Rio fala às 18h30. Só recuo do PSD pode evitar demissão de Costa

O líder social-democrata já tem hora marcada para falar. Cristas abriu caminho para o fim da crise política, mas esta só termina se Rui Rio recuar também.

Rui Rio fala este domingo às 18h30, no Porto, quebrando o silêncio a que se remeteu depois de António Costa ter aberto uma crise política por causa da lei dos professores. A posição do PSD será determinante para perceber se o Governo se demitirá. Só um recuo de Rio evitará a queda do Executivo, mesmo depois de Cristas ter admitido voltar atrás.

Na comissão parlamentar de Educação e Ciência, uma coligação entre PSD, CDS, BE e PCP aprovaram a contagem integral do tempo de serviço nas carreiras dos professores. O chefe do Governo informou o Presidente da República que se demite se na votação final global – que pode acontecer até 15 de maio -, os partidos repetirem as votações que fizeram em sede de especialidade.

A crise política estava instalada. Mas as posições de PSD e CDS não foram bem entendidas por todos dentro dos próprios partidos, segundo relatos da comunicação social. Este domingo de manhã, Assunção Cristas anunciou que vai levar a plenário, no momento da votação final global, parte da proposta inicial sobre os professores e que faz depender o pagamento das progressões da verificação de um conjunto de condicionalismos – crescimento económico, sustentabilidade financeira, revisão do estatuto dos docentes e do regime de aposentação. Sem estas condições aprovadas, o CDS muda o voto e admite passar de um voto a favor para um voto contra.

Este pode ser um primeiro passo para o fim da crise política – que Marcelo Rebelo de Sousa ainda não comentou -, mas não é o suficiente. Se PSD, BE e PCP mantiverem o voto a favor, a lei passa com 125 votos (contabilizando também dois do PEV). Assim, é preciso que o PSD admita voltar atrás para que a crise política termine. Se isso acontecer, BE, PCP e PEV não terão votos que cheguem para aprovar a lei.

A declaração de Rui Rio, que tem estado em silêncio desde que Costa falou – sendo o único líder partidário que não se pronunciou até agora -, é por isso aguardada com expectativa.

 

 

 

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O carro elétrico não é para todos, mas vendas disparam em Portugal

O Ecarshow juntou, pela primeira vez, num evento em Lisboa, vários fabricantes de automóveis elétricos. O ECO tentou perceber junto das marcas e utilizadores quais os desafios do mercado.

Os números não enganam. A venda de automóveis elétricos disparou em Portugal. Em 2018 venderam-se cerca de 8200 carros elétricos, quase tantos como nos sete anos anteriores desde que se iniciou a comercialização deste tipo de veículos no país. E os números não param de crescer. Só no primeiro trimestre de 2019 já foram entregues aos clientes mais de três mil.

“Isto acontece porque chegaram ao mercado novos modelos com maior autonomia e um carro — o Tesla Model 3 — que tinha reservas feitas há três anos e que neste momento está a ser entregue aos clientes”, refere ao ECO Henrique Sánchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE).

O grande desafio da eletrificação do parque automóvel

Com o aumento do número de carros elétricos em circulação nas estradas, existe uma questão que ganha importância junto dos utilizadores. “Cerca de 70% da população não tem garagem própria e, por isso, não tem possibilidade de carregar o carro. É preciso uma rede pública de carregamento rápido que permita viagens sem constrangimentos, que neste momento é insuficiente” afirma Henrique Sánchez.

O mesmo sentimento é defendido por Miguel Fialho, técnico de vendas da Renault, assumindo que a infraestrutura pública de carregamento é o grande desafio. “Os postos nem sempre estão a funcionar ou não permitem os carregamentos, o que provoca um grande constrangimento, que em certa medida, impede as pessoas de avançarem para a compra de carros elétricos”.

O Renault ZOE é um dos modelos mais vendidos em PortugalHugo Amaral/ECO

Márcio Dias, Sales Manager da Hyundai partilha da mesma opinião e acrescenta, ao ECO, que o desafio também passa pela “criação de condições junto das entidades que regulam o setor automóvel para que estes veículos possam ter incentivos à circulação, através de medidas como a criação de faixas de circulação prioritárias”.

O investimento em infraestruturas próprias

Com a falta de acompanhamento na procura dos postos de carregamento da rede pública, faria sentido os fabricantes investirem também na criação de infraestruturas de carregamento? “As marcas têm tentado implementar condições de carregamento junto dos seus concessionários, criando postos para oferecer gratuitamente aos clientes a possibilidade de carregar os seus carros. Também têm vindo a ser criadas sinergias com as empresas distribuidoras de energia para as incentivar à criação de postos”, refere Márcio Dias.

Por seu lado, Sílvia Amaral, responsável da Nissan para os veículos elétricos, lembra que a Nissan tem um programa de infraestruturas a nível europeu desde 2010, quando lançou o primeiro Leaf. “A nossa preocupação é garantir que os nossos clientes podem circular e fazer os carregamentos numa rede de postos nos concessionários da marca, mas também através de parcerias com operadores em todos os países da Europa. Em Portugal, grande parte dos concessionários têm carregadores rápidos gratuitos para os clientes Nissan. Até ao final do ano queremos ter praticamente toda a rede de concessionários coberta com carregadores”, avança ao ECO.

O Nissan Leaf tem uma autonomia anunciada de 389 km em ciclo urbano.Hugo Amaral/ECO

A Tesla é a única marca com uma rede privada de carregadores de acesso público para os seus clientes. “Em Portugal existem 120 carregadores da Tesla em seis estações, estando a sétima a ser construída na Mealhada”, diz ao ECO o presidente da UVE. “Por sua vez, as marcas alemãs Volkswagen, Audi e BMW criaram um consórcio — a IONITY — para a instalação de uma rede de postos de carregamento muito semelhante à da Tesla com carregadores até 350KWh de potência, ou seja, sete vezes mais potente que os carregadores rápidos instalados em Portugal”, acrescenta.

Viajar entre Lisboa e Porto num elétrico

A (quase) impossibilidade de viajar entre Lisboa e Porto sem paragens para carregamento ainda é uma questão levantada pelos clientes na compra de um carro elétrico, mas com tendência para desaparecer.

“Analisando a verdadeira necessidade dos clientes em termos de mobilidade Lisboa-Porto, diria que muitas pessoas, em contexto pessoal, não fazem essa viagem com tanta frequência. É de facto uma questão que já não tem tanto peso como há três ou quatro anos”, afirma o responsável da Renault.

Sílvia Amaral, da Nissan, acrescenta um dado novo, ao defender que “a utilização de carros elétricos não se adequa a toda a gente”. “A nível empresarial acredito que seja um entrave, mas a nível pessoal, se a viagem for planeada, os trinta minutos de paragem para carregamento não farão muita diferença”, sublinha.

O aumento da autonomia das baterias também atenua esse fator ao tornar “a questão do carregamento para curtas e médias distâncias um problema menor”, refere o Sales Manager da Hyundai, apoiado na autonomia anunciada de 500 km do best seller da marca, o Kauai EV.

O presidente da UVE alerta também que “o carro elétrico não é para todos. Requer uma planificação das viagens”. “Em 2016 fui com um Nissan Leaf com uma bateria de 30KWh até Marrakesh. É uma viagem que se faz, que tem de ser planificada e organizada mas é possível de ser feita”, conta.

O Tesla Model 3, que acaba de chegar ao mercado nacional, foi líder de vendas em março.Hugo Amaral/ECO

Paralelamente aos desafios ao crescimento da utilização e compra de automóveis elétricos em Portugal, Henrique Sánchez afirma que é preciso informar o público através de eventos, conferências e ações de formação. “Ainda há muita falta de informação. Existem à venda 75 modelos de carros elétricos em Portugal entre os 20 e os 200 mil euros e as pessoas não têm essa noção”, remata.

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Receber mensagens do Fisco pelo WhatsApp? Governo tem proposta em cima da mesa

  • ECO
  • 5 Maio 2019

O grupo de trabalho liderado por João Taborda da Gama para estudar estratégias de prevenção litígios entre o Fisco e os contribuintes apresentou 12 propostas ao Executivo.

“Se toda a gente fala no WhatsApp, porque é que a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) não há-de comunicar no WhatsApp? Porque é que as pessoas não recebem no seu Twitter ou no seu Instagram anúncios customizados [sobre as obrigações fiscais]?”. A pergunta é feita por João Taborda da Gama, em declarações ao Público, e resume uma das 12 propostas que enviou ao Ministério das Finanças no âmbito do grupo de trabalho para reduzir conflitos entre o Fisco e os contribuintes.

O jornal conta que ainda não se sabe se a proposta será aceite pelo Ministério das Finanças, mas lembra casos de administrações tributárias de outros países onde já são usadas aplicações de telemóvel para estabelecer a comunicação com os contribuintes que, além do Twitter, do Youtube ou do Facebook, também utilizam ou já utilizaram o Instagram (casos da Dinamarca e do Reino Unido).

Além desta, o grupo de trabalho deixou outras recomendações. Ao todo são 12. Aqui fica a lista revelada pelo Público.

  • Publicação das regras informáticas de liquidação dos vários impostos e dos manuais de avaliação dos elementos patrimoniais tributários;
  • Publicação de notas explicativas relativamente a convenções internacionais;
  • Simplificação e melhoria dos conteúdos das notificações;
  • Utilização de novos canais de comunicação (social media);
  • Avaliação da criação de um regime de horizontal de monitoring [existe na Holanda, por exemplo];
  • Reformulação e simplificação do regime de redução de coimas previsto no regime geral das infracções tributárias (RGIT);
  • Cumprimento pela autoridade tributária da jurisprudência dos tribunais superiores;
  • Uniformização do regime de litigância de má-fé;
  • Definição de um momento processual formal, no final da inspecção tributária, para regularização voluntária pelos contribuintes;
  • Introdução do direito de audição prévia no procedimento de informação vinculativas;
  • Diferimento do início da fase da cobrança coerciva para o termo do prazo de reclamação graciosa e mitigação do “solve et repete”;
  • Criação de um Serviço de Apoio e Defesa do Contribuinte.

 

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Lisboa obrigada a pagar indemnização à Web Summit se não ampliar FIL

  • ECO
  • 5 Maio 2019

O jornal Público revela um conjunto de condições a que a autarquia de Lisboa está obrigada para ficar com a organização da feira tecnológica.

A Câmara Municipal de Lisboa terá de pagar uma indemnização à Web Summit se o recinto da Feira Internacional de Lisboa (FIL) no Parque das Nações, em Lisboa, não tiver em outubro deste ano mais 13 mil metros quadrados. A revelação é feita pelo jornal Público que teve acesso ao acordo entre a autarquia e a empresa que promove a feira de tecnologia.

Segundo o jornal, o texto do acordo não refere valores para a indemnização e autarquia liderada por Fernando Medina também não esclareceu este ponto.

A FIL tem atualmente 41 mil metros quadrados e o objetivo é que venha a ter um total de 110 mil quadrados.

Este acordo foi celebrado entre o Estado, a Câmara Municipal de Lisboa, o Turismo de Portugal, a Associação de Turismo de Lisboa, a AICEP, o IAPMEI e a Connected Intelligence Limited, liderada por Paddy Cosgrave, com vista à permanência da Wb Summit em Lisboa até 2028.

Além disso, o contrato determina ainda que o primeiro-ministro ter de ir à Web Summit.

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CDS muda voto na lei dos professores se Parlamento recusar incluir condições dos centristas

CDS já tem estratégia para crise política. "Ou o Parlamento aceita as nossas condições, ou não aprovaremos qualquer pagamento", diz Cristas. Líder explicou recuo em Bruxelas.

O CDS vai levar a votos uma proposta que faz depender o pagamento do tempo integral de serviço aos professores do crescimento económico, da sustentabilidade financeira e da negociação do estatuto da carreira dos docentes e do regime de aposentação. A proposta será entregue no momento da votação final da lei dos professores. Se não for aprovada, o CDS admite mudar o seu voto na lei, invertendo assim o sentido de voto face ao que se passou na especialidade.

Esta é a resposta dos centristas à ameaça de demissão de António Costa caso a lei dos professores fosse aprovada em votação final global – o que pode acontecer até 15 de maio – tal como saiu da comissão parlamentar de Educação, e que teve o voto a favor do CDS, PSD, BE e PCP.

“Ou o Parlamento aceita as nossas condições, ou não aprovaremos qualquer pagamento. Essa é a posição de princípio do CDS desde sempre. Ou o Parlamento aceita os requisitos da nossa proposta, e eles se tornam lei, ou o CDS não dará o seu voto a qualquer compromisso. Um Governo do CDS nunca faria negociações incondicionais. Para nós a primazia do interesse geral é uma condição essencial”, diz Assunção Cristas, a líder centrista, numa declaração enviada aos jornalistas.

A presidente do CDS explica que esta alteração ainda é possível, “com a avocação da norma em causa para decisão em plenário”. “E é isso que o CDS fará”, diz, lembrando que esta é uma “prática parlamentar”.

Cristas explica mudança de posição na votação final global

Assunção Cristas recusa que se trata de um recuo. “Esta votação [a votação final global] nunca aconteceu”, disse em Bruxelas, em declarações transmitidas pela SIC, onde está numa ação de campanha com Nuno Melo, o candidato centrista às europeias de 26 de maio.

“O PS pode votar a favor das condicionantes” no plenário no momento da votação final global, desafiou, acrescentando que não sendo aprovadas as condicionantes “pela primeira vez votaremos contra”.

Questionada pelos jornalistas, em Bruxelas, a líder do CDS deu explicações sobre o processo de votações no Parlamento, na comissão de Educação. “Primeiro foi votado o ponto do tempo e só depois as condicionalidades”, tendo estas últimas sido chumbadas.

Sobre o tempo de espera para revelar o que ia fazer – nomeadamente a questão da avocação a plenário dos condicionalismos -, a presidente centrista respondeu que para si essa opção era “tão evidente”, que não achou necessário fazer o esclarecimento no final da reunião da comissão de Educação. Acrescentou que se concentrou a “desmontar a mentira” do primeiro-ministro.

Na mesma nota enviada na manhã de domingo, Cristas explica que a ideia é que o “pagamento [aos professores] só pode ser feito se estiverem reunidos os seguintes requisitos: existência de crescimento económico e garantia de sustentabilidade financeira, negociação do estatuto da carreira dos professores, incluindo a avaliação dos professores, negociação do regime de aposentações dos professores”.

Crise política não existia se PS tivesse aprovado esta proposta

A líder centrista diz que estas condições estavam na proposta do CDS desde o início e só não fazem parte do texto final que saiu da comissão de Educação, e que desencadeou a crise política, porque os partidos da esquerda parlamentar não a aprovaram, nomeadamente o PS.

“Esses requisitos existem na proposta do CDS desde o início, foram anunciados há mais de um ano e não prescindimos deles. Desde o primeiro dia que achámos que esta era a oportunidade certa para negociar o que há muito precisa de ser resolvido, e por isso mesmo colocámos esses requisitos na proposta e deles falamos desde o começo deste processo. Por outro lado, o crescimento económico é a nossa prioridade, e a sustentabilidade financeira o nosso limite.”

“A surpresa de ninguém se referir a estas exigências do CDS certamente tem a ver com o facto de terem sido chumbadas por todos os partidos da esquerda, inclusivamente pelo PS. Sim, eles constavam da nossa proposta, e sim, eles foram chumbados pelo PS. Se o PS os tivesse votado, se os tivesse viabilizado, não haveria crise política”, diz.

(Notícia atualizada às 13h37 com declarações de Assunção Cristas a partir de Bruxelas)

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Lei dos professores. Bruxelas “segue de perto” possível impacto nas contas públicas

  • Vasco Gandra, em Bruxelas
  • 5 Maio 2019

Para já a Comissão Europeia não tem "nenhum comentário específico" a fazer sobre a situação política portuguesa, nomeadamente a ameaça de demissão do primeiro-ministro.

A Comissão Europeia “segue de perto os desenvolvimentos” que tenham impacto nas finanças públicas em Portugal, apesar de não fazer “comentários específicos” sobre a crise política desencadeada por causa da lei dos professores.

Para já a Comissão Europeia não tem “nenhum comentário específico” a fazer sobre a situação política portuguesa, nomeadamente a ameaça de demissão do primeiro-ministro, nem sobre o possível impacto financeiro que a aprovação final da lei sobre a recuperação do tempo total de serviço dos professores possa ter nas contas públicas nacionais.

Um porta-voz do executivo comunitário disse ao ECO que “a Comissão segue de perto os desenvolvimentos que tenham impacto nas finanças públicas de Portugal, como para todos os Estados-membros. A análise correspondente é regularmente feita no contexto do Semestre Europeu [o processo de coordenação de políticas económicas dos Estados-membros] e, no caso de Portugal, na monitorização pós-programa”. “Novas atualizações serão feitas no devido tempo”, conclui o porta-voz.

A Comissão segue de perto os desenvolvimentos que tenham impacto nas finanças públicas de Portugal.

Porta-voz da Comissão Europeia

A Comissão deverá apresentar as suas previsões económicas da primavera na próxima terça-feira, mas a opinião e as recomendações sobre o Programa de Estabilidade e o Programa Nacional de Reformas dos Estados-membros só deverão ser divulgadas dentro de algumas semanas, isto apesar de Portugal já ter apresentado estes documentos em Bruxelas.

No Orçamento de Estado para 2019, o Governo avançou com a proposta de descongelamento das carreiras dos professores de dois anos, nove meses e 18 dias. Se a lei dos professores – que abre a porta à contagem integral do tempo de serviço: nove anos, quatro meses e dois dias — for aprovada em votação final global, Bruxelas terá de analisar a situação futura à luz desses desenvolvimentos.

O Ministério das Finanças disse que a decisão tomada quinta-feira na comissão parlamentar de Educação terá um impacto financeiro que “começará a sentir-se já de forma acentuada em 2020”, mas assumiu que a coligação negativa não terá impacto no Orçamento do Estado para este ano.

O Governo tem dito que contar na íntegra o tempo exigido pelos professores custaria ao Estado 635 milhões de euros, já descontando as aposentações de professores que devem ocorrer durante este período. Se a este se somar o custo da contagem do tempo de serviço nas restantes carreiras especiais (como por exemplo as forças de segurança), o valor total alcançará 800 milhões.

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Crise política dita desfecho incerto em dossiers quentes no Parlamento. Lei da supervisão pode ficar pelo caminho

Supervisão financeira, pacote da transparência, familygate e Lei de Bases da Saúde. Estes são alguns dos temas quentes que estão no Parlamento e cujo final depende do desfecho da crise política.

Se António Costa se demitir por causa da votação da lei dos professores, as propostas de lei do Governo que ainda não tiverem sido objeto de votação final até esse momento caem com o Executivo. É o caso da lei da supervisão financeira, da lei de bases da saúde ou da legislação laboral. A solução que Marcelo Rebelo de Sousa adotar será decisiva para perceber o que acontecerá a outros temas quentes como o pacote da transparência, a resposta ao familygate ou até à comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Uma consulta da agenda do Parlamento permite fazer um levantamento de dossiers quentes que ainda estão em curso, uns mais adiantados e outros longe da fase final da aprovação final global.

É o caso da lei da supervisão financeira, uma proposta de lei do Governo que tem como objetivo resolver uma das principais falhas apontadas ao modelo de supervisão em Portugal, e que seria concretizado através da retirada ao Banco de Portugal da função de resolução bancária. A intenção de aprovar esta lei foi anunciada no início da legislatura mas esse momento só aconteceu em março deste ano e o debate na generalidade ainda nem sequer foi agendado no Parlamento.

Apesar de António Costa não se ter demitido logo e ter decidido esperar pela votação final global da lei dos professores — o que no máximo acontecerá a 15 de maio –, este tempo não chega para desenvolver o processo legislativo da lei da supervisão financeira.

Há outros casos, também propostas de lei do Governo, cujo processo legislativo está mais adiantado, mas cujo tempo disponível será apertado. É o caso do Estatuto dos Magistrados Judiciais, onde o Governo garante que os juízes vão poder ganhar mais do que o primeiro-ministro. A discussão e votação na especialidade está marcada para a próxima quarta-feira, sendo preciso depois votar o diploma em votação final global.

A Lei de Bases da Saúde tem marcadas para a próxima semana as votações indiciárias do grupo de trabalho criado dentro da comissão parlamentar de saúde. Depois disso é preciso confirmar as votações em sede de especialidade e enviar o documento para votação final global.

O calendário até pode ser possível, mas o clima político no Parlamento está contaminado pela crise aberta com a lei dos professores o que deverá dificultar a aprovação de uma lei que não unia a esquerda, e que precisava do voto do PSD — que já se tinha disponibilizado para aprovar — para passar. No entanto, na crise dos professores, Costa escolheu Rui Rio como alvo principal.

Nesta situação estão ainda, por exemplo, a Lei de Bases da Habitação, ainda em fase de apresentação e discussão das propostas de alteração, sem votações marcadas no grupo de trabalho, e a legislação laboral. O Parlamento tem agendado para a próxima semana um debate sobre as propostas de alteração dos partidos. Se a proposta do Governo cair com a demissão do Executivo, desaparece algumas medidas de combate à precariedade como a redução do prazo para os contratos de trabalho a termo ou a criação da taxa de rotatividade para penalizar as empresas que mais recorrem ao trabalho a termo certo.

Mas se nestes casos — de propostas cujo autor é o Governo — a demissão deste dita a queda das respetivas propostas, no caso dos projetos de lei já não é assim. E aqui é também importante saber o que fará o Presidente da República, que pode aceitar a demissão do Governo, mas não dissolver o Parlamento. O Executivo fica em gestão, mas o clima político na Assembleia da República fica mais difícil para a obtenção de consensos tanto à esquerda como à direita e o PS sozinho não tem maioria.

Nesta situação estão o pacote da transparência onde o Parlamento tentava até agora um acordo sobre o regime de incompatibilidades dos deputados, nomeadamente nos casos em que os parlamentares são advogados, ou o projeto do PS — que Marcelo impôs — para limitar as nomeações de familiares no Governo.

Em curso está também o trabalho da II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco, ainda em fase de audições, e que cessa se o cenário de dissolução do Parlamento se confirmar.

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Paulo Rangel diz que Costa “anda a ver demasiadas séries”. Proposta do PSD é “responsável”

O candidato de Rio às europeias afirma que a proposta do PSD para os professores é "responsável" e garante que a direção do partido não vai andar atrás do calendário político que Costa fixou para si.

Rui Rio ainda não falou, mas Paulo Rangel já está em campo a defender o PSD dos ataques de António Costa. O candidato social-democrata às eleições europeias garantiu que o PSD tem uma proposta “responsável” para o reconhecimento integral do tempo de serviço dos professores e admite que o primeiro-ministro anda a ver “demasiadas séries” de televisão ao abrir uma crise política por causa da lei dos professores.

O líder do PSD está desde ontem em silêncio, tendo mesmo desmarcado a agenda deste sábado. Mas, entretanto, já se sabe que Rui Rio vai falar domingo, no Porto, sobre a ameaça de demissão do primeiro-ministro, mas ainda não há hora ou local confirmados. Contudo, no terreno estiveram este sábado dois sociais-democratas a fazer valer a posição do PSD.

Em declarações transmitidas pela PSD TV, Paulo Rangel não abriu o jogo sobre qual será a posição tomada pelo partido perante a ameaça de demissão do primeiro-ministro. “Temos de serenar”, disse o candidato do PSD às europeias de 26 de maio, acrescentando que a direção nacional do PSD tomará uma posição no “momento certo”. E avisando que “não no tempo dos que estão a fazer jogo político”, admitindo que António Costa ande a ver “demasiadas séries – não sei se o House of Cards ou o Borgen”, numa referência a duas séries políticas.

Rui Rio “não vai andar atrás do calendário político que o primeiro-ministro estabeleceu para si mesmo”, concluiu.

Rangel acrescentou ainda que “já tínhamos visto isto com Seguro” e “na formação do Governo” em 2015 e criticou Costa por não dramatizado quando foram os incêndios em 2017. “Os portugueses sabem bem que é confiável”, acredita.

Antes Rangel tinha argumentado que a proposta do PSD “é responsável” e tinha “uma condicionalidade”, ao fazer depender o pagamento do tempo completo aos professores de varáveis económicas. Esta condições não fazem parte do texto final da lei dos professores porque chumbaram durante a votação na especialidade.

Na RTP 3, a deputada do PSD Margarida Mano, que conduziu as votações deste diploma, também não quis abrir o jogo sobre a posição final do partido no momento da votação final global — até 15 de maio. “Até à votação final vai acontecer muita coisa”, disse, embora tenha admitido que o texto final que a comissão de Educação enviou aos deputados está “de uma maneira geral correta”.

“Esta é talvez a maior campanha de desinformação”, disse, numa crítica ao primeiro-ministro.

(Notícia atualizada)

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Comissão Juncker pode ter de manter-se em funções além de outubro

  • Lusa
  • 4 Maio 2019

Um novo equilíbrio de forças partidárias saído das eleições marcadas para entre 23 e 26 de maio e o calendário do Brexit alimentam a ideia de que seja difícil um acordo para o novo presidente.

O resultado das eleições europeias poderá forçar a Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker a permanecer em funções além da data de final do seu mandato, 31 de outubro, face às previsíveis dificuldades na formação do novo executivo comunitário.

A mais que provável reconfiguração da assembleia europeia, que deverá passar a conhecer um novo equilíbrio de forças em função dos resultados dos sufrágios que se realizarão nos 28 Estados-membros entre 23 e 26 de maio, poderá dificultar a indispensável aprovação, pelo Parlamento Europeu, do sucessor de Juncker e restante equipa, mas outros fatores alimentam um cenário que é encarado por muitos como provável, o de a atual Comissão não cessar funções no final de outubro.

Também as dúvidas em torno da real aplicação do modelo “Spitzenkandidaten”, o processo de designação do futuro presidente da Comissão entre os candidatos principais apresentados pelas famílias políticas europeias, que o Conselho Europeu (Estados-membros) parece estar tentado a deixar “cair”, e a nova data indicativa para o ‘Brexit’, precisamente 31 de outubro – que poderá sempre vir a conhecer terceira extensão – contribuem para a forte possibilidade de a futura Comissão não estar pronta a assumir funções em 1 de novembro de 2019.

Os Tratados que estipulam o funcionamento da UE determinam que o colégio da Comissão deve permanecer em funções e continuar a gerir os assuntos correntes até à sua substituição, e foi isso que aconteceu, por exemplo, em 2004, por ocasião do primeiro mandato de José Manuel Durão Barroso.

Face à ameaça de um iminente e inédito chumbo do Parlamento Europeu à sua equipa de comissários – na sequência de polémicas declarações do comissário indigitado italiano Rocco Buttiglione -, Durão Barroso, no próprio dia da votação na assembleia, em Estrasburgo, em 27 de outubro, decidiu “recuar” e proceder a uma pequena remodelação da sua equipa, o que levou a que o seu primeiro mandato começasse com três semanas de atraso, a 22 de novembro e não 01 de novembro, tendo o anterior executivo ficado em gestão nesse período.

Desta feita, as probabilidades de o nome do futuro presidente da Comissão e de os comissários designados pelo próprio (com base em recomendações dos governos nacionais) conhecer dificuldades para alcançar a maioria no futuro Parlamento Europeu parecem ainda maiores, já que as sondagens apontam para a hipótese de as duas maiores famílias políticas, os conservadores do Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas Europeus, deixarem de ter a maioria na assembleia, face à ascensão de outras forças políticas.

Preponderante na assembleia europeia desde 1999, o PPE ocupou, nesta legislatura, a maior bancada do hemiciclo, com os seus 217 eurodeputados a representarem 28,9% do Parlamento Europeu e a serem diretamente ‘responsáveis’ pela escolha do presidente da instituição, o italiano Antonio Tajani, mas também pelo da Comissão Europeia, o conservador luxemburguês Juncker.

Na correlação de forças no hemiciclo há muito que a bancada socialista é a ‘parceira’ habitual do PPE, com as decisões maioritárias, designadamente sobre os lugares de topo na arquitetura da UE, a serem tomadas pelas duas grandes famílias políticas europeias, sem necessidade de recorrer a terceiros – atualmente o Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) tem 186 eurodeputados e os dois atingem uma maioria de 403 em 751.

O nome do presidente da Comissão – proposto pelo Conselho tendo em conta os resultados das eleições europeias, mas, segundo os Tratados, não forçosamente entre os “Spitzenkandidaten” – tem de ser aprovado por uma maioria absoluta do Parlamento Europeu (metade dos eurodeputados mais um), e, após designados os comissários (e respetivas audições perante as comissões parlamentares competentes), a Comissão como um todo também tem de merecer o aval da assembleia.

Também o adiamento do ‘Brexit’, que se deveria ter concretizado em 29 de março passado, vai certamente “baralhar” as contas do futuro Parlamento Europeu, até porque, se se confirmar a consumação da saída do Reino Unido do bloco europeu em 31 de outubro, tal significará uma mudança no equilíbrio de forças na assembleia três meses após o início da legislatura, já que os 73 eurodeputados britânicos eleitos abandonariam o Parlamento.

Com todos estes cenários hipotéticos em cima da mesa, a Comissão Europeia rejeita para já pronunciar-se sobre a possibilidade de ter de ficar em funções além de 31 de outubro, tendo o principal porta-voz do executivo, Margaritis Schinas, afirmado à Lusa que essa é a data legal do final do mandato da “Comissão Juncker”, pelo que não comenta “especulações ou outras hipóteses e cenários alternativos”.

No entanto, várias fontes europeias contactadas pela Lusa dão como bastante provável o “cenário alternativo” de a Comissão Juncker não concluir o seu mandato em 31 de outubro próximo.

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Europeias: PS na frente com 34%, mais 6,9 pontos do que o PSD

  • Lusa
  • 4 Maio 2019

Estudo da Eurosondagem foi feito entre os dias 28 de abril e 2 de maio, antes da crise política aberta com a aprovação na especialidade do diploma que devolve todo o tempo de serviço aos professores.

O PS venceria as eleições europeias, se fossem hoje, com 34% dos votos, mais 6,9 pontos percentuais do que o PSD, com 27,1%, revela um estudo da Eurosondagem para o Sol e o Porto Canal.

A sondagem realizada entre os dias 28 de abril e 02 de maio, antes da crise política aberta com a aprovação na especialidade do diploma que devolve todo o tempo de serviço congelado aos professores, e que levou à ameaça de demissão do Governo, dá entre nove e 10 deputados aos socialistas e entre sete e oito aos sociais-democratas.

A CDU é a terceira força política mais votada com 8,1% e dois mandatos no Parlamento Europeu.

O Bloco de Esquerda e o CDS-PP surgem empatados com 7,1% e entre um e dois eurodeputados.

Também empatados nesta sondagem estão o PAN e a Aliança, ambos com 3,3% e entre zero e um deputado ao Parlamento Europeu.

O erro máximo da amostra é de 2,19%, para um grau de probabilidade de 95,0%.

Este estudo, para o Sol, Porto Canal, Diário de Notícias da Madeira e Diário Insular dos Açores, resulta de 2.010 entrevistas telefónicas validadas, realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados, para telemóveis e telefones da rede fixa.

O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal continental e regiões autónomas.

A última sondagem das europeias, da autoria da Aximage e publicada em 18 de abril pelo Correio da Manhã e Jornal de Negócios, dava um empate técnico entre PS e PSD nas intenções de voto.

O PS recolhia 33,6%, o PSD em segundo com 31,1% e, apesar de estarem separados por 2,5 pontos percentuais, este resultado é considerado empate técnico dado que este valor está dentro da margem de erro do estudo (4%).

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Texto da lei dos professores que pode ditar queda de Costa já existe

É este texto que vai voltar a ser votado e que poderá dar origem à demissão do Governo de António Costa. Os serviços da comissão de Educação já enviaram o texto aos deputados.

Os deputados já têm nas mãos o texto final que pode ditar a queda do Governo de Costa. Na quinta-feira, uma coligação entre o PSD, CDS, Bloco de Esquerda e PCP aprovou a contabilização integral do tempo de serviço dos professores. O primeiro-ministro diz que se demite se este texto for aprovado em votação final global. A distribuição do texto aumenta a pressão para que Rui Rio tome uma posição sobre a crise política.

O texto final a que o ECO teve acesso revela no essencial aquilo que se sabia até agora. São estes os pontos essenciais do texto que saiu da comissão parlamentar de Educação:

  • Além dos dois anos, nove meses e 18 dias, será contado todo o tempo de serviço na carreira dos professores, “num total de 3411 dias“.
  • Para cada um destes períodos foram admitidos momentos diferentes para o início do pagamento. Quanto ao momento em que o pagamento termina não há qualquer referência para o caso dos mais de nove anos, remetendo para um processo negocial. No caso dos dois anos, nove meses e 18 dias o texto final deixa uma indicação dos tempos de início e fim mas deixa margem para que o processo negocial possa alterar este calendário.
  • A partir de 1 de janeiro deste ano são contabilizados os dois anos, nove meses e 18 dias, podendo as negociações entre Governo e sindicatos decidir uma data contrária.
  • O Governo tem de acomodar o montante necessário para proceder a este pagamento no Orçamento do Estado de 2019. O que não for possível pagar este ano será inscrito no OE 2020. “As verbas em falta são inscritas no Orçamento do Estado de 2020 e pagas com efeitos retroativos a 1 de janeiro de 2019”, diz a norma transitória. Se este for o calendário seguido no processo negocial com os sindicatos, os dois anos, nove meses e 18 dias podem ser pagos num ano ou em dois.
  • Já o restante para perfazer os nove anos, quatro meses e dias começa a refletir-se na carreira dos professores em 2020, arrastando-se para os anos seguintes, a definir com sindicatos.
  • O texto final não faz qualquer referência às condições económicas e financeiras do país para concretizar o pagamento do tempo de serviço que esteve congelado.

Depois da aprovação deste texto, que ocorreu na passada quinta-feira, os partidos têm agora de validar a redação do texto (um processo que serve para detetar gralhas, falhas, erros de concordância, mas não para introduzir propostas de alteração com substância). De seguida, o texto é enviado pelos serviços da comissão parlamentar de Educação para o plenário, a fim de proceder à votação final global.

(Notícia atualizada)

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Afinal quanto custa contar todo o tempo de serviço dos professores?

A aprovação por uma 'coligação negativa' da contagem integral do tempo de serviço gerou uma crise política. Mas há questões e incongruências nas contas do Governo aos custos envolvidos.

Em setembro de 2017, quando negociava com os partidos o descongelamento das carreiras dos funcionários públicos, o Governo avisou o Bloco de Esquerda e o PCP que a contagem do tempo de serviço dos professores era incomportável: a lei estava do lado do Governo para não contar o tempo congelado, e contar este tempo custaria à volta de mil milhões de euros. Passado ano e meio, já depois de ceder parcialmente e contar cerca de um terço do exigido pelos sindicatos, uma ‘coligação negativa’ no Parlamento vai forçar o Governo a dar aos professores o que nas suas próprias contas custa 800 milhões de euros. Mas há quem questione as contas.

Para explicar quanto custa a contagem integral do tempo de serviço das carreiras dos professores e das restantes carreiras especiais, e a dimensão do impacto nas contas públicas, o Governo tem usado como termo de comparação o custo do descongelamento das carreiras que se iniciou em 2018, de forma faseada. Mas o Governo tem usado cálculos diferentes, que influenciam a forma como se olha para estes números.

Na forma como o Governo faz as contas, o tempo de contagem dos professores fica mais caro que o descongelamento de carreiras para toda a Função Pública. Mas não é.

Quanto custa o descongelamento das carreiras iniciado em 2018?

Segundo as contas do Governo, as palavras do ministro das Finanças e do primeiro-ministro, repetidas várias vezes em discursos no Parlamento, intervenções públicas e documentos oficiais escritos — como comunicados do Governo, Programa de Estabilidade e Orçamentos de Estado -, este descongelamento custaria em velocidade cruzeiro cerca de 600 milhões de euros anuais.

O Governo disse-o aos partidos em setembro de 2017 durante as negociações do orçamento, disse-o aos sindicatos nesse mesmo mês, o ministro das Finanças e primeiro-ministro repetiram-no no Parlamento, inscreveram o valor num comunicado oficial após a reunião com os sindicatos, e voltaram a fazê-lo (entre outros) nas últimas contas enviadas esta terça-feira ao Parlamento e à comunicação social.

“Os dados demonstram que o descongelamento das carreiras é um processo complexo, pois incide sobre uma enorme diversidade de situações. O processo de congelamento teve a duração de sete anos e o impacto orçamental do descongelamento estima-se superior a 600 milhões de euros”, lê-se na nota das Finanças de setembro de 2017.

O valor sofreu alguns ajustes com o tempo, mas reduzidos. No esclarecimento do Ministério das Finanças desta terça-feira, o Governo diz que “os custos do descongelamento da carreira correspondem a um aumento da despesa de 574 milhões de euros por ano até 2023, face ao cenário de congelamento”.

Nas contas que apresentou no Programa de Estabilidade de 2018, as primeiras contas oficiais depois das mudanças feitas no Parlamento, o Governo estimava em 592,1 milhões de euros o custo deste descongelamento, mas já descontando tudo o que o Estado receberia em receita por estes salários aumentarem: 321,3 milhões de euros em contribuições para a Segurança Social; 126,1 milhões de euros em IRS. O valor bruto seria muito mais elevado.

  • Valor bruto: 1.039,5 milhões de euros.
  • Descontando as contribuições para a Segurança Social: 718,2 milhões de euros.
  • Descontando o IRS: 913,4 milhões de euros.
  • Valor líquido: 592,1 milhões de euros.

Quanto custa contar dois anos, nove meses e 18 dias?

Quando o Governo avançou com a proposta de descongelamento das carreiras na proposta de orçamento do Estado para 2018 (em outubro de 2017), depois de longas negociações com o PCP e o Bloco de Esquerda, nada ficou previsto relativamente à contagem do tempo de serviço dos professores e das restantes carreiras especiais. Mas durante o processo de especialidade, o PS apresentou uma proposta para o Governo avançasse para a negociação com os sindicatos para “definir o prazo e o modo para a sua concretização, tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com os recursos disponíveis”.

A proposta do PS foi aprovada com os votos a favor de todos os partidos à esquerda, e a abstenção do PSD e do CDS-PP. Era assinada por Carlos César, líder parlamentar e presidente do PS, João Paulo Correia, atual coordenador para a área orçamental da bancada socialista, e João Galamba, na altura deputado e agora secretário de Estado da Energia.

O Governo encetou negociações com os sindicatos dos professores, mas estes não cederam: queriam a contagem de todo o tempo de serviço. Nove anos, quatro meses e dois dias, dos dois congelamentos decididos em 2005 (primeiros dois anos) e a partir de 2011 (restantes sete anos), ambos nos governos liderados por José Sócrates. O Governo fez uma proposta para contar dois anos, nove meses e 18 dias, e dessa proposta não se moveu mais também. Já depois de fechadas as negociações, o PSD voltou a ressuscita a norma do orçamento de 2018, da autoria do PS, e coloca-a no orçamento de 2019, agora com o apoio do CDS-PP, do PCP e do Bloco de Esquerda.

Esta norma levou a uma nova ronda negocial do Governo com os sindicatos dos professores, mas o resultado é o mesmo e o Governo aprova o decreto-lei com os mesmos dois anos, nove meses e 18 dias com que havia fechado as negociações. É esta decisão que leva os partidos a pedirem a apreciação parlamentar do decreto-lei – concretizando a ameaça que já tinham feito durante a discussão do orçamento – e que agora garante a consagração dos nove anos, quatro meses e dois dias como principio e a contabilização, com efeitos a 1 de janeiro de 2019 da primeira parcela, os dois anos, nove meses e 18 dias. As contas do Governo neste ponto também diferem da oposição.

  • Contas do Governo com o faseamento previsto no decreto-lei: 20 milhões de euros em 2019, 40 milhões de euros com as restantes carreiras especiais.
  • Contas do Governo das propostas dos partidos já aprovadas: 196 milhões de euros por ano a partir de 2019, com retroativos se forem pagos apenas em 2020.
  • Contas do Governo diferença entre as propostas: 176 milhões de euros.
  • Contas do PSD: Cerca de um terço dos 176 milhões de euros, porque desconta aposentações.

Quanto custa contar os nove anos, quatro meses e dois dias?

Nas contas do Governo, contar o tempo exigido pelos professores – o princípio que foi aprovado por todos os partidos no Parlamento, com exceção do PS – custaria ao Estado 635 milhões de euros, já descontando as aposentações de professores que devem ocorrer durante este período. Este é o valor que tem sido usado pelo Governo. Quando a este se soma o custo da contagem do tempo de serviço nas restantes carreiras especiais (como por exemplo as forças de segurança), o valor total sobe para 800 milhões.

Mas estas contas já são feitas tendo por base um entendimento diferente da parte do Governo. Quando decidiu o congelamento das carreiras em 2018, o Governo entendeu que o que interessava era o custo líquido da medida (já retirando o que recebia de volta em receitas para a Segurança Social e em IRS), agora o Governo entende que as contribuições para a Segurança Social têm de ser contadas como custo no que diz respeito aos professores e restantes carreiras especiais.

“As despesas incluem contribuições da entidade patronal para a Segurança Social porque estas afetam as despesas com pessoal e o seu ritmo de crescimento. A receita com os encargos da Segurança Social constitui receita da Segurança Social, pertence aos trabalhadores e está consignada às pensões e apoios sociais dos próprios contribuintes, que também irão refletir o aumento de descontos. A receita da Segurança Social não é para financiar o Estado e os serviços públicos. No que toca à ADSE, é um subsistema de saúde voluntário e as contribuições também estão ligadas a determinado serviço”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério das Finanças às redações a 30 de abril.

Apesar deste entendimento, o Ministério das Finanças continua a usar o valor líquido (mais baixo por não incluir as contribuições para a Segurança Social) do descongelamento das carreiras de 2018 quando o compara com o custo do descongelamento de carreiras dos professores e restantes carreiras especiais, o que faz com que o custo de recuperar o tempo de serviço dos professores seja mais alto. O Ministério das Finanças não publicou dados sobre o custo da contagem do tempo de serviço líquido de contribuições para a Segurança Social.

Como comparam estes valores?

  • Descongelamento de carreiras de 2018 líquido de contribuições para a Segurança Social e IRS: 592,1 milhões de euros.
  • Descongelamento de carreira incluindo o custo das contribuições para a Segurança Social: 718,2 milhões de euros.
  • Contagem integral do tempo de serviço dos professores incluindo o custo das contribuições para a Segurança Social: 635 milhões de euros
  • Todas as carreiras especiais: 800 milhões de euros.

Há dinheiro no orçamento para pagar já os dois anos, nove meses e 18 dias?

Na terça-feira, quando foi ouvido na comissão parlamentar de educação, o ministro das Finanças não foi claro sequer se o custo da contagem faseada prevista pelo Governo destes dois anos e nove meses já estariam previstos, mas disse que havia margem para fazer o pagamento.

“O custo [em 2019 da contagem de cerca de um terço do tempo de serviço] são 40 milhões de euros. Estão orçamentados ou são suportados dentro deste orçamento, porque evidentemente existe flexibilidade”, disse o ministro.

Para o valor total dos dois anos e nove meses (que nas contas do Governo custam 196 milhões de euros), o entendimento do Executivo é que as propostas violavam a ‘norma travão’ incluída na Constituição, antes das mudanças feitas durante a Comissão. Depois da reunião, o PS continuou a levantar questões sobre a constitucionalidade e o Governo convocou uma reunião do seu núcleo duro.

Caso tudo corra como previsto no Programa de Estabilidade, estes 196 milhões de euros representariam pouco menos de agravamento do défice de 0,1% do PIB, o que colocaria a meta nos 0,3%, ainda dentro da margem de segurança e longe de violar as regras orçamentais europeias. Mas a estes 196 milhões de euros teriam de ser descontados as receitas para a Segurança Social, que também contam como receita das administrações públicas nas contas do défice.

A 3 de maio, no dia em que Costa anunciou que se demitirá se o Parlamento aprovar a contagem integral do tempo de serviço, o Ministério das Finanças avançou que a medida implica um aumento de despesa de 40 milhões este ano (o mesmo que estava previsto no OE 2019) e de 581 milhões de euros já em 2020. Este acréscimo previsto para o próximo ano tem em conta 200 milhões de euros que vêm de 2019, 240 milhões do decreto do Governo (dos dois anos, nove meses e 18 dias) pagos todos em 2020 e 141 milhões de euros da contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias. Sobre esta última parcela Mário Centeno assumiu que será pago um quarto do total.

E as contas do défice com a contagem integral do tempo de serviço?

Se tivéssemos em conta os 800 milhões de euros anuais que o Governo estima que custe a reposição de todo o tempo de serviço, o agravamento anual do défice seria de cerca de 0,4% do PIB todos os anos. Mas estas contas têm várias nuances. A primeira destas é a evolução do Produto Interno Bruto, que se espera que aumente nos próximos anos e assim o rácio do défice baixaria apenas por essa via.

O segundo fator a ter em conta é, mais uma vez, o valor das contribuições para a Segurança Social. Nestes 800 milhões de euros, o Governo tem incluído o custo de pagar estas contribuições e a contribuição para a ADSE. No entanto, como é receita da Segurança Social e da ADSE, também é receita das administrações públicas, fazendo assim baixar o défice. Logo, o impacto no défice seria sempre inferior aos 800 milhões de euros, ou cerca de 0,4% do PIB.

O primeiro impacto pode fazer-se sentir já em 2019, mesmo sem o pagamento ser feito. Como lembrou Mário Centeno esta sexta-feira, em entrevista à SIC, como o compromisso para pagar os dois anos, nove meses e 18 dias é assumido em 2019 ele tem de ser registado no défice de 2019, mesmo que só venha a ser pago em 2020. Esta é uma questão que terá de ser avaliada pelas autoridades estatísticas e, mais tarde, pelos serviços da Comissão Europeia no que diz respeito à avaliação do cumprimento das regras orçamentais.

Mas não havendo lugar a pagamento este ano além do que está previsto no orçamento, não há qualquer necessidade de fazer um retificativo, porque não há aumento da despesa efetiva.

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