. Contudo, a aplicação do PDE ficou suspensa entre 2011 e 2014 (durante o programa da troika), tendo voltado a ser aberto em 2015. Em 2002 tinha entrado, sendo o primeiro pais a violar o limite dos 3%, com o défice de 2001, que atingiu os 4,5%. Mais tarde, voltaria a entrar, em 2005, quando o défice atingiu os 6%.

O Regulamento do Conselho nº 479/2009, de 25 de maio, revisto pelo Regulamento do Conselho nº 679/2010, de 26 de julho, requer que cada estado membro reporte um Procedimento dos Défices Excessivos ao Eurostat, duas vezes por ano (março e setembro). A vertente corretiva do Pacto visa reverter as situações em que o défice público e/ou a dívida excedem os valores de referência fixados no Tratado. Neste âmbito, os estados membros ficam sujeitos a um procedimento por défices excessivos, mecanismo que obriga a supervisão e condições mais estritas.

Note-se contudo que o carácter excessivo do défice orçamental (3% do PIB) em relação ao valor de referência é considerado excecional e temporário, quando resulte de uma circunstância excecional não controlável pelo estado membro em causa e que tenha um impacto significativo na situação das finanças públicas ou quando resulte de uma recessão económica grave (se se verificar uma redução anual do PIB real de, pelo menos, 2%).

O PDE procura, assim, assegurar uma supervisão orçamental relativa ao défice e à dívida pública dos países da União Europeia. A Figura 1 demonstra o funcionamento do Procedimento dos Défices Excessivos no caso de um estado membro apresentar um défice excessivo. O Pacto de Estabilidade e Crescimento veio abrir a possibilidade ao Conselho de sancionar um estado membro participante que não adote as medidas necessárias para corrigir uma situação de défice excessivo. Numa fase inicial, a sanção tomará a forma de depósito sem juros junto da Comunidade, mas poderá ser convertida em coima, se o défice excessivo não for corrigido nos dois anos seguintes. A aplicação das sanções não é, contudo, automática e depende de uma avaliação das circunstâncias pelo Conselho.

Note-se que o Procedimento dos Défices Excessivos tem um regime de aplicação que se baseia nos tratados da União, pelo art.º 126 do Tratado de Funcionamento da União Europeia. Isto implica, que não pode haver processos no Tribunal de Justiça da União Europeia, movidos por um Estado membro sobre o levantamento de sanções no âmbito do PDE. Veja-se a esse propósito o que a própria Comissão já referiu: “´A further way of strengthening the EU’s legitimacy would also be to extend the competences of the Court of Justice, i.e. by deleting Art. 126 paragraph 10 TFEU and thus admitting infringement proceedings for Member States or by creating new, special competences and procedures, although one should not forget that some of the issues do not lend themselves to full judicial review.´ Brussels, 30.11.2012. COM(2012) 777 final/2, p. 39”. Isso determina que a decisão do Conselho Europeu é soberana (após a pronuncia da Comissão Europeia) e iminentemente política, não havendo consequências legais nem margem para litigância jurídica.

Como Portugal saiu do PDE

Para que tenha ocorrido a revogação do PDE foi necessário que a correção do défice fosse considerada duradoura, o que requer que o défice de 2016 não tivesse ultrapassado o limite dos 3% do PIB (foi de 2%, e de 2,5% se excluirmos as medidas one-off) e que as previsões da Comissão Europeia para os anos de 2017 e 2018 indiquem que este não excederá o limite de 3% do PIB.

O défice apurado para 2016, em contas nacionais, foi de 2,1% do PIB, sendo que em 2015 o défice tinha sido de 4,4%. Contudo, há que, em ambos os anos, expurgar as medidas one-off. No caso de 2015, a operação do BANIF, que piorou o défice. Sem esta operação, o défice de 2015 teria sido de 2,9%. No caso de 2016, as operações one-off melhoraram o défice. Referimo-nos ao regime de recuperação de dívidas fiscais (PERES), num valor em torno dos 600 M€, a reavaliação de ativos das empresas (com impacto fiscal positivo em 2016 de cerca de 100 M€, mas negativo nos anos seguintes), à venda dos F-16 (que em contas nacionais terão tido um impacto na redução da despesa de capital de cerca de 100 M€), à recuperação de uma garantia de um dos empréstimos dos mecanismos Europeus (cerca de 250 M€). Tudo somado, as medidas one-off valeram em 2016 cerca de mil M€, ou seja, 0,5% do PIB. O que significa um défice de 2,5%.

Essa melhoria foi possível graças a dois efeitos: por um lado uma redução muito significativa no investimento público (com menos 1,4 mil M€ face a 2015, tendo passado de 4,3 mil M€ para 2,9 mil M€) de 0.8 p.p. do PIB. Por outro lado, uma redução de 200 M€ nos juros da dívida pública, menos 0.1 p.p. Refira-se que relativamente aos juros, as taxas de juro das emissões de 2016 subiram face a 2015. Em 2016, a taxa de juro média das novas emissões foi de 3.2%, quando tinha sido de 2.5% em 2015. A estes dois efeitos soma-se ainda 0.3 p.p. do PIB de cativações adicionais. Parte destas poupanças foram gastas em despesas com pessoal, que aumentou 700 M€, 0.4 p.p. do PIB.

Contudo, importa sobretudo realçar que foi feito um esforço muito grande de redução do défice a partir de 2011. Conforme é visível no gráfico abaixo, o défice nominal sem medidas one-off reduziu-se cerca de 8 p.p.. Mas mais impressionante é a redução do défice estrutural até 2014: menos 7 p.p. Infelizmente, em 2015 a tendência inverteu-se. Mas verifica-se também no 2º gráfico como a consolidação estrutural foi bastante acentuada entre 2011 e 2014, sobretudo em 2012.

E agora, o que ainda falta fazer?

Portugal tem ainda de reduzir o seu défice estrutural de um valor em torno de -2% do PIB para um superavit de 0.25%, nos próximos 3-4 anos. Isso implica medidas de aumento de impostos e redução da despesa em torno dos 4 mil M€. Aqui, o crescimento económico não tem impacto. Por outro lado, há que reduzir a dívida pública em pelo menos 3-4 p.p./ano; não deixar a despesa corrente primária crescer acima do crescimento nominal da economia (3-4%/ano). Além da dívida pública muito elevada, a vigilância do Tratado Orçamental, do two-pack e do six-pack manter-se-á, condicionando fortemente as opções futuras, como bem mostra aqui a Margarida Peixoto. E os desequilíbrios macroeconómicos como o desemprego, o setor financeiro e o endividamento (publico e privado) permanecem uma ameaça. Mas ganha-se alguma margem de confiança e os investimentos públicos via “plano Juncker” deixam de contar para o défice, em termos do PDE (continuarão a contar para efeitos do Eurostat).

A saída do PDE é um passo importantíssimo na recuperação da credibilidade junto dos mercados e dos investidores. Mas o esforço orçamental tem de continuar, é importante reduzir o défice, mas de forma estrutural.

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Corrupção no Mundial. Polícia brasileira apanha políticos

  • ECO
  • 23 Maio 2017

Os políticos são acusados de cobrar 900 milhões de reais extra pela construção do estádio Mané Garrincha. As detenções feitas pela polícia incluem também Tadeu Filippelli, assessor especial de Temer.

O Mundial já foi em 2014, mas agora começam a surgir detenções em resultado da corrupção em torno da construção das infraestruturas para o evento global. A polícia brasileira deteve dois ex-governadores do Distrito Federal, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e um assessor especial do presidente Temer, Tadeu Filippelli.

A operação Panatenaico, que investiga um excesso de faturação de 900 milhões na construção do estádio Mané Garrincha, um dos muitos estádios construídos no Brasil para a organização do Mundial de Futebol em 2014, contou com 15 operações de busca, tendo sido efetivados dez mandados de prisão preventiva.

O custo do estádio estava previsto em 600 milhões de reais mas no final de 2014 a conta apresentada foi de 1,575 biliões de reais — uma diferença de 900 milhões de reais que motivam as acusações de corrupção.

As obras do Mané Garrincha foram as mais caras das efetuadas para a Copa do Mundo. A construção foi financiada por dinheiros públicos, recorrendo a empréstimos do BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, adianta a Globo.

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Adeus, PT e Meo. Olá, Altice

Os nomes PT e Meo têm os dias contados. Patrick Drahi apresenta esta terça-feira o rebranding dos seus ativos para uma única marca, a marca Altice.

Esta terça-feira fica marcada como o último dia da PT e da Meo — mas só dos nomes. O empresário Patrick Drahi anuncia esta tarde os planos para reunir todos os seus ativos debaixo de uma única marca, a marca Altice. Desta feita, todos passarão a partilhar com o grupo o mesmo nome, uma mudança que chegará às operações do grupo em Portugal até ao final do segundo trimestre de 2018.

O que nos faltava até agora era ter uma marca global única, que refletisse a natureza internacional e digital do nosso grupo, que reforça a força das nossas marcas e que vai reinventar o futuro”, disse o presidente executivo da Altice, Michel Combes, num encontro com jornalistas, em Nova Iorque, para anunciar a nova marca global do grupo, que inclui países como Estados Unidos, França, Portugal, Israel e Republica Dominicana.

A notícia do rebranding foi amplamente avançada pela comunicação social francesa esta terça-feira. Mas, no caso específico da PT e da Meo, a hipótese ainda não confirmada já tinha sido apurada pelo Público em meados de abril. O jornal referia que Meo e PT Empresas eram duas das marcas na calha para mudarem de nome, enquanto o portal Sapo e a Moche permaneceriam de fora.

Recorde-se que a Altice é dona da PT Portugal desde 2015. No entanto, o facto de a antiga holding da PT ainda cotar na bolsa (Pharol) e de ainda serem notícia os casos dos processos judiciais envolvendo os gestores da antiga gigante portuguesa, têm sido dois motivos de preocupação da PT Portugal: a empresa teme que as polémicas confundam a opinião pública naquilo que era a antiga PT e a nova PT.

Outro dos casos que está a fazer correr mais tinta é o da SFR, a operadora francesa de telecomunicações, que também vai mudar de nome para Altice. Terá mesmo direito a um novo logótipo depois de, no ano passado, ter sido o alvo de mais de metade de todas as queixas contra operadoras em França, indicou a AFP. De fora do rebranding ficarão os órgãos de comunicação social da Altice, tais como a BFM, a RMC, o Libération e o L’Express, entre outros. Por sua vez, a holding financeira do grupo Altice irá desaparecer, acrescenta a agência francesa.

Entre os objetivos, a Altice pretende apresentar-se ao mercado com uma única marca facilmente identificável e tenciona reduzir os gastos com o marketing, uma das rubricas que mais despesa faz no grupo. Além do mais, o ramo da Altice nos Estados Unidos prepara-se para entrar em bolsa, o que, segundo a AFP, representará metade das receitas da empresa no médio prazo.

A Altice tem operações em sete países. Em Portugal, registou 573 milhões de euros de receitas nos primeiros três meses do ano. Ao nível global, no final de dezembro, o grupo empregava 49.732 pessoas no total e gerou 23,52 mil milhões de euros em lucros durante o exercício do ano.

(Notícia atualizada às 15h00 com a confirmação e com as declarações de Michel Combes)

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BCP obtém mil milhões com créditos à habitação

O banco liderado por Nuno Amado colocou mil milhões de euros em dívida garantida por créditos à habitação. A taxa ficou abaixo de 0,9%.

O Banco Comercial Português (BCP) voltou ao mercado de obrigações hipotecárias — títulos de dívida garantidos por carteiras de créditos à habitação. Obteve mil milhões de euros numa emissão a cinco anos concorrida que permitiu baixar do custo de financiamento face às taxas inicialmente previstas. A taxa de juro anual será de 0,75%, com um spread de 65 pontos base acima da taxa swap para o prazo de cinco anos, um valor que também ficou abaixo do previsto.

“A operação foi colocada com grande sucesso num conjunto muito diversificado de investidores institucionais europeus”, refere o banco, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A procura atingiu “mais de 180% do montante da emissão”, detalha ainda o BCP, sublinhando a “confiança do mercado no banco“.

De acordo com dados da Bloomberg, a emissão deveria contar com um spread de 70 pontos base acima da taxa swap para o prazo em questão, os cinco anos. Contudo, no final da operação, o prémio exigido pelos investidores acabou por encolher para 65 pontos base, reflexo do apetite dos investidores por títulos que contam com um risco baixo — têm rating de qualidade tanto na Fitch, Moody’s e DBRS.

Para apurar a taxa final a pagar pelo BCP é preciso somar o prémio à taxa swap. Atualmente, no mercado, a taxa negociada para o prazo a cinco anos está em 0,222%, o que somado aos 0,65% a que o banco se financiou leva a que o custo total seja em torno de 0,88%. Um juro reduzido tendo em conta que os ativos que o garantem são os créditos à habitação.

Este financiamento a esta taxa dá margem ao banco liderado por Nuno Amado para apresentar taxas mais competitivas nos novos empréstimos para a compra de casa. Atualmente, o banco conta com um spread mínimo de 1,50%, ficando a meio da tabela entre os vários bancos no mercado. A CGD e o BPI têm o mais elevado (1,75%) enquanto o Bankinter apresenta a taxa mais baixa, de 1,25%.

Notícia atualizada às 18h19 com informação enviada pelo BCP à CMVM.

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