Escassez e custo de matérias-primas e transportes ameaça indústria portuguesa

  • Lusa
  • 12 Julho 2021

Metalurgia, mobiliário, têxtil e calçado dizem que não conseguem responder às crescentes encomendas por falta de matéria-prima, mas também pelos custos elevados. Admitem ter de recorrer ao lay-off.

A escassez e elevado custo das matérias-primas e dos fretes marítimos está a constranger seriamente a atividade industrial, da metalurgia ao mobiliário, têxtil e calçado, que não conseguem responder às crescentes encomendas e já admitem recorrer ao lay-off.

De acordo com as conclusões do inquérito mensal de junho da Associação Empresarial de Portugal (AEP), efetuado junto de 300 associados para “avaliar os principais entraves à recuperação da atividade empresarial”, a indisponibilidade de matérias-primas e de produtos intermédios e as dificuldades nos circuitos comerciais, por falta de contentores, são os “novos constrangimentos” apontados pelas empresas portuguesas, a par da “nova realidade” na organização do trabalho no pós-pandemia.

“Neste momento começa a ser terrível a questão do aumento brutal do custo das matérias-primas e dos transportes”, confirmou à Lusa o vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), apontando subidas, “em alguns casos de quatro vezes”, no transporte marítimo e crescimentos de “50%, 100% ou até mais” no preço das matérias-primas.

Segundo Rafael Campos Pereira, estes dois fatores “estão associados, porque grande parte das matérias-primas [do setor] vem do exterior da União Europeia”, por via marítima, e “não há contentores e o preço dos que há está muito elevado”.

Tal situação impacta “tanto na compra de matérias-primas, como também na compra de componentes e nas exportações”, explica.

“Isto tem a ver com o facto de a China e o Oriente, nomeadamente a Coreia, terem retomado primeiro a sua atividade, antes da Europa, em 2020 [na retoma após a primeira vaga da pandemia], o que levou todos os contentores a serem deslocados para as rotas do Pacífico”, explicou o dirigente associativo.

Outra razão avançada pela AIMMAP é que, com esta escalada de preços, as matérias-primas se tornaram num “investimento muito apetecível”: “Particularmente no mercado de futuros, os institucionais estão a comprar as matérias-primas como commodities, pelo que os nossos fabricantes agora também se veem obrigados a concorrer não só com fabricantes de outros países, mas com os próprios investidores”, refere.

Apontando também “enormes constrangimentos” à atividade da indústria têxtil e de vestuário portuguesa, o diretor da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), Jorge Pereira, fala num “descontrole total” das cadeias logísticas e em valores “super inflacionados” dos transportes.

“Neste momento, o custo por quilo, por exemplo, de um contentor de fio anda em nunca menos de 65 cêntimos, quando devia custar 15 a 20 cêntimos por quilo, e contentores que demoravam 30 a 40 dias, no máximo, a chegar a Portugal, às vezes só chegam após dois meses e mais, porque ficam retidos noutros portos de mar por falta de ligações”, avança.

Já a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) reporta, face a julho de 2020, um aumento de 600% no custo dos transportes: “Um contentor que custava 2.000 dólares há cerca de um ano custa agora 12 mil”, disse à Lusa o presidente, Joaquim Carneiro.

No que respeita às principais matérias-primas usadas no setor do mobiliário, a APIMA aponta aumentos homólogos de 300% no custo do metal, de 40 a 50% nas ferragens, de 20% na espuma e de 10% no cartão.

“É verdadeiramente dramático as empresas estarem a sofrer este impacto precisamente quando tentam recuperar das gravíssimas consequências da pandemia. Precisamos, urgentemente, de regulação num mercado que está em plena especulação”, sustenta Joaquim Carneiro.

A associação salienta que “este é um problema que afeta toda a cadeia de valor” e que, “para tentar segurar a carteira de clientes, as empresas portuguesas estão a abdicar das respetivas margens”.

“Mas é inevitável que o valor final venha ser revisto em alta, face aos brutais aumentos dos custos de produção e de transporte”, admite o dirigente associativo, destacando que “este último é particularmente impactante, tratando-se de um ‘cluster’ que exporta 90% da produção”.

Situação idêntica vive a indústria portuguesa de calçado, com o ‘Inquérito Covid’ da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) a destacar que “quer o custo, quer o abastecimento das matérias-primas passaram a estar no topo das preocupações dos empresários de calçado”.

“Nos comentários que recebemos ao inquérito, as empresas foram-nos dando nota que o custo dos transportes de algumas matérias-primas, nomeadamente as provenientes da Ásia, duplicaram ou mesmo triplicaram”, avançou à Lusa o porta-voz da associação.

E, se as encomendas continuam a avançar a bom ritmo nestes vários setores, os constrangimentos à atividade estão a afetar a capacidade de resposta e de produção, havendo já empresas que admitem recorrer ao lay-off: “Há empresas que já estão a pensar fazer lay-off e em medidas similares, por não terem matéria-prima. Já chegámos a esse ponto”, avisa o vice-presidente da AIMMAP.

Após ter obtido no passado mês de abril o melhor registo “de sempre” nas exportações, que acumulam um crescimento homólogo de 31,7% desde o início do ano, o setor metalúrgico português tem vindo a anunciar que 2021 poderá ser o seu “melhor ano de sempre”, mas já começa a ver essa meta ameaçada.

“Está em risco esse objetivo, não por falta de encomendas, que continuam a crescer, mas por falta de matéria-prima e por estarem tão caras, com duplicações de preço que é impossível repercutir no preço final. Além de que, em muitos casos, as empresas nem as têm ou têm-nas com menos qualidade, o que implica muito mais operações e aumento de custos”, refere Rafael Campos Pereira.

Este dirigente associativo recorda que, após a pandemia ter evidenciado a dependência europeia face à Ásia, muito se falou na imperiosa aposta na reindustrialização e reforço da autonomia estratégica da região, sendo mesmo este um dos eixos dos Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português e do plano europeu Next Generation EU.

“Para esse efeito seria necessário investir aqui na Europa na produção de mais matérias-primas e de componentes intermédios, como os microprocessadores, o que não foi feito até ao momento. A Europa, como sempre, está a fazer isto pela metade”, lamenta.

Também Jorge Pereira, da ATP, “ainda quis crer que a pandemia fosse servir de lição para os governantes, até a nível comunitário, e se acabasse por perceber que, com todos estes anos a desindustrializar a Europa, se está a deixar morrer a indústria”.

“Mas reindustrializar um país ou uma Europa leva 20 ou mais anos. E fala-se, mas não se vê nada nesse sentido, é tudo muito vago e projetos duvidosos. Se continuarmos com esta mentalidade, vamos estar sempre na mão da Ásia e não temos hipótese nenhuma”, avisa.

Neste difícil contexto para o setor metalúrgico e europeu, a AIMMAP lamenta o golpe adicional dado pela recente prorrogação pela União Europeia (e por mais três anos) das cláusulas de salvaguarda que impõem a fixação de direitos aduaneiros na compra de matérias-primas fora da União, para proteger os fabricantes europeus, nomeadamente de aço.

“Estas cláusulas de salvaguarda terminavam no dia 30 de junho e era suposto e premente, em defesa da indústria metalúrgica e metalomecânica europeia, que não fossem prorrogadas. Portugal tinha a obrigação, até enquanto país que estava a ocupar a presidência europeia, de tentar que não o fossem”, sustenta Rafael Campos Pereira.

Afirmando “não conseguir perceber” a decisão de prorrogação e, “ainda menos, porque é que Portugal votou favoravelmente” essa medida, a associação lamenta que, por esta via, se esteja a dificultar e encarecer ainda mais a compra de aço pelas empresas do setor.

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“Não devemos recear momento da retirada” de estímulos às economias, diz Centeno

  • ECO
  • 12 Julho 2021

O governador do Banco de Portugal defende que a revisão da estratégia do BCE dá ao país tempo para fazer progressos na convergência com a Zona Euro.

Mário Centeno defende que não se deve recear o final dos programas de compra de dívida, mas, ao mesmo tempo, “não o podemos antecipar”, em entrevista ao Público (acesso condicionado). No entanto, assegura que o momento “vai ser analisado de forma muito cuidada e à luz de um conjunto alargado de informação”.

O governador do Banco de Portugal considera também que a revisão da estratégia do Banco Central Europeu (BCE), que coloca a meta da inflação nos 2%, “é um boa notícia para Portugal”. Isto já que o país tem de ter um “período continuado de transição de convergência” dos indicadores com a Zona Euro, sublinha.

“Portugal vinha de um conjunto de anos de convergência e houve muito indicadores que convergiram com a Zona Euro. Não é assim no endividamento, de facto, onde apesar da convergência, ainda estamos muito acima”, admite o antigo ministro das Finanças. Desta forma, Centeno alerta que “não podemos perder essa oportunidade”, de aproveitar a revisão para apostar na convergência e “retomar esse caminho assim que a evolução da pandemia o permitir”.

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Recuperação de empresas levou três anos para apontar um mediador

  • ECO
  • 12 Julho 2021

O Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas contempla a colocação no mercado de mais de 80 profissionais certificados. Três anos volvidos, chegaram agora os primeiros.

Mais de três anos após o arranque do Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas, foram nomeados os primeiros mediadores de Recuperação de Empresas (MRE) pelo IAPMEI. A demora, que merece críticas por parte da Associação de Mediadores de Recuperação de Empresas deve-se, segundo o IAPMEI, à falta de procura.

O Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas contempla a colocação no mercado de mais de 80 profissionais certificados. Demorou mais de três anos a chegarem os primeiros, algo que “explica-se pela [falta de] procura do mercado”, diz o IAPMEI ao Jornal de Negócios (acesso pago). Neste momento, o número de empresas que aguardam pela nomeação de um MRE “é zero”, acrescenta.

O presidente da Associação de Mediadores de Recuperação de Empresas critica aquilo a que chama de “desgoverno”, alertando para a falta de “divulgação e promoção” da recuperação pela via extrajudicial. José Alvarenga defende, por isso, que o “processo de encaminhamento das empresas em crise para as potenciais soluções está a falhar”.

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Mudanças ao diploma que prolonga o teletrabalho só depois do verão

PSD, PCP, CDS e IL pediram em abril a apreciação parlamentar do diploma que estendeu até ao final do ano a obrigatoriedade do teletrabalho. Debate ainda não foi agendado e só deverá ser após o verão.

Foi em abril que PSD, PCP, CDS-PP e Iniciativa Liberal pediram a apreciação do diploma do Executivo que prolonga até ao final do ano a adoção obrigatória do teletrabalho nas áreas do país mais afetadas pela pandemia, mas até agora, quase três meses volvidos, o debate ainda não foi agendado e os deputados ouvidos pelo ECO indicam que, uma vez que se aproxima o período de férias, tal só deverá acontecer após o verão, a partir de setembro, o que limita os efeitos das eventuais mudanças que vierem a ser feitas pela Assembleia da República.

No final de março, o Governo publicou um decreto-lei que prorrogou até 31 de dezembro o “regime excecional e transitório de reorganização do trabalho e de minimização de riscos de transmissão da infeção da doença Covid-19 no âmbito das relações laborais”, no qual está incluída a adoção obrigatória do teletrabalho, “nas áreas territoriais em que a situação epidemiológica o justifique, definidas pelo Governo mediante resolução do Conselho de Ministros”.

Na altura, o Executivo justificou esse prolongamento com a perspetiva de “circunstâncias que originam necessariamente um maior contacto e um maior número de interações sociais, bem como um aumento de pessoas em circulação”, mas as críticas fizeram, ainda assim, ouvir-se. PSD, PCP, CDS-PP e Iniciativa Liberal foram mais longe e, nas semanas que se seguiram, apresentaram na Assembleia da República pedidos de apreciação parlamentar relativamente ao referido decreto-lei.

Não se compreende a decisão de prorrogar estas regras até ao dia 31 de dezembro, sem que tal seja acompanhado de fundamentação técnica e científica justificativa dessa prorrogação”, sublinhava o PSD, que entendia que o Governo estava a “pôr em causa, grosseiramente, os direitos dos trabalhadores e das empresas”.

Já o PCP defendia que o que era preciso era “garantir a proteção sanitária dos trabalhadores para trabalharem presencialmente nos respetivos locais de trabalho e frisava que o prolongamento das restrições então em vigor — isto é, a obrigação generalizada do teletrabalho — seria “insustentável”, quer pelos “problemas económicos e sociais que daí resultavam”.

O CDS-PP, o Iniciativa Liberal e as deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues também vieram pedir a apreciação do diploma do Governo, por considerarem haver “dúvidas legítimas sobre o enquadramento constitucional” desta medida, uma vez que o teletrabalho continuaria a ser obrigatório mesmo depois de o país deixar o estado de emergência.

Estes pedidos de apreciação deram entrada na Assembleia da República entre 14 e 21 de abril, o que significa que, à altura, qualquer alteração que viesse a ser feita à legislação por essa via — o PCP, por exemplo, sinalizou que provavelmente iria pedir a revogação do decreto-lei do Governo — teria efeito sobre cerca de oito meses de 2021.

Contudo, até ao momento, o debate que poderia dar início a essas alterações não foi marcado e, segundo os deputados ouvidos pelo ECO, já não deverá ser agendado antes de setembro, até porque em agosto o Parlamento entra de férias.

Significa isto que mesmo que a discussão em causa venha a ser feita logo após o verão — em setembro — o seu impacto será, à partida, limitado, uma vez que restarão apenas três meses do ano.

Até lá, o Governo de António Costa poderá continuar a impor a obrigação de adotar o teletrabalho, ao abrigo do decreto-lei que prorrogou, mesmo com o país fora do estado de emergência, nas áreas territoriais em que considerar que se justifica.

Por exemplo, a regra atualmente em vigor é que o teletrabalho é de adoção obrigatória nos concelhos mais afetados pela pandemia (duas semanas consecutivas com 120 novos casos por 100 mil habitantes). Há hoje 60 municípios nessa situação. Mas o Executivo pode também vir a determinar que essa obrigação se aplica a todo o país — como fez, por exemplo, ao longo de maio.

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Hoje nas notícias: Centeno, PRR e Covid-19

  • ECO
  • 12 Julho 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Mário Centeno defende que não é possível antecipar a retirada de estímulos às economias, nomeadamente do Banco Central Europeu, mas também não é um momento que se deve recear. Já Ferraz da Costa alerta para os efeitos do Plano de Recuperação de Resiliência na economia, podendo mesmo levar à criação de “elefantes brancos”. No que diz respeito à Covid-19, um estudo mostra que quase metade dos infetados tem algum sintoma após três meses do diagnóstico. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes dos jornais nacionais.

“Não devemos recear retirada” de estímulos, “mas não o podemos antecipar”

O governador do Banco de Portugal considera que a revisão da estratégia do Banco Central Europeu (BCE) “é um boa notícia para Portugal”, nomeadamente porque o país tem de ter um “período continuado de transição de convergência” dos indicadores com a Zona Euro. Mário Centeno defende também que não se deve recear o final dos programas de compra de dívida, mas, ao mesmo tempo, “não o podemos antecipar”. No entanto, assegura que o momento “vai ser analisado de forma muito cuidada e à luz de um conjunto alargado de informação”.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Ferraz da Costa: “PRR pode reforçar distorções no mercado e criar elefantes brancos”

O líder do Fórum para a Competitividade alerta para que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nacional “pode reforçar distorções no mercado e criar elefantes brancos”, nomeadamente em áreas como o hidrogénio e a economia verde. Pedro Ferraz da Costa aponta que “uma quantidade apreciável de dinheiro vai cair sobre a economia portuguesa e conjunturalmente isso vai ajudar muita gente, e em termos estruturais eventualmente levar a investimentos que em muitos casos não seriam os ideais”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

Quase metade dos infetados mantêm algum sintoma após três meses

Cerca de 40% dos infetados com Covid-19 mantêm algum sintoma após três meses, revela um estudo que avaliou a persistência de sintomatologia em doentes diagnosticados no Hospital de São João nas primeira e segunda vagas. As mulheres e faixas etárias acima dos 30 anos registaram com mais persistência estes efeitos. As queixas mais relatadas são fadiga, distúrbios do sono e sintomas depressivos, moderados a graves, de acordo com o estudo.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

Groundforce deve mais de 16 milhões de euros

As dívidas da Groundforce chegavam aos 16.399.360 euros, a 30 de junho, de acordo com o processo de insolvência movido pela TAP em maio, citado pelo Correio da Manhã. A ANA – Aeroportos de Portugal, a quem a Groundforce deve mais de 12 milhões de euros, lidera a lista dos maiores credores, seguindo-se a TAP, com créditos de mais de 5 milhões e a seguradora Fidelidade, com faturas vencidas e não pagas no valor de mais de 2 milhões.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Recuperação de empresas levou três anos para apontar um mediador

Foram nomeados os primeiros dois Mediadores de Recuperação de Empresas (MRE) pelo IAPMEI, mais de três anos após o arranque do Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas. A demora na saída deste regime do papel, que contempla mais de 80 profissionais certificados, “explica-se pela [falta de] procura do mercado”, segundo fonte oficial do IAPMEI. Perante este cenário, o presidente da Associação de Mediadores de Recuperação de Empresas defende que o “processo de encaminhamento das empresas em crise para as potenciais soluções está a falhar”.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso condicionado).

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Mota-Engil exerce preferência e reforça para 50,7% na Lusoponte

A construtora portuguesa e a Vinci Highways vão repartir participação de 17,21% na concessionária que a Atlantia pôs à venda. Grupo japonês Marubeni fica fora do negócio.

A Mota-Engil vai exercer o direito de preferência para adquirir parte da participação na Lusoponte colocada à venda pela Atlantia, apurou o ECO. Com o reforço, a construtora eleva para 50,7% a participação na concessionária que explora as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama. Os restantes 49,3% ficam na mão da Vinci Highways, que também exerceu o mesmo direito.

Os 17,21% da Lusoponte que a Atlantia detém através da Autostrade Portugal vão afinal ficar na mão dos dois principais acionistas. A empresa italiana tinha acordado a venda da sua posição à MM Capital Partners, uma subsidiária do conglomerado japonês Marubeni, por 55,7 milhões de euros. Mas a concretização do negócio estava dependente de os dois maiores acionistas, Lineas (Mota-Engil) e Vinci Highways, não exercerem o direito de preferência na aquisição. O que veio a acontecer.

Ao que o ECO apurou junto de fonte ligada ao processo, a construtora portuguesa exerceu esse direito e vai pagar 28,24 milhões de euros para comprar mais 8,72% do capital, passando a deter 50,7% da concessionária das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama. Também a empresa do grupo Vinci exerceu o direito de preferência, conforme avançou o Negócios na semana passada.

A Vinci Highways vai pagar 27,46 milhões por 8,48% da Lusoponte, elevando para 49,3% a participação no capital. Recorde-se que o grupo francês detém também a concessão do aeroporto Humberto Delgado e da futura infraestrutura no Montijo, cuja construção está dependente da avaliação ambiental estratégica. Alcochete, também na margem sul do Tejo, é a outra localização alternativa.

O valor final da aquisição poderá ainda ser superior. Aos montantes já referidos poderá acrescer uma soma global de até 5 milhões de euros, prevista num mecanismo de earn-out, mediante o cumprimento de certas condições, que não foram divulgadas.

Mota-Engil e Vinci já tinham exercido, em 2018, o direito de preferência na venda de 7,5% da Teixeira Duarte à Companhia de Investimento China-Portugal Global por 23,3 milhões.

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Maioria dos portugueses está satisfeita com a gestão da pandemia

  • Lusa
  • 12 Julho 2021

Três quartos dos inquiridos consideram-se, pelo menos, razoavelmente satisfeitos com as medidas tomadas pelo Governo no âmbito do combate à pandemia.

A maioria dos inquiridos manifesta-se satisfeita com as medidas adotadas pelo Governo no último ano para combater a pandemia de Covid-19, apesar das consequências económicas e ao nível da saúde mental.

As conclusões são inferidas dos resultados preliminares de um estudo promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), com o objetivo de medir os principais impactos da pandemia de Covid-19 na economia, na sociedade, nas instituições democráticas e política internacional.

De acordo com os resultados da primeira roda de inquéritos, realizada entre 16 de março e 20 de maio, três quartos dos inquiridos consideram-se, pelo menos, razoavelmente satisfeitos com as medidas tomadas pelo Governo no âmbito do combate à pandemia.

Entre as medidas que merecem melhor avaliação, os inquiridos apontam as restrições à circulação e à atividade no segundo confinamento, o recurso ao ensino a distância novamente em fevereiro, o pedido de ajuda médica a outros países, a política de aconselhamento científico e o plano de vacinação contra a Covid-19, ao contrário das medidas implementadas no período do Natal e Ano Novo, consideradas positivas por apenas 25% dos inquiridos.

Em linha com esta relativa satisfação, a maioria dos inquiridos (60%) afirmou confiar no executivo, um número que aumenta para 81% quando se fala do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para 85% a respeito do Presidente da República.

Já o Ministério da Saúde foi considerado o organismo estatal que mais se evidenciou pela positiva, mas a maioria (72%) concorda que deveriam ser os especialistas a tomar as decisões sobre combater o SARS-CoV-2.

Por outro lado, os resultados revelam também os efeitos negativos de mais de um ano com medidas restritivas, em termos económicos, sociais e de saúde mental.

“Ao nível da saúde mental, e apesar de não ser ainda possível com os presentes dados estimar um padrão de alteração específico, podemos concluir que houve um impacto negativo”, lê-se no relatório.

Por exemplo, seis em cada 20 inquiridos sentiram-se sozinhos durante o ano passado e, em comparação com o período pré-pandemia, a percentagem de pessoas que considerava que a sua vida se aproximava daquilo que idealizava passou de 71% para 22% no primeiro confinamento, subindo ligeiramente para 30% no segundo.

“Os dados permitem verificar que o isolamento social prediz de forma significativa as quebras reportadas neste bem-estar subjetivo, sendo particularmente penalizadores os sentimentos de solidão”, acrescenta o documento.

Ao nível do trabalho, 38% dos entrevistados acusam uma situação de insegurança, reportando ter gastos equivalentes aos ganhos, e quase 20% assumem que tem sido necessário recorrer a poupanças ou contrair dívidas para fazer face aos gastos correntes.

Dois em cada dez inquiridos reportaram que eles próprios, ou algum membro do seu agregado familiar, ficaram desempregados durante a pandemia e 34% afirmaram que o rendimento do seu agregado familiar diminuiu no último ano e meio.

Estas conclusões parecem fazer sentido, quando comparadas com um outro dado, segundo o qual pouco mais de metade dos inquiridos concordam que no combate a uma pandemia é mais importante dar prioridade à saúde pública, em detrimento da atividade económica e do emprego, enquanto 23% defendem o oposto.

Por outro lado, a grande maioria (86%) admite que as limitações às liberdades públicas foram completamente justificadas ou, pelo menos, justificadas em certa medida, mas 43% dos inquiridos consideram que a democracia foi enfraquecida durante o período de pandemia.

O estudo olha também para a perceção dos portugueses relativamente à política internacional e, segundo os resultados, os inquiridos parecem responsabilizar, pela negativa em termos da origem ou gestão da pandemia, a China (53%) que é também destacada, pela positiva, em 20% das respostas, como um dos países que contribuíram para uma maior coordenação coletiva de esforços.

Relativamente às instituições supranacionais, a maioria (63%) aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal organização a desempenhar um papel positivo, mas apenas 15% valorizaram o papel da União Europeia (UE).

“Uma das possíveis razões para essa avaliação pode ser encontrada na dificuldade em coordenar as respostas nacionais”, aponta o relatório, que refere que pouco mais de metade dos inquiridos (57%) consideraram positiva a opção de encarregar a Comissão Europeia (CE) do processo de compra de vacinas.

Ainda relativamente ao impacto da pandemia de Covid-19 na economia, os setores do comércio, indústria e transportes foram os mais afetados no segundo trimestre de 2020, a que se junta a agricultura no trimestre seguinte.

Do lado das famílias, em termos de consumo, foi na restauração, beleza e bem-estar, viagens, cultura, vestuário e alojamento temporário que a maioria reduziu despesas, que aumentaram, por outro lado, nos setores da eletricidade, gás e água, no comércio ‘online’ e retalho.

A segunda vaga do estudo da FFMS decorreu em setembro e os resultados finais deverão ser publicados na primavera de 2022.

Foram recolhidas três amostras de aproximadamente 1.150 participantes cada e o projeto, que conta com a colaboração de investigadores de diferentes universidades, é coordenado por Carlos Jalali, da Universidade de Aveiro, que assumiu a coordenação depois da morte de Nuno Monteiro, da Universidade de Yale, em maio.

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Olhómetro ou sensores? Como a task force escolhe cor do semáforo das vacinas

Sistema semáforos nos centros de vacinação entrou em vigor esta semana, mas ainda é "manual". "Task force" espera que se torne automático "em breve", recorrendo a tecnologia cedida gratuitamente.

Desde esta semana que os centros de vacinação contra a Covid-19 passaram a contar com um sistema de semáforos. Vermelho significa mais de uma hora à espera na fila; amarelo indica um tempo de espera entre 30 minutos e uma hora; e verde sinaliza uma espera inferior a meia hora. Mas como funciona tecnicamente?

Os centros de vacinação passaram a ter de monitorizar a afluência de pessoas, numa altura em que a vacinação acelera e abre para pessoas com mais de 25 anos. Além disso, com algumas das restrições no país a caírem para quem tenha certificado de vacinação completa, a ânsia de levar a vacina começa a ser maior, sobretudo entre os mais jovens.

Nesta primeira fase, a afluência de cidadãos nos centros de vacinação não é mais do que uma estimativa com base na evidência empírica. Foi o que explicou ao ECO fonte oficial da task force que coordena a vacinação em Portugal: “No presente momento, o sistema está a funcionar em manual”, afirmou, quando questionada nesse sentido.

Contudo, o objetivo é automatizar esse processo. Para tal, a task force conta com os serviços da empresa de monitorização afluencia.io, que fornece uma tecnologia de medição de afluências com base num sistema de semáforos. Segundo disse fonte oficial da task force ao ECO, “esta aplicação foi disponibilizada gratuitamente pela empresa”.

“Em breve”, a task force espera que o sistema passe “a funcionar automaticamente com base em estimativas”. De acordo com informação pública da empresa afluencia.io, isso é possível através de um sistema de câmaras e sensores, recorrendo a métodos de inteligência artificial. Para já, todos os semáforos dos centros de vacinação podem ser consultados nesta plataforma do Ministério da Saúde.

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PCP mais crítico da execução do OE2021 avisa que é essencial para negociar próximo Orçamento

Os comunistas estão ainda mais descontentes com a execução do Orçamento em vigor face ao balanço feito em maio para pressionar o Governo. João Oliveira diz que é essencial para negociar o OE 2022.

Já arrancaram as negociações para o Orçamento do Estado 2022 (OE 2022), num ano que será marcado pelas eleições autárquicas, que podem mudar o xadrez político. Ao longo deste verão quente o ECO vai ouvir Governo, partidos, parceiros sociais e empresários sobre um Orçamento que ainda não tem aprovação garantida e que está a ser desenhado no meio de uma pandemia. Leia aqui todos os textos e as entrevistas, Rumo ao OE.

No final de maio, o PCP tornou público o seu descontentamento com a execução orçamental do Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021), cuja viabilização foi garantida graças aos comunistas. Um mês depois, o líder parlamentar do PCP diz que não houve melhorias, pelo contrário: “Há outros elementos que entretanto vieram acentuar essa apreciação crítica que fazemos da execução do Orçamento por parte do Governo“, aponta em entrevista ao ECO esta segunda-feira na rubrica “Rumo ao OE“.

João Oliveira dá exemplos que considera serem “flagrantes”: o subsídio de risco para as forças de segurança e a redução das portagens das ex-scuts, “que estavam previstos para entrarem em vigor no início do segundo semestre” e que ainda “são matérias longe de estar resolvidas”. Por isso, “continua a justificar-se a nossa intervenção para que isso seja ultrapassado, com a plena execução daquilo que ficou aprovado no OE 2021“, exige o comunista.

Este é um fator de “grande relevância” para o PCP e uma premissa que afetará significativamente as negociações do próximo Orçamento. “Quando se começar a discutir o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), tem que se discutir a partir da realidade nacional e dos problemas que há para resolver para saber qual a resposta que pode ser dada via Orçamento“, explica João Oliveira, notando que se o OE 2021 ficar por executar “naturalmente os problemas [a resolver pelo OE 2022] são de muito maior dimensão”.

Para o PCP “a execução do OE 2021 é um elemento essencial para que se enfrente os problemas e para se ter uma perspetiva de ano de 2022 que não seja propriamente com o mesmo volume de problemas que temos tido”.

João Oliveira faz questão de sublinhar que as medidas de aplicação direta por via da lei do OE, as quais não precisam de ação do Governo, começaram a produzir efeitos em janeiro e “todas elas têm resultados que são verdadeiramente positivos“. É o caso do pagamento dos salários a 100% no lay-off simplificado e no apoio à retoma progressiva que está a beneficiar mais de 300 mil trabalhadores, de acordo com o deputado.

Outro dos exemplos é a prorrogação automática dos subsídios de desemprego e das prestações sociais que foi integrada no OE 2021. “Há neste momento umas centenas de milhares de pessoas a beneficiar das prorrogações”, garante, argumentando que é este tipo de medidas que permitirá enfrentar o próximo ano com outra visão que não seja de emergência em resposta à crise pandémica. Mas o aviso do PCP ao Governo está dado: para que se negoceie o OE 2022 é preciso primeiro executar o que foi acordado para este ano.

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5 coisas que vão marcar o dia

A Galp Energia apresenta o trading update relativo ao segundo trimestre do ano. Ainda no plano empresarial, termina o IPO da Greenvolt. Serão conhecidos dados sobre a evolução da inflação.

No arranque da semana, a Galp Energia apresenta o trading update relativo ao segundo trimestre no ano, isto no mesmo dia em que termina a Oferta Pública inicial da Greenvolt. Serão ainda conhecidos económicos relevantes. O INE vai divulgar as segundas previsões relativas às perspetivas de exportação de bens para 2021, enquanto o Banco de Portugal vai relevar como evoluiu a inflação em junho.

Galp Energia apresenta o trading update entre abril e junho

A Galp Energia divulga esta segunda-feira, antes da abertura das bolsas, o trading update no qual irá avançar os dados operacionais referentes ao segundo trimestre do ano. Entre janeiro e março deste ano, a petrolífera portuguesa registou um lucro de 26 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, o que representa uma quebra de 13% face ao período homólogo.

Greenvolt termina Oferta Pública inicial (IPO)

Ainda pelo plano empresarial, termina esta segunda-feira o prazo da Oferta Pública inicial (IPO) da Greenvolt. Até à passada sexta-feira, a empresa liderada por Manso Neto já tinha garantido ordens de mais de 150 milhões de euros junto de investidores institucionais, sendo que a estreia em bolsa está marcada para a próxima quinta-feira, dia 15 de julho.

Como vai evoluir o comércio internacional português este ano?

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela as segundas previsões relativamente às perspetivas de exportação de bens para 2021. Em março, as exportações portuguesas de bens dispararam 28,8%, enquanto as importações aumentaram 12,2%, sendo que este aumento foi explicado principalmente pela procura externa vinda de Espanha, França e Estados Unidos.

Banco de Portugal e INE divulgam dados sobre a inflação

O Banco de Portugal (BdP) e o INE divulgam os dados relativos ao índice de preços no consumidor referente a junho. Estes dados poderão dar mais pistas sobre o comportamento da inflação, numa altura em que os investidores estão receosos quanto ao seu eventual aumento e após o BCE ter estabelecido uma nova meta de inflação simétrica de 2%. Em maio, a variação homóloga do índice de preços no consumidor foi de 1,2%.

Quantas casas foram vendidas na União Europeia?

O Eurostat vai divulgar dados relativos ao número de casas vendidas em toda a União Europeia, durante o quarto trimestre de 2020. Em Portugal, no ano passado, os preços das casas subiram 8,4%, mas, pela primeira vez em oito anos, o número de transações caiu, de acordo com os dados do INE. Venderam-se 171.800 habitações, sendo que um terço estava localizado na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

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Produção de petróleo cai, margem de refinação cresce. Vendas da Galp aceleram

Apesar de ter produzido menos petróleo, as vendas de produtos petrolíferos da Galp Energia deram um salto, em termos homólogos. Com o desconfinamento, cresceram 31%.

A Galp Energia produziu menos petróleo no segundo trimestre deste ano. Apresentou uma quebra, ainda que ligeira, devido a alguns constrangimentos provocados pela pandemia, isto num período de forte aumento de preços da matéria-prima nos mercados internacionais. A margem de refinação aumentou, assim como as vendas de produtos petrolíferos que aceleraram com o desconfinamento a ajudar.

A produção de petróleo encolheu em 3% para 114,9 milhões de barris face aos 118,6 milhões registados no segundo trimestre do ano passado. Comparativamente aos três primeiros meses do ano cresceu, com o Brasil e Angola a apresentarem o mesmo comportamento. E o mesmo aconteceu com a produção global, incluindo petróleo e gás natural.

“A produção working interest aumentou na comparação com o trimestre anterior, contudo ainda impactada por restrições operacionais e logísticas que afetam as atividades offshore“, diz a Galp Energia em comunicado enviado à CMVM.

Esta evolução na produção aconteceu num período marcado pela escalada dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Num período em que o Brent atingiu um preço médio de 69 dólares por barril, o processamento de matérias-primas disparou mais de 50% para dar resposta à crescente procura. E a margem de refinação da Galp Energia cresceu 22%.

“O desempenho da refinação beneficiou de uma ligeira recuperação do mercado internacional, embora pressionada pelos preços de petróleo mais elevados e algumas restrições operacionais”, diz a empresa.

As vendas de produtos petrolíferos aumentaram 44%, sendo que as vendas aos clientes cresceram 31%. “Os volumes de produtos petrolíferos beneficiaram do aumento da mobilidade registada durante o período e do alívio das medidas de confinamento que têm sido aplicadas na Península Ibérica”, diz a empresa. “As evoluções das vendas de gás natural refletiram sobretudo o efeito sazonal na procura”, acrescenta.

as “vendas de eletricidade [que cresceram 50%] foram suportadas por uma maior aquisição de clientes”, isto num período de aumento da produção de energia com base em fontes renováveis. A capacidade instalada atribuída à Galp Energia ascendeu a 692 MW, enquanto a produção tocou nos 355 GWh. “O aumento da geração de energia renovável refletiu o efeito sazonal num período de maior nível de irradiação solar”, nota a Galp Energia.

(Notícia atualizada às 7h20 com mais informação)

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“É provável que muitos trabalhadores menos escolarizados fiquem com cicatrizes permanentes da crise”

“A pandemia e o mercado de trabalho: O que sabemos um ano depois”, da Nova SBE, faz a radiografia do impacto da crise sanitária no mercado de trabalho em Portugal.

A pandemia atingiu que nem um tsunami a economia nacional com a onda gigante a bater mais forte junto dos trabalhadores menos escolarizados, muitos com contratos a termo. Houve muita destruição de emprego. Trabalhou-se em média menos horas. E o teletrabalho foi para uma minoria com formação superior. Mais de um ano depois da Covid-19 a radiografia feita pela Nova SBE revela as fraturas do mercado de trabalho nacional.

“A pandemia não teve um efeito maior no mercado de trabalho porque medidas como o lay-off seguraram muitos empregos que teriam desaparecido de outra forma”, diz Susana Peralta, coautora com Bruno P. Carvalho e Mariana Esteves, do relatório “A pandemia e o mercado de trabalho: O que sabemos um ano depois”, do Nova SBE Economics for Policy Knowledge Center, no âmbito da Iniciativa para a Equidade Social, conhecido esta segunda-feira.

A crise sanitária deu visibilidade a muitas das fragilidades do mercado laboral português. “A pandemia expôs o fosso do mercado de trabalho dual entre as pessoas que têm contratos sem termo, que ficaram protegidas (ou por trabalharem em setores pouco afetados pela pandemia, ou por estarem protegidas pelo lay-off que impede despedimentos) e as restantes, que trabalham como falsos independentes ou têm contratos a termo certo, que tiveram níveis de proteção inferiores”, considera Susana Peralta em declarações à Pessoas.

Os números são claros. Em 2020 foram criadas menos 10 mil empresas do que no ano anterior, mas o número de dissoluções foi semelhante. “Em 2021, até abril, já tinham sido encerradas mais 4 mil empresas do que no mesmo período de 2019. Janeiro de 2021 foi o mês com mais dissoluções (mais de 5 mil), o dobro do observado em janeiro de 2019 e 2020”, realça o relatório.

O lay-off disparou – entre março e abril de 2020, o número de trabalhadores em lay-off simplificado subiu de 70 mil para 1,2 milhões – e abril fica como o mês com maior aumento de inscrições no centro de emprego – com quase quatro vezes mais inscritos que mês homólogo de 2019. O teletrabalho foi apenas possível para algumas profissões e setores de atividade. No segundo trimestre do ano passado, 22,6% da população empregada trabalhou, sempre ou quase sempre, em casa, em 90,8% dos casos devido à pandemia. No último trimestre do ano passado, eram apenas 11,9% tendo voltado aumentar para 20,7% no primeiro trimestre deste ano.

É um modelo “predominante nos trabalhadores com maior nível de escolaridade, especialmente os que têm ensino superior completo”, com mais de 40% dos trabalhadores, com ensino superior no início da pandemia, a trabalhar de forma remota, valor que contrasta com os 2% de trabalhadores sem educação básica completa e 11% de trabalhadores com ensino básico completo.

Para quem não teve essa opção, o lay-off simplificado, a redução do horário de trabalho ou a perda do emprego foram as únicas alternativas possíveis. “A taxa de desemprego subiu a pouco mais de 8% no verão de 2020 mas está de volta aos valores pré-pandemia, embora com uma ligeira tendência de subida no segundo trimestre de 2021”, refere Susana Peralta.

Houve uma forte destruição de postos de trabalho com contratos a termo – uma quebra de 21% no primeiro trimestre de 2021 relativamente a 2019 – e um aumento de número de contratos de trabalho sem termo (+3% no primeiro trimestre de 2021 relativamente a 2019), mas que ainda assim “não compensa a destruição dos contratos a termo certo”, diz a investigadora da Nova SBE. Uma perda de emprego a termo certo que “está concentrada nas pessoas mais jovens e menos escolarizadas”.

Trabalhou-se mais e menos horas

Trabalhou-se menos horas ou mais, consoante a faixa salarial. Entre o 2º trimestre do ano passado e até março de 2021, houve uma “diminuição das horas trabalhadas (por quem não perdeu o emprego), especialmente concentrada nas pessoas que têm salários entre os 25% mais baixos o que pode refletir, por exemplo, o efeito do lay-off. As pessoas do quartil mais elevado de salário líquido passaram a trabalhar mais e não menos horas”, destaca a investigadora.

Entre os trabalhadores com salários mais baixos, 46% afirmam querer trabalhar mais, mas não encontrar emprego que o permita, o que contrasta com apenas 14% para os segundos. As famílias com crianças, especialmente as monoparentais, e os jovens foram mais afetadas pela redução no número médio de horas trabalhadas. “Nas horas trabalhadas também há diferenças interessantes entre as pessoas com e sem filhos, com uma maior diminuição entre quem tem filhos, especialmente famílias monoparentais”, diz Susana Peralta. Curiosamente, realça, “no primeiro trimestre 2021, as pessoas com filhos trabalharam menos, ao passo que as que não têm, trabalharam mais do que no final de 2020.”

Os trabalhadores com escolaridade até ao ensino básico foram os mais afetados. Até março de 2021 existiam menos 126 mil contratos temporários do que no mesmo trimestre de 2019. “Esta redução não foi compensada em contratos permanentes, que também diminuíram (menos 120 mil). Pelo contrário, foi para os indivíduos com ensino superior que o número de contratos mais subiu, tanto em termos relativos como absolutos, entre o 1.º trimestre de 2019 e 2021”, pode ler-se no relatório. “Os contratos temporários subiram 8% (20,6 mil) enquanto os contratos sem termo subiram 14% (133,8 mil). Estes factos reforçam a hipótese de que a pandemia destruiu sobretudo postos de trabalho de pessoas com escolaridade não superior”.

E mesmo as “aparentes boas notícias, como o aumento do salário médio ou do peso dos contratos sem termo no mercado de trabalho resultam na verdade de destruição de postos de trabalho nas margens mais frágeis e mal pagas da economia”, realça a investigadora da Nova SBE.

O futuro do trabalho

Com a pandemia a destruir muito do emprego desempenhado por trabalhadores com menor formação e salários mais baixos, que impacto esta situação poderá ter na reconfiguração do tipo de emprego que poderá ser criado no futuro? “É difícil responder porque vem aí um esforço grande de reconversão digital e energética da economia, pelo que são tempos demasiado conturbados”, comenta Susana Peralta. “A retoma do turismo poderá reabsorver uma parte destas pessoas nos setores direta ou indiretamente ligados ao mesmo (alojamento, restauração, retalho). Mas sem um esforço de formação e capacitação das pessoas menos escolarizadas, por um lado, e de políticas ativas de emprego especificamente destinadas aos jovens, por outro lado, é provável que muitas destas pessoas fiquem com cicatrizes permanentes da crise”, considera.

Dúvidas persistem igualmente sobre o futuro dos modelos de trabalho na pós-pandemia. A começar pelo teletrabalho. “A pandemia acelerou a transição para o trabalho remoto no seu lado tecnológico mas também organizacional. É importante perceber que estas mudanças estão concentradas nas pessoas com maior nível de educação”, realça Susana Peralta.

“As empresas estão a pensar as suas estratégias de organização do trabalho em função desta nova forma de trabalhar, haverá muitas a passar para um modelo híbrido, o que vai depender muito do modelo de gestão e dos próprios interesses e preferências dos trabalhadores”, continua.

“Nas outras economias, começam a surgir dados de inquérito que mostram que as pessoas querem voltar de forma parcial (não todos os dias) ao escritório. Mas certamente que podemos esperar mudanças importantes nesta frente no curto e médio prazo, o que até pode contribuir positivamente para a conciliação entre vida pessoal e profissional – mas não esqueçamos que isto está concentrado nas pessoas mais bem pagas e educadas.”

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