Grécia: Contração do PIB no último trimestre agravada de 0,4% para 1,2%

  • Lusa
  • 6 Março 2017

O PIB no último trimestre de 2016 contraiu-se 1,1% face último trimestre de 2015 em vez de ter registado um crescimento de 0,3% como tinha sido estimado em fevereiro.

A contração da economia da Grécia no quarto trimestre de 2016 foi revista esta segunda-feira em forte alta para 1,2% face ao trimestre precedente, segundo dados corrigidos publicados hoje pela agência de estatística grega (Elstat). Em fevereiro, a Elstat tinha apontado para uma contração de apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da Grécia nos últimos três meses de 2016 face ao trimestre precedente.

Mas a revisão ainda foi maior em relação ao período homólogo: o PIB no último trimestre de 2016 contraiu-se 1,1% face último trimestre de 2015 em vez de ter registado um crescimento de 0,3% como tinha sido estimado em fevereiro.

A Elstat sublinhou num comunicado que a grande diferença entre os números se deveu à não inclusão na primeira estimativa de uma série de dados, tanto de caráter mensal, como a balança de pagamentos de dezembro, como trimestral, como o volume de negócios da indústria ou os dados do desemprego.

A Elstat também reviu em baixa os dados dos trimestres precedentes. Assim, no terceiro trimestre, o PIB da Grécia cresceu 0,6% em vez de 0,9% como estimado inicialmente; no segundo trimestre a Elstat manteve o crescimento de 0,3% previsto inicialmente e no primeiro trimestre reviu de uma contração de 0,6% para uma de 0,7%.

Em relação à comparação homóloga, a agência de estatística grega reviu o crescimento de 2,2% para 2% no terceiro trimestre, a contração de 0,6% para 0,4% no segundo trimestre e a contração de 0,8% para 0,7% no primeiro trimestre.

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Bloco: Governo não pode mudar regras a meio do jogo

  • Marta Santos Silva
  • 6 Março 2017

O descongelamento das carreiras na Função Pública deve acontecer conforme as expectativas "legítimas" dos trabalhadores, sublinha Joana Mortágua, sem que sejam alteradas as progressões.

O Bloco de Esquerda defende que o descongelamento das carreiras na Função Pública aconteça de acordo com as expectativas “legítimas” dos trabalhadores, sem que o Governo altere as regras, disse ao ECO a deputada Joana Mortágua.

Em reação à notícia avançada esta segunda-feira pelo Público de que o Governo prevê alterar a forma como acontecem as progressões nas carreiras na Administração Pública, Joana Mortágua afirma que “o que não pode acontecer é [o Governo] alterar as regras a meio do jogo”. Para a deputada, os funcionários públicos têm expectativas de que, em 2018 — quando o Executivo de António Costa se comprometeu a descongelar as carreiras –, esse descongelamento aconteça “com as mesmas regras”.

Joana Mortágua, ao centro, é contra mudanças no atual regime de progressões.Paula Nunes / ECO

O Público escreve que as progressões podem parar de acontecer de forma automática quando o trabalhador reúne, através de várias avaliações positivas, os pontos suficientes para progredir, e passar a ser baseadas num sistema de prémios ou promoções. Nos últimos anos, com as carreiras congeladas, os trabalhadores continuaram a acumular pontos, que se calculam de acordo com a avaliação de desempenho obtida, pelo que um grande número de pessoas já reuniu condições para progredir quando se der o descongelamento.

Joana Mortágua sublinhou, no entanto, que ainda não são conhecidos os pormenores para lá da notícia divulgada hoje. “Não conhecemos nenhuma proposta do Governo”, alertou. “Não temos informação sobre a qual nos pronunciar”. O ECO já contactou o Ministério das Finanças para tentar obter mais informações para lá das noticiadas hoje pelo Público.

No entanto, é a posição do Bloco que o descongelamento deve acontecer como esperam os funcionários da Administração Pública. E acrescentou que a lei atual das progressões não prevê um avanço automático na carreira: “Não é certo que não haja critérios. Há critérios hoje para a progressão que são, do nosso ponto de vista, ajustados às características muito particulares da Função Pública”.

A deputada também reconheceu que os funcionários públicos sintam receio ao ouvirem falar em reestruturação da profissão. “O que os funcionários públicos sabem é que de cada vez que se fala em reforma na Administração Pública, os funcionários sofrem”, apontou. “É normal que qualquer anúncio de alterações assuste, porque normalmente são para pior”.

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Novas Oportunidades: Take 2. Costa lança programa Qualifica

O primeiro-ministro lançou hoje o programa qualifica que visa promover a formação e a criação de emprego. É mais uma das vertentes do Programa Nacional de Reformas.

Três anos. 109 milhões de euros. 600 mil adultos. Estas são as metas do programa Qualifica, lançado esta segunda-feira pelo Executivo, que pretende dar a uma geração “as oportunidades que as novas gerações têm”, nas palavras do primeiro-ministro António Costa transmitidas pela RTP3.

No lançamento do programa em Campo Maior, António Costa lembrou que, na sua geração, 52% das pessoas não fizeram o ensino secundário e é necessário dotá-las das competências necessárias. “É uma geração que tem vontade e de que o país necessita para contribuir para o desenvolvimento de Portugal”, disse o chefe do Executivo, lembrando que é nesta geração que Portugal está “mais afastado da média europeia”.

“O país tem ouvido falar muito de défices ao longo dos últimos anos, mas o maior défice estrutural que o país tem e que se acumulou durante séculos, que se acumulou durante as décadas do século XX, foi mesmo o défice das qualificações”, disse, ciatdo pela Lusa, acrescentando que a “chave” para o futuro do país “está na inovação”.

O programa, um herdeiro das Novas Oportunidades, também visa apoiar os jovens que não trabalham, não estudam nem se encontram em formação – os chamados jovens nem nem, que segundo os últimos do INE são 301,1 mil – “que podem ter os seus percursos de vida redirecionados para ofertas de educação e formação qualificantes, através de informação e orientação adequada aos seus perfis, necessidades e motivações”, explica um comunicado do Programa Operacional Capital Humano, que financia esta iniciativa com 50 milhões de euros.

A esta verba comunitária acrescem 59 milhões de euros para fazer face à contrapartida nacional, já que o programa tem uma taxa de cofinanciamento de 85%.

Os Centros Qualifica — que apresentam “alterações relevantes” face aos anteriores Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional, segundo o POCH — “são um dos instrumentos fundamentais de concretização do Programa Qualifica, enquanto estratégia integrada de qualificação de adultos e um dos eixos prioritários do Programa Nacional de Reformas” e, por isso, se justifica “um reforço do apoio do POCH” a estes centros face aos anteriores.

O Governo pretende ver instalados cerca de 300 centros Qualifica no continente até ao final de 2017. Atualmente, existem 261 centros, 30 dos quais criados no ano passado. Este ano, será aberto concurso para mais 42 — as candidaturas abrem esta quinta-feira. A primeira fase termina a 8 de abril e a segunda a 30 de junho. A comunicação da decisão deverá ocorrer até 60 dias após as datas limites.

Os novos centros serão criados por concurso, em função das necessidades locais e regionais de qualificação. Mas os centros só podem localizar-se nas chamadas zonas de convergência, ou seja, Norte, Centro e Alentejo.

No Programa Qualifica os 50 milhões de euros de apoio vão ser distribuídos e duas fases: a primeira com 40 milhões e a segunda com dez. Isto compara com o apoio de 11,2 milhões de euros concedidos aos anteriores centros. Apoios que são concedidos a fundo perdido.

Uma das restrições impostas pelas regras é que “apenas são elegíveis as operações dos Centros Qualifica que se comprometam a trabalhar anualmente com 400 ou mais candidatos inscritos“. E as entidades promotoras dos Centros Qualifica têm de “assegurar diretamente todas as valências previstas, não podendo subcontratar serviços de natureza técnica e pedagógica para o seu funcionamento”.

De acordo com as novas regras dos Portugal 2020, os promotores são obrigados a comprometerem-se com um conjunto de indicadores de resultados. Como por exemplo, 40% dos jovens e adultos devem ser encaminhados para formação; 20% devem ir para o exterior da entidade que está a promover a operação. Caso não as cumpram — e a aferição é feita com base nos inscritos no Centro Qualifica até 31 de julho de 2018 — por cada ponto percentual de desvio negativo face aos indicadores de realização e resultado contratualizados, há uma redução de meio ponto sobre a despesa total elegível, até ao limite máximo de 10% face a essa despesa.

António Costa fez, contudo, questão de sublinhar que o programa Qualifica “não é uma repetição” do antigo programa Novas Oportunidades, lançado pelo antigo primeiro-ministro José Sócrates.

O programa pretende garantir que até 2020 metade da população ativa do país conclua o ensino secundário.

Alcançar uma taxa de participação de adultos em atividades de aprendizagem ao longo da vida de 15%, alargada para 25% em 2025 é outro dos objetivos do programa.

A quem se dirige o programa

Podem inscrever-se neste programa todos os adultos, a partir dos 18 anos, que não disponham de qualificação de nível básico, secundário e/ou profissional, bem como os jovens entre os 15 e os 17 anos que tenham abandonado a escola e não se encontrem a trabalhar ou a estudar.

De acordo com o Governo, este programa distingue-se dos anteriores por colocar mais ênfase na qualificação “com obrigatoriedade de encaminhamento para formação certificada” ajustada às necessidades de cada formando.

Passa a existir uma lógica de complementaridade entre reconhecimento, validação e certificação de competências”, acrescentou a mesma fonte.

Para facilitar a informação, estará disponível uma plataforma tecnológica, o Portal Qualifica, onde podem ser igualmente consultados os serviços e instrumentos relacionados com o programa.

O portal dirige-se a formandos, empregadores e agentes ligados à educação e formação de adultos, permitindo pesquisar a oferta existente, por zonas, recolher informação sobre o Sistema Nacional de Créditos e obter ou atualizar o Passaporte Qualifica, que registará a formação.

O Governo justifica a criação do programa com a quebra verificada na formação de adultos nos últimos anos: em 2013/14, havia pouco mais de 39.000 inscritos, “um terço do número registado em 2000/01”.

Artigo atualizado às 17h25.

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É na construção que as empresas mais morrem

O INE pintou um retrato do tecido empresarial português em 2015. O número de empresas cresceu e a faturação aumentou. Havia ainda mais firmas com perfil exportador, mas o peso ainda era reduzido.

Em 2015, face ao ano anterior, o número de empresas em Portugal aumentou, assim como o número de pessoas ao serviço e, excluindo as companhias do setor financeiro, o valor acrescentado bruto das mesmas. No setor não financeiro, o volume de negócios aumentou 2,7%, o valor acrescentado bruto evoluiu 5,7% e o excedente bruto de exploração subiu 6,9% em cadeia.

Os dados foram publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), obtidos a partir do Sistema de Contas Integradas das Empresas. E levam a entidade a fazer um balanço “globalmente positivo” da evolução dos principais indicadores da saúde económico-financeira das empresas portuguesas.

Fonte: INERaquel Sá Martins

Segundo a publicação “Empresas em Portugal 2015”, existiam 1.181.406 empresas em Portugal nesse ano — 68% individuais e 32% sociedades. Respetivamente, estes dois tipos tiveram um crescimento de 3,2% e 2,5% face a 2014. Os dados apontam para um crescimento do pessoal ao serviço na ordem dos 3,6%, enquanto o volume de negócios evoluiu, em termos nominais, 1,2%.

No setor não financeiro, o número de empresas aumentou 3,1% face a 2014. A esmagadora maioria eram pequenas e médias empresas (PME), que ainda representam 99,9% do tecido empresarial não financeiro do país. Estas empregavam mais de 2,8 milhões de pessoas em 2015, mas foram as grandes empresas, ainda assim, as que mais cresceram em percentagem de unidades e de pessoal ao serviço.

Quanto à atividade, o maior número de empresas não financeiras operava no setor do comércio, seguindo-se o da construção e atividades imobiliárias e, em terceiro lugar, o da agricultura e pescas. Em cadeia e em termos unitários, o setor da energia e da água foi o que mais avançou, embora seja ainda aquele em menos empresas operam — em 2015, apenas 2.471 empresas desenvolviam atividade nessa área. Em contrapartida, quase meio milhão de empresas surge na categoria de “outros serviços”.

Fonte: INERaquel Sá Martins

Mortalidade superior no setor da construção

No que toca às sociedades existentes em 2015, 34.577 tinham iniciado atividade nesse ano, valor que “corresponde a uma taxa de natalidade de 9,3%”, indica o INE. “A taxa de mortalidade das sociedades não financeiras foi de 6,6%, tendo o setor da Construção e Atividades Imobiliárias registado a taxa mais elevada”, de 8,1%, aponta ainda instituto. Em 2015, as sociedades geraram um volume de negócios de 2.384,5 milhões de euros. Quanto às sociedades registadas no ano anterior, 91% continuava no mercado em 2015.

O número de sociedades de elevado crescimento — isto é, que, ao longo de três anos, cresceram anualmente uma média superior a 10% no número de pessoas remuneradas ao serviço — prendeu-se ainda em 4.569, um avanço que é registado pelo segundo ano consecutivo, mas um número inferior ao registado em 2008.

Fonte: INERaquel Sá Martins

Por fim, em 2015 havia 22.976 sociedades não financeiras com perfil exportador, um número superior em 1,6 pontos percentuais em relação a 2008, mas que, ainda assim, têm um peso de apenas 6,2% no total de sociedades não financeiras. Porem, contribuíram com 33,2% do total do valor acrescentado bruto.

Infografia por Raquel Sá Martins.

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Progressões na Função Pública, sim ou não?

  • Marta Santos Silva
  • 6 Março 2017

Seis perguntas e respostas sobre as progressões na Função Pública, que podem deixar de acontecer automaticamente quando as carreiras forem descongeladas.

O descongelamento das carreiras na Função Pública está prometido para 2018, mas o Governo coloca a hipótese de que as progressões deixem de acontecer automaticamente, como está previsto na lei atual, e passem a estar ligadas a uma lógica de prémios e promoções. Os sindicatos já querem que este mecanismo seja esclarecido. Mas como funcionam atualmente as progressões? E será que esta reestruturação das carreiras é necessária? Fique a saber em seis pontos.

  • Quais os regimes que regem atualmente as progressões?

Existem duas formas de progressão na carreira na Função Pública previstas na lei desde 2008. Uma delas é a obrigatória (ou automática): quando um funcionário tem dez pontos acumulados na avaliação anual de desempenho — seis por Excelente, quatro por Muito Bom e dois por Bom, com dois pontos subtraídos por uma avaliação negativa.

A outra é a gestionária: o diretor de um serviço pode pôr um orçamento de parte para a progressão de trabalhadores que tenham tido nota máxima no ano anterior, dois anos seguidos com a segunda melhor nota, ou três anos seguidos com uma avaliação positiva. Mas aqui a progressão está limitada pelas verbas existentes.

  • Mas o que acontece quando um funcionário acumula os requisitos?

As progressões nas carreiras estiveram congeladas entre 2005 e 2007 e depois novamente desde 2011, tendo sido descongeladas por três anos pelo Executivo de José Sócrates antes do início da austeridade. No entanto, os funcionários públicos continuam a acumular pontos com as suas avaliações anuais, com muitos trabalhadores na expectativa de progredirem logo que aconteça um descongelamento, visto já terem reunido os requisitos necessários de acordo com o regime atual.

  • O que implicaria uma mudança neste regime?

A notícia do Público desta segunda-feira indica que o Governo está a preparar uma reestruturação das carreiras que incluiria uma limitação das progressões, acabando com a progressão obrigatória ou automática e favorecendo, em vez disso, uma “nova lógica” de prémios e promoções, segundo disse ao jornal um responsável do Governo. Ainda não são conhecidos pormenores desta proposta do Governo, mas o Público acrescenta que o objetivo, em parte, é tornar a Função Pública mais atrativa em relação ao setor privado. O ECO contactou o Ministério das Finanças para tentar saber mais acerca das propostas, mas ainda não obteve resposta.

  • E a reestruturação é necessária?

A verdade é que as carreiras da Função Pública não são reestruturadas desde o início dos anos 1990, com Cavaco Silva. Desde então, foram sendo sujeitas a pequenas alterações: com José Sócrates houve uma criação de três carreiras, por exemplo, mas não se voltaram a fazer mudanças profundas.

Para o responsável governamental que falou ao Público, dificilmente as carreiras poderão ser descongeladas sem haver primeiro uma reestruturação, já que houve várias fases de fusões de organismos e departamentos, o que deixa os caminhos de progressão pouco claros. A integração dos trabalhadores com vínculo precário nos quadros, que está prevista para o final deste ano, também pode justificar alterações na estrutura dos quadros de pessoal.

  • O que prometera o Governo?

No seu Programa de Governo, o Executivo de António Costa comprometera-se a descongelar as carreiras a partir de 2018, e a adotar na Administração Pública “recompensas pela boa gestão e a reposição de incentivos aos recursos humanos, no quadro das capacidades orçamentais dos serviços”. O Governo também se comprometera a repor os salários ao seu valor de 2009, anterior aos cortes impostos pela austeridade, o que já concretizou em 2016.

Juntas, as medidas representam um esforço orçamental significativo, em especial se o descongelamento de carreiras não acontecer de forma faseada, visto que já há um grande número de trabalhadores que reuniram condições para progredir.

  • O que dizem os sindicatos?

Os sindicatos da Função Pública já expressaram o seu desagrado em relação à notícia do Público. À RTP, a dirigente sindical Ana Avoila, da Frente Comum, disse mesmo esperar que a notícia “não seja verdade”, acrescentando que a federação afeta à CGTP considera “ilegal” a possibilidade de um descongelamento faseado ou com novas regras. “Não faz nenhum sentido o Governo PS vir agora mudar as regras do jogo”, afirmou Ana Avoila, sublinhando que os funcionários públicos têm a expectativa de progredir com esta solução política.

Já o dirigente da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) disse à Lusa que tenciona pedir esta tarde uma reunião com o Ministério das Finanças para esclarecer a situação. “Tudo aquilo que exigimos é negociação, não podemos aceitar qualquer imposição e não queremos ler no que diz respeito ao descongelamento das progressões e das carreiras que se viesse a manter o congelamento das carreiras para além deste momento”, disse José Abraão, referindo ainda que “qualquer limitação pode até frustrar, violar a confiança que os trabalhadores da Administração Pública depositaram no seu empregador”.

Notícia alterada às 15.25: Esclarece o período de tempo em que as carreiras da Função Pública têm estado congeladas.

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Português vai dar créditos nos Estados Unidos

A partir de abril, os estudantes nos Estados Unidos vão poder realizar exame NEWL de língua portuguesa para obter créditos no acesso às principais. É algo inédito.

Português vai dar créditos nos Estados Unidos. Não. Não estamos a falar de operações financeiras. É mesmo a língua portuguesa. A partir de abril e, pela primeira vez, os estudantes em terras do Tio Sam vão poder fazer o National Examinations in World Languages (NEWL) de língua portuguesa para obter créditos no acesso às principais instituições norte-americanas de ensino superior.

Em comunicado enviado às redações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros sublinha as vantagens que a comunidade portuguesa e lusodescendente nos Estados Unidos vai obter. A decisão insere-se ainda num “objetivo mais global de promoção da língua portuguesa junto de todos os estudantes que queiram aceder ao ensino superior norte-americano, agregando vantagens curriculares específicas ao seu valor intrínseco enquanto terceira língua de origem europeia mais falada no mundo”, explica a nota do Ministério liderado por Augusto Santos Silva.

O Programa Advanced Placement (AP) da associação de estabelecimentos de ensino norte-americanos “College Board” reconhece os exames NEWL da American Councils for International Education, incluindo para efeitos de contagem de créditos no ensino secundário e no acesso ao
ensino superior, recomendando-os aos seus associados, esclarece o MNE.

Este reconhecimento, segundo o ministério, resulta do “trabalho que vem sendo realizado pela rede diplomática e consular portuguesa nos EUA, coadjuvada pela Estrutura de Coordenação do Ensino do Português naquele país, e pelo Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, para obter o crescente reconhecimento de exames de português nos sistemas de ensino secundário e de acesso ao ensino superior norte-americanos insere-se na política “3C’s” de promoção da língua portuguesa no estrangeiro — conteúdos (aumento e qualificação da oferta de ensino de português no estrangeiro, incluindo através de cursos à distância), certificação (promoção e maior acessibilidade de exames de Português Língua Estrangeira) e credenciação (valorização da aprendizagem do português através de medidas como a presente).

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Preço do azeite vai subir em Portugal

  • ECO
  • 6 Março 2017

O azeite vai encarecer em Portugal devido à baixa produção de azeitona no ano passado. Produtores nacionais estão "inquietos" relativamente à alteração dos preços de azeite na origem.

Em 2016, a produção de azeitona nacional para azeite caiu perto de 30%, segundo os dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). No total, foram produzidas apenas cerca de 491 mil toneladas em todo o território nacional, embora o INE avance que é azeite “de boa qualidade”. A redução no total da produção deveu-se essencialmente a “condições climatéricas adversas” e à “alternância anual de produção dos olivais tradicionais”, esclareceu uma fonte do INE à agência Lusa.

Mas a situação não é exclusiva de Portugal. Em 2016, as condições adversas também afetaram as produções de países como a Tunísia, Grécia ou Itália.

Ao ECO, Mariana Matos, secretária geral da Casa do Azeite, que representa cerca de 90% do volume de azeite embalado comercializado em Portugal e exportado para vários países, defendeu que “uma vez que os stocks mundiais de azeite também se encontram em níveis relativamente baixos, a menor produção na campanha 2016/2017 deverá significar uma manutenção dos preços a níveis mais elevados, e até, provavelmente, um aumento dos preços de azeite nos meses de verão“.

O aumento do preço na origem (na matéria prima) terá de levar, mais tarde ou mais cedo, ao consequente aumento dos preços ao nível do consumidor final.

Mariana Matos

Secretária-geral da Casa do Azeite

A responsável revelou ainda que várias empresas associadas à Casa do Azeite se mostraram inquietas relativamente à alteração dos preços de azeite na origem, porque “esse aumento do preço do azeite para o consumidor final” significa também, normalmente, “uma retração do consumo de azeite que não é desejável de todo”. Mariana Matos esclareceu que é sobretudo nos mercados de exportação, que têm uma menor tradição de consumo de azeite, que um aumento muito significativo do preço do produto tem mais possibilidade de levar “à sua rápida substituição por outras gorduras alimentares líquidas”, como os óleos vegetais, as margarinas ou manteigas. Assim, a situação ideal seria a de uma estabilidade de preços na origem “que permitisse também uma estabilidade dos preços para o consumidor final”, afirmou Mariana Matos.

Um golpe duro para o Alentejo

A região do Alentejo, sozinha, é responsável por “70 a 80%” da produção nacional de azeite, segundo Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. A região detém quase 170 mil dos 315.340 hectares do país inteiro. Henrique Herculano esclareceu que a produção do ano passado foi prejudicada “pelas chuvas de maio, que afetaram a floração das árvores” e pelos “calores tardios, sobretudo em setembro, que diminuíram o rendimento da azeitona”, e alertou ainda que a “esmagadora maioria do azeite” que os portugueses estão a comprar agora “ainda não deve ser desta campanha”. “Lá para maio ou junho já é capaz de haver uma subida do preço, a não ser que haja a importação de azeites do norte de África”.

Também Paulo Velhinho, diretor executivo da Cooperativa de Olivicultores de Borba, que conta com cerca de 600 associados e é uma das principais da região alentejana, falou com a agência Lusa e afirmou que a produção conseguida em 2016 teve “uma quebra de cerca de 40% em relação a anos normais”, e como a azeitona foi paga a um preço “mais elevado”, “os sócios da cooperativa apanharam mais azeitona e não a deixaram nas oliveiras“, acrescentou.

“O preço da azeitona na campanha de 2015 foi, em média, entre 36 e 38 cêntimos por quilo“, enquanto, na última campanha, “a média foi de 48 cêntimos por quilo, embora tenha havido azeitona galega que chegou a render 55 cêntimos por quilo“, disse Paulo Velhinho à Lusa.

Em Trás-os-Montes são os produtores quem mais sofre

A seguir ao Alentejo, Trás-os-Montes e Alto Douro é a segunda maior região produtora de azeite em Portugal, e em 2016 as quebras na produção rondaram os 20%. O azeite é a produção agrícola com o segundo maior peso para a economia transmontana, a seguir ao vinho, e movimenta por ano um valor bruto de 30 milhões de euros, numa produção média anual de azeite que ronda as 80 a 90 mil toneladas, produzidas em mais de uma centena de lagares. Mas em 2016, tendo em conta a baixa na produção, as consequências foram muito negativas, principalmente para os produtores.

À Lusa, o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro, António Branco, disse que “sofre sempre o produtor” quando há uma diminuição da produção associada ao aumento do preço do azeite. Defendeu ainda que o acréscimo nos preços não compensa o trabalho tido na produção, que é sempre o mesmo independentemente do resultado, e classificou 2016 como um ano “muito confuso” na região nortenha, em especial tendo em conta o volume de venda da azeitona para fora, nomeadamente para Espanha. “É azeite bom que vai ser feito com a nossa azeitona fora da região”, acrescentando que a consequência será “menos azeite” com a marca regional, o que considerou “péssimo” para o azeite regional certificado. Defendeu ainda que o setor do azeite não devia depender das oscilações de mercado, mas ter “um preço estabilizado”.

Como estão a reagir os comerciantes

À Lusa, Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo Martins, a detentora da marca Pingo Doce, afirmou que uma vez que “o preço (do azeite) vai subir”, isso levará “automaticamente” a que “o consumidor vai procurar outras gorduras”. Mas considera que “não é nada de preocupante” porque “não vai haver falta de nada”.

Já para o Lidl Portugal, os maus resultados da produção de azeitona conseguidos em 2016 não são preocupantes, isto porque “tendo em atenção os ‘stocks’ de azeite existentes no final de 2016, e apesar de alguma quebra na produção verificada na campanha do ano anterior, não são esperadas grandes oscilações nos preços de azeite para o corrente ano”.

Já para os hipermercados Continente, do grupo Sonae, que não são produtores ou transformadores de azeitona, as questões da baixa na produção e aumento dos preços “deverão ser remetidas para os organismos que regem essa atividade como, por exemplo, a Casa do Azeite“, concluiu fonte da cadeia de hipermercados.

A Lusa também tentou entrar em contacto com o grupo Auchan (detentor dos hipermercados Jumbo) e o grupo Os Mosqueteiros, mas não obteve resposta.

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CMVM assina parceria com regulador do Abu Dhabi

Reguladores do mercado português e do Abu Dhabi vai reforçar cooperação e partilha de informação para fomentar crescimento dos serviços financeiros em ambos os países.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) assinou um acordo com o regulador do mercado de capitais do Abu Dhabi, o Abu Dhabi Global Market, para reforçar a cooperação na supervisão das instituições financeiras e facilitar a troca de informação entre as duas entidades.

O memorando de entendimento, assinado a 2 de março por Gabriela Figueiredo Dias e o seu homólogo Richard Teng, “constitui o quadro de referência para a prestação de assistência mútua, a partilha de informação de supervisão entre a Autoridade Reguladora dos Serviços Financeiros e a CMVM e a cooperação na supervisão de atividades transfronteiriças, contribuindo para um maior crescimento em ambos os mercados financeiros”.

Para Figueiredo Dias, o acordo surge num contexto de maior interesse de empresas portuguesas nos Emirados Árabes Unidos, uma relação que se intensificou nos últimos anos, “exigindo cooperação mais intensa entre os respetivos supervisores”.

"O número crescente de empresas portuguesas que atuam nos Emirados Árabes Unidos demonstra a complementaridade de ambos os países, que se intensificou nos últimos anos, exigindo cooperação mais intensa entre os respetivos supervisores. A globalização, inovação e sofisticação financeira tornam essencial a cooperação entre supervisores para reforçar as respetivas capacidades. ”

Gabriela Figueiredo Dias

Presidente da CMVM

“As nossas instituições têm mantido relações amistosas e produtivas, que se tornarão mais efetivas com este memorando de entendimento, criando novas oportunidades de cooperação nas áreas da regulação e práticas e modelos de supervisão”, afirmou a presidente da CMVM.

Richard Teng, CEO da Autoridade Reguladora dos Serviços Financeiros do Abu Dhabi Global Market, salientou o conhecimento do regulador português. “Trabalharemos lado a lado com a CMVM para beneficiarmos mutuamente da experiência regulatória acumulada em cada uma das instituições e que permita potenciar o crescimento dos serviços financeiros em ambos os mercados”, disse.

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Panamera Sport Tourism. O Porsche para a família

A Porsche continua a fazer crescer a família. Desta vez, a pensar nas famílias, a marca de automóveis desportivos lança uma... carrinha. Chega no final deste ano.

É conhecida, e reconhecida, pelo 911, mas a Porsche tem vindo, tal como outras fabricantes de automóveis desportivos, a alargar o leque da sua oferta. Depois dos SUV veio a berlina de cinco portas, o Panamera. E não fica por aqui… Apresenta, agora, o Panamera Sport Tourism, uma carrinha que promete desempenhos à altura da restante gama da marca de Estugarda.

O Sport Tourism é, essencialmente, um Panamera, mas com uma traseira redesenhada. Onde a linha de bagageira do Panamera desce, aproximando o desenho dos 911, a do Sport Turismo sobe ligeiramente. Uma pequena diferença que transforma a berlina numa carrinha para apelar as famílias mais apressadas.

As dimensões da nova proposta da Porsche são as mesmas do Panamera, mas com uma ligeira diferença no que respeita à altura. Tem mais meio centímetro, o suficiente para oferecer um pouco mais de espaço para os passageiros. E não apenas quatro, como no Panamera.

O Sport Tourism leva cinco pessoas. Ou melhor leva dois adultos e uma criança na parte de trás, já que o espaço do meio é exíguo. Como opção, refere a marca, também é possível encomendar a carrinha com uma configuração de apenas quatro lugares, sendo os dois traseiros de ajuste elétrico… e com massagens.

Na bagageira, a carrinha tem capacidade para 520 litros, valor que sobe até aos 1.390 litros com os bancos rebatidos — no Panamera 4 E-Hybrid Sport Turismo a capacidade é de 425 litros, sendo, no máximo, de 1.295 litros. Ou seja, dá para ir às compras sossegado, mas também para arrumar as malas rumo às férias com a família. E com a vantagem de ter nas mãos um desportivo.

“Para a Porsche, o Panamera Sport Turismo é um passo em frente rumo a um novo segmento, mas retém todos os valores e atributos que são característicos da Porsche”, diz Michael Mauer, diretor de estilo da Porsche. Entre esses atributos está a potência dos motores da marca de Estugarda. Há potências entre os 330 e os 550 cv.

O Panamera 4 Sport Turismo é a versão de entrada, tendo um preço de 118.746 euros, subindo para 120-932 euros no caso do híbrido. O mais potente, o 4S Diesel, custa pouco mais de 165 mil euros, menos 30 mil que os 195 mil exigidos pelo Panamera Turbo Sport Turismo de 550 cv. Já pode encomendar, mas só chega no final do ano.

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Carlos Costa quer ir ao Parlamento para “repor a verdade”

"Há um conjunto de acusações à supervisão que distorcem aquilo que é a realidade do que se passou", diz o governador do Banco de Portugal.

Carlos Costa quer ir a uma comissão parlamentar para “repor a verdade” e para se defender das acusações que lhe são feitas e que “distorcem a realidade”. A intenção foi transmitida numa carta enviada à presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), Teresa Leal Coelho, a que o Expresso teve acesso.

Em causa está a reportagem da SIC “Assalto ao Castelo”, onde o governador do Banco de Portugal é acusado de ter ignorado informações que teriam permitido afastar Ricardo Salgado mais cedo. Isto porque terá ignorado um alerta feito por técnicos do Banco de Portugal que aconselhava o governador a reavaliar a idoneidade do presidente do antigo Banco Espírito Santo. Além disso, um relatório entregue por Fernando Ulrich em agosto de 2013, que destacava problemas financeiros do Grupo Espírito Santo, terá sido metido na gaveta.

Desde que foi para o ar, a reportagem já levou o PS a admitir que poderá chamar Carlos Costa para ser ouvido no Parlamento, enquanto os partidos à esquerda do Governo pedem mesmo que o governador seja afastado.

Agora, é o próprio Carlos Costa a tomar a iniciativa de ser ouvido pelos deputados. Na carta enviada a Teresa Leal Coelho, citada pelo Expresso, o governador diz que “há um conjunto de acusações à supervisão que distorcem aquilo que é a realidade do que se passou“. Assim, Carlos Costa quer “esclarecer todos os pontos” levantados na reportagem da SIC, “em defesa do Banco de Portugal e para promover a confiança” na instituição.

Ao ECO, Teresa Leal Coelho adianta que a COFMA irá reunir-se na terça-feira e na quarta-feira. Os grupos parlamentares vão ser ouvidos para decidirem se querem, ou não, chamar Carlos Costa ao Parlamento.

(Notícia atualizada às 11h33 com mais informação)

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Dividend yield? Payout? Não fuja, vamos falar de dividendos

São termos mais ou menos técnicos mas que podem fazer a diferença na hora de caçar a melhor proposta de dividendo na bolsa. Já ouviu falar de "dividend yield", "payout" e "ex-dividend"?

Está a chegar uma das épocas mais esperadas pelos investidores. É a altura do ano em que as empresas fazem contas ao que lucraram no ano anterior e tentam compensar os seus acionistas através da partilha dos seus lucros. Fazem-no através de dividendos. Há uns mais atrativos do que outros. Há datas a fixar para não deixar escapar as oportunidades. E há termos que parecem mais complicados do que realmente são. Prepare a sua carteira também com conhecimento mais técnico para ser bem-sucedido.

Payout

Representa a parcela dos lucros que a empresa vai dar aos acionistas sob a forma de dividendo. A mesma empresa X registou um lucro de 100 milhões de euros no ano passado e vai distribuir 75 milhões de euros desse resultado pelos seus acionistas. Ou seja, o payout da empresa será de 75% uma vez que vai dedicar 75 milhões a dividendos dos 100 milhões que obteve em lucro.

Um payout elevado não significa necessariamente que a empresa está a ser generosa com os seus acionistas. Poderá representar um compromisso da administração com os investidores, mesmo que o desempenho da empresa em termos de resultados não tenha sido o mais positivo. E também não significa o melhor dividendo para a sua carteira. A melhor forma de calcular a atratividade do dividendo é através do dividend yield.

Dividend yield

É um rácio financeiro muito utilizado pelos investidores para avaliar a atratividade do dividendo. Compara quanto a empresa irá pagar no seu dividendo com o valor do preço da ação. Calcula-se dividindo o dividendo pela cotação da ação. Quanto mais elevada for esta taxa, mais atrativo se assume o dividendo.

Um exemplo: a empresa X vai colocar à disposição um dividendo de 0,50 euros. As ações da empresa estão a cotar-se nos 10 euros. O dividend yield será calculado através da divisão dos 0,5 euros (dividendo) pelos 10 euros (ação). A leitura faz-se em percentagem, o que dá uma taxa de 5%.

Ainda assim, na hora de tomar a decisão, não esteja apenas atento à taxa de remuneração acionista. Há outras variáveis a ter em conta, como o risco e perspetivas da empresa e a consistência dos dividendos (caso seja um investidor de longo prazo), ou a data de ex-dividend (se a estratégia for de curto prazo), por exemplo.

Ex-Dividend

Quando olhar para o calendário da época de dividendos, não deverá ter apenas em consideração o dia em que ele será liquidado. Importa saber qual é o último dia em que a ação negoceia em bolsa com direito ao dividendo. A data de ex-dividend é isso: o dia em que uma ação perde direito ao dividendo.

Se quiser aproveitar o dividendo, terá necessariamente de ter as ações da empresa na sua carteira antes de o título entrar em ex-dividendo, o que acontece sempre dois dias úteis antes do pagamento da remuneração.

Exemplo: a empresa X vai pagar o dividendo no dia 21 de maio. Dois dias úteis antes de 21 de maio as ações negoceiam sem direito ao dividendo. Ou seja, terá de ser acionista da empresa X três dias úteis antes da liquidação para ter direito à recompensa.

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Caça aos dividendos. Vão ser mais atrativos este ano

Campeãs da Europa, as cotadas portuguesas vão dar mais motivos para sorrisos na próxima época de dividendos. Tome a devida precaução à partida para mais uma temporada de caça na bolsa.

Dividendos, dividendos e mais dividendos. A época de caça ao dividendo ainda não foi oficialmente aberta na bolsa nacional. Porém, à medida que as cotadas vão anunciando resultados, os investidores começam já a fazer contas àquilo que podem ganhar com a partilha dos lucros das empresas. Elas vão ser mais expansionistas na política de remuneração aos acionistas, sim. Mas também as taxas de rentabilidade deverão ser mais atrativas e sedutoras. Prepare os seus cartuchos, mas vá com prudência.

Investidores preparam-se para a caça ao dividendo na bolsa nacional.Raquel Sá Martins

À partida para mais uma época de dividendos no PSI-20, um dos períodos do ano em que a bolsa consegue captar maior interesse dos investidores, as cotadas nacionais estão em posição para dar maiores alegrias aos acionistas do que no ano passado. O panorama geral aponta para uma melhoria da atratividade dos dividendos. O dividend yield, um dos indicadores utilizados para avaliar o sex appeal do dividendo, deverá superar os 5% em termos médios, acima dos 3,9% do ano anterior. Só que há dividendos mais atrativos do que outros. Mas também há riscos-empresa maiores do que outros.

Os analistas alertam sobretudo para os riscos associados à sustentabilidade do dividendo, à capacidade de crescimento dos resultados e à previsibilidade de gerar receitas da empresa, riscos que importa pesar na hora de apontar a mira e atirar ao dividendo.

Das nove cotadas que já reportaram contas no PSI-20, seis bateram as projeções do mercado, o que não deixa de ser um sinal positivo numa temporada em que os lucros terão crescido cerca de 4%. Já o bolo de dividendos prepara-se para engordar 25%. Para a equipa de research do Banco BiG, não há motivos de preocupação: “Apesar do rácio de payout (dividendos/lucros) se manter a níveis relativamente elevados, observou-se um esforço relativamente bem-sucedido de desalavancagem da generalidade das empresas do índice Português, o que se constata (por exemplo) na redução do rácio dívida líquida sobre o EBITDA de 3,23 vezes em 2010 para 2,57 vezes no final de 2015″.

Com os avisos feitos, centramos atenções nos dividendos.

Rendibilidade dos dividendos aumenta

Fonte: Bloomberg e CMVM (valores em %)

As empresas do PSI-20 preveem distribuir este ano mais de dois mil milhões de euros sob a forma de dividendos. É muito dinheiro que para acedê-lo terá de ser necessariamente acionista na bolsa nacional.

Se ainda não possui títulos em carteira e pretende entrar na corrida aos dividendos, a dividend yield poderá revelar-se uma boa ferramenta para selecionar os alvos. O dividend yield calcula-se dividindo o dividendo pela cotação da ação. Quanto mais elevada for esta taxa, mais atrativo se assume o dividendo.

Entre as cotadas do PSI-20, é a Sonae Capital quem mais se destaca. Com um dividendo de 10 cêntimos, a cotada liderada por Cláudia Azevedo, filha de Belmiro de Azevedo, apresenta-se com uma taxa de retorno apetecível, bem acima de 10%. Um pormenor que pode fazer a diferença nesta análise tem a ver com o payout previsto: 142% dos lucros, o que significa que vai pagar (bem) mais em dividendos do que os lucros que obteve no ano passado.

De resto, os analistas esperam que também os CTT venham a repartir pelos acionistas mais do que os resultados que deverá ter obtido em 2016. A empresa de correios postais é mesmo um dos destaques para o Banco BiG. “Apesar do estágio desafiante em que se encontra a atividade do Banco CTT, deverá continuar a reforçar o valor do dividendo com base na elevada proporção de liquidez no balanço (cerca de 47,5% dos ativos totais)”, consideram os analistas do banco. Com base no preço da ação, o dividend yield deverá rondar os 9,5%. É a segunda maior taxa de rentabilidade em Lisboa.

Os dividend yields mais interessantes no PSI-20

Fonte: Bloomberg e CMVM (valores em %)

Além dos CTT, o Banco BiG coloca os holofotes sobre a Navigator. Ainda não há valor previsto para o dividendo. O consenso do mercado sugere que a papeleira liderada por Diogo Silveira deverá assumir um compromisso para um dividendo de 23 cêntimos, acima dos 19 cêntimos do ano passado. “Destacamos a possibilidade do reforço do dividendo (numa base homóloga) pela Navigator em resultado da evolução favorável das operações e pelo adiamento do investimento da fábrica em Cacia que foi diferido para 2017”, justificam os analistas do BiG.

Tamanho não importa

Em volume total do dividendo, EDP e Galp são as rainhas da bolsa. A elétrica nacional vai deixar à disposição dos acionistas aproximadamente 700 milhões de euros. A petrolífera prevê remunerar o mercado com mais de 400 milhões de euros. Representam mais de metade do bolo de dividendos do PSI-20. É um montante elevado, mas o tamanho não é tudo. O sex appeal importa. A consistência também.

A EDP surge com uma taxa de retorno de quase 7%, colocando o dividendo de 19 cêntimos no top 3 do ranking. A Galp está bem mais abaixo. Ainda assim, as duas energéticas têm-se revelado consistentes na política de remuneração acionista que assumem. Carlos Gomes da Silva, CEO da Galp, comprometeu-se com o mercado com um dividendo nunca inferior a 50 cêntimos nos próximos anos, um indicador importante para quem prefere adotar uma postura de longo prazo no mercado.

Falando em longo prazo, também a Nos poderá ter deixado um sinal positivo nos resultados que apresentou. O dividendo de 20 cêntimos por ação até pode ter ficado abaixo do esperado pelo Haitong. Ainda assim, o aumento da remuneração em 25% representa uma boa indicação de que a operador “está disposta a apresentar aos investidores um aumento mais considerável nos dividendos nos próximos anos”.

Campeões da Europa

A concretizar-se o cenário previsto pelos analistas, Portugal poderá reclamar para si o título de campeão da Europa nos dividendos. Um estudo da Allianz Global Investors revelou que, no final de 2016, a rentabilidade média do dividendo situou-se em torno dos 3,5% em toda a Europa, abaixo das projeções para o PSI-20. A gestora de ativos explica esta situação com o facto de que o mercado nacional apresenta valorizações baixas, o que acaba por tornar mais atrativos os dividendos.

Lisboa consegue superar o mercado espanhol, a quem a Allianz atribuiu uma rentabilidade de 4,4%.

No plano europeu, os cálculos apontam para um total de dividendos de 315 mil milhões de euros a distribuir pelas companhias do Velho Continente, batendo assim o anterior recorde de 302 mil milhões registado em 2016.

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