Preços das casas estão a “arrefecer”, mas imobiliário não acredita em “nenhuma crise”

Depois de anos e anos de recuperação, os preços das casas aceleraram para novos máximos. Atingiram valores "incomportáveis".

Vendem-se e compram-se cada vez mais casas, fecham-se negócios de milhões de euros. O mercado imobiliário tem vivido anos de ouro mas, agora, começa a mostrar os primeiros sinais de abrandamento. A subida dos preços está a travar. Depois de atingirem um “limite quase incomportável”, os valores dos imóveis deverão encolher, mas não vem aí uma nova crise. É o mercado a funcionar, dizem os especialistas do setor, reunidos na maior feira de imobiliário do país, o Salão Imobiliário de Portugal (SIL).

Este arrefecimento, que começou a ser notado já no final do ano passado, é hoje admitido pela maioria dos especialistas do setor. As casas continuam caras, mas o ritmo de subida dos preços já não é o que foi nos últimos anos. “Desde 2018 que se tem notado que o mercado está mais difícil, porque os preços chegaram a um limite que eram quase incomportáveis”, diz Beatriz Rubio.

http://videos.sapo.pt/1zCFFMnZAZq6ZWjKZtUH

A subida dos preços foi tão forte que, acrescenta a CEO da Remax Portugal, ao ECO, “tudo o que era procura parou e, claro, os proprietários deixaram de vender”. “É a lei da oferta e da procura” e que o que se observou foi que, “como havia menos procura, os preços começaram a descer”, permitindo um alívio nos valores de venda.

“Nos últimos cinco anos houve mais procura do que oferta”, mas isso é algo normal, diz Pedro Silveira, presidente do Grupo SIL, ao ECO. O “setor tem um problema estrutural e, por isso, demora a reagir”. Isto é, não é possível colocar casas imediatamente no mercado quando a procura aumenta.

"É altamente provável — como já estamos a entrar mais ou menos no quinto ano de uma boa fase do imobiliário –, que agora comecem a aparecer os produtos. O que vai fazer com que a oferta vá aumentar. E quando a oferta aumentar (…) pode ser que os preços não se consigam manter [como estão].”

Pedro Silveira

Presidente do Grupo SIL

Então, o que esperar para os próximos anos? “É provável que haja um arrefecimento nos preços”, antecipa Pedro Silveira, ressalvando, contudo, que essa evolução vai depender do que a procura vai fazer e do que a oferta vai disponibilizar.

“Ando nisto há muitos anos e o setor, neste momento, está a viver os melhores momentos dos últimos 35 anos. Duvido que quando as coisas estão tão boas como estão, possam continuar sempre assim“. Ainda assim, o especialista não antecipa um cenário muito negativo. “Também não estou a vislumbrar nenhuma crise a rebentar à nossa porta”, afirmou.

Mais casas. Rumo a valor real?

A subida dos preços das casas tende a gerar maior interesse no mercado, levando à promoção imobiliária. E neste ciclo, foi isso mesmo que aconteceu, apesar de pouca nova oferta se ter vislumbrado no mercado. Mas, agora, vai começar a surgir com maior expressão, podendo contribuir para o alívio nos preços.

“É altamente provável — como já estamos a entrar mais ou menos no quinto ano de uma boa fase do imobiliário –, que agora comecem a aparecer os produtos. O que vai fazer com que a oferta vá aumentar. E quando a oferta aumentar (…) pode ser que os preços não se consigam manter [como estão]”, sublinha Pedro Silveira.

Pode haver uma descida dos preços, mas ainda não é isso que se vê. Preços já estão no valor real? Beatriz Rubio diz que depende muito da urgência que o cliente tem para vender. “Há casas que já estão com o valor real, e outras que continuam sobrevalorizadas”, remata.

Mas, para aqueles que estão à procura de casa, a responsável da Remax deixa um conselho: “Se eu fosse um cliente e gostasse de uma casa, o que eu faria era exigir ao consultor imobiliário um bom estudo de mercado para saber o valor real do imóvel e poder negociar um preço real”.

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Luís Montenegro recusa fazer acordos com PS se chegar à liderança do PSD

  • Lusa
  • 12 Outubro 2019

O anunciado candidato à liderança do PSD garantiu que, caso chegue à presidência do partido, não fará acordos com o PS.

O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro disse que “respeita muito” as palavras do ex-Presidente da República Cavaco Silva, que admitiu tristeza pelos resultados nas legislativas, mas escusou-se a comentar a preferência deste por Maria Luís Albuquerque. Além disso, garantiu que, se conseguir chegar à liderança do partido, não fará acordos com o PS.

“Só uma situação muito grave e muito importante para o futuro do PSD poderia ter obrigado o professor Aníbal Cavaco Silva, que foi 10 anos primeiro-ministro e 10 anos Presidente da República — e não é propriamente uma personalidade que tenha intervenção partidária — a tomar a posição que tomou. Respeito muito e concordo com o que ele disse”, afirmou Luís Montenegro.

O social-democrata, que na quarta-feira, em entrevista à SIC, anunciou que será candidato à liderança do PSD, falava aos jornalistas em Espinho, distrito de Aveiro, à margem de um jantar comemorativo do 10.º aniversário do executivo municipal local.

Na terça-feira, numa declaração escrita enviada à Lusa, Cavaco Silva afirmou: “Como social-democrata com fortes ligações à história do PSD, o resultado obtido pelo partido não pode deixar de me entristecer”.

Na declaração, o antigo chefe de Estado defendeu também como “urgente” a mobilização dos militantes que se afastaram ou foram afastados, apontando a ex-ministra Maria Luís Albuquerque.

Esta sexta-feira, Luís Montenegro, que voltou a desafiar o atual presidente do partido, Rui Rio, a também concorrer às eleições internas, reiterou que não fará acordos com o PS e sobre Maria Luís Albuquerque disse estar de acordo com Cavaco Silva.

“O professor Cavaco Silva disse que era preciso chamar ao partido várias pessoas que tinham sido afastadas ou que se tinham afastado da vida partidária. Estou de acordo com ele. Ele referiu um caso concreto e também estou de acordo com ele. Também acho que a doutora Maria Luís Albuquerque faz muita falta ao combate político do PSD”, referiu.

Quanto à possibilidade de esta ser candidata à liderança do PSD, Montenegro respondeu: “É bem-vinda, mas creio que é melhor esperar pela posição que ela vai tomar”, adiantou.

Com eleições diretas previstas para janeiro, se o calendário não for alterado, Luís Montenegro é o primeiro candidato assumido à liderança do PSD, já que Rui Rio afirmou na noite eleitoral das legislativas – em que o PSD obteve 27,9% dos votos contra 36,6% do PS – que iria “ponderar” com serenidade a sua continuidade.

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DBRS melhora rating da Madeira. Mantém o dos Açores

  • Lusa
  • 12 Outubro 2019

Depois de subir o rating da dívida da República, a agência canadiana DBRS subiu o rating da Madeira e manteve o dos Açores.

A agência de notação DBRS Morningstar melhorou na sexta-feira o rating da dívida da Região Autónoma da Madeira (RAM) e reiterou o dos Açores (RAA), mudando a tendência da primeira para estável e mantendo a segunda nesta classificação.

Em comunicado, a agência atribuiu a melhoria da nota da dívida da Madeira, de BB para BB (alto), à que tinha sido feita à da República, em 4 de outubro último, de BBB para BBB (alto), a qual, contudo, foi insuficiente para um resultado similar no da açoriana.

A DBRS Morningstar adiantou que a nota da RAM permanece sustentada na progressiva estabilização financeira, verificada nos últimos anos, e na melhoria dos indicadores de dívida, no controlo financeiro e apoio dado pelo Governo da República e pela crescente transparência orçamental das suas responsabilidades.

Já no caso dos Açores, a manutenção do rating em BBB (baixo), com perspetiva estável, foi justificada explicitamente pela agência de notação pela insuficiência de a melhoria do rating da República provocar a mesma decisão em relação à nota da dívida da RAA.

A nota da dívida açoriana foi justificada pelo desempenho financeiro estável nos últimos cinco anos, pelo aumento marginal do rácio da dívida e pela inclusão no perímetro orçamental de rubricas relativas a serviços públicos, que estavam em empresas públicas regionais.

Entre os desafios estruturais da RAA, a DBRS Morningstar singularizou a transportadora aérea SATA entre várias empresas regionais, que continuam a apresentar fracos resultados financeiros, negativos inclusive, e a afetar a capacidade creditícia da região.

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EUA e China chegam a acordo parcial para travar guerra comercial

Depois de uma semana de negociações, o presidente dos EUA anunciou que foi alcançado um acordo parcial com a China que permite travar a escalada na guerra comercial.

O presidente dos EUA anunciou que foi alcançado um “acordo substancial” com a China para travar a escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Este acordo de “primeira fase” vai travar a entrada em vigor de uma leva de tarifas sobre a China que estava prevista para 15 de outubro.

O acordo prevê que a China compre entre 40 mil milhões e 50 mil milhões em produtos agrícolas produzidos nos EUA e o país aceitou também uma série de regras na forma como gere a sua divisa. Além disso, segundo o presidente norte-americano, foi estabelecido um acordo em torno da propriedade intelectual, outro dos temas sensíveis na relação comercial entre as duas nações, avançou o The New York Times (acesso pago).

Responsáveis dos dois países levaram a cabo a 13.ª ronda negocial esta semana, numa tentativa de pôr fim a 18 meses de escalada na imposição de tarifas aduaneiras, que chegaram a um total de 360 mil milhões de dólares no que toca às importações de produtos chineses e ameaçaram atirar a economia mundial para uma recessão. No entanto, este acordo parcial está ainda longe do acordo mais abrangente que tem sido defendido pelo presidente.

A ronda negocial culminou esta sexta-feira com uma reunião entre Trump e o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, na Casa Branca. Na expectativa deste acordo, os três principais índices norte-americanos registaram uma alta, com o S&P 500 a ganhar 1,09% e o industrial Dow Jones a valorizar 1,21%.

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Aumentos propostos pela CP são “insuficientes” mas ainda podem ser renegociados, dizem sindicatos

  • Lusa
  • 11 Outubro 2019

A comissão sindical negociadora considerou que a proposta de aumentos da CP "é insuficiente" e não supera as expectativas dos trabalhadores, mas espera que ainda possam ser renegociados.

A comissão sindical negociadora considerou esta sexta-feira “insuficiente” a proposta da CP – Comboios de Portugal relativa ao Acordo de Empresa (AE), mas espera que haja abertura por parte da transportadora e do Governo para renegociar algumas matérias.

A estrutura, que engloba o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), esteve reunida esta sexta-feira no Ministério das Infraestruturas, em Lisboa, com a administração da CP – Comboios de Portugal e com representantes do Governo, num encontro mediado pelo advogado Guilherme Dray.

“Tomámos já uma primeira posição. A proposta é insuficiente, não supera, nem de perto nem de longe, as expectativas dos trabalhadores. Nas cláusulas pecuniárias, o aumento não se traduz num valor significativo”, defendeu, em declarações à Lusa, o dirigente do SNTSF, Abílio Carvalho.

De acordo com este representante, por exemplo, é proposto, no subsídio de escala, um aumento inferior a um euro para os 18,30 euros, enquanto no que concerne ao subsídio de refeição, até aqui nos 6,86 euros, é proposta uma atualização para 7,10 euros este ano e para 7,30 euros em 2020.

Uma das situações que mais mereceu o desagrado da comissão sindical foi a ausência de uma valorização adequada para os trabalhadores das bilheteiras e da revisão.

Atualmente estes trabalhadores recebem um abono para falhas que varia, em média, entre os seis euros e os 15 euros mensais. A proposta da empresa prevê que esta rubrica possa ser aumentada, gradualmente, de acordo com a receita que cada trabalhador consiga angariar diariamente.

Já no que se refere a diuturnidades, cujo valor está congelado, desde 2009, em cerca de 22,70 euros, a oferta prevê uma atualização para 23,50 euros este ano e para 24 euros em 2020.

Por fechar ou sem proposta, estão ainda rúbricas como o subsídio de transporte.

No total, a proposta da CP prevê a distribuição de dois milhões de euros, em três anos, por cerca de 2.700 trabalhadores da empresa ferroviária, valor que os sindicatos voltam a classificar como insuficiente.

Porém, a estrutura negociadora admitiu que a transportadora mostrou já alguma abertura, pelo menos, no que diz respeito ao pagamento de retroativos, apesar de ainda não ter sido firmado um acordo nesta matéria.

“Houve abertura, mas ainda não está firmado, para que a retroatividade seja a janeiro de 2019. Temos um acordo, firmado em fevereiro de 2018, com a CP, que prevê a aplicação em outubro de 2018 e, por isso, entendemos que os retroativos têm que ser [contabilizados a partir dessa data]. Houve abertura [por parte da empresa] apenas para ser a partir de janeiro de 2019, agora vamos ver se há alterações”, notou.

Para já, os sindicatos estão a analisar as propostas e as medidas a tomar.

“Esperamos que na próxima reunião haja bom-senso do Governo e da CP e que sejam [renegociadas] algumas questões que foram colocadas em cima da mesa”, afirmou Abílio Carvalho.

O sindicalista garantiu ainda à Lusa que no próximo dia 23 vão apresentar à CP outro caderno reivindicativo com várias medidas, como o aumento mensal de 90 euros por trabalhador, ou, sensivelmente, três euros por dia.

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Marcelo volta a criticar a banca. Sistema financeiro não percebeu que deve ser mais transparente

O Presidente da República diz que há um grau de exigência, transparência e de responsabilidade crescente para com o sistema financeiro e considera que a união bancária tem sido "lenta a avançar".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que a transparência e responsabilidade que é hoje exigida ao sistema financeiro é muito maior, por isso defende a necessidade de se avançar com a união bancária que “tem sido muito lenta a avançar”, criticou.

Horas depois de ter sublinhado que não estava seguro” de que os banqueiros e bancos da União Europeia tenham aprendido lições com as crises financeiras mais recentes, o Presidente da República voltou a criticar o sistema financeiro.

O Chefe de Estado receia que os sistemas financeiros não tenham percebido que hoje há um grau de exigência, um grau de transparência, um grau de responsabilidade crescente que lhes é exigido e isso é também importante a nível europeu porque estamos a falar na união bancária”.

“A união bancária tem sido muito lenta a avançar. Ora avançar de uma forma lenta quer dizer que uma peça fundamental do processo europeu não está a avançar”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas e transmitidas pelas televisões.

O Chefe de Estado está em Atenas para o 15º encontro do Grupo de Arraiolos, uma reunião de Presidentes sem poderes executivos. Marcelo Rebelo destaca ainda a importância de haver uma “convergência nas posições europeias em relação à China e à Rússia”, caso contrário, “cada cada país europeu tem a sua posição e não há uma Europa”, sublinhou.

Referindo-se à relação da Europa com os Estados Unidos, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a tomada de posições não deve depender de quem é Chefe de Estado ou primeiro-ministro naquele momento, devendo, por isso, estar “acima disso”.

“Não pode depender das situações conjunturais, porque é uma aliança essencial. É uma aliança política, estratégica, militar e que exige uma compreensão recíproca. E, por isso, defendemos que não pode haver nem da parte dos europeus nem da parte dos americanos visões unilaterais, isto é, de repente um dos aliados tomar decisões sem o outro aliado perceber. Tem de haver um permanente diálogo”, reitera.

Interpelado se seria fácil falar sobre a problemática das migrações por Portugal estar no extremo da Europa, o Presidente sublinha que o país tem “conhecimento” sobre o assunto, uma vez que está “a contribuir para a pacificação em zonas de África de onde podem vir as migrações”.

O 15º encontro do Grupo de Arraiolos acontece este ano na capital grega, onde os Chefes de Estado discutem questões relacionadas com o Brexit, crise económica e dos refugiados e de segurança na UE.

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Não sabe o que aconteceu nos mercados? Veja o vídeo

  • ECO + DIF
  • 11 Outubro 2019

Dos índices europeus aos americanos, das matérias-primas ao cambial, saiba o que está a acontecer nos mercados. Veja o vídeo dos destaques do dia, por Bernardo Barcelos, analista da DIF Broker.

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Bloco diz que indisponibilidade do PS para mexer na lei laboral pôs fim à geringonça

O Bloco de Esquerda considera que a indisponibilidade do PS para eliminar a herança da troika da legislação laboral levou ao fim da possibilidade de uma nova geringonça. 

A indisponibilidade do PS para mudar a legislação laboral e eliminar a herança da troika pôs fim à possibilidade de uma nova geringonça, sublinhou, esta sexta-feira, Catarina Martins. A bloquista reagia à decisão dos socialistas avançarem com a formação de um Governo sem terem por base qualquer acordo escrito com outra bancada parlamentar, pondo termo à solução política dos últimos quatro anos. “O Bloco de Esquerda lamenta a decisão do PS de não continuar este caminho”.

Na quinta-feira, o secretário-geral do PS anunciou que o partido entende estarem reunidas as condições necessárias à formação de um Executivo, com perspetivas de estabilidade e sem um acordo escrito com o Bloco de Esquerda, único dos parceiros políticos envolvidos na “primeira edição” da gerigonça que se tinha disponibilizado para tal. O PCP, por sua vez, tinha admitido negociar com os socialistas Orçamento após Orçamento, mas tinha rejeitado qualquer acordo formal com o partido de António Costa.

Em reação à decisão do PS, Catarina Martins disse, esta sexta-feira, que lamenta que os socialistas tenham preferido não seguir o caminho iniciado há quatro anos, mas “mantém a disponibilidade” que o partido “anunciou desde a primeira hora” para negociar Orçamento a Orçamento. “Do nosso ponto de vista, a solução dos últimos quatro anos foi uma boa solução. Era uma solução que preferíamos, o PS decidiu não seguir esse caminho. Nós cá estaremos para negociar com absoluta autonomia o que for, do nosso ponto de vista, melhor para o país”, declarou a coordenadora bloquista.

Sobre os motivos do PS para ter decidido governar sozinho, Catarina Martins disse: “As razões são aquelas que são publicamente conhecidas. O PS demonstrou, imediatamente após a reunião com as associações patronais, indisponibilidade para qualquer mexida na legislação laboral“.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro indigitado tinha sublinhado que a revisão da lei laboral não é uma prioridade socialista no curso desta legislatura, dando preferência à política de rendimentos. “Creio que a prioridade neste momento, claramente, não está na sede da legislação do trabalho, a prioridade está claramente na política de rendimentos”, sublinhou.

Horas antes e à saída da reunião com António Costa, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, já tinha deixado claro que a legislação laboral atual é “mais do que suficiente para que o país desenvolva as suas atividades económicas com tranquilidade”, rejeitando também uma nova revisão do Código do Trabalho.

De notar que mesmo a revisão do Código do Trabalho levada a cabo durante a anterior legislatura de António Costa mereceu duras críticas das bancadas mais à esquerda, que acusaram o Governo e o PS de se encostarem à direita para manter as marcas da troika na lei laboral e de terem perdido um “oportunidade histórica” de alterar a lei no sentido de reforçar a proteção dos trabalhadores.

Aliás, três das normas incluídas nessa revisão legislativa levaram o PCP, o Bloco de Esquerda e o PEV a pedir ao Tribunal Constitucional a sua fiscalização sucessiva, por entenderem que as regras em questão violam os princípios da igualdade e da segurança no emprego. Em causa estão o alargamento do período experimental de 90 para 180 dias para trabalhadores à procura do primeiro emprego e desempregados de longa duração, o duplo alargamento dos contratos de muito curta duração e a caducidade da contratação coletiva.

Além de uma nova revisão da lei laboral, o Bloco de Esquerda tinha colocado no seu caderno de encargos a definição de uma trajetória base para o salário mínimo nacional “em valor a fixar na posterior negociação” (o PS defende que essa evolução tem de ser negociada em sede de Concertação Social), o “fim da discriminação de jovens à procura do primeiro trabalho e desempregados de longa duração em sede de período experimental“, bem como a continuidade das salvaguardas existentes no anterior acordo: a exclusão de cortes diretos e indiretos dos salários e pensões, a exclusão do agravamento fiscal sobre bens e serviços essenciais, a exclusão do desagravamento da contribuição patronal para a Segurança Social, a exclusão da revisão constitucional ou leis eleitorais por acordo com os partidos de direita e a exclusão de privatizações.

(Notícia atualizada às 17h58)

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Remeter geringonça “para parêntesis na história” é “desperdício democrático”, diz BE

Para o Bloco de Esquerda, o PS encerrou o ciclo da geringonça, remetendo essa solução política para um "parêntesis na nossa história", o que é um "desperdício democrático".

Face à decisão do PS de pôr termo à possibilidade de uma nova geringonça, o Bloco de Esquerda sublinha que tal escolha remete a experiência dos últimos quatro anos para “um breve parêntesis na nossa história política”, o que constitui “um desperdício democrático”. “Agora, terá a tentação de agitar ‘a estabilidade política’ como chantagem”, escreve o deputado bloquista José Soeiro no Expresso, na primeira reação do partido à decisão socialista.

“Era quase meia-noite quando, através de um comunicado, o PS pôs oficialmente fim à possibilidade de reedição de uma geringonça. Ao decidir, sem fazer qualquer contraproposta negocial, que não haveria nenhum acordo escrito com o ‘horizonte da legislatura’, como propusera o Bloco, António Costa quis encerrar o ciclo da geringonça“, escreve o deputado.

Na quinta-feira, o secretário-geral do PS anunciou que o partido entendia que estavam reunidas as condições necessárias à formação de Executivo, com perspetivas de estabilidade e sem um acordo escrito com o Bloco de Esquerda, único dos parceiros envolvidos na primeira edição da geringonça que se tinha disponibilizado para tal. O PCP, por sua vez, tinha admitido negociar com os socialistas Orçamento após Orçamento, mas tinha rejeitado qualquer acordo formal com o partido de António Costa.

“Pelo seu lado, o Bloco apresentou uma proposta para um acordo que, tal como em 2015, incluísse compromissos no programa de Governo, respondendo agora ao que ficou por resolver na anterior legislatura: eliminar os cortes da troika que permanecem na lei laboral (nos dias de férias, nas horas extra e nas compensações por despedimento e cessação de contrato), estabelecer um percurso para o aumento do salário mínimo e trabalhar em conjunto (em reuniões já para a semana) em três áreas: i) trabalho, Segurança Social e fiscalidade, ii) serviços públicos; iii) investimento público e clima”, escreve, esta sexta-feira, José Soeiro, em reação a essa decisão do PS.

De notar que, apesar de os bloquistas terem insistido na eliminação da herança da troika da lei laboral, António Costa já tinha deixado claro — à saída das reuniões com os parceiros sociais — que a revisão do Código do Trabalho não é uma prioridade socialista no curso desta legislatura, dando preferência à política de rendimentos. “Creio que a prioridade neste momento, claramente, não está na sede da legislação do trabalho, a prioridade está claramente na política de rendimentos”, disse o primeiro-ministro indigitado, declarações que também são citadas por José Soeiro.

“A distinção entre ‘rendimentos’ e ‘legislação do trabalho’ é artificial”, acrescenta logo o bloquista, defendendo que, embora a lei laboral seja mais vasta que os salários, a primeira é determinante para a evolução da segunda. “Não há política de reequilíbrio dos rendimentos do trabalho e de valorização salarial sem tocar na legislação que regula as relações laborais. Mas é justamente nela que os patrões – e o PS – não querem mexer“, atira José Soeiro.

A propósito, na quinta-feira, António Saraiva tinha sublinhado sobre esta matéria que a legislação laboral atual é “mais do que suficiente para que o país desenvolva as suas atividades económicas com tranquilidade”, rejeitando uma nova revisão do Código do Trabalho.

Ainda sobre o fim da possibilidade de uma geringonça 2.0, José Soeiro escreve: “Com esta decisão de inexistência de um acordo para a legislatura perdem os trabalhadores, mas não só”. E o deputado do Bloco de Esquerda acrescenta que “remeter essa experiência para um breve parêntesis na nossa história política é um desperdício democrático”.

Do resultado destas eleições parece então sair um ‘Governo à Guterres’. Discutir-se-á medida a medida, em geometria variável. O PS procurará escolher o que acorda com cada partido, a cada momento, em função dos seus próprios interesses e, nos momentos orçamentais, terá a tentação de agitar a “estabilidade política” como chantagem, sem ter querido dar-lhe a consistência e a substância de uma solução a quatro anos assente em respostas de fundo trabalhadas em conjunto”, frisa Soeiro.

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Alívio na guerra comercial dá ganhos de quase 6% à Navigator. Lisboa sobe mais de 1%

A bolsa de Lisboa fechou em forte alta com as exportadoras a beneficiarem das negociações comerciais entre EUA e China. Os investidores deram, no entanto, nota negativa ao plano estratégico da Sonae.

Há dois meses que a bolsa de Lisboa não subia tanto num só dia. Graças ao impulso dado pelas negociações comerciais entre EUA e China às empresas portuguesas exportadores ou com exposição ao exterior, o PSI-20 subiu 1,20%, para 5.003,97 pontos. Desde o final de setembro que o índice não negociava acima da barreira dos 5.000 pontos.

O papel e a pasta de papel — que vendem a maior parte de produção para outros países e fazem negócio em dólares — estiveram em especial destaque. A Navigator disparou 5,67% para 3,32 euros, enquanto a Semapa avançou 3,89%, para 12,30 euros, e a Altri ganhou 2,92%, para 5,46 euros.

Também a Mota-Engil (que subiu 3,67% para 1,89 euros) e o BCP (que somou 2,3% para 0,1955 euros) registaram ganhos expressivos. A Galp avançou 1,26%, para 13,63 euros, num dia em que os preços do petróleo registaram fortes valorizações.

Ações europeia e petróleo em forte alta

Além do cenário de alívio na guerra comercial, o petróleo está a reagir à explosão de um petroleiro iraniano, que foi atribuída ao impacto de dois mísseis. O barril de Brent de referência europeia disparou 2,27% para 60,44 dólares, para o valor mais elevado desde final de setembro. Já o crude WTI norte-americano avançou 2,02%, para 54,63 dólares por barril.

O dia ficou marcado pelo sentimento positivo em torno das negociações entre os EUA e a China. A visita do líder chinês à Casa Branca iniciou-se ontem [quinta-feira], tendo emanado sinais e aumentado a esperança de que seja alcançado um acordo (ainda que limitado) entre os EUA e a China e que haja um adiamento dos aumentos de tarifas nos EUA planeados para a próxima semana. O Presidente Donald Trump caracterizou as discussões como “boas” e informou que espera encontrar-se com o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, na Casa Branca“, explicam os analistas do BPI numa nota de fecho da sessão.

Por toda a Europa, a sessão foi pintada de verdade. O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 2,2%, enquanto o alemão DAX avançou 2,7%. Em ambos os casos foi o melhor dia desde janeiro. Já o francês CAC 40 e o espanhol IBEX 35 ganharam 1,7%.

Plano estratégico da Sonae não agrada

Neste cenário de sentimento positivo, foram poucas as cotadas que não beneficiaram. Em Lisboa, foram apenas duas: a REN que perdeu 0,76% para 2,62 euros e a Sonae, que desvalorizou 1,07% para 0,8805 euros. A retalhista apresentou esta sexta-feira o plano estratégico para os próximos anos, que não parece ter agrado os investidores.

A Sonae vai investir milhões de euros no negócio do retalho alimentar, apostando fortemente no conceito de proximidade nos próximos anos. Pretende investir 725 milhões de euros até 2021, sendo que a maior parte do dinheiro será gasto na otimização dos espaços atuais. Mas tem até 280 milhões para novas unidades do Continente Bom Dia e do Continente Modelo.

A empresa liderada por Cláudia Azevedo conta conseguir abrir entre 50 a 60 unidades do Continente Bom Dia e outras 4 a 8 do Continente Modelo. A expansão do negócio do retalho alimentar, assente em lojas de menor dimensão que o Continente, logo posicionadas junto de maiores aglomerados populacionais, representará um investimento entre 260 e os 280 milhões de euros. A esta soma, a gastar entre este ano e 2021, a Sonae juntará mais cerca de 445 milhões na otimização das restantes unidades.

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PCP quer “pleno aproveitamento” da folga de Centeno já no OE2020

Mais PIB e um excedente orçamental. As notícias desta semana foram boas para o Governo, mas também para o PCP. Os comunistas querem usar os novos números a seu favor nas negociações para o OE.

O PCP quer fazer uso pleno da folga orçamental gerada por um crescimento económico superior. Este desejo vai ser levado pelos comunistas para a mesa de negociações do Orçamento do Estado para 2020. As contas do Conselho de Finanças Públicas (CFP), que apontam para um excedente de 0,1% do PIB este ano contra um défice de 0,2% do PIB previsto pelo ministro das Finanças, dão a Mário Centeno uma margem avaliada em 600 milhões de euros para gerir no próximo Orçamento.

Na quinta-feira foram conhecidos dados para a economia (o CFP e o Banco de Portugal já acreditam num crescimento igual ou superior ao que o Executivo aponta para este ano) e para as contas públicas (o CFP vê um excedente de 0,1% do PIB este ano em vez de um défice de 0,2% do PIB como o Governo prevê) que dão boas indicações para Portugal.

Questionado sobre de que forma estes números podem influenciar a apreciação conjunta que vai ser feita entre o PCP e o PS para o OE2020 e se são geradores de uma margem adicional para o PCP reivindicar medidas, os comunistas são claros na resposta: se há folga é porque a estratégia de devolução de rendimentos resulta e, nesse caso, a folga tem de ser usada.

Os dados agora divulgados confirmam um crescimento económico para 2019 “que é inseparável da reposição de direitos e rendimentos que se verificou nos últimos anos e para a qual a intervenção do PCP foi decisiva”.

Para o PCP, é necessário desenvolver o pleno aproveitamento desse mesmo crescimento económico (bem como o das receitas dele decorrentes e que apontam para um excedente orçamental) para dinamizar e apoiar a produção nacional, aumentar o investimento público, melhorar os serviços públicos designadamente o SNS, aumentar salários e pensões, em vez de manter o país amarrado às imposições da União Europeia e do Euro, a uma dívida que é um sorvedouro dos recursos nacionais, aos interesses do grande capital, como pretende o Governo PS. É por essa opção que o PCP se continuará a bater”, diz fonte oficial dos comunistas ao ECO.

O PS e o PCP decidiram não fazer um acordo de legislatura, mas vão analisar em conjunto os Orçamentos do Estado. O PS venceu as eleições legislativas de 6 de outubro, mas sem maioria absoluta. Depois de contactos com os partidos à sua esquerda, os socialistas decidiram avançar com um governo minoritário negociando ano a ano os Orçamentos do Estado.

O PS tem 106 deputados e o PCP conseguiu eleger 12. Falta ainda apurar como ficam distribuídos os quatro mandatos dos votos da emigração, que serão conhecidos o mais tardar até 16 de outubro.

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Venda de 16 obras em 2016 teria sido irrelevante, afirma defesa de Berardo

  • Lusa
  • 11 Outubro 2019

A Associação Coleção Berardo afirma na sua defesa que vender 16 obras em 2016 teria sido irrelevante para manter o resto da coleção em Portugal.

A Associação Coleção Berardo (ACB), detentora das obras do Museu Berardo arrestadas no Centro Cultural de Belém, afirma na sua defesa que vender 16 obras em 2016 teria sido irrelevante para manter o resto da coleção em Portugal.

Num dos pontos da defesa, é exposta “a irrelevância da possibilidade de alienação de 16 obras de arte para fundamentar o alegado justo receio de dissipação”, pode ler-se na defesa da Associação Coleção Berardo ao arresto das obras patentes no CCB, noticiada esta sexta-feira pelo Jornal Económico e a que a Lusa teve acesso.

No dia 31 de julho, agentes de execução estiveram no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, no seguimento do arresto das obras de arte da coleção de arte moderna do empresário José Berardo.

Em 10 de maio, dia em que José Berardo foi à Assembleia da República prestar declarações no âmbito da II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e Gestão do Banco, o empresário afirmou que tentou vender as 16 obras para fora do país, só “para testar”, considerando que não havia qualquer impedimento para o fazer.

A ideia de que não haveria impedimento é replicada na defesa conhecida esta sexta-feura, num ponto das 36 páginas do documento que refere a “irrelevância” da venda das 16 obras, tanto para o Estado como para os bancos.

Segundo a defesa da Associação Coleção Berardo, assinada pelo advogado Carlos Costa Caldeira, o facto de o Estado não ter exercido a opção de compra das 862 obras por 316 milhões de euros, em 2016, afasta os “receios de dissipação” que a venda das 16 obras causaria.

“Anote-se a propósito que, sendo os requerentes [bancos] conhecedores desse direito de opção de compra do Estado, que este deixou caducar em 31 de dezembro de 2016, nunca poderiam alegar, de boa fé, que a ACB não poderia vender ativos”, depois de ter assinado um Acordo Quadro com a banca, em 2012.

A Associação defende ainda que, das 862 obras que o Estado não comprou em 2016, “apenas pretendeu alienar 16, e em venda em leilão competitivo e muito publicitado, a realizar em Londres”, por cerca de 221,5 milhões de euros.

“Essas 16 obras estavam avaliadas, em 2006, pela prestigiada Christie’s em ‘apenas’ 61.300.000,00 euros”, acrescenta a defesa de Berardo, que nota o “valor equivalente a 261%” da avaliação anterior.

Assim, a defesa da ACB questiona “como é que a venda ao Estado de parte substancial da coleção existente em 2016, por 316.299.100,00 [euros] em nada prejudicava os requerentes [bancos], e a venda de um pequeno lote desse conjunto (16 peças) por mais de um terço desse valor global afetaria”.

“E nem se venha dizer que essas 16 obras constituem as obras seminais da coleção, pois a maior parte dessas obras não estiveram expostas no núcleo permanente do Museu CB [Coleção Berardo] por um grande período de tempo”, sem que “ninguém” tenha dito que o museu tinha perdido “a condição de um dos maiores museus de Arte Moderna e Contemporânea”, alega a Associação.

A ACB duvida ainda que os bancos “desconhecessem a existência do processo administrativo originado pela falta de autorização para exportação do Ministério da Cultura”.

A defesa sustenta-se ainda em várias cartas enviadas à tutela, em que argumentava que a venda seria feita “com respeito pelos fins para que foi criada a associação e com evidente beneficiação do panorama cultural português”. A ACB garante também que os bancos souberam da possibilidade de venda, ainda em 2008.

“Mais grave ainda é os requerentes dizerem que só souberam da eventual venda das 16 obras de arte recentemente, quando o sabiam desde o verão de 2008, pois foram informados pelo próprio presidente da associação [José Berardo]”, por ler-se na defesa.

Associação defende que não está incluída nos acordos com os bancos

A Associação Coleção Berardo (ACB), fundada por José Berardo e detentora das obras de arte arrestadas judicialmente no Centro Cultural de Belém, defende que o acordo com a banca não a inclui, mas sim a outras entidades ligadas ao empresário.

“O reconhecimento pela ACB de que as Entidades Berardo e JB [José Berardo] têm interesse em celebrar o referido Acordo Quadro [com a banca] constante de 2.2 é totalmente inócuo e não constitutivo manifestamente de qualquer dever contratual para a ACB“, pode ler-se na defesa da Associação Coleção Berardo ao arresto das obras patentes no CCB, noticiada esta sexta-feira pelo Jornal Económico e a que a Lusa teve acesso.

A defesa da ACB, assinada pelo advogado Carlos Costa Caldeira, alega que a associação dona das obras de arte arrestadas não faz parte das “Entidades Berardo” identificadas no acordo com a banca.

“Os bancos obrigam as Entidades Berardo – nas quais não se inclui, repete-se, a ACB – a reconhecer que o envolvimento de todas (que não da ACB) foi ‘fator decisivo para o acordo dos Bancos quanto à concretização da reestruturação dos financiamentos'”, prossegue a defesa.

De acordo com a defesa, que cita o Acordo Quadro, a “única obrigação própria” da ACB no âmbito desse protocolo era a de “prestar toda a colaboração que seja necessária ou conveniente no âmbito da avaliação da coleção Berardo”.

A ACB defende que “nem podia ser de outra forma”, uma vez que a ACB “não contraiu qualquer empréstimo junto das três instituições de crédito [Novo Banco, BCP e CGD] que se arrogam titulares de créditos sobre a Fundação [José Berardo, devedora à banca]”, e que “não prestou qualquer garantia a dívidas da Fundação, prestação essa que seria sempre nula por contrária aos fins da associação”.

Assim, esta argumentação, segundo a defesa da ACB, contraria a versão dos bancos de que a participação da associação no Acordo Quadro seria para seu “interesse próprio” ou que “a sua participação tenha sido decisiva para os bancos”.

“Até 2015, data em que foi pela primeira vez declarado o vencimento antecipado pela CGD de todos os mútuos celebrados com a FJB [Fundação José Berardo], nenhum dos ora requerentes [bancos] tinha solicitado à ACB qualquer colaboração para efeitos de avaliação”, sustenta ainda a defesa.

Sobre as alterações de estatutos da associação, a ACB defende que a versão “imposta pelos bancos em 2008 aos então associados únicos da mesma não impedia a entrada de novos associados, nem tão pouco a emissão de novos títulos”.

Em 10 de maio, o empresário José Berardo disse no parlamento que a garantia dada aos bancos são os títulos da Associação Coleção Berardo, e não das obras de arte em si. “O que os bancos têm são os títulos da associação, sempre souberam isso”, disse o empresário, acrescentando que não sabe “como é que [os bancos] fizeram a valorização dos títulos” da instituição.

Os títulos da Associação Coleção Berardo que foram entregues aos bancos como garantia de empréstimos, que valiam 75% da associação, perderam valor num aumento de capital feito posteriormente, segundo informações dadas por Berardo no parlamento, operação que a deputada do BE Mariana Mortágua classificou de “golpe”, mas que Berardo sustentou com uma decisão do Tribunal de Lisboa.

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