Risco de pobreza em Portugal superior à média da UE

Segundo o Eurostat, 21,6% da população portuguesa estava em risco de pobreza o ano passado, uma percentagem superior à União Europeia (21,1%). Mulheres são as mais afetadas.

No final do ano passado, 21,1% da população da União Europeia (UE), estava em risco de pobreza ou exclusão social, o que equivale a 92,4 milhões de pessoas. Portugal está ligeiramente acima dessa média (21,6%), segundo os dados divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat.

O gabinete de estatísticas europeu indica que mais de um quarto da população estava em risco de pobreza ou exclusão social em sete estados membros, em 2019: Bulgária (32,5%), Roménia (31,2%), Grécia (30,0%), Itália e Letónia (ambos 27,3% – dados da Itália são referentes a 2018), Lituânia (26,3%) e Espanha (25,3%).

No outro extremo da tabela, com as menores taxas de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social, foram observadas na República Checa (12,5%), Eslovénia (14,4%), Finlândia (15,6%), Dinamarca (16,3%), Eslováquia (16,4%), Países Baixos (16,5%) e Áustria (16,9%).

Considerando apenas a questão financeira, 16,5% da população da UE estava, no ano passado, em risco de pobreza, contra 16,8% em 2018. Isto significa que cerca de uma em cada seis pessoas na União Europeia vive em risco de pobreza monetária.

No que toca ao género, a nível da União Europeia o risco de pobreza difere igualmente entre homens e mulheres, tendo em conta que no período analisado 20,2% dos homens empregados estava em risco de pobreza, em comparação com 22% das mulheres. Em relação a Portugal, a tendência é exatamente a mesma, afeta 22,2% das mulheres e 20,8% dos homens.

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ERSE assume quebra de 73 milhões nos CMEC da EDP para travar aumento da luz em 2021

Na proposta tarifária, a ERSE diz que o aumento do sobrecusto com as renováveis e a central a carvão do Pego foi compensado por um despacho do Governo que anula pagamentos dos CMEC feitos à EDP.

Depois de a ERSE ter anunciado que a sua proposta para 2021 passa por um congelamento das tarifas de eletricidade no mercado regulado para 2021, a EDP veio esclarecer esta sexta-feira em comunicado enviado à CMVM que para chegar a esta variação nula o regulador incluiu nas suas contas o “apuramento das sobrecompensações das centrais CMEC”, abrangidas por contratos de manutenção do equilíbrio contratual.

Este último aspeto reporta-se ao montante de 72,9 milhões de euros alegadamente indevido à EDP pela operação daquelas centrais no mercado de serviços de sistema no período de 2009-2013″, sublinhou a EDP em comunicado, acrescentando que, “no comunicado de imprensa sobre a proposta de tarifas de 2021, a ERSE informa que o secretário de Estado da Energia procedeu à homologação, por Despacho, da revisibilidade anual dos CMEC de 2015″.

Ao ECO/Capital Verde o Governo confirma oefeito positivo nos valores estimados para as tarifas de acesso às redes a aplicar em 2021″, já o valor de 73 milhões foi deduzido ao valor da revisibilidade anual CMEC relativa ao ano de 2015, que se encontra refletido nos CIEG”.

Na sua proposta tarifária, o regulador explica que o incremento dos custos de interesse económico geral (CIEG), sobretudo no que diz respeito ao sobrecusto com as renováveis e com as centrais, como a do Pego (a carvão), ainda com contratos de aquisição de energia (CAE) — por causa do aumento do diferencial de custo face aos preços em forte queda no mercado grossista — foi parcialmente compensado pelos montantes associados a medidas mitigadoras e de sustentabilidade alocados à redução desses custos”.

Entre elas, refere a ERSE, está o despacho de declaração de nulidade parcial do cálculo dos ajustamentos anuais dos CMEC e respetivos atos homologatórios (aspeto inovatório da disponibilidade dessas centrais), e ainda o despacho relativo ao apuramento das sobrecompensações das centrais CMEC e à homologação da revisibilidade anual de 2015.

Na prática trata-se da aplicação na proposta tarifária da ERSE para 2021 do despacho assinado pelo secretário de Estado João Galamba, que declarou a nulidade de parte dos pagamentos feitos à EDP, ao abrigo dos CMEC, uma decisão que a EDP está a contestar em tribunal. No ano passado, a Autoridade da Concorrência condenou a EDP por abuso de posição dominante na produção de energia, tendo beneficiado injustamente de 73 milhões de euros, e multou a empresa em 48 milhões. A decisão levou o secretário de Estado da Energia, João Galamba, a solicitar um parecer ao Conselho Consultivo da PGR, que agora foi publicado em Diário da República.

Agora, e com o processo ainda a decorrer em tribunal, esse mesmo valor entrou para as contas da ERSE na sua proposta tarifária para 2021. Fonte do Ministério do Ambiente e da Ação Climática esclarece que o parecer refere “que o abatimento da sobrecompensação pode ser efetuado em qualquer dos ajustamentos anuais subsequentes que ainda não foram objeto de homologação expressa ou tácita, não tendo condicionado esse abatimento ao resultado da contestação da EDP em tribunal”.

Por várias vezes o Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, já disse que “as compensações a que houver lugar [por via dos CMEC da EDP] serão repercutidas nas tarifas em benefício dos consumidores de eletricidade” Além disso, diz fonte do MAAC, o parecer da PGR vem apenas esclarecer que “o valor de sobrecompensação apurado não deverá ser repercutido no âmbito da revisibilidade final dos CMEC, calculada em 2017, mas sim numa das revisibilidades anuais CMEC que ainda não foram objeto de homologação expressa ou tácita, como foi o caso da de 2015, agora objeto de homologação com dedução dos mencionados valores”.

À CMVM, a EDP informou ainda que a ERSE deu conta na sua proposta tarifária para 2021 de proveitos regulados de 1.024 milhões para a atividade de operação da rede de distribuição, desenvolvida pela EDP Distribuição. E também proveitos regulados de 34 milhões de euros para o comercializador de último recurso (SU Eletricidade), que também faz parte do grupo EDP.

“Em ambos os casos, os proveitos regulados excluem ajustamentos de anos anteriores. De acordo com a proposta da ERSE, prevê-se que o montante de ativos regulatórios para o sistema elétrico em Portugal se mantenha estável em 2020, face a 2019, e diminua 0,6 mil milhões de euros durante o ano de 2021, para um montante inferior 3 mil milhões (incluindo a recuperação de desvios tarifários em anos anteriores)”, diz a EDP no mesmo comunicado.

(Notícia atualizada a 22 de outubro com declarações de fonte oficial do Ministério do Ambiente e Ação Climática)

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Empresas afetadas pelos fogos podem usar apoios até dezembro de 2021

Os beneficiários têm se apresentar um pedido fundamentado à respetiva CCDR e, no máximo, terão até 31 de dezembro de 2021, para executar o projeto.

O Governo decidiu dar mais tempo às empresas para poderem usar os apoios para repor a sua capacidade produtiva na sequências dos incêndios de 2017. Com mais de 25 milhões de euros ainda por executar, e num contexto de pandemia, o prazo foi estendido até dezembro de 2021, de acordo com o decreto-lei publicado esta sexta-feira em Diário da República.

O Sistema de Apoio à Reposição da Competitividade e Capacidades Produtivas foi criado em novembro de 2017 com o objetivo de permitir o restabelecimento rápido das condições de produção das empresas diretamente afetadas pelos incêndios de 15 de outubro desse ano e que afetaram particularmente vários concelhos das regiões Centro e Norte.

As empresas tinham 18 meses para executar os seus projetos, com a possibilidade de estender o prazo por mais seis meses se houvesse justificação para tal. Em outubro de 2019 o prazo para a execução destes apoios foi estendido, por mis seis meses, tendo em conta o “nível de destruição das instalações das empresas afetadas” mas agora, com a pandemia de coronavírus, o Governo decidiu voltar a prorrogar o prazo “no máximo, até 31 de dezembro de 2021, após autorização da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional respetiva”.

Dos 105 milhões aprovados, chegaram às empresas apenas 80 milhões, noticiou na quarta-feira o Público (acesso condicionado). As empresas recebiam 20% das verbas do projeto em adiantamento, mas depois tinham de apresentar faturas para serem reembolsadas, mas com a pandemia muitas estão a reavaliar os investimentos previstos. O abrandamento da economia mas também a lentidão dos processos e procedimentos de licenciamento, execução de obras e encomendas de equipamentos podem justificar a prorrogação excecional do prazo para a conclusão dos investimentos afetados pela pandemia

Os beneficiários têm se apresentar um pedido fundamentado à respetiva CCDR e, no máximo, terão até 31 de dezembro de 2021, para executar o projeto.

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Taxa de inflação anual recua em setembro na Zona Euro e UE

  • Lusa e ECO
  • 16 Outubro 2020

Portugal observou a 6.ª taxa de inflação mais baixa dos Estados-membros em setembro, situando-se nos 0,8% negativos. A Polónia aparece com a inflação mais alta, quase nos 4%.

Os preços do consumidor voltaram a cair em setembro, estando mesmo num patamar negativo na Zona Euro pelo segundo mês consecutivo. De acordo com os dados do Eurostat, a taxa de inflação anual recuou para os -0,3% na Zona Euro e para os 0,3% na União Europeia (UE).

Na Zona Euro, a inflação anual observou pelo segundo mês consecutivo valores negativos (-0,3%), que comparam com os -0,25 de agosto e os 0,8% de setembro de 2019. Por sua vez, na UE, a taxa de inflação desceu para os 0,3%, face aos 0,4% do mês anterior e aos 1,2% do homólogo.

De acordo com o gabinete estatístico europeu, houve 12 Estados-membros a registarem inflações negativas no nono mês do ano. No topo da tabela está a Grécia, com uma taxa de -2,3%, seguida do Chipre (-1,9%) e da Estónia (-1,3%). Portugal aparece com a 6.ª taxa mais baixa: -0,8%.

Evolução da taxa de inflação anual em setembro

Taxa de inflação anual em setembro | Fonte: EurostatEurostat

Por outro lado, as taxas de inflação mais altas observaram-se na Polónia (3,8%), Hungria (3,4%) e República Checa (3,3%).

Comparando com agosto, a inflação anual recuou em 13 Estados-membros, manteve-se estável em sete e subiu noutros sete.

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Pedidos ao Banco Alimentar voltam a aumentar. Milhares de pessoas dependem da Caritas

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

O número de pedidos de ajuda feitos ao Banco Alimentar voltou a aumentar em setembro, ultrapassando os 30 por dia. Há milhares de pessoas a depender da Caritas para comer e pagar contas.

O número de pedidos de ajuda feitos à Rede de Emergência Alimentar voltou a aumentar em setembro, ultrapassando os 30 por dia, uma tendência que leva a presidente do Banco Alimentar a alertar para o risco de uma rutura social.

Em entrevista à Lusa, por ocasião do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala no dia 17 de outubro, a presidente do Banco Alimentar contra a Fome (BA) adiantou que a Rede de Emergência Alimentar, criada em março para dar resposta aos pedidos de ajuda na sequência da pandemia, voltou a registar um aumento de procura.

Desde a última semana de setembro vemos que há outra vez um agravamento no número de pedidos de apoio, seja porque as pessoas voltaram a ficar sem emprego, porque trabalhavam no setor da restauração, hotelaria, mais ligado ao turismo, seja porque a situação de lay-off prolongou-se e muitas pessoas continuam em casa sem poder regressar ao emprego e ter um salário inteiro”, aponta Isabel Jonet.

O número de pedidos de ajuda diário está muito longe dos cerca de 350 que chegavam todos os dias no início do estado de emergência às linhas telefónicas do call-center criado propositadamente para atender todas as pessoas que ligavam “desesperadas” porque “de repente ficaram sem qualquer remuneração e foram atiradas para uma situação de pobreza”.

Os dados recolhidos através da Rede de Emergência, criada a 19 de março, mostram que logo a seguir ao fecho da economia, entre final de março e abril, chegavam cerca de 350 pedidos de ajuda por dia, o que representou um acréscimo de cerca de 60 mil pessoas em relação às 380 mil apoiadas pelos 21 Bancos Alimentares de todo o país antes da pandemia, através de 2.600 instituições sociais.

De acordo com Isabel Jonet, esse número depois abranda em julho e agosto, e reduz para uma média de 30 a 35 pedidos de ajuda por dia, “quando abriu um pouco o turismo e voltou a haver oxigénio”, número que em setembro começa novamente a aumentar, com dias a registar 40 ou 45 pedidos. No mês de outubro, a média tem sido de 31 pedidos de ajuda por dia, mas na última semana, por exemplo, houve dias em que chegaram 55 pedidos no mesmo dia. “Ontem [terça-feira], por exemplo, foram 49”, acrescenta a presidente do BA.

Isabel Jonet lembrou que a covid-19 “teve um impacto social muito grande porque trouxe para uma situação de pobreza pessoas que normalmente não estavam habituadas a encontrar-se nesta situação”, já que “tinham uma vida equilibrada e ganhavam o suficiente para fazer face às suas despesas, mas de repente ficaram sem qualquer remuneração e foram atiradas para uma situação de pobreza”.

Do total de pessoas que até agora pediu ajuda através da Rede de Emergência Alimentar, 82,6% são mulheres, a maioria (77,5%) com idades entre os 31 e os 65 anos. Por outro lado, uma análise à situação socioeconómica mostra que 50,48% das pessoas que pedem ajuda estão desempregadas, mas há também quem esteja a trabalhar a tempo inteiro (12,47%) ou faça só uns biscates (10,55%).

Quem pede ajuda tem pessoas a cargo e em 52% dos casos estão em causa famílias com crianças até aos 12 anos. “Estamos a ver duas coisas: aumentam os pedidos porque muitas pessoas continuam sem trabalhar, mas depois porque o oxigénio que veio com o verão foi-se, o turismo interno acabou-se e algum fôlego que veio com o verão acabou-se”, apontou Isabel Jonet.

A explicação para o aumento no número de pedidos também poderá ser outra e a responsável pensa que muitas destas pessoas estão a tentar antecipar o que poderá acontecer no final do mês de outubro ou de novembro, “que é quando a economia se vai retrair mais”. “Estas pessoas já estão a acautelar pedindo ajuda porque já calculam que no fim do mês não vão ter emprego”, diz Isabel Jonet, dando como exemplo casos de pessoas que estejam ainda em situação de lay-off, mas que “já sabem que vão ser despedidas”.

Isabel Jonet diz ter ficado surpreendida com a resiliência das famílias, apontando que poderia ter havido uma “revolta total”, e que tudo isso tem de ser um exemplo quando se fala de pessoas que “ficaram com a vida virada do avesso e foram confrontadas com uma realidade que desconheciam em absoluto”. “Tem de se acautelar que não há ruturas sociais porque quando se prolongam situações sem nenhum farol à vista, as pessoas podem atingir estágios de desespero, sobretudo quando temos famílias com crianças que todos os dias têm de enfrentar grandes dificuldades”, alertou.

Nesse sentido, apontou que o pacote de medidas previsto no Orçamento do Estado para 2021 “é muito bom”, mas visa sobretudo as pessoas com os rendimentos mais baixos, quando há pessoas de classe média cujos rendimentos atuais “não chegam nem para fazer face a metade das despesas habituais”.

“Estas pessoas aguentam durante um tempo, mas não é expectável que possam aceitar passivamente durante muito mais tempo”, alertou, acrescentando que estas pessoas cairão naquilo a que se chama de pobreza conjuntural, por oposição à pobreza estrutural que afeta cerca de 19% da população portuguesa, em especial pessoas com pensões de reforma baixas, com deficiência ou baixas qualificações.

Milhares de pessoas estão a depender da Caritas para comer e pagar contas

À Caritas chegam diariamente pedidos de ajuda para pagar as contas de pessoas a quem a pandemia tirou rendimentos e o emprego. Quase 80 mil euros já foram entregues para pagar rendas ou medicamentos e cresce a necessidade de apoio alimentar. Eugénio Fonseca, presidente da Caritas Portuguesa, que coordena as várias Caritas Diocesanas espalhadas pelo país, não tem dúvidas de que a crise provocada pela pandemia de covid-19 é a que tem maior impacto no agravamento da pobreza nos últimos 100 anos.

A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, o presidente da Caritas aponta o dedo ao avanço rápido do acumular de riqueza “nas mãos de uns poucos” e à disparidade na sua distribuição para sinalizar o contraste com os “ténues sinais” de eliminação da pobreza, muito por falta de “vontade honesta e decidida”, recusando ainda “ideias fatalistas de que a pobreza é algo que sempre acompanha o mundo”.

À recusa da inevitabilidade da pobreza o dia-a-dia contrapõe-lhe as consequências da pandemia no seu agravamento em Portugal. “Nós vamos viver este dia num contexto de grande preocupação, não só em Portugal, mas a nível do mundo inteiro. Surgiu este problema sanitário que arrastou consigo uma contração económica bastante significativa. Na Caritas temos sentido isso com um número de crescentes novas situações de pessoas que nunca procuraram o auxílio da nossa instituição e que agora o estão a fazer até para a satisfação de necessidades que na crise anterior apareceram mais tarde, como as necessidades alimentares”, disse.

Desde o início da crise epidémica a Caritas já apoiou com a entrega de vales para compra de alimentos em supermercados 4.660 pessoas, um apoio de 58.465 euros, pago com verbas próprias da Caritas Portuguesa canalizadas para uma linha de apoio específica de combate aos efeitos da pandemia no valor de 150 mil euros.

Se a alimentação é a ajuda que envolve um maior número de beneficiários, os apoios para pagar rendas, eletricidade, medicamentos e exames médicos são o que mobiliza uma verba mais avultada, de cerca de 77 mil euros.

As rendas representam 61% dos pedidos do montante já gasto, já os pedidos de ajuda para pagar medicamentos e exames médicos representam 17% desse total. “As pessoas preferiam pedir ajuda imediatamente do que endividar-se com moratórias”, disse Eugénio Fonseca, referindo ter conhecimento de que já há empresas de gás a fazer cobranças de moratórias em valores incomportáveis para agregados familiares sem rendimentos.

Segundo Eugénio Fonseca, a maioria dos pedidos de ajuda chega de quem ficou desempregado, mas também de quem teve uma quebra nos rendimentos e de outra franja muito apoiada pela Caritas, os migrantes, que manifestam junto da instituição a vontade de regressar aos países da origem, um apoio assegurado pelo Estado e para o qual são encaminhados.

A estas cerca de 5.700 pessoas apoiadas pela linha específica de apoio para a pandemia juntam-se outras 50 mil que pediram ajuda às Caritas diocesanas no primeiro semestre. Só houve capacidade de resposta para 26 mil. “Claro que não pudemos atender a todas, não há recursos suficientes. As Caritas diocesanas não puderam fazer peditório nas ruas e não tiveram o ofertório das missas. Isto veio criar um desaire muito grande na contabilidade das próprias Caritas”, sublinhou Eugénio da Fonseca.

Atualmente chegam pedidos de ajuda de novos universitários, que conseguiram uma colocação, mas não têm dinheiro para se matricular e pagar um quarto. Antes tinham sido os finalistas, que precisaram de pedir ajuda para pagar a última propina para conseguir obter o certificado de conclusão do curso. Mesmo sem capacidade de ajudar, a Caritas procura encaminhar para outras instituições que possam dar as respostas necessárias.

“Nós já vínhamos de uma realidade com cerca de dois milhões de pobres. É bom não esquecer, porque corremos o risco de criar medidas especiais, programas conjunturais para as vítimas da covid-19, mas esquecendo que há gente que vivia na pobreza e que se não continuarmos a atender às suas necessidades cairão na miséria”, disse Eugénio Fonseca.

A proposta de OE2021 é “a possível face às dificuldades do país”, mas traz algumas medidas elogiadas pelo presidente na Caritas no âmbito do combate à pobreza, como o reforço do Serviço Nacional de Saúde e o aumento do valor do limiar da pobreza para 502 euros, ainda que neste último ponto reconheça que muitas famílias só o vão conseguir atingir com “rendimentos de substituição até que sejam criados postos de trabalho”.

Eugénio Fonseca reconhece que o aumento das pensões mais baixas em 10 euros é um valor baixo, mas admite também “o esforço” que representa para o orçamento, tendo em conta o universo de beneficiários. A maior dúvida nas medidas de apoio é com a medida que alivia a retenção na fonte de IRS, uma vez que Eugénio Fonseca entende que o benefício de um pequeno aumento de rendimento por mês é “menos significativa” que a poupança que as famílias faziam com o valor do reembolso.

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Nas notícias lá fora: Impostos, tarifas e Boeing

  • ECO
  • 16 Outubro 2020

Dos impostos em Espanha, às tarifas europeias aos Estados Unidos, passando pela Boeing e até pelo Japão. Conheça as notícias que estão a marcar o mundo lá fora.

Espanha vai trazer mais impostos aos cidadãos no próximo ano, enquanto França concorda com a aplicação de tarifas a produtos importados dos Estados Unidos. A Boeing diz que o 737 Max está pronto a regressar aos céus e a General Motors antecipa o fim de condutores humanos na sua unidade de veículos autónomos até final de 2020. É ainda notícia a intenção do Japão em lançar ao mar um milhão de toneladas de água contaminada da central nuclear Fukushima.

Expansión

Espanha informa Bruxelas de uma subida de impostos de nove mil milhões de euros

O Governo espanhol prevê um aumento de impostos de 6.847 milhões de euros em 2021 e de 2.323 milhões de euros em 2022. Estas subidas estão detalhadas no Orçamento do Estado para 2021 que foi enviado esta quinta-feira à Comissão Europeia, que inclui, entre outras medidas, um aumento do IVA das bebidas açucaradas de 10% para 21% e a criação de um imposto para embalagens plásticas. Leia a notícia completa no Expansión (acesso livre, conteúdo em espanhol)

Reuters

Ministro francês concorda com tarifas europeias sobre produtos dos EUA

O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, diz ser a favor de a Europa impor tarifas aos produtos importados dos Estados Unidos, isto depois de a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter concedido à União Europeia o direito de retaliar os subsídios exigidos pela Casa Branca à fabricante de aeronaves Boeing. “A UE tem a possibilidade de impor sanções aos Estados Unidos devido à disputa entre a Boeing e a Airbus”, disse Le Maire. Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês)

Bloomberg

Boeing diz que 737 Max está pronto a regressar aos céus

A Boeing anunciou que o 737 Max está pronto a regressar aos céus antes do final de 2020. A fabricante europeia diz que a aeronave sofreu alterações significativas que a tornaram segura o suficiente para voltar a transportar passageiros. O Boeing 737 Max ficou definitivamente em terra em março do ano passado, na sequência de dois acidentes de aviação de onde resultaram 346 mortes. Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês)

The Guardian

Japão vai lançar um milhão de toneladas de água contaminada de Fukushima no mar

O Governo japonês decidiu lançar ao mar mais de um milhão de toneladas de água contaminada da central nuclear Fukushima Daiichi. Esta quantidade de água está a ser armazenada em mais de 1.000 tanques e começará a ser lançada ao mar a partir de 2022, estimando-se que demore décadas até todo o processo ficar concluído. Há anos que se debatia o que fazer com toda esta quantidade de água. A acontecer, isto pode colocar em risco a indústria dos pescadores locais, que alertam para o impacto desta decisão. Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre, conteúdo em inglês)

CNBC

Unidade de veículos autónomos da General Motors sem condutores humanos até final do ano

A General Motors anunciou que vai retirar os motoristas de segurança da sua unidade de veículos autónomos em São Francisco até ao final do ano, permitindo que os carros circulem sem condutor. O administrador executivo da Cruise, a unidade de veículos autónomos da General Motors, revelou que obteve uma autorização por parte do Departamento de Veículos Motorizados da Califórnia para que os carros viajem por conta própria. Leia a notícia completa na CNBC (acesso livre, conteúdo em inglês)

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Altice admite desinvestir em Portugal por causa do 5G

  • ECO
  • 16 Outubro 2020

Alexandre Fonseca admite que a Altice pode desinvestir no mercado português por causa do 5G. Todos os operadores estão contra o regulador do setor, a Anacom.

A Altice Portugal está a avaliar o desinvestimento em Portugal “ou até pela racionalização do envolvimento em projetos grandes consumidores de capital, com retorno duvidoso face às regras impostas”. Alexandre Fonseca responde assim à possibilidade de a Anacom manter as regras já anunciadas no lançamento do novo leilão de 5G, que deverão ser conhecidas ainda este mês.

Já não é a primeira vez que a Altice critica o processo do 5G e agora que se aproxima a data do novo leilão, o tom das críticas sobe de tom por parte de todos os operadores. Depois das posições de força da Vodafone e da NOS, que admitem mesmo não concorrer, é a vez da Altice assumir o risco de rutura. Sem comentar a posição dos concorrentes, Alexandre Fonseca afirma que Portugal vive “num ambiente regulatório hostil e adverso, que não só não estimula o investimento, como retrai qualquer investidor em apostar no nosso país no setor das telecomunicações, um setor onde desde o Governo a Associações independentes, passando por grandes consultoras internacionais e fabricantes de tecnologia, todos são unânimes em criticar a gestão do dossiê 5G feita pela Anacom”, o regulador do setor que é liderado por Cadete de Matos.

“Sendo todos os operadores nacionais empresas privadas, é natural que os seus acionistas procurem legitimamente rentabilizar as centenas de milhões de euros que injetam anualmente na nossa Economia, procurando um ambiente estável, com previsibilidade e que estimule o investimento. Ora hoje, o momento que vivemos em Portugal é, lamentavelmente, o oposto”, afirmou o presidente executivo da Altice Portugal em resposta à agência Lusa.

Alexandre Fonseca reafirma que investimento da Altice “deve conter um racional económico que permita a viabilidade do retorno desse mesmo investimento, suportando a geração de valor, a manutenção das dezenas de milhar de postos de trabalho desta indústria no nosso país e o crescimento deste setor hoje mais do que nunca indispensável para o desenvolvimento e crescimento económicos”.

Esta semana, a NOS considerou que as regras do leilão de 5G são ilegais e acusa a Anacom de estar a comprometer o investimento no setor. Em declarações ao ECO, fonte oficial da empresa liderada por Miguel Almeida criticou o modelo, tal como tinha feito a concorrente Vodafone, que diz mesmo que não irá participar no leilão caso as regras não sejam alteradas.

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António Costa e Silva sem certeza de que Plano de Recuperação seja implementado

  • ECO
  • 16 Outubro 2020

António Costa e Silva sem "certeza absolutamente nenhuma" que o Plano de Recuperação e Resiliência venha a ser implementado. Alerta que o seu "falhanço poderá ditar o fim de uma geração".

António Costa e Silva não tem a certeza de que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) venha mesmo a ser implementado, alertando que o seu “falhanço poderá ditar o fim de uma geração”, diz em entrevista à Antena 1.

“O país já teve muitos programas que foram parar à gaveta. As coisas estão extremamente difíceis e não tenho certeza absolutamente nenhuma”. O autor do Plano de Recuperação admite cenários como a “falta de abrangência política” ou a “entrada numa espécie de deriva”.

O autor do Plano de Recuperação diz em entrevista à Antena 1, que poderá ter sido mal interpretado quando falou no papel do Estado.“Vimos de um ciclo que os mercados autorregulados eram a solução de tudo, hoje não é assim. Esses mercados não trabalham necessariamente para o bem público e sou uma pessoa das empresas e os mercados são vitais, são máquinas de criação de inovação, de prosperidade, geram riqueza, mas tem de haver uma combinação rigorosa entre os mercados e o Estado”.

Para o economista, quando o país enfrenta uma crise sanitária como esta “não é o mercado que nos vai salvar, mas sim o SNS. Não podemos desmantelar ou privatizar alguns dos serviços públicos, temos de ter muita atenção a isso e combinar com o setor privado. Esta articulação virtuosa é fulcral para o futuro, conclui António Costa e Silva.

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Associação Mutualista Montepio aprova Relatório e Contas Consolidadas de 2019

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

A Associação Mutualista Montepio aprovou por “larga maioria” as propostas do Relatório e Contas Consolidadas e o parecer do Conselho Fiscal, referentes ao exercício de 2019.

A Associação Mutualista Montepio aprovou na quinta-feira, por “larga maioria”, as propostas apresentadas do Relatório e Contas Consolidadas e o parecer do Conselho Fiscal, referentes ao exercício de 2019, e ainda a proposta de modificação do Regulamento de Benefícios.

Em comunicado, a associação informa que os associados aprovaram em Assembleia Geral, por maioria de 99% as propostas de modificação do Regulamento de Benefícios, e por maioria de 97% o Relatório e Contas Consolidadas e o parecer do Conselho Fiscal referentes ao exercício de 2019.

Foi aprovado o “Relatório e Contas Consolidadas e Parecer do Conselho Fiscal (consolidação das contas individuais do Montepio Geral Associação Mutualista (MGAM), com as contas das diversas entidades nas quais o MGAM detém uma participação qualificada [consolidação por equivalência patrimonial] e com as entidades nas quais detém a maioria do capital e o domínio da gestão [consolidação integral], com destaque para o subgrupo segurador — Montepio Seguros, SGPS e, em especial, o subgrupo bancário da Caixa Económica Montepio Geral/Banco Montepio”.

Na reunião, que contou com a participação de mais de 150 associados, resultou a aprovação da “proposta de alteração parcial do Regulamento de Benefícios no que se refere à taxa técnica para novas modalidades do Grupo III abertas a subscrição, taxa de rendimento e penalização por reembolso das modalidades mutualistas Poupança Complementar e Montepio Poupança Reforma”, especifica a nota.

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Mercado automóvel europeu cresce pela primeira vez em setembro desde início da pandemia

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

Setembro foi o primeiro mês de recuperação do setor automóvel, que estava em queda desde março devido à pandemia. Itália e Alemanha deram o maior impulso à recuperação.

O mercado automóvel europeu recuperou ligeiramente em setembro, impulsionado pelas vendas de veículos em Itália e na Alemanha, no primeiro mês de crescimento desde o início da pandemia, de acordo com dados oficiais divulgados esta sexta-feira.

O número de matrículas de automóveis novos de passageiros aumentou 3,1% numa base anual para 933.987 unidades, anunciou a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), em comunicado. Após uma queda das vendas de 55,1% em março e 76,3% em abril, devido ao confinamento das populações e ao encerramento das lojas de automóveis, o mercado europeu luta para recuperar das consequências da pandemia.

Setembro foi o primeiro mês de movimento ascendente desde o início da crise, beneficiando de medidas de estímulo governamentais adotadas em vários países europeus. A Itália (+9,5%) e a Alemanha (+8,4%) recuperaram, enquanto França (-3%) e Espanha (-13,5%) se mantiveram em baixa. Os 5.º e 6.º mercados da União Europeia, Polónia (+8%) e Bélgica (+1%), também recuperaram.

Durante os primeiros nove meses do ano, apenas 7,06 milhões de automóveis novos de passageiros foram colocados nas estradas da UE, quase 2,7 milhões menos do que em 2019 durante o mesmo período (-28,8%). A ACEA espera uma queda histórica de 25% nas entregas para o ano como um todo.

Antes da pandemia, em janeiro, a organização, que agrupa 16 fabricantes ativos na Europa, previa um declínio de 2%, após seis anos consecutivos de crescimento.

Entre os fabricantes, o grupo alemão Volkswagen, ainda líder europeu indiscutível, viu as suas entregas aumentarem 9% em setembro, impulsionadas pelas vendas da Skoda, Audi e Seat. O fabricante alemão continua à frente do Grupo PSA (Peugeot, Citroën, Opel/Vauxhall, DS), cuja quota de mercado caiu 1,7 pontos, para 15,3%, desde o início do ano.

O Grupo Renault (Dacia, Lada e Alpine) completa o pódio europeu, com 11,5% (-0,3), à frente da Hyundai (7,2%, +0,5) e da BMW (7%, +0,6). Dos dois grupos franceses, a Renault ficou em primeiro lugar em termos de matrículas (+9,7%), graças às vendas da Dacia (+35,4%), enquanto o PSA caiu 11,8%, com um declínio acentuado na Opel/Vauxhall.

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IL recorre ao tribunal para obter plano de liquidez da TAP e auditoria do BdP

  • Lusa
  • 16 Outubro 2020

Devido à recusa de Governo e Banco de Portugal “em tornar públicos os documentos mesmo após múltiplas insistências”, para aceder a esta informação o IL diz não ter alternativa senão recorrer à Justiça

A Iniciativa Liberal avançou com duas intimações em tribunal para obrigar o Governo a divulgar o plano de liquidez da TAP e o Banco de Portugal a dar acesso à auditoria enquanto supervisor do BES.

Em comunicado enviado à agência Lusa, o partido representado no Parlamento pelo deputado João Cotrim Figueiredo explicou que, devido à recusa de Governo e Banco de Portugal “em tornar públicos os referidos documentos mesmo após múltiplas insistências”, não encontrou outra alternativa para aceder a esta informação que não fosse recorrer à Justiça.

As duas intimações, independentes e separadas, foram entregues na terça-feira no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, adiantou a IL, considerando que os documentos que quer conhecer contém “informação crucial” para o escrutínio público.

Em relação ao plano de liquidez da TAP, a Iniciativa Liberal recorda que “já está há três meses, por vias formais e informais e sem sucesso, a solicitar o documento ao Governo”, que acusa de incumprir todos os prazos durante o processo.

João Cotrim Figueiredo considera que não se pode debater a proposta orçamental de mais 500 milhões para a TAP, a somar aos 1200 milhões já decididos para este ano, sem se conhecer o plano de liquidez. “Temos de nos pronunciar e votar algo às cegas? É inacreditável que o Governo esteja há três meses a esconder o plano e a fugir de prestar contas aos portugueses sobre o uso do seu dinheiro, sobretudo numa situação de crise como esta”, critica.

Em julho, por requerimento dos liberais, foi solicitado que o Ministério das Finanças enviasse o plano de liquidez da TAP ao parlamento e, na audição do ministro das Finanças, João Leão, em sede de Orçamento Suplementar, foi garantido que “o Governo colocaria todos os documentos solicitados à disposição dos parlamentares”. “No entanto, o Governo não divulgou o documento requerido e ultrapassou o prazo regimental de 30 dias para o entregar no Parlamento, não tendo dado qualquer justificação para tal, nem à comissão parlamentar nem ao partido Iniciativa Liberal”, condena.

Os liberais apontam ainda que na reunião orçamental do início do mês com o Ministério das Finanças, “responsáveis do Governo garantiram que no dia seguinte à mesma iria ser enviado o plano de liquidez ao partido”, o que não aconteceu.

“Tendo sido ultrapassados, reiteradamente, todos os prazos, e decorridos praticamente três meses de contactos formais e informais sobre a disponibilização do plano de liquidez da TAP, à Iniciativa Liberal não restou alternativa senão apresentar uma intimação junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa para a prestação de informações, na modalidade de passagem de certidão. A defesa do interesse de todos os portugueses enquanto contribuintes assim o exige”, justifica.

Já em relação à intimação relativa ao Banco de Portugal, o partido presidido por Cotrim Figueiredo quer que seja divulgado o “Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e Atuação do Banco de Portugal na Supervisão do Banco Espírito Santo”. “A relevância deste relatório, já diversas vezes solicitado, é essencial para avaliar o cumprimento e solidez estrutural dos mecanismos de supervisão bancária, mas também para ficar cabalmente esclarecido se as decisões políticas tomadas relativamente ao BES foram as adequadas ou se seriam sequer evitáveis”, explica.

Pela importância deste tema, a Iniciativa Liberal promete que não se resignará “ao contrário de outros, perante as reiteradas recusas às solicitações apresentadas nas esferas políticas”.

“Fazemos agora uso da via judicial para fazer as autoridades públicas cumprir a lei, o que é revelador sobre a transparência da nossa democracia”, lamenta.

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Lisboa regressa aos ganhos à boleia do setor energético

A bolsa de Lisboa está de volta aos ganhos, depois de ter perdido mais de 2% na sessão anterior. Com a maioria das cotadas a valorizar, o destaque está a ser o setor energético.

A bolsa nacional recuperou da perda de mais de 2% na última sessão, naquela que foi a maior dos últimos quatro meses. Segue agora a valorizar cerca de 1%. Numa altura em que a maioria das cotadas está a mostrar ganhos, o destaque vai para o setor energético, cujos títulos sobem mais de 1%.

O PSI-20 está avançar 0,88% para 4.231,92 pontos, acompanhando a tendência positiva que se vive nas restantes praças europeias, que recuperam das perdas acentuadas observadas na última sessão devido ao impacto da pandemia. O Stoxx-600 ganha 0,77% para 365,70 pontos.

PSI-20 recupera da queda de mais de 2%

Por Lisboa, as estrelas estão a ser as cotadas do setor energético. A EDP valoriza 1,34% para 4,538%, enquanto a EDP Renováveis sobe 0,95% para 16,98 euros.

Pelo mesmo caminho segue a Galp Energia ao ganhar 1,61% para 8,202 euros, numa altura em que o preço do barril de petróleo nos mercados internacionais está a desvalorizar mais de 1%.

Ainda nas subidas, destaque para as ações dos CTT que avançam 0,81% para 2,495 euros, naquela que representa a maior subida desta sessão. Entre os pesos pesados da bolsa nacional, o BCP ganha 0,26% para 0,0768 euros, enquanto a Jerónimo Martins valoriza 0,76% para 14,78 euros.

No lado oposto, nas poucas cotadas em terreno negativo, estão os títulos da REN que recuam 0,21% para 2,4 euros. As maiores quedas desta sessão cabem à Ibersol e à Mota-Engil cujas ações seguem a perder mais de 1%.

(Notícia atualizada às 8h25 com mais informação)

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