Banco Montepio lucra 33,8 milhões em 2022, cinco vezes mais que no ano anterior

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2023

O Montepio registou, em 2022, um resultado positivo consolidado de 33,8 milhões, cinco vezes mais do que em 2021.

O Banco Montepio registou, no ano passado, um resultado positivo consolidado de 33,8 milhões de euros, cinco vezes mais do que os 6,6 milhões de euros registados no final de 2021, adiantou a instituição, num comunicado ao mercado.

Na nota, divulgada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Banco Montepio disse que fechou o ano com “um resultado líquido consolidado positivo de 33,8 milhões de euros, o que representa um aumento de 27,2 milhões de euros face aos 6,6 milhões de euros registados em 2021“.

“Esta evolução favorável foi determinada pelo aumento do produto bancário, com destaque para a margem financeira e para as comissões, pela redução dos custos operacionais e pelas menores dotações para imparidades e provisões, em particular as relacionadas com o risco de crédito”, referiu o banco.

Assim, a variação dos resultados líquidos “evidencia o crescimento do negócio, a melhoria da eficiência e a redução do custo do risco, não obstante o peso significativo das contribuições regulatórias para o setor bancário, que ascenderam a 25,9 milhões de euros”.

Fechou 89 balcões e reduziu 527 trabalhadores desde 2020

Entre outubro de 2020 e dezembro de 2022, o banco encerrou 89 balcões, dos quais 15 no ano passado, reduzindo ainda, no mesmo período de cerca de dois anos, 527 trabalhadores. “No âmbito da implementação do processo de ajustamento da rede de retalho, e após adequadas análises relacionadas com a cobertura geográfica, rendibilidade e dimensão do mercado, o Banco Montepio encerrou 89 balcões (-27%) entre outubro de 2020 e dezembro de 2022, dos quais 15 (-6%) durante o ano de 2022”, indicou.

Assim, no final do ano passado, o Montepio tinha 239 balcões em Portugal.

A instituição revelou ainda que o seu quadro de trabalhadores “totalizava, no final de 2022, 3.406 pessoas, tendo-se registado uma diminuição de 527 (-13%) face a outubro de 2020”, sendo que “a implementação do Programa de Reformas Antecipadas e Rescisões por Mútuo Acordo iniciada no quarto trimestre de 2020 foi responsável por 87% da redução verificada”.

Em 2022, a instituição reduziu o seu quadro de trabalhadores em 72 pessoas, informou.

O Banco Montepio registou uma redução dos custos operacionais de 254,4 milhões de euros em 2021 para 246,4 milhões de euros em 2022, “traduzindo uma diminuição de 8 milhões de euros consubstanciada nas descidas verificadas nos custos com pessoal em 6,5 milhões de euros (-4,1%), capturando as sinergias resultantes da implementação do plano de ajustamento do quadro de trabalhadores, nos gastos gerais administrativos em 1,6 milhões de euros (-2,5%) e nas depreciações e amortizações em 0,1 milhões de euros (-0,1%)”.

Além disso, indicou o banco, “excluindo os custos extraordinários e não recorrentes relacionados com o programa de ajustamento do quadro de trabalhadores, os custos com pessoal em 2022 registaram uma diminuição de 2,2% (-3,2 milhões de euros) face ao valor de 2021”.

O Montepio revelou também que “o total das responsabilidades com o Fundo de Pensões no final de 2022 ascendeu a 648,4 milhões de euros, evidenciando uma diminuição de 207,9 milhões de euros face ao valor contabilizado no final de 2021, suportada, essencialmente, no registo de desvios atuariais positivos resultantes da alteração dos pressupostos relacionados com a taxa de desconto, com a evolução dos salários e das pensões e com as tábuas de mortalidade”.

Assim, o valor dos ativos do Fundo de Pensões “totalizou 787 milhões de euros em 31 de dezembro de 2022, registando uma diminuição de 79,2 milhões de euros face ao valor apurado no final de 2021”.

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Bruxelas mais pessimista que Governo. Economia portuguesa cresce 1% em 2023 e inflação sobe 5,4%

A Comissão Europeia projeta um crescimento do PIB de 1% em 2023 e 1,8% em 2024, uma revisão em alta. Mesmo assim, previsão é mais baixa que a do Governo, de 1,3% este ano.

A Comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento económico de Portugal neste ano, para 1%, mas, mesmo assim, continua a ser mais pessimista que o Governo. A estimativa do Executivo no Orçamento do Estado (OE) era de um crescimento de 1,3% este ano. Já para 2024, Bruxelas estima um crescimento do PIB de 1,8%. As projeções para inflação são também menos otimistas do que as do Executivo: 5,4% este ano, face aos 4% inscritos no OE.

Tanto as projeções para este ano como para o próximo foram revistas em alta pela Comissão Europeia, de 0,7% para 1% em 2023 e de 1,7% para 1,8% em 2024, segundo as previsões económicas de inverno divulgadas esta segunda-feira. A revisão dá-se numa altura em que há mais otimismo em torno da economia, nomeadamente com o abrandamento nos preços da energia que contribuiu para que os efeitos económicos da guerra tivessem um impacto menor do que o esperado no final do ano.

“Em 2023 como um todo, o crescimento deverá desacelerar para 1%. Apesar da recente queda nos preços de energia no grossista e da melhoria do sentimento económico, as perspetivas para o crescimento no primeiro trimestre do ano permanecem fracas, já que consumidores e empresas ainda enfrentam incertezas sobre os custos de energia nos meses de inverno”, sinaliza a Comissão Europeia.

Fonte: Comissão Europeia

Bruxelas prevê, ainda assim, que o crescimento “melhore ligeiramente no segundo trimestre de 2023 e recupere ainda mais a partir daí, atingindo uma taxa anual de 1,8% em 2024 num contexto de suposta procura externa mais forte e preços de matérias-primas mais favoráveis”.

Em reação a estas projeções, o ministro das Finanças sinalizou que são “sinais positivos” e que as “projeções reafirmam um sinal de confiança na evolução económica ao longo do ano de 2023″. “Afastam os riscos de uma recessão económica na Europa e no nosso país, dão um sinal de confiança na economia e nas famílias e nas empresas portuguesas de que 2023 terá um crescimento mais baixo do que em 2022 mas evitam um cenário mais complexo do que se esperava anteriormente”, reiterou Fernando Medina, em declarações aos jornalistas.

Já o primeiro-ministro mostra-se confiante que os números podem até ser melhores, num post no Twitter. “O histórico de previsões dá-nos confiança de que os resultados serão melhores do que agora previstos (em média COM nos últimos 6 anos subestimou o crescimento do PIB em 1,1 p.p.)”, reitera António Costa.

Bruxelas revê inflação em baixa mas mantém-se mais pessimista que Governo

Já os números da inflação em Portugal são revistos em baixa por Bruxelas, mantendo-se, ainda assim, mais pessimistas que aqueles inscritos pelo ministro das Finanças no Orçamento. As estimativas apontam para uma inflação de 5,4% este ano, acima dos 4% projetados por Fernando Medina, e de 2,6% em 2024.

A Comissão estima ainda que o pico da inflação já tenha passado. A inflação acelerou para 10,2% no último trimestre de 2022 “com a aceleração observada nos preços dos bens alimentares e industriais a compensarem o abrandamento dos preços da energia e dos serviços”, mas a estimativa rápida para janeiro de 2023 “confirmou as expectativas de que o pico da inflação foi alcançado” no quarto trimestre, “conforme a taxa de inflação global desacelerou para 8,6% durante o mês, refletindo uma desaceleração substancial no índice de preços de energia”.

A inflação deve desacelerar ainda mais “com a correção descendente em preços grossistas da energia e os desenvolvimentos assumidos nos mercados de matérias-primas”, sinaliza a Comissão. “As fortes chuvas na Península Ibérica ao longo dos últimos meses também deverá apoiar a trajetória desinflacionária tanto nos mercados de energia como de alimentos, revertendo em parte os efeitos negativos da forte seca que afetou o país até setembro de 2022”, nota ainda.

O aumento do nível dos reservatórios de água está a “contribuir para a diminuição significativa dos preços grossistas da eletricidade no mercado ibérico”. Apesar deste cenário, “as crescentes pressões salariais deverão manter os preços dos serviços e a inflação core relativamente elevados”, alerta Bruxelas.

Comparando com o Banco de Portugal, o banco central é mais otimista no crescimento para 2023 (estima 1,5%) e menos otimismo na inflação (5,8%). O Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Paolo Gentiloni, justifica esta disparidade com as diferentes datas para as previsões: “A nossa segue-se e tem em conta os dados do quarto trimestre e a evolução da inflação, que mostra que está gradualmente a descer”, explicou, em conferência de imprensa.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h20)

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Galp vende ativos em Angola à Somoil por 830 milhões de dólares

Galp e Somoil assinam acordo sobre ativos de produção e exploração da petrolífera portuguesa em Angola. Galp recebe 830 milhões de dólares, dos quais 175 milhões em 2024 e 2025 condicionados ao Brent.

A Galp anunciou esta segunda-feira que vai desinvestir nos ativos upstream (produção/exploração) em Angola. A empresa informa ter assinado um acordo com a SOMOIL – Sociedade Petrolífera Angolana para a venda dos mesmos e espera receber cerca de 830 milhões de euros pela venda, líquidos de impostos. A transação deverá ficar fechada no segundo semestre de 2023

“Espera-se que os proveitos alcancem 830 milhões de dólares, já líquidos de impostos sobre os ganhos de capital, incluindo 655 milhões de dólares a receber até à concretização e 175 milhões de dólares em pagamentos contingentes devidos em 2024 e 2025, dependendo do preço do Brent”, refere um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Esta transação permite à Galp cristalizar valor de ativos upstream maduros”, explica a Galp, mantendo no portefólio aqueles que são de maior qualidade e contribuindo para a “estratégia de descarbonização”, diz Filipe Silva, o novo presidente executivo da companhia. “Estamos confiantes de que a Somoil, já presente no Bloco 14 [bloco petrolífero], dará um forte contributo para o desenvolvimento destes ativos de longa data da Galp”, acrescenta o gestor.

Segundo a Galp, o negócio ainda depende de alguns “termos e condições”, mas espera-se que seja concluído “durante a segunda metade de 2023”. A venda é anunciada no dia em que a Galp revelou ter registado em 2022 o maior lucro da sua história, com o resultado líquido a quase duplicar face a 2021, para 881 milhões de euros.

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Bruxelas vai dar como concluída reestruturação do Novobanco

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2023

O Ministério das Finanças confirmou esta segunda-feira que foi concluído "com sucesso" o plano de reestruturação do Novobanco.

O Ministério das Finanças confirmou esta segunda-feira que a Comissão Europeia vai “dar como concluído” o processo de reestruturação do Novobanco, com o Executivo a falar num “sucesso” que contribuiu para “a estabilização do sistema financeiro nacional”. O desfecho coloca o banco fora das medidas restritivas impostas por Bruxelas aquando da venda ao fundo Lone Star, em outubro de 2017.

“A Comissão Europeia comunicou hoje [segunda-feira] ao Estado Português a sua intenção de dar como concluído, por referência a 31 de dezembro de 2022, o processo de reestruturação do Novobanco, iniciado em 2017″, aponta o gabinete liderado por Fernando Medina, em comunicado enviado às redações, após a notícia ter sido avançada pelo Jornal de Negócios (acesso pago).

Também o Novobanco destaca que “a conclusão com sucesso do processo de reestruturação é um marco relevante para o futuro” da instituição, “que continua a competir como um Banco sólido e independente, reforçando a sua missão de apoio às empresas e às famílias”, segundo um comunicado enviado ao mercado.

Já o Banco de Portugal regozija-se com o fim do processo que vê como “mais um indicador de que o Novobanco não necessitará de solicitar mais nenhum pagamento ao Fundo de Resolução ao abrigo do Acordo de Capitalização Contingente”, isto depois das injeções de 3,4 mil milhões de euros ao abrigo do mecanismo de capital continente.

“De acordo com este mecanismo, e enquanto vigorasse o plano de reestruturação, o Estado Português poderia ser confrontado, ainda que em circunstâncias excecionais, com a necessidade de aportar fundos adicionais significativos. Tal já não poderá vir a suceder”, lê-se no comunicado das Finanças. Banco e Fundo de Resolução mantêm ainda disputas em sede de tribunal arbitral de mais de 350 milhões de euros que ainda podem fazer aumentar a fatura.

Por outro lado, na sequência da conclusão do plano de restruturação do Novobanco, “deixará de estar em vigor a possibilidade de ativação do mecanismo, subsidiário e excecional, denominado por Capital Backstop”, sublinham o Governo e o Banco de Portugal. O mecanismo de capital adicional (capital backstop) ia até 1,6 mil milhões de euros, e estava previsto nos compromissos assumidos pelo Estado Português para assegurar a viabilidade do banco. “Com o fim do backstop, é eliminado o risco financeiro para o Estado português”, salienta o regulador liderado por Mário Centeno.

Governo aponta novo ciclo no sistema bancário

“Encerra-se assim uma etapa muito importante para a estabilização do sistema financeiro nacional, concluindo-se com sucesso o processo que garantiu a viabilidade desta importante instituição de crédito nacional”, lê-se ainda na mesma nota. Com esta decisão, “o sistema bancário português inicia um novo ciclo”, acrescenta o Governo.

“O sistema bancário português tem robustecido os seus capitais e melhorado a qualidade do seu ativo, registando-se uma evolução muito positiva do rácio Common Equity Tier 1 (“CET1”) de 12,1% no final de 2015, para 14,3% no final de setembro de 2022 (últimos dados do BCE disponíveis). As melhorias verificadas são indispensáveis para assegurar a continuidade do financiamento a famílias e empresas”, destaca o Ministério das Finanças, sinalizando que, além das melhorias do rating de várias agências de notação financeiras, esta “é mais uma relevante notícia no contexto internacional que vem reforçar a credibilidade externa económica e financeira de Portugal”.

Por seu turno, o Banco de Portugal ressalva que “com a conclusão da reestruturação do Novobanco, que se segue à conclusão da reestruturação da Caixa Geral de Depósitos, ocorrida em 2021, o sistema bancário português acumulará, num curto espaço de tempo, a conclusão com sucesso da reestruturação de duas das mais importantes instituições bancárias nacionais”.

O Ministério das Finanças lembra ainda que “na base da comunicação está a apreciação da Comissão Europeia às conclusões do relatório preliminar do Monitoring Trustee (entidade independente que faz o acompanhamento da execução desse Plano)”.

O período de reestruturação acordado entre o Governo português e Bruxelas terminava, supostamente, em 2021, sendo que, até lá, o Novobanco atingiu o grosso das metas impostas, com exceção de dois parâmetros: o resultado antes de provisões e o cost to income.

A versão final do relatório sobre o plano de restruturação do Novobanco só será divulgado depois de apresentar o fecho de contas de 2022. No final setembro do ano passado, o banco liderado por Mark Bourke detinha uma carteira de crédito concedido total de 26 mil milhões de euros e depósitos de 29 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h06)

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Quase 80% de votantes no referendo em Benfica contra alargamento de estacionamento pago

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2023

Cerca de 80% dos 9.476 eleitores que votaram hoje em referendo em Benfica recusaram o alargamento do estacionamento pago nesta freguesia lisboeta, revelou o presidente da junta, Ricardo Marques

Cerca de 80% dos 9.476 eleitores que votaram no passado domingo em referendo em Benfica, recusaram o alargamento do estacionamento pago nesta freguesia lisboeta, revelou o presidente da junta, Ricardo Marques, à agência Lusa.

“Concorda que a Junta de Freguesia de Benfica emita um parecer favorável à colocação de parquímetros nas zonas de estacionamento de duração limitada de Benfica?” foi a questão colocada aos moradores de Benfica no referendo, que decorreu até às 19h00 em escolas da freguesia, e no qual podiam votar os 32.000 eleitores aqui recenseados.

Contactado pela Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica indicou que estes resultados provisórios – que já foram enviados à Comissão Nacional de Eleições (CNE) – revelaram 79,84% de votantes contra o alargamento de estacionamento pago e 20,16% a favor, com 0,35% de votos nulos e 0,09% em branco.

“Estamos muito satisfeitos com este resultado, porque o número de votantes foi mais elevado do que os 8.000 esperados, e porque o número de votos brancos e nulos foi muito reduzido. Estes números indicam que os moradores que votaram tinham uma opinião sobre esta questão e quiseram expressá-la”, avaliou o autarca de Benfica.

O resultado do referendo foi enviado para a CNE para ser validado em 48 horas, e na próxima semana Ricardo Marques irá marcar uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, a Empresa Municipal de Estacionamento e Mobilidade de Lisboa (EMEL), e a presidente da Assembleia Municipal de Lisboa para o avaliar.

O autarca recordou que tem atualmente duas petições na Assembleia Municipal à espera de um parecer: uma pelo sim, para a entrada da EMEL numa zona limitada, e uma outra que defende a não entrada do estacionamento pago. O presidente da junta de freguesia disse à Lusa que defendeu, desde o início do processo, que iria “respeitar a opção da maioria dos votantes, e dar parecer no mesmo sentido”, ficando o posicionamento da junta contra a entrada da EMEL em mais zonas de Benfica.

“Foi uma participação muito interessante, não houve nenhum problema, e pelas contas que temos, a média nacional de participação dos referendos locais que já existiram rondou os 23%, e aqui registou-se uma votação de 29,73% dos recenseados nos cadernos eleitorais” da freguesia, apontou Ricardo Marques.

O resultado de um referendo é vinculativo se participarem mais de metade dos eleitores inscritos.

Presidente da junta vai respeitar “vontade da maioria”

Sobre esta matéria, o presidente da junta de freguesia de Benfica disse: “Legalmente, o referendo só me obriga a cumprir aquilo que é o resultado do referendo se obtiver 50% mais um, mas o que eu disse, desde a primeira hora, é que eu respeitarei de forma inequívoca a vontade da maioria [de eleitores] que se pronunciar hoje”.

Questionado sobre o que espera da EMEL relativamente ao resultado do referendo em Benfica, Ricardo Marques respondeu que “até hoje nunca houve uma decisão da EMEL que fosse contra uma decisão de junta de freguesia”.

Por seu turno, a EMEL, que na sexta-feira se escusou a revelar se respeitará o resultado do referendo, para não “influenciar o debate”, enviou um comunicado à Lusa no qual disse ter adotado neste processo “a mais absoluta neutralidade, tendo-se abstido de produzir quaisquer declarações ou posições que pudessem influenciar o resultado do referendo realizado”.

“A competência para a instituição de Zonas de Estacionamento de Duração Limitada é exclusiva da Câmara Municipal de Lisboa e é precedida de parecer vinculativo da Junta de Freguesia, tendo a freguesia de Benfica optado por devolver a decisão aos cidadãos”, apontou ainda na nota.

Por outro lado, a EMEL sublinhou a sua “preocupação, de um modo geral, com a perceção que destes debates resulta em relação à sua atividade, que mais não é que apoiar tecnicamente e executar as decisões dos órgãos do município, atuando através da fiscalização, gestão e intervenção no espaço público”.

A EMEL gere e regula o estacionamento em Lisboa, tanto em via pública organizado por zona – de estacionamento de duração limitada -, como em parques que podem ser de superfície, subterrâneos ou em silos, gerindo igualmente as bicicletas partilhadas GIRA. Atualmente existem 37 parques geridos pela EMEL na cidade de Lisboa, alguns exclusivamente para residentes e comerciantes, outros exclusivos a rotação e outros para assinaturas mensais.

A cidade de Lisboa está igualmente dividida em zonas de estacionamento de duração limitada (ZEDL), sendo que a que está em causa no referendo é conhecida no mapa como 9F.

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Portugal está cada vez mais longe da CPLP

As trocas comerciais com os países da CPLP não chegam a 5% do comércio global de Portugal, mas são suficientes para agravar o défice da balança comercial do país em 2,5 mil milhões de euros.

Apesar de no ano passado as exportações de Portugal para os restantes oito países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) terem aumentado 36%, e as importações mais do que duplicarem para um valor recorde de 5,6 mil milhões de euros, Portugal está a afastar-se a passos largos da CPLP.

Nos últimos dez anos, as trocas comerciais de Portugal com a CPLP cresceram, em média, apenas 0,9% por ano, cerca de sete vezes menos que o ritmo de crescimento do comércio realizado de Portugal com os países da União Europeia.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o comércio entre Portugal e a CPLP cifrou-se em 8,8 mil milhões de euros no final do ano passado, o valor mais elevado desde pelo menos 2000. Mesmo assim, representa apenas 4,7% do volume global de exportações e importações que Portugal contabilizou em 2022. Dez anos antes, em 2013, este rácio era de quase o dobro, cerca de 8%.

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A evolução destes números é particularmente marcante quando um dos objetivos definidos na Declaração Constitutiva da CPLP, assinada a 17 de julho de 1996, aponta para o “desenvolvimento da cooperação económica e empresarial” entre os estados-membros.

Ao longo da última década que a importância comercial da CPLP para as contas nacionais tem-se vindo a esfumar. Mas não só. Além de o relacionamento comercial com a comunidade de países lusófonos ter hoje um peso no comércio global de Portugal semelhante ao que apresentava em 2007, os números do INE revelam também que as trocas comerciais com a CPLP se têm refletido num agravamento contínuo do saldo da balança comercial desde 2014.

Em 2022, o défice comercial de Portugal com a CPLP aumentou para o valor recorde de 2,5 mil milhões de euros, cinco vezes mais do que no ano anterior. Isto depois de entre 2006 e 2019 o saldo comercial ter sido constantemente positivo, contabilizando por seis ocasiões uma cifra acima de mil milhões de euros.

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Mais próximo do Brasil e mais longe de Angola

Os números do INE sublinham também a existência de uma forte concentração do relacionamento comercial de Portugal com a CPLP em apenas dois países: Angola e Brasil são responsáveis por mais de 80% de todo o comércio realizado por Portugal com os países desta comunidade ao longo dos últimos 23 anos.

No ano passado não foi exceção: por cada 100 euros de bens comprados e vendidos aos estados-membros da CPLP, 23 euros foram transacionados com Angola e 63 euros com o Brasil.

A concentração é ainda maior quando se analisa somente as importações. Só em 2022, o Brasil foi o país de origem de 81% dos bens importados no seio da CPLP por parte de Portugal – na sua maioria petróleo e gás. E em 2021 essa percentagem foi ainda maior: 91%.

Os números do INE sublinham também que Angola está a perder gás para o Brasil no relacionamento comercial com Portugal. Desde 2015 que esta tendência se tem acentuado particularmente, após um período áureo para o país africano entre 2012 e 2015, em que Angola chegou a ser o principal importador de Portugal entre os países da CPLP (sobretudo de petróleo).

Em 2022, as importações de Angola contabilizaram apenas 623 milhões de euros, cerca de 4,2 vezes menos que os 2,6 mil milhões de euros que somaram em 2013, o melhor ano de sempre. No plano das exportações, a dinâmica é diferente.

Depois de um período de três anos (2018 e 2020) de quedas constantes dos bens exportados para Angola, que resultou no valor mais baixo dos últimos 17 anos em 2020 (870 milhões de euros), 2021 e 2022 voltaram a ser anos positivos para as empresas portuguesas que exportam para o país africano.

Após uma subida de 9% das exportações para Angola em 2021, no ano passado dispararam 50% para mais de 1,4 mil milhões de euros, o valor mais elevado desde 2018, e o equivalente a 45% do total de exportações de bens nacionais para a CPLP. Apesar desta dinâmica positiva, o volume de bens vendidos a Angola é ainda metade do valor registado há cerca de dez anos, em 2013 e 2014.

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Governo dá tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2023

Governo vai conceder tolerância de ponto no dia 21 de fevereiro aos trabalhadores que exercem funções públicas no Estado, segundo um despacho já assinado pelo primeiro-ministro, António Costa.

O Governo vai conceder tolerância de ponto no dia 21 de fevereiro, terça-feira de Carnaval, aos trabalhadores que exercem funções públicas no Estado, segundo um despacho já assinado pelo primeiro-ministro, António Costa.

“É concedida tolerância de ponto aos trabalhadores que exercem funções públicas nos serviços da administração direta do Estado, sejam eles centrais ou desconcentrados, e nos institutos públicos, no dia 21 de fevereiro de 2023″, lê-se no despacho, a que a Lusa teve acesso.

O primeiro-ministro sustenta que, “pese embora a terça-feira de Carnaval não conste da lista de feriados obrigatórios estipulados por lei, existe em Portugal uma tradição consolidada de organização de festas neste período“.

De acordo com o despacho assinado por António Costa, excetuam-se “os serviços e organismos que, por razões de interesse público, devam manter-se em funcionamento naquele período, em termos a definir pelo membro do Governo competente“.

“Sem prejuízo da continuidade e da qualidade do serviço a prestar, os dirigentes máximos dos serviços e organismos referidos no número anterior devem promover a equivalente dispensa do dever de assiduidade dos respetivos trabalhadores, em dia a fixar oportunamente”, refere-se no documento.

Desde que António Costa assumiu funções como primeiro-ministro, em novembro de 2015, a única vez que não assinou o despacho de tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval foi há dois anos, por o país se encontrar em confinamento geral devido à pandemia da Covid-19. Em fevereiro de 2021 vigorava em Portugal o estado de emergência, com dever geral de recolhimento — e consequente proibição de festividades públicas — e com um amplo conjunto de atividades encerradas para contenção da propagação da doença.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 13 de fevereiro

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2023

Ao longo desta segunda-feira, 13 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Hoje nas notícias: Novobanco, fundos PPR e transportes

  • ECO
  • 13 Fevereiro 2023

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Bruxelas vai apresentar esta segunda-feira um relatório preliminar que determina que o plano de reestruturação do Novobanco está concluído. Todos os fundos Planos de Poupança Reforma (PPR) tiveram rendibilidades negativas em 2022. O ministro do Ambiente garante que os 700 milhões previstos no PT2030 para metros e autocarros vai ser dividido “para não ficar concentrado em Lisboa e no Porto”. Conheça estas e outras notícias nas manchetes nacionais.

UE dá plano de reestruturação do Novobanco como concluído

A Direção-Geral da Concorrência (DGComp) da União Europeia considera que o plano de reestruturação do Novobanco está concluído, o que coloca o banco fora das medidas restritivas impostas por Bruxelas aquando da venda à Lone Star. De acordo com o Jornal de Negócios, Bruxelas vai apresentar esta segunda-feira um relatório preliminar onde determina que o plano de restruturação e todos os compromissos previstos foram cumpridos, mas a versão final deste documento só será divulgada depois do Novobanco apresentar o fecho de contas de 2022.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Todos os fundos PPR perderam dinheiro em 2022

Todos os Planos de Poupança Reforma (PPR) na forma de fundos tiveram rendibilidades negativas em 2022. No entanto, a cinco anos as rendibilidades já foram positivas. “Os fundos PPR perderam todos e o comportamento geral nos fundos de investimento foi negativo”, afirma António Ribeiro, especialista em produtos de poupança e economista da Deco Proteste, acrescentando que o ano passado foi “atípico porque tanto ações como obrigações perderam. As estrelas foram mesmo os Certificados de Aforro”, diz.

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700 milhões para metro e autocarro “não vão ficar concentrados em Lisboa e Porto”

O ministro do Ambiente garante que os 700 milhões previstos no PT2030 para metros e autocarros vai ser dividido “para não ficar concentrado em Lisboa e no Porto”. Em entrevista ao Jornal de Notícias, Duarte Cordeiro adianta também que a alteração ao regime dos táxis vai criar “tarifas supramunicipais e, até, eventualmente, contingentes intermunicipais”, de forma a ter mais veículos disponíveis e preços distintos nos territórios.

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Câmaras com limite de endividamento duplicado este ano

Até ao momento, as autarquias podiam gastar 20% da margem de endividamento, mas, ao abrigo de uma proposta de lei entregue pelo Governo à Assembleia da República, a percentagem pode subir para 40%. A proposta alarga também o período dos empréstimos para acelerar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência. Desde o período da troika que as câmaras municipais apenas podiam aumentar a sua dívida em 20%.

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Grupo de Projeto para a Jornada da Juventude custa 530 mil euros em salários

O Grupo de Projeto para a Jornada Mundial da Juventude, vai custar, até ao final de 2023, mais de 615 mil euros. O grupo foi criado em 2021, sendo coordenado por Sá Fernandes, responsável por nomear os membros da equipa. No total, tem nove membros: um coordenador, três adjuntos, três técnicos especialistas, uma secretária e um motorista. Dos 615 mil euros, mais de 530 mil (90% da verba) são para despesas com pessoal. Sá Fernandes, ex-vereador da Câmara de Lisboa, ganha 4.657 euros por mês de ordenado-base e despesas de representação. Os adjuntos e técnicos especialistas recebem 80% desse valor: 3725 euros brutos por mês.

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Prazo para a compra da Efacec termina hoje. Propostas pouco vinculativas e para retalhar empresa

Governo defende uma "solução que salvaguarde perímetro da empresa”, mas a maior parte dos candidatos está interessada em partes do negócio. Propostas são vinculativas, mas com condições associadas.

Esta segunda-feira é o último dia para os interessados na reprivatização da Efacec entregarem as suas propostas vinculativas. Na corrida estão sete consórcios e tudo aponta para que, à segunda tentativa, haja mais propostas vinculativas, já que, segundo o ministro da Economia, a Efacec continua a despertar o interesse de empresas estrangeiras que estão a integrar os consórcios que apresentaram propostas válidas até 6 de dezembro. Mas as propostas vinculativas estarão sempre, na prática, dependentes de condições que permitirão a sua retirada em qualquer momento da negociação e têm, na maior parte dos casos, o objetivo de retalhar a empresa.

Enquanto o Governo defende “uma solução que salvaguarde o perímetro da empresa”, alguns candidatos só estão interessados em partes do negócio, isto é, em retalhar a empresa, com particular destaque para a área da mobilidade. A Efacec “é uma empresa tecnológica, líder nos transformadores, na energia e na mobilidade elétrica”, nas palavras de António Costa Silva, o que justifica o interesse que tem despertado esta segunda tentativa de reprivatização. Mas o interesse pode não ser coincidente com a interpretação do ministro da Economia de que não existe uma “Efacec boa e uma Efacec má”.

Aquando da entrega das propostas não vinculativas, apareceram oito candidatos, entre empresas portuguesas e estrangeiras. A Sodécia, a Visabeira e a Mota-Engil são exemplos de candidatos portugueses, mas há fundos internacionais como o Oaktree e o Mutares que avançaram na fase não vinculativa.

A deterioração das contas da empresa também pode ser um problema. A demora em fazer regressar a empresa às mãos dos privados tem-se traduzido em perda de oportunidades de negócio, de recursos humanos, queda de faturação, aumento da dívida, dos prejuízos e consequente crescente necessidade de ajuda já que a Efacec está em situação de falência técnica.

“O Governo não é um bom acionista para a Efacec”, reiterou a semana passada, no Parlamento, António Costa Silva. “Um bom acionista tem de estar sintonizado com o que se passa nos mercados internacionais, acompanhar e definir um plano estratégico e não pôr a empresa a trabalhar em múltiplas áreas e tabuleiros”, acrescentou.

Os resultados estão à vista. No relançamento do processo de reprivatização era reconhecida a necessidade de reestruturar a empresa. O caderno de encargos, aprovado em Conselho de Ministros a 21 de novembro, encarregou a Parpública a adotar “medidas de reestruturação” para manter a empresa em funcionamento. O objetivo era “manter o valor operacional do grupo e que permitam viabilizar condições” para a sua venda.

No entanto, não são conhecidos quaisquer detalhes desta reestruturação – o ECO questionou a Parpública mas nunca obteve resposta – e a gravidade da situação exige que o Estado, como acionista maioritário, esteja a injetar cerca de dez milhões de euros por mês desde novembro, como o ECO revelou. De acordo com as contas da Efacec, a que o ECO teve acesso, até ao final de fevereiro estava prevista uma injeção de quase 40 milhões de euros para suprir necessidades de tesouraria.

Apesar destas contas, Costa Silva continua a garantir que a exposição do Estado na Efacec é de 165 milhões de euros: 115 milhões de euros em garantias a financiamentos bancários e 50 milhões de euros em injeções de capital.

O ministro da Economia considera que o “maior erro” num processo deste tipo “é deixar que haja apenas uma empresa que pense que vai ser ela que vai ter o objetivo final”. Algo que aconteceu na primeira tentativa de privatizar a Efacec. No início do processo apareceram 47 potenciais candidatos, que se transformaram em 27 letters of interest, mas só 24 assinaram acordos de confidencialidade.

Depois, dez apresentaram propostas não vinculativas, mas só a DST e a Sodécia, apresentaram propostas vinculativas. O Governo abriu uma terceira fase, para a chamada Best and Final Offer (BAFO), e só a DST se apresentou. O grupo liderado por José Teixeira acabou a negociar sozinho, sem concorrência, e após meses de negociação acabou por desistir.

Por isso, o ministro da Economia espera “que a transação desta empresa seja levada a bom porto”. “Temos de assegurar a competitividade do processo de venda até ao fim. É vital”, disse Costa Silva. Agora, cabe à Parpública validar as propostas vinculativas que darão entrada até hoje e depois o Governo escolherá a melhor proposta.

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Alzheimer. Afinal, perícia médica de Salgado será decidida pelo Tribunal da Relação

Tribunal da Relação vai decidir sobre o pedido de uma perícia médica independente, realizado pelo Instituto de Medicinal Legal. PGR recusa fazer esse mesmo pedido.

A realização, ou não, de uma perícia médica independente que comprove a doença de Alzheimer de Ricardo Salgado, ex-líder do BES, será decidida pelo Tribunal da Relação de Lisboa (TRL).

A garantia foi dada ao ECO/Advocatus por fonte deste tribunal, depois de fonte da PGR ter admitido que essa decisão estaria nas mãos desta instância. Isto apesar das inúmeras tentativas, durante mais de um mês, por parte do ECO, de forma a esclarecer esta questão, junto de fonte oficial do gabinete de Lucília Gago.

“No caso em referência, é do domínio público que a questão da necessidade da determinação de perícia médico-legal e forense se encontra em apreciação, por via de recurso, no Tribunal da Relação de Lisboa”, disse a PGR na resposta enviada ao ECO/Advocatus, só depois do ECO ter confirmado junto da Frente Cívica dessa recusa.

A recusa da Procuradoria-Geral da República (PGR) do pedido de uma perícia médica independente que comprove a doença de Alzheimer de Ricardo Salgado, condenado no âmbito da Operação Marquês e acusado no caso do Universo BES e no caso EDP, foi noticiada em primeira mão pelo ECO.

Esta é a terceira recusa da Justiça portuguesa, depois de, no ano passado, o Ministério Público (MP) no âmbito da Operação Marquês, ter decidido no mesmo sentido, tal como o juiz do mesmo processo em que Salgado acabou condenado a seis anos de pena de prisão efetiva, por crimes de abuso de confiança que resultaram do processo do Marquês.

A 18 de dezembro, a associação Frente Cívica pediu aos procuradores responsáveis pelos vários processos em que o ex-banqueiro Ricardo Salgado é arguido que solicitem aos tribunais uma perícia médico-legal que determine o seu “real estado de saúde”. Já que a única perícia médica existente – e que foi junta aos vários processos – a diagnosticar a doença de Alzheimer foi a realizada pelo neurologista de Ricardo Salgado e apresentada pelos seus advogados de defesa. Numa carta enviada em meados de dezembro à Procuradoria-Geral da República, a associação referia que os advogados do antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) têm alegado que Ricardo Salgado sofre de Alzheimer, como justificação para impedir que vá a julgamento ou seja condenado nos vários processos em que é arguido.

Dias antes desta carta enviada à PGR pela Frente Cívica, a defesa de Ricardo Salgado pediu o arquivamento do processo EDP no que diz respeito ao antigo presidente do BES, que justificou com o diagnóstico de doença de Alzheimer. Segundo o requerimento, os advogados juntam vários documentos clínicos e o parecer do neurologista Joaquim Ferreira, que atestou “um diagnóstico final e definitivo”, confirmando que o antigo líder do Grupo Espírito Santo (GES) tem Doença de Alzheimer, “apresentando um agravamento progressivo das limitações cognitivas e motoras”.

O ex-presidente do BES, Ricardo Salgado (E), à saída do Tribunal de Santarém, com o advogado Adriano Squillace.PAULO CUNHA/LUSA

Ricardo Salgado, que foi acusado, em dezembro, pelo Ministério Público (MP) no caso EDP de um crime de corrupção ativa para ato ilícito, outro de corrupção ativa e um de branqueamento, tinha sido notificado para esclarecer se queria prestar declarações relativamente a factos descritos no despacho do juiz de instrução Carlos Alexandre que colocou (em dezembro de 2021) Manuel Pinho em prisão domiciliária.

O recurso para a Relação de Lisboa já tinha sido apresentado sete meses antes, no final de maio de 2022, e contou com 792 páginas nas quais os representantes legais do antigo banqueiro, Francisco Proença de Cavalho e Adriano Squillace, pedem a revogação do acórdão da primeira instância por entenderem que a sentença de seis anos de prisão vai acelerar a morte de Salgado.

Nesse documento, os advogados do ex-banqueiro lembram o diagnóstico de Doença de Alzheimer que foi atribuído e criticam a decisão do tribunal de primeira instância por aplicar “esta pena de prisão efetiva sem sequer ter ‘gasto’ ou ‘dedicado’ uma única palavra para apreciar a concreta relevância” da patologia, tornando uma “questão absolutamente essencial numa ‘não questão'”.

“O próprio acórdão recorrido fez questão de omitir e não apreciar os concretos efeitos jurídicos que daí advêm para a determinação da pena e respetiva suspensão“, refere a defesa de Salgado, sublinhando que “a mera leitura do acórdão recorrido afigura-se, no mínimo, chocante no que diz respeito à aplicação de uma pena de prisão efetiva” e que a omissão de pronúncia relativamente à doença de Alzheimer constitui uma nulidade.

Invocam também os advogados que, caso se entenda que a doença diagnosticada não esteja sustentada pela matéria de facto, “a primeira instância tinha de ter determinado a realização de perícia médica para determinar se o ora arguido recorrente tem anomalia psíquica superveniente, mas, não o fez”. Nesse sentido, apontam a violação de diversos artigos do Código do Processo Penal e a incursão em nulidade.

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Fatura média da água varia entre 5 e 40 euros por mês

Em 2021, o último ano para o qual existem dados disponíveis, a fatura da água em Portugal foi, em média, de 25,43 euros. Vila do Conde pagou o valor mais elevado e Tabuaço o mais barato.

A fatura da água em Portugal, no ano de 2021 (o último para o qual existem dados disponíveis) foi, em média, de 25,43 euros. A fatura média mais cara foi paga em Vila do Conde, cifrando-se em 40,02 euros; e a mais barata em Tabuaço, onde se ficou pelos 5,25 euros. No entanto, os serviços aqui em causa apresentam várias diferenças, além do preço.

Estes dados são disponibilizados pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR). Na passada sexta-feira, esta entidade publicou o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP), com dados relativos ao ano de 2021.

Os valores de fatura média que aqui estão em causa consideram um consumo de 10 metros cúbicos de água por mês, o que seria comum para um agregado de três pessoas. Mas nos dois casos extremos há diferenças relevantes, que impactam o preço final.

A fatura mais barata só cobra um dos três serviços que normalmente constam da fatura da água: o abastecimento. Os resíduos e o saneamento ficam de fora, ou seja, serão assumidos pela entidade gestora. No caso de Vila do Conde, a fatura já abarca os três serviços.

Em Vila do Conde, a acessibilidade económica do serviço – o indicador que nos diz se as pessoas conseguem pagá-lo – está nos 0,18% no que diz respeito aos resíduos urbanos, nos 0,59% no abastecimento de água e nos 0,37% no saneamento de águas residuais. Isto, sendo que 0,5% é o limiar a partir do qual a ERSAR considera que a acessibilidade económica começa a ficar comprometida. Este indicador é calculado tendo em conta os rendimentos médios familiares de cada município e as tarifas nele praticadas.

Em paralelo, Tabuaço apresenta uma acessibilidade económica de 0,29% nos serviços de abastecimento de água, e 0% nos restantes, já que não são cobrados. A acessibilidade económica do serviço de abastecimento de água, em termos médios, no país, está nos 0,35%, no saneamento de águas residuais está nos 0,27% e na gestão de resíduos urbanos está nos 0,15%.

Acessibilidade económica no serviço de abastecimento de água em baixa em 2021 (ilustração: RASARP)

Sustentabilidade económica em causa

Apesar de a acessibilidade económica do serviço ter uma avaliação positiva na maior parte do território nacional, o mesmo não se pode dizer da cobertura de gastos, um indicador que dá uma noção da sustentabilidade económica dos serviços. Mais precisamente da “capacidade da entidade gestora gerar meios próprios para a cobertura dos encargos que decorrem do desenvolvimento da sua atividade”, lê-se no relatório. No serviço de abastecimento de água, por exemplo, a cobertura dos gastos é insatisfatória em quase todo o país, como ilustrado abaixo.

Cobertura de gastos no serviço de abastecimento de água em baixa em 2021 (ilustração: RASARP)

A entidade reguladora calcula que as condutas de abastecimento de água só estejam a ser reabilitadas ao ritmo de 0,6% ao ano, em média, o que significa que demorariam 180 anos a ser reabilitadas, quando o tempo de vida útil das condutas está estimado nos 50 anos. O suposto era existir uma reabilitação de 2% ao ano A consequência de uma má manutenção são existirem potencialmente mais roturas e mais perdas de água.

Olhando de novo aos extremos apresentados acima, Vila do Conde e Tabuaço, a entidade gestora do abastecimento de água na primeira localidade (Indaqua Vila do Conde) regista uma cobertura de gastos de abastecimento de água e no saneamento de águas residuais, em baixa, de 101%, dentro do intervalo de 100% a 110%, que é considerado uma “boa cobertura”.

Os dados referentes à cobertura de gastos dos resíduos urbanos da mesma cidade, que já são geridos pela Câmara Municipal, não estão disponíveis, pois o regulador diz não ter sido possível validar a informação prestada pela entidade gestora (todos os dados do RASARP são auditados pela ERSAR). Esta validação não foi possível em nenhum dos três serviços, no caso de Tabuaço, pelo que não são apresentados quaisquer dados quanto à cobertura de gastos.

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