Hoje nas notícias: Berardo, Fisco e Ministério Público

  • ECO
  • 7 Junho 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os empréstimos da banca a Joe Berardo voltam a ser notícia. Desta vez, é sabido que Vítor Constâncio omitiu aos deputados que, enquanto governador do Banco de Portugal, deu autorização para que este levantasse 350 milhões da CGD para reforçar no BCP. No último dia da semana sabe-se também que o Fisco tem uma equipa “secreta” que vigia, segue e fotografa contribuintes, mas também que o PS esvaziou proposta do Governo que reforçava o Ministério Público. O Estado arrisca ainda perder 400 milhões com lesados do papel comercial do GES e apenas 542 professores entraram para os quadros.

Constâncio omitiu que autorizou Berardo a levantar 350 milhões da CGD

Vítor Constâncio, emitiu dos deputados portugueses que, em 2007, enquanto governador do Banco de Portugal (BdP), autorizou José Berardo a levantar 350 milhões de euros junto da CGD, para comprar ações do BCP. A omissão é adiantada esta sexta-feira pelo Público que salienta que tal coloca em causa o depoimento de 28 de março, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), ocasião em que o ex-governador se pronunciou nestes termos: “Como é óbvio”, por “ser impossível”, o BdP não podia saber que a CGD ia financiar Berardo, antes de o crédito ser dado. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Fisco tem equipa “secreta” que vigia, segue e fotografa contribuintes

Após a polémica das operações stop na estrada levadas a cabo conjuntamente pela polícia e o Fisco com vista com o objetivo de cobrar dívidas fiscais, a atuação da Autoridade Tributária volta a ser notícia. O Fisco terá uma equipa “secreta” de funcionários cuja função é vigiar, seguir e fotografar contribuintes. A notícia é avançada pelo Jornal Económico que dá conta que as Finanças ordenaram uma auditoria por suspeitas de atuação à margem da lei. A engrossar a polémica o facto de esta unidade ter sido criada pelo ex-diretor das Finanças do Porto, afastado devido à polémica das operações stop. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

PS esvazia proposta que reforçava Ministério Público

Como uma das novas atribuições do Ministério Público (MP), o Governo propôs “coordenar a atividade dos órgãos de polícia criminal”, mas esta ideia não agradou aos socialistas. Para os deputados do PS especialistas em questões de justiça, a proposta originária do Governo, por ser demasiado vaga, poderia ser interpretada como pondo todos os órgãos de polícia criminal (OPC) — PJ, a PSP, a GNR, o SEF, a Autoridade Tributária ou a ASAE — diretamente sob a alçada geral do MP. Neste sentido, o PS preparou propostas para esclarecer este ponto, uma delas que se mantenha que o MP irá “coordenar a atividade dos órgãos de polícia criminal”, mas que seja acrescentado “nos termos da lei”. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

Só 542 professores entram para os quadros

No total foi de 34 mil o número de professores que concorreram para entrar nos quadros, mas apenas 1,6% o conseguiram. Segundo adianta o Correio da Manhã, nesta sexta-feira, só 542 professores o conseguiram, sendo que muitos deles têm 15 e 20 anos de serviço, fez notar Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

BES: Estado arrisca perder 400 milhões com lesados do papel comercial

O Estado poderá ter de cobrir a totalidade das indemnizações aos lesados do papel comercial das empresas do Grupo Espírito Santo (GES), cujo valor ascende a cerca de 400 milhões de euros. Isto porque o fundo de recuperação de créditos constituído para ressarcir estes investidores não foi reconhecido como credor pela comissão liquidatária do BES. Em causa estão as indemnizações devidas aos quase dois mil investidores que subscreveram papel comercial da Espírito Santo International (ESI) e da Rioforte. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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Constâncio omitiu que autorizou Berardo a levantar 350 milhões da CGD

  • ECO
  • 7 Junho 2019

O ex-vice-presidente do BCE omitiu dos deputados que, em 2007, autorizou José Berardo a levantar 350 milhões de euros junto da CGD para comprar acções do BCP.

Vítor Constâncio omitiu dos deputados que, em 2007, enquanto governador do Banco de Portugal (BdP), autorizou José Berardo a levantar 350 milhões de euros junto da CGD para comprar ações do BCP. De acordo com o Público (acesso pago), esta omissão coloca em causa o depoimento de 28 de março, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), ocasião em que o ex-governador se pronunciou nestes termos: “Como é óbvio”, por “ser impossível”, o BdP não podia saber que a CGD ia financiar Berardo, antes de o crédito ser dado.

A 21 de agosto de 2007, o Conselho de Administração do BdP, na altura liderado por Vítor Constâncio, permitiu a José Berardo um reforço da posição que este detinha no BCP, passando de 3,99% para 9,99%, através de um financiamento de 350 milhões de euros a libertar pela CGD, mediante a promessa de penhora dos títulos que seriam adquiridos. Ou seja, sem garantias reais.

Dias antes, a 7 de agosto, em carta, a Fundação Berardo (FB) informou o departamento de supervisão bancária do BdP que planeava investir no BCP com “recurso a fundos disponibilizados pela CGD, através de contrato de abertura de crédito em conta corrente, celebrado a 28 de maio de 2007, até ao montante de 350 milhões de euros pelo prazo de cinco anos”, lê-se na documentação a que o Público teve acesso.

Anexos a essa carta estavam os contratos que Berardo teria negociado com a CGD, na altura liderada por Carlos Santos Ferreira, e que mais tarde viriam a ser aprovados por Vítor Constâncio. Nessa altura, o Conselho de Administração do BdP integrava ainda dois vice-governadores, Pedro Duarte Neves e José Matos, que presidiu à CGD entre 2011 e 2016, e outros dois vogais: Vítor Rodrigues Pessoa e José António da Silveira Godinho.

A origem destes fundos foi explicada em resposta a uma carta enviada pelo BdP a 28 de julho de 2007, e na qual os técnicos solicitam a Berardo que os “habilite com uma descrição detalhada das fontes de financiamento da aquisição da participação”, nomeadamente, “a cópia das condições contratuais da linha de crédito aberta junto da CGD”. Com toda a informação, Constâncio aprovou o pedido do comendador.

Contudo, Constâncio, quando questionado pelos deputados na CPI, afirmou: “Claro que [o BdP] só tem conhecimento delas [operações de crédito] depois” de os bancos as efetivarem. “Como é óbvio! É natural! Essa ideia de que [o BdP as] pode conhecer antes é impossível!”, acrescentou.

Ainda na mesma audição, o ex-governador atirou para cima do vice-governador Pedro Neves, à frente da supervisão, a responsabilidade, dizendo que “é claro que ele reportava ao governador nas reuniões do conselho de administração”, sem nunca ter referido que o assunto foi discutido e viabilizado pelo Conselho de Administrava que liderava na altura.

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Demissão de Theresa May dá tiro de partida para eleição de novo líder conservador

  • Lusa
  • 7 Junho 2019

May mantém-se em funções até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, formaliza hoje a demissão da liderança do partido Conservador anunciada em maio, desencadeando uma eleição interna para encontrar um sucessor.

Enquanto primeira-ministra, mantém-se em funções até que esteja em posição de dizer à rainha Isabel II quem esta deve nomear como sucessor, na sequência da eleição no Partido Conservador.

O vencedor, enquanto líder do partido do Governo, torna-se também primeiro-ministro sem a necessidade de eleições legislativas.

Numa declaração à porta da residência oficial, em Downing Street, a 24 de maio, May reconheceu que o fracasso em aplicar o ‘Brexit’ determinou a sua decisão de se demitir.

“É e será sempre motivo de profundo desgosto para mim não ter sido capaz de implementar o Brexit. Caberá ao meu sucessor encontrar um caminho que honre o resultado do referendo”, afirmou.

May disse ter feito o possível para convencer os deputados a aprovar o acordo que negociou com Bruxelas para fazer o Reino Unido sair da União Europeia UE, mas, “infelizmente”, não conseguiu.

O documento foi chumbado três vezes na Câmara dos Comuns por margens elevadas devido, não só à divergência da oposição e dos deputados anti-Brexit, mas também por causa da discórdia por vários eurocéticos do seu próprio partido.

“É claro agora para mim que é melhor para o país que um novo primeiro-ministro lidere esse processo”, acrescentou.

A chefe do governo pretendia fazer uma quarta tentativa esta semana, mas a proposta de permitir uma votação sobre um novo referendo motivou desentendimentos dentro do próprio governo, desencadeando a demissão da ministra para os assuntos parlamentares, Andrea Leadsom.

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Casal Obama vai produzir podcasts exclusivos para o Spotify

  • Lusa
  • 7 Junho 2019

Ex-presidente dos EUA e a mulher vão desenvolver e emprestar as respetivas vozes a um conjunto selecionado de podcasts.

A produtora do ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e da sua mulher Michelle assinou um acordo com a plataforma Spotify para produzir podcasts (conteúdos áudio ou multimédia) exclusivos.

Sob a chancela da produtora Higher Ground Productions, o antigo casal presidencial norte-americano vai desenvolver e emprestar as respetivas vozes a um conjunto selecionado de podcasts, conteúdos em formato digital divulgados com periodicidade regular que podem ser descarregados e escutados em diversos dispositivos.

Barack e Michelle Obama lançaram a Higher Ground Productions em 2018, quando assinaram um acordo com a plataforma de streaming de vídeo por subscrição Netflix para produzir filmes, séries e documentários.

A ideia na altura era criar novas e diversas vozes na indústria de entretenimento.

“Esperamos cultivar e ajudar na afirmação de vozes de talento, fontes de criatividade e de inspiração que promovam uma maior empatia e compreensão entre as pessoas“, afirmou então Barack Obama, num comunicado.

A parceria agora anunciada com o Spotify procura expandir esse objetivo.

“Estamos entusiasmados (…) porque os ‘podcasts’ oferecem uma oportunidade extraordinária para encorajar um diálogo construtivo, fazer as pessoas sorrirem e refletirem e, esperamos, para se aproximarem umas das outras”, afirmou o ex-Presidente dos Estados Unidos (2008-2016), num comunicado hoje divulgado.

Michelle Obama disse, por sua vez, que espera que esta nova aposta possa ajudar as pessoas a se relacionarem emocionalmente, afirmando que será uma “oportunidade” para dar espaço “às vozes que são muitas vezes ignoradas ou reduzidas ao silêncio”.

O valor deste novo acordo não foi revelado.

Em março de 2017, o casal Obama assinou um contrato com a editora Penguin Random House na ordem dos 60 milhões de dólares (cerca de 50,8 milhões de euros), segundo avançaram na altura vários meios de comunicação social norte-americanos.

O acordo previa a edição de um livro assinado por cada um deles.

O livro de memórias de Michelle Obama, “Becoming: A minha História”, foi publicado em novembro do ano passado.

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Like & Dislike: Ferreira Leite e os 6 meses sem democracia e 9 meses sem défice

Quando era ministra das Finanças defendeu um défice zero. Hoje diz que o défice é muito baixo e defende a reestruturação da dívida.

“Este défice é absolutamente suicida em relação ao país, não tenho nenhuma dúvida em afirmar isto. Ninguém nos obriga a este défice, e ele tem um preço: este nível de carga fiscal e esta degradação dos serviços. Não é possível, evidentemente, é baixar os impostos, melhorar os serviços e o défice ficar na mesma. A política devia ser deixar crescer o défice, não para os 3%, mas também não para estarmos à procura de superávites. Isso é a verdadeira loucura”.

Esta frase foi proferida esta semana no programa Pares da República, da TSF. A frase foi dita por alguém que, em 2018, foi ao Parlamento dizer que “não é possível pagar a dívida pública portuguesa”. Esta frase foi proferida por alguém que, em 2014, assinou o manifesto para a reestruturação da dívida. A frase foi pronunciada por quem, em 2002, defendeu que o país deveria ter um défice zero. Este frase foi dita por quem, em 2003, vendeu créditos fiscais ao Citigroup para baixar artificialmente o défice, comprometendo as receitas do Estado nos anos seguintes. Esta frase é de Manuela Ferreira Leite.

Tal como Manuela Ferreira Leite, o país teve muitos outros ministros das Finanças que pensaram que a “política devia ser deixar crescer o défice”. E quando precisavam de cumprir as metas de Bruxelas, deitavam mãos a um sem número de artifícios contabilísticos para baixar artificialmente o défice. A herança que nos deixaram foi esta: uma dívida astronómica, de 130%, a terceira maior da Europa, só atrás da Grécia e da Itália.

Mas nem sempre Manuela Ferreira Leite foi defensora de uma política orçamental mais laxista. Aliás, foi a ortodoxia financeira da ex-ministra das Finanças de Durão Barroso que levou o então Presidente Jorge Sampaio a proferir esta célebre frase: “Há mais vida para além do Orçamento”. E foi esta vida “para além do Orçamento” e “para além das nossas possibilidades” que, em 2011, levou o país a entrar em bancarrota, pela terceira vez em 40 anos de democracia.

É fácil sugerir que se “deixe crescer o défice” ao mesmo tempo que se pede um perdão da dívida. Mas vamos pressupor (e é uma preposição relativamente segura de se fazer) que os nossos credores não estão disponíveis para perdoar ou reestruturar a nossa dúvida. Nesse cenário, o que poderemos fazer para baixar a dívida pública que, ainda esta semana, o Banco de Portugal nos veio dizer que é de 252,4 mil milhões de euros? A resposta é esta: não podemos ter défices e temos de gerar excedentes orçamentais primários para reduzir o endividamento.

Há duas maneira de se fazer isto: a maneira correta e a maneira de Manuela Ferreira Leite. Comecemos por aquilo que Manuela Ferreira Leite fez quando era ministra das Finanças.

Em 2002, para alcançar a meta de 3% fixada por Bruxelas, Ferreira Leite introduziu portagens na CREL e vendeu a rede fixa de telecomunicações à PT, conseguindo um encaixe extraordinário de 653 milhões.

No ano seguinte, agarrou em 11,4 mil milhões de euros de dívidas por cobrar do Fisco e Segurança Social e vendeu-as ao Citigroup por 1,76 mil milhões de euros, encaixe que serviu novamente para reduzir artificialmente o défice. Uma operação que o Tribunal de Contas arrasou, avisando na altura que iria ter “um efeito positivo sobre as receitas em 2003, mas um efeito negativo sobre as receitas de 2004 e anos seguintes”. E assim foi; o Citigroup garantiu um juro astronómico de 17,5% com a operação e o Estado teve um prejuízo futuro de 300 milhões.

Como se não bastasse, Ferreira Leite transferiu ainda o Fundo de Pensões dos CTT para a CGA para garantir receita extra para baixar o défice (novamente de forma artificial), tal como fez no ano seguinte Bagão Félix com o fundo de pensões da Caixa Geral de Depósitos.

Ferreira Leite antecipou receitas e adiou despesas. As reformas estruturais adiam receitas e antecipam despesas.

Esta forma de baixar o défice é errada porque apenas adia o problema. Portugal foi adiando o problema até 6 de abril de 2011, dia em que José Sócrates e Teixeira dos Santos chamaram a troika.

A forma correta de resolver o problema é garantir que o país tem receitas iguais ou superiores às despesas, o que se deve traduzir num equilíbrio orçamental e num excedente primário que permita ir reduzindo a dívida. Isso faz-se de duas maneiras: colocando os serviços públicos a pão e água (e esta frase é um claro exagero porque os serviços públicos são hoje melhores do que eram no tempo de Ferreira Leite) e mantendo a carga fiscal elevada (mesmo assim, é mais baixa do que a média europeia).

Se não quisermos viver para sempre com o cinto apertado em nome do défice, podemos fazer reformas estruturais (como fez a troika, por exemplo, com a Lei dos Compromissos) que não dão frutos imediatos, mas garantem sustentabilidade das contas no futuro. Ferreira Leite antecipou receitas e adiou despesas. As reformas estruturais adiam receitas e antecipam despesas. A primeira dá resultados imediatos e hipoteca o futuro; a segunda implica custos e sacrifícios presentes, mas garante sustentabilidade no futuro.

Mas nem todos acreditam em reformas. “Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia. E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”. Esta frase foi dita por Manuela Ferreira Leite, em 2008, quando era líder do PSD.

No ano passado, e pela primeira vez na história da democracia, Portugal conseguiu chegar a setembro com um saldo orçamental positivo. Graças às reformas que foram feitas nos últimos anos. Foram nove meses com as contas equilibradas. Este ano, não fosse o Novo Banco, e voltaríamos a ter excedente. E para 2020, Mário Centeno prevê novamente um superávite, de 0,3%. Isto tudo em democracia, com o povo a eleger livremente os seus governantes. Com a credibilidade conquistada junto dos credores (os tais a quem Ferreira Leite quer pedir um perdão de dívida), os nossos juros estão em mínimos históricos (0,7% a 10 anos), gerando poupanças que têm ajudado a amenizar os problemas nos serviços públicos e a aliviar os impostos. Isto tudo em democracia.

O Like & Dislike é um espaço de opinião.

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5 coisas que vão marcar o dia

A agenda do Parlamento está preenchida. Pela manhã está marcada a discussão sobre a reforma da supervisão financeira e, à tarde, Jorge Tomé é ouvido no âmbito da comissão de inquérito à Caixa.

A agenda do Parlamento está preenchida. Logo pela manhã está marcada a discussão sobre a reforma da supervisão financeira, seguindo-se a audição de Jorge Tomé, no âmbito da comissão de inquérito parlamentar à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Também o Presidente da República tem um dia ocupado, dando seguimento à sua ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar. Já o primeiro-ministro vai reunir-se com Donald Tusk, no mesmo dia em que Theresa May abandona a liderança dos tory e do Governo britânico.

Início da discussão sobre a reforma da supervisão financeira

Esta sexta-feira, pelas 10h00, está marcada a discussão na generalidade da proposta de lei do Governo, mas irá passar diretamente para a especialidade, onde serão ouvidos os três supervisores e poderão ainda ser pedidos pareceres a outras partes interessadas. A reforma da supervisão financeira escapa assim ao primeiro teste político na Assembleia da República (AR). “Vamos requerer que o diploma baixe à comissão sem votação para permitir um debate mais participado e para estabelecer pontos com outras posições”, afirmou ao ECO João Paulo Correia, coordenador do grupo parlamentar do PS na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), onde será debatido o documento.

Jorge Tomé é ouvido no âmbito da comissão à Caixa

As audições no âmbito da comissão de inquérito parlamentar à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e à gestão do banco prosseguem. Desta vez, será Jorge Tomé a ser ouvido, por volta das 14h30 na Assembleia da República. O antigo responsável pelo Caixa BI vai ao Parlamento um dia depois da audição de Norberto Rosa, na qual o antigo administrador do banco disse que desistiu de ir para o BCP, aceitando o convite para ser secretário-geral na Associação Portuguesa de Bancos (APB), perante o “impasse” na avaliação de idoneidade junto do Banco Central Europeu (BCE).

Marcelo termina ronda de audiências aos partidos

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, começou, na quarta-feira, a ouvir os partidos. Esta sexta-feira, o Chefe de Estado deverá terminar a ronda de audiências aos partidos com assento parlamentar, reunindo-se, às 15h00, com o Partido Ecologista Os Verdes (PEV), às 16h30 com o Bloco de Esquerda (BE) e, por último, às 18h00 com o Partido Socialista (PS). O CDS-PP já foi ouvido e, no rescaldo do encontro, a líder do partido, Assunção Cristas, afirmou ter transmitido ao Presidente da República “o entusiasmo e o empenho” em melhorar a votação do seu partido nas legislativas face às europeias. Já o PAN disse estar disponível para conversar “seja com quem for” após as legislativas.

Donald Tusk vem a Lisboa reunir com António Costa

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, reúne-se esta sexta-feira, em Lisboa, com o primeiro-ministro, António Costa. Tusk desloca-se a Lisboa no âmbito do seu périplo de consultas junto de líderes europeus para a escolha dos cargos de topo da União Europeia (UE). A reunião está agendada para as 9h00, um dia depois de ser recebido em Madrid pelo presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez.

Theresa May abandona liderança dos Tory e do Executivo britânico

Depois de ter anunciado, há duas semanas, a sua demissão, a primeira-ministra britânica, Theresa May, vai sair da liderança do Partido Conservador e do Governo esta sexta-feira. O processo de escolha do próximo líder dos tory e futuro primeiro-ministro do Reino Unido deverá iniciar-se no dia próximo dia 10 de junho e deverá estar concluído em meados de julho. Até agora, Boris Johnson é apontado como o favorito para suceder à primeira-ministra na liderança dos conservadores britânicos e até já lançou oficialmente a sua campanha, reiterando que o Brexit irá acontecer a 31 de outubro, “com ou sem acordo” com Bruxelas.

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Parlamento tem 42 dias para fechar reforma da supervisão financeira

Demorou 1.162 dias a chegar ao Parlamento e agora será debatida pelos deputados em 42 dias. A reforma da supervisão financeira é discutida esta sexta. Até 19 de julho tem de estar fechada.

A proposta de lei do Governo para reformar a supervisão financeira é discutida esta sexta-feira no Parlamento e segue agora para uma fase de especialidade onde os deputados ouvem as entidades envolvidas na reforma, debatem a nova lei com mais detalhe e formulam propostas de alteração. A votação final tem de acontecer o mais tardar a 19 de julho. Até lá faltam 42 dias corridos e trabalho de filigrana pela frente.

O Governo está esta sexta-feira na Assembleia da República a defender a proposta de lei que reformula a arquitetura da supervisão financeira. Mas hoje os partidos vão apenas adotar posições gerais. O PS pediu para que não haja votação na generalidade esta sexta e, portanto, a proposta do Governo baixa à Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) sem votação.

Até à votação final global, que não pode acontecer depois de 19 de julho, os deputados têm três tarefas importantes: ouvir as entidades visadas na reforma, como o Banco de Portugal e a Comissão de Mercado e Valores Mobiliários (CMVM) — pelo menos –, debater a reforma artigo a artigo e formular propostas de alteração caso considerem necessário.

Isto significa que os deputados têm agora 42 dias para terminar a elaboração desta lei. Mas, na prática, este prazo é menor. É preciso descontar os fins de semana e os dias em que, por hábito, a comissão parlamentar não reúne como são os casos das segundas e sextas-feiras. O trabalho de comissão é habitualmente concentrado em três dias (terças, quartas e quintas).

O prazo em que este trabalho será feito é uma preocupação para o CDS. “Esta é uma reforma altamente complexa e a discussão podia ter sido feita com mais tempo”, disse ao ECO a deputada Cecília Meireles, lembrando que o Governo prometeu esta reforma há muito tempo e só este ano chegou ao Parlamento.

Mas há mais aspetos na reforma que não satisfazem os centristas. “A reforma da supervisão financeira devia implicar uma supervisão mais simples e eficaz. A arquitetura ficará bastante mais complexa, dificultando a supervisão”, antecipa a parlamentar do CDS.

Além disso, Cecília Meireles insiste numa proposta antiga dos centristas de fazer depender a nomeação do governador do Banco de Portugal do Presidente da República. A deputada diz ainda que a proposta revela que o Executivo “tem muitas dificuldades do ponto de vista do reconhecimento da independência do Banco de Portugal”.

À esquerda, o Bloco concorda “genericamente” com a proposta do Governo, por esta “redistribuir os poderes de supervisão”, diz a deputada bloquista Mariana Mortágua ao ECO, embora admita que preferia o modelo twin-peaks, que assenta na existência de duas entidades de supervisão autónomas e independentes entre si, mas ambas têm poderes transversais sobre todos os setores do sistema financeiro.

No entanto, a parlamentar defende que há questões que devem ser clarificadas em sede de comissão. “O reforço do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (CNSF) tem de ser efetivo e não uma soma de partes” é uma delas. Além disso, é preciso definir o que é “uma falha grave” para poder exonerar o governador do Banco de Portugal, “ainda mais numa altura em que o tempo do mandato é alargado”, acrescenta a deputada do BE.

Questionada sobre se vai ser possível fazer o trabalho de especialidade no tempo que sobra, Mariana Mortágua diz que tem de ser feito.

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Grandes devedores na praça pública? O que pensam um economista, um banqueiro e um professor de direito

O Parlamento tem na sua posse a primeira lista de grandes devedores à banca entregue pelo Banco de Portugal ao abrigo da nova lei de transparência. O que fazer com esta informação? Torná-la pública?

EUA, dezembro de 2008. Bernard Madoff era detido por ter praticado a maior fraude financeira de sempre. Em apenas seis meses foi condenado a 150 anos de prisão, por ter aberto um buraco de 65 mil milhões de dólares junto de investidores. O presidente de uma empresa que chegou a ser das mais importantes de Wall Street transformou-se num grande devedor.

O caso é lembrado por Nuno Garoupa, professor na George Mason University, nos EUA, para mostrar a diferença entre o apuramento de responsabilidades por fraude e má gestão em Portugal e as práticas noutras paragens. Nos EUA, “ninguém está a discutir devedores de há dez anos” porque “as instituições funcionam”, assegura Garoupa.

A rapidez das instituições na maior economia do mundo evita que se trate todos por igual. Em declarações ao ECO a propósito da divulgação pública da lista dos grandes devedores à banca, o professor de direito salta para o mundo das hipóteses. “Imaginemos que as instituições funcionam em Portugal. Em cinco anos, os ilícitos estariam já julgados e com condenação em primeira instância pelo menos, os gestores sem idoneidade afastados e as auditoras sem licença para exercer. Portanto saberíamos quem são os devedores fraudulentos e os outros teriam a sua privacidade protegida como deve ser.”

Mas em Portugal a realidade é outra. O Parlamento recebeu a 23 de maio um relatório do Banco de Portugal que calcula em 23,8 mil milhões e euros o montante que saiu dos cofres públicos para os bancos em 12 anos. Só um quinto deste valor foi recuperado. Com este relatório seguiu para a Assembleia da República um ficheiro secreto com três mil grandes posições financeiras, onde constam os nomes dos grandes devedores à banca em situação de incumprimento e outra informação sensível que o banco central diz estar abrangida pelo dever de segredo.

Ou seja, os contribuintes ajudaram a banca mas ainda não foram apuradas culpas entre os devedores aos bancos. Em matéria de condenações para já há a de Oliveira e Costa, o ex-presidente do Banco Português de Negócios (BPN), que foi condenado a 14 anos de prisão por falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e branqueamento de capitais. Neste banco, o Estado injetou 4.915 milhões de euros.

Os nomes dos administradores e diretores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) onde o Estado colocou 6.250 milhões de euros, foram conhecidos através da auditoria da EY mas nenhum perdeu a idoneidade.

No Parlamento, os deputados aprovaram (só o PS ficou de fora) uma lei que aumenta a transparência e o acesso à informação sobre quem são os grandes devedores que levaram o Estado a colocar dinheiro dos contribuintes na banca. Agora, com a informação do banco central nas mãos, os parlamentares avaliam o que deve ser tornado público e o que deve continuar escondido.

“É arriscado publicar repentinamente esses mesmos nomes de devedores sem elevadas cautelas, dado o potencial de rápida instabilidade e perdas de valor por risco reputacional, entre outros problemas”, defende ao ECO Jorge Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças entre outubro de 1991 e dezembro de 1993, num Governo liderado por Cavaco Silva. Mas os registos devem estar lá: “Os nomes de empresas ou indivíduos devedores (bons ou maus), seja qual for o banco, devem constar da central de registos de crédito e ser acessíveis aos bancos e explorados ao máximo pelos supervisores bancários para efeitos de avaliação de riscos económicos interconectados entre devedores do mesmo banco.”

O professor na Nova School of Business & Economics explica que esta cautela “não invalida que o sistema bancário e a economia real não conheçam a todo o momento a qualidade económico-financeira das empresas que fazem parte da economia, preservando-se assim a transparência o mais possível, mas de forma atempada e não repentina”.

Para este economista, “abriu-se um precedente quando os nomes de grandes devedores ao Fisco e Segurança Social apareceram em listagens públicas na internet. Os clientes de bancos com apoios estatais parecem estar agora na mesma lógica para as situações de grandes devedores com créditos em incumprimento. No entanto, a informação é diferente e pode levar a grandes distorções e enganos na avaliação pública”.

Este é aliás um dos pontos para que o Banco de Portugal chama a atenção. Na carta enviada para o Parlamento que enquadra a informação que está na posse dos deputados, os vice-presidentes Elisa Ferreira e Luís Máximo dos Santos explicam que as perdas foram calculadas com base nas regras contabilísticas e com base na informação disponível na altura em que o Estado disponibilizou verbas aos bancos. “Perda essa que poderá não se ter, afinal, concretizado posteriormente”, avisa o supervisor.

Braga de Macedo dá um exemplo sobre o que pode ser visto como um grande risco. “O limiar do que pode ser considerado um grande risco (mesmo que focalizado em crédito em incumprimento) pode variar de banco para banco devido, de forma simplificada, ao tamanho do próprio banco.”

Nuno Garoupa também se mostra contra a divulgação pública de uma lista de nomes dos grandes devedores. “Lamento que os contribuintes sejam maltratados, mas não sabemos o risco sistémico”, diz o professor da universidade norte-americana para quem o preço a pagar por correr esse risco pode ser demasiado elevado. “A economia portuguesa está estagnada, já meteu 23,8 mil milhões em bancos, e a última coisa que precisa é de uma crise sistémica”, diz o professor de direito, acrescentando que “optaria claramente” por manter o nome dos grandes devedores longe dos holofotes mediáticos “mesmo que isso exija confiar em instituições que falham sistematicamente”.

Também Fernando Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças que desencadeou o pedido de resgate internacional para Portugal em 2011, afasta a necessidade de ver os nomes dos grandes devedores na praça pública. “A relação entre a banca e os seus clientes é uma relação que deve ser acautelada. Deve evitar-se o desenvolvimento de um ambiente de voyeurismo em torno dessas relações”, disse o agora presidente do EuroBic.

O ex-ministro de Cavaco Silva acrescenta que o que importa nesta questão é “decidir até onde é que o benefício deixa de superar o custo de tornar as coisas piores do que já estão”. “Sendo evidente que o nível de detalhe [da informação] deverá ter em conta o dever do sigilo bancário, este não pode ser usado para ajudar a camuflar situações que mereçam avaliações sobre possível gestão danosa”, diz Braga de Macedo.

No entanto, “o que interessa é perceber o que se passa no sistema bancário como um todo, com vários grandes grupos e risco de concentração de créditos em cada banco“, justifica o professor da Nova SBE, deixando perguntas a que é necessário dar resposta.

  • Quais as falhas de controlos de risco e qualidade de gestão que levou a essas situações?
  • O que pode a regulação bancária melhorar para exigir a todos, bancos, auditores e supervisores bancários, maior rigor ético e profissional e qualidade das lideranças?

“Sabendo os bancos que a informação seria publicada com mais detalhe e harmonizada, teriam por certo mais cuidado com riscos de concentração de créditos em setores específicos, regiões, tipos de empresas, etc”, acredita Braga de Macedo.

Teixeira dos Santos acrescenta que “há que prestar contas, há que averiguar, há que justificar o porquê do envolvimento de dinheiros públicos [nos bancos], mas, apesar de tudo, deve ser feito com prudência, com sensatez. É este o desafio que temos”. Até porque “há uma diferença entre aquilo que é o escrutínio político da relação [entre banca e clientes], da utilização destes dinheiros ou daquilo que eu chamo o voyeurismo puro dessas relações”.

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Sonae Sierra e Aliansce fundem operações no Brasil e criam maior operador de centros comerciais do país

Sonae ficará com 32% da nova companhia, que será liderada por CEO da Aliansce. Operação vai custar 7,4 milhões de euros à Sierra e dará sinergias anuais de 13 a 16 milhões.

A Sonae comunicou esta quinta-feira à noite que os acionistas controladores da Sonae Sierra Brasil e da Aliansce chegaram a acordo para uma fusão que permitirá “criar o maior operador de centros comerciais do Brasil”, graças à “combinação de dois portefólios complementares” que totalizam 40 destes espaços. Uma fusão que não decorrerá sem custos.

No âmbito do negócio celebrado entre a Sierra e a Aliansce para uma fusão será criada uma entidade combinada na qual os acionistas da Sonae Sierra Brasil ficam com pouco menos de um terço.

A fusão será executada através do cancelamento das ações da Aliansce, cujos acionistas receberão novas ações da Companhia Combinada passando “a deter, em conjunto, 67,9% do capital social total e votante” da empresa. Já os acionistas da Sierra ficam com os restantes 32,1%.

A fusão: o racional, as sinergias e os custos

Esta operação, também já aprovada pelas administrações das empresas, fica condicionada à aprovação de acionistas de ambas as empresas e da autoridade de concorrência do Brasil (CADE), explica o acordo celebrado pelas empresas, e “trará benefícios” para Sierra e Aliansce, assegura o mesmo documento.

Sierra e Aliansce pretendem combinar negócios para serem líderes, posição que abrirá “uma relevante oportunidade comercial” para os seus negócios, explica o acordo. Esta foi uma fusão desenhada tendo por base “um forte racional estratégico em razão da alta complementaridade dos negócios”, apresentando “um amplo potencial de sinergias e de ganhos de eficiência”, através da “ampla integração comercial e operacional das companhias”, explicam as empresas. Passam de seguida aos números.

A implementação da incorporação, estimam, resultará em sinergias anuais entre 12,6 milhões e os 16 milhões de euros (55 milhões a 70 milhões de reais), mas ambas assumem que este é um passo que traz custos.

A Aliansce estima que realizar a fusão custará 6,2 milhões de euros (27 milhões de reais) aos seus cofres, com a Sonae a prever 7,4 milhões de euros (32 milhões de reais) de despesas relacionadas com a operação – como “custos com avaliações, assessoria jurídica e demais assessorias para implementação da Incorporação, publicações e demais despesas relacionadas”. Mas os custos da fusão não acabam aqui.

“Estima-se que a Aliansce e a Sonae Sierra poderão incorrer em custos adicionais no montante de aproximadamente 10 milhões de reais [2,3 milhões de euros] com o pagamento de tributos e outro custos decorrentes da transferência” da propriedade de alguns imóveis para a nova empresa, explica o acordo.

Apesar de serem enumeradas já as contas às sinergias potenciais e aos custos da concretização da fusão, na explicação da operação nada é referido sobre quanto é que esta custará em termos de empregos, ainda que as empresas estimem unir as operações ainda este ano.

O acordo estipula ainda que caso a fusão acabe por não avançar, então “a parte que deu causa à não consumação ficará obrigada a pagar” à outra “uma multa compensatória” de 46 milhões de euros (200 milhões de reais).

Sierra com opção de “reforço” e de “venda”

Além dos acionistas controladores, os conselhos de administração de cada uma das empresas já deram “luz verde” à fusão, tendo já avançado para convocar os seus acionistas a deliberar sobre o negócio.

Também o “conselho fiscal da Sonae Sierra opinou favoravelmente à proposta da incorporação a ser submetida à deliberação dos acionistas da Sonae Sierra”.

Para a empresa do grupo Sonae, este é um negócio que traz também opções.

Por um lado, a “opção de vender a totalidade da sua participação” até 36 meses depois do fecho da fusão. Por outro, o direito a incorporar uma participação minoritária no Parque D. Pedro – um dos seus ativos mais valiosos – na nova empresa, em troca de novas ações. Esta opção só pode ser concretizada pela primeira vez um ano depois do fecho do negócio.

Liderança, governança e assessoria

O acordo a que Sonae Sierra e Aliansce chegaram define igualmente um conjunto de regras mínimas em termos de práticas de governança que ambas se comprometem que a nova companhia venha a adotar, avançado também desde já com a composição da gestão da nova empresa.

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Rafael Sales Guimarães, actual CEO da Aliansce, será Diretor Presidente de uma equipa de oito, onde Carlos Alberto Correa, CFO da Sonae Sierra Brasil, será o Director Financeiro, e onde estarão também Leandro Lopes, Paula Guimarães Fonseca e Mauro Junqueira, atuais Aliansce, e José Baeta Tomás, Daniella Guanabara e Mário Alves de Oliveira, atuais Sierra Brasil.

Nas negociações que levaram a esta fusão, a Aliansce foi apoiada pelo Bank of America, Merril Lynch e BMA Advogados, ao passo que a Sonae Sierra contou com o apoio do Itaú BBA e da Pinheiro Neto Advogados.

As duas empresas asseguram por fim que manterão os seus acionistas e os mercados informados sobre quaisquer “fatos subsequentes relacionados à operação”, tal como impõem as normas regulatórias.

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Pedro Nuno Santos convoca repesentantes do Estado na TAP para reunião urgente

Pedro Nuno Santos quer saber o que foi discutido na reunião de conselho da TAP desta quinta-feira por causa da atribuição de prémios a quadros superiores no ano de 118 milhões de prejuízos.

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, convocou os representantes do Estado no conselho de administração da TAP para uma reunião com caráter de urgência, já esta sexta-feira, apurou o ECO. Depois da reunião da administração desta quinta-feira, em que o chairman da companhia, Miguel Frasquilho, pediu explicações à comissão executiva por causa da atribuição de prémios de desempenho no ano de 118 milhões de euros de prejuízos, agora é o ministro a convocar aqueles administradores para saber, em direto, quais foram as explicações dadas por Antonoaldo das Neves.

Na manhã desta quinta-feira, o ministro que representa os interesses do Estado na TAP emitiu um comunicado duro para a comissão executiva, indicada pelo acionista privado Atlantic Gateway. Pedro Nuno Santos acusou a gestão da TAP de “desrespeito dos deveres de colaboração institucional” ao não terem comunicado aos representantes do Estado a intenção de pagar um conjunto de prémios a “um grupo restrito de trabalhadores”. A tutela aponta mesmo não concordar com esta política, “não se revendo na conduta da Comissão Executiva”.

Na sequência deste comunicado, Miguel Frasquilho, indicado pelo acionista Estado, que tem 50% do capital, para pedir explicações à gestão executiva. A reunião foi longa, e tensa. Antonoaldo Neves já saberia que o Estado não aprovaria a atribuição de prémios num ano de prejuízos elevados, e inesperados. E por isso não terá dado conhecimento ao Conselho de Administração desta decisão.

“O Governo e os representantes do Estado no Conselho de Administração da TAP tomaram conhecimento desta decisão, já consumada com o processamento dos salários referentes ao mês de maio, pelos órgãos de comunicação social”, prossegue o comunicado do ministro. Um tipo de comportamento, acusa, que “constitui uma quebra da relação de confiança entre a Comissão Executiva e o maior acionista da TAP, o Estado português”.

A polémica em relação aos prémios pagos pela TAP a um conjunto selecionado de colaboradores “rebentou” com uma notícia da agência Lusa dando conta que a administração da transportadora avançou com o pagamento de 1,171 milhões de euros em bónus a 180 trabalhadores. Há prémios de 110 mil euros, havendo depois outro de 88 mil, um de 49 e outro de 42 mil. Os restantes valores são todos iguais ou inferiores a 30 mil euros.

Entre as quase duas centenas de funcionarem há dois quadros de topo. De acordo com o i (link indisponível), um desses quadros é Abílio Martins, ex-Portugal Telecom no tempo de Zeinal Bava, que recebeu um dos prémios de 110 mil euros. Já Stéphanie Silva, diretora jurídica e mulher de Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, recebeu um cheque de 17.800 euros.

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Wall Street fecha em alta com adiamento da imposição de tarifas sobre México

Principais índices norte-americanos valorizaram mais de 0,5% depois das notícias que dão contas de um adiamento da imposição de tarifas sobre importações mexicanas.

Os principais índices de Wall Street voltaram a fechar um dia de negociação no verde esta semana, refletindo positivamente as notícias que deram conta da intenção da Administração Trump em adiar por agora a imposição de tarifas sobre importações mexicanas.

O Dow Jones avançou 0,74% esta quarta-feira, encerrando nos 25.722,15 pontos, seguido pelo S&P que valorizou 0,63%, para 2.843,52 pontos, e pelo Nasdaq Composite que terminou a negociação nos 7.616,55 pontos, representando um ganho de 0,53%. Esta foi a primeira vez que o S&P registou três dias de ganhos consecutivos desde meados de maio.

A Bloomberg noticiou ao princípio da tarde, citando fontes próximas do tema, que Donald Trump estava a considerar adiar a imposição de tarifas sobre bens mexicanos, que inicialmente tinham sido anunciadas para a próxima segunda-feira. Além disso, mas também no mesmo sentido, esta quarta-feira também ficou marcada pelo anúncio de Trump de que apenas iria decidir sobre a imposição de novas tarifas sobre importações da China depois da reunião do G20, prevista para o final do mês.

A perspetiva de adiamentos no avanço de mais tarifas no comércio internacional juntou-se assim à novidade que tem marcado esta semana nos mercados, de que a Reserva Federal poderá voltar a uma política monetária de redução de juros, para dar mais um dia de ganhos nas bolsas dos Estados Unidos. Ainda assim, Quincy Krosby, chief market strategist da Prudential Financial, lembrou à Reuters que “uma situação de fluidez como esta em termos de tarifas aconselha cautela e paciência do lado dos investidores”.

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Startups portuguesas levantaram 485 milhões de capital de risco em 2018

Média de investimento foi de 3,2 milhões de euros entre os 152 acordos fechados durante o ano passado. Mais de oito em cada dez investimentos foi em fase seed.

O valor de investimento de capital de risco em startups portuguesas chegou aos 485 milhões de euros em 2018, de acordo com dados divulgados pela Lisbon Investment Summit e agregados pela LC Ventures e pela FNABA (Federação Nacional de Associações de Business Angels). De acordo com os dados, os 485 milhões de euros foram resultado de 152 acordos num valor médio de 3,2 milhões de euros de investimento. Oito em cada dez (83%) startups receberam esse investimento em fase seed. O resultado reflete um volume de transações 4,4 vezes maior do que o registado em 2017.

No entanto, retirando as duas grandes rondas de investimento levantadas pela OutSystems (360 milhões) e pela Talkdesk (100 milhões) que lhes garantiram o estatuto de unicórnio [empresas cuja avaliação ultrapassa os 1.000 milhões de dólares], o valor total em 150 acordos passa para 90 milhões e uma média de 600 mil euros por investimento.

No primeiro semestre deste ano, registaram-se 74 acordos de investimento no valor de 54 milhões de euros e uma média de 700 mil euros por ronda. Dos acordos fechados, 89% foram em empresas em fase seed.

De acordo com o estudo, ainda há muito espaço de crescimento para o capital de risco em Portugal e entre as empresas portuguesas. O investimento via venture capital assegura apenas 1% do investimento total em empresas, sendo que o investimento com capitais próprios assegura a maior fatia (65,4%). A banca é a segunda fonte nacional (20%), seguida do financiamento europeu (3,2%).

Segundo os dados da LC Ventures, o apoio público ainda representa um papel importante no total do investimento em Portugal, tendo a relevância do investimento via capital de risco para o PIB diminuído desde 2015 de quase 0,04% para pouco mais de 0,01% no final de 2018.

Em nove anos, o número de empresas de capital de risco em Portugal duplicou (passou de 24 para 48). E, em sete anos (entre 2009 e 2016), o valor de fundos sob gestão também cresceu, de 3,1 mil milhões para 4,6 mil milhões de euros. Também o número de business angels aumentou de 267 em 2010 para 344 em 2018, tendo o capital total passado de 43 para 63 milhões de euros no mesmo período.

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