Empresários chumbam estratégia da direita para os professores

A crise política chegou ao fim, mas deixou marcas. Os empresários não gostaram de ver PSD e CDS ao lado da esquerda a aprovar medidas que implicariam um aumento da despesa certa e permanente.

Não é todos os dias que se vê PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP votarem lado a lado. Ainda menos quando o que está em causa é uma medida que implica um aumento da despesa pública. Um encargo anual adicional de 800 milhões de euros. O trailer deste filme, uma crise política de morte já anunciada, não foi do agrado dos empresários. Ver partidos “tidos como responsáveis” e “garantes das contas públicas” a aprovar despesa certa e permanente foi algo que os deixou preocupados e com receio de novos aumentos da carga fiscal.

Em cima da mesa estava um ultimato do primeiro-ministro — demitir-se caso fosse aprovada em votação final global o reconhecimento do tempo integral do tempo de serviço dos professores (nove ano, quatro meses e dois dias) — mas o filme acabou por ter uma reviravolta, bem ao jeito de Hollywood, e PSD e CDS recuaram nas suas posições anunciando que afinal não abriam mão da necessidade de a Lei dos professores ter condicionalismos económicos. Ou seja, o reconhecimento dos restantes quase sete anos (dois já estão reconhecidos no decreto lei do Governo) vai depender do crescimento económico, o equilíbrio das contas públicas, respeito pelo Pacto de Estabilidade, pela situação económica e financeira do país, pelo controlo da dívida pública e pela sustentabilidade futura do sistema público, como sublinhou este domingo Rui Rio.

A situação “não deixa de ser apreensiva e produtora de instabilidade, que é aquilo que os agentes económicos não desejam“, diz António Saraiva ao ECO. O presidente da Confederação Empresarial de Portugal considera “preocupante que partidos responsáveis admitam este aumento de despesa. É abrir uma caixa de Pandora de 800 milhões de euros, que podem vir a ser mais se outros grupos exigirem o mesmo tratamento”. “É preocupante esta ligeireza de votação que o país só pode suportar com um aumento de impostos ou um corte maior no investimento por parte de partidos de quem esperávamos mais”, reconhece o patrão dos patrões.

“As empresas não deveriam ter de passar por esta vergonha de perceber que, da direita à esquerda, não há inocentes e que transformam a vida económica e empresarial do país num claro interesse eleitoral, dispostos a sacrificar o médio e longo prazo, por eventuais ganhos de curto prazo”, diz Armindo Monteiro. O presidente da Compta diz mesmo que “é lamentável o que a direita está a fazer” e classifica de “trapalhada” a mudança de posição que entretanto se conheceu no domingo, com a clarificação da intransigência de introduzir condicionantes económicas na lei.

"É preocupante que partidos responsáveis admitam este aumento de despesa. É abrir uma caixa de Pandora de 800 milhões de euros, que podem vir a ser mais se outros grupos exigirem o mesmo tratamento.”

António Saraiva

Presidente da CIP

No entanto, para Armindo Monteiro o que está em causa não é um recuo, mas de uma situação que foi “muito mal explicada pela direita”. “Só está a ser consistente com o que tem dito”, acrescenta numa referência às propostas iniciais que PSD e CDS fizeram ao diploma do Executivo e tinham as tais condicionantes económicas que foram chumbadas pelo próprio PS, como recordou Rui Rio na sua declaração de domingo.

Para João Miranda também não se trata de dar o dito, por não dito. “Antes pelo contrário”, porque a direita foi coerente com aquilo que tem vindo “a apregoar durante tanto tempo”. Caso esta clarificação de posição não tivesse ocorrido, o responsável pela Frulact, uma empresa familiar com perfil altamente exportador, e com fábricas em Marrocos, África do Sul e Canadá admitiu que estava “preocupado” porque era uma prova de que “a direita acabava por se ajustar ao seu interesse mais populista e eleitoralista, completamente ao contrário do que Rui Rio evidencia”.

Uma satisfação idêntica foi demonstrada por Pires de Lima, empresário e ex-ministro da Economia. “Não há maior virtude num líder do que saber ouvir”, disse ao Expresso, este domingo depois de o CDS ter anunciado o recuo na votação da contagem de serviço dos professores. Na edição impressa do semanário, o centrista tinha assumido que estava dececionado com o partido: “Estou dececionado e que não haja ilusões: ou se está com os contribuintes, ou se está com Mário Nogueira. E mais não quero dizer, para não perturbar a campanha do CDS para as europeias”.

O responsável da Calvelex, questionado pelo ECO se tinha ficado surpreendido pela posição da direita, lembra que “esta é uma altura de eleições” — europeias, na Madeira e legislativas –, mas, na sua opinião, é necessário “ter uma forma de estar na política”. “Não sei até que ponto se pode ter uma opinião nas eleições e outra fora delas”, sublinha César Araújo.

Este empresário, que produz vestuário para marcas da gama média-alta e luxo, e exporta as cerca de 800 mil peças que fabrica anualmente, lembra que “o país passou por uma grande crise, foi intervencionado, as pessoas sofreram e a imagem do país, a nível internacional também”. “Não devemos repetir o mesmo erro, não podemos constantemente cair em crises. Isso é demais para a economia do país. Agora que Portugal tem boa uma imagem a nível mundial, e está a dar cartas, as políticas têm de ser responsáveis de modo a manter essa boa imagem”, apela César Araújo, que dá emprego a cerca de 700 pessoas.

A fatura política

Se a direita não tivesse emendado a mão isso poderia “desencadear o descrédito das agências de rating e ter uma fatura elevada para o país”, defende José Manuel Fernandes. O fundador da Frezite, uma empresa maioritariamente exportadora e presente em mais de 50 países, acredita que o PS “vai buscar sinergias e valorização” com este episódio e que “haverá um jogo de cintura para que isto reverta a favor de uma maioria”. E será possível alcançá-la? José Manuel Fernandes deixa essa análise para os comentadores, mas admite que “os partidos da oposição deram um tiro no pé e estão a ajudar a valorizar o Governo”.

Posição idêntica tem Adelino Silva Matos. “A direita portou-se mal e acho que vai ser castigada nas urnas“, defende o empresário que criou, com a sua mulher, em 1980, um grupo com várias unidades de negócio em torno da metalomecânica e da energia. Na sua avaliação, outro dos resultados desta crise poderá ser um aumento ainda maior da abstenção.

“O primeiro-ministro é muito hábil”, reconhece Basílio Simões, mas, na sua opinião, conquistar “a maioria será difícil” ainda que “a direita possa ser penalizada nas urnas. O cofundador da ISA, empresa da qual já não faz parte porque vendeu a sua posição para abraçar um novo projeto, a Energia Simples, admite que veria com bons olhos um bloco central PS/PSD: “Até pode ser o melhor para o país, haver estabilidade e acordo entre os principais partidos para reformas que deveriam ter sido feitas, mas nunca foram”.

Não devemos repetir o mesmo erro, não podemos constantemente cair em crises. Isso é demais para a economia do país. Agora que Portugal tem boa uma imagem a nível mundial, e está a dar cartas, as políticas têm de ser responsáveis de modo a manter essa boa imagem.

César Araújo

Presidente da Calvelex

O bloco central também é do agrado de José Manuel Fernandes porque se traduz num “Governo coeso e a defender uma economia baseada na iniciativa privada”, mas o empresário não se alonga sobre qual deveria ser a composição específica desse bloco central.

A geringonça não é boa para o país”, sublinha ainda Basílio Simões. “Estamos a viver à custa de um enorme aumento de impostos porque as reformas estruturais não foram feitas. Estamos a viver da enorme carga fiscal.” E acrescenta que preferia “um PS minoritário do que uma nova geringonça, porque foram feitas muitas cedências que não são boas para o país.”

O Fisco é o nosso sócio mais importante“, diz em tom brincalhão Adelino Silva Matos. Mas para o empresário da metalomecânica, apesar de a situação o preocupar, “o importante é arregaçar as mangas” e continuar a trabalhar.

Bom ou mau, para João Miranda “o atual modelo de geringonça vai passar a ser a normalidade”. O empresário, que dá emprego a cerca de 755 colaboradores, acredita que, mesmo com este episódio, o PS não vai ter maioria. “Mas desde as últimas legislativas abriu-se um novo ciclo com uma tendência clara de esquerda. Dificilmente a direita vai voltar a governar“, defende. João Miranda lamenta ainda o facto de “a esquerda mais à esquerda não ser muito adepta da iniciativa privada”, o que faz com que não haja “um apoio ou suporte a políticas de estímulo à própria economia”

O aumento da receita fiscal não é para o CEO da Frulact uma mera tradução do crescimento da economia nacional — que cresceu acima de 2% durante nove trimestres consecutivos –, mas também das alterações fiscais introduzidas. “Ir buscar mais receita ao turismo, aos combustíveis, faz o país perder competitividade e tem impacto sobre todos, sejam pessoas ou empresas”, sublinha.

As suas preocupações não se ficam por aqui. “O que será da nossa dívida quando tivermos de investir nos hospitais, escolas, tribunais, estruturas de segurança?“, questiona o empresário que recorda que mesmo sem investimento público a dívida bruta aumentou. Numa analogia empresarial, João Miranda lembrou que a situação em Portugal “é como ter uma máquina e não investir na sua manutenção. Quando for necessário repará-la sairá muito mais caro”. “Quando tivermos mesmo de investir vai causar um rombo tremendo nas contas públicas”, assegura.

A curtíssima duração da crise política — 48 horas quase exatas — garantiu que não tivesse quaisquer impactos sobre a atividade económica. Mas ao longo do fim de semana e antes de se saber o desfecho, os empresários admitiam ligeiros impactos, sobretudo se a incerteza se prolongasse, com especial incidência nas empresas mais dependentes do mercado nacional. Más notícias a acrescer ao já anunciado abrandamento económico. Mas foi só um susto.

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5 coisas que vão marcar o dia

A semana arranca com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Itália para participar no XIII encontro da Cotec Europa, no dia em que a União Europeia se reúne com os Estados Unidos.

A semana começa com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Itália para participar no XIII encontro da organização empresarial Cotec Europa, na mesma altura em que a União Europeia se reúne com os Estados Unidos para discutir uma “nova fase” comercial. Ainda esta segunda-feira, o Banco Central Europeu publica dados sobre as taxas de juros dos novos empréstimos e depósitos na zona euro em março, enquanto o Eurostat revela as estatísticas sobre as vendas do comércio a retalho.

Presidente da República inicia visita oficial a Itália

Marcelo Rebelo de Sousa aterra esta segunda-feira em Nápoles para participar no XIII encontro da organização empresarial Cotec Europa, dedicado ao tema Competitividade e Inovação na Administração Pública. O encontro vai decorrer na manhã de 7 de maio, em Nápoles, e contará com a participação das delegações das organizações Cotec e com a presença dos Chefes de Estado dos três países Cotec — Portugal, Itália e Espanha.

UE e EUA reúnem-se para discutir “nova fase” comercial

A União Europeia (UE) e os Estados Unidos vão reunir-se esta semana em Washington para iniciar uma “nova fase” comercial. Representados por Cecilia Malmström e Robert Lighthier, respetivamente, vão discutir temas como “a reforma da Organização Mundial do Comércio — abordando práticas comerciais desleais em terceiros países — e o aumento do comércio bilateral em gás natural liquefeito e em grãos de soja”, referiu uma fonte da Comissão Europeia à Lusa. Na próxima semana haverá um “segundo conjunto de reuniões”.

Eurostat publica dados sobre vendas do comércio a retalho

O Gabinete de Estatísticas da União Europeia (UE) publica esta segunda-feira as estatísticas sobre o volume de vendas do comércio a retalho referentes ao mês de março. Recorde-se que, em fevereiro, este indicador aumentou 0,4%, tanto na zona euro como na UE. Contudo, entre os Estados-membros, Portugal foi um dos países onde se verificou uma queda no volume de vendas, assim como a Bulgária e a Eslováquia.

Juros da dívida grega reagem ao rating da DBRS

Esta segunda-feira é dia de os juros da dívida helénica reagirem à revisão em alta da avaliação de rating pela DBRS à Grécia. Na sexta-feira, a agência de notação financeira canadiana ter feito um upgrade no rating para BB (low) com perspetiva estável, com base no fim da última monitorização ao país pela Comissão Europeia e aprovação de uma nova tranche do empréstimo da troika, de mil milhões de euros. A projeção para a economia é que cresça 2,3% este ano, face a 1,9% em 2018. A DBRS elogiou ainda o regresso da Grécia ao financiamento em mercado.

BCE divulga estatísticas sobre novos empréstimos

O Banco Central Europeu (BCE) publica esta segunda-feira dados sobre as taxas de juro dos novos empréstimos e depósitos da Zona Euro no mês de março. Recorde-se que em fevereiro, os bancos remuneraram os novos depósitos a prazo a uma taxa de juro média de 0,13%, abaixo dos 0,14% que pagaram em janeiro. Aquela foi a remuneração mais baixa do histórico da entidade liderada por Mario Draghi, cujo início remonta a janeiro de 2000.

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Rio e Cristas estenderam “uma passadeira vermelha a Costa”, diz Marques Mendes

Marques Mendes classificou a jogada política do PSD e CDS na Lei dos professores de amadorismo. Foi um "erro enorme do PSD e CDS" e vão pagar a fatura", diz. Já Costa como "profissionalão" aproveitou.

A crise política chegou ao fim. “Foi uma crise de um fim de semana”. Mas vai ter consequências. Para Luís Marques Mendes PSD e CDS vão “pagar a fatura” pela “ingenuidade e amadorismo” com que conduziram a situação e António Costa vai capitalizar a “passadeira vermelha” que a direita lhe estendeu.

Em tom de brincadeira, o antigo líder do PSD sugeriu que António Costa deveria enviar um cartão de agradecimento a Rui Rio e umas flores a Assunção Cristas porque lhe deram a possibilidade de reiterar a imagem de “grande protagonista do rigor e da estabilidade orçamental” e que os governos socialistas “já não são despesistas”.

O grande ganhador é o Costa e o PS. Ganhou autoridade. Tudo o que disser é ouvido com mais atenção e os outros não serão ouvidos com tanta atenção”, disse Marques Mendes no seu comentário semanal na Sic Notícias, integralmente dedicado à crise política gerada com a ameaça de demissão do primeiro-ministro, na sexta-feira, caso o reconhecimento integral do tempo de serviço dos professores fosse aprovado em votação final global a 15 de maio. Este episódio “salvou as eleições europeias” ao PS que não lhe estavam a correr nada bem.

E para as legislativas a consequência é a de, “a partir de agora, relançar a ideia da maioria absoluta”. Costa “vai falar ao centro” e os seus argumentos até podem ser ouvidos porque “o eleitorado moderado ficou com os cabelos em pé”, com esta situação. Isto apesar do recuo tanto do PSD como do CDS que vieram precisar que só aprovam a lei se forem votadas as condicionantes económicas que constavam das suas propostas iniciais, mas que não passaram na especialidade e que, por “ingenuidade ou amadorismo”, ambos deixaram passar, aprovando ainda assim o reconhecimento integral do tempo: os nove anos, quatro meses

“Sem as condições não podiam ter aprovado a lei”, diz Marques Mendes. “Como Costa é um profissionalão da política aproveitou” este “erro enorme do PSD e CDS”, um erro que os levará a “pagar a fatura”, porque um dos seus maiores ativos “é serem responsáveis, serem rigorosos”, acrescentou.

O recuo da direita é na sua opinião um mal menor, porque era necessário controlar os danos. “Tiveram derrota na opinião pública, mas se insistissem isto transforma-se em lei depois levariam o veto político do Presidente da República que seria visto como um aval a Costa e um sancionar a Rui Rio e Assunção Cristas”, acrescentou.

Se Rio tivesse dito na sexta-feira o que disse hoje, o problema não teria surgido“, sublinha Marques Mendes. Porque não o fez? “Essa é a questão”, conclui.

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“Se o PSD e o CDS votaram sem saber o que estavam a votar, emendem o erro”, diz António Costa

"Não viabilizem uma proposta que coloca em causa as nossas finanças públicas e a nossa credibilidade internacional", pediu António Costa numa reação ao recuo do PSD e CDS.

António Costa desafiou PSD e CDS a votarem contra o reconhecimento integral do tempo de serviço dos professores na votação final global que deverá acontecer a 15 de maio. Se a direita não percebeu o que estava a votar, então que emende o erro e vote contra, tal como o PS o fará, sugeriu António Costa em reação ao recuo do PSD e do CDS face ao que foi aprovado na comissão de Educação na noite de quinta-feira.

“Votaram sem saber o que estavam a votar, têm uma solução muito simples: quando a votação chegar ao plenário, votem contra e emendem o erro que cometeram, votando o que não sabiam no que estavam a votar”, disse o primeiro-ministro, numa ação de pré-campanha em Campo Maior em Portalegre. Citado pela TSF, António Costa disse ainda: “Não viabilizem uma proposta que coloca em causa as nossas finanças públicas e a nossa credibilidade internacional“.

Votaram sem saber o que estavam a votar, têm uma solução muito simples: quando a votação chegar ao plenário, votem contra e emendem o erro que cometeram, votando o que não sabiam no que estavam a votar.

António Costa

Primeiro-ministro

António Costa acusou PSD e CDS de quererem “enganar” os portugueses e, sobretudo os professores. “Virem agora falar de travões e de condicionantes é confessar aquilo que verdadeiramente era o seu projeto: uma mão cheia de nada para os professores e uma enorme conta calada para todos os portugueses terem de pagar”.

O primeiro-ministro sublinhou ainda que o Governo “não vende ilusões aos professores, prometendo o que não lhes pode dar nem hoje nem amanhã”. Em declarações transmitidas pela Sic Notícias, António Costa garantiu ainda que não mente aos portugueses e que apenas pode garantir que aquilo que dará a uns dará a todos, “mas de forma sustentável”, numa afirmação que visa diretamente os receios de falta de equidade que pode implicar devolver rendimentos aos professores e não ao resto da Função Pública.

Apelando ao voto nas eleições europeias, António Costa deixou ainda bem claro que o PS não vai tentar conquistar votos a qualquer preço. Recordando a situação de equilíbrio das contas públicas, o chefe de Governo recordou que foram “valores que deram muito trabalho a conquistar para, em ano eleitoral, desbaratar para conquistar votos a qualquer preço”.

Perder alguns votos é uma possibilidade que António Costa até admite, mas garante que seria muito pior “perder a confiança que demorou muito a conquistar”. “Estamos num momento da vida política em que temos de ser muito claros”, disse ainda em mais uma estocada à falta de clareza da posição da direita que se viu obrigada a clarificar que só aceitará votar a favor da contagem integral do tempo de serviços dos professores se essa contagem for acompanhada de um conjunto de condicionalismos económicos e como crescimentos ou equilíbrio das contas públicas.

O primeiro-ministro regozijou-se ainda com o facto de ter acabado com o mito de que não é possível governar à esquerda com contas certas.

(Notícia atualizada)

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“Solução que está em cima da mesa é mais vantajosa para os professores e para o país. É mais barato”, diz Mário Nogueira

Para Mário Nogueira a existência ou não de condicionalismos económicos, como exigem PSD e CDS, na Lei dos professores é irrelevante e rejeita críticas de falta de equidade.

A recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de tempo de serviços dos professores com efeito a janeiro de 2019, mas cujo pagamento só será feito em janeiro de 2020, retroativamente, como ficou definido na noite de quinta-feira na comissão de educação é a solução “mais favorável para os professores e para o país, porque é mais barato, este ano”, diz Mário Nogueira, que desvaloriza o pedido de introdução de condicionalismos económicos pela direita.

Em declarações transmitidas pelas televisões, depois da reação do líder do PSD, o responsável da Fenprof sublinha que “contar os dois anos, nove meses e 18 dias, mas só pagos no ano que vem, fica 20 milhões de euros menos dispendioso. O que está em cima da mesa é mais favorável para os professores e é mais favorável para o país, porque é mais barato este ano”, diz, lembrando que esta opção da Assembleia da República evita “um acréscimo de despesa este ano”.

O que está em cima da mesa é mais favorável para os professores e é mais favorável para o país, porque é mais barato este ano.

Mário Nogueira

Líder da Fenprof

Quando aos condicionalismos económicos que o PSD e o CDS querem introduzir no Parlamento antes da votação final global, sob pena de inverterem o sentido de voto da especialidade, Mário Nogueira diz que “é um bocado irrelevante estar ou não na legislação” esse tipo de condicionalismo. “Um país onde nunca falta dinheiro para pagar os desmandos da banca, e das Parcerias Público Privadas, diríamos que esses critérios deveriam existir para as outas coisas e não para pagar a outros trabalhadores”, frisou Mário Nogueira. “Ainda assim estarem ou não estarem é um bocado irrelevante porque quando entrássemos em negociação esses seriam os critérios que o Governo teria sempre em consideração”, reconheceu.

Para o sindicalista, o que está agora em cima da mesa é o que a Fenprof tem pedido: que os dois anos sejam “o primeiro momento do faseamento” e que os “restantes seis anos e meio sejam negociados com o futuro Governo, no início da próxima legislatura, podendo ter “impacto na carreira e no posicionamento dos professores, na dispensa de vagas para o quinto e sétimo escalões ou ainda na aposentação”.

Mário Nogueira atribui a crise política dos últimos dias à importância dos professores para as eleições, embora reconheça que a “crise é claramente artificial”, tal como têm vindo a defender todos os partidos da oposição, quer da esquerda quer da direita, e que muito do que tem sido dito não é verdade, desde a contagem do tempo de serviço ao impacto da mesma nas contas públicas. “O Governo tem dito uma verdadeira mentira em termos de custos”, frisa o líder da Fenprof.

À crítica de falta de equidade face ao resto da Administração Pública, Mário Nogueira rejeita e diz que a existir será entre os professores do continente e dos ilhas que já viram reconhecidos a integralidade do tempo de serviço congelado, ou seja, os nove anos.

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Rio recua e vota contra diploma dos professores sem garantia de condicionalismos financeiros

Depois de o PSD ter alinhado com Bloco, PCP e CDS para aprovar na comissão da Educação a contagem integral do tempo de serviço nas carreiras dos professores, Rui Rio recua e diz que vota contra.

Rui Rio não quer ser “um figurante numa peça de teatro de má qualidade”. Critica António Costa por criar uma “crise política artificial” e desafio o Governo e o PS a aprovar o travão financeiro “à orgia orçamental” que significaria aprovar a contagem integral do tempo de serviço dos professores sem condicionalismo. Rui Rio recua pondo fim a uma crise política que poderá só ter durado 48 horas.

“Na passada sexta-feira o primeiro-ministro ensaiou um golpe palaciano com o qual quis fazer crer que o país estava na eminência de sofrer um cataclismo orçamental“, disse Rui Rio. O guião António Costa terá seguido os “clássicos três atos” ao reunir de emergência o núcleo duro do Governo, depois com o Chefe de Estado e finalmente convocando de emergência a comunicação social para fazer uma comunicação ao país: um ultimato e a ameaça de demissão, elencou o líder do PSD que numa declaração ao país, toda assente numa metáfora cénica, explicou que o PSD sempre defendeu que a aprovação integral do tempo de serviço dos professores deve estar condicionada a algumas premissas como o equilíbrio das contas públicas, respeito pelo Pacto de Estabilidade, pela situação económica e financeira do país, pelo controlo da dívida pública e pela sustentabilidade futura do sistema público.

“Estas condicionantes que o senhor primeiro-ministro acusa de não estarem garantidas no documento, só não estão porque o PS votou contra elas na comissão parlamentar”, acusa Rui Rio. “O travão financeiro que a proposta do PSD contém para que seja evitado o papão da orgia orçamental com que o Governo hipocritamente acena foi reprovado com os votos irresponsáveis dos deputados do partidos socialista”, acrescenta.

O travão financeiro que a proposta do PSD contém para que seja evitado o papão da orgia orçamental com que o Governo hipocritamente acena foi reprovado com os votos irresponsáveis dos deputados do partidos socialista.

Rui Rio

Líder do PSD

O PSD vem assim clarificar a sua posição — depois de o CDS ter feito o mesmo — colocando um ponto final no silêncio a que se votou desde que o primeiro-ministro ameaçou com a demissão do Executivo caso, a 15 de maio, os partidos viabilizassem em votação final global a contagem integral do tempo de serviço dos professores: nove anos, quatro meses e dois dias.

Rio desafiou assim o Governo e o PS a serem coerentes com as mais recentes declarações e a votar favoravelmente às propostas que o PSD vai apresentar. “Se o Governo e o PS estiverem de boa-fé e se a argumentação do Governo for séria então o PS votará favoravelmente o que há três dias rejeito. Agora se o PS votar contra a nossa proposta de salvaguarda financeira fica a nu a farsa que o primeiro-ministro montou”, atira Rui Rio, numa declaração política que não teve direito a perguntas.

E clarificando em absoluto a possibilidade de recuo face à posição assumida pelo partido na noite de quinta-feira, Rio disse que “se o Governo e o PS persistirem em recusar as clausulas de salvaguarda o PSD não pode votar diploma final, já que pode original excessos financeiros que as finanças públicas podem não suportar”.

Se o Governo e o PS persistirem em recusar as clausulas de salvaguarda o PSD não pode votar diploma final, já que pode original excessos financeiros que as finanças públicas podem não suportar.

Rui Rio

Líder do PSD

Rui Rio não aceita lhe deem lições sobre “contas certas” — “se há matéria em que muito poucos me podem dar lições é sobre questões de rigor na gestão dos dinheiros públicos” — e recorda que foi o PS quem inicialmente assinou uma resolução na qual “assumia preto no branco a contagem integral do tempo de serviço para efeito de progressão na carreira dos professores e da correspondente valorização remuneratória”, “sem qualquer condição ou salvaguarda financeira”. E foi por isso que o PSD não votou a favor, justificou Rui Rio, lembrando que era fundamental “assegurar o equilíbrio das contas públicas portuguesas”. E à proposta de março, onde se assumem apenas os dois anos de serviços, o líder do PSD diz que o Governo “dá o dito por não dito” e foi por isso que todos os partidos “coerentemente apresentaram propostas de alteração” ao diploma.

O despesismo dos dinheiros do Estado, nunca fez nem nunca fará parte da minha forma de atuar na política. Do mesmo não se podem orgulhar muitos dos que nos últimos dias têm cinicamente tentado dar lições de finanças em tudo quanto é espaço mediático principalmente aqueles que participaram nos governos presididos pelos engenheiro José Sócrates. Haja alguma decência e algum respeito pela verdade

Rui Rio

Líder do PSD

Para Rui Rio esta “lamentável encenação” de António Costa sobre “um documento que nem sequer estava votado” — isto apesar da votação em sede de especialidade na Comissão de Educação — deve-se apenas ao facto de “o líder do PS querer perturbar a campanha eleitoral para as eleições europeias”. “Porque tem plena consciência que está lhe está a correr bastante mal”, diz Rio. “António Costa quis fabricar um caso político de vitimização para enganar os portugueses. O número de ilusionismo eleitoral para atacar o PSD e a mim próprio e para criar a falsa ideia de que estamos a aprovar medidas que empurrariam o país para uma orgia orçamental. Uma mentira. Um golpe de teatro com pés de barro”, ataca Rui Rio.

O CDS já arrepiou caminho esta manhã ao especificar que vai levar a votos uma proposta que faz depender o pagamento do tempo integral de serviço aos professores do crescimento económico, da sustentabilidade financeira, da negociação do estatuto da carreira dos docentes e do regime de aposentação. E se esta proposta não for aprovada, o CDS admite mudar o seu voto na lei face à votação feita na especialidade na noite de quinta-feira.

(Notícia atualizada)

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EUA aumentam pressão sobre China. Tarifas sobem sexta-feira para 25%

  • ECO
  • 5 Maio 2019

A guerra comercial continua. O presidente dos EUA anunciou este domingo uma subida das tarifas de alguns produtos chineses para 25%. Os novos preços entram em vigor na sexta-feira.

A guerra comercial continua. O presidente dos EUA anunciou este domingo uma subida nas tarifas de alguns produtos chineses para 25%. Os novos preços entram em vigor na sexta-feira e significam um agravamento face aos 10% suportados até agora.

Segundo a Reuters, o anúncio foi feito este domingo pelo presidente dos EUA. Trump acrescenta que além deste agravamento nas tarifas, mais produtos chineses vão ser sujeitos a aumentos nas tarifas que são aplicadas às importações chinesas feitas pelo mercado norte-americano.

“Durante 10 meses, a China tem pago tarifas aos EUA de 25% em relação a 50 mil milhões de dólares de produtos de alta tecnologia e 10% em relação a 200 mil milhões de dólares de outros produtos”, escreveu o presidente dos EUA na sua conta no Twitter.

“Os 10% vão subir para 25% na sexta-feira”. 325 mil milhões de dólares em produtos vendidos pela China aos EUA vão permanecer sem tarifas, mas a breve prazo terão tarifas de 25%”, acrescentou.

A guerra comercial entre os EUA e a China é um dos riscos que as instituições têm apontado para o crescimento económico mundial.

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PCP acusa Governo de querer desfazer “correlação de forças” no Parlamento

  • Lusa
  • 5 Maio 2019

Partidos à esquerda começam a pressionar PS ao ver aproximação da direita. PCP diz que Governo quer maioria absoluta.

O secretário-geral do PCP acusou este domingo o PS de estar a tentar “desfazer a atual correlação de forças” no parlamento e reiterou que o partido manterá a sua posição sobre a contabilização do tempo de serviço dos professores.

“O PS está a querer desfazer-se da atual correlação de forças e da força do PCP. Já todos compreenderam que é o calculismo eleitoral e a fixação pela maioria absoluta que leva o Governo a ameaçar demitir-se”, afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista falava esta tarde na Amadora, no distrito de Lisboa, durante um almoço de militantes, que decorreu no refeitório de uma escola secundária.

Jerónimo de Sousa comentava desta forma a polémica gerada pela aprovação da recuperação integral do tempo de serviço congelado para os professores, em comissão parlamentar de educação, que levou o primeiro-ministro, António Costa, a anunciar na sexta-feira que o Governo se demitiria caso o parlamento aprovasse esta medida em plenário.

Durante a sua intervenção, o secretário-geral do PCP ressalvou que, apesar das ameaças de demissão do Governo, os comunistas serão “coerentes com a sua posição”, ao contrário de outros partidos, como o CDS-PP.

“A posição do PCP é coerente, refletida e determinada ao contrário de outros, como o CDS, que, como se vê, simulam as suas posições ditadas por critérios de calculismo. Um taticismo em que a palavra dada é retirada, procurando navegar à bolina. Da parte do PCP mantemos a nossa posição”, afirmou.

Estas críticas de Jerónimo de Sousa surgem no mesmo dia em que o CDS-PP, em comunicado, admitiu votar ao lado do PS contra o diploma dos professores se não forem aceites as condições do partido, como sustentabilidade financeira e crescimento económico.

Mais tarde, em declarações aos jornalistas, em Bruxelas, Assunção Cristas rejeitou que o partido tenha recuado na questão da contabilização total do tempo de serviço dos professores, afirmando que tem adotado “a mesma posição, clarinha como a água, desde o primeiro minuto”.

Por seu turno, o presidente do PSD, Rui Rio, fará esta tarde num hotel do Porto, pelas 18:30, uma declaração à imprensa, sobre este tema.

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BE desafia PS a manter acordo e não se aliar à direita no diploma dos professores

  • Lusa
  • 5 Maio 2019

CDS recua na lei dos professores e coligação negativa que se formou na especialidade pode cair em plenário. Bloco tenta colar PS aos partidos à direita.

A coordenadora do BE considerou este domingo que o primeiro-ministro pôs “em causa a estabilidade” do país porque as europeias “estavam a correr mal”, e desafiou o PS a manter o acordo e não se aliar à direita.

Apontando que “talvez o maior fator de credibilidade externa do país tenha sido a estabilidade da solução da maioria parlamentar que se encontrou”, Catarina Martins defendeu que “esta credibilidade, que esta estabilidade não pode ser posta em causa”, alegando que “a credibilidade do país é esta estabilidade”.

“E eu pergunto: como é que o mundo pode compreender que um primeiro-ministro ponha em causa a estabilidade e a credibilidade porque as eleições europeias lhe estão a correr mal?”, questionou.

Considerando que os partidos ainda estão “bem a tempo de ser responsáveis”, a líder do Bloco de Esquerda notou que “há escolhas que têm de ser feitas agora”.

“O apelo que eu faço ao Partido Socialista é tão simples quanto sensato: mantenhamos o acordo, não temos de votar com a direita, mantenhamos o acordo, mantenhamos a forma de respeitar todos os trabalhadores de uma forma gradual, como já tínhamos decidido, como já tínhamos votado em conjunto” no Orçamento de Estado, desafiou Catarina Martins.

A coordenadora bloquista pediu também aos socialistas que “não se aliem à direita, que é oportunista, que quis sempre cortar salários a toda a gente, no público e no privado, e agora faz umas piruetas a fazer de conta que defende professores”.

“Vamos fazer o que estava combinado. O Bloco de Esquerda não se desviou, esteve sempre a fazer o que estava combinado”, salientou Catarina Martins num comício do BE, em Lisboa.

Alegando que os dois partidos têm tarefas pela frente, a líder advogou que “ninguém perceberia que, por causa de jogos partidários, se abandonasse as responsabilidades”.

Catarina Martins fez estas declarações depois de a líder do CDS-PP ter anunciado que os centristas só votarão a favor, em votação final, do diploma dos professores se forem aceites as condições do partido, como sustentabilidade financeira e crescimento económico.

A posição foi expressa por Assunção Cristas num comunicado, dois dias depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter ameaçado com a demissão do Governo após PCP, BE, PSD e CDS terem aprovado, no parlamento, o diploma para a contabilização total do tempo de serviço dos professores.

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Perdeu o emprego? Cinco dicas para dar a volta por cima

Elaborar um plano de ação, avaliar as finanças pessoais, alterar o currículo e alargar a rede de contactos são alguns dos conselhos da Adecco.

Os especialistas em recrutamento não dão apenas dicas para os jovens recém-formados que procuram o primeiro emprego ou para os profissionais que querem abraçar um novo desafio profissional. Têm também conselhos para quem perdeu o seu emprego. E, se está nesta situação, pense nisto: “Os novos ciclos profissionais são sempre novas oportunidades para a sua realização pessoal e profissional. Invista neles”, começa por dizer a Adecco.

A empresa de outsourcing e recrutamento reuniu alguns especialistas e elaborou uma lista de cinco dicas que podem revelar-se úteis para quem acaba de perder o seu emprego. Saiba como dar a volta por cima à situação:

1. Decidir um plano de ação

O primeiro passo, para a Adecco, é definir um plano de ação realístico. “Avalie as suas finanças pessoais para determinar o timing em que precisará de encontrar o seu próximo emprego”, aconselha a empresa em comunicado.

“Se não tem uma licenciatura ou uma formação superior ou especializada, consideraria adaptar a sua vida para um regresso aos estudos? E que tipo de emprego iria procurar? No mesmo setor ou seria este o momento para considerar uma mudança na carreira?”, pergunta a empresa de recrutamento.

2. Atacar o currículo

A segunda dica da Adecco é sentar-se em frente ao computador e perder umas horas a olhar e a modificar o seu currículo, de modo a atualizá-lo e torná-lo mais interessante para os empregados. “Pode recorrer a amigos ou recrutadores para reverem o seu currículo”.

3. Procurar ativamente trabalho

Não será, certamente, o trabalho a encontrá-lo a si. Será precisamente o contrário. Por isso, fica a dica: “publique ativamente o seu currículo e a sua disponibilidade em plataformas de trabalho”. Igualmente importante é expandir a sua rede de contactos.

“Lembre-se que 60 a 80% dos empregos são encontrados através da sua própria rede de contactos. Fique mais ativo, procure colegas de empregos passados, diretores, amigos e familiares e participe em grupos do setor, tanto pessoalmente como no LinkedIn“, continua. No fundo, tem de “certificar-se que todos sabem que está ativamente à procura”.

4. Manter uma boa relação com o último empregador

“Se possível, mantenha uma boa relação com o seu último empregador. Poderá precisar dele como referência”, afirma a Adecco, acrescentando que é importante não culpar ninguém pela situação nem, tão pouco, cortar relações. “Concentre-se no futuro e aceite o que está feito”, aconselha.

5. Fazer uma autoavaliação

Por último, já prestes a começar um novo emprego, a empresa de recrutamento dá, ainda, mais uma dica: fazer uma espécie de autoavaliação. “Se existem razões concretas que conduziram à perda do último emprego, avalie as suas fraquezas (tanto técnicas como pessoais) e trabalhe para melhorá-las”.

Estas são, no fundo, cinco dicas que fazem jus a quem diz que perder um emprego é um momento de mudança, mas também de novas oportunidades. “Não desperdice a oportunidade, tente aproveitar para encontrar o trabalho que gosta, a carreira que ambiciona e que é mais indicada para si e para o seu futuro”, refere a Adecco.

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Desistência da barragem do Fridão terá “impacto significativo” no Orçamento do Estado

Fridão pode custar mais de 218 milhões ao OE, incluindo danos emergentes e lucros cessantes a pagar à EDP. Parecer de 2016, pedido pelo Governo, concluiu que só o Estado pode decidir sobre a barragem.

O cancelamento do projeto da barragem do Fridão pode custar bem mais de 218 milhões de euros ao Orçamento do Estado, já que além do valor pago pela EDP “a título de contrapartida financeira pela exploração” desta barragem, também deverão ser tidos em conta os “danos emergentes” e os “lucros cessantes” da empresa, tudo valores a ser contabilizados numa “justa indemnização” à elétrica. Sem um acordo entre governo e a empresa de António Mexia, esta indemnização poderá mesmo ser inevitável, já que um parecer encomendado pelo Executivo em 2016 confirma que só o Estado pode cancelar a barragem — ou seja, a responsabilidade sobre o recuo não pode recair na EDP.

A reavaliação do Plano Nacional de Barragens (PNB) avançou em 2016, tendo o governo na altura analisado as várias ramificações que esta reavaliação implicava, incluindo os aspetos jurídicos associados às diferentes opções em cima da mesa para as barragens ainda em condições de não serem construídas — Fridão, Girabolhos e Alvito. E, se as duas últimas se resolveram entretanto, a primeira pode arrastar consigo “um impacto muito significativo para o Orçamento do Estado”, mostra a análise jurídica feita ao caso do Fridão pelo próprio Executivo, que conclui também que quaisquer alterações ao projeto cabem só e apenas ao Estado.

Cabendo apenas ao executivo, lê-se na reavaliação do PNB, e findo a suspensão de três anos do projeto, restam duas opções em cima da mesa: ou há uma revogação unilateral do projeto, e o pagamento da tal “justa indemnização” à EDP, ou terá de ser negociado um encontro de vontades com a elétrica, que já disse não estar disponível para abdicar do projeto sem receber, pelo menos, os 218 milhões de euros pagos pela concessão.

A génese desta guerra pelo destino do Fridão remonta a 2016, quando, e para evitar impactos financeiros nas contas públicas, mas também porque nem EDP, nem o Ministro do Ambiente e da Transição Energética (MATE), estavam, nessa data, interessados em cancelar o projeto, as partes decidiram suspender o AH [Aproveitamento Hidroelétrico] de Fridão por três anos — prazo que terminou no passado dia 18 de abril de 2019 –, deixando o conflito a “marinar” até este ano.

Contudo, e ao longo dos três anos, o projeto foi perdendo interesse, tanto para a EDP, por razões económico-financeiras, como para o Governo, dado o elevado nível de cumprimento das metas energéticas do país. Mas a elétrica pagou os 217,8 milhões pela concessão logo em 2008, e, apesar de já ter assumido que o projeto não é tão proveitoso como se antecipava aquando do seu lançamento, diz que só abdica do mesmo se for ressarcida. Ou seja, e sem uma manifestação clara e oficial do Governo de que o projeto é para cancelar, o projeto avança mesmo não sendo tão interessante quanto há dez anos, diz a EDP.

Já no entender do MATE, a perspetiva é outra: como o desinteresse veio da EDP, não há direito a qualquer restituição, conforme apontou Matos Fernandes, ao Parlamento, em meados de abril. A leitura do Executivo é simples: como a elétrica não está interessada, o governo não se opõe ao cancelamento da barragem e não tem de pagar qualquer valor. Que é como quem diz: a responsabilidade do cancelamento de Fridão é da elétrica, e não decisão “nossa”, logo não há direito a qualquer reembolso.

“Apenas ao Estado competirá decidir”

Contudo, e apesar do jogo de palavras (e do empurra) desencadeado desde que a suspensão do projeto chegou ao fim, em abril, certo é que em 2016, no documento publicado pelo próprio ministério do Ambiente sobre a “Revisão do Programa Nacional de Barragens”, a análise feita ao projeto pensado para o Fridão deixa claras as hipóteses em cima da mesa.

Depois de analisados juridicamente os casos de Girabolhos (não execução por acordo entre as partes) e do Alvito (revogação parcial), o capítulo dedicado aos “aspetos jurídicos” da reavaliação do PNB avança para o caso de Fridão. E o Governo, tendo por base um parecer emitido pelo CEJUR — Centro de Estudos Jurídicos do Minho –, elaborado a pedido do próprio Executivo, concluiu que só existiam três saídas possíveis para esta barragem: “Revogação unilateral do contrato por iniciativa do Estado”; “Cessação por mútuo acordo”; “Suspensão/adiamento do contrato por 3 anos”.

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Nenhuma das soluções possíveis poderia assim partir por iniciativa exclusiva da EDP. Isto porque, e como cita o documento do parecer solicitado ao CEJUR, em conclusão a que o MATE diz aderir, “num cenário de alteração dos pressupostos sobre os quais a política energética foi concebida, apenas ao Estado competirá decidir, em nome do interesse público, em que medida essa eventual alteração deve refletir-se nos contratos celebrados ou em vias de celebração”.

Ou seja, esclarece o mesmo ponto: “A verificar-se uma alteração dos pressupostos sobre os quais a política energética foi concebida e os respetivos concursos para a construção dos AH foram lançados, competirá ao Estado avaliar e tomar essa decisão e não ao concessionário determiná-la.

Três hipóteses: uma foi usada, sobram duas

No documento sobre a reavaliação do PNB, são então avaliadas as três soluções possíveis para o Fridão: a revogação unilateral, uma cessação por mútuo acordo e a suspensão por três anos. Esta última foi a opção tomada, mas apenas por exclusão de partes, detalha o documento. É que em caso de “revogação unilateral”, assume o relatório do ministério, a EDP teria de ser justamente indemnizada, e não apenas com o valor pago pela concessão, como pelos danos emergentes e lucros cessantes.

“Esta solução teria impactos financeiros muito significativos no Orçamento do Estado, pelo que a sua concretização não é exequível”, conclui então o relatório.

Quanto à segunda hipótese, de “cessação por mútuo acordo”, esta “implica um encontro de vontades de ambas as partes”, algo que em 2016 ainda não era possível, já que “nem a EDP se mostra disponível de imediato para prescindir em absoluto da sua concretização, nem o Estado tem interesse em inviabilizar a sua construção de forma definitiva”, pois ainda se avaliava na altura se as metas do setor energético ficariam, ou não, comprometidas sem a AH de Fridão.

Sobrava então a suspensão por três anos, tendo esse sido o caminho escolhido por concedente e concessionário. “Existem razões supervenientes e de manifesto interesse público que determinam a suspensão do presente procedimento, por iniciativa do Estado”, conclui a reavaliação do PNB. Esta era a forma do Estado não assumir na altura “quaisquer custos pela resolução do contrato”, ganhando tempo para uma “avaliação mais apurada das consequências a nível energético pela sua não execução, adiando a solução de avançar ou de retroceder face às circunstâncias futuras”.

Mas este adiamento acabou agora. E das “hipóteses possíveis”, sobram então a revogação unilateral ou a cessação por mútuo acordo, ambas prevendo uma indemnização ou, pelo menos, um acordo com a EDP. Mas passado o prazo para a decisão, nenhuma destas opções foi assumida pelo governo, de quem a EDP diz esperar uma resposta. A elétrica, porém, já abriu a porta a um entendimento: sendo certo que só recua em caso de acordo com o executivo, a empresa já se disse disponível “para analisar em conjunto com o governo, a viabilidade de possíveis alternativas que se adequem à melhor defesa dos interesses públicos e privados em presença”.

Contactada, fonte oficial do MATE não avançou quaisquer comentários aos aspetos jurídicos apontados no relatório de reavaliação do PNB, apontado que toda a questão será devidamente esclarecida quando o ministro for ouvido no Parlamento, em data que se encontra ainda por agendar.

Cartas de desamor, quem as não tem…

Conforme o ECO já deu conta aquando da eclosão da guerra pelo Fridão entre governo e EDP, este tema tem sido discutido (ou vinha a ser) entre as partes através de cartas trocadas sobre o futuro a dar ao projeto. E nestas cartas a elétrica acaba por elencar uma série de razões que justificam o crescente desinteresse no Fridão.

Em julho de 2018, por exemplo, a EDP aponta que “o aumento do parque eletroprodutor renovável e a previsível duradoura estagnação da procura” tornam o AH Fridão “menos necessário e menos justificável”, já que o seu “impacto ambiental é considerável”, lê-se na carta. Mas há também (e sobretudo?) razões financeiras no desinteresse: “Os encargos parafiscais e administrativos que foram entretanto impostos sobre os centros eletroprodutores ordinários ou sobre o AH Fridão desde 2016″ tornam o projeto menos interessante, já que estes novos custos “impactam significativamente a capacidade financeira da EDP Produção e o perfil de risco de novos investimentos em nova capacidade de geração”.

Contudo, em local algum da carta a empresa se diz disponível para cancelar o projeto por sua iniciativa. Antes para o renegociar, de modo a encontrar-se uma solução “que se conforme melhor com o contexto atual”.

Em fevereiro último, a elétrica voltaria a escrever ao MATE, salientando novamente ser hoje “muito menos premente” construir a barragem de Fridão e estar disponível “para analisar em conjunto com o Governo, a viabilidade de possíveis alternativas que se adequem à melhor defesa dos interesses públicos e privados em presença”. Nesta missiva, a EDP saudava mesmo a intenção manifestada pelo MATE em “aprofundar uma solução” em conjunto com a elétrica, que passaria por um projeto de menor dimensão e menos impactos ambientais.

Terá sido a assunção por parte da EDP de ter um menor interesse na barragem, e também do facto de esta ser agora “muito menos premente”, que foi aproveitada pelo Governo para declarar que a barragem não avançaria por opção da elétrica, a que o Executivo não se oporia. Já em abril, antes de ir ao Parlamento anunciar que o Fridão não avançaria, foi esta interpretação que Matos Fernandes detalhou em carta à elétrica.

Em reação a esta posição governamental, a EDP lembrou que compete ao Executivo tomar uma decisão definitiva sobre o futuro da mesma, e não a si, solicitando então que o ministro “esclareça com caráter de urgência” o que vai acontecer com a barragem do Fridão, sublinhando que “não abdicará, em nenhum momento, dos seus direitos, nem dos mecanismos de que dispõe, legal e contratualmente, para a defesa dos mesmos”.

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Mansão irlandesa que hospedou estrelas (e filmes) de Hollywood está à venda por 28 milhões de euros

Hospedou Mick Jagger, Michael Jackson e Bono. Foi cenário de gravações de séries como "Vikings" e filmes como "PS I Love You". A mansão, perto de Dublin, procura agora comprador.

Localizada no Condado de Wicklow, na Irlanda, há uma mansão com mais de 800 mil metros quadrados à procura de comprador. Inserida numa área de dois hectares, a Luggala Lodge é atrativa pela sua arquitetura histórica, pela beleza dos seus jardins, mas também pelas personalidades que por lá passaram. Tudo isso conta para avaliar a mansão em 31,4 milhões de dólares (28 milhões de euros).

É considerada uma fantasia do século XVIII, inserida numa área de dois hectares no Condado de Wicklow, a menos de 30 quilómetros de Dublin. Nasceu em 1787 como um pavilhão de caça, edificada pela família de bancários La Touche. Em 1937 foi comprada por Ernest Guinness — de uma família de aristocratas, famosa por ter fundado a cerveja sueca Guinness Beer — que a ofereceu de casamento à filha. Em 1970, esta acabou por oferecê-la ao filho. Atualmente pertence a uma família de confiança, lê-se no anúncio publicado no site da imobiliária Sotheby’s International Realty.

Luggala Lodge, no Condado de Wicklow, está à venda por 28 milhões de euros.Sotheby's International Realty

Em 1996, esta propriedade com 1.802 metros quadrados sofreu obras profundas no valor de seis milhões de euros e, atualmente, está à procura de um novo dono, disposto a desembolsar 28 milhões de euros.

O imóvel principal conta com três salas de boas-vindas e outras menores, sete quartos e cinco casas de banho completas. Na parte de guestlodge há ainda outros quatro quartos que se somam a outros 16 inseridos nas sete pousadas que constituem a propriedade. Há ainda um extenso espaço verde — onde normalmente existem veados –, com acesso a um lago privado (Lough Tay), inserido numa praia de areia branca.

Esta requintada casa do século XVIII é uma “marca especial do gótico” desse século, ostentando “todos os pertences de um grande castelo”, embora em menor escala. E foram todas estas características que, ao longo dos últimos anos, atraíram bastantes personalidades: escritores como Brendan Behan, Robert Lowell, Seamus Heaney e Robert Graves, atores e diretores como John Hurt, Dennis Hopper e John Boorman e ainda músicos como The Chieftains, Mick Jagger, Marianne Faithfull, Bono e Michael Jackson.

O Lugalla Lodge serviu ainda de cenário para filmagens de vários filmes, como Sinful Davey, Zardoz, Excalibur, King Arthur, Braveheart, Animal Farm, Becoming Jane, P.S. I Love You, e séries como Camelot, The Tudors and Vikings.

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