Como é que os indicadores da Covid-19 se aplicam aos pequenos concelhos?

Autarcas de concelhos mais pequenos têm criticado critério de risco da Covid-19 aplicado. Métrica calcula casos por 100 mil habitantes.

O país já se tinha habituado a ter restrições por concelhos, consoante a incidência da Covid-19. Mas, em janeiro, o Governo acabou por decidir decretar um confinamento nacional, ao que se seguiu um plano de desconfinamento também a essa escala. O levantamento de medidas pode, ainda assim, parar nos concelhos mais afetados pela pandemia, sendo que os critérios escolhidos têm sido criticados pelos autarcas dos concelhos mais pequenos. Afinal, como se averigua o risco de transmissão nas regiões de Portugal?

Quando se começou a discutir o plano de desconfinamento, tudo apontava para que as medidas fossem aplicadas regionalmente, tendo sido sinalizado pelos partidos e também por parte das propostas dos especialistas nas reuniões do Infarmed. No entanto, o Governo acabou por apresentar um plano a nível nacional, admitindo apenas que poderia numa segunda fase avançar por regiões.

Foi desenhada uma “bússola” para seguir a evolução da pandemia, que conjugava a incidência e o risco de transmissão do coronavírus, e determinar se seria possível avançar com o levantamento das restrições. Antes da Páscoa, quando o primeiro-ministro confirmou que se poderia avançar para a segunda fase do desconfinamento, foi revelado que existiam 19 concelhos em risco de puxar o travão no plano.

“Como anunciámos há 15 dias, esta situação deve ter em conta a situação diferenciada no conjunto do país. Devemos ter em conta que se em duas avaliações sucessivas os mesmos concelhos estiverem acima do limiar de risco, não devem avançar as medidas de desconfinamento”, explicou António Costa, na altura. O limiar é uma incidência de 120 casos por 100 mil habitantes.

Mas este limite não é consensual. Os autarcas de alguns destes concelhos insurgem-se contra os critérios definidos, por prejudicarem as regiões mais pequenas. É o caso do presidente da Câmara Municipal de Barrancos, que defende que a fórmula que tem de existir para avaliar a situação da pandemia “deverá ser analisada profundamente quando se trata de concelhos com esta demografia”, em declarações à TSF.

Já o presidente da Câmara Municipal do Alandroal aponta que “alguns concelhos correm o risco de ficar para trás neste processo”, à TVI24. “Se calhar valia a pena refletirmos se é preciso conjugar algum outro critério, por exemplo a densidade populacional”, sugeriu João Grilo. Os números atuais da região devem-se a um surto localizado, sendo que “bastam 12 ou 14 casos para que o concelho se mantenha num nível de risco que impede a próxima fase do desconfinamento”, lamentou o autarca.

Como é que isto é possível? Ora, na nota metodológica do boletim da DGS, é definido que “a Incidência Cumulativa a 14 dias de infeção por SARS-CoV-2/Covid-19 corresponde ao quociente entre o número de novos casos confirmados nos 14 dias anteriores ao momento de análise e a população residente estimada, por concelho, a 31 de dezembro de 2019, pelo Instituto Nacional de Estatística”.

Este indicador é expresso em número de casos por 100 mil habitantes. A DGS dá o exemplo: se “nos 14 dias anteriores ao dia de análise, 50 casos de infeção por SARS-CoV-2/Covid-19 foram atribuídos a um determinado concelho, com uma população residente de 150 mil habitantes”, a incidência cumulativa a 14 dias será de 33,3 casos por 100 mil habitantes.

Desta forma, basta existirem quatro casos num concelho com três mil habitantes ou sete casos num concelho com cinco mil habitantes para se ultrapassar uma incidência de 120 casos por 100 mil habitantes. Em Barrancos, por exemplo, dois casos fazem o concelho que tem cerca de 1.630 residentes superar o limiar. Para além disso, surtos localizados nos municípios são suficientes para fazer disparar a incidência e colocar o concelho no limite de risco.

Segundo os dados do INE referentes a 2018, existem 14 concelhos em Portugal com menos de 3.000 habitantes (o mais pequeno é mesmo o Corvo, onde residem cerca de 465 pessoas). Há 14 concelhos cuja população residente se situa entre os 3.000 e os 4.000, e 15 entre os 4.000 e os 5.000 habitantes.

De recordar que quando se colocavam restrições por concelhos, antes deste confinamento, iniciado em meados de janeiro, aquelas mais restritas (como a proibição de circular entre concelhos e o recolher às 13h ao fim de semana) eram aplicadas nos concelhos com mais de 240 casos por 100 mil habitantes.

Governo avança com “testagem massiva”

As avaliações do Governo para as medidas ocorrem de 15 em 15 dias. Já os dados da Direção Geral de Saúde sobre os concelhos são divulgados à segunda-feira. Esta semana, o boletim revelou que há 26 concelhos com incidências da Covid-19 superiores a 120 casos (número que inclui os municípios das regiões autónomas), com os 19 concelhos mencionados por Costa ainda na lista.

O primeiro-ministro reuniu-se com autarcas dos concelhos do continente com uma maior incidência: Alandroal, Carregal do Sal, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior, que contam com mais de 240 casos por 100 mil habitantes. Depois do encontro, Costa anunciou que vai avançar a “testagem massiva” nas localidades onde a incidência é maior, de forma a identificar casos de infeção, sobretudo de pessoas que estejam assintomáticas.

O primeiro-ministro explicou também que as regiões onde a incidência da doença continua elevada têm “um padrão comum”: “Na generalidade dos casos, trata-se de surtos com origem em situações em que há concentração de pessoas em habitação precária, temporária, associada a obras públicas, ou a colheitas, ou a unidades industriais que recorrem também à habitação local.” Será por isso também reforçada a fiscalização do trabalho.

Para os concelhos não é considerado o índice de transmissibilidade do vírus (quantas pessoas um infetado contagia), que está contemplado nos critérios nacionais. Atualmente, o Rt é de 0,98 a nível nacional e é de 1 no continente.

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Como é que o advogado de Zeinal Bava o defendeu perante Ivo Rosa?

Segundo a acusação, o ex-administrador da PT recebeu mais de 25 milhões de euros, entre 2007 e 2011, através da Espírito Santo Enterprises. José António Barreiros alegou mais de quatro horas.

A defesa de Zeinal Bava começou por negar que o ex-administrador da PT atuasse em conluio com o banqueiro Ricardo Salgado para beneficiar os interesses do BES, designadamente no fracasso da OPA da Sonae à empresa.

O ex-administrador da PT é outro dos arguidos na Operação Marquês. A acusação acredita que Zeinal Bava terá recebido mais de 25 milhões de euros, entre 2007 e 2011, através da Espírito Santo Enterprises. O Ministério Público acredita que foi uma forma de Ricardo Salgado beneficiar Bava. O ex-administrador da PT está acusado de um crime de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais, um crime de falsificação de documentos e dois crimes de fraude fiscal qualificada. Na sexta-feira, o juiz de instrução Ivo Rosa vai anunciar se decide ou não pela pronúncia dos arguidos da Operação Marquês.

O antigo presidente da PT, Zeinal Bava acompanhado pelo seu advogado José Antonio Barreiros chega ao Tribunal Central de Instrução Criminal em Lisboa para prestar declarações no âmbito da fase de instrução da Operação Marquês, a 26 de junho de 2019.TIAGO PETINGA/LUSA

 

Durante mais de quatro horas de alegações no debate instrutório do processo Operação Marquês, o advogado José António Barreiros tentou desmontar todas as imputações feitas contra Zeinal Bava, apelidando o Ministério Público de ter apresentado “uma narrativa acusatória errática e incoerente”.

Que argumentos jurídicos e factuais foram usados pela defesa de Zeinal Bava?

  • “Coerência é coisa que não subjaz à acusação”, disse José António Barreiros nas alegações finais do debate instrutório, criticando a “lógica errática” da acusação que “sustenta a imputação de corrupção”, justificando que a transferência de 25,2 milhões de euros pelo Grupo Espírito Santo para contas nominais de Zeinal Bava têm explicação e fundamento num contrato (que começou por ser verbal) com o então presidente do BES e agora arguido Ricardo Salgado;
  • O advogado insistiu que esse mesmo contrato é genuíno e não forjado como diz a acusação e que nunca houve a intenção de Zeinal Bava de “camuflar ou esconder o destino do dinheiro”;
  • A defesa sublinhou ainda que os milhões transferidos pelo GES destinavam-se a que Zeinal Bava pudesse comprar ações da PT quando esta empresa fosse privatizada, tanto mais que o antigo presidente executivo da PT – que já detinha mais de 63 mil participações da PT – pretendia tornar-se num acionista crescente da empresa;
  • José António Barreiros alegou ainda que o investimento de Bava com esse dinheiro não chegou a concretizar-se porque a privatização da PT foi “deferida no tempo”, ou seja, sofreu atrasos;
  • A acusação sustenta que, após as detenções no caso Operação Marquês em 2014, Bava, numa jogada de antecipação, resolveu adiantar-se e devolver o dinheiro (18,2 milhões de euros), utilizando para o efeito um contrato forjado, que lhe valeu a imputação do crime de falsificação;
  • Barreiros alega que “nunca esteve em causa a devolução do dinheiro” e apontou a ausência de quaisquer “contrapartidas” na questão da transferência do dinheiro pelo GES para que se possa falar do crime de corrupção passiva por parte do ex-administrador da PT;
  • O advogado refutou também o crime de branqueamento de capitais, notando que o dinheiro do GES entrou em “contas nominais” de Bava, pelo que não houve intenção de ocultar nada, logo a imputação daquele crime não faz qualquer sentido;
  • Contestou também o crime de fraude fiscal imputado a Bava, alegando que o dinheiro em causa não são “valores tributáveis”, pelo que a acusação neste aspeto também não tem “consistência ou coerência”;
  • José António Barreiros alegou ainda que o ex-administrador da PT não possui o estatuto de “funcionário público”, como defende a acusação, apresentando argumentos e legislação em torno das funções da PT como empresa;
  • A defesa negou ainda que Bava tivesse ajudado Salgado ou interferido junto do então primeiro-ministro, José Sócrates, no sentido de levar ao fracasso a OPA da Sonae sobre a PT, alegando que a “OPA da Sonae pôs a PT em perigo” e que Bava foi alheio à votação da Assembleia Geral da PT que chumbou a OPA. Alegou ainda que o voto da Caixa Geral de Depósitos (CGD), acionista da PT, foi irrelevante para o desfecho final;
  • Citando palavras de Zeinal Bava da fase de inquérito, o advogado referiu que “o que a Sonae queria era negociar com o pelo do cão”, ou seja “comprar a PT através do endividamento da própria PT, utilizando o dinheiro da operadora para o efeito. Mas nestas situações – ironizou Barreiros – “há sempre o risco de sermos tosquiados”, numa alusão à Sonae;
  • Durante as alegações, a defesa alegou ainda que “Bava foi sempre contra a alienação da Vivo (operadora brasileira)” e que desconhecia que o “GES tinha intenção de investir na OI (outra operadora brasileira)”, refutando igualmente que Bava tivesse tido encontros com políticos brasileiros para discutir a entrada da PT na OI, negócio este que viria a ser ruinoso para a PT;
  • Quanto aos investimentos da PT no Grupo GES, incluindo na Rioforte, José António Barreiros afastou também quaisquer responsabilidades de Bava na escolha dessas participações, focando baterias no ex-diretor financeiro da PT Carlos Cruz e em outros responsáveis do departamento financeiro.

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Estou abrangida pelo IRS automático, mas o meu marido não. Como fazer?

Para os contribuintes que ainda não entregaram o IRS e que querem saber como aumentar o seu reembolso, o ECO escolheu 20 dicas do Guia Fiscal da Deco para o ajudar. Será partilhada uma dica por dia.

A campanha do IRS ainda agora começou, mas existem já muitas dúvidas na mente dos contribuintes. Para todos aqueles que veem o preenchimento do IRS como um “bicho-de-sete-cabeças” e que querem saber como podem “engordar” o seu reembolso, o Guia Fiscal 2021, da Deco Proteste, oferece respostas para muitas destas questões.

Os portugueses têm até ao final de junho para entregarem as declarações de IRS relativas a 2020. Num ano em que mais 250 mil contribuintes passaram a estar abrangidos pelo IRS Automático, para um total de 3,6 milhões de pessoas, o Fisco tem agora até 31 de julho para devolver às famílias os valores que lhes são devidos a propósito do IRS.

Assim, o ECO selecionou 20 das dicas disponibilizadas pela Deco para o ajudar a esclarecer todas as suas dúvidas. Cada uma será partilhada num dia diferente deste mês de abril.

Este ano, estou abrangida pelo IRS automático, mas o meu marido não. Sempre entregámos o IRS em conjunto. Como fazemos agora?

Por defeito, o Fisco presume que a entrega de IRS é feita em separado. Estando casada, pode optar pela entrega conjunta. Simule para apurar a opção mais vantajosa. Se em conjunto for mais favorável, ignore a sua proposta de liquidação automática e entreguem uma única declaração dentro do prazo.

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Recurso de Manso Neto é “confidencial” apesar de já não estar em segredo de Justiça

Recurso de Manso Neto esteve sem rasto no Citius, devido a essa "confidencialidade". Mas processo há muito que não está em segredo de Justiça. STJ e MJ não sabem quem decidiu nesse sentido.

O recurso da defesa de João Manso Neto — arguido no caso dos CMEC/EDP — que foi entregue no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em março, foi catalogado como “confidencial”, apesar do processo já não estar há muito em segredo de justiça. Porquê e por quem? Não se sabe. O ECO contactou o STJ que garante não ser da sua responsabilidade. E contactou também o Ministério da Justiça — que tutela o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça que por sua vez gere o Citius, sistema informático dos tribunais — que garante igualmente não ter sido quem deu ‘a ordem’ de tornar este recurso confidencial.

Certo é que não é ao Ministério da Justiça que compete a atribuição do segredo de justiça ou da confidencialidade de um processo. Contactado pelo ECO, fonte oficial da PGR não explicou se essa ordem interna partiu do Ministério Público.

No dia 31 de março, o ECO/Advocatus publicou uma peça que alertava que este mesmo recurso não estava disponível no Citius. Esta confidencialidade foi aliás a justificação dada para que o recurso do ex-presidente da EDP Renováveis tivesse estado ‘ausente’. Na altura, quando o ECO consultou a tabela do Citius, a mesma garantia que a 15 de março tinham distribuídos no STJ, 18 recursos. Porém, consultadas as tabelas do próprio site do STJ, desse mesmo dia, encontravam-se registados 19 recursos (4 da área Penal, 13 da área Cível e 2 da área de família e menores). Ou seja, faltava um recurso na tabela do Citius.

O recurso relativo ao caso dos CMEC foi apresentado por João Manso Neto, face à decisão de 27 de janeiro da Relação de Lisboa, que voltou a colocar em causa a leitura restritiva que o juiz Ivo Rosa fez do uso de emails no caso EDP como prova e diz mesmo que o magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal nem sequer tem competência para apreciar a utilização dos emails trocados por António Mexia e João Manso Neto. Uma visão que a defesa de Manso Neto e Mexia – protagonizada pelo sócio da VdA, João Medeiros — entende que coloca em causa jurisprudência sobre esta matéria.

Contactado pelo ECO/Advocatus, fonte do STJ explicava que a questão estava a ser analisada para perceber o que se passou. Mas adiantava que “a lista é apenas uma, o que acontece é que num site se via uma coisa e noutro se via outra”. Mas terá sido colocado um filtro no site do Citius para os processos classificados como “confidenciais”. Esse filtro opera no site mas não opera sobre as listagens de distribuição impressas no STJ e digitalizadas”.

Ou seja, segundo o STJ, “a divergência assenta em falta de uniformização de procedimentos que já estão a ser alterados”. Até muito recentemente a distribuição de recursos junto do STJ era apenas consultável online através do próprio site do STJ. Mas passou a estar no Citius. Porém, com esta mudança e migração dos processos, o de João Manso Neto acabou por “se perder no registo”. Registo esse que a partir do dia 1 de abril será o único a funcionar a nível mais universal.

Já depois da peça publicada, o Ministério da Justiça enviou um comunicado onde explicava que “a publicitação das pautas de distribuição de processos do Supremo Tribunal de Justiça no portal Tribunais.org é uma nova funcionalidade, disponibilizada no passado dia 17 de março”. E que, de acordo com a regra geral, “observada para todos os tribunais, que impede a publicitação de processos classificados como confidenciais, a informação relativa ao processo em causa não podia ser visualizada!”. Ou seja, quer o STJ, quer o MJ admitiam a confidencialidade do recurso mas não sabem as razões nem os autores dessa confidencialidade.

O processo das rendas excessivas da EDP está há cerca de oito anos em investigação no DCIAP e tem sete arguidos: António Mexia, João Manso Neto, o ex-ministro Manuel Pinho, o administrador da REN e antigo consultor de Pinho, João Conceição, Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas, a própria EDP, e Artur Trindade.

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Prémios, salários e plano de compra ditaram cisão entre Casimiro e Leite na Groundforce

Início da rutura entre chairman e CEO aconteceu em março de 2020. Ambos discordaram sobre a resposta à pandemia, levando agora ao afastamento do gestor.

Em julho de 2017, Paulo Neto Leite foi escolhido para chefiar a Groundforce pela mão do acionista Alfredo Casimiro e, quase quatro anos mais tarde, foi o empresário que pôs fim à relação alegando uma “total quebra de confiança”. A rutura chegou após um acumular de desentendimentos relacionados com os prémios de gestão, o atraso no pagamento de salários e o alegado plano de management buyout.

Neto Leite e Casimiro não eram amigos de longa data e conhecem-se por intermédio de conhecidos em comum em 2016. Aproximaram-se no ano seguinte, levando à nomeação e o empresário acabaria por ver no gestor — engenheiro químico de formação com experiência no setor dos serviços e consultoria — um homem de confiança e seu braço direito na empresa de handling. Com a chegada a CEO, substituindo Guilhermino Rodrigues, Paulo Neto Leite passaria a ser também vice-presidente do Conselho de Administração da Groundforce, que era (e ainda é) presidido por Alfredo Casimiro.

“Enquanto CEO servi e levei a empresa, do e ao vosso lado, a números extraordinários que possibilitaram que os acionistas ficassem muito contentes com os dividendos, os trabalhadores contentes com os aumentos, os clientes contentes com a performance operacional e, uma grande maioria de nós, contentes por trabalhar numa empresa com um ambiente única”. A descrição é feita pelo próprio num e-mail enviado a uma série de cargos de chefia, a que o ECO teve acesso.

Na missiva, admite ser “pouco ortodoxo” e quebrar muitas regras tradicionais. “Nem todos gostam, e ainda bem. Não atuo para a aclamação ou para a unanimidade. Não preciso que gostem de mim, nem gosto de massagens ao ego“, diz Paulo Neto Leite. Do lado de Alfredo Casimiro, não há qualquer referência a sucesso ou a sentimentos positivos, mas apenas acusações que justificam a decisão. “Os acionistas entenderam que a confiança no até aqui CEO foi ferida de morte“, anunciou na segunda-feira, apontando para “um conjunto de situações que configuraram uma violação grave dos deveres de lealdade”.

A decisão foi tomada por unanimidade pelos membros da administração, ou seja, tanto pelos representantes da Pasogal como da TAP, mas o acordo parassocial entre ambos assim obriga em caso de destituição de cargos de topo. O ECO tentou contactar Alfredo Casimiro e Paulo Neto Leite para perceber as razões do desentendimento entre os dois, mas nenhum respondeu. Várias fontes relataram, no entanto, que o primeiro embate aconteceu há mais de um ano, quando a pandemia chegou.

"Enquanto CEO servi e levei a empresa, do e ao vosso lado, a números extraordinários que possibilitaram que os acionistas ficassem muito contentes com os dividendos, os trabalhadores contentes com os aumentos, os clientes contentes com a performance operacional e, uma grande maioria de nós, contentes por trabalhar numa empresa com um ambiente única.”

Paulo Neto Leite

Ex-CEO da Groundforce

Em março de 2020, quando foi altura de fechar contas de 2019 Casimiro e Neto Leite discordaram sobre o que fazer com os resultados líquidos. A empresa tinha tido lucros de nove milhões de euros, mas os receios face à Covid-19 levaram a administração a decidir reter reservas. A decisão terá gerado desagrado ao gestor, que defendia a distribuição de dividendos aos acionistas e prémios aos trabalhadores.

A questão dos prémios é, aliás, delicada internamente já que o Ministério Público acusou a Groundforce de discriminação e violação da autonomia sindical por não ter pago prémios anuais relativos a 2017 a parte dos trabalhadores devido às suas ligações sindicais. A Groundforce e Neto Leite são ambos arguidos. O despacho a que o Diário de Notícias teve acesso assume que o ex-CEO “atuou sempre por si e no seu próprio interesse e no interesse por conta da sociedade arguida”, a Groundforce, “sabendo que as condutas assumidas eram proibidas e puníveis por lei”.

Desta vez, a situação passou e o acionista levou a sua avante até que o impacto da pandemia na aviação e na atividade da empresa levou a uma rutura de tesouraria e à impossibilidade de pagar a horas os salários de fevereiro aos 2.400 trabalhadores. A situação de tensão agravou a relação desde o início do ano, mas a gota de água foi o momento em que Neto Leite — que se mantinha publicamente à margem do problema enquanto Alfredo Casimiro falava diariamente — anunciou o pagamento de parte dos salários.

“Isto não é uma mensagem de despedida. É apenas um até já, que saberia que teria que escrever quando tomei a decisão de possibilitar que os nossos trabalhadores recebessem os seus salários”, explicou Neto Leite na mensagem dirigida apenas aos diretores. “Consciente das implicações das decisões que tomei, saberia que este dia iria chegar. Fiz tudo o que a minha consciência e os meus princípios me obrigaram e não me arrependo de um segundo sequer”.

Não é clara razão para o desentendimento nessa altura, mas a comunicação de que seriam pagos 500 euros a cada pessoa foi feita diretamente pelo próprio ao Expresso e só mais tarde confirmada por Casimiro, clarificando que o dinheiro vinha da Segurança Social ao abrigo do lay-off (e portanto teria obrigatoriamente de ser entregue aos trabalhadores), de dinheiro em caixa e de faturação recebida.

"A destituição de Paulo Neto Leite, com efeitos imediatos, justifica-se por um conjunto de situações que configuraram uma violação grave dos deveres de lealdade. Os acionistas entenderam que a confiança no até aqui CEO foi ferida de morte e que este não tem condições para conduzir os negócios sociais da empresa ou para se envolver na procura de soluções sustentáveis para a Groundforce.”

Conselho de Administração

Groundforce

Logo na altura a decisão foi vista por parte dos trabalhadores como uma tomada de posição ao lado dos funcionários contra o acionista (que se envolvera numa discussão pública com o Governo), mas por outros como um aproveitamento da situação de dificuldade. “Ganhámos uma batalha, foi transferido parte do salário para as nossas contas, mas falta bem mais”, dizia então a Comissão de Trabalhadores. “É absolutamente inadmissível que os trabalhadores estejam a ser alvo de um jogo de força entre o acionista privado vs Estado”.

Os holofotes continuaram na guerra entre Casimiro e o ministério das Infraestruturas e da Habitação. Após avanços e recuos nas negociações (e até uma queixa à Procuradoria-Geral da República), a Groundforce e a TAP fecharam, no dia 19 de março, uma operação de venda de todos equipamentos da primeira à segunda, o que permitiu desbloquear 7 milhões de euros para regularizar remunerações, impostos e pagamentos a fornecedores.

Em simultâneo com as negociações para encontrar uma solução de emergência, continuava claro que era (e continua a ser) necessária uma estratégia de mais longo prazo. Começaram a surgir manifestações de interesse junto do Governo para comprar a participação de Casimiro (caso a operação chegasse ao mercado) e o próprio CEO terá admitido em círculos próximos a possibilidade de participar numa operação de management buyout. A possibilidade nunca foi negada pelo próprio. Nesse momento, Casimiro perdera toda a confiança e começou a trabalhar com o objetivo de afastar Leite Neto.

A venda não está totalmente excluída, com o empresário a dizer que “não está vendedor”, mas a admitir “ouvir propostas”. Outra opção é a venda forçada caso Casimiro não consiga pagar, no prazo estabelecido de 60 dias, o empréstimo do Montepio que foi alvo de execução extrajudicial. Se o reembolso não for regularizado até meados de maio, o banco poderá vender a posição. Não foi possível confirmar se Neto Leite continuaria interessado numa eventual compra, mas o gestor despede-se apontando qual a solução que defende.

É um momento de garantir que estamos preparados para o futuro e para garantir a sustentabilidade da nossa empresa. Será por isso que continuarei a lutar todos os dias, como tenho feito até ao momento, agora noutro papel”, diz o ex-CEO, que irá manter funções de administrador não executivo até que seja realizada uma assembleia geral de acionistas. Acrescentou que “é tempo de construir a solução de futuro para a nossa empresa que passa por garantir o aval do Estado para o financiamento necessário para a nossa continuidade”.

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5 coisas que vão marcar o dia

O FMI vai antecipar a evolução do défice e da dívida de Portugal, no mesmo dia em que arranca o julgamento do recurso da KPMG à coima aplicada pela CMVM.

No dia em que o FMI antecipa a evolução do défice e da dívida de Portugal, o IGCP avança com uma nova emissão de dívida sindicada. Esta quarta-feira, destaque ainda para a Conferência sobre hidrogénio no Conselho da União Europeia e para o início do julgamento do recurso da KPMG à coima aplicada pela CMVM.

FMI antecipa evolução do défice e da dívida de Portugal

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai publicar esta quarta-feira o Fiscal Monitor, um relatório divulgado duas vezes por ano que analisa os últimos desenvolvimentos das finanças públicas e cria projeções a médio prazo para a economia. Neste documento, o FMI vai projetar a evolução do défice e da dívida pública portuguesa para 2021. Ontem, a instituição antecipou que a economia nacional vai crescer 3,9% este ano.

Portugal avança com nova emissão de dívida sindicada

Portugal volta esta quarta-feira a fazer uma emissão de dívida com recurso a um sindicato bancário, a segunda deste ano. Já mandatou instituições financeiras nacionais e internacionais para colocar títulos com maturidade em 2031, ou seja com uma maturidade de 10 anos. Esta emissão permitirá à instituição liderada por Cristina Casalinho passar a ter uma nova linha de referência a 10 anos.

Conferência sobre hidrogénio no Conselho da União Europeia

Vai decorrer esta quarta-feira a Conferência de Alto Nível sobre hidrogénio no âmbito da Presidência do Conselho da União Europeia. O evento conta com a participação do ministro do Ambiente e de vários secretários de Estado e ministros da Energia de outros países. A conferência vai decorrer no Centro Cultural de Belém, mas pode ser assistida online a partir das 9h.

Início do julgamento do recurso da KPMG à coima aplicada pela CMVM

Começa esta quarta-feira o julgamento do recurso apresentado pela KPMG à coima aplicada pela CMVM no âmbito do caso Banco Espírito Santo (BES). A consultora foi multada em um milhão de euros pelo regulador, que acusa, entre outras coisas, a KPMG de falhas na auditoria feita ao banco. A coima foi anunciada em outubro de 2020, tendo desde logo a consultora refutado estas acusações, afirmando ser uma condenação “injusta e insuportável”.

Eurostat revela esperança média de vida em 2020

O Eurostat vai publicar esta quarta-feira estatísticas sobre a esperança média de vida na União Europeia em 2020, um ano marcado pela pandemia e que provocou milhões de mortes em todo o mundo. Em 2019, a esperança média de vida no bloco comunitário foi de 81,3 anos, enquanto em Portugal se fixou em 81,9 anos, acima da média europeia.

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Novos registos de alojamento local caem para metade. Algarve continua a liderar

Número de novos registos de alojamento local caiu para metade no primeiro trimestre. Faro continua a concentrar a maior fatia, o que mostra a esperança que o setor ainda tem no Algarve.

O alojamento local sentiu o impacto da pandemia nas reservas e isso trouxe um abanão ao mercado. De olhos postos no passado, mas também no futuro, o número de empresários a entrar para o arrendamento de curta duração caiu para metade no primeiro trimestre do ano. Ainda assim, as esperanças estão a ser depositadas no Algarve, que continua a liderar no número de novos registos.

Entre janeiro e março de 2021, foram registados 1.154 novos imóveis de alojamento local, de acordo com os dados do Registo Nacional de Turismo (RNT) consultados pelo ECO. Este número mostra uma diminuição de 53% face aos quase 2.500 novos registos observados no primeiro trimestre de 2020.

Numa análise mais fina, Faro destacou-se ao concentrar 35% (400) dos novos registos em todo o país, o que mostra que as esperanças continuam a ser depositadas no Algarve, tal como nos anos anteriores.

Atrás aparece o Porto com 194 novos imóveis registados como alojamento local, seguindo-se Lisboa com 159. Novamente, estes números mostram que os destinos citadinos estão a perder adesão, tal como já tinha referido o presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) em entrevista ao ECO, notando o aumento da procura por destinos do interior.

Na mesma entrevista, Eduardo Miranda explicou que “as pessoas ainda acreditam no turismo” e “sabem que esta crise é passageira”. Referindo que continua a haver pessoas a entrar para o arrendamento de curto negócio, tal como os números mostram, o responsável admitiu, contudo, que “agora as pessoas ponderam muito mais”.

O número de novos registos de alojamento local tem vindo a cair desde 2018. Nesse ano, houve 23.010 novos registos, enquanto em 2019 esse número caiu para 13.726, mostram os dados do RNT. Em 2020, ano de pandemia, contaram-se apenas 6.784 novos imóveis registados.

O ECO tentou contactar a ALEP para perceber de forma mais aprofundada a evolução destes indicadores, mas tal não foi possível.

Veja no mapa o número de de novos registos

Número de novos registos de alojamento local no 1.º trimestre de 2021 comparado com o 1.º trimestre de 2020. | Fonte: Registo Nacional de Turismo.

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Pestana oferece 45 milhões ao BCP para transformar Madeira Palácio em habitação

Parado há 10 anos, o Hotel Madeira Palácio está atualmente nas mãos do BCP. Grupo Pestana oferece 45 milhões de euros pelo imóvel, mas quer transformá-lo em habitação.

Parado há mais de uma década, o Hotel Madeira Palácio está perto de ganhar uma nova vida. Atualmente nas mãos do BCP, esta unidade hoteleira no Funchal recebeu uma proposta de cerca de 45 milhões de euros do Grupo Pestana. Já houve planos para ali construir um mega hotel de luxo, mas os objetivos da cadeia de Dionísio Pestana passam por transformar todo o imóvel em habitação.

Já esteve nas mãos de privados, mas voltou para a banca. O Hotel Madeira Palácio, com vista para o oceano, está no mercado desde o verão do ano passado e tudo indica que ganhe um novo dono em breve. O Jornal da Madeira avançou este fim de semana que o Grupo Pestana estava em conversações com o BCP (atual proprietário) para adquirir esta unidade hoteleira. Ao ECO, o CEO da cadeia hoteleira, José Theotónio, confirmou o interesse no imóvel, adiantando ainda que em cima da mesa estava uma proposta de cerca de 45 milhões de euros.

“Estamos num período de due diligence. Fizemos uma proposta, eles [BCP] fizeram uma contraproposta e nós aceitámos”, disse o responsável ao ECO, referindo que o valor final do negócio ainda não está fechado. “Vai depender das condições de financiamento” e ainda da possibilidade de exercício de direito de preferência por parte dos moradores de um dos lotes, onde existem habitações.

A hotelaria está fraca e em 2020 conseguimos alguns bons resultados na parte imobiliária. O nosso interesse é exatamente esse: a componente imobiliária.

José Theotónio

CEO do Grupo Pestana

Este interesse do Grupo Pestana não se explica pela componente hoteleira, mas sim pela componente habitacional. “A hotelaria está fraca e em 2020 conseguimos alguns bons resultados na parte imobiliária. O nosso interesse é exatamente esse: a componente imobiliária”, disse José Theotónio, acrescentando que o objetivo é transformar toda a unidade hoteleira em habitações. “Assim que for comprado, queremos começar imediatamente a vender”, notou, referindo que uma parte do empreendimento está pronta, enquanto outra parte requer algumas obras.

O Madeira Palácio é composto por quatro lotes: o hotel propriamente dito, uma zona de apartamentos, um terreno para construção ao lado do Pestana Bay e um lote com habitações em regime de colonia, como explicou ao ECO José Theotónio. “É um regime que só existe na Madeira. As casas estão habitadas e os colonos têm direito de preferência. Se exercerem esse direito, podem comprá-las e pagar diretamente ao banco”. Este é um dos fatores que pode influenciar no valor final do negócio.

Madeira Palácio HotelPaulo Camacho/Funchal Daily Photo

O imóvel pertencia à empresa Lignum – Investimentos Turísticos da Madeira, controlada pelo Grupo Fibeira. Em 1972, o hotel foi inaugurado sob a marca Hilton, que deixou a Madeira na década de 80, passando este a ser gerido pelo grupo que operava o Estoril Palácio e o Hotel Lisboa Penta, de acordo com o site Brasilturis. Em 2001, o hotel foi totalmente remodelado, tornando-se no mais luxuoso da Madeira. Mas fechou portas em 2007. Em 2014, a Lignum tinha mais de 137 milhões de euros acumulados em dívidas, tendo o BCP (maior credor) requerido a insolvência da empresa nesse ano.

Grupo Enotel esteve perto de construir hotel de luxo

O Madeira Palácio foi comprado em 2018 pelo Grupo Enotel, do empresário Estêvão Neves, por 40 milhões de euros, segundo avançou a RTP nesse ano. Na altura, o objetivo daquele que é um dos mais conhecidos grupos da Madeira era transformá-lo no “Enotel Madeira Palácio”, tendo as obras chegado mesmo a arrancar em 2018. As previsões apontavam para que no verão de 2020 tudo ficasse concluído.

No ano passado, o Enotel deu entrada com um projeto de licenciamento para aumentar em 46% o projeto, passando este a ter 318 unidades de alojamento, num total de 728 camas, refere o Funchal Notícias. Pendente ficou a ideia de construir uma unidade hoteleira independente com 80 unidades de alojamento e 160 camas. Na altura, segundo a diretora de planeamento do Grupo Enotel, o investimento seria de 237,5 milhões de euros.

De acordo com o Jornal da Madeira, esse projeto acabou por cair por terra, depois de o BCP ter rejeitado as condições propostas pelo Grupo Enotel. Entretanto, em dezembro do ano passado, o Madeira Palácio foi colocado novamente no mercado por mais de 60 milhões de euros, segundo o Diário de Notícias da Madeira. E é aqui que entra o Grupo Pestana.

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Nuno Amado quer Banco de Fomento a ajudar empresas no final das moratórias

Chairman do BCP defende que Banco de Fomento deve assumir "um papel relevante" a ajudar as empresas na saída das moratórias. E alerta para o perigo de Portugal estender moratórias à margem da Europa.

O chairman do BCP defende que o novo Banco Português de Fomento deve ter “um papel relevante” a ajudar as empresas na saída das moratórias do crédito. Em declarações ao ECO, Nuno Amado avisa ainda para o impacto negativo no setor da banca se o Parlamento aprovar o alargamento do período das moratórias sem estar alinhado com as regras europeias. “Terá efeitos indesejáveis que se manterão por muitos anos”, alerta.

Portugal foi dos países onde mais se recorreu às moratórias bancárias, havendo um total de 45,6 mil milhões de euros de crédito ao abrigo dessas medidas (mais de 20% do total do crédito da banca), de acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal.

Se a “dimensão significativa” das moratórias não fosse já motivo de apreensão das autoridades, a Assembleia da República tem em cima da mesa uma proposta para prorrogar por mais seis meses o regime público que termina em setembro para a maioria dos empréstimos (exceção das novas moratórias pedidas este ano), isto enquanto a possibilidade de Autoridade Bancária Europeia (EBA) prolongar as orientações nesse sentido é “reduzida”, como já chamou a atenção o governador do Banco de Portugal.

Mas tal como Mário Centeno, também Nuno Amado chama a atenção para o perigo de a Assembleia da República aprovar uma medida que não tem enquadramento europeu.

“As moratórias têm que estar muito alinhadas com o definido pelas regras europeias, designadamente as recomendações da EBA, devendo nós, dentro destas regras, termos a maior flexibilidade possível para apoiar os setores mais afetados pela pandemia e as famílias que comprovadamente também o tenham sido”, considera o banqueiro. “Trabalhar para lá deste enquadramento, do ponto de vista bancário, terá efeitos indesejados que se manterão por muitos anos”, sinaliza.

As moratórias têm que estar muito alinhadas com o definido pelas regras europeias, designadamente as recomendações da EBA, devendo nós, dentro destas regras, termos a maior flexibilidade possível para apoiar os setores mais afetados pela pandemia e as famílias que comprovadamente também o tenham sido. Trabalhar para lá deste enquadramento, do ponto de vista bancário, terá efeitos indesejados que se manterão por muitos anos.

Nuno Amado

Chairman do BCP

Por outro lado, Nuno Amado sublinha que o Governo deve trabalhar noutras frentes para lidar com a questão das moratórias e deixou propostas “na implementação de apoios público-privados com natureza complementar às moratórias, que permitam reforçar a estrutura das empresas com viabilidade, incluindo mecanismos em que o efeito que possam ter na dívida pública e privada seja diferida no tempo, alinhando-os com o ciclo de maior crescimento que se espera possa ocorrer”. É aqui que o “novo Banco de Fomento poderá ter um papel relevante”, destaca.

Há três semanas, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) revelou que a banca e o Governo estão a trabalhar junto no sentido de encontrar soluções para “saída ordenada das moratórias” em setembro, encontrando-se a discutir apoios que vão envolver subsídios a fundo perdido e outras soluções de capitalização das empresas com garantia do Estado.

Em declarações ao ECO, Nuno Amado defende ainda que é importante direcionar os fundos comunitários do Plano de Recuperação e Resiliência e do Quadro Financeiro Plurianual “para estarem mais focados no tecido empresarial e nas empresas com capacidades, nos projetos estratégicos para o país”.

E também considera ser “indispensável” fazer-se uma análise e corrigir os fatores que dificultam a competitividade da economia portuguesa no sentido de criar as condições para o desenvolvimento económico equiparadas às existentes nos países europeus concorrentes.

E deixa a nota: “Este âmbito de atuação não tem custos e terá efeitos muitos positivos no nosso potencial de crescimento”.

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Rendeiro e o caso BPP: “O que eu fiz, não fui eu que fiz”

  • ECO
  • 7 Abril 2021

João Rendeiro aguarda o recurso do Tribunal Constitucional a uma condenação de quase seis anos de cadeia. Em entrevista à TVI e ECO, faz a sua defesa e garante que não tem nada a temer.

João Rendeiro em entrevista à TVI24 - 06ABR21

Condenado a cinco anos e oito meses de prisão por falsificação informática no Banco Privado Português (BPP), João Rendeiro recorreu para o Tribunal Constitucional e, enquanto aguarda uma decisão, publicou o livro “Em defesa da honra”, uma espécie de testemunho sobre a ascensão e queda do banco. Em entrevista à TVI24 e ao ECO, o antigo banqueiro rejeita mais responsabilidades do que as de outros administradores que foram condenados a penas suspensas. “O que eu fiz, não fui eu que fiz“.

Numa entrevista conduzida pelos jornalistas Vasco Rosendo (TVI) e António Costa (ECO), João Rendeiro não revela o que fará se a decisão do Constitucional lhe for desfavorável. “Eu sou uma pessoa livre de espírito, portanto, o que vai acontecer ou que não vai acontecer, veremos…” Vai entregar-se à justiça? “Eu não quero estar a falar em situações hipotéticas, agora o que eu noto é que estamos a falar de uma condenação de uma classe profissional, dos banqueiros, e eu pensava que a lei era igual para todos“.

João Rendeiro aceita assumir as responsabilidades de forma solidária com os outros gestores executivos. “O que eu fiz, não fui eu que fiz. Não vê um único documento assinado por mim, um único email, não existe uma única prova direta que me ligue a esses factos. Não quero fugir a responsabilidades, agora o que eu não posso aceitar é que no quadro do conselho de administração que, segundo a lei, é um órgão solidário, todos são responsáveis pelos atos que acontecem no contexto da gestão… Só pelo facto de me chamar João Rendeiro e aparecer nos jornais é que eu sou imputado. Não assumo as responsabilidades que são dos outros, nem as assumo sozinho. Portanto, se os outros, que eram solidariamente responsáveis têm penas irrisórias, porque é que eu tenho uma pena pesada?

Quais são as suas responsabilidades? “São responsabilidades que têm a ver com a gestão do banco em termos gerais e a relação com os acionistas, e ser embaixador do banco em termos públicos“. E arrepende-se de alguma coisa que fez? “Eu penso que fizemos uma coisa, aí, que acho errada mas que foi bem intencionada. Em novembro de 2008, nós já tínhamos uma noção de que iria haver uma intervenção do Banco de Portugal e então quisemos fazer a passagem de um ‘balanço limpo’, chamemos assim, para o Banco de Portugal. Isto na nossa… na minha ingenuidade, a pensar que o Banco de Portugal pretendia entrar no banco e viabilizar o banco. Nesse sentido, fizemos algumas operações em novembro de 2008 de ‘limpeza de balanço que hoje não as teria feito. E foram nomeadamente duas operações feitas em novembro de 2008 que são justamente duas acusações…” João Rendeiro chama-lhes operações de ‘limpeza de balanço’, os tribunais chamam-lhe falsificação informática e foi por isso que foi condenado a cinco anos e oito meses de prisão.

O fundador do BPP, acionista e primeiro como presidente executivo até 2005 e depois presidente do conselho de administração até à sua saída em 2008, repete as críticas ao Banco de Portugal e ao Governo de então, com José Sócrates, que, alinhado com Ricardo Salgado, terá contribuído para a a falência do BPP. “Na altura, havia uma aliança político-financeira do primeiro-ministro José Sócrates e do principal banqueiro do país na altura, o dr. Ricardo Salgado, no sentido de controlo do sistema financeiro português“. E Rendeiro cita o caso da passagem da administração da CGD para o BCP, com Carlos Santos Ferreira. Admite que, na altura, não tinha claro essa estratégia. “O BPP estava a crescer de uma maneira muito rápida, estava a ‘pisar os calos’ aos grandes bancos” na área do private banking. E no livro, escreve sobre os amos de Sócrates. Quem eram? “Ricardo Salgado“.

Há clientes lesado ou não? João Rendeiro garante que não. E que a linha de empréstimo de 450 milhões de euros com garantia pública concedida ao BPP já depois da sua saída serviu precisamente para pagar os depósitos a particulares e a institucionais. “Só não recebeu os seus depósitos quem não quis“. Sobre as perdas registadas nos veículos financeiros, Rendeiro responde que quem investe em bolsa ganha e perde. É isso o que tem a dizer aos investidores nos veículos? “Olhe, um deles fui eu“, revela o antigo banqueiro. E terá perdido quatro milhões de euros. Mas também recorda que também houve muitos ganhos noutros “veículos de risco”. Mas insiste que o facto de a comissão liquidatária do BPP ter cerca de 700 milhões de euros mostra como deixa cair o banco foi um erro.

No livro, Rendeiro escreve que Teixeira dos Santos era conhecido como “o banana” e o governador do Banco de Portugal à data, Vítor Constâncio, é apelidado de “cobarde”. Não tem nada a perder? “Eu tenho a perder, como digo no título [do livro], a minha honra. Agora, o que eu lhe posso dizer é que não tenho nada a temer”.

Eu sou um reformado neste momento. As pessoas estão muito preocupadas com o meu património, se é que estão, eu devo-lhe dizer que eu não estou. A única coisa que me preocupa é que a minha mulher esteja bem“, responde o antigo banqueiro. “Eu escrevi no meu primeiro livro que deixaria à sociedade a minha fortuna, portanto, se alguém está preocupado com isso, tenho a impressão que está preocupada com coisas erradas, está preocupada com a mesquinhez, está preocupada com a pobreza, eu acho que deveria estar com criar riqueza e pensar como é que o país consegue ficar mais rico em vez de como é que o país fica mais pobre“.

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Contratar e construir equipas tech. “Portugal é uma grande combinação de fatores, não é apenas barato”

Mão de obra mais barata, excelente localização, infraestruturas e clima são apenas alguns dos fatores que tornam Portugal atrativo para trabalhar. As pessoas são o elemento fundamental.

A opinião foi unânime: Portugal é um país muito atrativo, não só para turismo, mas também para contratar talento e fazer negócio. E os números têm-no provado. Ainda recentemente, o país foi eleito o 26.º destino mais atrativo para trabalhadores estrangeiros em 2020, o que representa uma subida de quatro posições face a 2018, segundo um estudo da BCG. Têm também sido várias as empresas internacionais a estabelecer-se no país, contribuindo para um ecossistema de inovação cada vez maior e mais diversificado.

Os fatores que tornam Portugal um país ideal para contratar e construir equipas tech são, contudo, vários, e vão muito mais longe do que apenas a mão de obra barata.

“Não venham para cá só por os custos serem mais baixos. Há sítios mais baratos ainda, mas para os quais as pessoas não querem ir”, começa por dizer John Graham-Cumming, CTO da Cloudflare, que já conta com 100 pessoas no centro criado no verão de 2019 em Lisboa. “Isto é sobre pessoas, não sobre salários. Sim, é mais barato contratar aqui do que em Londres por exemplo, mas Portugal é uma grande combinação de fatores, não é apenas barato”, continua.

John Graham-Cumming fez parte do debate “Hiring and Building Tech Teams in Portugal – Why and How”, organizado pela Landing.Jobs, juntamente com Mark Jacobi, managing director da Volkswagen Digital Solutions, João Borga, diretor executivo da Startup Portugal e managing director da Rede Nacional de Incubadoras (RNI), e Diogo Oliveira, CEO da Landing.Jobs. Para o CTO da Cloudflare, o tempo, o custo de vida, a cultura, as próprias pessoas e a educação são fatores que tornam Portugal um destino tão atrativo para contratar e construir equipas. “Não é sobre tech, é sobre tudo aquilo que está à volta do tech”, remata.

Para Mark Jacobi, as empresas devem procurar o pack completo. Além dos fatores mencionados por John Graham-Cumming, o managing director da Volkswagen Digital Solutions salienta a “excelente localização” do país, as infraestuturas e as “ótimas ideias e soluções” que nascem de profissionais portugueses. “As pessoas em Portugal são desenrascadas, não gostam de rotina”, afirma, acrescentando que, no país lusitano, as coisas acontecem independente das adversidades e de forma criativa.

Já no que toca à educação, Diogo Oliveira diz que as empresas e as instituições públicas devem olhar para o reskilling e upskilling como formas de aumentar o talento e a competitividade. Os bootcamps, salienta, são uma forma muito rápida de fazê-lo. “As pessoas aprendem muito rapidamente, num período curto de tempo, e de uma forma muito dedicada”, afirma. João Borga considera que as startups, scaleups e unicórnios estão agora mais conectados e mais próximos das universidades, tentando criar, numa solução tailor-made, as skills de que mais necessitam.

A grande dificuldade na atração de talento está, contudo, no custo do imobiliário no país. “O preço da cerveja pode ser um euro, mas o custo do imobiliário é muito alto. É o elefante na sala”, diz John Graham-Cumming.

Mais mulheres no setor tech. Mais diversidade de pensamento e experiências

A necessidade de maior diversidade de género no setor da tecnologia continua a ser um dos temas principais, e também uma das maiores dificuldades. “É muito difícil promover a inclusão de mulheres no setor tech. Precisamos de criar heróis e exemplos que inspirem outros”, afirma João Borga, salientando que trazer mais talento feminino para o setor é também uma forma de aumentar o talento disponível.

É muito difícil promover a inclusão de mulheres no setor tech. Precisamos de criar heróis e exemplos que inspirem outros.

João Borga

Diretor executivo da Startup Portugal e managing director da RNI

Na Volkswagen Digital Solutions, apenas 25% do talento é feminino, uma percentagem que Mark Jacobi pretende duplicar, apesar das dificuldades que encontra pelo caminho. “Parece que estamos a andar ao contrário no setor tecnológico”, diz. Este trabalho tem de ser feito em equipa, com exemplos de sucesso que inspirem outros e desde cedo, não só nas empresas, mas na escola. “É aí que podemos aumentar o número de mulheres no setor”, refere João Borga.

A diversidade deve, contudo, ser encarada de uma forma mais holística. Não só de género, mas também de experiências, ideias, backgrounds. Diversidade cognitiva, no fundo. Para John Graham-Cumming, as empresas devem recrutar a pensar nas vantagens que várias perspetivas trazem ao negócio e não procurando cópias.

Para facilitar o caminho das empresas estrangeiras que queiram contratar em Portugal ou estabelecer-se no país, a Landing.Jobs lançou a segunda edição do livro “Hiring in Portugal”. A ideia deste e-book é facilitar este processo de “chegada” ao mercado, detalhando os processos instituídos e simplificando-os. Este ano, o livro é lançado em colaboração com a Aicep, e conta ainda com o apoio da Startup Portugal, da Invest Lisboa, InvestPorto e da revista Pessoas. Pode fazer o download do e-book através deste link.

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Formulário de acesso ao Garantir Cultura para empresas está disponível

  • Lusa
  • 6 Abril 2021

Os limites máximos dos apoios no Garantir Cultura são de 50 mil euros para as microempresas, 75 mil euros para pequenas empresas e 100 mil euros para as médias empresas.

O formulário de acesso ao programa Garantir Cultura, dedicado ao tecido empresarial do setor, está disponível desde esta terça-feira, no site do Compete 2020, anunciaram ao início da noite os serviços do Ministério da Cultura, em comunicado.

“Este programa visa mitigar os impactos negativos sobre a atividade das empresas do tecido cultural, decorrentes das medidas de proteção de saúde pública de combate à pandemia de Covid-19, através do estímulo à respetiva atividade, em condições de segurança, mediante a realização de projetos de criação ou programação culturais, o que pode abranger apresentações e formatos físicos ou digitais”, lê-se no comunicado agora divulgado.

Os apoios do Garantir Cultura para entidades empresariais, num montante de 30 milhões de euros, têm por referência o valor das despesas elegíveis necessárias para a realização de projeto de criação ou programação culturais, apresentado pelo beneficiário, e são destinados a “micro, pequenas e médias empresas” e a “empresários em nome individual com contabilidade organizada”, no setor.

No dia 12 de março, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, especificou que, dos 42 milhões de euros anunciados em janeiro, no âmbito do programa Garantir Cultura – que acresce aos outros apoios setoriais –, 30 milhões se destinam “única e exclusivamente” ao setor empresarial, com limites máximos de financiamento fixados em 50 mil euros para microempresas, 75 mil para pequenas empresas e 100 mil euros para médias empresas.

Esta dotação, segundo o regulamento do programa publicado na passada quarta-feira, “enquadra-se no Programa Operacional Temático Competitividade e Internacionalização”.

Os restantes 12 milhões de euros, conforme o aviso publicado em 22 de março, destinam-se a entidades artísticas não empresariais, que têm como limite máximo de financiamento 10 mil euros para pessoas singulares, 20 mil euros para grupos informais e 40 mil euros para pessoas coletivas.

Para o Garantir Cultura na área empresarial, os candidatos, empresas ou empresários, têm de estar legalmente constituídos em 1 de janeiro de 2020, dispor de códigos de atividade económica (CAE) na área da Cultura, não ter sido objeto de processo de insolvência, ter capitais próprios positivos em 31 de dezembro de 2019 e ter situação regularizada nas Finanças e na Segurança Social.

As candidaturas têm de ter enquadramento em artes performativas, visuais, cruzamento disciplinar, cinema, museologia e livro, ter um prazo máximo de execução de nove meses, a contar da data de notificação da decisão favorável, e uma despesa mínima de 5.000 euros.

Entre outras, são elegíveis despesas realizadas a partir do dia 1 de janeiro deste ano, relacionadas com custos de produção e custos de pessoal, com custos de edição, tradução e impressão, com logística e acessibilidade, inclusão e formação de públicos, com criação de conteúdos, promoção e campanhas nos media, com criação e manutenção de plataformas digitais, com material técnico e com a circulação dos projetos artísticos.

As candidaturas têm de ser apresentadas no âmbito do aviso publicado pela Autoridade de Gestão do Programa Operacional Temático Competitividade e Internacionalização, no site do Compete 2020, que operacionaliza o programa (https://www.compete2020.gov.pt/Avisos/detalhe/AAC_09SI2021).

“O incentivo [será] apurado com base no valor das despesas consideradas elegíveis”, e “a proposta de decisão fundamentada sobre o financiamento a atribuir é proferida pela Autoridade de Gestão no prazo de 20 dias úteis, a contar da data de apresentação da candidatura”, notificada ao beneficiário “no prazo de 3 dias úteis, a contar da data de emissão”, lê-se no regulamento.

“O organismo intermédio responsável pela análise das candidaturas, pelos pagamentos e pelo acompanhamento da execução dos projetos é o Instituto do Turismo de Portugal (…) que pode solicitar parecer especializado à Inspeção-Geral das Atividades Culturais”.

A aceitação da decisão da concessão do apoio tem de ser confirmada na na Plataforma de Acesso Simplificado.

A lista de CAE elegíveis, publicada em anexo ao regulamento, prevê comércio a retalho de livros, discos, CD e DVD, “cassetes e similares”, em estabelecimentos especializados, edição de livros, produção, distribuição e projeção de filmes, vídeos e programas de televisão, atividades técnicas de pós-produção audiovisual, gravação de som e edição de música, arquitetura, design, atividades das artes do espetáculo e de apoio às artes do espetáculo, criação artística e literária, exploração de salas de espetáculos, bibliotecas e arquivos, atividades dos museus, sítios e monumentos históricos, e atividades tauromáquicas.

No caso de “comércio a retalho de outros produtos”, o candidato tem de ter como objeto social principal o comércio de obras de arte (galerias de arte). O formulário do subprograma Garantir Cultura dedicado às entidades artísticas está disponível desde 30 de março, no Portal da Cultura.

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