5 coisas que vão marcar o dia

A entrada em vigor do estado de emergência em Portugal é principal marco deste dia. Fora da esfera do coronavírus, destaque para dados sobre o endividamento da economia.

A entrada em vigor do estado de emergência em Portugal como forma de combater a propagação do coronavírus e permitir medidas que acautelem os melhores interesses do país é, inquestionavelmente o marco deste dia. Mas fora da esfera deste novo vírus há mais dados a ter em conta. Será conhecida a evolução do endividamento da economia em janeiro, bem como a evolução do investimento nos produtos de poupança do Estado em fevereiro. Será ainda divulgada a avaliação bancária das casas.

Mercados em stress com o vírus. E o petróleo?

Será importante acompanhar o comportamento dos mercados financeiros, numa altura marcada por uma forte volatilidade. Depois de algumas subidas, as bolsas voltaram a afundar, perante o aumento do número de casos de infeção pelo coronavírus. Mesmo com vários países a avançarem com pacotes orçamentais para tentarem mitigar os efeitos na economia, os investidores mostram-se ansiosos, antecipando uma recessão dura. Essa mesma perspetiva tem justificado a forte pressão vendedora sentida no mercado petrolífero. O barril de petróleo está já a cotar cerca de 25 dólares em Londres.

Estado de emergência entra em vigor

Desde as 00h00 desta quinta-feira que está em vigor o estado de emergência em Portugal, medida que foi decidida pelo Presidente da República, obteve aprovação do Governo e do Parlamento nesta quarta-feira. Tal permitirá combater a propagação do coronavírus e possibilitar a tomada de medidas que acautelem os melhores interesses do país. A par dessa decisão, a partir de hoje entra em vigor também a suspensão das ligações aéreas de fora e para fora da União Europeia por decisão do Governo.

Banco de Portugal divulga evolução do endividamento da economia

Esta quinta-feira, o Banco de Portugal revela os dados sobre a evolução do endividamento da economia portuguesa relativos ao mês de janeiro. Em dezembro, o endividamento do setor não financeiro situou-se em 721 mil milhões de euros, abaixo dos 724,7 mil milhões, registados no mês precedente. Irá a barreira dos 725 mil milhões de euros voltar a ser ultrapassada no arranque do ano?

Como evoluiu o investimento em certificados?

O Banco de Portugal divulga dados sobre a evolução do investimento dos portugueses em Certificados do Tesouro e aforro no segundo mês do ano. De salientar que, em janeiro, ocorreu um decréscimo acentuado no montante aplicado pelas famílias em certificados: afundaram mais de 650 milhões, devido à descida de 690 milhões nos certificados do Tesouro.

Avaliação das casas atinge novo máximo?

O Instituto Nacional de Estatística revela os dados sobre a avaliação bancária das casas relativa ao mês de fevereiro. Os últimos dados, referentes a janeiro, indicam que o valor que os bancos atribuem às casas para efeitos de concessão de crédito voltou a aumentar pelo 34.º mês consecutivo, fixando-se nos 1.330 euros, máximo de mais de uma década.

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Fechado em casa? 10 dicas sustentáveis para continuar a proteger o ambiente

A pedido do Capital Verde, do ECO, a Quercus deixa "algumas dicas de eficiência de recursos enquanto estivermos em isolamento social".

Por estes dias, a palavra de ordem é “ficar em casa”. Trabalhar em casa, estudar em casa, cozinhar várias refeições por dia, seja para uma família pequena ou numerosa, comprar mais, consumir mais, ver multiplicar os sacos de lixo, ter as máquinas de roupa e de loiça a trabalhar quase sem parar. Resultado: mais resíduos urbanos e um maior gasto de eletricidade, gás e água.

“A pandemia de Covid-19 está a parar o Mundo. E irá inevitavelmente contribuir para repensarmos os nossos comportamentos e até que ponto conseguimos mudar alguns hábitos na nossa vida”, disse ao Capital Veerde, do ECO, fonte oficial da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza. A organização não-governamental de ambiente (ONGA) aproveitou também para deixar um apelo: “Neste período de contenção, em que as famílias estão quase obrigadas a ficar em suas casas, seria importante as empresas fornecedoras de energia, água e gás pudessem oferecer um desconto social na prestação destes mesmos serviços básicos“.

Do lado da Câmara Municipal de Lisboa, por exemplo, o aumento exponencial do volume de resíduos já é um dado adquirido: “Com mais pessoas a trabalhar a partir de casa, a produção de lixo doméstico tem vindo a aumentar. Para que seja possível alocar todos os meios à recolha diária, está suspenso o agendamento e recolha de: lixo volumoso, resíduos verdes de limpeza de jardins, resíduos de construção e demolição”, admitiu já a autarquia.

A pedido do Capital Verde, do ECO, a Quercus deixa “algumas dicas de eficiência de recursos enquanto estivermos em isolamento social”, entre quais:

  • Se estamos mais tempo em casa gastamos mais água, mais eletricidade e mais gás. Assim, podemos tentar otimizar estes consumos. Por exemplo: de cada vez que abrimos a torneira gastamos entre 6 a 12 litros de água por cada minuto que passa. Nesta fase, em que não podemos deixar de lavar as mãos a cada gesto, podemos fazê-lo fechando obrigatoriamente a torneira de cada vez que desinfetamos ou ensaboamos as mãos, ou mesmo o corpo durante um banho.
  • Podemos também aproveitar a água de lavagem dos alimentos para a rega das plantas. Guardar a água que corre, quando a aquecemos para o banho, para a utilizar na lavagem do chão.
  • É importante desligar os equipamentos que não estão a ser utilizados e desligar as luzes dos espaços que não estão ocupados. Tentar aproveitar a tarifa bi-horária para as lavagens da roupa e da loiça, nas máquinas de lavar. Assim poupamos na carteira e poupamos o ambiente.
  • Mais tempo em casa poderá implicar uma maior produção de lixo, pelo que poderemos contribuir para a sua reciclagem colocando-os nos ecopontos corretos – azul para o cartão e o papel, verde para o vidro e amarelo para o plástico e metal. Mais dúvidas sobre o encaminhamento no lixo poderá esclarecer na aplicação Wasteapp, da Quercus. Procure os ecopontos perto da sua residência e participe na separação do seu lixo, sempre que tiver respostas para o seu encaminhamento.

http://videos.sapo.pt/QFD5cck9WUtvkzNwt3bL

  • Nesta situação, com o encerramento de algumas lojas, alguns de nós poderão estar limitados em poder comprar a granel, tendo que recorrer a comprar embalado. De qualquer forma, deverá evitar-se adquirir grandes quantidades de produtos, principalmente os perecíveis, para evitar passar os prazos ou que se estrague contribuindo para o aumento do desperdício alimentar.
  • Como estamos a comprar mais produtos embalados, podemos reutilizar estas embalagens para acondicionar outros alimentos ou outros produtos, mas também podemos usar as embalagens para fazer projetos, ocupando as nossas crianças.
  • Procurar comprar apenas o que é necessário, se possível opte pelas compras online, adquirindo os produtos da época e tentar comprar produtos de origem nacional. Se tiver que optar pela compra de produtos embalados, opte, sempre que possível, por embalagens familiares e que permitam a substituição através de recargas.
  • Verifique o prazo de validade dos produtos para evitar ultrapassá-los. Aproveite as sobras alimentares e seja criativo na sua reutilização para a confeção de novas receitas. Existem muitas ideias disponíveis na Internet que o poderão ajudar.
  • Se sair de casa, por breves minutos, não se esqueça de usar máscara. Se se sente perfeitamente saudável poderá usar um lenço de pano dobrado em triângulo (duplo, tipo “Zorro”) para evitar levar as suas mãos à face. Serve para o efeito e não é descartável. Lave-o de seguida.
  • Na situação de estar perante um caso suspeito ou confirmado de Covid-19, em tratamento no domicílio, todos os resíduos produzidos no tratamento do doente deverão ser colocados em sacos de lixo, resistentes e descartáveis, com enchimento até 2/3 da sua capacidade, fechados, e colocados dentro de um segundo saco devidamente fechado, e encaminhado para o contentor do lixo indiferenciado.

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Empresas enviam declarações aos funcionários a autorizar ida para o trabalho

Perante o estado de emergência no país, há empresas que estão a enviar declarações aos seus funcionários para que possam sair de casa para se deslocarem aos postos de trabalho.

O Presidente da República decretou o “estado de emergência” em Portugal. Isto pode levar a restrições sérias na liberdade de circulação das pessoas. Por causa disso, já há empresas a enviar aos seus trabalhadores declarações para que sejam autorizadas deslocações de casa para o trabalho (e vice-versa) uma vez que as funções não podem ser executadas em regime de teletrabalho.

Muitas empresas não terão grandes problemas com estas restrições à circulação de pessoas, uma vez que podem continuar as suas atividades com os seus trabalhadores à distância, em regime de teletrabalho. Mas outras não o poderão fazer uma vez que isso exigirá a presença do trabalhador na execução das tarefas. Por exemplo, em setores industriais é necessário que os trabalhadores estejam presentes para manobrar as máquinas e assim a empresa continue a produzir.

Nesse sentido, há empresas a enviar aos seus colaboradores uma declaração em que explicam a razão pela qual é indispensável que o trabalhador possa deslocar ao seu posto. É um documento para que os trabalhadores possam mostrar às autoridades de segurança, uma espécie de um “visto” para que seja permitida a deslocação de casa para o trabalho e vice-versa.

Mais: o documento a que o ECO teve acesso — de uma empresa portuguesa com cerca 1.000 trabalhadores — também indica outras informações como o horário do funcionário em causa, a descrição das funções que explicam por que razão é necessária a sua presença, assim como a identificação da morada do local de trabalho.

A declaração é assinada pela entidade empregadora, que torna “oficial” o documento.

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Vem aí uma moratória no crédito da casa. Com Sócrates a adesão foi fraca

Há 11 anos, em plena crise, o Governo de José Sócrates avançou com moratória em que as famílias tiveram moratória nos créditos. Agora, com a pandemia, Executivo de Costa vai fazer o mesmo.

O Governo português apresentou um pacote de estímulos económicos para apoiar as empresas a fazer face à pandemia do novo coronavírus, sendo que uma das sete medidas prevê a constituição de moratórias para créditos. Apesar de não referir em concreto, esta medida deverá também abranger as famílias, integrando um pacote ainda a anunciar. O apoio ao pagamento de prestações das famílias em situação económica difícil não é, contudo, uma novidade em Portugal. Há precisamente 11 anos, no início da crise financeira em Portugal, o executivo liderado por José Sócrates avançava com uma medida similar.

Na conferência de imprensa desta quarta-feira, o ministro das Finanças — Mário Centeno — avançou a “possibilidade de se constituir uma moratória de capital e juros”, explicando que este trabalho está a ser desenvolvido entre o Banco de Portugal e o sistema bancário, e em particular com a Associação Portuguesa de Bancos (APB).

Segundo o Jornal de Negócios, terá sido mesmo a associação que representa os bancos a apresentar ao Executivo uma proposta para que se avance com uma solução semelhante à que foi aplicada em Itália, onde foram suspensos os pagamentos de prestações de crédito por parte de famílias e pequenas e médias empresas (PME) afetadas pelos crise do coronavírus.

Não são conhecidos ainda os contornos do modelo que será seguido em Portugal, sendo que Mário Centeno adiantou que “toda a legislação que seja necessária para concretizar esta moratória será aprovada até ao final do mês“.

O modelo mais recente de implementação de moratórias para créditos focadas nas famílias, em Portugal, ocorreu em março de 2009, quando o Governo liderado por José Sócrates criou uma moratória nas prestações de crédito à habitação. Na ocasião foi dado até ao final daquele ano para que as famílias pudessem requerer acesso a essa moratória, e com esta a ter uma duração de dois anos.

O acesso a esta medida foi dado às famílias com crédito em que pelo menos um dos mutuários se encontrassem desempregados há pelo menos três meses, permitindo-lhes beneficiar de uma redução de 50% no valor da prestação da casa.

Para financiar o custo de medida, foi criada uma linha de crédito específica, a uma taxa abaixo da própria Euribor (a seis meses) em 0,5%. Foi determinado ainda que a amortização do montante utilizado, incluindo os juros vencidos, se devia iniciar, no limite, a partir do último mês de utilização da linha de crédito e concluído até ao termo do prazo do respetivo crédito à habitação.

Para além disso, o executivo na ocasião anunciou ainda a bonificação dos juros, para os desempregados titulares de empréstimos no regime de crédito bonificado. Segundo o Chefe do Executivo, nas famílias em que um dos seus membros se encontre desempregado “será aumentada.

Quando anunciou esta medida a 18 de março de 2009, o Governo da altura apontou que a linha de crédito que para financiar a moratória sobre as prestações de crédito à habitação deveria custar logo naquele ano 150 milhões de euros. Contudo, a medida acabou por ter pouca adesão por parte das famílias portuguesas.

Num quadro quase de “tempos de guerra” como se referiu o ministro das Finanças, nesta quarta-feira, são antecipados grandes impactos negativos para todos os agentes económicos. Moratórias de créditos também implicam pressão sobre os bancos, e potenciais riscos para os respetivos rácios. Mas as autoridades europeias do setor já deram sinais de pretender apoiar os bancos neste sentido. Ou seja, que esses créditos não sejam reconhecidos para efeitos de exigências quanto aos rácios de crédito malparado (chamados de “non performing loans”) a que os bancos são obrigados a cumprir por parte do Banco Central Europeu.

Na passada quinta-feira, a entidade liderada por Christine Lagarde anunciou precisamente um conjunto de medidas que visam aliviar as regras sobre as almofadas de capital impostas aos bancos da Zona Euro.

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Governo dá milhares de milhões à economia. É muito ou pouco?

Desde que o impacto do vírus se tornou evidente, o Governo tem avançado com medidas de estímulo à semelhança de outros países. Qual o valor total? É suficiente? E como compara com outros estímulos?

O Governo anunciou um pacote de medidas de 9,2 mil milhões de euros, cerca de 4,3% do PIB português, para a economia portuguesa “sobreviver” ao choque económico do vírus. Este valor junta-se às medidas anunciadas nas últimas semanas. Mas é suficiente? E como compara com os estímulos de outros países como Espanha, França e Reino Unido?

Estas são perguntas cuja resposta é difícil de dar no imediato dada a incerteza, mas é possível dar já algumas pistas sobre o assunto. Os economistas consultados pelo ECO consideram que os valores deverão ser insuficientes para combater esta crise, mas admitem que o Governo está de mãos atadas e que a resposta principal tem de ser coordenada a nível europeu. Quanto à comparação com outros países, cada caso é um caso, dizem, mas uma análise aos números sugere que a resposta de Portugal, para já, fica aquém.

Para Luís Aguiar Conraria, que admite desde logo vir a mudar de opinião “nas próximas horas” dada a incerteza desta situação, considera que o pacote de medidas é “manifestamente insuficiente”, mas sem haver apoio europeu — nomeadamente as “coronabonds” que a Alemanha admitiu pela primeira vez — dificilmente será possível fazer mais, aumentando o défice orçamental até aos 5% ou 10%, sem desencadear novamente a desconfiança dos investidores e, posteriormente, uma crise das dívidas soberanas, como a que se seguiu à crise financeira de 2008.

Para o economista da Universidade do Minho “o problema não é só de liquidez”. “As medidas são altamente ambiciosas, mas não passam de crédito”, assinala, referindo que isso “não vai resolver o problema” dado que antecipa a falência de muitas empresas e o despedimento de trabalhadores que estão em regime experimental ou com contratos a prazo. “Sem vir um helicóptero [europeu], o Governo tem alguma margem, mas não muita“, afirma, ressalvando que não está a criticar o Executivo de António Costa.

A opinião é partilhada pelo economista Joaquim Miranda Sarmento: “Há pouca margem de atuação e há o risco de uma nova crise da dívida soberana se o BCE e a UE não atuarem“, diz ao ECO, referindo que, “ainda para mais nesta altura”, é necessário mutualizar a dívida pública até aos 60% do PIB, o limite impostos ao endividamento público pelo Tratado de Maastricht. O também presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD considera que a emissão de “coronabonds” seria um “contributo” para evitar desconfiança nos mercados, assim como a atuação do BCE no mercado para baixar os spreads.

"As medidas são altamente ambiciosas, mas não passam de crédito.”

Luís Aguiar Conraria

Economista da Universidade do Minho

Também João Duque considera que este pacote “não é suficiente”, mas considera que o próprio Governo sabe disso. “Eles não sabem [quanto dinheiro será necessário]”, diz o economista do ISEG, referindo a evolução da linha de crédito de 100 milhões para 200 milhões e agora para três mil milhões de euros e ainda a recusa inicial de Orçamento retificativo que entretanto foi admitido pelo ministro das Finanças. “Deve começar já a fazê-lo [ao Orçamento retificativo], é óbvio”, aconselha João Duque.

O economista antecipa que “vai haver uma cadeia de incumprimento [de crédito], o que contamina” a economia, nomeadamente a banca que poderá ter “um impacto imediato” caso não haja coordenação ao nível dos reguladores europeus. João Duque duvida principalmente da rapidez dos apoios — o presidente da CIP já pediu celeridade — e de como vão traduzir-se, na prática, na economia real: “Como é que se faz chegar o dinheiro às empresas e qual a elegibilidade das empresas?”, questiona, antecipando que a banca sofrerá ao emprestar a “empresas que estão mal”.

Na conferência de imprensa desta quarta-feira, 18 de março, Mário Centeno admitiu que as medidas — que estão focadas no segundo trimestre deste ano — podem ser prolongadas e até revistas à medida que a situação desenrola. A flexibilidade existe e será usada num esforço sem precedentes, garantiu o ministro das Finanças, referindo que estes são os “primeiros passos” de uma luta “temporária mas longa”. Centeno dramatizou o discurso, citando o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi: “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance (“whatever it takes“) e que for necessário para fazer face a esta pandemia”.

Números sugerem que estímulo de Portugal fica aquém de outros países

Também difícil é comparar o estímulo português com o de outros países, mas uma análise aos números sugere que fica aquém. Desde logo, ainda não é claro qual é o valor total das medidas até ao momento pelo Governo. O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre essa contabilização, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Esta quarta-feira foram anunciados 9,2 mil milhões de euros de liquidez — isto é, em princípio, a maioria deste dinheiro não é uma despesa do Estado mas sim garantias para empréstimos e adiamentos de receita –, o equivalente a 17% do PIB trimestral, segundo Centeno, e a 4,3% do PIB anual, de acordo com as contas do ECO com base nos dados de 2019. A este valor soma-se a linha de crédito de âmbito geral de 200 milhões de euros anunciada na semana passada.

As contas complicam-se quando se juntam outras medidas que implicam despesas para a Segurança Social como o novo regime de lay-off simplificado ou os apoios ao emprego dos pais que ficam a tomar conta dos filhos e para os trabalhadores independentes, entre outras medidas.

Na passada sexta-feira, após o Conselho de Ministros que aprovou as medidas, o ministro das Finanças estimava em 300 milhões de euros o impacto das duas próximas semanas que antecedem as férias escolares da Páscoa, referindo-se às medidas de apoio ao rendimento, em particular na área da Segurança Social, ao impacto na área da saúde e também à liquidez das empresas.

Esta segunda-feira, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, avançou outro número: “Só nas medidas de apoio às famílias e de manutenção dos postos de trabalho que aprovámos, nós temos um impacto previsível de cerca de dois mil milhões de euros por mês”. Entre os 300 milhões em duas semanas e os dois mil milhões num mês, não é possível neste momento saber o que somar ao valor total.

Admitindo que, entre as medidas de liquidez das empresas e, no geral, o apoio ao emprego e às famílias (durante três meses), o estímulo supere os 15 mil milhões de euros, mesmo assim o peso no PIB ficará pela casa dos 7%, o que fica abaixo das estimativas lançadas em Espanha, França e Reino Unido.

Peso (aproximado) das medidas no PIB por país

Para Portugal ainda não é conhecido o valor total, sendo feito aqui uma aproximação face ao que se sabe neste momento. Os 9,4 mil milhões de euros resultam da soma dos 9,2 mil milhões anunciados esta quarta-feira mais os 200 milhões da semana passada. A esse valor junta-se mais 6 mil milhões assumindo a declaração da ministra do Trabalho e multiplicando por três meses.

De acordo com os dados do Financial Times e as contas do ECO com base nos dados de 2019 do Eurostat, as medidas de liquidez do Governo espanhol de 100 mil milhões de euros (excluindo a parte privada de 83 mil milhões que perfaz um total de 200 mil milhões de euros anunciados), às quais se somam 17 mil milhões de euros de outros apoios diretos, correspondem a mais de 9% do PIB. Ao anunciar o pacote de estímulos, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, descreveu-o como “a maior mobilização de recursos na história democrática do país”.

No Reino Unido, as medidas de liquidez chegam a cerca de 300 mil milhões de euros, cerca de 14% a 15% do PIB anual britânico, e os apoios diretos a 20 mil milhões de euros. Em França, onde se pondera a injeção de capital em empresas e até possíveis nacionalizações, as medidas de liquidez chegam aos 300 mil milhões de euros e haverá corte de impostos que representam uma perda de receita de 45 mil milhões de euros — os dois em conjunto chegam aos 14% do PIB. O Governo francês prevê que o défice suba para os 3,9% do PIB (2,2% previstos anteriormente) e o rácio da dívida pública para lá dos 100%.

Na Alemanha, o ministro das Finanças, Olaf Scholz, anunciou uma “bazuca”: financiamento para as empresas de até 500 mil milhões de euros, o que corresponde a cerca de 14% a 15% do PIB anual alemão. Em Itália, ainda não é claro o valor total das medidas de liquidez. O Governo italiano tinha anunciado um estímulo de 25 mil milhões de euros de apoio direto.

No conjunto da Zona Euro, os ministros das Finanças, reunidos no Eurogrupo, anunciaram um estímulo orçamental de, pelo menos, 1% do PIB europeu, em média, para 2020, mais medidas de liquidez de, pelo menos, 10% do PIB, através de garantias públicas — ajudas de Estado para as quais foi criado um regime especial pela Comissão Europeia — e adiamento do pagamento de impostos. Além disso, há o impacto dos estabilizadores automáticos, isto é, as despesas ou receitas públicas, como é caso dos subsídios de desemprego, que reagem logo ao ciclo económico, minimizando o impacto da recessão económica.

Valor das medidas (em mil milhões de euros) já anunciadas por país

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Fechar a bolsa? Não, “há pessoas que precisam vender ações para ter liquidez”

A Euronext percebeu cedo que teria de preparar a empresa para um cenário de funcionamento remoto. Começou antes do Carnaval, estando já tudo a funcionar a partir de casa. Até a CEO, Isabel Ucha.

O Covid-19 está a parar o país. Muitas empresas estão de portas fechadas, sendo que a bolsa não é diferente. A Euronext Lisboa continua a funcionar, e a ideia é que continue a permitir a negociação apesar do contexto conturbado, mas há muito que a gestora do mercado de capitais está a trabalhar em modo remoto. “Percebemos que teríamos de preparar a empresa para o funcionamento remoto”, diz Isabel Ucha, a CEO da praça portuguesa.

Isabel Ucha é um dos muitos portugueses que está a trabalhar a partir de casa e é a segunda entrevistada na nova rubrica diária do ECO chamada Gestores em teletrabalho.

“Estamos na Euronext Lisboa, e em todos os nossos países, a trabalhar a partir de casa”, diz Isabel Ucha. “Há pessoas que ainda têm de ir aos escritórios muito pontualmente, porque têm de assegurar algumas funções para que a operação continue de forma regular, mas a grande maioria dos colaboradores está a trabalhar a partir de casa”, diz a CEO da Euronext Lisboa numa entrevista realizada através do Zoom.

Trabalhar sem sair de casa “é uma nova realidade a que nos estamos a habituar”, diz, apesar de já não ser uma realidade assim tão recente na gestora da bolsa. Há quase três semanas, antes do carnaval, começámos a preparar os acessos remotos e a enviar as pessoas para casa”, sendo que esta segunda-feira “tomámos a decisão de colocar o máximo de colaboradores em teletrabalho”. “Não foi disruptivo”, diz.

É difícil, é diferente. É preciso muita psicologia

Há portugueses que o fazem, mas para a generalidade dos trabalhadores ficar em casa a trabalhar é contranatura. “Estamos habituados a levantarmo-nos todos os dias, a ir para o escritório, encontrar os colegas, tê-los ali ao lado… colocar dúvidas”, mas agora, com a necessidade de isolamento social para evitar a propagação do vírus, tudo mudou. “Temos de trabalhar de forma diferente”, sendo que são precisos cuidados extra na forma em como se gerem as pessoas.

https://videos.sapo.pt/shZrUqLfedZQKttedSek

“Todos os dias, às 9h00, tenho reuniões com os diretores para ver como lidar com esta situação extraordinária”, conta ao ECO. “Temos alguns cuidados para mantermos um conjunto de rotinas, nomeadamente o contacto com os colaboradores que são muito mais regulares nesta primeira fase”, diz. “Temos de encontrar momentos para conversar com as pessoas, ver se elas estão bem”, diz Isabel Ucha.

“Criámos reuniões telefónicas, mas também por Skype, para nos vermos uns aos outros”, explica. E, depois, é preciso fazer também muita pedagogia e psicologia para nos apoiarmos uns aos outros naqueles momentos de frustração por estarmos fechados em casa tanto tempo, num espaço limitado em convívio com as mesmas pessoas”.

Fechar a bolsa? Investidores precisam que esteja aberta

Há, do lado da gestora da bolsa de Lisboa, um cuidado extra com os colaboradores neste contexto especial, mas também com os fornecedores, parceiros e, claro, com os investidores, muitos deles apanhados de surpresa por este momento de incerteza que tem provocado fortes quedas no mercado acionista português, mas também nos do resto do mundo. É neste sentido que, defende Isabel Ucha, a bolsa de Lisboa tem de continuar a operar.

Entendemos que as bolsas devem continuar abertas. Isso é importante por várias razões: estão a funcionar bem, mesmo estando a lidar com volumes de ordens muito acima do normal; depois, do ponto de mais económico e financeiro, é preciso dar liquidez aos investidores — há pessoas e empresas que precisam de vender os títulos para obterem liquidez — ; e porque é precisa a formação dos preços, com a incorporação da informação nas cotações”. “Não dar possibilidade aos agentes de incorporar informação negativa (ou positiva) nas cotações, gera mais stress”, alerta.

Esta é a perspetiva da bolsa nacional, “nas condições atuais. Não sabemos como isto vai evoluir. Vamos ter de ir ajustando as nossas posições em função disso. Mas no contexto atual, é importante manter as operações”, remata.

Medidas do Estado têm “nota positiva”

Perante este vírus, tendo em conta o grau de incerteza que gera, é importante que a sua evolução seja devidamente acompanhada, não só pela bolsa, mas também, e principalmente, pelos governantes, que têm um papel importante no atenuar da tensão. Estão já a ser tomadas medidas, tanto lá fora como cá dentro. Já estão a ser tomadas, mas tem de se ver “como vão ser implementadas e quando serão implementadas. Os detalhes são importantes”.

Em Portugal, as medidas anunciadas pelo Governo, num pacote de mais de nove mil milhões de euros, parecem “bastante adequadas”, diz a gestora. Elogia as “medidas orçamentais que têm de ter preocupação de mitigar impactos de curto prazo na economia”, alertando para as marcas profundas que deixará em alguns setores. É preciso ajudar essas empresas para preservar os postos de trabalho”, alerta.

“Medidas de crédito que depois será pago em quatro anos, medidas que dilatem os pagamentos de impostos e Segurança Social, são medidas adequadas a uma resposta imediata. Merecem nota positiva”, diz Isabel Ucha.

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EUA vão dar 500 mil milhões de dólares às famílias norte-americanas

  • Lusa
  • 18 Março 2020

Plano procura estabilizar a economia, isto numa altura em que o avanço do novo coronavírus ameaça famílias e empresas norte-americanas.

O Departamento do Tesouro dos EUA tenciona afetar 500 mil milhões de dólares (458 mil milhões de euros) à atribuição direta de liquidez aos cidadãos norte-americanos, a começar no princípio do próximo mês.

Esta iniciativa é um dos pilares principais do plano do Governo de Donald Trump, que ronda o bilião (milhão de milhões) de dólares, para procurar estabilizar a economia, quando o avanço do novo coronavírus ameaça famílias e empresas.

O Tesouro propôs duas distribuições de 250 mil milhões de dólares em liquidez às famílias: uma primeira remessa de cheques a partir de 06 de abril e uma segunda em meados de maio.

Os montantes vão depender dos rendimentos e da dimensão da família.

O plano do Tesouro, que requer a aprovação do Congresso, também inclui 50 mil milhões para as transportadoras aéreas, 150 mil milhões para garantir empréstimos a outros setores com problemas e 300 mil milhões para as pequenas e médias empresas.

O documento está a ser lido como incluindo a previsão de que a maior parte dos empréstimos não devem ser pagos.

No conjunto, o plano do Tesouro promete metade do bilião de dólares às famílias e indivíduos, com a outra metade destinada a permitir às empresas manter os empregados na folha de pagamento.

Os detalhes da terceira resposta dos congressistas ao novo coronavírus são esperados para a próxima semana, quando votarem a proposta.

Mas já se sabe que os pagamentos vão ser feitos apenas a cidadãos norte-americanos e “modulados conforme o nível de rendimentos e a dimensão da família”.

Os dois pagamentos vão ser iguais e o segundo está previsto para 18 de maio.

A dimensão financeira desta resposta é inédita desde a Grande Recessão.

Os economistas já admitem que a economia norte-americana esteja em recessão, ao passo que o mercado acionista continuou hoje a sua queda livre.

O pânico nos mercados financeiros estendeu-se ao congresso, com os eleitos a menorizarem divergências ideológicas, perante uma crise que excede a de 2008, com previsões de muitas empresas fechadas durante semanas e uma taxa de desemprego que pode atingir os 20%.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 210 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.750 morreram.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

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BCE lança programa de estímulos contra o coronavírus. Pacote é de 750 mil milhões

Após uma reunião de emergência por causa da pandemia, o BCE resolveu lançar um programa de compra de ativos públicos e privados no valor de 750 mil milhões de euros.

Após uma reunião de emergência por causa da pandemia, o Banco Central Europeu (BCE) resolveu lançar um programa de compra de ativos públicos e privados no valor de 750 mil milhões de euros. Prometendo “fazer tudo o que for necessário dentro do seu mandato” para proteger a Zona Euro, Lagarde até vai comprar dívida da Grécia.

Este novo programa, anunciado esta quarta-feira à noite, 18 de março, uma semana depois da habitual reunião de política monetária em que Christine Lagarde aumentou em 120 mil milhões o valor das compras de ativos, surge como resposta da autoridade monetária ao agudizar da pandemia na Europa.

O “cheque” de 750 mil milhões de euros servirá para “contrariar os sérios riscos aos mecanismos de transmissão da política monetária e às perspetivas para a economia da Zona Euro em resultado da propagação do coronavírus, o Covid-19“, diz o BCE.

O Pandemic Emergency Purchase Programme, ou PEPP, como é designado pelo BCE, funcionará até ao final de 2020, estando na “mira” da autoridade monetária da Zona Euro todas as categorias de ativos elegíveis ao abrigo do atual programa de compra de ativos.

Serão feitas compras de títulos do setor privado e do público, sendo que neste caso há uma novidade: o BCE vai passar a comprar títulos de dívida pública da Grécia, apesar de estes continuarem a contar com um rating que os coloca fora do espetro do banco central.

O BCE diz que estas compras vão durar enquanto a crise do coronavírus continuar a assolar a região, mas o programa irá sempre ser mantido ativo até ao final deste ano.

"O Conselho de Governadores do BCE fará tudo o que for necessário dentro do seu mandato para proteger a Zona Euro.”

BCE

O “BCE está comprometido em desempenhar o seu papel no apoio a todos os cidadão da Zona Euro” naquele que considera ser um período extremamente desafiante. Irá garantir que todos os setores da economia poderão beneficiar de condições de financiamento favoráveis que lhes permitam absorver este choque. “Isto aplica-se às famílias, empresas, bancos e Estados”.

“O Conselho de Governadores do BCE fará tudo o que for necessário dentro do seu mandato” para proteger a Zona Euro, conclui o BCE, sendo esta uma alusão à promessa de Mario Draghi de fazer tudo o que fosse preciso para salvar o euro em plena crise da dívida soberana. O famoso “whatever it takes“.

(Notícia atualizada às 23h20 com mais informação)

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Sonae lucra menos, mas aumenta dividendo. Cláudia Azevedo aplaude trabalhadores em plena pandemia

Empresa liderada por Cláudia Azevedo lucrou menos no ano passado com a ausência de extraordinários. Mas o negócio cresceu, levando a Sonae a propor um dividendo de 4,63 cêntimos.

A Sonae lucrou menos em 2019. A empresa liderada por Cláudia Azevedo fechou o ano passado com um resultado líquido de 165 milhões de euros, uma quebra explicada pela ausência de efeitos extraordinários que puxaram pelas contas do ano anterior. O negócio cresceu, com o volume de negócios a aumentar quase a dois dígitos.

O resultado líquido “fixou-se em 165 milhões de euros, [20%] abaixo do valor registado no ano passado apenas devido aos itens não recorrentes verificados no exercício anterior, nomeadamente as mais-valias registadas na transação da Outsystems pela Sonae IM, na venda de ativos pela Sonae Sierra e nas operações de sale & leaseback executadas pela Sonae MC”, diz a Sonae. Estes tiveram um efeito positivo de 104 milhões em 2018.

“Excluindo estes efeitos, o resultado líquido teria registado um crescimento expressivo”, nota a empresa que, neste sentido, decidiu avançar com um aumento da remuneração a entregar aos acionistas. Propõe um dividendo bruto de “0,0463 euros por ação, 5% acima do dividendo distribuído no ano anterior”, correspondendo a 43% dos lucros.

Receitas crescem quase 10%

O “crescimento expressivo” nos resultados é suportado nos restantes indicadores apresentados pela Sonae. O EBITDA subjacente aumentou 22,2%, para 599 milhões de euros, “com melhorias de rentabilidade em todos os principais negócios do portefólio e também pela consolidação dos valores estatutários da Sonae Sierra”. O EBITDA subiu 7,5% para 695 milhões.

As receitas ainda aumentaram mais. De acordo com a informação enviada pela empresa liderada por Cláudia Azevedo, o “volume de negócios da Sonae atingiu 6.435 milhões de euros em 2019, aumentando 9,2% em termos homólogos, beneficiando maioritariamente do desempenho da Sonae MC e da consolidação anual de vendas em termos estatutários da Sonae Sierra”.

Covid-19. Trabalhadores são “heróis”

Este crescimento do negócio não teria sido possível sem os colaboradores da empresa, que até aumentaram com a criação de mais de 1.100 postos de trabalho em 2019, sobretudo no retalho. E é a esses que Cláudia Azevedo agradece na sua “primeira carta enquanto CEO da Sonae”. “O nosso sucesso sustentado não seria possível sem o entusiasmo, o compromisso e a qualidade das nossas equipas”, diz Cláudia Azevedo.

"A Sonae desempenha um papel crítico em assegurar o acesso da população a vários produtos e serviços essenciais. As nossas equipas sabem disso e têm demonstrado um espírito e compromisso fantásticos nestes últimos dias.”

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae SGPS

E, numa altura em que o mundo está a enfrentar a propagação de uma pandemia” com impactos “provavelmente profundos, generalizados e duradouros”, a CEO diz, com orgulho, que “os nossos colaboradores estão a ser verdadeiros heróis”.

“A Sonae desempenha um papel crítico em assegurar o acesso da população a vários produtos e serviços essenciais. As nossas equipas sabem disso e têm demonstrado um espírito e compromisso fantásticos nestes últimos dias. Continuaremos a fazer tudo o que pudermos para proteger os nossos colaboradores, enquanto damos resposta às necessidades das comunidades que servimos”, remata.

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Governo lança site para responder às dúvidas dos portugueses sobre o vírus

  • ECO
  • 18 Março 2020

Site terá informação sobre o vírus, procurando ser um guia prático para as famílias e empresas. Tem uma secção que dará resposta às questões colocadas nas redes sociais.

O Governo lançou um portal para reunir informação sobre o coronavírus. O site covid19estamoson.gov.pt tem como objetivo apresentar numa plataforma única todas as informações relevantes sobre as medidas de prevenção e contenção do novo coronavírus.

“Este site pretende ser um guia prático para apoiar cidadãos, famílias e empresas no combate aos efeitos causados pelo Covid-19, dando-lhes a conhecer todos os apoios disponibilizados, bem como a documentação necessária – nomeadamente os formulários que devem preencher – para a efetivação dos seus direitos”, diz o Executivo.

Neste site, que mais tarde terá uma versão para smartphone, através de uma app, serão “também providenciado um conjunto de tutoriais de boas práticas para a sua utilização. Assim, cidadãos, escolas, serviços públicos e empresas poderão ter os instrumentos necessários para prosseguir as suas atividades da forma mais eficiente possível tendo em conta a excecionalidade do momento que atravessamos”, diz o comunicado.

Além disso, apresenta também as “medidas excecionais adotadas pelo Governo em cada área governativa e responde, de uma forma clara, simples e direta, às dúvidas que as mesmas possam suscitar”.

Perguntas nas redes têm resposta no site

Além de todas estas ferramentas, mas também de “uma lista completa, consolidada e fidedigna dos contactos de emergência e de apoio criados pelos diversos serviços públicos no âmbito do combate a esta pandemia”, o site terá também uma secção de perguntas e respostas, FAQ na sigla inglesa.

As FAQ, que serão atualizadas de forma periódica, com “perguntas recolhidas pelos voluntários da VOST Portugal nas redes sociais e respondidas pelas autoridades de Saúde competentes, nomeadamente DGS, SPMS, INEM, INSA e INFARMED”.

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Swiss Re e Microsoft assinam parceria estratégica

  • ECO Seguros
  • 18 Março 2020

A tecnológica apoiará a resseguradora na estratégia 'go-to-market' otimizando funções de previsão e gestão de risco e produtos de seguros que combinem 'data insight' com conhecimento em seguros.

A Swiss Re e a Microsoft pretendem “acelerar a inovação em seguros e estender a proteção financeira a mais pessoas em todo o mundo”, realça um comunicado conjunto. Para concretizar esta ideia, a tecnológica e a resseguradora assinaram um protocolo tendo como peça central a criação de um novo Digital Market Center para servir a companhia sediada em Zurique.

Citado no comunicado, Thierry Léger, CEO da Swiss Re Life Capital, afirma: “A aliança da Swiss Re com a Microsoft vai ajudar a acelerar a transformação digital da indústria seguradora, beneficiando todas as linhas de negócio. Ao construir mercados digitais e não apenas produtos isolados, o nosso objetivo é transformar a forma como as empresas abordam os riscos que enfrentam”.

O novo centro de competências vai correr a próxima geração de tecnologias em nuvem ‘Azure’ da Microsoft, sendo potenciada pela internet das coisas (IoT) e capacidades de inteligência artificial (AI).

O objetivo operacional é criar ferramentas de última geração em larga escala para ajudar a indústria seguradora na antecipação e gestão de riscos, mas também a forma como o setor cria produtos e soluções mais adequados ao mercado.

As áreas imediatas de implementação da parceria apontam para o ecossistema da mobilidade e veículos conectados, a indústria de quarta geração e a resiliência a catástrofes naturais. Suportado também no vasto conhecimento em seguros acumulado pela companhia de Zurique, o novo centro digital da Swiss Re será capaz de criar plataformas cibernéticas inovadoras para aferir riscos empresariais em ambiente digital, e oferecer uma nova classe de soluções dedicadas ao risco.

Concretamente, a Swiss Re irá transformar a sua plataforma operacional interna, modernizando-a e transferindo-a para a cloud Azure. A mudança aumentará eficiência e eficácia de processos internos, aproveitando capacidades mais avançadas de processamento de dados e de IA em escala.

Com as novas capacidades, a Swiss Re irá além da criação de novos produtos, passando a dispor e a fornecer uma visão mais ampla do risco em sistemas complexos e interligados.

Por exemplo, os gestores de risco poderão perceber como a perda de carga de um navio pode ter impacto nas cadeias de fornecimento, ou como as catástrofes naturais irão impactar os principais investimentos em infraestrutura de um governo.

Com base nesse tipo de conhecimento de dados, as seguradoras podem desenvolver soluções que atenuem proativamente as perdas antes que elas ocorram.

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Coface traça metas do novo plano estratégico

  • ECO Seguros
  • 18 Março 2020

O ‘Build to Lead’ baseia-se em "crenças fortes": o seguro de crédito é um negócio apelativo, com fortes barreiras à entrada e ao potencial de crescimento. A Coface aprofundará as suas qualificações,

O novo plano estratégico tem horizonte até 2013 e, de acordo com um comunicado do grupo segurador controlado pelo Natixis, permitirá:

  • Continuar o fortalecimento da gestão de risco e a disciplina de subscrição;
  • Melhorar os serviços e a eficiência operacional;
  • Investir seletivamente em iniciativas de crescimento em seguros de crédito e linhas de negócio especializadas;
  • Manter a solidez de balanço.

No plano financeiro, o ‘Build to Lead’ da Coface sobe a fasquia para “um rácio combinado ao longo do ciclo de cerca de 80% e um retorno médio dos capitais próprios tangíveis de 9,5%, apesar da diminuição esperada do retorno da carteira de investimentos devido às baixas taxas de juro. Por último, planeamos devolver pelo menos 80% do nosso lucro líquido médio aos nossos acionistas”, explica Xavier Durand, diretor-geral da Coface.

O plano estratégico anterior (Fit to Win) “cumpriu ou excedeu todas as suas metas”, nota a seguradora francesa explicando que “fortaleceu a infraestrutura de risco, seja na prevenção ou na gestão, recuperou a sua rentabilidade técnica num ambiente económico que se tornou, progressivamente, menos favorável. O plano de poupança de custos ultrapassou significativamente a meta de 30 milhões de euros para 2018, atingindo uma poupança anual de 48 milhões de euros em 2019, quase 10% da base de custos inicial. O rácio combinado atingiu 77,7% em 2019, bem abaixo dos 83% visados ao longo do ciclo”, detalha a o comunicado.

No âmbito do ‘Build to Lead’ a entidade implementará dois tipos de iniciativas para impulsionar o negócio: a primeira para o “core” do negócio de seguro de crédito e a segunda para as empresas especializadas, que podem alavancar suas capacidades e know how.

Estas ações supõem três caminhos estratégicos:

  • Simplificar e digitalizar o modelo operacional: um modelo operacional mais simples é a chave para alcançar uma melhor qualidade dos serviços, reduzindo custos e riscos de erros;
  • Diferenciar-se através da especialização no risco e na informação: A Coface continuará a aumentar a sua subscrição de risco, as suas capacidades de informação e gestão de sinistros;
  • Criar valor através do crescimento seletivo: A Coface vai continuar a investir em mercados selecionados, favorecendo o crescimento diferenciado.

Assim, o ‘Build to Lead’ também terá como objetivo “desenvolver os negócios especializados (factoring, single risk e Caução e serviços de informação) que beneficiam da infraestrutura global da Coface e podem gerar oportunidades de crescimento rentável”, refere ainda a companhia.

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