Marcelo diz-se “satisfeito” com eventual adiamento do Brexit

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2019

O Presidente da República considera que um adiamento da saída do país da União Europeia "permite mais tempo para uma reflexão serena".

O Presidente da República admitiu, esta terça-feira, que ficou “satisfeito” com um eventual adiamento do processo de saída do Reino Unido da União Europeia, contribuindo para uma “reflexão serena” de um tema muito importante para a Europa.

“Não escondo que fiquei satisfeito, porque isso permite, por um lado, que as eleições possam realizar-se, se vier a concretizar, também no Reino Unido”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas após a sessão de lançamento do Prémio Firma & Futuro, no ‘campus’ da Nova ‘School of Business & Economics’, em Carcavelos, concelho de Cascais, distrito de Lisboa.

Em segundo lugar permite mais tempo para uma reflexão serena acerca de um tema que realmente podia causar, e todos sabemos que causaria, imensos problemas de toda a ordem na União Europeia e no Reino Unido”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa recusou que o atual clima de protestos no país possa prejudicar a campanha para o Parlamento Europeu, no dia em que anunciou oficialmente a sua realização em 26 de maio.

“É evidente que a nível europeu há assuntos muito importantes para o futuro da Europa e para o futuro de Portugal”, notou o Presidente da República, apontando o exemplo das recentes posições do líder do Partido Trabalhista e da primeira-ministra britânica admitindo “a eventualidade de um adiamento de uma saída do Reino Unido da União Europeia”.

O parlamento britânico poderá escolher entre sair da União Europeia (UE) ou pedir um adiamento da data do ‘Brexit’ se o acordo que o Governo apresentar nas próximas semanas for rejeitado, prometeu esta terça-feira a primeira-ministra britânica.

Theresa May reiterou que o chamado “voto significativo” será repetido até 12 de março e que, se o texto submetido for chumbado, os deputados poderão decidir se o calendário de saída do Reino Unido da UE se mantém ou é pedida uma “extensão curta e limitada” para além de 29 de março.

Já o partido Trabalhista quer um referendo ao Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia, mesmo que este seja aprovado pelo parlamento, defendeu o líder do maior partido da oposição, Jeremy Corbyn

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Trump vê “futuro espetacular” para Coreia do Norte com desnuclearização

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2019

O presidente norte-americano disse antever um “futuro espetacular” para a Coreia do Norte, caso o país decida embarcar no caminho da desnuclearização, a poucas horas da cimeira com Kim Jong-un.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta quarta-feira antever um “futuro espetacular” caso a Coreia do Norte decida embarcar no caminho da desnuclearização, a poucas horas da cimeira entre os líderes dos dois países.

“O potencial é espetacular, uma grande oportunidade, como quase nenhuma outra na história, para o meu amigo Kim Jong-un”, escreveu Donald Trump, na conta oficial da rede social Twitter.

Donald Trump usou ainda o anfitrião da cimeira, Vietname, como um exemplo de um país que “agora prospera como poucos lugares na terra”, depois de décadas de tensões com os Estados Unidos.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, chegou na terça-feira a Hanói, onde participará numa cimeira com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, que chegou um dia antes à capital vietnamita, para onde viajou de comboio.

Esta é a segunda cimeira, depois de um primeiro encontro ao mais alto nível entre os dois países, no ano passado, em Singapura, e decorrerá com uma agenda de trabalho intensa e sob fortes medidas de segurança.

No centro das negociações está a questão da desnuclearização da península coreana, que os EUA colocaram como condição para estabelecer um tratado de paz entre as duas coreias, dando seguimento a compromissos estabelecidos na primeira cimeira.

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Deputados britânicos votam plano de May para negociar com a UE

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2019

Os deputados britânicos vão votar esta quarta-feira o plano de Theresa May para continuar as negociações com a União Europeia. Em caso de chumbo, avançam para votação de adiamento.

O parlamento britânico vai debater e votar, esta quarta-feira, o plano do governo para continuar negociações com Bruxelas que permitam ao Reino Unido sair da União Europeia (UE) com um acordo antes de considerar um adiamento do ‘Brexit’.

Na declaração que vai a votos, o governo impõe 12 de março como prazo para submeter um novo acordo ao parlamento, ao qual se poderão seguir dois votos caso seja rejeitado, um confirmando a preferência por uma saída sem acordo, ou, pelo contrário, a opção de pedir à UE o prolongamento das negociações para além de 29 de março.

A oferta de uma via para evitar uma saída brusca sem acordo destinou-se a apaziguar membros do governo que ameaçaram demitir-se para votar numa proposta da deputada trabalhista Yvette Cooper que pretende forçar o governo a avaliar um adiamento da saída.

O Grupo Independente, recém-formado por deputados dissidentes dos partidos Trabalhista e Conservador, anunciou uma proposta em conjunto com nacionalistas escoceses, galeses e Liberais Democratas para instruir o governo para iniciar o processo de preparação de um novo referendo sobre a saída ou permanência na UE.

O partido Trabalhista avançou com uma emenda onde esboça o plano do partido da oposição para o ‘Brexit’, a negociação de uma “união aduaneira permanente e abrangente com a UE” como uma alternativa à estratégia do governo.

Se for rejeitada, o líder do ‘Labour’, Jeremy Corbyn, prometeu apresentar ou apoiar uma emenda a favor de um novo referendo sobre o ‘Brexit’.

Na declaração que fez na terça-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse ter registado “bom progresso” nas discussões com Bruxelas sobre as alterações legais necessárias para garantir que a solução para a Irlanda do Norte designada por ‘backstop’ não possa durar indefinidamente.

“Já falei com os líderes de todos os estados membros da UE para explicar a posição do Reino Unido. E as equipas do Reino Unido e da UE continuam o trabalho e concordámos em rever o progresso novamente nos próximos dias”, adiantou.

Um resultado dos contactos nas últimas semanas, revelou, foi a decisão conjunta de iniciar um “fluxo de trabalho conjunto para desenvolver mecanismos alternativos para garantir a ausência de uma fronteira física na Irlanda do Norte” em paralelo com as negociações do relacionamento futuro.

Porém, May não foi clara quanto às concessões que pensa conseguir de Bruxelas, nomeadamente se o acordo vai ser reaberto para serem introduzidas alterações vinculativas, como exigem alguns deputados eurocéticos e do Partido Democrata Unionista (DUP) da Irlanda do Norte.

Em causa, alegam, está o risco de o mecanismo desenhado para impedir a existência de controlos na fronteira da Irlanda do Norte com a vizinha europeia Irlanda, um compromisso do acordo de paz para o território britânico, prender o Reino Unido numa união aduaneira com a UE até entrar em vigor um novo acordo.

O voto desta quarta-feira é esperado pelas 19:00, antecedido pela votação das diferentes propostas de alteração que sejam selecionadas previamente pelo líder da Câmara dos Comuns.

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Caixa não foi a única a dar créditos ruinosos. Principais bancos partilham grandes devedores

Há, pelo menos, 11 grandes devedores do banco público que também têm dívidas de milhões aos principais bancos privados portugueses. Artlant, Grupo Lena, PFR Investe, Finpro e Opway são alguns deles.

“Vários” dos maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) “são comuns aos outros bancos”. A ideia foi partilhada durante uma audição no Parlamento por Paulo Macedo, presidente da Caixa, que apresentava, assim, uma das justificações para que o banco público tenha decidido tentar recuperar os casos “emblemáticos” de créditos ruinosos, em vez de vendê-los. São vários os grandes devedores que geraram perdas de milhares de milhões de euros para a CGD, mas há 25 que se destacam, pela dimensão das imparidades a que deram lugar. E a verdade é que, tal como diz Paulo Macedo, o banco público não foi o único a quem estes 25 recorreram: os grandes devedores também têm dívidas de milhões aos principais bancos privados, incluindo aos que tiveram de receber ajudas públicas nos últimos anos.

Paulo Macedo foi claro nas declarações que prestou aos deputados, no início deste mês: “Há uma análise periódica dos 50 maiores casos. Nesses casos, decidimos que os créditos ficarão connosco, ou seja, não os iremos vender. Há um preço de mercado para estes créditos, mas achamos que estes casos emblemáticos devem ficar e tentar ser recuperados pela Caixa. Alguns destes créditos, vários, são comuns aos outros bancos. Vários. Os setores, por exemplo, das obras públicas e da construção civil são créditos que estão, basicamente, nos três bancos que financiavam as grandes empresas em Portugal“.

O relatório final da auditoria da EY à gestão feita na Caixa entre os anos de 2000 e 2015 não permite conhecer os maiores devedores do banco público, uma vez que estes não são identificados pelo nome. Contudo, uma versão preliminar deste relatório identifica-os, sendo possível fazer o cruzamento, de uma e outra versão, para chegar a alguns dos grandes clientes que vieram a revelar-se ruinosos para a Caixa. Com base nessa lista e nos dados disponíveis no portal Citius relativos aos clientes que acabaram por entrar em processos de revitalização ou que declararam insolvência, é possível conhecer quais os grandes clientes da Caixa que também têm dívidas de milhões por pagar a outros bancos. Há mais de uma dezena de empresas nesta situação.

Quem são os 25 grandes devedores da Caixa?

A auditoria feita pela EY analisa um total de 186 operações de concessão inicial de crédito, que acabaram por resultar em perdas de 1.647 milhões de euros para a Caixa. Deste montante, a grande maioria concentra-se nas 25 maiores operações de crédito realizadas pela Caixa no período de 2000 e 2015. Estas 25 maiores operações de crédito resultaram em perdas de 1.263 milhões de euros, registadas no final de 2015, para o banco público.

A análise ao relatório final da auditoria da EY permite conhecer, com certeza, apenas 15 destes 25 maiores devedores da Caixa, não tendo sido possível apurar quem são os restantes. A Artlant, ligada ao projeto da La Seda, é a maior devedora, com a CGD a reconhecer uma imparidade de 211 milhões de euros, resultante dos créditos concedidos a esta empresa. Seguem-se a Investifino, do empresário Manuel Fino, Fundação Berardo, de Joe Berardo, AE Douro Litoral e Jupiter, no grupo dos cinco maiores devedores.

25 maiores clientes geraram perdas de 1,26 mil milhões

 

A versão preliminar da auditoria, que identificava os nomes dos clientes, apontava também para outros devedores, ainda que de menor dimensão: Golf Marinha Praia, Obriverca, Fundação Horácio Roque e o grupo MSF são alguns deles.

Quem deve a outros bancos?

Entre os 25 maiores devedores da Caixa, há, pelo menos, cinco que também são clientes de outros bancos. Haverá mais, mas estes são aqueles que entraram em processos especiais de revitalização ou que declararam insolvência e cujas listas de credores podem ser consultadas no portal Citius. São eles: Artlant, Grupo Lena, PFR Invest, Finpro e Opway.

A Caixa terá sido a única financiadora do projeto de construção da fábrica da Artlant em Sines, que teve um custo de 400 milhões de euros, mas não é o único banco que é credor desta empresa. No processo especial de revitalização que solicitou em 2014, que acabou por não se concretizar, a Artlant apresenta, entre a lista de credores, o Santander Totta, com quem contraiu um contrato de factoring (mecanismo financeiro que consiste na aquisição de créditos de curto prazo) no valor de 2,3 milhões de euros.

O Grupo Lena conseguiu reestruturar-se, renascendo como NOV, mas há uma empresa deste grupo que chegou a entrar em PER: a Lena Hotéis e Turismo, que, em 2017, tinha dívidas no valor de 500 mil euros ao Banco BIC, 2,3 milhões de euros ao Totta, cerca de 2 milhões ao Montepio Geral e 15,5 milhões de euros ao Novo Banco, totalizando mais de 20 milhões de euros de dívidas a estes bancos.

A Finpro, sociedade gestora de capitais públicos e privados (controlada pelo Estado, Banif e Américo Amorim), é uma das grandes devedoras da Caixa com uma extensa lista de outros bancos a quem tem dívidas. No PER que solicitou em 2015, esta empresa apresentava como credores cinco outros bancos: BCP (créditos reclamados no valor de quase 49 milhões de euros), BIC (9,5 milhões), Santander Totta (13,3 milhões), Banif (34,6 milhões) e Crédito Agrícola (6,5 milhões). A dívida a estes cinco bancos totalizava, em 2015, quase 113 milhões.

A Opway, construtora do antigo Grupo Espírito Santo (GES), também tem uma lista extensa de credores. O PER que apresentou em 2015 dava conta de uma dívida de 674,6 milhões de euros às entidades que reclamaram créditos às construtoras. Deste montante, quase um terço era devido a bancos privados: BPI (119 milhões), BES (62,8 milhões), BCP (48 milhões), Popular (7,9 milhões), Santander Totta (3,3 milhões) e BIC (2,8 milhões). Ao todo, a Opway devia mais de 244 milhões aos bancos privados.

No caso da PFR Invest, empresa municipal de Paços de Ferreira que entrou em processo especial de revitalização em 2014, a lista de credores é mais curta. Para além da Caixa, quando solicitou este processo, a PFR Invest tinha como credores o Novo Banco, que reclamava mais de 17 milhões de euros, e o Crédito Agrícola, a quem tinha uma dívida de cerca de 31 mil euros.

Já fora do top 25, há outras empresas clientes da Caixa que também devem aos principais bancos nacionais: Golf Marinha Praia, Obriverca, MSF SGPS e MSF Engenharia, FDO Construções e Extrinvest são aquelas cujas listas de credores estão disponíveis. Aquelas que têm mais dívidas ao BCP e ao Novo Banco (os outros dois bancos que, historicamente, sempre concederam mais crédito a empresas, tal como indicou Paulo Macedo) são as que atuam nos setores da construção e obras públicas.

Maiores devedores da Caixa também devem aos privados

Feitas as contas, estes 11 grandes devedores da Caixa que acabaram por entrar em PER ou em insolvência têm uma dívida global aos bancos privados que supera os mil milhões de euros.

Mas há ainda que contar com outros grandes devedores da Caixa que, apesar de enfrentarem dificuldades financeiras, nunca entraram em PER ou em insolvência, pelo que as listas dos seus credores não são públicas. Há casos conhecidos: Joe Berardo, por exemplo, que através da Fundação Berardo e da Metalgest tem uma dívida de 321 milhões de euros à CGD, também era cliente do Banco Espírito Santo (BES), a quem ainda devia, em 2016, já depois do colapso do banco, outros 309 milhões de euros. O Grupo Lena (cuja única empresa que chegou a entrar em PER foi a Lena Hotéis e Turismo) também tinha, no global, uma dívida de 305 milhões ao BES, em 2016.

As operações ruinosas dos privados

Para além daquelas que partilham com a Caixa, há várias outras operações ruinosas que os bancos privados têm realizado ao longo dos anos. O Banco Espírito Santo (BES), resolvido em 2014, é o exemplo paradigmático destas práticas: os 21 maiores devedores do banco falido, que passaram para o Novo Banco, devem um total que ultrapassa os 6,6 mil milhões de euros, segundo a lista divulgada pelo Correio da Manhã em abril 2016. Nessa data, o maior devedor era o grupo Mello, que detém a Brisa e a José de Mello Saúde, com uma dívida de 945 milhões ao BES. Seguia-se a Ongoing, que nessa altura tinha uma dívida de 606 milhões, e contam-se também grandes devedores da Caixa, como já referido anteriormente, incluindo Joe Berardo, Grupo Lena e Obriverca.

A Ongoing também é, aliás, cliente do BCP, a quem deve 282 milhões de euros, com uma imparidade reconhecida de cerca de 230 milhões, de acordo com o Público. Os créditos contraídos pela Ongoing, hoje em liquidação, junto do BCP visavam adquirir uma posição de 10% na antiga Portugal Telecom (PT), sendo garantidos pelas próprias ações da operadora que a Ongoing ia comprar. Em 2011, quando a PT deixou de distribuir dividendos significativos, a Ongoing deixou de ter capacidade para renegociar as dívidas à banca.

Mais recentemente, foi também conhecido o caso da Controlinveste, outra grande devedora destes dois bancos. O grupo do empresário Joaquim Oliveira apresentou, este mês, um pedido de insolvência, com dívidas de 406 milhões ao BCP e outros 124 milhões ao Novo Banco. Este é o culminar de um processo de reestruturação, iniciado em 2014, da holding que controlava jornais como o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias. O grupo foi afetado pela exposição ao setor dos media e das telecomunicações e, entre 2008 e 2013, as receitas publicitárias registaram uma quebra de 50%. Foi mais uma empresa a ser arrastada pela queda da PT, de quem a Controlinveste era acionista.

Há também casos emblemáticos de outros bancos já falidos. Em 2007, o BPN avançou com a concessão de um crédito à imobiliária Vencimo, num caso que envolve o ex-presidente do Benfica, Vale e Azevedo. A história foi contada pelo Correio da Manhã: Vale e Azevedo ofereceu-se para ser o intermediário da Vencimo junto do BPN, a quem pediriam um empréstimo de 40 milhões, sendo este crédito garantido por uma seguradora suíça. O banco chegou a adiantar 2 milhões de euros ao ex-presidente do Benfica e só depois detetou o esquema: esse dinheiro nunca chegou à Vencimo e a garantia apresentada por Vale e Azevedo era falsa.

CGD, Novo Banco e BCP têm 76% das imparidades da banca

Se o resultado da concessão destes créditos ruinosos não foi igual para todos os bancos, há, pelo menos, um ponto em comum entre todos: o registo de imparidades de milhares de milhões de euros.

Os dados recolhidos pela Associação Portuguesa de Bancos (APB) mostram que o BCP, o Novo Banco (e anteriormente o BES) e a Caixa são os três bancos que, ano após ano, constituem o maior volume de imparidades de crédito, isto é, a quantidade de dinheiro que puseram de lado para cobrir os riscos do crédito malparado.

Em 2017, os bancos portugueses constituíram 17,7 mil milhões de euros em imparidades. Deste montante, mais de 76% vinha da CGD, Novo Banco e BCP. Esta é uma proporção que tem vindo a agravar-se nos últimos anos. Em 2009, a banca nacional tinha constituído 9,3 mil milhões de euros em imparidades de crédito; deste montante, cerca de 65% veio destes três maiores bancos.

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos indicadores como a confiança dos consumidores e empresários, e a avaliação da banca às casas. Duas empresas do PSI-20, EDP Renováveis e Jerónimo Martins, vão apresentar resultados.

O dia será marcado pela divulgação dos resultados da EDP Renováveis e da Jerónimo Martins, a primeira antes de abrir o mercado e a segunda depois do encerramento. Terão também destaque, na atualidade nacional, os indicadores de confiança dos consumidores e empresários, publicados pelo INE e pela Comissão Europeia, e a avaliação bancária da habitação, que está numa trajetória ascendente há vários meses. Por Bruxelas será ainda publicada a avaliação das políticas económicas e sociais dos Estados-membros da UE.

Mais empresas do PSI-20 apresentam contas

Continua a apresentação de resultados por parte das empresas portuguesas. Nesta quarta-feira, antes da abertura do mercado, será a vez da EDP Renováveis revelar como correu o ano. A empresa liderada por Manso Neto anunciou no final de janeiro que produziu mais energia renovável em 2018, numa subida anual de cerca de 3%. Já depois do fim da sessão na bolsa nacional chegam os resultados da Jerónimo Martins, que, segundo os números preliminares, fechou o ano de 2018 com um volume de vendas de 17,3 mil milhões de euros, no que foi um crescimento de 6,5% face ao ano anterior.

Bruxelas avalia políticas económicas e sociais dos países da UE

Depois de em novembro a Comissão Europeia ter apresentado as prioridades e orientações para 2019, em fevereiro a Bruxelas publica relatórios sobre cada país da União Europeia, onde faz uma avaliação das políticas económicas e sociais. Em março ou abril, é a vez de os países enviarem a Bruxelas atualizações do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas. Entre maio e julho, cada país recebe as recomendações económicas e orçamentais específicas adaptadas à sua situação. O objetivo é que estas sejam integradas nos planos orçamentais para o ano seguinte de cada um dos países.

Luís Amado ouvido na comissão dos CMEC

Depois de António Mexia, presidente executivo da EDP, ser ouvido na comissão parlamentar que se debruça sobre o pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade para explicar o papel da elétrica nas decisões que foram tomadas no setor energético, chega a vez de Luís Amado. O atual presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, vai responder aos deputados da comissão parlamentar esta tarde.

Avaliação bancária das casas continua a subir?

O Instituto Nacional de Estatística vai também publicar nesta quarta-feira os resultados do Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação, referente a janeiro deste ano. O valor da avaliação bancária às casas para a concessão de crédito à habitação atingiu um novo pico em dezembro de 2018, ao fixar-se numa média de 1.220 euros por metro quadrado. O valor da avaliação dos bancos está a subir há 21 meses consecutivos, e o de dezembro foi o valor mais elevado desde 2008.

INE publica indicadores de confiança

O INE divulga os indicadores de confiança dos consumidores e dos empresários referentes a fevereiro. O indicador de confiança das famílias mede as perspetivas dos consumidores quanto à situação económica dos particulares mas também da economia em geral. Do lado da oferta, o indicador de confiança mede o estado de espírito dos industriais, construtores, comerciantes e empresários do setor dos serviços. Em janeiro, ambos os indicadores recuaram, sendo que a confiança dos consumidores registou uma quebra para o nível mais baixo dos últimos oito meses. A Comissão Europeia também publica os Indicadores de Sentimento Económico e de Clima de Negócios de fevereiro.

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EDP Renováveis lucra mais de 300 milhões. Dividendo sobe

A empresa liderada por Manso Neto aumentou os resultados líquidos. E tal como no ano passado, vai também elevar a remuneração aos acionistas em um cêntimos, para sete cêntimos.

A EDP Renováveis lucrou mais. Num ano em que as receitas até caíram, a empresa liderada por Manso Neto apresentou um resultado líquido de mais de 300 milhões de euros. Este crescimento vai ser partilhado com os acionistas, sendo a EDP o principal, através do aumento dos dividendos. Valor a pagar sobe para sete cêntimos.

“O resultado líquido totalizou 313 milhões de euros (contra 276 milhões no período homólogo)”, refere a EDP Renováveis em comunicado enviado à CMVM. O EBITDA totalizou 1.300 milhões de euros, uma quebra de 5% face a 2017 “devido ao impacto de descontinuidades nas receitas, cambial e menores recursos eólicos”. E as receitas também encolheram.

“Em resultado da maior produção (+3% face a 2017), menor preço realizado (-9%), fatores cambiais (-46 milhões face a 2017) e o termo esperado de PTCs (após 10 anos) em algumas estruturas de Tax equity (-51 milhões), as receitas totalizaram 1.697 milhões (uma quebra de 7%)”, refere a empresa, salientando que os custos operacionais cresceram 6% para 589 milhões.

A explicar o crescimento dos resultados líquidos estiveram, então, os resultados financeiros que caíram para 220 milhões (contra 302 milhões em 2017, “beneficiando da evolução estável dos e juros financeiros líquidos (139 milhões), juntamente com custos de parcerias institucionais mais baixos e os ganhos derivados da estratégia de sell down de participações em projetos de offshore (87 milhões)”.

“Os resultados apresentados hoje, que incluem um crescimento dos lucros líquido de 14%, refletem a sólida gestão financeira da empresa, que beneficiou de um desempenho interanual estável dos custos de juros líquidos, de uma redução das despesas com parcerias institucionais e lucros da alienação de participações em projetos offshore“, refere Manso Neto.

Com estes resultados, e apesar dos investimentos terem elevado a dívida da empresa liderada por Manso Neto para os 3.060 milhões de euros, o conselho de administração revela que “irá propor, em assembleia geral de acionistas, uma distribuição de dividendos de 61,1 milhões”, diz a EDP Renováveis. Este valor equivale a sete cêntimos por ação, mais um que o pago em 2018 com base nas contas de 2017.

A EDP Renováveis vai dar dividendos, mas vai também continuar a investir para crescer, numa altura em que está a ser alvo da OPA da China Three Gorges. “Estamos empenhados em continuar a fazer crescer a empresa através de modelos de gestão eficientes e da limitação de riscos, bem como da diversificação da nossa capacidade de gerar valor através dos mercados e da tecnologia”, diz Manso Neto.

(Notícia atualizada às 7h22 com declarações de Manso Neto)

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Ativista da EDP perto de ganhar lugar na administração da eBay

Fundo Elliot Management, que está no capital da elétrica portuguesa e tem procurado influenciar as decisões de António Mexia, poderá saltar para a gestão da plataforma de comércio online eBay.

A eBay e os fundos Elliot Management e Starboard Value estão perto de chegar a um acordo que deverá resultar na entrada daqueles dois investidores ativistas no conselho de administração da plataforma de comércio online, avança o Wall Street Journal.

Uma fonte indicou ao jornal económico americano que os fundos Elliot e Starboard poderão ficar com vários lugares na gestão da companhia no âmbito de um acordo no qual a eBay concordou em rever o seu negócio de forma a aumentar a rentabilidade e que poderá envolver a venda de ativos ou spin offs de algumas unidades, revelou a mesma fonte.

O fundo Elliot, de Paul Singer, tem mais de 4% do capital da eBay, e em janeiro enviou uma carta à administração da companhia de e-commerce onde recomendava a separação ou venda do seu negócio de bilhetes StubHub e também do seu negócio de anúncios de classificados. Também sugeriu que o negócio principal da eBay, o marketplace online, se separado, poderá ser vendido.

O Wall Street Journal diz que o acordo ainda não está fechado. As partes ainda estão em negociações sobre pontos sensíveis que podem fazer ruir qualquer entendimento. Ainda assim, se não houver um acordo, Elliot e Starboard tem até final da semana para tentar reunir o consenso com outros acionistas para tentar alcançar lugares na administração da eBay.

Este fundo não é desconhecido em Portugal. Detém desde outubro do ano passado uma participação de 2,3% na EDP. E, tal como na eBay, também tem adotado uma postura mais ativa em relação à gestão de António Mexia, a quem enviou recentemente uma carta onde propõe a venda de ativos (propõe a venda da EDP Brasil, por exemplo) para reduzir a dívida e aumentar a rentabilidade da elétrica portuguesa.

As ações da eBay fecharam a sessão americana a valorizar 0,1% para 37,38 dólares, mas o dia em Wall Street foi ligeiramente negativo.

O índice de referência S&P 500 perdeu 0,08%, ao mesmo tempo que o tecnológico Nasdaq e industrial Dow Jones cederam 0,07% e 0,13%, respetivamente.

A penalizar o sentimento dos investidores estiveram dados do mercado imobiliário aquém do esperado. O Departamento do Comércio dos EUA revelou que a construção de casas está em mínimos de dois anos.

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Governo descongelou quase toda a despesa cativada na ferrovia

2018 foi um ano polémico para a ferrovia. Foram várias as notícias a dar conta de problemas nos comboios. E o próprio Governo tinha reforçado as cativações. O ano terminou de uma forma diferente.

O Governo acabou por descongelar praticamente toda a despesa que tinha cativado na ferrovia em 2018. Num ano marcado por polémicas nos comboios o Executivo optou por usar os recursos que tinha ao seu alcance, mostram os dados divulgados esta terça-feira pela Direção-Geral do Orçamento (DGO).

O Orçamento do Estado para 2018 conjugado com o decreto-lei de execução orçamental geraram despesa cativada na ferrovia no valor de 95,3 milhões de euros. Mas se este foi o valor com que a execução arrancou, o final foi diferente. Em dezembro de 2018, a despesa cativa na ferrovia era de apenas 4,7 milhões de euros. Ou seja, o Executivo deixou por usar 5% dos cativos disponíveis.

Estas informações constam do boletim da DGO com a execução orçamental referente a janeiro de 2019, onde também é feito o balanço final das cativações de 2018.

O ano de 2018 foi agitado para a ferrovia. Houve várias notícias a dar conta de problemas nos comboios da CP, tais como falhas de ar condicionado nas carruagens em dias muito quentes de verão, falta de verbas para compra de combustível e comboios avariados, entre outros.

Estes problemas causaram agitação junto dos utentes e serviram de argumento aos partidos da oposição, mas também aos parceiros do Governo, para criticar o Executivo.

A gestão das verbas cativadas para a ferrovia por parte do Governo alimentou também a contestação. Até junho, o Governo ainda não tinha mexido na despesa que cativou no início do ano para a ferrovia. As regras de disciplina orçamental em vigor geraram um congelamento de despesa de 95,3 milhões de euros para os transportes ferroviários. No final do primeiro semestre, os cativos mantinham-se intactos. Mais, as novas regras impostas pelo decreto-lei de execução orçamental e publicadas a 15 de maio tinham acrescentado 20 milhões de euros às cativações da ferrovia.

Entretanto o Governo tem reforçado a mensagem de aposta na ferrovia. Em outubro, aquando do debate do Orçamento do Estado para 2019, o então ministro do Planeamento, Pedro Marques, anunciou para o próximo ano o maior investimento da ferrovia do século. Mais recentemente, o agora cabeça de lista do PS às europeias de 26 de maio avançou que o Ferrovia 2020 tem uma taxa de execução de 40%.

Cinco ministérios com cativações recorde

Os dados da DGO permitem ainda perceber quais os ministérios que fecharam o ano de 2018 com a percentagem mais alta de despesa cativada face ao montante inicial. À cabeça aparece o ministério liderado por Vieira da Silva, que fechou o ano com despesa congelada igual a 81,8% dos 58,6 milhões de euros cativados logo no início do ano.

Os ministérios do Ambiente, Mar, Saúde (o orçamento do Serviço Nacional de Saúde está isento de cativações) e a área da governação apresentam taxas de cativação superiores a dois terços da verba de cativos com que arrancaram o ano.

No lado oposto da balança está o Ministério das Finanças que fechou o ano de 2018 apenas com 2,3 milhões de euros de despesa congelada face aos 111 milhões de euros com que começou à partida. Ou seja, deixou por usar 2,1% do total inicial.

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Finanças sustentáveis aceleram na Europa. Portugal está atrás, mas já dá passos

No dia em que a Bolsa de Lisboa admitiu as primeiras obrigações verdes à negociação e o regulador aprovou o primeiro fundo de investimento social, as duas entidades debateram sustentabilidade.

As finanças sustentáveis são cada vez mais uma tendência na Europa e, apesar de ainda atrasado, Portugal começa a dar os primeiros passos. Representantes da bolsa, do regulador e especialistas concordam que regulação e legislação, a par de incentivos às mudanças culturais de gestores e investidores são os passos necessários para o país acelerar neste segmento.

“Os temas ambientais e sociais estão relacionados com externalidades que merecem sempre uma atenção particular da política pública, mas há que encontrar o equilíbrio certo. O que podemos fazer com mais impacto é mudar a cultura financeira”, afirmou Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisbon, no debate “O Setor Financeiro e o Crescimento Sustentável”, que se realizou esta terça-feira na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A presidente da CMVM, Gabriela Figueiredo Dias, concorda que o impulso às finanças sustentáveis tem de ser partilhado pelos vários intervenientes de mercado, incluindo a regulação. “Tem de ser dado espaço ao mercado por, sua iniciativa, incorporar a sustentabilidade nos modelos de negócio e nos produtos financeiros, mas não exclui a intervenção do regulador“, disse, admitindo que esta não é, no entanto, uma posição consensual e que a instituição ainda está a tentar perceber qual é o caminho a seguir.

A nível regulatório e legislativo, a Comissão Europeia publicou, no início de janeiro, as primeiras regras para a incorporação de critérios de investimento com preferências ambientais, sociais e de governance, tendo afirmado que poderão tornar-se obrigatórios. Em Portugal, o regulador dos mercados também elegeu a promoção da integração de princípios de sustentabilidade no mercado de capitais português como um dos objetivos para este ano e prometeu uma consulta pública sobre o assunto, que Gabriela Figueiredo afirmou estar por dias.

“No mercado europeu, estes temas tem crescido bastante nos últimos anos”, explicou Sofia Santos. A economista especializada nos temas da gestão sustentável com particular foco na área das finanças é coautora, juntamente com Tânia Duarte (cofundadora e membro do Advisory Board da CCP Research Foundation) do livro “O Setor Financeiro e o Crescimento Sustentável”, apresentado no evento.

Sofia Santos apontou não só para emissão de green bonds (obrigações verdes direcionadas para o financiamento de projetos renováveis) por parte de empresas, como de Governos, incluindo em França, Bélgica e Irlanda. “Há um esforço dos Estados em indicar às empresas privadas que este é o caminho”, referiu.

Investimento e gestão sustentáveis tornam lucros mais distantes

Além do mercado de dívida, há também bancos que já fazem empréstimos verdes, em que a empresa se compromete em reduzir emissões de dióxido de carbono e tem acesso a uma taxa de juro mais atrativa. O primeiro caso na Europa foi um empréstimo à Danone. A nível global, 28 bancos aderiram aos princípios da banca sustentável apresentados pela Organização das Nações Unidas, no ano passado.

Do lado dos investidores, Isabel Ucha, da Euronext Lisbon, lembrou que vários institucionais globais já aderiram. É o caso do Norges Bank, bem como dos fundos de pensões tanto do Japão como da Holanda. Do total de ativos geridos na Europa, 52% preenchem critérios desta natureza. Só no grupo Euronext (presente em 11 países), 15 dos 50 índices estão ligados a temas de sustentabilidade. “Os mais procurados estão mais focados nos temas ambientas, mas o tema governance também tem estado muito na ordem do dia”, referiu a presidente.

“Em Portugal ainda há um caminho muito grande a percorrer até porque há muito desconhecimento, mas não faltam boas práticas para nos inspirarmos”, afirmou Sofia Santos. A coautora da obra, Tânia Duarte, acrescentou que “há todo um percurso sinuoso até conseguirmos realocar capital e caminhar para as finanças sustentáveis”.

Apesar do consenso de que Portugal está atrás nesta tendência, tanto a Euronext como a CMVM apontaram para importantes passos dados esta terça-feira. Por um lado, o regulador aprovou o primeiro fundo de investimento social, que se segue à primeira gestora de fundos de investimento social aprovada no ano passado. Por outro, a Bolsa de Lisboa recebe pela primeira vez a negociação de green bonds após a colocação de 50 milhões de euros por uma subsidiária da Altri –, um mercado que havia sido estreado em Portugal pela EDP, cujas obrigações negociam em Dublin.

Gabriela Figueiredo Dias é, no entanto, realista sobre os desafios que se apresentam. “A tendência no futuro vai ser de termos uma postura de sustentabilidade em tudo o que seja finanças. Há responsabilidades partilhadas por todos os intervenientes de mercado, mas também há riscos e oportunidades”, defendeu a presidente da CMVM. “É preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre as oportunidades que cria e os custos que tem”.

Uma das principais mudanças que o investimento e a gestão sustentáveis irá causar prende-se com o tempo, com Sofia Santos a defender que estes são critérios de rentabilidade de longo prazo mais que de curto prazo. “A noção de lucro vai mudar, nem que seja de forma enviesada (através de instrumentos fiscais). Qualquer banco que queira maximizar o lucro a médio e longo prazo vai ter de incorporar critérios de sustentabilidade”, acrescentou a economista.

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Pagar pelas transferências MB Way? SIBS diz que a decisão é dos bancos

A presidente da SIBS diz que, atualmente, as transferências feitas com o MB Way não são cobradas, mas é aos bancos que compete decidir onerar ou não estas operações aos seus clientes.

“É do foro comercial de cada um dos bancos”. Foi desta forma que Madalena Cascais Tomé respondeu relativamente à cobrança ou não das transferências efetuadas através do MB Way. A reação da CEO da SIBS surge depois de o BPI ter anunciado que vai passar a cobrar as transferências feitas através da app MB Way.

No início de fevereiro aquando da atualização do seu preçário, o BPI deu conta que a partir de 1 de maio vai passar a cobrar 1,20 euros por transferências que se realizem através da app MB Way, mas isentando as que fossem efetuadas através da app do próprio banco.

Essa situação fez surgir a dúvida se as transferências MB Way iriam ou não passar a ser cobradas. Madalena Cascais Tomé procurou esclarecer todas as dúvidas, esta terça-feira, num encontro com jornalistas que serviu para apresentar o SIBS API Market, uma plataforma que permite o desenvolvimento de serviços de pagamentos ao abrigo da diretiva europeia de serviços de pagamentos PSD2.

A responsável da SIBS começou por explicar que as operações efetuadas através do MB Way “são, na sua essência, gratuitas, com exceção das transferências cujo tarifário é da responsabilidade dos bancos”.

Relativamente ao posicionamento da entidade responsável pela gestão da rede multibanco, Madalena Cascais Tomé fez questão de frisar ainda que o MB Way “procura ser o mais transparente possível naquilo que é a comunicação das suas condições comerciais que os clientes têm contratadas com o seu banco”.

“Cada vez que for realizada uma transferência, para além do cliente ter de consultar as condições que o cliente tem contratadas com o seu banco, tem nesse momento também a indicação da isenção ou não da cobrança daquela transferência”, concretiza a CEO da SIBS.

A responsável fez ainda questão de salientar que atualmente, os 22 bancos que participam no MB Way ainda isentam as transferências feitas através deste serviço, apesar de no seu precário já poderem ter referido o custo, acrescentando que a decisão de passar a cobrar é desses mesmos bancos. “Isso é algo que é do foro comercial de cada um dos bancos“, especificou.

Questionada sobre se receia que a cobrança do MB Way possa levar os consumidores a perderem interesse neste serviço, Madalena Cascais Tomé disse não acreditar nessa possibilidade. “O MB Way é hoje em dia a wallet preferida dos portugueses. É uma wallet muito completa que tem um conjunto muito alargado de operações e, portanto, tem uma grande conveniência na sua utilização”, disse relativamente às virtudes do produto que disponibiliza aos bancos e clientes.

Acredito que os portugueses continuarão a utilizar a aplicação MB Way ou as funcionalidades MB Way que começam a estar também integradas nos canais dos vários bancos”, acrescentou, salientando que o objetivo da aplicação “é ser o mais conveniente possível” e dizendo acreditar que “cada vez mais o MB Way é um substituto integral da carteira”.

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Trabalhadores do ex-Grupo Alicoop/Alisuper conseguiram suspensão das execuções pelo BIC

  • Lusa
  • 26 Fevereiro 2019

Os trabalhadores exigem que a "inexistente dívida que está a ser executada com penhoras aos trabalhadores seja anulada e os seus nomes retirados da lista de incumpridores do Banco de Portugal".

Os trabalhadores do ex-Grupo Alicoop/Alisuper concentraram-se nesta terça-feira junto à sede do Banco BIC, em Lisboa, que lhes prometeu suspender de imediato as execuções em curso e futuros processos, durante 90 dias, para esclarecer a situação.

“O BIC informou a delegação que foi recebida de que decidiu suspender de imediato as execuções em curso e suspender quaisquer futuros processos, durante 90 dias e interpor ação declarativa no Tribunal Tribunal para aclarar a decisão“, informou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) em comunicado.

Para o CESP, a postura do BIC resultou “da denúncia, da organização e da manifestação de disposição dos trabalhadores para lutarem até que a inexistente dívida que está a ser executada com penhoras aos trabalhadores seja anulada e os seus nomes retirados da lista de incumpridores do Banco de Portugal”.

Os trabalhadores do ex-Grupo Alicoop/N&F deslocaram-se do Algarve a Lisboa para protestarem junto ao BIC/BPN e ao Banco de Portugal contra cobranças indevidas relacionadas com o processo de insolvência da empresa.

No âmbito das ações de protesto foram entregues exposições escritas ao presidente do BIC/BPN e ao governador do Banco de Portugal “exigindo que terminem as perseguições aos trabalhadores do ex-Grupo Alicoop/N&F”.

Entretanto o CESP vai enviar as exposições entregues ao BIC e ao governador do Banco de Portugal aos grupos parlamentares, ao ministro das Finanças e ao Presidente da República. Solicitará ainda a intervenção da Procuradoria Geral da República neste processo, porque considera “que são evidentes as violações dos direitos básicos dos trabalhadores e das decisões judiciais, transitadas em julgado”.

Os trabalhadores pretendem que o BIC “cesse a perseguição, termine com as comunicações e os processos executivos, e devolva o dinheiro indevidamente cobrado a trabalhadores e devolva os documentos que já não deveria ter em seu poder, nomeadamente as Livranças, assinadas em branco”.

Os trabalhadores pretendem também que o Banco de Portugal “exerça as suas competências de supervisão comportamental em relação ao BIC/BPN, e dê indicações aos serviços do Centro de Responsabilidades, para analisarem com atenção o exercício das suas funções, que não são de mero balcão de despacho da banca privada, e terminem com as perseguições aos trabalhadores da ex-Alicoop e os retirem da lista de incumpridores”.

Em fevereiro de 2008, 245 trabalhadores do Grupo Alicoop, que integrava os supermercados Alisuper, Macral e Geneco, contraíram empréstimos junto do BPN no valor de 1,7 milhões de euros, numa forma concertada com a administração da Alicoop para financiar a empresa, assumindo esta perante os trabalhadores o compromisso de pagar as prestações dos empréstimos.

O Grupo Alicoop, que recebeu os fundos diretamente do BPN – adquirido em 2012 pelo banco BIC -, para o aumento de capital da Urbisul, empréstimo que seria pago em 120 prestações mensais, cumpriu com os pagamentos até entrar em processo de insolvência.

Segundo o CESP, 221 pessoas estão a ser confrontadas com penhoras do banco BIC para pagarem empréstimos efetuados em 2008 para financiar a tesouraria da empresa, depois de o tribunal de Silves os ter desonerado das responsabilidades no processo de insolvência da empresa, em 2012.

No processo de insolvência, transitado em julgado em março de 2012, os créditos, com o acordo expresso do BPN, foram assumidos pelo grupo Nogueira, que constituiu a N&F (Nogueira & Filhos), para viabilizar o Grupo Alicoop.

Em junho de 2013 o banco BIC e a nova empresa constituída pelo Grupo Nogueira assinaram um “acordo de cumprimento das prestações aprovadas em sede de plano de insolvência, visando cumprir a sentença judicial, o que terá sido feito até que a N&F entrou em processo de insolvência”, decretada em fevereiro de 2016 pelo Tribunal de Viseu.

O banco BIC foi ao processo de insolvência da N&F reclamar os seus créditos, mas voltou a pedir responsabilidades aos trabalhadores que contraíram os empréstimos, existindo já pessoas com processos de penhoras de casas, carros, ordenados e de mobiliário, que estão a ser contestados.

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Centeno fechou 2018 com quase um terço da despesa cativada. Reforçou face ao ano anterior

O Governo começou a executar o OE do ano passado com despesa congelada no valor de 1.068,9 milhões de euros. Dados da DGO mostram que no final do ano ficaram por gastar 346,9 milhões de euros.

O Governo fechou o ano passado sem usar 346,9 milhões de euros da despesa que tinha cativado no início do 2018, o que significa que chegou ao final de 2018 com cativos de despesa equivalentes a 32% do montante que pôs de parte no início da execução orçamental. Apesar de o valor dos cativos ser menor no final de 2018 face ao final do ano anterior, ele representava uma parcela maior na totalidade de despesa congelada quando a execução do Orçamento arrancou. Dados da Direção-Geral do Orçamento (DGO) mostram que a maioria dos cativos impediu despesa sem cobertura de receitas.

Os dados constam do boletim da execução orçamental da DGO, publicado esta terça-feira e que se refere à execução do primeiro mês de 2019 mas faz o fecho no ano passado referente a cativações.

No ano anterior, as cativações iniciais eram de 1.448,8 milhões de euros, dos quais 428,6 milhões (29,6%) permaneciam congelados no final do ano.

Estes valores olham apenas para as cativações, deixando de fora a reserva orçamental — outra rubrica a que Mário Centeno recorre para fazer uma gestão mais flexível do Orçamento.

No boletim, a DGO explica que a despesa que se manteve cativada no final de 2018 representa 0,4% da despesa da Administração Central e da Segurança Social. “Do montante de 346,9 milhões de euros de cativos menos de um terço correspondem a cativos de receitas gerais, 102,1 milhões de euros”, diz a DGO, acrescentando que “os cativos remanescentes incidem essencialmente sobre despesas financiadas por receitas próprias, as quais dependem da respetiva arrecadação para se poderem concretizar, o que altera a natureza destes cativos”.

As cativações e a sua utilização como instrumento de gestão da execução orçamental têm sido um dos temas mais quentes no debate público orçamental ao longo da legislatura. O ministro das Finanças tem salientado a importância de uma parte significativa das cativações corresponder a despesa que não é efetuada porque os serviços não arrecada a receita própria para a financiar. Esta foi uma fórmula encontrada por Mário Centeno para evitar que orçamentos dos serviços empolados por receitas próprias que não se verificavam acabassem por afetar o défice das Administrações Públicas. Segundo os dados da DGO hoje conhecidos cerca de dois terços das cativações correspondem a receitas que não entraram e que impediram a realização dessas despesas.

A estas cativações junta-se a reserva orçamental. O ano de 2018 começou com uma reserva orçamental avaliada em 436,2 milhões de euros. Em dezembro “estavam ainda inscritos 139,1 milhões de euros na “reserva orçamental” distribuída pelos Programas Orçamentais para fazer face a eventuais necessidades de cada programa”. Ou seja, 31,9% da reserva orçamental não foi usada. A Defesa não usou qualquer verba da reserva orçamental de 39,8 milhões de euros. Em sentido contrário está a Ciência e o Ensino Superior que esgotou os 9,1 milhões de euros postos de lado no início do ano.

(Notícia atualizada)

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