EDP vai instalar 650 pontos de carregamento nas lojas Aldi

A parceria prevê a instalação de pontos de carregamento, tanto nas mais de 140 lojas com parque de estacionamento já existentes como nas lojas Aldi que vão abrir ao longo deste e do próximo ano.

A EDP Comercial aliou-se à retalhista Aldi para fornecer soluções de mobilidade elétrica que estarão disponíveis nos parques de estacionamento de todas as lojas do país, num total de 650 pontos de carregamento.

A parceria prevê a instalação de pontos de carregamento, tanto nas mais de 140 lojas com parque de estacionamento já existentes como nas lojas Aldi que vão abrir ao longo deste e do próximo ano. A EDP Comercial vai igualmente passar a operar os carregadores que já estão instalados em 34 destas lojas.

Este projeto integra mais de 650 pontos de carregamento na rede pública MOBI.E, que poderão ser utilizados por qualquer condutor e através de todos os cartões CEME (Comercializadores de Eletricidade de Mobilidade Elétrica). A potência dos equipamentos rápidos a serem instalados vai variar entre 60 quilowatts (kW) e 120kW, permitindo carregar a duas diferentes velocidades, à escolha do consumidor.

Estamos muitos satisfeitos por celebrarmos esta parceria de longo prazo com a Aldi Portugal, a maior de mobilidade elétrica já realizada no país, para levar aos consumidores a conveniência de carregarem os seus veículos enquanto fazem compras, em qualquer zona do país”, destaca Carlos Moreira, administrador da EDP Comercial.

No que diz respeito à proteção climática, a retalhista tem como objetivo uma redução de 55% das emissões em todo o Grupo (Aldi Nord) até 2030. Já do lado da EDP, estes novos pontos de carregamento somam-se aos mais de 3.300 que a EDP Comercial já tem em operação ou em implementação em Portugal, em mais de 195 concelhos de todos os distritos do país.

Desde que a EDP começou a investir no desenvolvimento da mobilidade elétrica em Portugal, já foram realizadas mais de dois milhões de sessões de carregamento nos pontos da empresa ligados à rede pública. Estes carregamentos permitiram percorrer mais de 200 milhões de quilómetros apenas com recurso à eletricidade e evitaram mais de 20 mil toneladas de CO2 que seriam emitidas pelos veículos de combustão.

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Descida dos juros nos EUA beneficia gigantes do PSI e pensões dos portugueses

Com uma forte exposição ao mercado dos EUA, o grupo EDP e o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social são dos grandes beneficiados com o recente corte de 50 pontos base das Fed Funds.

A Reserva Federal dos EUA (Fed) anunciou na quarta-feira um corte de 50 pontos base na taxa dos fundos federais (Fed Funds), reduzindo-a para o intervalo entre 4,75% e 5%. Foi a primeira redução desde 2020 e marca o início de um novo ciclo de política monetária nos EUA.

Esta decisão, que foi conhecida às 14 horas locais (19 horas em Lisboa), teve um efeito imediato nos mercados norte-americanos, com o índice de ações norte-americano S&P 500 a subir 0,7% e fechando na quinta-feira em novos máximos históricos.

Mas tal como sucede com a política norte-americana, também a política monetária promovida pelo Tesouro dos EUA tem efeitos globais. E isso foi espelhado esta quinta-feira também na Europa, com os principais índices a encerrarem o dia com ganhos.

Em Portugal, o corte “jumbo” de 50 pontos da Fed terá também um impacto direto e positivo nas suas contas, particularmente junto das empresas com forte exposição ao mercado norte-americano e ao dólar, como sucede com os dois maiores pesos-pesados do PSI: EDP e EDP Renováveis.

No caso da EDP, que no final do ano passado contava com ativos de 3,7 mil milhões de euros em parques eólicos e solares na América do Norte, o corte da Fed é de grande relevância. Desde logo porque a elétrica nacional tem a intenção de investir cerca de 8,5 mil milhões de euros no mercado norte-americano até 2026, segundo o seu plano estratégico 2023-2026 que engloba um investimento global de 25 mil milhões de euros.

Para a maioria das empresas do PSI, o impacto direto do corte de juros da Fed deverá ser mais limitado, dado que têm uma exposição menor ao mercado norte-americano. No entanto, todas serão impactadas indiretamente pela decisão da Fed.

A EDP Renováveis é outra das empresas do PSI que recebeu com bom agrado o corte das Fed Funds dada a forte exposição do seu negócio ao mercado dos EUA. Segundo o relatório e contas da empresa de 2023, 51% da capacidade instalada no final do ano passado estava localizada nos EUA.

Assim, o corte de juros anunciado por Jerome Powell, presidente da Fed, poderá beneficiar estas empresas de várias formas:

  • Redução dos custos de financiamento para novos projetos de energia renovável nos EUA.
  • Potencial estímulo à economia norte-americana, aumentando a procura de energia no país.
  • A possível desvalorização do dólar face ao euro poderá afetar os resultados quando convertidos para euros (embora ambas as empresas tenham mecanismos de cobertura cambial), com efeito direto também sobre os ativos nesses países.

Desta forma, Miguel Stilwell, CEO da EDP e da EDP Renováveis, terá motivos para sorrir com o corte das Fed Funds. Em 2023, o EBITDA recorrente da EDP superou os 5 mil milhões de euros (crescimento homólogo de 11%) e o resultado líquido recorrente alcançou um recorde de 1,29 mil milhões de euros. Com ventos mais favoráveis a soprarem dos EUA, estes números poderão melhorar ainda mais em 2024.

Investimentos e vendas nos EUA com potencial de escalar

Além do binómio EDP, a Corticeira Amorim é outra das empresas do PSI com forte exposição ao mercado norte-americano. Os EUA são inclusive o segundo maior destino das vendas da empresa liderada por António Rios de Amorim, logo após França, com uma quota de mercado de 16,4%, segundo o relatório e contas de 2023 da empresa.

É também nos EUA que a Corticeira Amorim tem localizado uma das suas duas unidades industriais da Amorim Cork Composites (líder mundial no desenvolvimento de novos materiais compósitos de cortiça) que fabricam produtos para empresas como a NASA, a Mazda e a Siemens — a outra fábrica está localizada em Portugal.

António Rios Amorim e os acionistas da Corticeira Amorim poderão ver no corte da Fed uma oportunidade para recuperar terreno, após um 2023 não tão positivo — em que a empresa recuou da mítica cifra dos mil milhões de euros de faturação –, dado que o corte das taxas de juro poderá beneficiar o negócio de várias formas:

  • Ao baixar o preço do dólar, a Fed concede um estímulo à economia dos EUA, potenciando o consumo, nomeadamente de vinho e, consequentemente, a procura por rolhas de cortiça.
  • A possível desvalorização do dólar, como é previsto pelos analistas do Morgan Stanley que anteveem que a moeda norte-americana possa alcançar a paridade face ao euro nos próximos meses, tornará os produtos da empresa portuguesa mais competitivos no mercado norte-americano.
  • Ao cortar as taxas de juro, o crédito em dólares ficará mais barato, provocando assim uma redução nos custos de financiamento para as operações da empresa nos EUA, onde a empresa contava no final do ano passado com uma unidade industrial e sete joint-ventures.

Destaque ainda para a Navigator, que embora o relatório e contas de 2023 não especifique a percentagem de receitas provenientes dos EUA, menciona que as vendas para mercados fora da Europa são importantes para a empresa e que as flutuações cambiais tiveram um impacto negativo líquido de cerca de 16 milhões de euros no EBITDA da empresa em 2023.

O FEFSS, excluindo o investimento em dívida pública portuguesa, tem uma carteira maioritariamente exposta aos EUA (51,1%), seguida pela Zona Euro (24,2%), Japão (8,0%) e Reino Unido (6,4%). Só em obrigações dos EUA, o fundo tinha 3,31 mil milhões de euros aplicados no final do ano passado.

Para a maioria das empresas do PSI, o impacto direto do corte de juros da Fed deverá ser mais limitado, dado que têm uma exposição menor ao mercado norte-americano.

No entanto, todas serão impactadas indiretamente pela decisão da Fed, desde logo pelo estímulo que o corte do preço do dólar gera na economia dos EUA, nomeadamente no plano do consumo, que em função da dimensão do mercado norte-americano, poderá repercutir-se globalmente através, por exemplo, do aumento da procura pelos produtos e serviços das empresas nacionais.

Efeitos colaterais do corte dos juros

Ao cortar o preço do dólar, a Fed também produz um “efeito borboleta” na política monetária dos restantes bancos centrais, pressionando as autoridades monetárias como o Banco Central Europeu a também cortarem as taxas de juro, gerando com isso uma redução nos custos de financiamento.

O corte de 50 pontos base das Fed Funds representa assim uma mudança significativa no panorama económico global, com repercussões potencialmente positivas para várias empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa e outras que exportem para o mercado norte-americano.

Além disso, há ainda um beneficiário do corte da Fed frequentemente esquecido, mas de extrema importância para Portugal, que é o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS). Com uma exposição significativa ao mercado dos EUA, o FEFSS poderá colher frutos substanciais desta mudança na política monetária norte-americana.

Segundo o relatório e contas de 2023 recentemente publicado, o FEFSS, excluindo o investimento em dívida pública portuguesa, tem uma carteira maioritariamente exposta aos EUA (51,1%), seguida pela Zona Euro (24,2%), Japão (8,0%) e Reino Unido (6,4%). Só em obrigações dos EUA, o fundo tinha 3,31 mil milhões de euros aplicados no final do ano passado, um aumento de 12% em relação a 2022.

Desta forma, o FEFSS poderá beneficiar da queda dos juros nos EUA, essencialmente, de duas formas:

  • Valorização das obrigações: Com a queda das taxas de juro, o valor das obrigações existentes tende a aumentar, pois os seus cupões tornam-se mais atrativos em comparação com as novas emissões a taxas mais baixas.
  • Estímulo ao mercado de ações: A redução das taxas de juro geralmente estimula o mercado de ações, o que pode beneficiar a parcela da carteira do FEFSS investida em ações americanas, que no final do ano passado era também substancial.

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EDP recebe “luz verde” para recomprar 12 parques eólicos à China Three Gorges

Autoridade da Concorrência viabilizou o controlo exclusivo pela EDP Renováveis de 12 parques eólicos em Portugal, que controlava em conjunto com a China Three Gorges, mediante compromissos.

A EDP recebeu aprovação da Autoridade da Concorrência (AdC) para readquirir o controlo de 12 parques eólicos em Portugal à China Three Gorges, mas terá de assumir compromissos.

Os 12 parques eólicos têm uma capacidade total de 422 MW (megawatts). A aprovação permite à EDP readquirir o controlo exclusivo destes ativos, que até aqui controlava em conjunto com o seu maior acionista, uma empresa pública chinesa.

Após analisar a operação, a AdC aprovou esta sexta-feira a aquisição do controlo exclusivo da EDPR – Parques Eólicos pela EDPR – Promoção e Operação, “uma empresa do Grupo EDP”. Num comunicado, o regulador afirma que “decidiu não se opor”, mas condicionou este aval ao cumprimento de remédios.

Este negócio fará parte de um transação mais abrangente, anunciada pela EDP ao mercado nos últimos dias de dezembro passado, e que envolve também ativos eólicos na Polónia (418 MW) e Itália (130 MW).

Num comunicado enviado ao supervisor português dos mercados a 29 de dezembro de 2023, a EDP deu conta de um acordo com duas entidades “suportadas pela China Three Gorges” para a “recompra de participações minoritárias de 49% em portefólios eólicos” nos três países, por 570 milhões de euros. O negócio envolvendo os ativos em Portugal foi depois notificado à AdC no dia 25 de janeiro.

A recompra destes ativos, cujas participações tinham sido adquiridas pelos fundos chineses entre 2016 e 2017, tem, para a EDP, um “forte racional estratégico”, pois o grupo passa a deter 100% de “projetos com um forte historial operacional, proporcionando o aumento imediato de fluxos de caixa e de resultado líquido”, explicou a empresa quando comunicou a operação.

Aprovação condicionada a compromissos

“A AdC tinha preocupações que, após a aquisição, o Grupo EDP pudesse usar os parques eólicos para maximizar os seus próprios lucros, limitando a produção de energia para aumentar os preços no mercado de serviços de sistema, onde já possui uma quota significativa”, aponta o regulador esta sexta-feira.

Para mitigar essa “preocupação”, a EDP comprometeu-se a “maximizar a produção de energia e a não usar os parques eólicos de forma estratégica para influenciar” os ditos mercados.

Será designado um mandatário de monitorização para fiscalizar o cumprimento dos remédios pela EDP, durante um período limitado. “A AdC poderá reavaliar esses compromissos no futuro, especialmente se houver mudanças na integração dos mercados europeus de serviços de sistema”, refere num comunicado.

Em último caso, a AdC pode vir a obrigar a EDP a vender “estes parques eólicos a terceiros”, diz, salientando que o regulador dos serviços energéticos foi consultado “e concorda com as medidas”.

Cotação da EDP na bolsa de Lisboa

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“A melhor solução para a estabilidade na EDP era eu sair”, diz ex-chairman Talone

Três meses depois de sair da EDP, João Talone falou ao ECO sobre a opção de não aceitar novo mandato. As relações entre acionistas eram "equilíbrios instáveis" e tinham de "ser geridas com pinças".

“A ideia era tentar agradar a gregos e troianos, a culpa foi minha, não consegui”. Três meses depois de deixar de ser chairman da EDP EDP 0,00% , João Talone falou pela primeira vez, e em exclusivo ao ECO, sobre as razões que o levaram a optar por não aceitar um novo mandato na energética.

Confirmou que tentou encontrar uma solução para acomodar o interesse dos acionistas institucionais em ter mais independentes no Conselho Geral e de Supervisão (CGS), com a diminuição da representação dos acionistas estratégicos, interesse com o qual concordava, mas não conseguiu e para assegurar a estabilidade optou por sair.

“Eu não falo sobre as empresas de onde saí”, começou por dizer, mas sublinhou que “vocês [imprensa] puseram de uma forma correta, e não foi por mim porque eu não falei com ninguém, aquilo que aconteceu antes da minha saída da EDP”.

A 4 de janeiro o ECO noticiou que o gestor defendia alterações ao modelo de governação da EDP e, particularmente, a redução do número de representantes da China Three Gorges e do grupo Masaveu neste órgão de fiscalização, mas não obteve resposta e por isso comunicou formalmente, através da CMVM a 2 de janeiro, que não estava disponível para fazer um segundo mandato.

O racional por trás da indisponibilidade de Talone para continuar no cargo ficou expressa no relatório do CGS para 2023, citado pelo Jornal Económico a 17 de abril, já depois de ser sucedido por António Lobo Xavier na presidência desse board.

Esse relatório sublinhava a importância de o Conselho manter uma trajetória crescente da percentagem de membros independentes e de a sua dimensão total ser adequada para garantir que as decisões são tomadas de forma justa e equilibrada.

Questionado pelo ECO, à margem de um almoço-debate organizado pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), sobre o desafio de lidar com a relação entre os diversos acionistas da energética, Talone frisou que “é preciso ser gerida com pinças”.

“Manter os equilíbrios, que são equilíbrios instáveis, em equilíbrio, sempre na defesa dos interesses da empresa,” acrescentou. “Os interesses da empresa e de todos os seus stakeholders têm de estar à frente de tudo“.

João Talone salientou que a ideia de maior equilíbrio no board “vinha de uma manifestação dos próprios acionistas institucionais“.

Principalmente os acionistas norte-americanos como a BlackRock ou a Canada Pension Plan Investment Board? “Não, de todo o mundo, inclusivamente da Ásia também, fundos soberanos, portanto a ideia [de mais equilíbrio no board] não nasce da minha cabeça, vem de um conjunto”.

“Tentei tudo para fazer a ponte”

Na palestra aos associados da ACEGE, João Talone recordou que a saída da EDP este ano não foi a primeira vez que deixou a empresa. Em 2003 foi nomeado CEO, “num período que foi difícil, em que acabara de ser consagrada a liberalização do mercado, e era importante transformar uma empresa que fazia parte do Estado, que era monopolista, numa empresa dinâmica, flexível, ambiciosa e combativa, para ganhar lugar entre os gigantes”.

Talone frisou que teve a oportunidade, nesse período de três anos, de pôr em prática muitas das coisas que aprendeu nos 15 anos na equipa de gestão no BCP, sob a batuta de Jorge Jardim Gonçalves.

“Fizemos coisas loucas, não vou entrar em detalhes, mas coisas que as pessoas nem acreditavam que estávamos a fazer e de facto conseguiu-se iniciar que se fizesse a mudança na empresa e depois foi consagrado pelo meu sucessor [António Mexia], transformando a empresa numa multinacional, é a única multinacional portuguesa, trabalha em quatro continentes, tem cerca de 13 mil pessoas, mais de metade da sua faturação fora da Península Ibérica”, referiu.

Quando saí da EDP a primeira vez estava outra vez incomodado, a ser sujeito a pressões políticas a dizerem vai por aqui, vai por acolá e não aguento isso muito tempo, até que chegou uma altura em que pus, a 2 de janeiro de 2004, cá fora uma carta através da CMVM a dizer que não faria novo mandato.

João Talone

Ex-CEO e chairman da EDP

O gestor recordou, no entanto, que assumiu bastante cedo que iria cumprir apenas um mandato. “Quando saí da EDP a primeira vez estava outra vez incomodado, a ser sujeito a pressões políticas a dizerem vai por aqui, vai por acolá e não aguento isso muito tempo, até que chegou uma altura em que pus, a 2 de janeiro de 2004, cá fora uma carta através da CMVM a dizer que não faria novo mandato”.

O convite para voltar à empresa em 2021, agora na posição de chairman, foi “inesperado” e resultou “numa experiência fantástica porque é uma posição totalmente diferente da posição executiva”.

Fez logo um acordo com Miguel Stilwell de Andrade para que fosse apenas “a cara e o nome do CEO a aparecer nos jornais e em público, mesmo com os acionistas” deixando para o chairman “a relação com os acionistas na área do governance“.

A área do governance, por definição, tem de ser o chairman a fazer e a falar com os acionistas“, referiu, antes de explicar como essa área resultou na segunda saída da energética.

Quando vi que estava a ser usado e que estavam a protelar a situação para chegar a uma altura em que eu já estava amarrado ao segundo mandato, porque já não havia tempo para encontrar um novo ‘chairman’, nessa altura falei com eles e disse ou tenho uma solução, não tem que ser a minha, mas tem que se aproximar do que os institucionais pediram até ao final do ano, ou no dia 2 de janeiro ponho cá fora uma carta na CMVM a dizer que não faço um segundo mandato.

João Talone

Ex-CEO e chairman da EDP

“No fim voltou a acontecer a mesma coisa. Ou seja, seis meses antes de terminar o mandato tive pressão, e eu concordava com ela, dos acionistas institucionais para mudar a composição e o desenho do governance“, afirmou.

“E os acionistas institucionais tinham tanto ou mais posição acionista do que os acionistas estratégicos, cerca de 30% versus 26%, e estavam sub-representados no board“, sublinhou.

Talone revelou que “tentou tudo” para fazer a ponte entre os acionistas estratégicos e os institucionais. “Quando vi que estava a ser usado e que estavam a protelar a situação para chegar a uma altura em que eu já estava amarrado ao segundo mandato, porque já não havia tempo para encontrar um novo chairman, nessa altura eu falei com eles e disse ou tenho uma solução, não tem que ser a minha, mas tem que se aproximar do que os institucionais pediram até ao final do ano, ou no dia 2 de janeiro ponho cá fora uma carta na CMVM a dizer que não faço um segundo mandato”.

E assim aconteceu. “No dia 2 de janeiro pus cá fora uma carta a dizer que não fazia segundo mandato”, recordou.

A estabilidade da empresa era fundamental e por isso a melhor solução para a estabilidade era eu sair“, vincou Talone ao ECO no final do evento.

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“Espero ter o mínimo de problemas geopolíticos, mas não os ignoro”, diz novo chairman da EDP

António Lobo Xavier diz que diversidade da EDP a nível global, incluindo acionistas variados com perspetivas diferentes, é "difícil de gerir". Mas acredita que tem o perfil certo para criar consensos.

Eleito em abril para presidir ao Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da EDP EDP 0,00% , António Lobo Xavier reconhece que o órgão é “difícil de gerir” e que tem de ter em atenção os acionistas, que no caso da energética têm perspetivas, pretensões, preocupações e perfis culturais diferentes.

Questionado, em entrevista ao site da EDP, sobre as prioridades do mandato, Lobo Xavier começou por responder que o CGS “tem funções raras no contexto português”. “Este órgão mistura responsabilidades de conselho de administração, com responsabilidades de conselho fiscal, com responsabilidades de assembleia geral”, explica. “É muito difícil de gerir, são funções muito variadas”.

Sublinha que tem de “ter em atenção os acionistas e de ver as suas pretensões e preocupações, gerir a informação e a discussão com eles”, além de colaborar com os executivos, não só para conhecer o negócio, mas também para participar na definição da estratégia a médio e longo prazo.

Segundo o site da EDP, a China Three Gorges, controlada pelo Estado chinês, é a maior acionista da empresa, com 21,01% do capital. Em segundo lugar está a Oppodium Capital (detida em 55,9% pela espanhola Masaveu Internacional, com os restantes 44,1% a pertencerem ao Liberbank) com 6,83% e em terceiro a norte-americana BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com 6,33%.

“A EDP tem uma enorme diversidade, o que é uma ajuda”, afirma Lobo Xavier, vincando que se as coisas estão a correr mal num lado, podem estar a correr bem no outro. “Mas é algo muito difícil de gerir. Não quero exagerar, mas em grande medida, uma parte do mundo está em pré-guerra. Todos os negócios com exposição a muitas geografias têm o drama da geopolítica. A EDP também. Depois também temos acionistas variados, com perspetivas diferentes sobre o mundo“.

“Espero ter o mínimo de problemas geopolíticos, mas não os ignoro”, diz o chairman. Salienta que escala global da EDP é algo a que está habituado, sobretudo na experiência na embalagem de vidro, BA Glass, onde foi administrador, numa empresa que tem presença no México, Roménia, Bulgária, Polónia, Grécia, Espanha, Portugal e já teve o Brasil. “Estou habituado a perceber as diferenças das jurisdições: do sistema legal, do sistema de pensamento, do sistema cultural”, afirma.

“Eu julgo que o que se espera de mim – que tenho experiência política e até fiz parte de um Conselho de Estado – é que tenha alguma capacidade para proteger os interesses da EDP em presença de tantas diferenças” explica. “Quer das jurisdições, quer até dos estilos e dos perfis culturais de acionistas, e dos perfis culturais dos colaboradores“.

Em relação à transição energética, Lobo Xavier diz que é preciso convencer os stakeholders que o percurso continua a ser importante. “Nós estamos numa situação internacional em que há, novamente, enormes forças de recuo – o mundo do oil & gas está com mais força hoje, paradoxalmente, do que tinha há dois anos”, aponta. “Isso é fruto de várias razões, entre elas a incerteza do mundo, das crises económicas, as guerras, a própria pandemia e as dificuldades geopolíticas”.

Recorda que e EDP estava na linha da frente da transição energética, “levava a bandeira, de repente para o mundo, isso já não é um valor assim tão aceite“.

“Há muitas pressões para que se proteja um valor de curto prazo recuando na passada da transição energética” e esse é um dos grandes desafios: “convencer os stakeholders da EDP de que o trajeto continua a ser importante, mesmo do ponto de vista da criação de valor”.

“Já não se trata apenas de uma missão de salvar o mundo, é também uma missão de se contribuir para a sustentabilidade do mundo, mas produzindo valor Isso hoje nem sempre está claro”, conclui.

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EDP atingiu metas do mandato apesar do “contexto imprevisível”, diz CEO

Miguel Stilwell de Andrade diz ao ECO que o mandato foi marcado pela pandemia e pela crise energética, mas explica que a empresa aplicou um plano estratégico robusto para atingir os objetivos.

Miguel Stilwell d'Andrade, CEO da EDP, em entrevista ao ECO/TVI24 - 02MAR21

A EDP EDP 0,00% conseguiu atingir metas financeiras e de transição energética durante o mandato de três anos que termina esta quarta-feira com uma Assembleia Geral, apesar de ter sido um período que foi marcado por um contexto imprevisível a nível global, afirma ao ECO o CEO da empresa, Miguel Stilwell de Andrade.

“Nos últimos três anos, a EDP reforçou claramente a ambição de liderar a transição energética globalmente, com um plano estratégico robusto, um portfólio diversificado e resiliente e ações tangíveis rumo a um futuro mais sustentável”, refere o CEO, que deverá ser nomeado pelos acionistas por mais um mandato na reunião magna.

“Intensificámos o investimento em renováveis e tecnologias emergentes, apostámos no desenvolvimento e modernização das nossas redes e tornámo-nos um parceiro valioso dos nossos clientes na descarbonização – sempre impulsionados pela inovação e pelo talento das nossas pessoas”, sublinha.

Alcançámos estas metas norteados por um sentido de missão que promove uma transição energética justa e inclusiva e segue as melhores práticas. E fizemo-lo num contexto imprevisível: enfrentámos uma pandemia, uma crise energética global, um cenário macroeconómico desafiante e um contexto geopolítico instável.

Miguel Stilwell d'Andrade

CEO da EDP

O triénio 2021-2024 é o primeiro mandato completo de Stilwell de Andrade à frente da EDP, depois de em julho de 2020 ter sido nomeado CEO interino após a suspensão de funções de António Mexia no âmbito do processo dos CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual). Antes disso, o gestor, que está na empresa há quase 24 anos, tinha sido gestor financeiro (CFO) entre 2018 e 2021.

Segundo Stilwell de Andrade, os resultados do mandato são visíveis. “Em 2023 completámos dois aumentos de capital muito bem-sucedidos e encerrámos o ano com uma posição financeira sólida”, refere, sublinhando ainda que o grupo consolidou a posição global através dos hubs na Europa, América do Norte, América do Sul e Ásia-Pacífico.

Atingimos 26,6 gigawatts (GW) de capacidade instalada, dos quais 86% renováveis, demos importantes passos para alcançar a meta de sermos neutros em carvão até 2025, temos já quase 390 mil quilómetros de redes de distribuição e transmissão e nas quais planeamos investir mais mil milhões de euros este ano”, vinca.

Outros marcos incluíram o reforço da posição em segmentos como a geração distribuída, tendo atingido já uma capacidade instalada de 1,6 GW. “A EDP foi uma vez mais reconhecida como a elétrica mais sustentável do mundo pelo índice S&P Dow Jones Sustainability Index, “o que nos deixa muito orgulhosos do caminho que estamos a percorrer”, diz.

“Alcançámos estas metas norteados por um sentido de missão que promove uma transição energética justa e inclusiva e segue as melhores práticas”, acrescenta o CEO.

“E fizemo-lo num contexto imprevisível: enfrentámos uma pandemia, uma crise energética global, um cenário macroeconómico desafiante e um contexto geopolítico instável”, conclui.

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EDP instala com os CTT a sua maior rede privada de carregamentos elétricos

Esta rede, 550 pontos de carregamento em 110 localizações, deverá estar completamente instalada até ao segundo trimestre deste ano.

Os CTT – Correios de Portugal e a EDP Comercial estão a concluir a instalação de carregadores de veículos elétricos em localizações em Portugal Continental, na Região Autónoma da Madeira e na Região Autónoma dos Açores.

Os CTT escolheram a EDP Comercial como fornecedor exclusivo desta solução integrada e passam a ter 550 pontos de carregamento em 110 localizações, criando uma rede ampla de fornecimento de energia para os seus mais de 700 veículos elétricos e híbridos, que representam a maior frota elétrica do setor logístico nacional. Esta rede deverá estar completamente instalada até ao segundo trimestre deste ano.

Estes pontos de carregamento da EDP Comercial estão a ser instalados em localizações estratégicas dos CTT — armazéns, lojas e centros de distribuição –, criando hubs de mobilidade elétrica nestes locais. A respetiva monitorização é garantida através de uma plataforma digital, assim como a gestão inteligente da rede de carregamento, para assegurar que mais veículos possam estar a carregar em simultâneo.

A frota sustentável dos CTT percorre aproximadamente 13.200 quilómetros por dia e, no âmbito da transição energética, a empresa conta com cinco centros de entrega ‘verdes’, em que a distribuição é feita sem emissões de dióxido de carbono: Cascais, Arroios, Junqueira e ainda ilhas da Graciosa e Porto Santo, com ambição de expansão a outros centros.

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Acionistas da EDP contratam consultora externa para escolher chairman

Briefing dos acionistas não exclui possibilidade de novo 'chairman' ser estrangeiro. Consultoria inclui composição do novo 'board' e nomes para substituir dois membros independentes que vão sair.

Os principais acionistas da EDP contrataram uma consultora externa internacional para os assessorar na escolha do presidente (chairman) do Conselho Geral e de Supervisão (CGS), que irão apresentar à Assembleia Geral eletiva de 10 de abril para substituir João Talone, apurou o ECO junto de fonte conhecedora do processo.

Segundo a informação recolhida pelo ECO, a consultora, cuja identidade não pode ser divulgada devido a acordos de confidencialidade, irá também assistir no processo de composição do board, incluindo a escolha para substituir dois membros independentes que irão sair por terem completado o último de três mandatos: João Carvalho das Neves e María del Carmen Fernández Rozado.

A 4 de janeiro deste ano, a EDP informou que recebeu um comunicado de João Talone a informar “da respetiva indisponibilidade para integrar o órgão
de supervisão da EDP no próximo mandato (2024-2026)”.

A fonte conhecedora do processo sublinhou ainda que o briefing transmitido pelos acionistas à consultora externa não exclui a possibilidade de o novo chairman ter nacionalidade que não a portuguesa.

“O objetivo é assessorar os acionistas para identificar alguém com um perfil de gestão que possa apoiar a Comissão Executiva da energética na condução da estratégia”, explicou.

Os acionistas vêm a contratação de uma consultora externa como uma “boa prática” de grandes empresas que visam garantir transparência na escolha dos órgãos de governance, dando assim prioridade aos critérios de experiência profissional e independência política.

Segundo o site da EDP, a 13 de setembro de 2023 a China Three Gorges, controlada pelo Estado chinês, era a maior acionista da empresa, com 20,86% do capital. Em segundo lugar ex aequo estavam a Oppodium Capital (detida em 55,9% pela espanhola Masaveu Internacional, com os restantes 44,1% a pertencerem ao Liberbank) e a norte-americana BlackRock, uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com 6,82% cada.

O CGS é composto por 16 membros, cinco dos quais são representantes do acionista chinês e dois do acionista espanhol, além de nove membros independentes, incluindo o próprio João Talone.

Horta-Osório e Lacerda possíveis, Moreira nega convite

Após o anúncio de João Talone, que resulta de divergências com os principais acionistas relativamente a regras de governação na companhia elétrica, segundo apurou o ECO junto de duas fontes a 9 de janeiro, ressaltam dois nomes entre os principais acionistas: António Horta Osório e Francisco Lacerda, gestores com perfil técnico e que não têm quaisquer funções executivas.

António Horta Osório é chairman da Bial, não executivo em grupos como a Impresa e os Mello, consultor de instituições com o Mediobanca, e foi recentemente noticiado o seu envolvimento numa operação para comprar a Altice Portugal. Já Francisco Lacerda é administrador não executivo na Endesa, além de consultor na área financeira.

São dois gestores referenciados por alguns dos principais acionistas e têm o perfil técnico e profissional, e alinhados com o perfil da própria comissão executiva, liderada por Miguel Stilwell.

O nome de Rui Moreira tinha sido noticiado nos dias anteriores como possível candidato à liderança do Conselho, decorrente de um alegado acordo com o primeiro-ministro António Costa.

No entanto, a 10 de janeiro, Rui Moreira esclareceu “ninguém fez nenhum convite” para presidir o Conselho Geral e de Supervisão da EDP. “Espanta-me um pouco que quase todos os meses me façam perguntas acerca de sítios para onde acham que vou. Sou presidente de Câmara do Porto, ninguém me convidou para nada”, assegurou, dizendo que as suspeitas de uma eventual saída da autarquia portuenses o “perseguem” desde que foi eleito.

AG de 2021 foi momento de viragem

Na última Assembleia Geral eletiva, em abril de 2021, os acionistas da EDP aprovaram a redução do CGS de 21 membros para 16. A decisão foi vista nessa altura como parte de um esforço para reduzir o peso da esfera política no board, com a saída dos ex-ministros Luís Amado (chairman), Jorge Braga de Macedo, Eduardo Catroga, Celeste Cardona e Augusto Mateus.

Esse esforço era visível também na escolha de João Talone, que foi presidente executivo da EDP entre 2003 e 2006 e tem um perfil de gestor e empresário, para substituir Amado.

EDP apresenta rebranding da marca - 02JUN22

João Talone foi, portanto, uma escolha surpresa dos acionistas da EDP para liderar o CGS da companhia e agora, ao fim do primeiro mandato, sai também de forma surpreendente. O ECO apurou que o gestor defendia alterações ao modelo de governação da EDP e, particularmente, a redução do número de representantes da CTG e do grupo Masaveu neste órgão de fiscalização da atividade da EDP, mas não obteve resposta e por isso comunicou formalmente que não está disponível para fazer um segundo mandato.

Nas semanas anteriores, Talone tinha manifestado a visão de que a EDP deveria reduzir o número de membros do CGS, passando a CTG a ter três ou, no máximo, quatro membros, enquanto a família Mazaveu teria um representante. Talone apresentou uma proposta aos acionistas e terá dado o prazo do final do ano para ter uma resposta dos acionistas, que não chegou.

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Horta Osório e Francisco Lacerda apontados à EDP

Depois da anunciada a saída de João Talone da presidência do Conselho Geral e Supervisão da EDP, os principais acionistas avaliam alternativas e querem um perfil técnico e de gestão.

Após o anúncio de João Talone de que não está disponível para um segundo mandato como presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, surpreendente e que resulta de divergências com os principais acionistas relativamente a regras de governação na companhia elétrica, abriu a discussão sobre a escolha do chairman para os próximos três anos e, segundo apurou o ECO junto de duas fontes, ressaltam dois nomes entre os principais acionistas: António Horta Osório e Francisco Lacerda, gestores com perfil técnico e que não têm quaisquer funções executivas.

António Horta Osório é chairman da Bial, não executivo em grupos como a Impresa e os Mello, consultor de instituições com o Mediobanca, e foi recentemente noticiado o seu envolvimento numa operação para comprar a Altice Portugal. Já Francisco Lacerda é administrador não executivo na Endesa, além de consultoria na área financeira. São dois gestores referenciados por alguns dos principais acionistas e têm o perfil técnico e profissional, e alinhados com o perfil da própria comissão executiva, liderada por Miguel Stilwell. A decisão sobre o novo presidente do Conselho é da responsabilidade dos acionistas, terá de ser tomada ao mais tardar até ao final de fevereiro e nenhum nome terá sido ainda contactado.

Quando João Talone foi escolhido, em março de 2021, para suceder a Luís Amado como presidente do CGS da EDP, uma das justificações apontadas pelos acionistas foi a necessidade de ter um perfil diferente na liderança daquele órgão fiscalizador da atividade da comissão executiva. Os acio­nistas como a China Three Gorges (CTG) e a Masaveu pretendiam mudar o perfil do presidente do CGS para competências mais técnicas e profissionais. Talone foi mesmo presidente executivo da EDP e responsável pela entrada da EDP em Espanha entre 2003 e 2006, quando o Estado ainda era acionista da companhia.

O nome de Rui Moreira foi noticiado nos últimos dias, primeiro pelo Expresso, como possível candidato à liderança do Conselho, decorrente de um alegado acordo com o primeiro-ministro António Costa. Oficialmente, ninguém faz comentários a este cenário, mas uma fonte próxima do presidente da Câmara Municipal do Porto garantiu ao ECO que não existia qualquer acordo, tanto mais que há dois ou três meses, período apontado para esse entendimento, não se antecipava a saída de João Talone. Além disso, outra fonte próxima da EDP estranha o envolvimento do primeiro-ministro numa empresa totalmente privada, embora admitindo que o principal acionista, chinês, seja sensível à posição do Estado.

De facto, de acordo com duas fontes que conhecem as discussões na EDP, a China Three Gorges, que tem 20% da EDP, defendia a continuidade de Talone num segundo mandato e terá mesmo feito saber ao gestor esta decisão. Mas não foi sensível, pelo menos até ao momento, aos argumentos de Talone sobre a necessidade de reforçar o número de independentes no conselho que tem como função fiscalizar a atividade da comissão executiva da companhia, liderada por Miguel Stilwell. O Conselho Geral e de Supervisão é composto por 16 membros, cinco dos quais são representantes do acionista chinês e dois do acionista espanhol, além de nove membros independentes, incluindo o próprio João Talone.

Nas últimas semanas, o presidente do conselho e antigo presidente executivo da companhia tinha manifestado a visão de que a EDP deveria reduzir o número de membros do CGS, passando a CTG a ter três ou, no máximo, quatro membros, enquanto a família Masaveu teria um representante. Talone apresentou uma proposta aos acionistas e terá dado o prazo do final do ano para ter uma resposta dos acionistas, que não chegou. Mais tarde, a EDP comunicou oficialmente ao mercado a decisão de Talone.

Assim, os nomes de António Horta Osório e de Francisco Lacerda preenchem os requisitos de perfil técnico e profissional defendido pelos principais acionistas, requisitos que também são defendidos pela Comissão Executiva da EDP, liderada por Miguel Stilwell. Outra fonte contactada pelo ECO recorda que a EDP foi, durante anos, uma empresa por onde passaram ex-ministros e políticos próximos do chamado bloco central, o PS e o PSD.

Com a entrada de Talone e a redução do número de membros da comissão executiva, e para salvaguardar a empresa de qualquer contaminação política, os acionistas optaram por criar uma espécie de ‘veto’ a membros não executivos de perfil político, como seria o caso de Rui Moreira, apesar da sua experiência empresarial prévia à presidência da Câmara do Porto. Moreira era acionista da empresa de transportes Transinsular e posteriormente presidente da Associação Comercial do Porto, de onde saiu quando se candidatou ao município.

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EDP paga 3,6% em emissão verde de 750 milhões

  • ECO
  • 9 Janeiro 2024

Elétrica obteve um financiamento de 750 milhões de euros em green bonds, pagando uma taxa de juro de 3,6%. Forte procura ajudou a baixar custo da operação.

A EDP EDP 0,00% obteve um financiamento de 750 milhões de euros através de uma emissão de obrigações verdes com o prazo de seis anos e meio e pela qual paga uma taxa de juro de 3,6%, de acordo com o site de informação financeira IFR.

A forte procura — acima dos 4,4 mil milhões de euros — ajudou a baixar o custo da operação. O prémio de risco caiu 40 pontos base face ao guidance inicial, passando dos 140 para os 100 pontos base, a que acresce a taxa de midswap do euro de referência (a sete anos), que está nos 2,60%.

Assim sendo, a EDP deverá pagar uma taxa a rondar os 3,60% nesta emissão, que compara com uma taxa superior a 4% realizada na anterior operação semelhante.

A emissão serve para financiar projetos de transição energética e renováveis e ficou fechada ainda esta terça-feira. A elétrica liderada por Miguel Stilwell d’Andrade indica que a taxa de cupão é de 3,5% e que a operação foi realizada através da subsidiária EDP – Servicios Financieros España, em comunicado enviado à CMVM.

Esta emissão “destina-se ao financiamento ou refinanciamento, no todo ou em parte, do portefólio de projetos “Green” elegíveis da EDP, que consiste em projetos renováveis tal como definidos no “Green Finance Framework” da EDP”.

A operação conta com o apoio de um sindicato bancário composto pelo ABN AMRO, BNP Paribas, CaixaBank, Commerzbank, Deutsche Bank, Goldman Sachs Bank Europe SE, HSBC, MUFG, Banco Santander e Societe Generale.

Na anterior emissão similar, realizada em setembro, a EDP emitiu um total de 1,35 mil milhões de euros em obrigações verdes a seis e nove anos com juros acima dos 4%, numa operação que se destinou ao financiamento ou refinanciamento, no todo ou em parte, de projetos considerados verdes pela EDP, como é o caso de projetos renováveis.

O montante total emitido em green bonds pela EDP desde 2018 atingiu os 12,6 mil milhões de euros, indica fonte oficial da empresa ao ECO. “A EDP foi pioneira e continuará a apostar na emissão de obrigações verdes no contexto da estratégia global do grupo para acelerar a transição energética, assente em soluções renováveis inovadoras e num crescimento sustentável”, acrescenta.

(Notícia atualizada às 19h30)

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EDP vende metade do grupo de centrais a carvão Aboño ao seu segundo maior acionista

Metade do grupo de centrais Aboño será vendido ao segundo maior acionista da EDP, com Aboño I a ser encerrada e a Aboño II convertida para gás. EDP quer ainda fechar as centrais Soto 3 e Los Barrios.

A EDP EDP 0,00% vai vender metade do grupo de centrais Aboño, perto de Gijón e do porto de Musel, à Corporación Masaveu, grupo industrial sediado nas Astúrias. Segundo o Expresso, este grupo controla a Oppidum, que é o segundo maior acionista da EDP, com uma posição de 6,82%.

Num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a EDP anuncia também que a conversão de carvão para gás da central térmica Aboño II, em Espanha, ocorrerá “expectavelmente em meados de 2025”, e avançou ter pedido à Red Eléctrica para encerrar as restantes centrais a carvão que tem no país vizinho, nomeadamente a Aboño I, Soto 3 e Los Barrios.

A venda de parte do grupo de centrais Aboño reflete um enterprise value de cerca de 350 milhões de euros e um equity value do ativo de 60 milhões de euros, refere na nota. Esta parceria, explica a elétrica, “prevê o controlo conjunto na gestão da Aboño e a transferência do passivo das centrais”.

Após esta transação, que ainda depende de “autorizações e condições suspensivas habituais”, a EDP manterá a totalidade da gestão e desenvolvimento dos projetos de transição justa a decorrer em Aboño, nomeadamente de hidrogénio e energias renováveis. Este grupo de centrais, que atualmente tem uma capacidade instalada total de 904 MW, “desempenha um papel importante no apoio à segurança do fornecimento de eletricidade à região das Astúrias”, acrescenta a empresa.

Ainda segundo a EDP, a conversão de carvão para gás representa “um investimento de mid double-digit de milhões de euros, continuando a operar na combustão de gás de alto forno, um caso de estudo de economia circular na Europa, através da valorização deste subproduto, evitando a emissão de um milhão de toneladas de CO2 por ano”.

A companhia liderada por Miguel Stilwell d’Andrade explica que estas três decisões — conversão da central, venda de metade do grupo de centrais e encerramento das restantes centrais a carvão em Espanha — representam “passos importantes” para garantir que a EDP deixa de consumir carvão até 2025.

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Produção elétrica da EDP cai 7% no semestre. El Niño prejudica EDP Renováveis

Empresa liderada por Miguel Stilwell d'Andrade viu produção total descer 7% no primeiro semestre de 2023. Já a produção da EDP Renováveis caiu 8% nos EUA com impacto do El Niño.

A EDP EDP 0,00% produziu 7% menos eletricidade entre janeiro e junho do que nos mesmos seis meses do ano passado, revelou a empresa esta sexta-feira, numa súmula de dados operacionais divulgada através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No mesmo período, a EDP Renováveis EDPR 0,00% , que é detida em mais de 71% pela EDP, conseguiu aumentar a produção de eletricidade em 1%. Num balanço semelhante, também remetido esta sexta-feira à CMVM, a empresa nota as “condições eólicas anormalmente fracas” nos EUA no segundo trimestre.

EDP duplica geração solar

Segundo os dados agora conhecidos, a EDP viu a produção total cair 7% no semestre, em termos homólogos. O segundo trimestre foi particularmente negativo: a produção desceu 20% em comparação com o mesmo trimestre de 2022.

A produção eólica desceu 3%, a produção a partir do gás na Península Ibérica baixou 45% e a produção total com recurso a carvão desceu para menos de metade, após uma queda de 51%. No sentido inverso, a geração hídrica melhorou 20% e a solar mais do que duplicou, ao registar uma melhoria de 105% no semestre.

Neste balanço operacional, é referido que a capacidade instalada da EDP aumentou em 2,1 GW de projetos renováveis nos últimos 12 meses. A empresa nota ainda que a eletricidade distribuída no primeiro semestre aumentou 1% em Portugal, mas desceu 1% no conjunto do mercado ibérico, “refletindo a diminuição dos volumes vendidos a clientes empresariais em Espanha”.

Cotação das ações da EDP

El Niño castiga EDP Renováveis

O fenómeno meteorológico El Niño já prejudicou a atividade da EDP Renováveis no segundo trimestre: “O segundo trimestre de 2023 apresentou condições eólicas anormalmente fracas nos EUA, impactadas pelo evento El Niño que está a afetar principalmente a região Centro-Oeste, e que compara com as fortes condições de vento no primeiro semestre de 2022″, nota a EDP Renováveis.

“Os recursos eólicos nas nossas operações na América do Norte estiveram 5% abaixo da média a longo prazo no primeiro semestre de 2023, versus 2% acima da média no primeiro trimestre de 2023 e 10% acima da média no primeiro semestre de 2022″, detalha a empresa. Tal “resultou numa queda de 8%” na produção renovável neste mercado em termos homólogos, quando, no total, como referido, aumentou 1%.

Desagregando as estatísticas, a produção elétrica da EDP Renováveis em Espanha caiu 7% e em Portugal desceu 5%. Feitas as contas, no conjunto da Europa, encolheu 7%. Apesar da descida de 8% na América do Norte, pelo contrário, na América do Sul, a produção da EDP Renováveis cresce 113%, ou seja, mais do que duplicou.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h12)

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