Afinal, Governo já não vai pôr o PRR a render

No final de janeiro, o gabinete de Mariana Vieira da Silva disse que estava a estudar aplicar verbas do PRR para aproveitar os juros altos. Em abril, a estratégia mudou. Não há perspetiva de tal.

O aumento das taxas de juro levou o Executivo a analisar a possibilidade de aplicar as verbas que vai recebendo de Bruxelas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No entanto, agora já não há perspetiva de que tal venha a acontecer, esclareceu ao ECO o secretário de Estado do Planeamento.

Portugal já recebeu 5,14 mil milhões de euros da bazuca (31%) – 2,15 mil milhões sob a forma de adiantamento; 1,16 mil milhões a 9 de maio de 2022 do pagamento do primeiro cheque e 1,82 mil milhões a 8 de fevereiro –, e foram pagos aos beneficiários finais 1,78 mil milhões (11% do total). Isto não significa, porém, que existe uma disponibilidade de tesouraria de 3,36 mil milhões. É que uma parte deste dinheiro já foi transferido para os beneficiários intermediários, como o IAPMEI, o IHRU, o Banco de Fomento ou o IEFP.

No final de janeiro, questionado pelo ECO se o Governo estava a estudar a possibilidade de “pôr a render” as verbas já recebidas de Bruxelas no âmbito do PRR, para aproveitar o recente aumento das taxas de juro, o gabinete da ministra da Presidência, que tem a tutela dos fundos europeus, respondeu positivamente. “Considerando o recente aumento das taxas de juro, estão a ser analisadas as condições e os termos de possíveis aplicações”, disse fonte oficial do Ministério tutelado por Mariana Vieira da Silva.

Considerando o recente aumento das taxas de juro, estão a ser analisadas as condições e os termos de possíveis aplicações.

Fonte oficial do Ministério da Presidência

26 de janeiro

Mas, entretanto, a estratégia mudou. O secretário de Estado do Planeamento disse ao ECO que “nunca foi colocada nenhuma verba” a render, “nem há perspetiva de tal” acontecer.

Instado a esclarecer se, mais à frente no tempo, a ideia poderia ser posta em prática, Eduardo Pinheiro sublinhou que “o dinheiro não está parado”. “Temos tesouraria suficiente para os meses que temos pela frente, mas o objetivo é que estas verbas cheguem em primeiro lugar aos beneficiários intermediários, para que depois possam colocar nos beneficiários finais”, acrescentou.

Nunca foi colocada nenhuma verba [a render], nem há perspetiva de tal.

Eduardo Pinheiro

Secretário de Estado do Planeamento (7 de abril)

Em causa está o atraso no pedido do terceiro cheque da bazuca. O pedido de pagamento está condicionado ao processo de reprogramação do PRR e, como a Comissão Europeia vai levar cerca de três meses para avaliar o exercício de reprogramação dos diferentes Estados-membros, o pedido nacional só poderá ser feito em julho ou agosto.

“O objetivo é submeter, até ao final de abril, a proposta e revisão de reprogramação do PRR”, explicou ao ECO, aquando do início da consulta pública decorrente do acréscimo de verbas que Portugal vai receber: 1,6 mil milhões de euros de subvenções adicionais, decorrentes da atualização do montante de subvenções, 785 milhões da iniciativa RePowerEU e mais 1,58 mil milhões em empréstimos para fazer face às novas reformas e investimentos ou ao reforço de ambição de algumas já definidas. Depois, “o que está previsto para a Comissão avaliar a reprogramação são três meses”, acrescentou Eduardo Pinheiro.

E este deslizar de prazos fará com que as verbas que Portugal já recebeu sejam usadas para pagar adiantamentosreforçados em 10% — e despesa que vai sendo executada pelos beneficiários finais. Dinheiro não faltará, garantem as autoridades.

“As verbas estão definidas em função da execução, os próprios pedidos de desembolso em função do cumprimento das marcas e das metas e do desenvolvimento dos projetos”, sublinhou ainda Eduardo Pinheiro.

“Basta pensar na própria estrutura do PRR, na própria orgânica. Temos um conjunto muito alargado de entidades que têm responsabilidade, portanto, essas verbas não ficam paradas, mas são transferidas para os beneficiários intermediários à medida das necessidades e depois para os beneficiários finais. Há um constante movimento. Em segundo lugar, como em qualquer programa, mas neste em particular, estamos a assistir a uma aceleração das execuções, o que significa que a nossa prioridade tem de ser fazer essa transferência”, concluiu.

A prática de fazer aplicações com as verbas que estão paradas no IGCP é comum, desde a Administração Central ao Setor Empresarial do Estado. Trata não só da emissão e gestão da dívida do Estado, mas também centraliza o dinheiro do Estado como um todo. Na ótica de gestão de tesouraria, “o IGCP atua como uma instituição financeira, com uma base de clientes com excedentes de tesouraria e com adiantamentos de tesouraria nos termos da Lei das Finanças Públicas e da Lei do Orçamento do Estado”, explicou ao ECO fonte do IGCP. Acrescentando que são os clientes do IGCP que decidem aplicar ou não os excedentes de tesouraria, sendo que os juros revertem a seu favor.

Até agora, os fundos europeus não têm sido “postos a render”, mesmo que isso permitisse aumentar os montantes que o país tem ao seu dispor — e que tenha sido uma prática comum em quadros comunitários anteriores ao QREN.

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Subsídio parental passa a 90% se pai ficar mais dois meses sozinho com o bebé

  • ECO
  • 27 Abril 2023

Numa licença de 180 dias, se um pai ficar mais dois meses sozinho com o bebé além dos dias obrigatórios, o subsídio parental passará a ser de 90% da remuneração de referência, noticia o Negócios.

O subsídio parental vai subir para 90% da remuneração de referência quando os progenitores optem por uma licença parental de 180 dias e o pai goza de pelo menos 60 dias consecutivos, ou dois períodos de 30 dias, de forma exclusiva, noticia o Jornal de Negócios, que conheceu as propostas apresentadas pelo Ministério da Presidência aos sindicatos da Função Pública.

Na prática, aplica-se quando o pai fica sozinho com a criança durante dois meses, ao invés de um, já depois do período obrigatório, explica o jornal, que confirmou junto do Governo que esta alteração também se vai aplicar ao setor privado. Atualmente, nas licenças de 180 dias, o subsídio é de 83% se o pai ficar sozinho um mês com o bebé — ou seja, o Governo quer passar a 90% se ficar dois.

“O subsídio parental da licença de 180 dias (150 + 30 dias) passa a ter nova majoração cujo valor será definido em regulamentação específica no montante de 90% quando cada um dos pais gozar, em exclusivo, um período de no mínimo 60 dias seguidos ou dois períodos de 30 dias seguidos”, disse fonte oficial do Ministério do Trabalho ao Negócios.

Pais em part-time até aos 12 meses do bebé terão apoio

Já segundo o Público esta quinta-feira, depois dos 150 ou 180 dias de licença, os pais vão poder recorrer, individualmente, a mais três meses de licença e ficar em regime de trabalho part-time, recebendo, além do salário correspondente ao trabalho a tempo parcial, mais 20% da remuneração através da Segurança Social.

Significa que os pais passarão a ter duas opções: tirar três meses em conjunto, a dividir em trabalho e tempo livre, ou tirarem, cada um, três meses consecutivos, o que acaba por perfazer os 12 meses da criança, explica o jornal.

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Inteligência artificial põe receitas da Meta de novo a crescer

Meta registou o primeiro trimestre de aumento de receitas depois de três trimestres consecutivos de quedas. Mesmo assim, o lucro caiu 24%, para 5,7 mil milhões.

O grupo Meta revelou que as receitas trimestrais e o crescimento no número de utilizadores no início deste ano ficou acima do esperado pelos analistas.

Segundo o WSJ, as receitas da dona do Facebook, Instagram e WhatsApp subiram 3% entre janeiro e março, em comparação com o período homólogo, para 28,6 mil milhões de dólares, montante que ficou acima dos 27,7 mil milhões esperados. O lucro caiu 24%, para 5,7 mil milhões.

Foi, assim, o primeiro trimestre de aumento de receitas depois de três trimestres consecutivos de quedas, resultado das melhorias no negócio da publicidade, explicou a companhia. É o fruto do investimento em inteligência artificial, disse, sobretudo nos Reels, a resposta da Meta à ascensão do TikTok.

No início deste ano, as plataformas da Meta cresceram em número de utilizadores. As três principais são agora usadas por mais de três mil milhões de pessoas diariamente.

Depois dos resultados anunciados pela Meta, as ações dispararam 12% nas negociações depois do fecho dos mercados de capitais. A animar os investidores esteve também a notícia de que a empresa espera que as receitas neste segundo trimestre ascendam a 32 mil milhões.

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Americana Live Nation compra Ritmos & Blues e dona da Altice Arena

Promotora de espetáculos norte-americana vai comprar uma posição de controlo na Ritmos & Blues e na Arena Atlântico. Negócio depende da aprovação da Autoridade da Concorrência.

A promotora de espetáculos norte-americana Live Nation Entertainment vai comprar uma posição de controlo na Ritmos & Blues, promotora portuguesa fundada por Nuno Braamcamp e Álvaro Ramos nos anos 90, bem como na dona da Altice Arena, a maior sala de espetáculos do país.

“A Live Nation Entertainment celebrou um acordo para adquirir uma participação maioritária na Altice Arena em Lisboa”, disse fonte oficial da Altice Arena ao ECO. “A aquisição de uma participação maioritária na Ritmos & Blues, um dos atuais acionistas da Altice Arena, foi parte integrante do acordo global”, acrescentou.

Americanos compram posição maioritária na Altice Arena

Nesta operação, que prevê controlo indireto, estão em causa, então, as empresas Ritmos & Blues e a Arena Atlântico, esta última dona da Altice Arena, incluindo também as respetivas subsidiárias, como a participação minoritária na BlueTicket. Esta aquisição tem ainda de ser aprovada pela Autoridade da Concorrência, sendo que já foi enviada a notificação, segundo o aviso que foi publicado esta quinta-feira na imprensa.

É um consórcio que está por detrás da Arena Atlântico, que conta com a Ritmos & Blues, Luís Montez (a título individual), dono da promotora Música no Coração, e Jorge Vinha da Silva, que é CEO da Arena Atlântico, bem como outros elementos da equipa de gestão. “As operações diárias na Altice Arena continuarão a ser lideradas pela sua equipa de gestão e pelos funcionários da Arena”, adianta fonte oficial.

“Espera-se que a operação seja concluída logo que finalizados os procedimentos normais neste tipo de transação, incluindo a aprovação da Autoridade da Concorrência portuguesa”, sinalizam.

A Live Nation Entertainment “encontra-se ativa em vários níveis da cadeia de valor dos eventos ao vivo”, segundo é indicado no aviso publicado na imprensa, sendo que, em Portugal, está “ativa na promoção do festival Rock in Rio Lisboa”.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h33)

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Hoje nas notícias: Licença parental, reembolso do IRS e metadados

  • ECO
  • 27 Abril 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

As manchetes desta quinta-feira são marcadas por notícias para os pais: por um lado, uma proposta de majoração da licença parental se o pai tirar dois meses com o bebé; por outra, os pais que trabalhem a tempo parcial vão ter apoio do Estado. Há também sinais de atrasos no pagamento dos reembolsos do IRS. Veja estas e outras notícias que marcam a atualidade nacional.

Governo propõe nova licença parental a 90% se pai tirar dois meses

A partir de 1 de maio, o “subsídio parental da licença de 180 dias (150 dias + 30 dias) passa a ter uma nova majoração cujo valor será definido em regulamentação específica no montante de 90%, quando cada um dos pais gozar, em exclusivo, um período de no mínimo 60 dias seguidos ou dois períodos de 30 dias seguidos”, de acordo com o Ministério do Trabalho. A proposta foi apresentada pelo Ministério da Presidência aos sindicatos da Função Pública, mas também se aplica ao setor privado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Estado apoia pais que trabalhem a tempo parcial

Os pais podem optar por trabalhar em part-time e ainda receber 20% do salário através da Segurança Social. Depois dos 150 ou 180 dias de licença, os pais vão poder recorrer cada um a mais três meses de licença em regime de trabalho part-time e auferir, além do salário correspondente ao trabalho a tempo parcial, mais 20% da remuneração através da Segurança Social.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Reembolsos do IRS estarão atrasados

Este ano, as declarações de rendimentos permanecem mais dias no estado de “declaração certa”, validada pela Autoridade Tributária (AT), do que no ano passado, garante o Correio da Manhã com base em testemunhos recebidos. A conclusão é que os pagamentos dos reembolsos do IRS estarão a ser feitos com atraso. Desta forma, os contribuintes poderão receber o reembolso mais tarde do que no ano passado.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Acórdão dos metadados não afeta casos julgados

Apesar de a Lei dos Metadados ter sido declarada inconstitucional, o acórdão que o definiu não vai afetar os casos já julgados. Os casos transitados até à altura em que foi declarada a inconstitucionalidade, em 2022, não vão estar assim sujeitos a recurso. Apesar disso, já houve 15 pedidos de revisão de sentença, incluindo do ex-dirigente sportinguista Paulo Pereira Cristóvão, mas o Supremo rejeitou.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (ligação indisponível).

Governo já transferiu 2,3 milhões para os estudos do novo aeroporto

Já foram transferidos para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) 2,3 milhões de euros para avançar com os estudos que vão levar ao relatório sobre o novo aeroporto na região de Lisboa. Esta foi a segunda e final tranche do pagamento, tendo sido concretizada já com algum atraso, para a elaboração deste relatório que tem de ficar pronto até ao final do ano.

Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso livre).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 27 de abril

  • ECO
  • 27 Abril 2023

Ao longo desta quinta-feira, 27 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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5 coisas que vão marcar o dia

Continuam as audições a sindicatos na Comissão de Inquérito à TAP e são apresentados os critérios usados na seleção das possíveis localizações do novo aeroporto.

A REN vai apresentar as contas do primeiro trimestre de 2023 e o Banco de Portugal (BdP) vai divulgar o relatório dos Sistemas de Pagamentos relativo a 2022. A lista de 17 possíveis localizações para o novo aeroporto deverá encolher.

Lista de opções para novo aeroporto vai encolher

Em mais um capítulo na escolha da localização para o novo aeroporto, a Comissão Técnica Independente (CTI) deverá encurtar esta quinta-feira à tarde a lista provisória de possíveis localizações, que já tem 17 possibilidades diferentes (após terem recentemente sido acrescentadas oito). A CTI organiza na quinta-feira uma conferência no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) onde vai dar a conhecer os critérios de viabilidade técnico-científicos adotados, bem como as opções “finalistas” com base na aplicação desses critérios.

REN apresenta resultados

A REN apresenta esta quinta-feira os resultados do primeiro trimestre do ano, após o fecho dos mercados. Nos primeiros três meses de 2022, o resultado líquido do grupo REN ascendeu a seis milhões de euros, um aumento de 32,6% face ao período homólogo. Esta apresentação de resultados coincide com a assembleia geral da REN, marcada para as 10h30.

BdP divulga relatório sobre Sistemas de Pagamentos

O relatório do BdP sobre os Sistemas de Pagamentos em 2022, que vai ser divulgado esta quinta-feira, irá dar a conhecer mais detalhes sobre os sistemas de pagamento mais utilizados pelos cidadãos. O supervisor já antecipou alguns dados na Conferência New Money, promovida pelo ECO, nomeadamente que quase metade dos pagamentos com cartão em Portugal já recorrem à tecnologia contactless, tendência que acelerou com a pandemia. No relatório do ano passado foi também divulgado que em 2021 o BdP registou um ataque “severo” aos serviços de pagamentos.

Sindicatos ouvidos na Comissão de Inquérito à TAP

Tal como na quarta-feira, a Comissão de Inquérito à TAP vai continuar a ouvir sindicatos. Desta vez, na sessão agendada para as 14h30 desta quinta feira, vão ser ouvidos Cristina Carrilho, coordenadora da Comissão de Trabalhadores da TAP; João Varzielas, dirigente do Sindicato dos Aeroportos de Manutenção e Aviação (STAMA); João Leão, dirigente do Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA); e Jorge Alves, presidente do Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA).

EUA divulgam o PIB do primeiro trimestre

Na economia internacional, será divulgada uma estimativa avançada da evolução do PIB dos EUA do primeiro trimestre de 2023. No último trimestre de 2022, o PIB norte-americano registou um crescimento de 0,7% em cadeia, recuperando assim de uma contração de 0,1% no trimestre anterior.

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Hilton quer abrir nove hotéis em Portugal em três anos

A cadeia, que já conta com mais de 560 colaboradores, tem previsto este ano mais três aberturas e tem "planos para recrutar mais 50 novos colaboradores durante este ano".

A Hilton tem uma “ambiciosa estratégia de crescimento em Portugal” e, nos próximos três anos, quer duplicar a rede hoteleira da cadeia em Portugal e abrir nove hotéis. Este ano a cadeia, que já conta com mais de 500 colaboradores, tem previsto abrir mais três espaços, num investimento estimado de mais de 60 milhões de euros, e planeia reforçar as equipas este ano com mais 50 colaboradores.

“Como parte da nossa ambiciosa estratégia de crescimento em Portugal, planeamos atingir mais do dobro da nossa atual oferta, tendo prevista a abertura de mais nove hotéis em todo o país nos próximos três anos. Temos atualmente mais de 560 colaboradores nas equipas dos nossos oito hotéis em Portugal e esperamos recrutar muitos mais para as nossas próximas aberturas”, adianta David Kelly, vice-presidente sénior Hilton para a Europa Continental, ao ECO Trabalho. O responsável não adianta, no entanto, o número de postos de trabalho previstos com estas novas aberturas, nem qual o investimento previsto.

Existem atualmente centenas de vagas em diversas funções disponíveis em toda a Europa e nos hotéis que gerimos em Portugal (que representam cerca de metade do nosso portefólio) e já temos planos para recrutar mais 50 novos colaboradores durante este ano“, refere o responsável da cadeia hoteleira que, depois do Tapestry Collection by Hilton, no Porto, tem planos para abrir, ainda este ano, o Hilton Garden Inn Evora, o Legacy Hotel Cascais (Curio Collection by Hilton) e DoubleTree by Hilton Lagoa Azores, num investimento na ordem dos 60 milhões de euros, segundo informação divulgada em 2020 pelo grupo hoteleiro.

Como parte da nossa ambiciosa estratégia de crescimento em Portugal, planeamos atingir mais do dobro da nossa atual oferta, tendo prevista a abertura de mais nove hotéis em todo o país nos próximos três anos. Temos atualmente mais de 560 colaboradores nas equipas dos nossos oito hotéis em Portugal e esperamos recrutar muitos mais para as nossas próximas aberturas.

David Kelly

Vice-presidente sénior Hilton para a Europa Continental

Com estas novas aberturas em 2023, a rede que já conta com mais de 560 colaboradores, aumenta para oito o número de espaços em Portugal, num mercado que se debate com escassez de talento. Segundo dados do Governo, há pelo menos 50 mil ofertas de emprego na área de restauração e alojamento por preencher.

“Existem vários motivos para se escolher fazer carreira no setor da hospitalidade mas em Hilton proporcionamos o melhor ambiente de trabalho e um conjunto condições e benefícios bastante atrativos – várias oportunidades de formação, de desenvolvimento e progressão de carreira, de trabalhar e interagir com pessoas com diferentes experiências, oportunidades de explorar e desenvolver novas competências e de viajar”, refere David Kelly quando questionado sobre que iniciativas a rede estava a trabalhar para aumentar a sua atratividade junto do talento.

“O bem-estar dos nossos colaboradores e hóspedes é, e será sempre, a nossa principal prioridade. As iniciativas para apoiar o bem-estar dos colaboradores incluem programas de saúde mental e bem-estar, temos uma nova aplicação para colaboradores e várias ferramentas para apoiar os nossos gestores e líderes a ajudar e suportar as suas equipas“, continua o gestor.

Aposta na formação

A companhia – considerada, pelo quarto ano consecutivo, a Great Place to Work, tendo, pela segunda vez, obtido o primeiro lugar no ranking português na categoria de 201 a 500 colaboradores, pela Best Workplaces Portugal – indica que proporciona um “conjunto de benefícios atrativos” para os colaboradores, como o programa de descontos de viagem “Go Hilton”, que pode ser usufruído pelos colaboradores mas também pelas suas famílias e amigos, bem como acesso a vários programas de bem-estar como o Thrive@Hilton e, “não menos importante”, formação.

“Proporcionamos a todos diversas oportunidades de crescimento e desenvolvimento de carreira com a disponibilização de um vasto catálogo de formação através da nossa Universidade Hilton com conteúdos e-learning diversos em áreas tão importantes como liderança, comunicação, resolução de problemas e serviço ao cliente para os ajudar a alcançar os seus objetivos profissionais em todas as fases do seu percurso profissional e de carreira”, destaca o responsável.

Chris Nassetta, Presidente e CEO Hilton; Laura Fuentes, Diretora de Recursos Humanos Hilton; Simon Vincent, Vice-presidente executivo e Presidente da EMEA Hilton e David Kelly, Vice-presidente Sénior Hilton para a Europa Continental, com membros da equipa no Sé Catedral Hotel Porto, Tapestry Collection by Hilton durante uma visita aos hotéis Hilton em Portugal, no mês passado.

A formação permite ainda à cadeia atrair candidatos que não têm necessariamente experiência no setor. “Temos processos de formação pioneiros na indústria, somos capazes de atrair e recrutar candidatos que não têm necessariamente experiência em hotelaria”, refere David Kelly.

“Acolhemos licenciados de escolas de hotelaria e negócios e investimos em pessoas que trazem experiência de outros setores porque o mais importante para nós, é encontrar pessoas motivadas e apaixonadas pelo que fazem, com vontade de aprender e trabalhar em equipa, com atitude positiva e que queiram proporcionar experiências inesquecíveis aos nossos hóspedes”, acrescenta.

Temos processos de formação pioneiros na indústria, somos capazes de atrair e recrutar candidatos que não têm necessariamente experiência em hotelaria (…). Acolhemos licenciados de escolas de hotelaria e negócios e investimos em pessoas que trazem experiência de outros setores.

David Kelly

Vice-presidente sénior Hilton para a Europa Continental

Colaboração com escolas de hotelaria, participação em feiras de emprego, recrutamento por referenciação dos trabalhadores são algumas das iniciativas levadas a cabo para atrair talento. “Quando estamos em processo de recrutamento, convidamos os nossos candidatos a dirigirem-se aos hotéis para terem oportunidade de conhecer os diretores de departamentos e elementos da equipa de recursos humanos, os seus futuros colegas, o seu local de trabalho e também para poderem sentir a visão e valores da Hilton mesmo antes do início de funções”, exemplifica o vice-presidente sénior Hilton para a Europa Continental.

A empresa não adianta, no entanto, qual foi a política da cadeia no que toca à atualização salarial, apenas que oferece “salários competitivos e benefícios” aos colaboradores, realizando “regularmente pesquisas sobre níveis salariais específicos de mercado, ajustando se necessário os nossos.”

“Os vários departamentos dos nossos hotéis dispõem ainda de sistemas de incentivos que recompensam os colaboradores por alcançarem objetivos e dão-lhes a oportunidade de aumentarem os seus rendimentos.”

A Hilton tem hotéis em mais de 123 países em todo o mundo. Na Europa Continental tem mais de 150 hotéis em projeto.

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Sonae “veste” fábrica da Salsa com investimento de sete milhões de euros

A marca de vestuário detida pela Sonae, que emprega 1.200 pessoas e fatura 200 milhões de euros, vai modernizar a fábrica de Famalicão onde produz atualmente perto de um milhão de calças por ano.

Detida a 100% pelo grupo Sonae, que em 2016 começou por comprar metade da participação à família Vila Nova e há precisamente três anos adquiriu a restante à outra acionista (Wonder Investments), a Salsa Jeans prepara-se para investir sete milhões de euros na fábrica de Ribeirão, no concelho de Vila Nova de Famalicão, onde a empresa de vestuário nasceu em 1987.

Além da substituição de todas as máquinas num período de dois anos e da reformulação da área da investigação e desenvolvimento (I&D), o projeto de investimento da marca liderada por Hugo Martins prevê a instalação de soluções para aumentar a eficiência energética – como painéis fotovoltaicos na unidade industrial – e o aumento da capacidade produtiva, que ronda atualmente um milhão de calças por ano.

Especializado em denim, este negócio controlado pelo grupo de Cláudia Azevedo emprega atualmente 1.200 pessoas e registou no ano passado um volume de vendas de cerca de 200 milhões de euros – perto de 70% foram feitas nos mercados internacionais, num total de 44 países –, quase igualando desta forma a performance registada antes da pandemia de Covid-19. Sete em cada dez pares de calças da Salsa Jeans são vestidos por mulheres.

Diretor executivo da Salsa, Hugo Martins.DR

Entre Portugal (59), Espanha (26) e França (12), explora quase uma centena de lojas próprias. Além do reforço da presença no país vizinho, onde tem presença em 68 armazéns do El Corte Inglés e se prepara para inaugurar um formato de flagship store (no Passeig de Gràcia, em Barcelona) semelhante ao que funciona na Rua Augusta (Lisboa) e no Arrábida Shopping (Gaia), prevê abrir este ano mais duas ou três em território francês, e as primeiras quatro lojas próprias na Irlanda. Países Baixos, Itália e Bélgica estão também no radar.

Incorporada na Zeitreel, a unidade de negócio da Sonae para a moda que integra também com a Mo, Zippy e Losan, a Salsa tem ainda cerca de 30 lojas em regime de franchising em Malta, Eslovénia, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Kuwait, Bahrain e Angola. Em junho de 2022, Hugo Martins disse ao ECO que “o próximo objetivo é que França venha a ser o maior mercado”, algo que “gostaria que acontecesse em dois ou três anos”. Neste país, em que já vende quase tanto como na Península Ibérica, está presente em 600 pontos de venda multimarca e tem um site “com vendas semelhantes às de Portugal e de Espanha”.

Os planos de expansão comercial e o processo industrial da empresa têxtil, que começa no desenvolvimento do produto e das coleções, e se estende até à lavagem e acabamentos, vão ser detalhados esta quinta-feira durante uma visita do presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos, à unidade de Ribeirão, no âmbito do roteiro Famalicão Created IN.

Calças para o “infinito”

Com o setor da moda cada vez mais preocupado em reduzir a pegada ambiental, a Salsa arrancou em meados do ano passado com um serviço de reparação para prolongar a vida dos produtos. Qualquer consumidor pode deslocar-se às lojas próprias da marca para perceber se pode dar uma nova vida ao par de calças de ganga, casacos e vestidos da marca do grupo Sonae. Os serviços custam entre cinco e 20 euros e a avaliação é feita pela marca depois do aconselhamento dos funcionários da loja.

Reparação de calças de ganga no atelier da Salsa, em Vila Nova de Famalicão.DR

Se forem para arranjo, as calças são enviadas para o atelier da marca, em Vila Nova de Famalicão. Se o cliente não quiser fazer nada, a empresa “assume a responsabilidade pelo fim do produto e dá-lhe o melhor fim possível: tentar repará-lo e ver quem pode ficar com ele; tentar pegar nele e colaborar com alguém para dar-lhe uma nova vida; ou se nada mais puder ser feito, [trata] da sua reciclagem”, como detalhou Hugo Martins.

O projeto Infinity “não é uma oportunidade de negócio, mas sim para mudar as mentalidades sobre o que significa ter uma peça que ainda pode ser aproveitada”. É por isso, para “evitar o fomento do consumo”, como explicou o gestor, que não será dado um voucher de desconto numa segunda peça para quem entregar as peças antigas, “porque isso derrotaria o princípio do programa”.

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Seca volta a castigar produção de azeite e ameaça subir preços: “Se continuar assim, vai ser difícil”

A seca continua a não dar tréguas em Portugal, preocupando este setor, numa altura em que os preços do azeite em Espanha dispararam para valores recorde.

Depois de um período intenso de chuva em dezembro e janeiro, o tema da seca e os impactos na produção agrícola voltam a estar em destaque. Em Espanha já se antecipam quebras e um possível contágio nos preços dos alimentos, nomeadamente do azeite, que está em níveis recorde. Em Portugal, embora seja prematuro prever como decorrerá a campanha de olivicultura, as perspetivas são preocupantes, dizem alguns representantes do setor.

“A situação de seca está a verificar-se desde janeiro. Março e abril foram meses com pouca pluviosidade. A situação está complicada e a realidade é que, em maio, não deverá chover nem devemos recuperar o que não choveu“, alerta Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em declarações ao ECO/Capital Verde.

De acordo com as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), nos próximos dez dias as temperaturas máximas em Portugal continental irão aproximar-se dos 30 graus celsius, com céu limpo. Isto numa altura em que 48% do território se encontra, novamente, em situação de seca fraca, moderada ou severa, com maior incidência na região do Alentejo.

Para o responsável da CAP, estes são “indícios preocupantes” para “toda a parte do olival que não tem possibilidade de se regar” por se encontrar em sequeiro. “Se continuar assim, vai ser difícil”, desabafa.

Em Espanha, endurecem-se os alertas. Devido à falta de chuva no país vizinho, os preços do azeite subiram quase 60% desde junho de 2022, para cerca de 5,4 euros por quilograma, em consequência de uma grave seca na Europa que, no ano passado, comprometeu as culturas de olival em sequeiro em todo o continente, escreve o Financial Times. O país, que é o maior produtor de azeite, sendo responsável por metade da produção de azeite no mundo, viu o abastecimento anual cair para cerca de metade nos últimos 12 meses, para 780.000 toneladas, catapultando os preços para novos máximos.

Luís Seabra, presidente da Associação de Agricultores do Ribatejo (AAR), explica que, em Espanha, as culturas de olival encontram-se, maioritariamente, em sequeiro — isto é, em terrenos que não dispõem de qualquer sistema de rega ou de aproveitamento de águas, incluindo águas pluviais. Assim sendo, “quando estas áreas baixam [os níveis de produção], obviamente que mexe fortemente com o resto do mercado“, aponta.

Questionado sobre se essas ondas de choque chegarão a Portugal, o responsável considera ser “cedo para determinar“, uma vez que só será possível avaliar as tendências de produção de olival a partir de maio. “Nessa altura é que se desenham as expressões deste ano. Todos os movimentos, neste momento, são especulativos“, sublinha.

A Casa do Azeite partilha das mesmas preocupações, recordando que Portugal já “acumula dois anos de seca” o que provoca “alguma incerteza relativamente ao que poderá acontecer à produção”.

“A campanha do ano passado ficou muito afetada pelas condições climatéricas, mas, principalmente, pela contrassafra [quebra de produção]. Tinha havido uma super-produção de azeite na campanha anterior, resultando, normalmente, numa quebra na campanha seguinte, agravada pela seca”, aponta Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite.

Para a responsável, embora seja muito cedo, estando agora a começar a floração, a “situação é preocupante”, considerando que os sinais vindos do país vizinho não são animadores. “A preocupação em Espanha é enorme, porque condiciona muito a produção mundial e o modelo dos preços”. De acordo com Mariana Matos, em 2022, “o preço do azeite na origem subiu mais de 50%” em Portugal face ao ano anterior, realidade também influenciada pelo aumento dos custos de produção.

O secretário-geral da CAP tem, no entanto, menos dúvidas. Segundo Luís Mira, o que está a acontecer em Espanha é uma realidade que muito provavelmente se replicará em Portugal, à semelhança do que se verificou no ano passado, uma vez que a situação de seca e escassez de água afeta os países do Mediterrâneo de forma igual. Em dezembro de 2022, a produção nacional de azeite daquele ano registou uma quebra de até 40%, face à campanha anterior.

“Sem água não há alimentos. Venha ela da rega ou da chuva. Quando não há nem chuva nem rega, não há água, não há produção. É uma equação muito simples“, sublinha.

A preocupação ganha maior dimensão quando se percebe o peso que o azeite tem na balança comercial portuguesa. De acordo com os dados citados pelo BPI numa nota de research, Portugal apresenta um grau de auto-aprovisionamento de azeite superior a 180%, algo que não se verifica noutras categorias agroalimentares. Por exemplo, na categoria das carnes, o grau é de 82% e nas leguminosas é de cerca de 18%.

Esta realidade permitiu ao país tornar-se num “exportador líquido de azeite a partir de 2011“, registando um saldo comercial positivo superior a 300 milhões de euros. Desta forma, conclui o banco, o azeite torna-se assim num dos produtos com maior representação no total das exportações agroalimentares nacionais, a par do vinho, as frutas e o pescado.

Sequeiros conferem maiores riscos, mas regadio pode compensar

Em Portugal, existem cerca de 3,4 milhões de hectares de cultivo em sequeiro, sendo que a maior parte dos olivais encontram-se localizados nestas áreas, com destaque para as regiões de Trás-os-Montes, Beiras e Ribatejo, onde os sequeiros predominam.

São áreas que estão nas mãos da natureza. O facto de existir seca numa área brutal de sequeiro sem garantias de água é preocupante”, sublinha Luís Seabra, referindo que, além da produção do azeite, também a vinha representa uma grande área neste tipo de terreno.

Enquanto os sequeiros estão dependentes da chuva, nos regadios a realidade é diferente. O responsável pela AAR revela que existem em Portugal 561 mil de hectares de terreno em regadio que são alimentados por água das barragens e por furos. Nestas zonas, principalmente no Alqueva, a produção de azeite tem vindo a crescer, sendo caracterizada por Luís Seabra como “o grande motor de produção de azeite” em Portugal, dado que o acesso à água, vindo das barragens, é garantido.

“Se daqui para a frente for igual ao ano passado, as quebras [em sequeiros] serão muito grandes. Para quem tem áreas de regadio nas vinhas e nos olivais, os níveis de produção foram [no ano passado] razoáveis. Quem tem regadio não está preocupado porque as barragens estão com níveis altos de forma geral. Mas o sequeiro é o caminho para o desastre”, alerta Luís Seabra.

Apesar deste tipo de cultivo estar a crescer, podendo representar uma alternativa para os períodos de baixa produção em sequeiro, o regadio é também um grande consumidor de água. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, Portugal consome o equivalente a “dois Alquevas” de água anualmente, destinando-se cerca de 75% à rega na agricultura.

“No Alqueva, onde o olival tem vindo a crescer mais, existem intenções de querer duplicar o preço da água”, revela Luís Mira. “Se duplicarmos o preço da agua o preço do azeite também sobe“, admite, apontando o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) como uma oportunidade “desperdiçada” para potenciar os planos de gestão eficiente de água.

Sem água não há alimentos. Venha ela da rega ou da chuva. Quando não há nem chuva nem rega, não há água, não há produção. É uma equação muito simples.

Luís Mira

Secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal

“O PRR é criminoso. Não se usou esse fundo para dar resiliência a Portugal. Apelidaram-no de ‘bazuca’ e não se refletiu sobre a necessidade de resiliência, e a água é um setor que precisa dela“, aponta o secretário-geral da CAP, referindo a título de exemplo que em Espanha foram alocados 25 mil milhões de euros para o uso eficiente de água, sendo 5 mil milhões destinados à agricultura. Por cá, o PRR destinou 390 milhões de euros para concretizar a estratégia que procuram mitigar a escassez hídrica e assegurar a resiliência dos territórios do Algarve, Alentejo e Madeira aos episódios de seca.

O que faz a diferença é a armazenagem de água. E, em Portugal, está-se a fazer pouco ou nada. Não há verbas do PRR nem políticas” destinadas a dar resposta às diferenças ‘brutais’ na disponibilidade de água existência no norte e no sul do país”, diz o presidente da Associação de Agricultores do Ribatejo.

A secretária-geral da Casa do Azeite subscreve aos pedidos de uma maior intervenção governamental na gestão deste recurso “escasso”, apontando que esse será “o grande desafio para o futuro da agricultura” em Portugal. Até lá, a seca continuará a ser uma ameaça incontornável a este setor.

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IP propõe PPP para alta velocidade chumbadas pelo Tribunal de Contas em 2014

Modelo de implementação de alta velocidade com contratos autónomos por cada troço em vez de contrato único "poderia conduzir à existência de eixos incompletos", escreveu tribunal em 2014.

O modelo de parceria público-privada em que a Infraestruturas de Portugal (IP) pretende construir a linha de alta velocidade Porto-Lisboa foi “chumbado” há praticamente uma década pelo Tribunal de Contas (TdC). Em 2014, o TdC alertou para a colocação de cláusulas abusivas e para um formato de contratação que poderia pôr em risco a execução do investimento.

Para que a linha possa ganhar forma entre Porto e Lisboa, a IP propõe três contratos de concessão para a conceção, construção, manutenção e financiamento da empreitada (modelo DBFM). Cada um dos contratos corresponde aos três troços no eixo Porto Lisboa: Porto-Aveiro, Aveiro-Soure e Soure-Carregado, segundo a apresentação feita em setembro de 2022. A empresa justifica a opção com a “redução dos custos de ciclo de vida, a otimização dos recursos disponíveis e a alocação ajustada dos riscos”. Depende depois das transportadoras a colocação dos comboios na linha.

A IP pretende seguir o mesmo modelo para a instalação da sinalização e das telecomunicações na linha. O “número limitado de fornecedores”, o “elevado risco tecnológico” e a “vida útil mais reduzida” são os motivos que justificam a opção, segundo a gestora da rede ferroviária nacional. Sob responsabilidade da IP ficarão as restantes obras, como por exemplo a ampliação da Gare do Oriente e a quadruplicação do troço entre Alverca e Azambuja.

“Se quisermos implementar a alta velocidade sem grandes perturbações ao longo do tempo e sem custo de oportunidade, a melhor abordagem que podemos seguir é a das parcerias público-privadas”, defendeu em março o presidente da IP, Miguel Cruz, num debate sobre mobilidade que decorreu no campus de Azurém da Universidade do Minho. “Quando se contrata uma PPP, normalmente, o processo é mais longo mas depois existe uma execução mais rápida do processo”, acrescentou, em abril, o vice-presidente da empresa, Carlos Fernandes (entre 2005 e 2012 presidente da RAVE).

Em 2014, o Tribunal de Contas analisou o mesmo modelo de contratação para a alta velocidade, proposto pela extinta RAVE – Rede Ferroviária de Alta Velocidade, S.A. Em causa estavam cinco PPP para a conceção, construção, financiamento e manutenção da substrutura e superstrutura ferroviárias, por um período de 40 anos. Quem ganhasse o concurso receberia depois uma renda por garantir o funcionamento da linha. Haveria ainda uma única PPP para os sistemas de sinalização e de telecomunicações a instalar nas linhas Lisboa-Madrid, Lisboa-Porto e Porto-Vigo. Os investimentos nas estações ficariam a cargo da Refer (empresa que então geria a rede ferroviária nacional).

Risco de linhas incompletas

Tal como agora, a RAVE quis duas PPP para cada uma das linhas. Ora, em 2014, o TC notou que “os estudos preliminares foram feitos para eixos ferroviários. Mas o modelo de implementação previu a segmentação daqueles eixos em troços, cada um com um processo de contratação autónomo”. Para aquele tribunal, “no limite”, haveria o risco de “existência de eixos incompletos”.

Por exemplo, quando em setembro de 2010 foi cancelada a PPP para o troço Lisboa-Poceirão “deixou de ser objetivamente possível invocar, para justificação da contratação da PPP do troço Poceirão-Caia, os resultados dos estudos efetuados para o eixo Lisboa-Madrid”, segundo o TdC. No entanto, o concurso foi ganho pelo consórcio Elos, em 2010, e acabou por ser o Tribunal de Contas, em 2012, a recusar o contrato. Em 2023, ainda está por resolver a contenda entre o Estado e o consórcio Elos, que exige uma indemnização num valor acumulado de 220 milhões de euros, segundo o cálculo de novembro de 2022 do jornal Expresso (acesso pago).

O TdC alegou que o contrato para o troço Poceirão-Caia incluía disposições, consideradas ilegais, que “pretendiam permitir ao concessionário receber uma indemnização por custos além dos permitidos pela Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas, em caso de recusa de visto”. Duas das razões para essa ilegalidade era que a norma “pretendia permitir pagar mais do que os trabalhos realizados ou os bens e serviços adquiridos após a celebração do contrato e até à data de notificação da recusa de visto” e “era contrária ao requisito de, para poderem ser pagos, os bens ou serviços adquiridos terem que se enquadrar dentro da programação contratualmente estabelecida”.

O mesmo tribunal defendeu ainda que a mesma cláusula “pretendia atribuir ao Estado a responsabilidade pela recusa de visto «em exclusividade» e independentemente de eventual conduta culposa da concessionária e fossem quais fossem os fundamentos da recusa de visto”. Para o TdC, “dificilmente se poderia imaginar uma cláusula inserida num contrato público do Estado(!) tão desproporcionada, despropositada e abusiva contra o próprio Estado e, claro, tão descuidada com o interesse público e, em concreto, com os interesses financeiros do Estado”.

Confrontado pelo ECO com a semelhança do modelo de contratação para a alta velocidade que levantou dúvidas há quase uma década, o Tribunal de Contas refere que “apenas se pronuncia colegialmente no âmbito dos processos de auditoria que desenvolve, não estando previsto neste momento proceder à apreciação que é solicitada”. No entanto, o tribunal lembra que “além da fiscalização prévia, pode exercer fiscalização concomitante ou realizar auditorias, bem como, se for caso disso, efetivar as responsabilidades financeiras”.

Segundo o calendário, o primeiro concurso para a construção do primeiro troço da linha Porto-Lisboa deve ser lançado no final de 2023, para que as obras se iniciem ainda em 2024 e fiquem concluídas no final de 2028. Nesse momento, a ligação ferroviária entre Porto e Lisboa deverá demorar cerca de duas horas.

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“TAP não pode continuar a ser gerida por WhatsApp”, diz presidente do sindicato dos pilotos

O presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil apelou, na comissão parlamentar de inquérito, a que não exista interferência política na TAP para garantir a boa gestão da companhia.

Tiago Faria Lopes, presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), apelou a que não continue a existir interferência política na TAP, durante a audição na comissão parlamentar de inquérito desta quarta-feira. Sem isso, o novo CEO dificilmente terá sucesso, considerou.

“Se Luís Rodrigues [o novo CEO] tiver interferência política não consegue fazer milagres. Faço um apelo a que não haja interferência na companhia. Não se pode gerir mais por WhatsApp uma empresa que fatura milhões”, afirmou Tiago Faria Lopes. “Um erro pode significar milhões. Não pode continuar a ser gerida por WhatsApp”, insistiu.

O presidente do SPAC defendeu que o fim dos cortes salariais “devia ser ontem”. “A TAP limitou-se a seguir a indústria no aumento dos preços dos bilhetes. Não fez um ato de gestão diferente”, acrescentou.

Tiago Faria Lopes considerou que o Acordo Temporário de Emergência assinado em 2021 “estragou a TAP na operação. Tem falta de pilotos. Não consegue planear horas extra. Isso tem grande impacto financeiro na companhia, senão não cancelava 200 voos por falta de tripulações. O verão vai ser caótico“.

Bernardo Blanco, deputado da Iniciativa Liberal, questionou o presidente do SPAC sobre se tinha sido informado sobre o processo de privatização. Tal como os outros três dirigentes sindicais que passaram pela comissão esta quinta-feira, Tiago Faria Lopes negou: “Não conhecemos nada sobre a privatização”.

O dirigente sindical deixou, no entanto, um apelo a que o caderno de encargos da reprivatização não fique fechado às transportadoras aéreas, revelando que há interessados portugueses. “Sabemos que há interessados, incluindo um grupo de empresários portugueses”, afirmou. “Que não se restrinja o caderno de encargos a companhias aéreas”, pediu. “Chega de vender a estrangeiros os nossos ativos preciosos”.

Tiago Faria Lopes deixou ainda críticas às condições operacionais da TAP no aeroporto de Lisboa, apontando a menor utilização das mangas. Há mais aviões a serem colocados em posições remotas com transporte em autocarro, o que leva a que passageiros percam ligações, afirmou. “Já me aconteceu estar meia hora à espera do autocarro e num avião, vindo de Caracas, os passageiros ficaram uma hora e meia à espera porque não tinha posição para parquear”, relatou. “Quem fica prejudicado é a TAP”, salientou.

A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estendendo-se por um período de 90 dias.

(notícia atualizada às 22h10)

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