Pesca da sardinha suspensa? Decisão só chega em outubro

Depois do alarme inicial, Bruxelas veio dar esclarecimentos para acalmar a polémica. A Comissão Europeia diz que não decide a gestão das existências dos Estados-Membros.

Uma recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar deixou o presidente da Associação de Produtores da Pesca do Cerca “perplexo”. Em causa está a suspensão total da pesca da sardinha por um período mínimo de 15 anos. Mas a Comissão Europeia já veio pôr água na fervura esta quinta-feira: não é Bruxelas quem decide essa política, não foi tomada nenhuma decisão e a recomendação final desse conselho internacional só chegará em outubro.

Os pescadores vão ter de esperar três meses para saberem a recomendação final sobre os limites à captura da sardinha. Num documento divulgado pelo Jornal de Negócios, a indicação em cima da mesa era suspender a pesca. “Temos agora de esperar pela recomendação final do Conselho Internacional de Exploração do Mar, que será emitida apenas em outubro“, explica o diretor geral da Direção-Geral de Assuntos Marítimos e Pescas da Comissão Europeia, João Aguiar Machado, em comunicado. Segundo as autoridades comunitárias, depois de recebido, o parecer será discutido com Portugal e Espanha, que partilham responsabilidades no caso.

Temos agora de esperar pela recomendação final do Conselho Internacional de Exploração do Mar, que será emitida apenas em outubro.

João Aguiar Machado

Diretor Geral da Direção-Geral de Assuntos Marítimos e Pescas da Comissão Europeia

Quando a recebermos, iremos analisar e discutir o parecer com Portugal e Espanha, tendo em conta argumentos científicos mas também o impacto socioeconómico de qualquer decisão, em colaboração com as entidades nacionais”, adianta João Aguiar Machado. Reconhecendo a importância “socioeconómica e mesmo cultural” das sardinhas em Portugal, Bruxelas ressalva que não há uma quota para as sardinhas da União Europeia e que a decisão da gestão de existências está do lado dos Estados-Membros.

Contudo, o plano de gestão acordado entre Portugal e Espanha tem como base o “aconselhamento científico do Conselho Internacional de Exploração do Mar”. “A Comissão Europeia tem acompanhado de perto todas as medidas tomadas pelos dois Estados-Membros, mas não há uma gestão desta espécie a nível europeu”, refere o Executivo comunitário, referindo que a Comissão continuará a apoiar as autoridades nacionais “a dar resposta a esta questão, nomeadamente através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas e dos 506 milhões do Programa Operacional para Portugal para 2014-2020”.

Este parecer não contém absolutamente nenhuma informação científica nem profissional desde outubro do ano passado e até agora.

Humberto Jorge

Presidente da Associação de Produtores da Pesca do Cerco

Perante a notícia sobre a possibilidade de se vir a recomendar a suspensão por completo da pesca da sardinha durante 15 anos, o presidente da Associação de Produtores da Pesca do Cerco tinha dito esta quinta-feira à Lusa que estava “perplexo” e apontou para um “cenário apocalíptico”. “Discordamos totalmente deste parecer e não o compreendemos de todo”, afirmou Humberto Jorge, assinalando que não entende como se passou de um cenário “relativamente positivo” para um cenário “tão pessimista”. “Este parecer não contém absolutamente nenhuma informação científica nem profissional desde outubro do ano passado e até agora“, acrescentou.

Em declarações ao Jornal de Negócios, o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, também assinalou o mesmo aspeto da desatualização da informação. Como já indicava José Apolinário, o relatório e a recomendação final só será completada nos próximos meses.

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Consultora McKinsey considera que trabalhava para Domingues

  • Lusa
  • 20 Julho 2017

Não havia contrato, mas a McKinsey confirma a versão do Governo de que trabalhava para Domingues, ainda que tenha sido a CGD a pagar a fatura. A consultora esteve presente em reuniões com Bruxelas.

A consultora McKinsey, que apoiou a elaboração do plano estratégico da Caixa Geral de Depósitos (CGD), considera que “a contraparte dos trabalhos” que realizou e o seu único interlocutor foi o ex-presidente do banco público, António Domingues. Durante as audições da segunda comissão de inquérito sobre a CGD, este foi um dos pontos de discussão, com o Governo a remeter a responsabilidade da contratação da consultora e de um escritório de advogados para Domingues.

Por seu lado, o anterior presidente da Caixa, embora admitindo as contratações, defendeu que só as fez porque o Governo o convidou para dirigir o processo de recapitalização da Caixa. “Não trabalharam para mim no sentido em que eu não precisaria deles se o Governo não me tivesse convidado para a recapitalização da Caixa”, afirmou na terça-feira António Domingues, admitindo, contudo, que não foi feito qualquer contrato que o referisse explicitamente.

Em resposta a perguntas formuladas pelos grupos parlamentares do PSD e do BE, a que a Lusa teve acesso, a consultora refere que foi contratada por António Domingues em abril do ano passado e que “de forma alguma” estaria acordado que seria a CGD a pagar os seus serviços (que ascenderam a 960 mil euros), como acabou por acontecer.

“Na perspetiva da McKinsey, a contraparte dos trabalhos em questão era o dr. António Domingues”, referem, confirmando que não foi realizado qualquer contrato. Quanto ao pagamento, a consultora diz que “reconhecida a importância crítica da colaboração, a McKinsey assumiu-a com plena consciência de que poderiam “não existir condições futuras para faturação parcial ou total dos seus honorários”.

O trabalho de assessoria da consultora incidiu no apoio à elaboração do plano estratégico da CGD. No âmbito deste trabalho, a McKinsey garante que apenas se reuniu com António Domingues e que só para a apresentação do plano teve contacto com a administração do banco público, já em setembro. Questionada se manteve reuniões com alguns representantes do Ministério das Finanças, a McKinsey disse ter participado em “algumas reuniões técnicas com a DGComp” (Direção Geral da Concorrência), que eram coordenadas por esse Ministério.

A consultora garante ainda que os trabalhos que realizou se apoiaram “exclusivamente em informação pública e em informação financeira de natureza agregada prestada pelo Dr. António Domingues via Ministério das Finanças”.

A segunda comissão de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósitos concluiu na terça-feira as audições e o projeto de relatório deverá ficar concluído até final de julho, mas as conclusões poderão apenas ser aprovadas na próxima sessão legislativa. Esta comissão parlamentar de inquérito tem por objeto apurar a atuação do Governo na nomeação, gestão e demissão da anterior administração do banco público.

Um dos pontos centrais desta comissão de inquérito, pedida potestativamente (de forma obrigatória) por PSD e CDS-PP, era apurar se “é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]”, o que foi sempre negado pelo Governo.

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Blackstone prepara venda de centros comerciais em Portugal

O fundo de private equity estará a preparar a venda do Sintra Retail Park, do Forum Sintra, do Forum Montijo e do Almada Forum, apurou a Bloomberg. Poderá render até 900 milhões de euros.

O americano Blackstone estará a preparar a venda de pelo menos quatro centros comerciais em Portugal. Em causa estará a alienação do Sintra Retail Park, do Forum Sintra, do Forum Montijo e do Almada Forum, segundo apurou a Bloomberg junto de duas fontes próximas do processo.

A agência de notícias procurou confirmar junto de representantes daquele que é um dos o maiores private equity do mundo se de facto tem a intenção de se desfazer desses ativos situados nos arredores da capital portuguesa, que declinaram fazer qualquer declaração a esse propósito. Também a JLL, que terá sido a escolhida para mediar essa venda, não teceu qualquer comentário. Contactada pelo ECO, a consultora de imobiliário também se escusou a fazer qualquer declaração se seria a mediadora escolhida ou se teria recebido contactos de compradores eventualmente interessados.

O conjunto dos quatro centros comerciais poderão estar avaliados no intervalo entre 750 milhões e 900 milhões de euros, montante que caso a operação avance tornar-se-á na maior venda de imobiliário em pelo menos uma década, em Portugal, afirmou Cristina Arouca, diretora da consultora de imobiliário CBRE, citada pela Bloomberg.

A confirmar-se, essa alienação acontece numa altura em que o imobiliário português tem beneficiado de uma acentuada valorização, com taxas de crescimento que superam as de países como o Reino Unido e a Alemanha. A consultora de imobiliário CBRE estima que o investimento em propriedade comercial poderá crescer para um recorde de três mil milhões de euros este ano, em Portugal, o que corresponde a mais de duas vezes o valor observado em 2016.

De recordar que a Blackstone começou a apostar no negócio dos centros comerciais em Portugal em 2013, um ano antes de Portugal ter saído do resgate financeiro. Nessa ocasião comprou a Multi Corporation, gestora do Sintra Retail Park e do Forum Sintra. Dois anos mais tarde adquiriu o Almada Forum e o Forum Montijo a um fundo gerido pelo Commerzbank, uma operação cujo valor estimado terá sido de 330 milhões de euros.

O Forum Sintra está em funcionamento desde 2011 e apresenta 189 lojas, 20 restaurantes, sete salas de cinema, hipermercado e parque de estacionamento. O Sintra Retail Park nasceu há 17 anos, dispondo atualmente de 19 lojas de grande dimensão e parque de estacionamento próprio. No que respeita aos dois centros comerciais situados na margem sul do Tejo, o Almada Forum que foi inaugurado em setembro de 2002 destaca-se com 251 lojas, 35 restaurantes, 14 salas de cinema, hipermercado e parque de estacionamento. Já o Forum Montijo, em funcionamento desde 2003, possui 160 lojas, praça de alimentação, hipermercado, retail park, salas de cinema e parque de estacionamento.

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Euro acelera 1% após declarações de Draghi

Analistas acreditam que moeda única possa alcançar um patamar superior aos 1,17 dólares no próximo mês. Isto depois de Draghi ter anunciado que no próximo outono começa a discutir plano de estímulos.

No momento em que o presidente do Banco Central Europeu (BCE) começou a falar, o euro inverteu para terreno positivo. E já após o fim da conferência com Mario Draghi a moeda única seguia a valorizar mais de 1% para máximos de quase ano e meio contra a divisa norte-americana.

O euro aprecia 1% para 1,1630 dólares. Os analistas do ABN Amro Bank acreditam que a moeda do bloco único possa continuar a valorizar para um nível superior a 1,17 dólares, o que representaria a fasquia mais elevada em dois anos e meio com os investidores a “ignorarem os comentários expansionistas” de Draghi. “Se mantivermos este nível até final do dia, o euro/dólar vai provavelmente mover-se para os 1,1714” antes de o italiano falar em Jackson Hole, no final de agosto, disse Georgette Boele, estratega cambial.

O que disse Draghi? Numa versão resumida, Draghi indicou que neste momento ainda não se fala do plano de compras de ativos públicos na zona euro. E que essa discussão só deverá acontecer depois do verão porque o Presidente italiano quer ver sinais mais fortes na evolução da inflação. A próxima reunião do Conselho de Governadores acontece a 6 de setembro. Os analistas apontam baterias para essa data com a qual o presidente do BCE não se quis comprometer.

“Draghi confirmou implicitamente que o tapering está em cima da mesa para setembro e pareceu de alguma forma relaxado com o recente aperto das condições financeiras”, referiu Vasileios Gkionankis, do Unicredit.

“Draghi teve a oportunidade de fazer baixar o euro mas não o fez”, complementou Athanasios Vamvakidis, do Bank of America Merril Lynch.

Euro acelera com Draghi

Fonte: Bloomberg (valores em dólares)

Em causa está o programa de compra de dívida pública na região e que tem de alguma forma contido o risco associado a alguns países. Atualmente, o BCE está a comprar títulos públicos a um ritmo mensal de 60 mil milhões de euros. Está previsto que termine no final deste ano e os investidores estão preocupados com os desenhos da retirada destes estímulos monetários.

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O que vai mudar na CGD com as recomendações dos deputados

  • Rita Atalaia
  • 20 Julho 2017

Sete recomendações, duas chumbadas e cinco aprovadas. Mas apenas quatro fazem referência direta à CGD nas conclusões da CPI. Mas qual será o impacto que estas recomendações podem ter na vida da Caixa?

Chegou ao fim a primeira comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Foi criada para tentar perceber o que aconteceu na gestão do banco público que levou ao registo de imparidades recorde, forçando uma injeção de capital de cinco mil milhões. Mas, mais de 55 horas de audições e quase 400 páginas de relatório depois, e de o Ministério Público ter afirmado suspeitar de gestão danosa no banco, a comissão terminou sem que o documento fosse aprovado. Porquê? Por ausência de deputados do PS na sala.

Deste relatório, cujo relator foi o deputado socialista Carlos Pereira, os únicos pontos aprovados foram as recomendações. E não todas. Das sete, apenas cinco receberam luz verde. E, destas cinco, apenas quatro são dirigidas à Caixa: o banco estatal tem de continuar “nas mãos do Estado”, mas também tem de haver uma melhoria da comunicação entre a CGD e o acionista Estado.

Entre as parcas recomendações, destacam-se as de que o sigilo bancário deve cair para a Inspeção Geral de Finanças e a de que, tendo em conta os negócios ruinosos do passado, muitos deles contados no livro “Caixa Negra”, a Caixa, agora comandada por Paulo Macedo, deve adotar práticas mais conservadoras nos projetos em que se envolve.

As quatro recomendações destinadas à Caixa

A Caixa tem de continuar “nas mãos do Estado”

A primeira recomendação que o relator, o deputado socialista Carlos Pereira, faz é que a CGD continue pública — uma recomendação que foi chumbada pelo PSD na votação. “Ao longo dos últimos anos observou-se uma evolução da banca portuguesa, designadamente após 2008, que conduziu a um processo de entrada de capital estrangeiro nos principais bancos do país”, lê-se no documento. Daí a relevância de haver um banco estatal.

“É neste contexto que a CGD tem um papel determinante de âncora do sistema financeiro português e, sobretudo, porque se a CGD não estivesse nas mãos do Estado já tinha, provavelmente, sido vendida a capital estrangeiro”, acrescenta o deputado socialista.

Melhorar comunicação entre a CGD e o acionista Estado

“Não existe nenhuma regra que estabeleça o diálogo do acionista com a CGD”, nota o relator. O deputado explica que se “verificou, por isso, que o diálogo, em regra, ocorria de forma reativa, sempre que surgissem problemas que afetassem o acionista”.

Neste contexto, Carlos Pereira sugere que o “Estado, dono da CGD, deve, por isso, se envolver com transparência na visão e missão” do banco estatal. O diálogo entre a tutela e a Caixa não deve ser “um debate pontual e casuístico”. Neste ponto todos os partidos concordaram.

Sigilo bancário deve cair para a Inspeção Geral de Finanças

No relatório preliminar, o deputado fez esta recomendação. Mas não com o detalhe com que surge no documento final. Carlos Pereira afirma que deve haver uma alteração do quadro legal que permita que a Inspeção Geral das Finanças tenha acesso a informação relevante dos bancos, nomeadamente a dados que estão protegidos por sigilo bancário.

Esta questão foi levantada pelo Inspetor-Geral das Finanças, como relembra o deputado socialista. “Parece-nos adequado seguir a opinião do IGF de modo a reforçar os níveis de fiscalização e auditoria do banco público”.

Tornar a Caixa mais conservadora no crédito

No documento preliminar, esta recomendação não existia. No seu lugar, estava uma outra: reforçar a capitalização das empresas para ajudar a resolver o problema do crédito malparado. O relator Carlos Pereira acrescentou-a no relatório final, mas não a detalhou. O deputado socialista refere apenas que a “banca pública deve ser conservadora”, uma vez que no passado, “em algumas operações, a CGD envolveu-se em certos projetos por entender que este trariam maior rendibilidade. No entanto, pode ter levado o banco público a registar prejuízos”.

A Caixa teve de registar mais de três mil milhões em imparidades. Um montante recorde que levou o banco público a precisar de um aumento de capital de cinco mil milhões de euros. “Como foi referido, em sede de comissão de inquérito, e a título de exemplo, 80% das perdas registadas em Espanha estavam relacionadas com a banca de investimento“, acrescenta o deputado socialista.

Como foi referido, em sede de comissão de inquérito, e a título de exemplo, 80% das perdas registadas em Espanha estavam relacionadas com a banca de investimento; foram perdas demonstradas.

Deputado Carlos Pereira

O que vai mudar na vida do banco?

Das quatro recomendações dirigidas à Caixa, apenas duas poderiam ter algum peso na vida do banco, nomeadamente a possibilidade de o sigilo bancário cair para a IGF. “Sabe-se hoje que os relatórios trimestrais da comissão de auditoria alertavam, pelo menos desde o terceiro trimestre de 2014, para factos e matérias relevantes que deveriam ter merecido maior atenção, acompanhamento e intervenção por parte do acionista Estado“, lê-se no relatório final.

“O relatório de auditoria do Tribunal de Contas refere o relatório da comissão de auditoria do quarto trimestre de 2015, nomeadamente a existência de imparidades no valor de 1,5 mil milhões de euros e a exposição da CGD em 4,5 mil milhões de euros. Ainda assim, não há evidências de que esta empresa [CGD] tenha sido objeto de qualquer ação inspetiva da IGF solicitada pelo acionista”, acrescenta o deputado Carlos Pereira.

O relatório de auditoria do Tribunal de Contas refere o relatório da comissão de auditoria referente ao quarto trimestre de 2015, nomeadamente a existência de imparidades no valor de 1,5 mil milhões de euros e a exposição da CGD em 4,5 mil milhões de euros. Ainda assim, não há evidências de que esta empresa tenha sido objeto de qualquer ação inspetiva da IGF solicitada pelo acionista.

Deputado Carlos Pereira

Outra das recomendações é a adoção de uma abordagem mais conservadora por parte da Caixa, nomeadamente no que se refere à concessão de financiamento numa altura em que todo o sistema financeiro está a abrir a torneira do crédito para tentar obter mais rentabilidade.

Esta recomendação surge, no entanto, depois de o banco se ter envolvido em vários investimentos ruinosos que a levaram a registar imparidades recorde. Perdas avultadas em resultado de muitos investimentos ruinosos tanto em Portugal, como foi o caso de Vale do Lobo, de acordo com o livro “Caixa Negra”, de Diogo Cavaleiro, mas também em Espanha, com empresas como a La Seda e Artlant.

“É difícil medir o conservadorismo”, diz João Duque, que questiona, no fundo, o impacto destas recomendações na vida da CGD. “É zero”, refere o economista, ao contrário do custo deste relatório que acabou por ser chumbado. “Quanto é que custou o relatório?”, questiona em declarações ao ECO, apontando para todo o tempo e recursos perdidos para se chegar ao fim sem uma conclusão validada pelos deputados.

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PGR: Enfermeiros em protesto podem ser responsabilizados civil e disciplinarmente

  • Lusa
  • 20 Julho 2017

O parecer tinha sido pedido pelo Ministério da Saúde a propósito do protesto dos enfermeiros especialistas, que está desde o início do mês a paralisar blocos de partos.

Os enfermeiros especialistas em protesto podem ser responsabilizados civil e disciplinarmente, bem como incorrer em faltas injustificadas, segundo um parecer do conselho consultivo da Procuradoria-geral da República.

O parecer tinha sido pedido pelo Ministério da Saúde a propósito do protesto dos enfermeiros especialistas, que está desde o início do mês a paralisar blocos de partos.

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Frente Comum “acampa” nas Finanças para integrar precários

  • Lusa
  • 20 Julho 2017

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública realiza na sexta-feira uma ação de luta em frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa.

A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública realiza na sexta-feira uma ação de luta em frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa, para exigir a integração de todos os trabalhadores com vínculos precários no Estado. “É uma forma de luta, um acampamento, vamos entregar uma resolução ao Ministério das Finanças, à nova secretária de Estado no sentido de dar uma força a este processo e exigir que ninguém fique de fora”, disse à agência Lusa a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila.

É uma forma de luta, um acampamento.

Ana Avoila

Coordenadora da Frente Comum

O protesto, em que participarão dirigentes, delegados sindicais, trabalhadores precários e bolseiros, que darão os seus testemunhos, decorre entre as 16h30 e as 21h30, estando prevista uma conferência de imprensa às 18h00. Para a estrutura sindical, é fundamental a participação de todos, “na reivindicação de que necessidades permanentes têm que corresponder a um vínculo efetivo e todos os trabalhadores devem ser integrados”.

“Neste momento, o que está em cima da mesa não é isso. É uma seleção entre aquilo que eles consideram vínculos irregulares, mas o conceito de precariedade do Governo não é o nosso conceito de precariedade”, disse Ana Avoila. Por este motivo, a iniciativa da Frente Comum, pretende ser “uma ação de chamada de atenção e sensibilização do Governo e da opinião pública”.

O conceito de precariedade do Governo não é o nosso conceito de precariedade.

Ana Avoila

Coordenadora da Frente Comum

“Se tivermos que ir para lutas maiores, se as coisas se complicarem, estamos com esta ação já feita e podemos mobilizar todos os trabalhadores com vínculos precários”, referiu. O documento será dirigido ao gabinete da nova secretária de Estado da Administração e Emprego Público, Fátima Fonseca, sucessora de Carolina Ferra. Sobre esta mudança, Ana Avoila considerou que “o Governo tem um rumo e dificilmente a mudança de secretário de Estado virá alterar esse rumo”.

“Vamos tentar, no entanto, que algumas coisas que estão na proposta de lei e com que nós não concordamos ainda possam ser alteradas”, afirmou à Lusa. O processo de integração de precários no Estado encontra-se a decorrer, tendo o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social anunciado no parlamento que houve “mais de 26 mil” trabalhadores a requererem a regularização do seu vínculo laboral ao Estado.

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UGT sobre Altice: “É criminosa a possibilidade de despedir três mil trabalhadores”

  • Lusa
  • 20 Julho 2017

O secretário-geral da UGT considerou "imoral" e "criminosa" a intenção da Altice de despedir três mil trabalhadores da PT, apelando ao Governo e a Marcelo para travar essa possibilidade.

“É criminosa a possibilidade de despedir três mil trabalhadores” da PT – detida pela Altice -, bem como a transferência de trabalhadores para outras empresas do grupo, afirmou à agência Lusa Carlos Silva, que falava esta quinta-feira após a reunião do Secretariado Nacional da central sindical, que decorreu em Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria.

O secretário-geral referiu que a UGT “estará com o movimento sindical”, apoiando a greve dos trabalhadores da Portugal Telecom (PT) agendada para a sexta-feira, sublinhando que a central sindical que lidera estará “na primeira linha de combate contra este tipo de empresariado que não é moral”.

“É um empresariado imoral, que tenta esmagar os direitos dos trabalhadores e não olha para as necessidades de quem trabalha”, asseverou, vincando que, com a possibilidade de despedimento de três mil trabalhadores da PT, “a Altice não é bem-vinda.”

Carlos Silva realçou ainda que espera que o primeiro-ministro, o Governo e o Presidente da República “não permitam que uma coisa destas possa acontecer”.

“Nós não queremos capitalismo selvagem em Portugal. Não queremos empresários selvagens em Portugal. É um crime o que pode acontecer na Altice e subscrevemos a preocupação do primeiro-ministro”, acrescentou, salientando que o investimento tem de ser “um investimento digno”, que crie riqueza e que não gere “conflitos sociais”.

A greve dos trabalhadores da PT foi agendada para sexta-feira contra a transferência de funcionários para outras empresas.

Em 30 de junho foi tornado público que a PT Portugal iria transferir 118 trabalhadores para empresa do grupo Altice – Tnord e a Sudtel – e ainda para a Visabeira, utilizando a figura de transmissão de estabelecimento, cujo processo estará concluído no final deste mês.

Antes, no início de junho, a operadora, comprada pelo grupo francês Altice há dois anos, tinha anunciado a transferência de 37 trabalhadores da área informática da PT Portugal para a Winprovit.

“O clima entre trabalhadores e a [equipa de] gestão tem vindo a degradar-se”, afirmou, na quarta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Portugal Telecom (PT), Jorge Félix, acrescentando que “os trabalhadores têm sérias dúvidas quanto ao futuro da Tnord e da Sudtel, já que são empresas de pequena dimensão e não se sabe qual é a sua capacidade financeira” daqui a um ano, altura em que terminam os direitos que os trabalhadores tinham na PT Portugal.

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Draghi precisa de pensar e adia tema dos estímulos para o outono

Discussão do plano de compra de dívida fica para o outono. Até lá, banco central vai analisar sustentabilidade da inflação com Draghi a pedir "persistência, paciência e prudência".

Draghi adiou decisões sobre estímulos para o outono.BCE

“Não estabelecemos datas. Precisamos de pensar. Precisamos de muitos dados que não temos hoje. Há muita incerteza. E não tomamos decisões sem termos uma informação completa”, disse o presidente do Banco Central Europeu (BCE).

Discussões no Conselho de Governadores em torno do programa de compra de dívida pública na Zona Euro só ocorrerão algures próximo outono, assegurou esta quinta-feira Mario Draghi, numa conferência de imprensa que foi amplamente dominada pelo tema dos estímulos. Draghi falava após o banco central ter mantido as taxas de juro em 0%.

O italiano voltou a fazer uso dos famosos três “P” — “Precisamos de ser persistentes, pacientes e prudentes” — para defender a necessidade de manter um elevado grau de acomodação monetária que suporte a taxa de inflação. E foi “uma decisão unânime” a de não proceder a qualquer alteração na política e na comunicação, frisou Draghi.

Os jornalistas confrontaram Mario Draghi com o tema dos estímulos por mais do que uma vez. É verdade que uma equipa técnica do banco central está a estudar alternativas após o fim do programa de compra de dívida, que tem sossegado os mercados? O presidente italiano rejeitou essa notícia. E afastou qualquer ideia de que os governadores do banco central já estejam em discussões em relação a esse assunto.

Ainda que a retoma económica esteja a solidificar, Draghi pretende esperar por dados mais concretos de que os salários e os preços também estão a ganhar tração em direção ao objetivo do BCE — uma inflação abaixo, mas próxima dos 2%.

“Estamos finalmente a experienciar uma recuperação robusta. Estamos apenas à espera que os salários e os preços acompanhem o curso. Precisamos de ser persistentes, pacientes e prudentes porque ainda não chegámos lá“, disse. “É exatamente por isso que vamos ter essa discussão no outono e não quisemos estabelecer uma data precisa. Vai ser uma discussão que será feita por várias partes”, considerou ainda.

Sobre o que se passou em Sintra, Draghi referiu que houve uma reação despropositada quanto ao que disse, nomeadamente em relação à palavra “reflação” — tendência de subida dos preços suportada por políticas orçamentais dos governos e não pelas políticas monetárias dos bancos centrais — que foi enunciada num discurso realizado há um mês e que deixou os mercados agitados.

“A última coisa que o Conselho de Governadores quer é um aperto indesejado nas condições financeiras”, declarou o italiano.

A próxima reunião acontece a 7 de setembro. A seguinte está agendada para 26 de outubro. Será por esta altura que o futuro dos estímulos será decidido. Por enquanto, o BCE vai manter-se ativo no mercado dado que o programa de aquisição de dívida só termina no final do ano.

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Wall Street em alta após dados positivos sobre o emprego

Os principais índices bolsistas dos EUA arrancaram a sessão em alta ligeira, após os recordes históricos do último fecho. Os pedidos de subsídio de desemprego caíram para mínimos de quase cinco meses.

As ações norte-americanas arrancaram a sessão com ganhos reduzidos, no dia em que dados governamentais indicam que os pedidos de subsídio de desemprego recuaram para mínimos de quase cinco meses. Os mercados dos EUA estão a ser condicionados ainda pelo BCE que decidiu manter novamente a taxa de juro de referência da Zona Euro inalterada, bem como o atual programa de estímulos.

O índice S&P 500 abriu a ganhar 0,1%, para os 2.476,25 pontos, enquanto o Nasdaq arrancou a subir 0,18%, para os 6.396,456 pontos, ambos para novos máximos históricos. Já o Dow Jones arrancou inalterado nos 21.641,54 pontos, mas acabou por acompanhar a tendência de ganhos dos pares norte-americanos.

Estes ganhos acontecem após a divulgação de dados positivos sobre o rumo da economia norte-americana. Os pedidos de subsídio de desemprego nos EUA caíram para mínimos de quase cinco meses na última, um sinal que reforça as perspetivas para a maior economia do mundo. Os pedidos iniciais de subsídio de desemprego baixaram em 15 mil para um valor ajustado de 233 mil, na semana terminada a 15 de julho, revelaram números divulgados pelo Departamento de trabalho norte-americano. Ou seja, a fasquia mais baixa desde fevereiro, período e que os 227 mil pedidos registados foram os mais baixos desde março de 1973.

O dia de hoje volta a ser marcado pela divulgação de contas trimestrais, com a Microsoft e a Visa a serem as principais referências nesse âmbito. Em termos gerais, a maioria das empresas que já apresentou contas apresentaram resultados positivos. Do total de 76 cotadas do S&P 500 que já revelaram contas, 76% superaram as estimativas de lucros, segundo dados da The Earnings Scout, citados pela CNBC.

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Sete coisas que tem de saber sobre a European Innovation Academy

Criada na Estónia, EIA realiza-se este ano, pela primeira vez, em Portugal. Nos planos da organização está chegar a um milhão de alunos até 2020.

Para o presidente, Alar Kolk, a European Innovation Academy (EIA) “é o programa de educação mais avançado do mundo“. Desenvolvido ao longo de cinco anos por instituições de Silicon Valley, universidades de Stanford e Berkeley, e pela Google, a EIA foi fundada na Estónia e realiza-se este ano, pela primeira vez em Portugal. Nos objetivos da organização está a introdução de um milhão de estudantes ao empreendedorismo até 2020.

Alar Kolk, fundador da European Innovation AcademyPaula Nunes / ECO

A comunidade junta mais de 4000 alunos e faculdades de mais de 75 nacionalidades. “Hoje damos o nosso primeiro passo no investimento no ecossistema português”, disse Alar Kolk, na sessão de abertura da conferência. “O que é completamente diferente é o fenómeno dos portugueses estarem prontos para encontrar soluções”, assegura.

Ricardo Marvão, da Beta-i, foi um dos responsáveis pela vinda da EIA para Portugal. Em 2015 começou a pensar num projeto com as características desta Academia e, em janeiro de 2016, no meio de uma conversa, a EIA surgiu como solução natural. “Os portugueses são como os da Estónia, fazemos o caminho inteiro”, explica, acrescentando que com o Santander como parceiro no “processo sistemático de inovação”, a EIA Portugal está sobretudo focada “na transformação digital”.

Ken Singer, mentor vindo da universidade de Berkeley, assegura que mais do que a transformação, o empreendedorismo deve ser ensinado como “um instinto de sobrevivência”. “É uma questão de mudança de mindset porque, no mundo de hoje, não há garantias de nada”, sublinhava, na conferência de imprensa de abertura da EIA Portugal, no Centro de Congressos do Estoril.

Tome nota de sete coisas que tem de saber sobre a EIA:

  1. No dia do arranque, esta segunda-feira, os estudantes formam equipas de empreendedores, sendo enquadradas num ecossistema multicultural constituído por formadores, mentores e empresas de capital de risco.
  2. O objetivo é, em três semanas, criar 50 projetos de diferentes áreas – smart devices, big data, IoT, 3D printing e aplicações web – que possam ser apresentadas aos investidores que estarão em Portugal para esse efeito.
  3. Programa dura três semanas depois das quais os estudantes regressam aos seus países de origem. Durante esse período, as equipas trabalham no desenvolvimento de protótipos, angariação de clientes e na realização de um pitch para captar investimento.
  4. A EIA Portugal agrega cerca de 50 oradores internacionais, entre professores, investidores e mentores.
  5. Os próximos programas realizam-se no Qatar, entre 31 de dezembro e 11 de janeiro (2018).
  6. De todas as equipas formadas durante as edições da European Innovation Academy, três já são startups a trabalhar.
  7. EIA deverá continuar a ter edição em Portugal por pelo menos mais cinco anos.

Leia aqui tudo sobre a European Innovation Academy.

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Fitch: Austeridade está morta… mas não devia

  • Juliana Nogueira Santos
  • 20 Julho 2017

Numa altura em que os países estão a aliviar o cinto, o aviso vem do responsável global pelos ratings dos países soberanos da Fitch. E o motivo principal é a dívida.

Para James McCormack, as implicações económicas da alta dívida soberana não podem ser ignoradas para sempre.Sebastian Posingis/Bloomberg News

A austeridade está morta, mas, para os analistas da Fitch, esta não será altura certa para a enterrar. Numa nota publicada na plataforma Medium, James McCormack, responsável global pelos ratings dos países soberanos, afirma que as políticas fiscais estão a seguir o caminho contrário do que deveriam estar a seguir, mesmo que haja um consenso internacional acerca disso.

Para James McCormack, as implicações económicas da alta dívida soberana não podem ser ignoradas para sempre.”Tal como as políticas fiscais estavam a ser apertadas quando as condições económicas cíclicas pediam um alívio, agora estão a ser aliviadas quando as condições pedem um aperto”, justifica McCormack. Para o analista, os governantes estão a “priorizar grandes considerações políticas sobre prudência fiscal”.

"Até agora, estas decisões estão a ser adiadas no campo político. Mas as implicações económicas da alta divida soberana não podem ser ignoradas para sempre.”

James McCormack

Na base disto estará a popularidade dos ideais populistas, que ainda que não tenham levado a melhor em países como a Holanda e França, “estão a ser absorvidos por agendas políticas e económicas mais convencionais”. Daí partem decisões como os estímulos ao crescimento económico e o alívio fiscal que têm apenas consequências a curto prazo.

Austeridade não era necessária em 2008

Para McCormack, a altura em que o consumo deveria ter sido incentivado e as políticas fiscais deveriam ter sido mais leves teria sido logo depois da crise financeira de 2008, numa altura em que “o crescimento se mantinha abaixo dos 2%” e tudo apontava para que “o emprego fosse lento a recuperar.” O bom exemplo, para o analista, foi o Japão, que em 2013 aliviou a sua política fiscal, enquanto os restantes países soberanos se cingiam à austeridade.

"Tal como as políticas fiscais estavam a ser apertadas quando as condições económicas cíclicas pediam um alívio, agora estão a ser aliviadas quando as condições pedem um aperto.”

James McCormack

Responsável pelo rating dos países soberanos da Fitch

Agora, com o PIB e a inflação a avançarem e crescimento económico global a apontar para máximos de 2010, o exemplo para o analista da Fitch é o Reino Unido que, no seguimento da saída da União Europeia, “será o único [país] a preparar-se para apertar as suas políticas”. E qual o motivo principal? A dívida.

Atenção à dívida

Com o analista a definir que a principal preocupação dos governantes é “assegurar que os rácios PIB-dívida são sustentáveis”, fica esquecida a possibilidade de existirem desvios na dívida pública — que, em alguns casos, já deixou de ser possibilidade e é a realidade. “Os níveis da dívida soberana em muitas economias avançadas estão desconfortavelmente altos, por isso seria prudente os governantes discutirem estratégias para os fazerem descer”, escreve o analista da agência de rating norte-americana.

"Qualquer aumento de impostos ou corte na despesa têm de ser projetados excecionalmente bem — talvez impossivelmente bem — para que os líderes evitem uma repercussão populista.”

James McCormack

Consolidar-se-ia assim uma mudança de paradigma, ao dar prioridade às implicações económicas a longo prazo. “Até agora, estas decisões estão a ser adiadas no campo político. Mas as implicações económicas da alta dívida soberana não podem ser ignoradas para sempre“, continua.

Enquanto tal não acontece, McCormack alerta para o facto de “qualquer aumento de impostos ou corte na despesa têm de ser projetados excecionalmente bem — talvez impossivelmente bem — para que os líderes evitem uma repercussão populista”.

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