EDP e EDPR registam aumento de capital com injeções de mil milhões

  • Lusa
  • 6 Março 2023

EDP e EDP Renováveis registaram os aumentos de capital de mil milões de euros. Operações visam financiar OPA no Brasil e acelerar crescimento nas energias limpas.

Os aumentos de capital da EDP, deliberado para lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP Brasil, e da EDP Renováveis (EDPR), na sequência de um acordo com um fundo de Singapura, já foram registados. Em causa está uma injeção de 1.000 milhões de euros em cada empresa.

“A EDP anuncia que o aumento de capital social sem direito de preferência dos acionistas, concluído a 03 de março de 2023, foi registado na Conservatória do Registo Comercial competente”, lê-se no comunicado hoje enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Este aumento resulta da emissão de 218.340.612 títulos, com um valor nominal de um euro e preço de subscrição de 4,58 euros por ação, o que se traduz num prémio de emissão de 3,58 euros.

Em 02 de março, a elétrica anunciou o lançamento de uma OPA de 100% sobre o capital da EDP Brasil, financiada pelo aumento de capital de 1.000 milhões de euros, agora fechado. À data, 600 milhões de euros já estavam assegurados pelos principais acionistas.

A retirada bolsista da EDP Brasil deverá estar concluída no segundo semestre de 2023.

Também esta segunda-feira, o grupo comunicou ao regulador do mercado que a escritura relativa ao aumento de capital da EDPR foi registada no Registo Comercial das Astúrias.

A implementação deste aumento previa a emissão de 50.968.400 ações da empresa, a um valor nominal de cinco euros cada.

O preço de subscrição tinha sido fixado em 19,62 euros por ação, com um prémio de emissão de 14,62 euros por ação.

A empresa já tinha anunciado um acordo de investimento entre a EDPR e o fundo soberano de Singapura, que previa um aumento de capital de 1.000 milhões de euros, para, em parte, financiar o novo plano de negócios.

Na altura, a EDPR admitiu realocar até 150 milhões de euros do novo aumento de capital a um conjunto de investidores qualificados ao mesmo preço que for fixado para o fundo soberano de Singapura.

Na sessão da bolsa, as ações da EDP desceram 1,71% para 4,76 euros, enquanto as da EDPR recuaram 3,52% para 20,29 euros.

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EDP junta-se ao mega projeto da Cepsa para o hidrogénio verde

  • ECO
  • 30 Janeiro 2023

A EDP juntou-se ao mega plano da Cepsa para a produção de hidrogénio verde no sul de Espanha. O acordo foi assinado por Stilwell d'Andrade em Davos, na Suíça.

Miguel Stilwell d’Andrade e Maarten Wetselaar: CEO da EDP e Cepsa fecharam acordo para produzir hidrogénio no Sul de Espanha em Davos, Suíça.DR EDP

A EDP EDP 0,00% assinou um acordo com a Cepsa para integrar um projeto de grande escala de produção de hidrogénio verde na baía de Algeciras, na região espanhola da Andaluzia, avança o Expansión (acesso pago, conteúdo em espanhol), citando fontes do setor.

Segundo o jornal espanhol, o acordo foi assinado pelo CEO da elétrica portuguesa, Miguel Stilwell d’Andrade, e o conselheiro delegado da Cepsa, Maarten Wetselaar, durante um encontro entre ambos na cidade suíça de Davos, enquanto participavam no Fórum Económico Mundial.

Em comunicado, a EDP confirmou o negócio, com uma fotografia entre os dois líderes com a neve suíça como pano de fundo. “Este acordo com a Cepsa é um importante marco para a reconversão da central térmica da EDP em Los Barrios e para promover a descarbonização industrial através do hidrogénio verde, sendo mais um passo para reforçar a independência energética na Europa”, disse Stilwell d’Andrade, citado no comunicado da companhia portuguesa.

Em dezembro, numa sessão em que participou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a Cepsa anunciou um mega projeto na Andaluzia no valor de cinco mil milhões de euros para produzir hidrogénio. Segundo o Expansión, o projeto eclipsa as iniciativas que foram anunciadas até ao momento por parte da Iberdrola, Repsol, Acciona, BP ou Totalenergies.

O projeto, batizado como “Vale Andaluz de Hidrogénio Verde”, para desenvolver até 1 GW, contempla investimentos milionários nas refinarias da Cepsa na Andaluzia para convertê-las no maior centro de produção de hidrogénio na Europa. Em causa estão as instalações das refinarias de San Roque, em Cádiz, e de La Rábida, perto de Huelva.

De acordo com a Reuters, o acordo inclui ainda o fornecimento de eletricidade de origem renovável e ainda uma possível cooperação para a produção de combustíveis marítimos sustentáveis.

Segundo a Cepsa, este é o “maior projeto de hidrogénio verde Europa, com capacidade de 2.000 megawatts e produção de até 300 mil toneladas”.

Do lado da Cepsa vê-se este tipo de alianças como fundamentais para acelerar a transição energética. “É preciso procurar aliados e sinergias que nos permitam avançar neste processo de maneira ágil e competitiva”, disse Maarten Wetselaar numa entrevista ao Expansión.

Com este mega projeto, a Cepsa pretende controlar 50% da produção de hidrogénio verde que o Governo espanhol projeta para toda a Espanha em 2030. Dos cinco mil milhões de euros de investimento, três mil milhões serão destinados a adaptar as refinarias da Cepsa, e outros dois mil milhões de euros irão financiar a construção unidades de produção de energia eólica e fotovoltaica, para alimentar as fábricas de hidrogénio.

(Notícia atualizada às 10h00 com mais informação)

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EDP paga 5,95% por obrigações verdes a 60 anos

As novos títulos de dívida da elétrica irão vencer somente em 2083 e o montante angariado servirá para para financiar ou refinanciar o portefólio de projetos “green” da EDP.

A EDP prepara-se para avançar com uma emissão de obrigações verdes no montante de 1.000 milhões de euros com maturidade em 2083.

Para convencer os obrigacionistas a emprestarem-lhe esse montante a 60 anos, a empresa liderada por Miguel Stilwell compromete-se a pagar uma taxa de cupão anual de 5,943%, a que corresponde uma yield de 5,95% “aplicável até à primeira data de reset a ocorrer cinco anos e três meses após a emissão”, lê-se no comunicado enviado esta segunda-feira pela elétrica à CMVM.

A EDP nota que estes títulos de dívida (notes) não são garantidos (unsecured), “são sénior apenas relativamente às ações ordinárias da EDP e subordinados às suas obrigações de dívida sénior.”

As notes serão admitidas à Euronext Dublin e o montante angariado será serão usado “para financiar ou refinanciar, no todo ou em parte, o portefólio de projetos “green” elegíveis do grupo EDP tal como definido no “Green Bond Framework” da EDP, disponível no website da empresa”, refere a empresa.

Durante a manhã desta segunda-feira, a EDP enviou um comunicado à CMVM a convidar aos investidores para que apresentassem ofertas de venda em dinheiro de obrigações com maturidade em abril de 2079, identificadas pelo código “PTEDPKOM00”, que foram emitidas em 2019 com um montante global de mil milhões de euros (como identificado na imagem).

Em simultâneo, a empresa revelava que pretendia emitir nova dívida subordinada, com o intuito de “gerir proativamente” os respetivos “instrumentos híbridos”.

Fonte: EDP

No comunicado enviado durante a manhã, a empresa referia, sobre o convite à apresentação de ofertas de venda em dinheiro, que as mesmas estariam sujeitas “à aceitação por parte da EDP e a certos termos, condições e limites”.

Esta proposta terá ainda outra condicionante: “A aquisição dos instrumentos validamente oferecidos pelos titulares na oferta está sujeita, entre outros fatores, ao sucesso da colocação da emissão das novas green notes subordinadas”, indica a elétrica.

Nesse sentido, “a EDP pretende igualmente emitir uma nova série de instrumentos representativos de dívida subordinada fixed to reset com denominação em euros, sujeito a condições de mercado”.

Evolução das ações da EDP em Lisboa:

(atualizado às 18h25 com novo comunicado ao mercado)

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Obrigações da Greenvolt dão pouca energia à carteira dos investidores

Apesar de pagarem 5,2% por ano, as obrigações verdes da Greenvolt exigem o pagamento de muitos encargos que minguam os ganhos do investimento para um máximo de 3,56%.

João Manso Neto, CEO da Greenvolt, em entrevista ao ECO - 10JAN22
Antes de assumir a liderança da Greenvolt no primeiro trimestre de 2021, João Manso Neto foi presidente executivo da EDP Renováveis durante 15 anos.Hugo Amaral/ECO

A Greenvolt anunciou, na semana passada, a sua segunda emissão de obrigações verdes. A empresa liderada por João Manso Neto pretende financiar-se em 100 milhões de euros através de “green bonds” com maturidade a cinco anos, para financiar ou refinanciar projetos ligados às energias renováveis.

Segundo o prospeto das obrigações, o período da operação pública de subscrição (OPS) das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027” arrancou a 2 de novembro e vai prolongar-se até 15 de novembro, e exige um investimento mínimo de 2.500 euros, o equivalente à compra de cinco obrigações.

Para convencer os investidores a emprestarem-lhe o dinheiro pretendido, a Greenvolt compromete-se a pagar 5,2% brutos por ano até 2027, o que sugere um negócio tentador. Não só porque a maioria das ações, obrigações e fundos de investimento está a registar correções na ordem dos dois dígitos desde o início do ano, como também os depósitos a prazo estão a oferecer taxas próximas de 0%. Mas nem tudo o que reluz é ouro.

Considerando o preçário atual dos 12 bancos colocadores desta operação no mercado, um investimento de 2.500 euros (mínimo permitido) traduz-se numa taxa interna de rentabilidade (TIR) média líquida de apenas 2% no bolso dos pequenos investidores que não tenham outros títulos em carteira. E mesmo que tenham mais ações ou obrigações e possam inclusive investir o máximo permitido na aquisição das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027”, na melhor das hipóteses ganharão 3,56%.

Rendibilidade média anual das obrigações da Greenvolt

Fonte: ECO e preçários dos 12 bancos colocadores das Obrigações Verdes Greenvolt 2027. Rendibilidade média anual estimada de um investimento que leve as obrigações até à maturidade.

O potencial ganho que as obrigações da Grenvolt oferecem é limitado face ao risco do investimento. Os Certificados de Aforro, por exemplo, estão a pagar 2,5% em novembro (1,79% líquidos) e, ao contrário das obrigações da Greenvolt, são garantidos pela República Portuguesa, não têm oscilações de preço e não têm encargos associados.

Mas não é só face aos títulos de dívida do Estado que as obrigações da Greenvolt se mostram como um investimento com pouca energia para a carteira dos pequenos investidores. Também em comparação com outras obrigações semelhantes se chega à mesma conclusão.

Obrigações verdes com diferentes tratamentos

As empresas estão cada vez mais a procurar financiamento através da emissão de obrigações sustentáveis, com particular foco nas obrigações verdes. A EDP é disso exemplo. Desde 2018 já angariou quase 8.700 milhões de euros em “green bonds”, tornando-se já no principal instrumento de financiamento da elétrica nacional.

As duas últimas emissões de obrigações verdes da EDP foram realizadas a 3 e 4 de outubro e foram colocadas somente junto de institucionais. A primeira resultou no financiamento de 500 milhões de dólares a cinco anos, pelo qual a elétrica assumiu o compromisso de pagar 6,3% por ano até 2027. A segunda emissão permitiu à empresa levantar 500 milhões de euros a oito anos pelo preço de 3,875%.

É de notar ainda que a EDP detém 75% da EDP Renováveis, concorrente direta da Greenvolt, e é uma empresa que apresenta uma capitalização bolsista 16 vezes acima da Greenvolt e detém um rating creditício de “BBB” conferido pela S&P e pela Fitch, apenas um nível abaixo do rating de Portugal.

A Greenvolt não é avaliada por nenhuma das maiores empresas de análise de risco creditício (Moody’s, Fitch e S&P). Porém, tem um rating de “BBB-” atribuído pela agência de rating europeu Ethifinance e será sob este nível de risco que negoceiam as obrigações da Greenvolt.

Numa comparação com as emissões obrigacionista da EDP, particularmente na operação com o mesmo prazo de investimento das obrigações da Greenvolt, verifica-se que o potencial ganho que a OPS das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027” confere aos pequenos investidores parece curto. Porém, é importante notar que ao contrário da emissão da Greenvolt que é realizada em euros e totalmente orientada para o retalho, a emissão da EDP foi realizada em dólares e foi colocada junto de investidores institucionais.

O mesmo sucede com a emissão verde de dívida sénior preferencial da Caixa, realizada a 24 de outubro, um dia antes do anúncio da operação da Greenvolt. Em vez de captar o interesse dos pequenos investidores, a Caixa preferiu financiar-se junto de investidores institucionais, obtendo um financiamento de 500 milhões de euros pelo qual o banco público assumiu o compromisso de pagar aos seus credores um juro de 5,75% por ano até 2028.

Tomando em conta as operações da EDP e da Caixa, fica-se com a ideia de que as emissões obrigacionistas das empresas pagam melhor os investidores institucionais do que os pequenos investidores. E isso não é culpa das empresas mas dos intermediários financeiros que continuam a cobrar comissões elevadas para negociar obrigações que ofuscam grande parte dos ganhos das operações, particularmente quando o montante do investimento é reduzido.

Os melhores negócios fazem-se depois da OPS

As últimas contas da Greenvolt mostram uma empresa com uma estrutura financeira orientada para um ambicioso plano de expansão para os próximos anos, que é sustentado por vários projetos em pipeline com capacidade de produção de 6,7 gigawatts, o equivalente à produção energética de cerca de 2400 turbinas eólicas, sendo que 43% destes projetos entrarão em atividade já no próximo ano.

No plano de investimento da empresa estão contabilizados investimentos entre 3,8 mil milhões e 4,2 mil milhões de euros até 2026 que, segundo a empresa, serão realizados através de um “aumento moderado da dívida financeira”.

Os resultados do último semestre apontam para uma dívida bruta de 590 milhões de euros até junho, o equivalente a 48% do ativo, e uma dívida líquida de 2,3 vezes o EBITDA, menos de metade da média dos cinco principais concorrentes da Greenvolt.

Todas estas métricas espelham a qualidade da equipa de Manso Neto, que assumiu a liderança da empresa no primeiro trimestre de 2021, após o spin-off da empresa da Altri. Porém, para os investidores que estão de olho na OPS das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027”, há outras contas a fazer.

Por exemplo, a última emissão obrigacionista realizada pela Greenvolt, que teve lugar a 10 de novembro de 2021, resultou na emissão de 100 milhões de euros de obrigações verdes com data de vencimento em 2028 e uma taxa de cupão de 2,625%. Quem foi à OPS destas obrigações e mantiver os títulos até à maturidade, contará com uma rendibilidade média anual bruta equivalente à taxa de cupão.

No entanto, se hoje comprasse as mesmas obrigações no mercado aberto (estão a cotar na Euronext Lisboa) e as levasse até à maturidade, iria alcançar uma rendibilidade média anual de 4,6%. Isto porque as obrigações estão a negociar com um desconto de 13% face ao seu valor nominal e com uma yield de 4,6%.

Atualmente vivemos num período marcado por subidas das taxas de juro que têm provocado desvalorizações bastante acentuadas no preço das obrigações. É o caso das obrigações da Greenvolt com maturidade em 2028, e deverá ser assim com as “Obrigações Verdes Greenvolt 2027”, que tal como as anteriores também serão admitidas à negociação na Euronext Lisboa.

Até que as taxas de juro continuem a subir, dificilmente os preços das obrigações irão estabilizar. Assim, comprar obrigações abaixo do seu valor nominal no mercado aberto (na bolsa) e mantê-las até à maturidade será sempre um negócio mais vantajoso do que comprá-las no decorrer de uma operação pública de subscrição, quando a compra é realizada ao preço nominal.

Ficha técnica das “Obrigações Verdes Greenvolt 2027”

  • Nome: Obrigações Verdes Greenvolt 2027
  • ISIN: PTGNVGOM0004
  • Valor nominal: 500 euros
  • Investimento mínimo: 2.500 euros
  • Taxa de cupão: 5,20%
  • Prazo de subscrição: Entre 2 e 15 de novembro
  • Data de reembolso: 18 de novembro de 2027
    Juros: O pagamento dos cupões será realizado semestralmente a 18 de maio e 18 de novembro de cada ano.
  • Admissão: As obrigações serão admitidas à negociação na Euronext Lisboa.
  • Emissão: 95,6 milhões de euros (já descontando os encargos da emissão)

Nota: A análise do ECO à emissão da Greenvolt não dispensa a consulta do prospeto.

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Julgamento da multa de 48 milhões à EDP por abuso de posição dominante pode ser suspenso

  • Lusa
  • 28 Junho 2022

Tribunal da Concorrência admite suspender o julgamento do recurso da EDP Produção à multa aplicada pelo regulador por abuso de posição dominante para que tribunal europeu se pronuncie.

O Tribunal da Concorrência admite suspender o julgamento do recurso da EDP Produção à coima de 48 milhões de euros por abuso de posição dominante, para que o Tribunal de Justiça da União Europeia se pronuncie sobre algumas questões.

O julgamento do recurso da EDP Produção à coima que lhe foi aplicada, em 2019, pela Autoridade da Concorrência (AdC), iniciado em outubro de 2021, tem alegações finais agendadas para o próximo dia 6 de julho, tendo o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, admitido a possibilidade de vir a suspender o processo para reenvio prejudicial para o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE).

Em resposta ao convite feito pelo juiz Sérgio Sousa para que os sujeitos processuais pensassem em eventuais questões que entendessem pertinente colocar ao TJUE, caso venha a decidir pelo reenvio prejudicial, tanto a AdC como a EDP apresentaram as suas sugestões, em requerimentos juntos ao processo, consultado esta terça-feira pela Lusa.

Ambas afirmam não verem necessidade de ocorrer essa diligência, com a Autoridade da Concorrência a lembrar que levaria ao “adiamento desnecessário” de uma decisão do tribunal.

O reenvio prejudicial é possível desde que seja suscitada uma questão de interpretação nova e que tenha interesse para a aplicação uniforme do direito da União Europeia ou quando a jurisprudência existente não permita lidar com uma nova situação jurídica.

Na condenação proferida pela AdC, a EDP – Gestão da Produção de Energia, S.A. (EDP Produção) é acusada de ter, durante cinco anos (de 2009 a 2013), manipulado a sua oferta do serviço de telerregulação ou banda de regulação secundária.

Segundo a decisão da AdC, com esta prática, a EDP Produção limitou a oferta de capacidade das suas centrais que beneficiam de compensações públicas ao abrigo do regime CMEC (Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual), reforçando as centrais em regime de mercado, “de modo a ser duplamente beneficiada, em prejuízo dos consumidores”.

A banda de regulação secundária ou telerregulação é o serviço que assegura que, a todo o momento, os consumidores recebem a energia elétrica de que necessitam, equilibrando a produção das centrais e o consumo das famílias e das empresas, explicita a AdC.

Os CMEC foram criados pelo Governo em 2004, para garantir às centrais de geração de energia elétrica uma remuneração equivalente à que poderiam obter em troca pela rescisão antecipada dos Contratos de Aquisição de Energia (CAE) que tinham assinado com a REN.

Agendadas para esta terça-feira, as alegações finais acabaram por ser adiadas para a próxima semana, já que foi dado prazo ao Ministério Público e à AdC para exercerem o contraditório relativamente a um parecer do ex-juiz do Tribunal Geral da União Europeia Ian Forrester, junto pela EDP.

Nesse parecer, cuja tradução deu entrada ao final da tarde de segunda-feira, Ian Forrester sugere que a decisão da AdC seja anulada ou devolvida para mais considerações ou, caso tal não aconteça, que a coima seja substancialmente reduzida, por, nomeadamente, considerar que a EDP cumpriu todos os pedidos da REN e que houve falha ao não se identificarem as ligações e interdependências dos vários produtores de eletricidade nos vários serviços do sistema.

A 30 de maio, a AdC havia juntado um segundo parecer jurídico elaborado por Richard Whish, professor de Direito da Concorrência da Universidade King’s College (que tinha já feito um parecer entregue nas alegações de resposta ao recurso da EDP), o qual corrobora a posição da Autoridade da Concorrência sobre a prática de abuso de posição dominante.

O Tribunal conta, ainda, com o parecer de Steffen Hoerning, professor da Nova SBE, cuja nomeação como assessor técnico do TCRS para este processo foi contestada pela EDP, por ter sido orientador de tese de uma assessora da AdC, tendo, contudo, sido indeferida a causa de suspeição levantada.

Stephen Hoerning conclui, no parecer datado de 26 de abril, que existiu de facto uma “estratégia” da EDP de evitar que as centrais CMEC fossem escolhidas para fornecer banda de regulação secundária e de tentar sensibilizar a REN sobre “perdas” nas reuniões de revisão anual dos CMEC, dando como exemplo a introdução, em 2010, de restrições adicionais às simulações do Valorágua.

O processo teve origem num estudo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) que analisou a formação dos preços no mercado de serviços de sistema do setor elétrico nacional, pedindo a ERSE à AdC, em março de 2013, que analisasse e identificasse eventuais práticas que configurassem incumprimentos do quadro legal da concorrência.

Em novembro de 2013, a AdC recomendou ao Governo uma revisão do regime dos CMEC, por entender que implicava riscos de sobrecompensação no auxílio de Estado atribuído à EDP Produção por rescisão antecipada dos CAE, bem como a realização de uma auditoria independente para avaliar riscos de sobrecompensação.

Em abril de 2014, o então secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, determinou uma auditoria pela REN para apurar o risco de sobrecompensação no modo de cálculo da revisibilidade de centrais abrangidas no mecanismo de CMEC e eventual distorção da concorrência.

A auditoria, desenvolvida pela Brattle, e o parecer da comissão que acompanhou este trabalho identificaram problemas de índole regulatória e contratual e eventual ocorrência de distorções concorrenciais, no quadro de funcionamento do mercado de banda de regulação secundária (serviço de telerregulação).

A ERSE e a AdC detetaram indícios de baixos níveis de utilização das centrais CMEC na prestação de serviço de telerregulação, em comparação com centrais hidroelétricas em regime de mercado, o que poderá ter estado na origem da subida dos preços no mercado no período em causa.

A EDP alega que as centrais CMEC estão concentradas no mercado terciário, ficando, assim, indisponíveis para o serviço de telerregulação e refere depoimentos de testemunhas durante o julgamento que apontaram erros e omissões no modelo de simulação de mercado feito pelo Brattel Group.

A empresa afirma que não foram tidas em conta questões como as perdas e incumprimentos gerados pela utilização do modelo Valorágua, ignorando o impacto nas receitas efetivamente auferidas, sublinhando que “raciocínios retroativos abstratos” se tornam “grosseiros e errados”.

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EDP Renováveis conclui venda de portefólio eólico de 328 milhões à China Three Gorges

Venda do portefólio eólico operacional com 181 MW localizado em Espanha à China Three Gorges está concluída. A transação avalia os ativos em 328 milhões de euros.

A EDP Renováveis fechou a venda de um portefólio eólico de 181 MW (megawatts) em Espanha à China Three Gorges, numa operação que o avalia em 328 milhões de euros, anunciou a empresa num comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A EDP – Energias de Portugal, através da sua subsidiária EDP Renováveis, detida em 74,98%, tem o prazer de anunciar, no seguimento da informação publicada ao mercado a 15 de novembro de 2021, a conclusão da venda de uma participação acionista de 100% num portfólio eólico operacional com 181 MW localizado em Espanha à China Three Gorges“, refere o documento.

Em causa estão 12 parques eólicos operacionais “que estão sobre o esquema remuneratório regulado de Espanha a 20 anos”. A EDP Renováveis refere que a idade média do portfólio é de 12 anos.

A transação avalia os ativos em 328 milhões de euros (enterprise value), o que se traduz num enterprise value por MW de 1,8 milhões de euros. Com a conclusão desta transação, a EDP Renováveis alcança 2,4 mil milhões de euros de encaixes com rotação de ativos, estando a mesma inserida no programa de rotação de ativos de oito mil milhões de euros para o período de 2021-25.

Com este negócio, a elétrica vai “acelerar a criação de valor e reciclar capital para reinvestir em crescimento rentável”, refere na mesma nota.

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EDP obtém direito de ligação à rede com solar flutuante no Alqueva

  • ECO
  • 5 Abril 2022

Elétrica espera que a capacidade de ligação à rede atribuída neste processo permita instalar até 154 MW de energias renováveis.

A EDP EDP 0,00% , através da EDP Renováveis, obteve o direito de ligação à rede de eletricidade para uma capacidade de 70 MVAs no Alqueva, no leilão de solar flutuante em Portugal, com um CfD (contrato por diferenças) de -€4/MWh por um período de 15 anos.

Em comunicado enviado ao mercado, a elétrica espera que a capacidade de ligação à rede atribuída neste processo permita instalar até 154 MW de energias renováveis, incluindo 70 MW de solar PV flutuante sujeitos ao CfD acima referido e, adicionalmente, 14 MW de sobreequipamento solar e hibridização de 70 MW de capacidade eólica, ambos excluídos do CfD.

O projeto tem data de entrada em operação prevista para 2025. A EDP fala em “exemplo claro da criação de valor através da hibridização de tecnologias renováveis e da otimização da capacidade de ligação à rede elétrica”.

Ainda no âmbito deste projeto, a empresa liderada por Stilwell d’Andrade assinala ainda que vai promover a aceleração da transição energética e a descarbonização da economia.

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WannaCry? NotPetya? Estes foram alguns dos ciberataques mais mediáticos dos últimos anos em Portugal

Na semana em que a Vodafone assumiu ter sido alvo de um ato de sabotagem informática, que deixou milhões de portugueses sem comunicações, recorde alguns dos maiores ciberataques em Portugal.

A Vodafone junta-se esta semana à lista cada vez mais extensa de vítimas portuguesas de ciberataques mediáticos. Perto de quatro milhões de clientes ficaram sem comunicações eletrónicas.

A maioria dos incidentes de cibersegurança nem chega a ver a luz do dia, e as grandes empresas dizem-se alvo de centenas deles numa base diária. Mas 2022 tem sido pródigo em problemas deste tipo, com impacto no dia-a-dia de milhões de empresas e consumidores.

O ECO revisitou alguns dos ciberataques que chegaram às páginas dos jornais nacionais nos últimos anos, desde o pedido de resgate em bitcoins à Portugal Telecom ao susto que levou o Serviço Nacional de Saúde a desligar o cabo da internet. Recorde-os.

WannaCry, 12 de maio de 2017

O ataque mundial que ficou conhecido por WannaCry tem sido apontado por alguns especialistas como um ponto de viragem na forma de se olhar para a cibersegurança. Até então, o tema era tratado na maioria das organizações como um problema do departamento de TI — agora, é uma preocupação das administrações.

Em 12 de maio de 2017, um software malicioso propagou-se por computadores e sistemas por todo o planeta, chegando a Portugal. Com ele, os atacantes bloqueavam os dados dos utilizadores a cadeado, exigindo 300 bitcoins pela chave. Este tipo de ataque é conhecido por ransomware, o nome técnico dos sequestros de dados.

“Também pedem resgate de bitcoins à PT”, escreveu o ECO na altura. Nesse dia, a operadora que agora se chama Meo publicou no Twitter: “Confirmamos que a PT foi alvo de um ataque informático. Esta situação não tem impacto na segurança dos seus serviços Meo.”

Não foi a única vítima. O ataque prejudicou empresas como FedEx, Boeing e muitas outras. Mais tarde, veio a saber-se que os atacantes terão recorrido a uma vulnerabilidade desenvolvida pela National Security Agency (NSA) dos EUA, denominada EternalBlue, e com potencial para se espalhar por computadores com versões mais antigas do Windows. O caso suscitou um debate em torno dos riscos de grandes potências mundiais deixarem cair as suas ciberarmas nas mãos erradas.

EUA e Reino Unido acusaram a Coreia do Norte de estar por detrás do ciberataque. Estimativas indicam que o vírus informático terá infetado centenas de milhares de computadores em cerca de 150 países e gerado prejuízos de milhares de milhões de dólares.

NotPetya, 27 de junho de 2017

Ainda a economia mundial lambia as feridas do WannaCry quando emergiu outro ciberataque internacional, que acabou por ficar conhecido por NotPetya. O clima de receio era tal que os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) optaram por desligar os correios eletrónicos e a internet no Serviço Nacional de Saúde (SNS), a título preventivo.

Mondelez, Saint-Gobain, Merck e Maersk, a gigante dos contentores que é uma peça fundamental da engrenagem da globalização, foram algumas das empresas afetadas e que enfrentaram pesados prejuízos.

Na altura, o ECO escreveu que eram conhecidos casos de infeção por este vírus informático em Portugal: “O vírus atingiu as empresas do GrupoM Mindshare e MEC, parte do grupo internacional WPP. A Ogilvy Portugal, do mesmo conglomerado, terá instruções para desligar os sistemas.”

EDP, 13 de abril de 2020

Em plena primeira vaga da Covid-19, com meio mundo fechado em casa, a imprensa nacional noticiou que a EDP teria sido alvo de um ataque informático. “Piratas informáticos reclamam dez milhões de resgate à EDP”, escrevia o Jornal de Notícias.

A tese era a de que teria surgido na deep web, uma espécie de segunda camada da internet, um pedido de resgate à EDP por cerca de 10 TB de dados alegadamente roubados à empresa. Em consequência, os atacantes ameaçavam tornar esta informação pública.

Na altura, o ECO conseguiu confirmar que uma página na deep web alegava ter dados sensíveis da EDP, sendo pedido um resgate em bitcoins. Era ainda fornecido um canal de comunicação para eventual negociação.

Os supostos hackers apresentavam também uma amostra da informação alegadamente roubada à elétrica nacional. Mas não foi possível validar a sua autenticidade.

A EDP negou sempre ter sido vítima de ciberataque. E o facto é que, tanto quanto se sabe hoje em dia, não há indícios de que, tendo ocorrido, tenha tido um impacto material relevante na operação ou finanças da companhia.

Altice, 16 de abril de 2020

Dias depois da notícia sobre o alegado ataque à EDP, surgiam novas notícias sobre um novo ciberataque, desta vez à Altice.

A empresa que detém a Meo confirmou na altura ter sido “alvo do ataque”, mas assegurou que “as consequências deste foram praticamente nulas”.

Impresa, 2 de janeiro de 2022

Pulando até 2022, no rescaldo da passagem de ano, em 2 de janeiro, os sites da Impresa, incluindo os da SIC Notícias e do Expresso, foram alvo de um ciberataque de ransomware (o grupo nega que tenha sido pedido um resgate).

Foi o primeiro de uma série de ciberataques mediáticos no arranque deste ano. Durante cerca de uma semana, os sites da Impresa mantiveram-se indisponíveis, até regressarem em formato provisório.

O ciberataque foi reivindicado pelo autointitulado Lapsu$ Group, que também reivindicou a autoria de ataques mediáticos no Brasil.

Mais de um mês depois do incidente, os sites da Impresa continuam a funcionar em versões provisórias e o arquivo digital dos meios de comunicação social do grupo desapareceu.

Parlamento, 30 de janeiro de 2022

Semanas depois do ataque à Impresa, um grupo homónimo publicou num fórum o que alegava serem dados sensíveis da Assembleia da República, conseguidos num ciberataque, em pleno dia de eleições legislativas.

Não tardou até o Lapsu$ Group, no seu canal no Telegram, negar ser autor do ataque ao Parlamento, acusando o autor da publicação de roubo de identidade.

O site do Parlamento foi “desligado” na sequência destas alegações. Na altura, fonte oficial da Assembleia da República explicou que, “na sequência de um alegado ataque informático”, foi “tomada a decisão de impedir todos os acessos externos ao portal internet do Parlamento, de forma a permitir aos serviços informáticos e às autoridades competentes a análise exaustiva de toda a estrutura informática”.

A mesma fonte acrescentou que não houve “evidência de qualquer impedimento no funcionamento do portal”, tendo restabelecido os acessos. A Polícia Judiciária abriu uma investigação.

TAP, 1 de fevereiro de 2022

Em 1 de fevereiro, a conta oficial da TAP no Twitter começou a exibir um comportamento estranho, publicando uma série de mensagens com a palavra “awesome” (fantástico, em português).

Pouco depois, fonte oficial da companhia aérea confirmava que a sua conta tinha sido pirateada. “A TAP confirma que a sua conta oficial no Twitter foi alvo de um ataque informático. A companhia desenvolveu já todas as diligências necessárias para proteger a sua conta, que está de momento suspensa”, disse a empresa.

O incidente terá ficado circunscrito ao Twitter, sem impacto material na empresa. Entretanto, o grupo recuperou o controlo da conta na rede social.

Vodafone, 7 de fevereiro de 2022

Na noite de segunda-feira, por volta das 21h, os clientes do serviço móvel da Vodafone deram por si sem acesso à rede e impossibilitados de fazer chamadas, enviar mensagens e aceder à internet. Os serviços da Vodafone continuaram a enfrentar severas dificuldades técnicas madrugada dentro.

Esta terça-feira de manhã, a operadora divulgou um comunicado a dar conta de que tinha sido alvo de um ciberataque. Numa conferência de imprensa marcada de urgência poucas horas depois, o presidente executivo da Vodafone, Mário Vaz, revelou que a empresa esteve a trabalhar de forma “ininterrupta” toda a noite, classificando o incidente de “ato terrorista e criminoso”.

A empresa disse que o ataque foi dirigido às redes em Portugal, tendo apenas escapado a rede fixa de internet. Segundo Mário Vaz, o ciberataque foi feito de forma a “dificultar ao máximo” a reposição. Ao final do dia de terça-feira, os serviços da Vodafone continuavam a enfrentar algumas dificuldades, embora a operadora tenha conseguido repor alguns dos serviços aos seus quatro milhões de clientes.

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EDP diz que Europa tem “um problema” com licenciamento de renováveis, mas Portugal até é “um bom país”

  • Lusa
  • 26 Novembro 2021

Existe "um problema" com o licenciamento de renováveis, um processo que é demorado na ótica da EDP. CEO da elétrica reconhece, no entanto, que Portugal "até é considerado um bom país" a esse nível.

O presidente da EDP EDP 0,00% e da EDP Renováveis EDPR 1,48% , Miguel Stilwell d’Andrade, afirmou que a Europa tem um problema com o licenciamento para renováveis e defendeu uma avaliação comparativa (benchmarking) dos diferentes países.

“A Europa como um todo tem um problema com o licenciamento, Portugal até é considerado um bom país”, afirmou o líder da EDP, em declarações aos jornalistas, na Grécia, na quinta-feira, à margem da inauguração do primeiro parque eólico do grupo naquele território.

Segundo o responsável, a EDP tem defendido junto da Comissão Europeia que se faça uma avaliação comparativa dos diferentes países, para que os próprios saibam, por exemplo, qual o tempo médio de licenciamento para renováveis nas diferentes localizações.

Stilwell d’Andrade defendeu que aquela informação ajudaria a perceber onde estão as dificuldades no processo de passar “do papel para a prática”, no que diz respeito a projetos renováveis. “Tendo todos nós o objetivo de cumprir com as metas [de descarbonização] da Europa até 2030 e depois até 2050, era importante perceber onde é que estão os bloqueios que possam impedir o avanço”, acrescentou.

Para o responsável, não basta que sejam as empresas a crescer para dar conta do maior número de projetos, decorrentes da necessidade de acelerar o ritmo de construção, mas é também preciso que as autoridades administrativas, locais e nacionais, se adaptem à exigência.

Questionado sobre a contribuição extraordinária sobre o setor energético (CESE), criada em 2014 e que foi renovada para que continue em vigor no próximo ano, Stilwell d’Andrade lamentou que não seja aplicada uma diminuição daquela taxa, em linha com a redução da dívida do sistema elétrico, tal como previam os últimos orçamentos.

Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), a dívida do sistema elétrico baixa mais de 1.000 milhões de euros no próximo ano, lembrou o CEO.

“A nossa expectativa era, claramente, que a CESE também baixasse e acho que isso é legítimo. […] Temos de analisar as consequências disso, no ano passado retirámos os litígios que tínhamos em relação à CESE, mas com expectativa de que haveria depois uma redução em linha com as expectativas que nos foram criadas”, admitiu o responsável.

Relativamente à consulta pública para a nova legislação do sistema elétrico, que terminou na quarta-feira e que prevê a inclusão das eólicas no mar (offshore), o líder do grupo EDP garantiu que todas as oportunidades que possam existir em Portugal serão sempre analisadas.

A Lusa viajou para a Grécia a convite da EDP.

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EDP admite concorrer à reconversão da central do Pego

  • Lusa
  • 26 Novembro 2021

CEO da elétrica disse aos jornalistas estar a avaliar concorrer à reconversão da central a carvão do Pego, em Abrantes, que encerra a 30 de novembro. EDP avança se conseguir uma proposta competitiva.

A EDP EDP 0,00% está a avaliar concorrer à reconversão da central a carvão do Pego, em Abrantes, que encerra em 30 de novembro, e avança se conseguir uma proposta competitiva, afirmou o presidente executivo, Miguel Stilwell d’Andrade.

A informação foi avançada aos jornalistas pelo líder do grupo EDP, à margem da cerimónia de inauguração do primeiro parque eólico da elétrica na Grécia, na quinta-feira, quando questionado sobre a participação da empresa no terceiro leilão de energia solar, que arranca hoje.

“Vamos participar, vamos analisar todos os processos de leilões que possam aparecer. […] Temos particular interesse em olhar para a parte dos híbridos, dos flutuantes, por exemplo, e estamos também a olhar para a oportunidade da central do Pego”, avançou Stilwell d’Andrade.

No entanto, a decisão não está ainda fechada, uma vez que o concurso público lançado pelo Governo para a reconversão da infraestrutura decorre até às 23h59 do dia 17 de janeiro de 2022, após a prorrogação do prazo para a entrega de propostas por três meses. “Havendo condições e, se acharmos que conseguimos pôr uma proposta competitiva em cima da mesa, obviamente que o faremos”, acrescentou o responsável.

Não querendo antecipar uma proposta que ainda não existe, o presidente executivo da EDP apontou que, a acontecer, envolveria a componente de energias renováveis e poderia também envolver uma componente de hidrogénio.

No dia 17 de setembro, o Governo anunciou a abertura do concurso público para a atribuição do ponto de injeção na Central do Pego, atualmente ocupado pela unidade a carvão, que deixou de produzir na passada sexta-feira, com uma potência instalada de 628 megawatts.

O leilão de 262 megawatts (MW) de energia solar flutuante em sete barragens nacionais (Alqueva, Castelo de Bode, Cabril, Alto Rabagão, Paradela, Salamonde e Tabuaço) começa hoje e termina em 29 de janeiro, anunciou na quarta-feira o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.

Relativamente ao projeto de hidrogénio verde em Sines, Green H2 Atlantic, que será coordenado pela EDP Renováveis (EDPR) e que tem como objetivo a criação de um gigawatt (GW) de capacidade de produção de hidrogénio verde, Stilwell d’Andrade não antevê uma decisão de investimento no curto prazo. Para o CEO da EDP e da EDPR, a tecnologia do hidrogénio é ainda muito embrionária e é necessário fazer uma análise técnica e económica do projeto. No entanto, prosseguiu, o consórcio “está a trabalhar” e tem “alguma indicação de apoio por parte de Bruxelas”.

A Lusa viajou para a Grécia a convite da EDP.

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Lucros da EDP baixam 2% até setembro

Nos primeiros nove meses do ano, a EDP registou lucros de 510 milhões de euros. Quebra homóloga sem efeitos extraordinários deve-se aos custos com compra de energia e recursos eólicos abaixo da média.

Nos primeiros nove meses do ano, a EDP apresentou um resultado líquido recorrente de 510 milhões de euros, o que representa uma descida de 2% face a igual período de 2020. Se forem considerados os efeitos extraordinários, o comparativo aponta para uma progressão de 21%.

A empresa de energia assinala que estes resultados foram “marcados pela positiva pela integração da Viesgo em Espanha e pelo bom desempenho das redes no Brasil, tendo sido penalizados pela subida dos custos com compra de energia no mercado ibérico e por recursos eólicos abaixo da média”.

Em comunicado enviado à CMVM, a empresa liderada por Miguel Stilwell d’Andrade aponta que o EBITDA recorrente caiu 1% neste período, para 2.511 milhões de euros, embora excluindo o impacto das variações cambiais (-4% em termos homólogos) tenha aumentado 3%.

No segmento das renováveis, o EBITDA recorrente baixou 4%. “Apesar do desempenho da produção hídrica tenha sido acima da média na Península Ibérica e ainda que a capacidade instalada eólica e solar tenha aumentado 13% para 13,0 GW, estes impactos foram mais do que compensados por recursos eólicos 5% abaixo da média e pelos efeitos negativos do Vortex polar nos EUA no mês de fevereiro”, lê-se no mesmo documento.

Por outro lado, nas redes de eletricidade disparou 43%. Em Portugal e Espanha, os custos operacionais mantiveram a trajetória decrescente (-6%) devido à digitalização e no país vizinho, com o avanço da integração da Viesgo, mais do que duplicou a dimensão das operações. No Brasil, os investimentos em novos projetos de transmissão e reforço do capex de redes de distribuição, assim como a atualização anual das receitas reguladas à taxa de inflação, mais do que compensaram a desvalorização de 11% do real face ao euro.

No comunicado de 29 páginas divulgado esta quinta-feira, a EDP assinala ainda que o segmento de serviços a clientes e gestão de energia foi penalizado pelo disparo dos preços da energia nos mercados grossistas, em particular no segundo e terceiro trimestres, que implicou a “subida dos custos de produção e sourcing e teve um impacto mark-to-market negativo nos contratos de hedging de energia”. A quebra neste segmento foi de 66%.

A dívida líquida totalizava 12,1 mil milhões de euros em setembro, em linha com o valor no final do ano passado. Foi “impactada pela aceleração do investimento, sobretudo em renováveis e redes no seguimento do plano estratégico, e pelo aumento do fundo de maneio, que foram mitigados pelo aumento de capital de 1,5 mil milhões da EDPR e pela emissão de 2 mil milhões de híbridos verdes”.

Entre janeiro e setembro, o investimento bruto da EDP ascendeu a 2,7 mil milhões de euros (+15%) — dos quais 95% em energias renováveis e redes de eletricidade –, naquilo que descreve como um “forte alinhamento com a transição energética”. Com o reforço de 2,5 GW de capacidade ao longo dos últimos 12 meses, 76% da produção de eletricidade teve origem em energias renováveis. A capacidade instalada de carvão caiu 37%, explicada pela “estratégia de descarbonização até 2025”.

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EDP “não sente necessidade de entrar em movimentos” de consolidação

  • ECO
  • 17 Março 2021

Numa entrevista a um jornal espanhol, o presidente executivo da EDP disse que a empresa "não sente necessidade" de entrar em movimentos de consolidação. Enalteceu "trajetória independente" da empresa.

O presidente executivo da EDP EDP 0,00% defende que a elétrica não tem necessidade de “entrar em movimentos” de consolidação. Numa entrevista ao El Economista, quando questionado se este é o momento para grandes fusões no setor, Miguel Stilwell d’Andrade enalteceu a “larga trajetória independente” do grupo português.

“Julgo que não há momentos de maior ou menor consolidação. Se há movimentos que façam sentido, então que se concretizem. Mas, no caso da EDP, temos uma larga trajetória independente e seguiremos seguros dessa trajetória para o futuro”, afirmou o gestor, descartando, assim, eventuais operações de fusão envolvendo a EDP.

O gestor aproveitou para afirmar também que a empresa tem sido “líder na hora de antecipar as principais tendências” e que o grupo mantém “uma posição de liderança em Espanha nas renováveis e nas redes”. Por isso, “não sentimos a necessidade de entrar em movimentos desse tipo”, reforçou.

Falando sobre o mercado norte-americano, Miguel Stilwell d’Andrade disse que a presidência de Joe Biden é uma “oportunidade de crescimento” e justifica o “plano de negócios tão ambicioso” nesse país, que já é o maior mercado de renováveis da EDP, representando metade do portefólio, informou.

No que diz respeito à Europa, Stilwell considera que o continente é “líder em transição energética” e destaca como pontos essenciais para esse processo a eletrificação, a “eficiência energética e novas tecnologias, como hidrogénio e baterias”, e os transportes.

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