Governo vai dar cheques para financiar obras contra a pobreza energética

Governo vai entregar vales de 1.300 euros a 100 mil famílias até 2025. Interessados podem inscrever-se no final de agosto.

Arranca esta sexta-feira o programa “Vale Eficiência”, uma iniciativa do Ministério do Ambiente que visa entregar às famílias em situações de carência energética “cheques” de 1.300 euros para financiar obras nas habitações. Serão assinados protocolos com determinadas empresas que, por sua vez, receberão os vales dados pelo Governo. As famílias interessadas podem candidatar-se no final de agosto.

Cada uma receberá um vale de 1.300 euros mais IVA, que poderá utilizar junto das empresas com quem o Governo tiver protocolos assinados. Só este ano serão ajudadas 20 mil famílias, mas o objetivo do Executivo é alcançar as 100 mil famílias até 2025, tendo a iniciativa uma dotação máxima de 162 milhões de euros.

A ideia do “Vale Eficiência”, inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é financiar obras contra a pobreza energética. Ou seja, os cheques podem ser aplicados na troca de janelas ou portas, no revestimento de paredes, e até na compra de equipamentos, como aquecedores ou painéis solares, como explicou em abril o secretário de Estado da Energia, em entrevista ao Jornal de Notícias (acesso pago).

A primeira fase do programa arranca esta sexta-feira, destinadas às empresas que pretendam prestar estes serviços. Para isso, devem inscrever-se na plataforma do Fundo Ambiental, refere o Ministério do Ambiente, no comunicado enviado hoje. Uma vez feitas as obras, estas devem apresentar depois junto do Ministério do Ambiente os respetivos documentos para receberem o pagamento.

Já a segunda fase, destinada às famílias interessadas em receber estes vales, as candidaturas estão previstas abrir no final de agosto.

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Governo cria grupo de trabalho sobre a fragmentação da propriedade rústica

  • ECO
  • 6 Agosto 2021

Governo quer travar a excessiva fragmentação da propriedade rústica que dificulta a gestão dos territórios, nomeadamente o combate aos fogos florestais. Grupo de trabalho vai apresentar propostas.

O Governo decidiu criar um grupo de trabalho interministerial, entre as Finanças, a Justiça, o Ambiente e a Agricultura, para desenvolver recomendações e propostas de atuação que promovam a concentração da propriedade rústica e facilitem a sua gestão. O relatório final global deste grupo de trabalho terá de ser apresentado até 31 de março do próximo ano.

O despacho é assinado pelo secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais, a secretária de Estado da Justiça, o secretário de Estado da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento do Território e o secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e entrou em vigor a partir de 21 de julho, tendo sido publicado esta sexta-feira em Diário da República.

Determina a criação de um grupo de trabalho denominado «Grupo de Trabalho para a Propriedade Rústica» (GTPR), com a missão de desenvolver recomendações e propostas de atuação tendentes a promover a concentração e facilitar a gestão de prédios rústicos, designadamente para concretização das medidas n.os II.9 e II.10 da Resolução do Conselho de Ministros n.º 13/2019, de 21 de janeiro”, lê-se no despacho.

O Governo considera que a “fragmentação da propriedade rústica constitui um desafio territorial relevante em diversos domínios, apresentando-se como um fator crítico para a gestão ativa dos territórios, para a sua resiliência e para a prevenção dos riscos territoriais mais significativos, designadamente do risco de incêndios florestais“.

De forma a resolver esse problema, o grupo de trabalho terá primeiro de fazer um diagnóstico dos “constrangimentos e desafios” e depois apresentar uma proposta de atuação, “caracterizando os modelos de solução e as medidas concretas preconizados e definindo objetivos e metas”. Numa fase final, caberá ao grupo de trabalho elaborar os anteprojetos legislativas que concretizam as propostas e analisar o seu impacto legislativo.

Os próximos meses serão de trabalho intenso com os primeiros dois relatórios intercalares do grupo de trabalho a ter de ser apresentados a 30 de setembro e a 31 de dezembro. O relatório final global terá de ser apresentado até 31 de março de 2022, extinguindo-se posteriormente o grupo de trabalho agora criado.

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Hays tem mais de 500 vagas para perfis especializados. IT domina as ofertas

A maioria das ofertas está em Lisboa e Vale do Tejo e Grande Porto, e é destinada a perfis na área tecnológica. Engenharia, finance, comercial e marketing estão, também, na mira da consultora de RH.

A Hays está a recrutar perfis especializados, sobretudo para as áreas de tecnologia, engenharia, finance, comercial e marketing. Ao todo, a especialista em recrutamento tem mais de 500 vagas. A maioria das ofertas está em Lisboa e Vale do Tejo e Grande Porto.

“Atualmente, a Hays tem mais de 500 vagas para perfis especializados, com especial enfoque na região de Lisboa e Vale do Tejo e na zona do Grande Porto. Sendo também de salientar que a zona Centro tem vindo a registar um crescente dinamismo”, diz Mário Gonçalves, head of Hays Response, à Pessoas.

As funções mais procuradas são na área de information technology (IT) que, “de forma transversal, mantém a tendência de crescimento e intensificação que temos vindo a assistir nos últimos anos”. No entanto, também os perfis de engenharia — especialmente nas vertentes de robótica e automação — estão a registar elevada procura.

Funções ligadas à área financeira, nomeadamente contabilistas certificados, perfis comerciais concretamente para os setores da grande distribuição e técnicos comerciais ligados à área de industria e materiais de construção são igualmente solicitados.

A procura por perfis de marketing continua também a aumentar e “a marcar tendências de recrutamento”. Mário Gonçalves destaca a vertente digital, e-commerce e social media, e explica a procura com recurso à “forte aposta das empresas em novas formas de comércio, à maior presença nas redes sociais e à maior especialização de funções”. “Estes perfis de comunicação assumem cada vez mais importância, pois a forma como as marcas comunicam tem um forte impacto e influência na sua relação com os consumidores”, continua.

Características comportamentais cada vez mais nos requisitos

Mais além das competências técnicas, o head of Hays Response faz questão de salientar que a procura por competências que estão mais associadas às características comportamentais dos candidatos está a disparar. “O mercado de trabalho está cada vez mais dinâmico e exigente, levando a uma maior procura por competências que vão além das simplesmente técnicas”, refere.

Competências digitais, capacidade de aprendizagem e de adaptação, trabalho em equipa, comunicação e proatividade são as principais skills que o responsável considera estarem na mira dos empregadores.

Aqui pode consultar as vagas, bem como verificar os requisitos e submeter a sua candidatura.

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Jovens de 16 e 17 anos têm de se vacinar em agosto porque não está prevista outra “janela de oportunidade”, diz Gouveia e Melo

Gouveia e Melo apela a que os jovens entre os 16 e os 17 anos agendem a marcação da vacina para o fim de semana de 14 e 15 de agosto, dado que antecipa que não haja outra "janela de oportunidade".

O auto-agendamento dos jovens entre os 16 e os 17 anos termina esta sexta-feira, sendo que a vacinação destes utentes vai ocorrer no fim de semana de 14 e 15 de agosto. O coordenador da task force reconhece que esta data pode ser “inconveniente” para quem está de férias, mas apela a que seja feito um esforço, dado que não se está “a pensar noutra janela de oportunidade”.

Questionado sobre os jovens entre os 16 e os 17 anos que podem não ser vacinados nesse fim de semana, Henrique Gouveia e Melo lamenta que o processo decorra “no período de férias” e admite que possa ser “inconveniente” para a população, mas descarta que estes jovens sejam vacinados fora do local de residência “porque isso tornaria o processo quase impossível de realizar”, já que os centros de vacinação nos locais de férias não estariam preparados para tanta afluência.

Nesse sentido, o vice-almirante apela a estes utentes que façam um esforço para interromper as férias e antecipa que não haverá outra “janela de oportunidade” para que sejam vacinados. “Neste momento, não estamos a pensar noutra janela de oportunidade, aconselho a usar esta janela o mais possível”, aponta o coordenador do plano de vacinação contra a Covid-19, durante uma vista a um centro de vacinação em Évora, em declarações transmitidas pela RTP3.

Temos outros jovens para vacinar e temos outras pessoas para vacinar”, afirma, acrescentando que ” o vírus não nos dá férias, o vírus continua muito ativo e temos de nos proteger desse vírus”.

Não obstante, apesar de sublinhar que o objetivo é vacinar o maior número possível de jovens entre os 16 e os 17 anos no fim de semana de 14 e 15 de agosto, Gouveia e Melo admite que se não for possível vacinar os cerca de 200 mil jovens elegíveis, terá de ser encontrada “outra estratégia”, nomeadamente “contacta-los através das bases de dados”.

Questionado sobre a vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, o vice-almirante assegura que esta tudo preparado para o fazer, mas aguarda a decisão das autoridades de saúde. “Estamos a dar tempo para que essa decisão seja consistente, sólida, dentro dos profissionais de saúde. Não vamos exigir essa decisão, antes do tempo necessário, para o planeamento prosseguir”, assinala.

Por fim, Gouveia e Melo garantiu que nas próximas “três a quatro semanas” vai ser feita uma aposta na administração de primeiras doses, “, o que vai fazer progredir rapidamente as primeiras doses e vamos atingir toda a população elegível dentro de pouco tempo”, concluiu.

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Estado vai garantir até 500 milhões em seguros de créditos para vendas domésticas

  • ECO Seguros
  • 6 Agosto 2021

Nova linha de reforço de seguros de crédito para vendas no mercado interno foi lançada pelo Governo para garantir cobertura de riscos de incumprimento de pagamentos por parte de sociedades nacionais.

O Governo aprovou a “Facilidade Mercado Doméstico Seguros 2021”, um instrumento que autoriza a emissão das garantias do Estado para o conjunto das operações contratadas pelas seguradoras de crédito nos negócios no mercado nacional até ao limite máximo garantido de 500 milhões de euros.

No que o Governo considera uma resposta à redução da atividade seguradora de crédito de curto prazo, que tem “dificultado a obtenção de coberturas para riscos economicamente justificáveis por parte das empresas portuguesas”, o diploma agora publicado complementa uma linha de apoio idêntica já estabelecido na “Exportação Segura 2021”. A iniciativa vem assim responder um pedido das empresas e seguradoras de crédito que “têm expressado a necessidade de medidas complementares, de caráter excecional e temporário, direcionadas para o mercado doméstico”.

Os beneficiários são as sociedades de direito privado, com sede ou domicílio profissional em território português, que assumam a qualidade de tomadores de seguros ou segurados ao abrigo de uma apólice de seguro de créditos que cubra vendas de bens ou serviços, realizadas no mercado doméstico, com prazo de pagamento não superior a 180 dias.

A garantia do Estado vai ser distribuída pelo Estado pelas quatro seguradoras de crédito a operar em Portugal, segundo as suas quotas de mercado em 2019. Assim, uma fração inicial de 250 milhões vai ser repartida entre a COSEC (52,6 %), Crédito Y Caucion (25,9 %), COFACE (12 %) e CESCE (9,5 %). Numa segunda fase, e a pedido das seguradoras de acordo com necessidades, estão previstas tranches suplementares de 25 milhões de euros cada até ao limite de 500 milhões de euros.

As operações cobertas são as contratadas em complemento de apólices de seguros base, celebradas entre o tomador ou segurado ou beneficiário e as Seguradoras sobre créditos comerciais constituídos até 31 de dezembro de 2021, para o mercado doméstico português, desde que as ameaças de sinistro ou incumprimento sejam comunicados às Seguradoras até 31 de outubro de 2022.

Destinada à cobertura de riscos comerciais estão excluídas desta proteção as operações cobertas por outro produto de seguro de crédito, diferente da apólice de seguro base, com ou sem garantia do Estado, disponibilizada no mercado pela Seguradora. Também de fora ficam as operações cujos créditos resultem de contratos de venda celebrados com particular ou com sociedade controlada pelo vendedor, bem como todas aquelas em que os créditos ou riscos estejam excluídos da cobertura por aplicação das condições da apólice base.

O Estado vai garantir até uma vez e meia o percentual de cobertura da apólice de seguro base, com um máximo de 90%, já que está previsto um valor de 10% de descoberto mínimo obrigatório a cargo do segurado. O valor indemnizável pelo Estado não poderá ultrapassar 54 % do total do crédito coberto pela apólice de seguro base e da ata ou apólice específica através da qual é contratualizada a operação de seguro com a Garantia do Estado.

Consoante o nível de risco da entidade compradora, o diploma prevê que o montante máximo a garantir por comprador varie entre 2 milhões de euros para as empresas classificadas de risco de incumprimento de pagamento mínimo e os 300 mil euros para sociedades com nível 3 de risco, estando excluídas as empresas com risco máximo.

O prémio de risco das coberturas complementares definido pelo Governo é igual à taxa trimestral da apólice base, acrescida de 30%. Ainda é cobrada uma taxa administrativa de 30% adicionada ao prémio de risco. O prémio final, a cargo do tomador do seguro, é composto pela soma desses componentes. As seguradoras reterão 30% do prémio do Estado, a título de Comissão de Gestão.

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Investigador propõe subsídio mensal por cada filho para aumentar natalidade

  • Lusa
  • 6 Agosto 2021

O investigador Fernandes Matos defende uma articulação entre os vários níveis de governação, central e local, envolvendo a comunidade, o tecido empresarial, as universidades e os politécnicos.

A inversão do decréscimo da natalidade nos territórios do interior “exige políticas públicas de médio e longo prazo”, defendeu o investigador em desenvolvimento regional Fernandes de Matos, propondo um subsídio mensal por cada filho em função do rendimento familiar.

Essencialmente, para os municípios que estão muito rarefeitos, […] um subsídio mensal por cada filho poderia ajudar”, sugeriu Fernandes de Matos, referindo que esse apoio a nível local devia ser atribuído “em função do rendimento familiar”, à semelhança do abono de família, com escalões.

Em declarações à agência Lusa, o investigador em desenvolvimento regional e professor da Universidade da Beira Interior considerou que os apoios municipais de incentivo à natalidade atribuídos uma única vez e com um valor fixo são “um contributo”, mas funcionam como “penso rápido”, sem responder ao problema estrutural dos territórios do interior, inclusive a falta de serviços públicos de proximidade, desde a área da educação à saúde.

Entre os municípios com medidas de incentivo à natalidade está Alcoutim, no distrito de Faro, que ocupou nas últimas duas décadas o ‘ranking’ dos cinco concelhos com menos nascimentos em Portugal, com 16 nados-vivos em 2001 e 11 em 2020, pelo que decidiu atribuir 5.000 euros por cada bebé que nasça no concelho.

Já o município de Almeida, no distrito da Guarda, que registou o maior decréscimo do país no número de nascimentos em 2020 comparativamente a 2001, com uma redução de -71,8%, ao passar de 64 para 18 recém-nascidos, prevê a atribuição de 1.000 euros para o primeiro filho e de 1.250 euros para o segundo filho e seguintes.

Para o investigador Fernandes de Matos, este tipo de apoio à natalidade deve manter-se como “um incentivo inicial”, mas é necessário que seja “complementado com as medidas de caráter mais permanente”.

Apesar de ser uma tendência registada nas últimas duas décadas em todo o país, à exceção da região do Algarve, o decréscimo da natalidade foi mais acentuado nos concelhos do interior, o que traduz em parte a dinâmica de perda de população nestes territórios, a par do aumento do padrão de litoralização e da concentração populacional junto da capital, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021.

Na perspetiva do investigador em desenvolvimento regional, além das medidas de apoio à natalidade, é preciso resolver os desincentivos à fixação de população no interior do país, desde a deficitária rede pública de creches e jardins de infância à falta de transportes públicos, e reforçar os investimentos nestes territórios, nomeadamente projetos de interesse nacional com “efeito âncora”.

“A discriminação que se quer positiva do interior, que é flexibilizar algumas das regras e ter apoios majorados, pecam por defeito, é sempre menos do que aquilo que era necessário”, apontou o professor da Universidade da Beira Interior, indicando que estes territórios com pouca população acabam também por ser penalizados na atribuição de fundos comunitários, assim como na representatividade por parte do poder político, inclusive na Assembleia da República.

Com a maioria dos investimentos a concentrarem-se no litoral, em que as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto “são autênticos aspiradores”, que “sugam recursos, sejam humanos, sejam financeiros”, o tecido social e económico dos territórios do interior tem dificuldade em avançar com novos projetos, inclusive devido ao “próprio desânimo”, explicou o investigador, dando como exemplo as remessas dos emigrantes do interior que são canalizadas para investimentos no litoral em vez de serem na região de origem.

“Se não há esta infraestruturação, claro que o tecido económico vai ficando mais fraco, a produção vai desaparecendo, porque não há oportunidades, não há emprego, não há empresas a crescer, não há novas empresas a ficarem sediadas, tudo isto se vai acumulando”, expôs.

A inversão da tendência de decréscimo da natalidade “exige políticas públicas de médio longo prazo, portanto não podem ser políticas públicas pensadas para um ciclo legislativo, têm de ser pensadas num horizonte 10, 15, 20 anos”, considerou Fernandes de Matos.

“A questão não é só o aumento da taxa de natalidade, diria que essa é a questão, eventualmente, mais simples, assumindo que há população jovem e que quer assumir esse desafio de ter mais filhos […], mas é preciso pensar que, depois das crianças nascerem, temos de lhes dar condições, a elas e aos pais, para terem aquilo que é o seu desenvolvimento e tudo aquilo que é depois a criação de oportunidades, para que essas crianças criadas, formadas, possam ficar na região”, sustentou.

O investigador afirmou ainda que as condições “não são propícias” para que o ciclo de decréscimo de nascimentos se inverta naturalmente, por dinâmicas próprias que são criadas e geradas na região.

“Se não se fizer nada ou se se mantiver as mesmas políticas, as mesmas atuações, a situação vai-se agravar naturalmente”, alertou, defendendo que, em termos de política pública, “é preciso olhar de vez para os serviços de proximidade”.

“Como é que se quer inverter a natalidade, como é que se quer inverter esta quebra de população quando, por exemplo, a rede de ensino básico está depauperada?”, questionou o professor da Universidade da Beira Interior.

Entre os serviços em falta no interior do país destacam-se ainda a saúde, os transportes públicos, inclusive autocarros e comboios, e os postos de correios, a que se juntam outros problemas a resolver, designadamente o custo das portagens das autoestradas ex-SCUT, a habitação a preços acessíveis, o preço da água e a rede de acesso à internet, indicou Fernandes de Matos.

Neste âmbito, a resposta deve passar por uma articulação entre os vários níveis de governação, central e local, envolvendo a comunidade, o tecido empresarial, as universidades e os politécnicos.

Além de medidas concretas como a atribuição de um subsídio mensal por cada filho em função do rendimento familiar, o investigador realçou a necessidade de um trabalho de sensibilização sobre o problema, que “é grave” e coloca em risco o país como um todo: “se hoje não temos bebés, amanhã não temos pessoas a criar riqueza e amanhã não teremos também idosos”.

Sobre a exceção de aumento da natalidade nos concelhos do litoral do Algarve, o docente disse que pode ter a ver com a própria estrutura da população, eventualmente por ser mais jovem e ter mais imigrantes jovens a residir na região: “assumindo que haverá imigrantes jovens pode estar aí a chave para esta diferenciação”.

Já o caso de Odemira, no distrito de Beja, que também registou uma subida de nascimentos nos últimos 20 anos, pode estar associado, igualmente, à imigração de jovens a trabalhar no setor agrícola, em que grande parte vem da Ásia: “até pelas suas características culturais, têm mais filhos do que nós europeus”.

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Estado paga até 27,5 milhões para IP gerir rede ferroviária até ao final do ano

O Governo prolongou o contrato-programa com a Infraestruturas de Portugal até ao final do ano e autorizou o pagamento de uma indemnização compensatória de até 27,5 milhões de euros.

A gestora das redes de estradas e caminhos-de-ferro vai receber até 27,5 milhões de euros de indemnização compensatória pelos serviços prestados no segundo semestre deste ano. A Infraestruturas de Portugal viu ser prolongado até ao final do ano o contrato-programa assinado com o Estado em 2016, após não ter sido possível concluir o novo contrato.

Autorizar a realização da despesa com a indemnização compensatória para o período de 1 de julho a 31 de dezembro de 2021, correspondente ao aditamento ao contrato decorrente do previsto no número anterior, no montante máximo de (euro) 27 527 528,98, ao qual acresce o IVA à taxa legal em vigor, que corresponde ao proporcional de seis meses do valor da indemnização compensatória prevista no contrato-programa para o ano de 2020″, determina o Governo na resolução do Conselho de Ministério publicada esta sexta-feira em Diário de República.

O contrato atual vai assim vigor até 31 de dezembro de 2021, sendo que a indemnização compensatória será paga por verbas inscritas no orçamento das infraestruturas e da habitação.

Anteriormente, o Governo já tinha prorrogado o prazo até 30 de junho de 2021, estimando que esse prolongamento seria suficiente para a formalização do novo contrato, “incluindo para a conclusão do procedimento de submissão a fiscalização prévia junto do Tribunal de Contas”, o que não aconteceu.

Sucede, porém, que decorrido o referido prazo de seis meses não foi ainda possível concluir o processo para a entrada em vigor do novo contrato que irá regular, para futuro, o serviço público de gestão da infraestrutura“, justifica o Executivo.

Foi a 11 de março de 2015 que o Estado e a Infraestruturas de Portugal assinaram um contrato para a gestão do setor ferroviário para um período de cinco anos (2016-2020). O contrato previa o valor das indemnizações compensatórias a pagar pelo Estado português.

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CTT confiam em novo serviço postal universal com critérios mais leves a partir de 1 de janeiro

Os CTT, que têm exigido um alívio dos critérios de qualidade do serviço postal universal, estão agora confiantes de que esse novo contrato será fechado ainda este ano, para arrancar a 1 de janeiro.

O presidente executivo dos CTT CTT 0,00% mostrou-se confiante de que será fechado com o Estado um novo contrato de concessão do serviço postal universal ainda antes do fim do ano, para entrar em vigor a 1 de janeiro de 2022.

“Temos participado nos trabalhos de preparação, temos tido reuniões com o grupo de trabalho. Partilhamos ideias, recomendações, dados e falamos das nossas objeções à framework predatória”, disse João Bento, numa apresentação de resultados aos analistas.

O gestor não respondeu se já teve acesso às conclusões do grupo de trabalho formado pelo Governo em fevereiro, que fez uma avaliação para a nova concessão. Mas disse que os “progressos” que tem observado e o “feedback” que a empresa tem recebido lhe deram suficiente confiança para que a vertessem, também, nos resultados do primeiro semestre.

No comunicado com os resultados do primeiro semestre, lê-se: “Na sequência dos desenvolvimentos recentes do processo conducente ao novo contrato de concessão, reafirmamos a confiança de que o mesmo será formalizado dentro da prorrogação em vigor.”

“Tal deverá melhorar a capacidade de os CTT cumprirem as obrigações do serviço postal universal num enquadramento mais sustentável”, acrescentou o documento.

Os CTT, antiga empresa pública, é vista como a única empresa postal em Portugal que tem uma rede com a capilaridade e as características necessárias à prestação de um serviço postal universal. Mas tem exigido ao Governo um alívio dos indicadores de qualidade.

Há vários anos que a empresa tem falhado esses indicadores, queixando-se de que os mesmos são “impossíveis de cumprir”. Este ano, a Anacom veio apertar ainda mais o que considera que devem ser os critérios de qualidade para a nova concessão. Em resposta, os CTT disseram ver com “muita estranheza” o timing da decisão da Anacom.

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CTT disparam 12% após lucros de 17,2 milhões no primeiro semestre

Os correios estão a disparar na sessão desta sexta-feira após terem revelado lucros de 17,2 milhões de euros no primeiro semestre, em comparação com prejuízos no período homólogo.

As ações dos CTT chegaram a valorizar mais de 12% na sessão desta sexta-feira, negociando neste momento com uma subida de 6,61% para os 4,675 euros — o valor máximo intradiário foi de 4,975 euros. Este salto da cotada acontece depois de a empresa ter anunciado esta quinta-feira que passou de prejuízos para lucros de 17,2 milhões de euros no primeiro semestre.

A subida está a ser alimentada pela melhoria dos resultados operacionais da empresa, chamando mais investidores com interesse nos CTT. O volume de negociação passou de uma média diária de 200 mil títulos a trocar de mãos para 740 mil na sessão desta sexta-feira.

Foram as receitas de Expresso e Encomendas que mais cresceram semestralmente, de acordo com as contas divulgadas pela empresa. Estas aumentaram 47,8% entre o primeiro semestre de 2020 e o primeiro semestre de 2021, para 125,8 milhões de euros, o que já é mais de metade das receitas do correio. O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) dos CTT, por sua vez, cresceu 60,6% no semestre, para 57,3 milhões de euros.

Apesar da subida expressiva, as ações dos CTT estão em máximos de apenas 15 de julho deste ano, ou seja, menos de um mês. Nesse dia, a cotada atingiu máximos de 2017, mas não conseguiu manter a dinâmica depois de o Barclays ter cortado a recomendação atribuída à empresa de correios, de “equalweight” para “underweight“. Essa mexida provocou uma queda de 11,21% nos CTT, como é visível no gráfico.

CTT recuperam parcialmente da queda de julho

Fonte: Reuters/Refinitiv

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Nomeação de Ana Paula Vitorino já é oficial

A ex-ministra do Mar e deputada do Partido Socialista já foi oficialmente nomeada para presidir ao órgão regulador dos transportes. A escola do Governo tem suscitou várias críticas e dúvidas.

Depois da aprovação em Conselho de Ministros no final de julho, chegou agora a publicação em Diário da República da nomeação de Ana Paula Mendes Vitorino para o cargo de presidente do conselho de administração da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). Uma escolha “entre indivíduos com reconhecida idoneidade, competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao exercício das respetivas funções”. Ana Paula Vitorino assume o cargo segunda-feira.

Desde o momento em que foi público que a ex-ministra do Mar e deputada do Partido Socialista (PS) fora a escolha do Executivo para presidir ao órgão regulador que se levantou um coro de críticas e dúvidas sobre a sua independência, nomeadamente do Partido Social-Democrata (PSD), do CDS-PP e do PAN.

“Trata-se de uma nomeação feita pelo Governo da esposa de um outro ministro [Eduardo Cabrita], que não o que nomeia [Pedro Nuno Santos], mas, mais relevante do que isso, de uma deputada do PS”, afirmou, a 8 de junho, o presidente do PSD, Rui Rio, ressalvando, na mesma ocasião, que não ponha em causa as competências técnicas da antiga ministra do Mar.

Competências essas que levaram a Cresap a dar luz verde à sua nomeação. “Existem evidências da presença de competências técnicas e comportamentais que sustentam uma apreciação muito positiva para o desempenho do cargo em causa”, lê-se no parecer de seis páginas já entregue ao Governo, a que o ECO teve acesso em exclusivo, ainda em junho.

A resolução do Conselho de Ministros publicada esta sexta-feira, reitera essas competências para exercer o cargo durante os próximos seis anos. “Idoneidade, competência técnica, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao exercício das respetivas funções são evidenciados na respetiva nota curricular, que consta do anexo à presente resolução e da qual faz parte integrante”, pode ler-se no documento.

Como personalidade indigitada para liderar um regulador, Ana Paula Vitorino foi ouvida na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação e garantiu também que, das suas anteriores funções governativas, de deputada e outras atividades que levou a cabo, “não resulta qualquer incompatibilidade e impedimento” à sua nomeação como presidente da AMT.

“Sou idónea, cumpridora da lei, isenta e livre. Não tenho obediências partidárias”, declarou na mesma ocasião, quando confrontada pelos deputados que a questionaram sobre a sua ligação ao programa do Governo do PS e a ligações familiares.

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Trabalho do futuro, um desafio para a tecnologia 5G

  • Palmira Simões
  • 6 Agosto 2021

Nem só presencial nem só remoto. Alguns dias em teletrabalho, outros no escritório, o modelo híbrido parece estar a reunir consensos entre colaboradores e empregadores. A tecnologia é a chave.

A pandemia generalizou o trabalho remoto nos setores de atividade em que era possível. Para manterem os seus negócios em andamento, muitas organizações experimentaram, pela primeira vez, este modelo do qual há muito se falava, mas que poucas vezes tinha sido implementado de forma tão permanente. Novos modos de comunicação, de produzir e de comercializar produtos e serviços representaram um desafio para gestores, decisores e colaboradores, só ultrapassável graças às ferramentas tecnológicas cada vez mais avançadas e à digitalização de processos já existentes.

Entretanto, aquilo que foi a solução para uma situação de emergência já é, para muitos, um recurso de futuro, um forte aliado que pode ser personalizável em função de cada empresa e pessoa, situação e contexto. Mas se para os trabalhos de escritório as ferramentas de conectividade, produtividade e de informação que temos ao nosso dispor neste momento são para já suficientes, o mesmo não acontece noutras em que o contacto físico, como a indústria e a saúde, está mais presente. “É aqui que entra o 5G”, diz João Ricardo Moreira, administrador da NOS Comunicações. Para além de trazer mais velocidade e capacidade de transmissão, nomeadamente ao nível do vídeo, esta tecnologia disruptiva melhora a latência, ou seja, reduz substancialmente o tempo de interação entre o utilizador e a rede, tudo características que possibilitam repensar a forma como se trabalha, mesmo ao nível da manipulação de maquinaria pesada.

De acordo com a versão preliminar do Livro Verde sobre o futuro do trabalho 2021, um documento governamental em fase de finalização que visa criar linhas de orientação para preparar o país para responder aos desafios da revolução digital, a crescente digitalização da economia tem sido potenciada pela disponibilização e tratamento de informação em massa (big data) e, ainda, pelo desenvolvimento de novas tecnologias como a computação em nuvem, a inteligência artificial, a automação e a robotização, as impressoras 3D, o blockchain, a internet das coisas ou o 5G. Toda esta transformação exige, contudo, que as empresas tenham de se preparar para o que aí vem e fazerem elas próprias um reboot ao seu modelo operacional interno e esquecer as estruturas do passado.

"Já existem soluções bastante em conta, respostas muito pragmáticas e facilmente adaptáveis às necessidades e a adoção das mesmas pode e deve ser gradual. Ninguém transforma uma empresa digital num estalar dos dedos.”

João Ricardo Moreira

Administrador da NOS Comunicações

Mais do uma inevitabilidade, isto é uma oportunidade”, frisa o responsável da NOS Comunicações, ao mesmo tempo que destaca que as empresas “têm de começar a ter consciência do potencial da tecnologia, têm de estar atentas à forma como é incluída nas operações das empresas vizinhas e concorrentes e essa consciência deve estar acrescida de um sentido de urgência. Não há tempo para pensar e decidir mais tarde, sob pena de ficarem para trás e perder mercado. Já existem soluções bastante em conta, respostas muito pragmáticas e facilmente adaptáveis às necessidades e a adoção das mesmas pode e deve ser gradual. Ninguém transforma uma empresa digital num estalar dos dedos”.

Oportunidades de melhoria diferenciada para todos

Se num dos pratos da balança as empresas contam com a tecnologia para se reformatarem, no outro estão os colaboradores. Para dar resposta aos desafios relacionados com a gestão das equipas e a manutenção da coesão cultural, a tecnologia assume, destaca João Pita Negrão, senior manager da Deloitte, um papel fundamental como enabler da transformação do work (o que fazemos e como fazemos), da workforce (quem faz) e do próprio workplace (onde fazemos).

A transformação do work e do workplace são dois dos pontos em que a aprendizagem destes longos meses de pandemia se tem mostrado relevante para muitas empresas ao nível de processos e modos de funcionamento. Um inquérito recente da Harvard Business School revela que um grande número de trabalhadores, depois de terem experienciado o teletrabalho, não querem regressar ao escritório. Pelo menos de forma definitiva. Do lado das empresas, e segundo a consultora Robert Walters, seis em cada dez diretores preferem que o trabalho seja feito presencialmente. Entre as vozes contra e a favor, neste esgrimir de vontades começou a emergir uma nova palavra para definir o modelo de trabalho do futuro: híbrido.

De acordo com outro inquérito, agora da consultora McKinsey, nove em cada dez organizações querem implementar um modelo de trabalho híbrido, mas ainda não sabem como fazê-lo. Com todas as partes a exigir maior flexibilidade, é imperativo, sublinha a Adecco, empresa especialista em recursos humanos e outsourcing, que todos estejam alinhados no modelo ideal. Auscultar as necessidades dos colaboradores para identificar quais os elementos do trabalho flexível que funcionaram bem e onde ainda há espaço para melhorias é o primeiro passo para estabelecer a nova norma.

"Com um diálogo construtivo entre colaboradores e responsáveis pela gestão das organizações, é possível que se vão testando soluções híbridas diferenciadas consoante o perfil pessoal e profissional de cada um.”

Clara Raposo

Presidente do ISEG

Clara Raposo, professora e presidente do ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, não duvida de que “quando o teletrabalho passar de ‘necessidade’ a opção, teremos uma grande oportunidade de melhoria para todos. Com um diálogo construtivo entre colaboradores e responsáveis pela gestão das organizações, é possível que se vão testando soluções híbridas diferenciadas consoante o perfil pessoal e profissional de cada um”.

A tendência híbrida traz um conjunto de benefícios, quer para as empresas quer para os colaboradores, considera João Negrão. No primeiro caso, pode verificar-se uma diminuição de custos de estrutura, permite um maior raio de captação de talento e melhora a vida profissional dos próprios colaboradores. Já estes podem igualmente vivenciar um maior work-life balance por via da eliminação parcial dos tempos de deslocação e maior flexibilidade horária. Na opinião deste especialista, o futuro do trabalho passará, necessariamente, pela sua humanização uma vez que os desafios de fundo, relacionados com a captação, desenvolvimento e retenção de talento, cultura organizacional e saúde física e mental, se centram mais no próprio colaborador e na forma como as organizações proporcionam uma experiência extraordinária às suas pessoas”.

Barreiras a ultrapassar

É na cultura organizacional que Carolina Almeida Leite, manager na consultora de recrutamento Michael Page, põe a ênfase quando fala em condicionamentos que o trabalho à distância pode impor. “Por exemplo, no onboarding, na integração e formação dos trabalhadores, sobretudo dos mais juniores que necessitam de acompanhamento, além de uma menor evolução e aprendizagem através da observação do outro”, salienta a especialista em recursos humanos que defende a implementação do modelo misto entre o presencial e o remoto para colmatar esta contrariedade.

"As universidades em conjunto com os grandes players tecnológicos devem contribuir para desenvolver as melhores soluções para as pessoas e, por essa via, para as organizações.”

Clara Raposo

Presidente do ISEG

Já a presidente do ISEG ressalta que é preciso que haja boa formação dos quadros para que esta adaptação aos novos tempos seja harmoniosa e bem-sucedida. Deste ponto de vista, as universidades também podem desempenhar um papel importante – no estudo da eficiência das novas formas de trabalho, a par da felicidade dos colaboradores. “As universidades em conjunto com os grandes players tecnológicos devem contribuir para desenvolver as melhores soluções para as pessoas e, por essa via, para as organizações. A título de exemplo, posso adiantar que na nossa área de formação executiva, estamos a ultimar no ISEG uma formação muito cuidada com a Microsoft para acompanhar as empresas neste processo de transição para um modelo de trabalho híbrido, a lançarmos no outono”, desvenda a especialista em gestão e finanças que admite ser este o caminho a seguir: “As empresas precisam de desenvolver, com os seus colaboradores, competências digitais e tecnológicas e, simultaneamente, novas competências de trabalho em equipa, de liderança, de relacionamento. São tempos desafiantes que exigem o nosso melhor”.

A evolução tecnológica é uma realidade inegável e está a transformar também o campo das profissões. Segundo o Fórum Económico Mundial, até 2030, muitas das competências que hoje os trabalhadores possuem e trazem para as empresas já terão mudado. Vários estudos apontam que 75% a 85% das profissões que serão mais requisitadas até ao final da próxima década ainda não existem. A chave está, por isso, na formação. Para a manager da Michael Page, este é um ponto que deve ser levado muito a sério não apenas pelos departamentos de recursos humanos, mas também pelas lideranças e pelos próprios colaboradores. “Tem de haver uma consciencialização dos benefícios tanto da tecnologia como da formação inerente, que devem ser encarados como vantagens não só para a empresa como para as pessoas, que devem ser envolvidas nos processos desde o primeiro momento, particularmente as mais resistentes à mudança, para que tudo seja encarado como natural”, sublinha Carolina Leite, que considera a comunicação outro fator-chave para o sucesso da transição: “As dúvidas ainda são muitas e há todo um trabalho pela frente no sentido de clarificar o papel da evolução dos meios tecnológicos na vida das empresas e das pessoas”.

"Muitos pensam que têm tempo mas quem tem esta perspetiva não está a ver bem os sinais dos tempos, pois existem outros players no mercado ou a entrar nele que apresentam propostas de valor assentes no digital e que estão a conquistá-lo.”

João Moreira

Administrador da NOS Comunicações

João Moreira também evidencia a questão da literacia digital como um fator crítico para o sucesso da transformação digital que está a ocorrer, mas, no seu ponto de vista, a maior barreira é psicológica e está do lado dos empresários: “Muitos pensam que têm tempo mas quem tem esta perspetiva não está a ver bem os sinais dos tempos, pois existem outros players no mercado ou a entrar nele que apresentam propostas de valor assentes no digital e que estão a conquistá-lo”. Cabe aos gestores, que conhecem a sua empresa como ninguém, avaliar as oportunidades e as necessidades.

Para apoiá-los, estão empresas que tratam a tecnologia por “tu” e que por isso têm a capacidade de ajudar a encontrar as melhores soluções que possam acrescentar valor às organizações. “O nosso papel neste momento é pedagógico de apoio à decisão. Partilhamos o conhecimento que tempos sobre a tecnologia, partilhamos os casos já conhecidos de aplicação dessa tecnologia e disponibilizarmo-nos para fazermos uma avaliação do investimento que é necessário e do respetivo retorno em termos de eficiência e rentabilidade”, remata o responsável da NOS Comunicações.

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Portugal é o país da UE onde beber álcool diariamente é mais frequente

Segundo o Eurostat, Portugal é o país da União Europeia onde uma maior fatia da população bebe álcool diariamente. Contudo, não é dos países onde há mais episódios de consumo excessivo de álcool.

Em Portugal, um quinto da população (20,7%) consome álcool diariamente, a maior percentagem da União Europeia, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira, dia internacional da cerveja, pelo Eurostat. E também aqui há uma diferença significativa entre homens e mulheres. Porém, os portugueses não estão entre os europeus com mais episódios de consumo excessivo de álcool.

No que toca ao consumo diário, Portugal tem a liderança, seguido de outros dois países do Sul da Europa: Espanha (13%) e Itália (12,1%). Já a percentagem mais baixa regista-se na Letónia e Lituânia com cerca de 1% da população a beber álcool diariamente. A Croácia é o país com a maior percentagem da população (38,3%) que diz nunca ter consumido álcool ou que não consumiu nos últimos doze meses.

Os portugueses estão também no topo no que toca à diferença de género no consumo de álcool: 33,4% dos homens portugueses consomem álcool diariamente ao passo que nas mulheres a percentagem fica-se pelos 9,7%. Também nesta ótica Espanha surge em segundo lugar com 20,2% dos homens espanhóis a consumir álcool diariamente, em comparação com 6,1% das mulheres.

Contudo, no que toca ao consumo mensal não há divergências a nível europeu entre os sexos. Ainda assim, em todos os países europeus, há uma percentagem muito mais significativa de mulheres, do que homens, que nunca consumiram álcool ou que não o fizeram nos últimos 12 meses. A maior diferença regista-se no Chipre (12,8% dos homens vs. 44,2% das mulheres).

Apesar de ser dos países onde há um consumo mais frequente de álcool, Portugal está longe de ser o país onde há mais episódios de consumo excessivo, o que é definido pela ingestão do equivalente a mais de 60 gramas de etanol puro numa só ocasião. A Dinamarca lidera neste ranking com 38% dos adultos a admitir terem um episódio desses pelo menos uma vez por mês.

Em termos agregados da União Europeia, em 2019, os dados do Eurostat mostram que 8,4% bebia álcool diariamente, 28,8% semanalmente, 22,8% mensalmente e 26,2% nunca consumiram ou não tinham consumido nos últimos 12 meses. O consumo diário de álcool aumenta com a idade, apesar de na faixa etária mais elevada o consumo volte a reduzir-se.

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