Ter áreas de isolamento, promover teletrabalho e evitar reuniões. Estas são as recomendações da DGS para as empresas por causa do coronavírus

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2020

Direção-Geral da Saúde emitiu recomendações às empresas por causa do coronavírus. Recomenda áreas de isolamento, promover teletrabalho e evitar reuniões.

A Direção-Geral da Saúde emitiu recomendações às empresas por causa do coronavírus, aconselhando-as a definir planos de contingência para casos suspeitos entre os trabalhadores que contemplem zonas de isolamento e regras específicas de higiene, evitando reuniões em sala.

Na orientação publicada na página da internet, a DGS diz que as empresas devem estar preparadas para a possibilidade de parte (ou a totalidade) dos seus trabalhadores não irem trabalhar, devido a doença, suspensão de transportes públicos ou encerramento de escolas e que devem avaliar as atividades imprescindíveis na empresa e os recursos essenciais para as manter.

Aconselha ainda as empresas a recorreram a formas alternativas de trabalho, como o teletrabalho, reuniões por vídeo e teleconferências, assim como o acesso remoto dos clientes. Para este efeito, as companhias devem “ponderar o reforço das infraestruturas tecnológicas de comunicação e informação”, refere a DGS.

Para restringir o contacto direto com os casos suspeitos que possam surgir, as empresas devem criar áreas de isolamento com ventilação natural, ou sistema de ventilação mecânica, e revestimentos lisos e laváveis, sem tapetes, alcatifas ou cortinados.

Estas áreas deverão estar equipadas com telefone, cadeira ou marquesa, água e alguns alimentos não perecíveis, contentor de resíduos (com abertura não manual e saco de plástico), solução antisséptica de base alcoólica, toalhetes de papel, máscaras cirúrgicas, luvas descartáveis e termómetro.

Nesta área, ou próximo, deve existir uma instalação sanitária devidamente equipada, nomeadamente com doseador de sabão e toalhetes de papel, para a utilização exclusiva do trabalhador com sintomas/caso suspeito, acrescenta.

A empresa deverá incluir no seu plano de contingência procedimentos básicos para higienização das mãos (devem ser lavadas com água e sabão e/ou desinfetadas), regras de etiqueta respiratória (evitar tossir ou espirrar para as mãos), de colocação de máscara cirúrgica (incluindo a higienização das mãos antes de colocar e após remover a máscara) e de conduta social que incluam alterações na frequência e/ou a forma de contacto entre os trabalhadores e entre estes e os clientes, evitando o aperto de mão, as reuniões presenciais e os postos de trabalho partilhados.

Os planos de contingência devem ainda identificar os profissionais de saúde a contactar, mantendo acessíveis na empresa os contactos do Serviço de Saúde do Trabalho e, se possível, do(s) médico(s) do trabalho responsável(veis) pela vigilância da saúde dos trabalhadores.

Segundo esta orientação da DGS, as empresas devem ainda disponibilizar em sítios estratégicos (zonas de refeições, registos biométricos e zonas de isolamento) máscaras cirúrgicas para utilização do trabalhador com sintomas (caso suspeito) e para serem utilizadas, enquanto medida de precaução, pelos trabalhadores que prestam assistência ao/s caso/s suspeito/s, assim como toalhetes de papel para secagem das mãos.

As autoridades recomendam ainda o planeamento da higienização e limpeza dos revestimentos, equipamentos e utensílios, assim como dos objetos e superfícies como corrimãos, maçanetas de portas e botões de elevador.

Os planos devem ainda prever procedimento de vigilância de contactos próximos do caso suspeito, designadamente trabalhadores que estejam no mesmo posto de trabalho (gabinete, sala, secção, zona até 2 metros) ou que estiveram face-a-face com o caso confirmado ou que esteve com este em espaço fechado.

Perante um caso confirmado por COVID-19, a DGS diz ainda que devem ser ativados os procedimentos de vigilância ativa dos contactos próximos (familiares e amigos).

Segundo esta orientação da DGS, o período de incubação estimado do novo coronavírus é de dois a 12 dias. Como medida de precaução, as autoridades recomendam a vigilância ativa dos contactos próximos durante 14 dias desde a data da última exposição ao caso confirmado.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.800 mortos e mais de 82 mil pessoas infetadas, de acordo com dados reportados por 48 países e territórios.

Das pessoas infetadas, mais de 33 mil recuperaram.

Além de 2.744 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul,Japão, Filipinas, Hong Kong e Taiwan. na Europa, já se registaram mortes em Italia e em França.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

Em Portugal, a DGS registou 25 casos suspeitos de infeção, sete dos quais ainda estavam em estudo na quarta-feira à noite.

O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.

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Enfermeiros que deixam de ser chefes voltam ao início da carreira

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2020

Na prática, é como se regressassem ao início da carreira, uma vez que não ficam posicionados na categoria de especialista, nem de gestor, mas sim na de enfermeiros.

Os enfermeiros estão a ser confrontados com o facto de, após vários anos de profissão e de exercerem funções de chefia, regredirem para a categoria mais baixa se deixarem esse cargo. De acordo com o Público (acesso pago), isso acontece devido à transição para a nova carreira especial de enfermagem, que aconteceu no ano passado.

Para serem chefes, têm de ser especialistas, mas, se deixarem esse cargo de liderança, voltam à categoria mais baixa, a de simples enfermeiro. Na prática, é como se regressassem ao início da carreira, uma vez que não ficam posicionados na categoria de especialista, nem de gestor (esta última criada recentemente), mas sim na de enfermeiros, explica a coordenadora da unidade de cuidados na comunidade de Odivelas, Isabel Nunes.

A nova carreira prevê uma nova categoria, de enfermeiro-gestor, mas poderem “encaixar” nesta categoria, estes profissionais têm de se submeter a concursos que não acontecem muitas vezes. Dizem, assim, estarem a ser “despromovidos de modo grosseiro” e “desqualificados de forma lesiva”. São vários os enfermeiros afetados por esta medida e até já foi organizado um grupo que já se queixou à Provedora de Justiça e ao Presidente da República.

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China espera ter coronavírus sob controlo no final de abril

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2020

Embora mais de 30 países tenham casos diagnosticados com Covid-19, a China soma 95% dos casos de infeção pelo novo coronavírus a nível mundial.

A China espera ter o surto do cornavírus Covid-19 sob controlo no final de abril, disse o chefe da equipa de médicos especialistas da Comissão Nacional de Saúde da China, o pneumologista Zhong Nanshan.

“A China está confiante de que vai controlar o surto, em termos gerais, até ao final de abril”, disse Zhong, numa conferência de imprensa, em Cantão, a capital da província de Guangdong.

O médico garantiu que, “embora tenha havido um grande surto em Wuhan, a doença não se espalhou de forma maciça em outras cidades”.

O especialista em doenças respiratórias disse que o número de casos na China começou a diminuir após 15 de fevereiro “devido à forte intervenção do Estado” e aos “cancelamentos de viagens após as férias do Ano Novo Lunar”, entre 24 e 30 de janeiro, mas que foram prolongadas para evitar a propagação da doença.

Segundo os dados atualizados pela Comissão Nacional de Saúde da China, até às 16h00 de quarta-feira em Lisboa, a China somava um total de 2.744 mortos e 78.497 casos confirmados.

Entre os casos confirmados, 43.258 ainda estão ativos e 8.346 encontram-se em estado grave. Mais de 32.400 pessoas já receberam alta após superarem a doença.

Zhong disse que as previsões de alguns especialistas estrangeiros, que estimaram que o número de casos na China ia atingir os 160.000, “não tiveram em conta a intervenção do Governo chinês”.

“A nossa equipa previu que o número de pacientes atingisse cerca de 70.000. Apresentamos esses números a uma publicação internacional, mas não foi aceite”, afirmou.

Zhong disse que a China deve agora “cooperar e partilhar a sua experiência com outros países”, face ao rápido aumento de casos na Coreia do Sul, Itália ou Irão.

O epidemiologista disse ainda que, embora a epidemia tenha começado no país asiático, o primeiro caso de coronavírus pode não ter ocorrido na China.

“Quando fizemos as nossas primeiras previsões, pensamos apenas na China e não em outros países. Mas vemos que surtos estão a ocorrer em outros países. Embora o surto tenha começado na China, isto não significa necessariamente que a China seja a fonte da doença”, disse.

As autoridades de saúde chinesas colocaram sob observação 652.000 pessoas, após terem tido contacto próximo com os infetados. Mais de 71.000 ainda estão a ser acompanhados.

Na província de Hubei, o epicentro da epidemia, que acumula 84% dos casos e 96% das mortes, o número de novos casos ascendeu hoje a 409, ao mesmo tempo que morreram 26 pessoas, a maioria em Wuhan, capital da província.

Embora mais de 30 países tenham casos diagnosticados com Covid-19, a China soma 95% dos casos de infeção pelo novo coronavírus a nível mundial.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.800 mortos e mais de 82 mil pessoas infetadas, de acordo com dados de 48 países e territórios.

Das pessoas infetadas, mais de 33 mil recuperaram.

Além de 2.744 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

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Vaz das Neves usou Tribunal da Relação de Lisboa para ganhar 280 mil euros com julgamento privado

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2020

O juiz Vaz das Neves, constituído arguido na Operação Lex, recebeu 280.000 euros para realizar um julgamento privado numa sala do Tribunal da Relação de Lisboa

O juiz Vaz das Neves, constituído arguido no caso Operação Lex, terá usado o Tribunal da Relação de Lisboa para realizar um julgamento privado que lhe valeu uma compensação de 280 mil euros, avança o Público (acesso pago). Isto aconteceu em janeiro de 2018, altura em que este já não era presidente do tribunal em questão.

Em causa estava um litígio entre o Grupo Altis e o fundo de investimento imobiliário Explorer, envolvendo o hotel Altis Park. O grupo hoteleiro viu-se obrigado a vender o hotel em questão para pagar um empréstimo ao BES, mas acabou por ficar com uma opção de recompra, direito esse que exerceu anos depois. Em vez de recorrerem à justiça tradicional para definirem o valor dessa opção, as partes optaram por um tribunal arbitral, em que cada um escolheu um árbitro.

Orlando Nascimento, presidente do Tribunal da Relação de Lisboa desde 2016, escolheu para dirimir este conflito o seu antecessor no cargo, Luís Vaz das Neves que em vez de um hotel, escritório de advogados ou centro de arbitragem, realizou a arbitragem no salão nobre do Tribunal da Relação de Lisboa — cedidogratuitamente. Comeste “julgamento”, recebeu 280 mil euros. Questionado pelo Público sobre este caso, Vaz das Neves diz não se recordar do valor.

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Governador do Banco de Portugal é “um ator político da maior relevância”, diz Centeno

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2020

Mário Centeno tem sido apontado para o cargo de governador do Banco de Portugal, mas garante que não houve conversas no Governo sobre essa hipótese.

O ministro das Finanças defende que o governador do Banco de Portugal (BdP) não tem de ser um técnico, sendo que é um “ator político da maior relevância”, em entrevista à Visão (acesso pago). Mário Centeno tem sido apontado como uma possível figura para ocupar o cargo, mas questionado sobre o assunto garante que não houve conversas no Governo sobre essa posição.

O governador do BdP “conduz as políticas macroprudenciais, as políticas comportamentais, as políticas de supervisão, e depois participa na definição da política monetária do BCE”, aponta Centeno, traçando o perfil do cargo. O ministro das Finanças reitera, no entanto, que a decisão sobre a sua possível ida para o BdP “vai ser tomada a seu tempo, pelo Governo, e nessa altura seguramente o Governo explicará”.

Mário Centeno aponta ainda que não costuma “sofrer de ansiedade com coisas que vão aparecer várias semanas ou meses à frente na agenda”. Apesar de não fechar a porta a este cenário, Mário Centeno aponta que este não é o momento de fazer uma reflexão sobre o futuro, nem no Governo nem no Eurogrupo.

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Seguro de sementes germina em Moçambique com apoio internacional

  • ECO Seguros
  • 27 Fevereiro 2020

Fazer com que a população tenha conta bancária e acesso a outros serviços – como os seguros – são objectivos de um programa que tem apoio da cooperação internacional em Moçambique.

Além de um micro seguro de sementes acessível por telemóvel para proteger o pequeno agricultor isolado do risco de inundações ou ciclones, outros produtos inovadores e inclusivos poderão ser introduzidos para resolver constrangimentos do setor financeiro em Moçambique, nomeadamente junto da população rural de rendas baixas, os jovens e as mulheres.

O Financial Sector Deepening (FSD) Moçambique é um programa financiado pelo Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID, sigla inglesa) e pela Agência Sueca de Cooperação para promover a inclusão financeira, ou seja, fazer com que a população tenha conta bancária e assim acesso a outros serviços – como os seguros – que lhe permita melhorar a qualidade de vida, noticia a Lusa.

Num país onde se estima que só 9% a 10% dos 28 milhões de habitantes tenha conta no banco, apostar na bancarização, nem que seja por via digital, é o ponto de partida, explica Esselina Macome, diretora executiva do FSD, para quem a inclusão financeira tem um impacto muito mais abrangente.

O projeto de “micro” seguro para sementes é apenas um exemplo, mas encaixa-se na visão da organização para 2020, refere.

O objetivo é avançar na discussão acerca dos pontos de acesso de inclusão financeira – balcões, contas bancárias – e avaliar “como estão a ser usados e como contribuem para melhorar vidas”.

“Toda a nossa intervenção estará muito focalizada no setor da agricultura”, tendo também em atenção “os impactos das mudanças climáticas”, sem esquecer o acesso a habitação de qualidade, “com dignidade e serviços básicos”, sublinha.

O retrato do país justifica-o: estima-se que cerca de metade da população moçambicana vive na pobreza e a maioria pratica agricultura para subsistência e obtenção de algum rendimento.

“Estaremos desta maneira a ligar toda a nossa atividade, fazendo a pergunta: até que ponto o que nós fazemos contribui para o alcance dos objetivos de desenvolvimento sustentável”, conjunto de metas universais estabelecidas pelas Nações Unidas, disse.

Os grupos alvo do FSD são as mulheres e os jovens, que constituem a maioria dos 28 milhões de habitantes de Moçambique, com a idade média a rondar os 16 anos.

No exemplo do seguro de sementes, após auscultações já realizadas, o FSD trabalha agora com as seguradoras, que espera venham a desenvolver “produtos para ‘micro’ seguros inovadores e inclusivos” na área digital.

“O digital tem de estar em todas as nossas vertentes”, não só pela facilidade de uso e eficiência, mas também porque o país tem uma densidade populacional baixa.

“Não é possível ter um ponto de acesso [a serviços] em cada local onde há população. Terá de haver um ponto de acesso digital” para as ferramentas de inclusão financeira – o que tem levado o FSD a trabalhar com o regulador de telecomunicações e empresas tecnológicas financeiras (fintech).

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Coronavírus volta a afundar bolsas europeias. Lisboa cai mais de 1,5%

Setor da energia destaca-se nas quedas, com a EDP e a Galp Energia a serem determinantes para a dimensão da desvalorização registada pelo PSI-20.

O coronavírus volta a fazer mossa nos mercados internacionais. Depois do alívio na última sessão, as praças europeias estão novamente sob forte pressão vendedora, registando-se quedas em torno de 2% nos principais índices do Velho Continente. Em Lisboa, a tendência é idêntica, com o PSI-20 a registar uma queda de mais de 1%.

O Stoxx 600 segue a perder 1,56%, depois da ligeira recuperação no dia anterior. A Europa segue, assim, a tendência negativa registada tanto nos mercados norte-americanos, no final da última sessão, como nas bolsas asiáticas, numa altura em que os investidores estão alarmados com a rapidez com que o coronavírus está a alastrar-se no resto do mundo.

Em Lisboa, o índice de referência nacional segue a perder 1,48%, com 17 das 18 cotadas a negociarem em “terreno” negativo. O setor da energia destaca-se nas quedas, com a EDP e a Galp Energia a serem determinantes para a dimensão da desvalorização registada pelo PSI-20.

A EDP está a ser pressionada pelo valor a que a China Three Gorges vendeu 1,8% do capital da elétrica. Os títulos foram alienados a 4,45 euros, abaixo dos 4,484 euros a que a empresa liderada por António Mexia está a cotar na bolsa de Lisboa. Esta venda aconteceu um dia depois de o fundo de Abu Dhabi ter deixado de ter uma participação qualificada no capital da EDP.

Enquanto a elétrica cede 1,53%, e a EDP Renováveis recua 1,9%, a Galp Energia segue o desempenho negativo do petróleo nos mercados internacionais. Tanto o Brent como o West Texas Intermediate recuam mais de 1%, penalizados pelos receios em torno do impacto do vírus na procura mundial pela matéria-prima, levando a petrolífera portuguesa a recuar 2,26% para 13,40 euros.

O BCP também pressiona a bolsa, recuando 2,21% para 17,24 cêntimos por ação, corrigindo assim da recuperação registada na última sessão, enquanto a Jerónimo Martins, outro dos “pesos pesados” da bolsa de Lisboa, cai 1,1% para cotar nos 16,615 euros. A Sonae, por seu lado, apresenta uma desvalorização de 0,85% para 75,75 cêntimos.

(Notícia atualizada às 8h05 com mais informação)

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Hoje nas notícias: Centeno, descentralização e Vaz das Neves

  • ECO
  • 27 Fevereiro 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O dia começa com boas notícias para as autarquias, depois de o Governo ter decidido adiar por mais um ano a transferência de competências. Mas há também más notícias, principalmente para os enfermeiros, que se queixaram ao Presidente da República pelo facto de após vários anos de carreira e de exercerem posições de chefia, voltaram à categoria mais baixa se abandonarem o cargo de enfermeiros-chefe. Destaque ainda para a entrevista de Mário Centeno, em que o ministro das Finanças refere que o Governador do Banco de Portugal não tem de ser um técnico.

Governador do Banco de Portugal não tem de ser um técnico, diz Centeno

O ministro das Finanças defende que o governador do Banco de Portugal não tem de ser um técnico, sendo que “é um ator político da maior relevância”. Mário Centeno tem sido apontado como uma possível figura para ocupar o cargo, mas questionado sobre o assunto garante que não houve conversas no Governo sobre essa posição. Para o ministro das Finanças, este não é o momento de refletir sobre o futuro, nem no Governo nem no Eurogrupo. Leia a notícia completa na Visão (acesso pago)

Ex-presidente da Relação fez julgamento privado no tribunal para ganhar 280 mil

O ex-presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, Vaz das Neves, usou o salão nobre deste edifício para um julgamento privado, um litígio entre o grupo Altis e o fundo de investimento imobiliário Explorer, que lhe valeu 280 mil euros. Luís Vaz das Neves, que está indiciado por corrupção e abuso de poder na Operação Lex, tem uma empresa através da qual presta serviços de arbitragem extrajudicial. Leia a notícia completa em Público (acesso pago)

Câmaras ganham mais um ano para passar a gerir escolas e centros de saúde

As autarquias vão ganhar mais um ano para passarem a gerir escolas e centros de saúde. Isto porque o Governo está sensível aos argumentos da “Declaração de Rivoli” e recuou, adiando a transferência de competências. O prazo desta transferência passa, assim, para o primeiro trimestre de 2022, uma data que agrada aos líderes dos municípios, que reclamavam novos prazos. Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (link indisponível)

Enfermeiros voltam ao início da carreira se deixarem chefia

Muitos enfermeiros estão a ser confrontados com o facto de, após vários anos de carreira e de exercerem posições de chefia, voltarem automaticamente à categoria mais baixa devido à transição para a nova carreira especial de enfermagem que ocorreu em 2019. Na prática, é como se regressassem ao início da carreira, uma vez que não ficam posicionados na categoria de especialista nem de gestor, mas sim de enfermeiro. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

No pior cenário, coronavírus “vai reduzir a velocidade” do turismo

O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAV) alerta que, se a crise do coronavírus persistir até ao verão, isso trará consequências para o turismo nacional. “Não sei se gripa, mas vai reduzir a velocidade”, disse Pedro Costa Ferreira. Mas, nos piores cenários, continuou, “todo o modelo económico mundial vai ter dificuldades”. Leia a notícia completa na Renascença

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Fundo de Abu Dhabi corta a menos de metade posição na EDP

A Mubadala Investment Company, que tinha mais de 4% do capital da elétrica portuguesa, vendeu boa parte das suas ações. Operação teve lugar antes da redução da participação da China Three Gorges.

A Mubadala Investment Company reduziu de forma expressiva a sua posição no capital da elétrica portuguesa. Tinha mais de 4%, mas um dia antes da China Three Gorges ter vendido parte da sua participação no mercado, o fundo soberano de Abu Dhabi alienou grande parte das ações da EDP, deixando de ter participação qualificada na empresa liderada por António Mexia.

“No dia 26 de Fevereiro de 2020, a Mubadala Investment Company comunicou à EDP que já não detém uma participação qualificada na EDP. A redução do patamar de 2% pela Mubadala aconteceu no dia 25 de fevereiro de 2020”, refere o comunicado enviado pela elétrica portuguesa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A venda da posição da Mubadala Investment Company, um fundo detido pelo Governo de Abu Dhabi, aconteceu no dia de Carnaval, uma sessão marcada por fortes quedas na bolsa de Lisboa, mas também nas restantes praças em resultado do alastrar do coronavírus. Nesse dia passou de 4,06% para 1,4794% do capital da EDP.

A alienação foi realizada antes de a China Three Gorges avançar também com a venda de parte da sua posição no mercado. Quase um ano após o fim da Oferta Pública de Aquisição, na qual tentou ficar com a totalidade da elétrica, mas falhou, o maior acionista reduziu a sua participação em 1,8%. As quase 66 milhões de ações vendidas resultaram num encaixe de 292,9 milhões de euros para a empresa estatal chinesa.

Após a venda, o fundo de Abu Dhabi deixou de ter participação qualificada, deixando por isso de ter de comunicar à CMVM eventuais novas reduções da sua posição.

Não foi avançada uma explicação para esta venda de grande parte da posição na EDP, mas este fundo anunciou recentemente quer investir na energia eólica e solar fotovoltaica na Península Ibérica, sendo que essa aposta será feita através da Masdar Cepsa Renováveis, uma parceria entre a Masdar, subsidiária do fundo, e a espanhola Cepsa, detida pelo fundo e também pelos norte-americanos dos Carlyle Group.

(Notícia atualização às 7h29 com mais informação)

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Casos de coronavírus encolhem na China. Itália regista 14.ª morte

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2020

Há um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão. Em Portugal, a DGS registou 25 casos suspeitos de infeção, sete dos quais ainda estavam em estudo na quarta-feira à noite.

A China anunciou mais 29 mortos devido a infeção pelo coronavírus Covid-19, uma queda face ao dia anterior, ao mesmo tempo que apareceram 433 novos casos, informaram as autoridades de saúde do país.

O número de novos pacientes na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, registou assim um aumento de 7%, em comparação com o dia anterior, enquanto o número de mortes caiu 44%.

Segundo os dados atualizados pela Comissão Nacional de Saúde da China, até às 16h00 de quarta-feira em Lisboa, o país somava um total de 2.744 mortos e 78.497 casos confirmados.

Entre os casos confirmados, 43.258 continuam ativos, entre os quais 8.346 estão em estado grave. Mais de 32.400 pessoas já receberam alta após superarem a doença, um aumento de 9%, face a terça-feira.

A mesma fonte acrescentou que, até ao momento, 652.000 pessoas foram colocadas sob observação, após terem tido contacto próximo com os infetados, entre os quais 71.500 ainda estão a ser acompanhados.

O número de pessoas suspeitas de estarem infetadas pelo novo coronavírus fixou-se em 2.358, detalhou a mesma fonte.

Na província de Hubei, o epicentro da epidemia, que acumula 84% dos casos e 96% das mortes, o número de novos casos fixou-se hoje em 409, ao mesmo tempo que morreram 26 pessoas, a maioria em Wuhan, capital da província.

Entre os 39.755 casos atualmente ativos em Hubei, 7.984 encontram-se em estado grave.

Os números oficiais revelaram que, no resto da China, houve 24 novos casos e três mortes, nas províncias de Heilongjiang e Henan e na cidade de Pequim.

A China soma 95% dos casos de infeção pelo novo coronavírus a nível mundial.

A nível global, o balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de 2.800 mortos e mais de 82 mil pessoas infetadas, de acordo com dados de 48 países e territórios.

Das pessoas infetadas, mais de 33 mil recuperaram.

Além de 2.744 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.

Número de mortos em Itália sobre para 14. Em Portugal há 25 casos suspeitos

Em Itália, país onde há o maior foco de infeção na Europa, o número de mortos provocados pelo novo coronavírus subiu para 14, sendo que foram contabilizadas 528 casos de infeção, dos quais 40 já estão curadas, informou esta quinta-feira o responsável da Proteção civil italiana, Angelo Borrelli.

Angelo Borrelli explicou que ocorreram duas mortes nas últimas 24 horas, mas estava a aguardar os resultados do Instituto Superior de Saúde para confirmá-lo oficialmente.

O responsável da Proteção Civil disse ainda que a Lombardia, na região mais afetada, foram registados 305 casos positivos e destes 37 pessoas já estão curadas, apresentando duas vezes teste negativo para o vírus como manda o protocolo.

O restante dos infetados estão distribuídos pelas regiões do Vêneto (98), Emília Romanha (97), Ligúria (11), Marcas (2), Lácio (3), Sicília (3), Toscana (3), Campânia (2), Piemonte (2), Trentino Alto Adige (1) e um primeiro caso também foi registado em Abruzzo, uma pessoa que esteve Lombardia.

O responsável da Proteção Civil especificou que a maioria está em isolamento em casa, enquanto 159 estão internados e 37 estão internados em unidades de cuidados intensivos.

Diante deste surto de coronavírus na Itália, a Proteção Civil está a contar com cerca de 774 pessoas para administrar esta situação de emergência e também tem 800 voluntários. A temperatura corporal foi medida a três milhões de passageiros nos aeroportos e cerca de 100.000 nos portos.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) registou 25 casos suspeitos de infeção, sete dos quais ainda estavam em estudo na quarta-feira à noite. Os restantes 18 casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.

No seu primeiro boletim diário sobre a epidemia, divulgado na quarta-feira, a DGS indicou que “de acordo com a informação atual, o risco para a saúde pública em Portugal é considerado moderado a elevado”.

O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.

A nível mundial, a Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

(Notícia atualizada às 14h01)

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5 coisas que vão marcar o dia

No dia em que o Parlamento discute um travão às comissões da banca, ficam a conhecer-se os dados mais recentes da avaliação bancária.

No dia em que o Parlamento discute um travão às comissões da banca, o INE publica dados sobre a avaliação bancária, que deverá continuar em máximos de sempre. Ao mesmo tempo, o Eurostat divulga as despesas do Estado por funções em 2018, enquanto a Farfetch apresenta os resultados do ano passado. Na Justiça, arranca o julgamento do recurso da Nowo à coima aplicada pela Anacom.

Parlamento discute travão às comissões da banca

As comissões da banca estão na mira do Parlamento e vão ser debatidas esta quinta-feira, depois de PS, Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Chega terem entregado propostas de alteração legislativa que visam limitar ou mesmo impedir que as instituições financeiras cobrem algumas comissões. Um dos principais pontos de convergência entre as propostas destes cinco partidos visa impedir os bancos de cobrarem comissões de serviços e produtos de plataformas de instituições terceiras, nomeadamente o MB Way.

Avaliação bancária vai bater novo máximo?

O preço a que os bancos avaliam as casas para efeito de concessão de crédito voltou a aumentar em dezembro, batendo um novo máximo: 1.321 euros por metro quadrado. 2019 foi, assim, o quinto ano consecutivo em que a avaliação bancária aumentou, acompanhando a evolução dos preços de vendas das casas em Portugal. Mas será que em janeiro de 2020 a tendência se mantém? É isso que o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai responder hoje.

Eurostat publica dados sobre a despesa do Estado por funções

O Eurostat vai publicar esta quinta-feira um relatório sobre a despesa dos Estados por funções em 2018, onde é feitauma comparação com outros Estados-membros. O relatório de 2018, por exemplo, concluiu que Portugal estava abaixo da média da União Europeia no que toca à aplicação da riqueza gerada no país com a proteção social dos cidadãos.

Farfetch apresenta resultados de 2019

Esta quinta-feira é dia de a Farfetch apresentar as contas relativas a 2019, naqueles que são os segundos resultados anuais após a entrada na bolsa de Nova Iorque. A plataforma nacional fundada por José Neves vai mostrar ao mercado se foi capaz de superar a faturação bruta de 1.407 milhões de dólares (1.296 milhões de euros) registada em 2018, ano que contribuiu para colocar o fundador na lista dos multimilionários.

Arranca julgamento do recurso da Nowo à coima da Anacom

Começa esta quinta-feira o julgamento do recurso apresentado pela Nowo (antiga Cabo Visão) à coima de 635.000 euros aplicada no ano passado pela Anacom. Na base desta multa está o facto de a operadora ter 44 contraordenações relacionadas com a cessação de contratos, isto porque, segundo a Anacom, terá recusado 23 pedidos de denúncias de contratos e não disponibilizou nos balcões os respetivos formulários a 16 clientes.

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Partido a partido, o que querem mudar nas comissões da banca?

PS, Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Chega entregaram um conjunto de propostas de alteração legislativa que visam travar as comissões da banca. O tema está hoje em discussão no Parlamento.

As comissões da banca estão na mira do Parlamento e vão a debate nesta quinta-feira. A marcação desta discussão coube ao Bloco de Esquerda, mas o tema das comissões merece a preocupação da maioria dos partidos representados. Cinco partidos com assento no Parlamento entregaram um conjunto de propostas de alteração legislativa que visam limitar ou mesmo impedir que as instituições financeiras cobrem algumas comissões. Nas propostas entregues pelo PS, Bloco de Esquerda, PCP, PAN e Chega há muito a uni-los.

Um dos principais pontos de convergência entre as propostas destes cinco partidos vai no sentido de impedir os bancos de cobrarem comissões de serviços e produtos de plataformas de instituições terceiras, visando nomeadamente o MB Way. A junção de esforços em torno deste tema surge quase um ano depois de o primeiro banco ter dado conta que iria começar a cobrar pelas transferências feitas através deste meio. Depois disso, outros quatro bancos fizeram o mesmo. Face às posições defendidas pelos partidos, dificilmente o chumbo às comissões no MB Way não terá o aval do Parlamento.

Além do travão ao MB Way, os partidos também juntaram-se para acabar com um conjunto de outras comissões que consideram não ter associado um serviço ou não fazer sentido serem aplicadas aos clientes bancários. Na mira têm alguns encargos que são cobrados nos contratos de crédito, seja para a compra de casa ou para consumo: nomeadamente, processamento de prestações do crédito, emissões de declarações de dívida ou o distrate. Bloco de Esquerda, PS e PAN apresentaram propostas legislativas neste âmbito.

Há ainda propostas que visam eliminar exclusões no acesso aos Serviços Mínimos Bancários (SMB) ou mesmo torná-los gratuitos. PCP tem uma proposta neste sentido.

Abaixo conheça em detalhe o que cada um dos cinco partidos propõe com vista a obrigar os bancos a “colocar o pé no travão” na cobrança de comissões aos clientes.

PS quer limitar comissões no MB Way. Faz mira também a comissões no crédito

Uma das bandeiras do projeto-lei do PS passa por criar limites às comissões que os bancos podem cobrar em serviços prestados por plataformas eletrónicas de instituições terceiras, tendo como foco aplicações como a do MB Way ou o Revolut. Neste âmbito, pretende impedir a cobrança de qualquer comissão nas operações que envolvam este tipo de plataformas. Nomeadamente, nas operações de levantamentos, pagamentos de serviços ou transferências.

Mas a proposta do PS prevê exceções a essa proibição. Essa cobrança será apenas possível em operações que excedam um limite de: 100 euros por operação; ou 500 euros enviados em operações na plataforma durante o período de um mês; 50 transferências enviadas no período de um mês. E essa cobrança também a aplicar-se, será com base num limite máximo a estabelecer por decreto-lei. Os socialistas pretendem ainda proibir que o valor das comissões seja diferente consoante as operações se realizem através da plataforma do próprio banco ou de instituições terceiras.

A proposta socialista também pretende disciplinar a aplicação de determinadas comissões no crédito. Um dos seus pontos é a limitação de comissões pela emissão de declarações de dívida, impedindo designadamente a cobrança de qualquer valor quando a emissão desta declaração ou de outras com o mesmo propósito se destine ao “cumprimento de obrigações para acesso a apoios sociais ou prestações sociais e serviços público, até a um limite anual de seis declarações”.

O distrate, documento em que se dissolve um contrato de crédito à habitação (por via da liquidação do empréstimo ou da venda do imóvel, por exemplo), também é visado. O PS defende que o distrate tem de ser entregue pelos bancos num prazo de dez dias sobre o término do contrato, “sem necessidade de requerimento do consumidor”, sem impor contudo qualquer limite no encargo a cobrar pela instituição financeira.

Nas renegociações dos contratos de crédito, o PS também quer que seja vedada “qualquer alteração unilateral” que resulte na modificação do custo total do crédito para o consumidor quando este implique uma TAEG (Taxa Anual Efetiva Global, que reflete todos os encargos) diferente da contratualizada, ou na alteração dos benefícios pela aquisição de outros produtos ou serviços financeiros.

Bloco quer proibir comissões no MB Way, mas também no crédito

A cobrança de comissões para serviços disponibilizados por plataformas de terceiros também é visada no pacote legislativo entregue pelo Bloco de Esquerda no Parlamento. Propõe que, “tal como foi feito para a utilização das caixas automáticas e terminais de pagamento automáticos, seja proibida a cobrança de comissões pelos bancos nas operações em plataformas eletrónicas operadas por terceiros, como é o caso da aplicação móvel MB Way“. Refere-se designadamente aos pagamentos de serviços e transferências. Neste campo o partido liderado por Catarina Martins vai um pouco mais longe do que o PS, ao pretender simplesmente proibir em vez de limitar.

À semelhança do PS, também o Bloco de Esquerda faz mira às comissões no crédito. É “expressamente proibido” cobrar custos “associados à emissão de declarações de dívida e respetivos encargos ou qualquer outra declaração emitida com o mesmo propósito, estando o mutuante expressamente proibido de cobrar qualquer encargo ou despesa associada à emissão de documentos declarativos de dívida, respetivos encargos ou regularização”, propõe o Bloco de Esquerda.

Mas o partido liderado por Catarina Martins vai um pouco mais longe do que o PS relativamente ao distrate, pretendendo determinar a sua gratuitidade. “O mutuante não pode exigir ao consumidor qualquer encargo ou despesa de término de contrato a título de comissão ou de processamento de final de contrato, sendo obrigatória a emissão automática do distrate por parte do mutuante no final do contrato de crédito, sendo este fornecido gratuitamente ao consumidor”, diz o Bloco.

Também vai mais longe do que o PS, ao pretender impedir que os bancos cobrem uma mensalidade pelo processamento da prestação dos créditos. Mas à semelhança do PS, o Bloco quer ainda que os bancos sejam impedidos de alterar unilateralmente as condições dos créditos concedidos “que resulte na modificação do custo total” para o consumidor, implicando TAEG diferentes das contratualizadas.

Outro dos projetos de lei do Bloco de Esquerda visa ainda substituir os atuais SMB por uma “conta básica universal”. Esta conta teria de ser acessível a todos os clientes, não havendo restrições de acesso, e com “um preço justo e estável, sem colocar em causa o acesso a outros produtos — depósitos a prazo, contas poupança, crédito à habitação, cartão de crédito, outros produtos de crédito”.

Do pacote legislativo do Bloco faz parte ainda um projeto de resolução focado na política de comissões bancárias da Caixa Geral de Depósitos.

PCP quer proibir comissões nas aplicações. Defende SMB gratuitos e de acesso livre

O PCP apresenta um projeto de lei que está alinhado com o do PS e do Bloco no que respeita às aplicações digitais, fazendo também mira às comissões do MB Way. O partido liderado por Jerónimo de Sousa propõe proibir a cobrança de encargos em levantamentos ou pagamentos feitos através de aplicações bancárias.

Num outro projeto de lei, foca também as suas atenções nos SMB. Para além de pretender que este serviço passe a ser gratuito, quer também eliminar as situações que impedem que os consumidores a eles possam aceder. Nomeadamente, o facto de terem conta noutros bancos.

PAN quer cinco serviços a serem isentos. MB Way é um deles

Já o PAN foca a sua proposta legislativa no conceito daquilo que é um “serviço efetivamente prestado”, considerando que quando tal não está inerente não deva ser cobrada uma comissão.

No seu projeto de lei classifica como não sendo “serviços efetivamente prestados” cinco situações. A disponibilização de plataformas de intermediação, como a MB Way, e o processamento das operações realizadas por essa via; o processamento das prestações de crédito e análise de renegociações das condições do crédito (spread ou prazo de duração do contrato); emissão de distrate no fim do contrato ou em caso de reembolso antecipado; emissão de documentos declarativos de dívida, respetivos encargos ou regularização); e a alteração da titularidade da conta à ordem.

Chega quer esclarecer o que é “serviço efetivamente prestado”

Já o partido liderado por André Ventura pede uma clarificação da lei relativamente ao que compreende como sendo um “serviço efetivamente prestado” por uma entidade bancária a um cliente, e que neste âmbito “determine a não cobrança de qualquer taxa ou comissão na totalidade dos serviços prestados pela aplicação MB Way, ou quaisquer outras semelhantes”.

O Chega pede ainda que o Parlamento determine que o Banco de Portugal defina valores mínimos e máximos a cobrar pela prestação de determinados serviços, “definindo um limite para as subidas das comissões, em especial nos produtos bancários imprescindíveis para os consumidores”.

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