Da Efanor ao império do retalho em Portugal. O legado do patrão do grupo Sonae

Belmiro de Azevedo entrou para a Efanor quando ainda estudava, mas foi com a Sociedade Nacional de Estratificados que fez a sua fortuna. A Sonae é hoje um dos impérios do retalho em Portugal.

Filho de um carpinteiro e de uma costureira, Belmiro de Azevedo entrou para a Efanor (Empresa Fabril do Norte) ainda estudava. Não demorou muito até chegar à Sonae, a Sociedade Nacional de Estratificados, em 1965, empresa que se tornou sob o seu comando num império do retalho em Portugal através da popular cadeia de hipermercados Continente. Mas a Sonae hoje em dia é muito mais do que isso.

Atualmente sob liderança do filho, Paulo de Azevedo, foi Belmiro quem transformou a Sonae num conglomerado multinacional com um portefólio diversificado de negócios nas áreas de retalho, serviços financeiros, tecnologia, centros comerciais e telecomunicações. Atualmente, a Sonae está avaliada pelos investidores em mais de 2.000 milhões de euros na bolsa.

A lista de empresas do grupo é extensa, assim como as suas marcas: Sonae MC (retalho alimentar, saúde e bem-estar), Sonae S&F (desporto e moda), Worten (retalho de eletrónica), Sonae RP (imobiliário), Sonae FS (serviços financeiros), Sonae IM (gestão de investimentos), Sonae Sierra (centros comerciais) e a Nos (telecomunicações).

Mas há meio século tudo era diferente e a Sonae, fundada a 18 de agosto de 1959 por Afonso Pinto Magalhães, também. Era muito mais pequena, dedicando-se à produção de estratificados a partir de engaço de uva. Só não faliu nos primeiros anos de vida porque o fundador tinha um banco — o Banco Pinto Magalhães.

Foi em 1965 que a Sonae contratou Belmiro de Azevedo. E as coisas mudam no seio da empresa a um ritmo alucinante nas décadas a seguir. Entre tentativas de nacionalização na década de 70, a Sonae diversifica o seu negócio para as madeiras (Novopan), construção (Contacto) e restauração e gestão hoteleira (Ibersol).

Entra a sério no negócio da distribuição e retalho, que está hoje no core da Sonae, em 1983, com formação de uma joint venture com a francesa Promodès, isto depois de uma primeira tentativa tímida no setor com os supermercados de Pinto de Magalhães: os Invictos (no Porto) e os Modelo (em Lisboa). Neste mesmo ano, inicia-se a aventura da Sonae na bolsa, com uma capitalização bolsista de 500 mil contos (cerca de 2.493 milhões de euros).

Hoje em dia é a atividade de distribuição e retalho que mais dá a ganhar ao grupo. Na primeira metade do ano, a unidade de retalho da Sonae faturou mais de 2.500 milhões de euros, destacando-se a cadeia de hipermercados Continente — o primeiro hipermercado foi aberto em 1985.

A década de 1990 foi também ela muito intensa. Da aposta no retalho mais especializado resultou o lançamento de várias marcas como a Modalfa, Maxmat, Max Office, Sport Zone, Worten, entre outras.

Mas destaca-se sobretudo o lançamento da Optimus (que deu lugar à Nos, depois da fusão com a Zon) em 1997, marcando o início da Sonae no setor de telecomunicações que na década seguinte viria a colocar Belmiro de Azevedo em rota de colisão pública com o governo de José Sócrates. Em 2006, Belmiro foi o rosto da oferta pública de aquisição (OPA) sobre a PT e PT Multimédia. Ainda hoje o falhanço nessa operação é tema de conversa na família.

Foi, de resto, na sequência do falhanço da OPA à PT que Belmiro Azevedo decidiu afastar-se da presidência executiva do grupo, em 2007, passando a exercer funções de chairman — cargo do qual se afastaria em 2015.

Quando há dois anos deixou de estar ligado à gestão da Sonae, Belmiro sabia o percurso que tinha realizado nas cinco décadas anteriores. Deixava uma Sonae com mais de 45 mil trabalhadores — 40 mil dos quais em Portugal — e uma multinacional presente em mais de 70 países.

(Notícia atualizada às 17h35)

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Belmiro de Azevedo: Um do trunfos portugueses na lista dos mais ricos da Forbes

"Filho de pai carpinteiro e mãe costureira", com uma fortuna de dois mil milhões de dólares, Belmiro de Azevedo foi um dos principais trunfos portugueses na lista dos mais ricos do mundo da Forbes.

Belmiro de Azevedo morreu esta quarta-feira, aos 79 anos.ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Belmiro de Azevedo morreu esta quarta-feira, aos 79 anos. Era um dos homens mais ricos de Portugal, deixando uma fortuna avaliada em dois mil milhões de dólares. Considerado um self made billionaire, foi um dos trunfos nacionais nas várias edições da lista dos mais ricos, elaborada anualmente pela revista Forbes. Na última edição, era o quarto português mais rico do mundo. Estava na posição 1.376 entre as maiores fortunas.

A última edição da lista da Forbes foi conhecida a 20 de março, com Américo Amorim à cabeça e uma fortuna de 4,4 mil milhões de dólares. Era seguido por Alexandre Soares dos Santos, com uma fortuna de 2,7 mil milhões de dólares. Em ambos os casos, a riqueza dos donos, respetivamente, da Corticeira Amorim e da Jerónimo Martins, tinham crescido desde a edição anterior da lista. Ao contrário da de Belmiro de Azevedo, que encolhera em um milhão de dólares, devido à desvalorização das ações da Sonae.

Em 2013, o cenário era diferente. Belmiro de Azevedo era o terceiro — e não o quarto — português mais rico do mundo, ocupando a 1.024.ª posição entre 1.426 nomes (na última edição, estava na 1.376.ª posição). Como noticiava o Público na altura, Belmiro de Azevedo e Soares dos Santos eram os únicos a ver as fortunas crescer em relação a 2012. O patrão da Sonae detinha uma fortuna de 1,45 mil milhões de dólares, que viria a dar um salto de 1,05 mil milhões, para 2,5 mil milhões de dólares.

Em 2006, Belmiro de Azevedo chegou mesmo a estar isolado. Era o único português a ter lugar na lista dos mais ricos da Forbes, de acordo com a SIC Notícias. Nesse ano, foi condecorado pelo Presidente da República, Jorge Sampaio.

No perfil do multimilionário português, a revista recorda que, aos 27 anos, Belmiro de Azevedo entrou para a Sonae quando esta atravessava sérias dificuldades. Tornou-se presidente executivo dois anos depois e, “ao longo de quatro décadas, tornou-a numa grande holding multinacional chamada Sonae SGPS”. A revista recorda que, em 2015, Belmiro de Azevedo deixou o conselho de administração da companhia, mantendo-se dono de uma fatia de 53% do grupo. Segundo a Forbes, Belmiro de Azevedo, “filho de pai carpinteiro e mãe costureira”, detinha ainda participações na Sonae Indústria e na Sonae Capital.

Fortuna de Belmiro de Azevedo, entre 2007 e 2017 (exceto 2009)

Fonte: Revista Forbes

(Notícia atualizada pela última vez às 17h32 com mais informação)

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Governo quer acordo “o mais abrangente possível” na dedução pela banca de impostos diferidos

  • Lusa
  • 29 Novembro 2017

Mourinho Félix quer sentar-se à mesa com os outros partidos para debater a proposta legislativa que permita aos bancos deduzirem ativos por impostos diferidos. Objetivo é alcançar acordo "abrangente".

O Governo quer debater na Assembleia da República uma proposta legislativa que permita aos bancos deduzirem ativos por impostos diferidos e que obtenha um acordo “o mais abrangente possível” com os grupos parlamentares.

Durante a votação artigo a artigo da proposta e alterações ao Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), o PS retirou uma proposta, da sua autoria, que criava uma norma transitória para os impostos diferidos que os bancos acumularam, que o Governo estimou em 5.000 milhões de euros, permitindo que fossem deduzidos aos impostos a pagar ao fisco (quando os bancos têm lucros) ao longo dos próximos anos.

"O Governo entende que uma proposta que tem esta importância, que é uma proposta que não é uma proposta com pendor ideológico, que pretende dar resposta a uma questão que existe e que tem de ter um resposta rápida sob pena de se estar, por um lado, a criar um risco para a previsibilidade das receitas fiscais no futuro próximo, e por outro, pôr em causa parte do capital que foi criado nos bancos, deve ser uma proposta que é compreendida por todos os grupos parlamentares e deve ter um apoio mais abrangente no parlamento.”

Mourinho Félix

Secretário de Estado Adjunto e das Finanças

“O Governo entende que uma proposta que tem esta importância, que é uma proposta que não é uma proposta com pendor ideológico, que pretende dar resposta a uma questão que existe e que tem de ter um resposta rápida sob pena de se estar, por um lado, a criar um risco para a previsibilidade das receitas fiscais no futuro próximo, e por outro, pôr em causa parte do capital que foi criado nos bancos, deve ser uma proposta que é compreendida por todos os grupos parlamentares e deve ter um apoio mais abrangente no parlamento. Nesse sentido, o que fizemos foi retirar a proposta e poder agora, fora do orçamento – porque não é uma proposta que tenha de estar necessariamente no orçamento -, ter uma discussão abrangente com todos os partidos“, afirmou Mourinho Félix.

O secretário de Estado adjunto e das Finanças justificou assim a retirada da proposta da discussão orçamental na passada semana, quando questionado pelos jornalistas à margem do Fórum Banca, que decorreu esta quarta-feira, em Lisboa.

Mourinho Félix recordou que, na altura do debate, o PSD criticou que a proposta tinha sido apresentada muito em cima da hora, sem tempo para ser discutida e percebida, uma posição que o Governo acompanhou, mas que recusa que tenha como objetivo obter o acordo apenas dos sociais-democratas.

O objetivo, disse o governante, “é que essa proposta tenha o maior apoio de todos os partidos, porque é uma questão que beneficiará todos os partidos que venham a passar pelo Governo nos próximos anos e é uma questão de estabilidade financeira”. “Procuramos entendimentos em todo o arco parlamentar. Penso que seria importante que todos os partidos estivessem disponíveis para se encontrar uma solução que tivesse um acordo o mais abrangente possível”, disse.

Com esta medida, que acabou por não avançar ainda, seria dada uma garantia de Estado de que esses ativos por impostos diferidos serão aceites, evitado assim que os bancos tenham de os deduzir ao capital, o que seria um ‘rombo’ para os fundos próprios das instituições financeiras.

Ao mesmo tempo, as deduções no pagamento de impostos pelos bancos não seriam logo reconhecidas pelo Fisco, mas diluídas no tempo, evitando que o Estado perdesse receitas imediatamente.

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Parlamento aprova voto de pesar a Belmiro. PCP votou contra. Acompanhe aqui as reações à morte do empresário

Belmiro Mendes de Azevedo, empresário que liderou o grupo Sonae e um dos homens mais ricos do país, morreu esta quarta-feira, aos 79 anos.

Belmiro Mendes de Azevedo, empresário que liderou o grupo Sonae e um dos homens mais ricos do país, morreu esta quarta-feira aos 79 anos. Entrou para a Sonae no final da década de 1960, assumindo o controlo da empresa em 1974. Nasceu a 17 de fevereiro de 1938, em Tuías, Marco de Canaveses. Faleceu no Hospital da CUF, no Porto, onde estava internado desde segunda-feira.

Acompanhe o direto com as reações à sua morte.

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Morreu o homem com “fama de rico, comportamento de pobre”

O líder da Sonae morreu esta quarta-feira. Era um dos homens mais ricos do país e, desde a década de 1970, alargou o império da Sonae do retalho às telecomunicações.

Belmiro de Azevedo, o líder da Sonae, morreu aos 79 anos.André Kosters / Lusa

Belmiro Mendes de Azevedo, empresário que liderou o grupo Sonae e um dos homens mais ricos do país, morreu esta quarta-feira, aos 79 anos. Faleceu no Hospital da CUF, no Porto, onde estava internado desde segunda-feira. Nasceu a 17 de fevereiro de 1938, em Tuías, Marco de Canaveses.

Licenciado em Engenharia Química, a primeira experiência profissional do empresário natural de Marco de Canaveses foi na Efanor (Empresa Fabril do Norte). Entrou para a Sonae no final da década de 1960, assumindo o controlo da empresa em 1974. Era, como veio a descrever-se na sua biografia, uma “pequena empresa em dificuldades económicas e financeiras, que fabricava laminados decorativos”. Por isso, como lembrou o próprio, no discurso da cerimónia dos seus 50 anos na Sonae, a sua primeira tarefa na empresa foi “destruir para voltar a construir”.

Foi a chamada “destruição criativa”. Sob a sua liderança, o grupo Sonae transformou-se num império, com investimentos em várias áreas: do retalho, com a criação de marcas como o Continente, Modelo, Worten, Sport Zone e vários centros comerciais por todo o país, à comunicação social, através da fundação do jornal Público, passando pelas telecomunicações, com o investimento na Optimus (agora Nos), e pelo turismo, com o investimento mais marcante no Troia Resort.

Em 1983, levou a Sonae para o mercado de capitais, com uma capitalização bolsista de 500.000 contos (o equivalente, à cotação de hoje, a mais de 2 mil milhões de euros). Nessa altura, tornou-se também no principal acionista.

Durante anos, Belmiro de Azevedo liderou a lista dos mais ricos de Portugal, mas viu a sua fortuna cair com a redução da capitalização bolsista da Sonae. Em 2017, o ranking da Forbes colocou Belmiro de Azevedo no terceiro lugar dos mais ricos de Portugal, com um fortuna avaliada em 1,4 mil milhões de euros, figurando também na lista dos mais ricos do mundo.

Retirou-se da presidência executiva da Sonae em 2007, mas foi só aos 77 anos, em abril de 2015, que abandonou por completo a administração do grupo, precisamente no aniversário de 50 anos após a sua entrada na empresa. Deixou o grupo a cargo dos seus filhos, Paulo Azevedo e Cláudia Azevedo. Na altura, o empresário garantiu que não iria ficar quieto.

Belmiro, o empresário do Norte

Belmiro de Azevedo, à direita, com Américo Amorim, à esquerda. Dois dos homens mais ricos de Portugal morreram este ano.Estela Silva / Lusa

Ao lado de Américo Amorim, também falecido este ano, Belmiro de Azevedo simbolizava a figura de empresário do Norte. Filho de um carpinteiro e de uma costureira, subiu no mundo empresarial a pulso. Com a diversificação das áreas de negócio, conseguiu recuperar a Sonae quando esta estava longe de se tornar no império que é hoje e estava, aliás, à beira da falência. Em três anos, pôs a empresa quase falida a dar lucro.

Entrou para a Sonae como diretor de investigação e de desenvolvimento, com um ordenado de 7.500 escudos (o equivalente a 37,5 euros). A empresa internacionalizou-se, fez aquisições de outras empresas e entrou para a bolsa, mas o grande momento de viragem acontece quando Belmiro de Azevedo aposta no retalho. Em 1985, a Sonae abre o primeiro hipermercado em Portugal, o Continente de Matosinhos. “Este momento marca o início da atividade da Sonae Distribuição, resultado da joint-venture entre a Sonae e a Promodés”, pode ler-se no site da Sonae.

Subiu na vida e chegou ao pódio dos mais ricos do país — e mesmo à lista dos mais ricos do mundo –, mas a postura foi sempre de sobriedade e de frugalidade. Chegava a ser apelidado de sovina. “Tenho fama de rico, comportamento de pobre”, chegou a dizer numa entrevista à Visão em 2010. “Estou bem assim”, garantiu.

Belmiro, o homem que dizia o que pensava

Belmiro de Azevedo com o jornalista Vicente Jorge Silva, na apresentação do jornal Público, que a Sonae fundou, em 1989.Luís Vasconcelos / Lusa

Belmiro de Azevedo não mediu as palavras para dizer o que pensava. Uma grande entrevista à Visão, em 2010, é bem exemplo disso. Nessa entrevista, classificou Cavaco Silva, então Presidente da República, de ditador. “Cavaco é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, com vermelho direto”.

Também não poupou outras cores políticas. Nesse mesmo ano, o socialista Manuel Alegre candidatava-se às eleições presidenciais e Belmiro de Azevedo condenava a sua candidatura com apenas cinco palavras: “O Alegre devia ter juízo”. Isto porque, no final do mandato, já teria 80 anos. “Não é muito sensato”.

Já sobre José Sócrates, na altura primeiro-ministro, também não faltavam acusações. “O primeiro-ministro telefona ou manda telefonar com muita frequência“, admitiu, sobre a pressão que era feita ao Público, jornal detido pela Sonae.

Belmiro, o empreendedor que arriscou

Belmiro de Azevedo com o então primeiro-ministro José Sócrates.Estela Silva / Lusa

Não só disse o que pensava, como fez aquilo em que acreditava, mesmo quando o aconselharam a não o fazer. No meio do sucesso, os falhanços foram muitos: dos supermercados no Brasil, uma aposta que nunca vingou, à perda de posição na Portucel. O episódio mais emblemático dessa vontade de arriscar é o da oferta pública de aquisição (OPA) lançada sobre a Portugal Telecom (PT).

O comunicado foi enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a 6 de fevereiro de 2006: a Sonaecom lançava uma OPA hostil sobre a PT, no valor de 11,1 mil milhões de euros, na altura em que a operadora nacional era presidida por Miguel Horta e Costa. Um ano depois, subiu a contrapartida para 11,8 mil milhões de euros. Em março desse mesmo ano, a OPA caiu — caía assim o maior negócio de sempre em Portugal, chumbado em Assembleia Geral da PT.

O próprio Belmiro de Azevedo admitia a dimensão ambiciosa desta operação. “Foi a única vez que, com o meu filho Paulo, e pela dimensão do projeto, decidi ir falar com o primeiro-ministro, por uma razão simples: era uma OPA hostil e um dos acionistas era o Estado, com uma golden-share. Se o Governo nos tivesse dito nessa altura que não, que seria contra a venda da PT, nós não teríamos lançado a operação. [Sócrates] ficou muito espantado e elogiou imenso a ousadia da Sonae. Por isso, avançamos”, lembrou o empresário, pouco tempo depois de a OPA ter falhado.

O que falhou? Belmiro de Azevedo nunca poupou críticas a José Sócrates. “Quando mandou votar, [Sócrates] deu ordens [à Caixa Geral de Depósitos] contra a proposta da Sonae. Votou contra via Caixa Geral de Depósitos. Perguntei a cinco antigos presidentes da CGD quem mandava em situações como aquela e todos me disseram o mesmo: a independência da administração é total, exceto relativamente à EDP, Galp e PT. Não tenho, pois, dúvidas de que o voto contra da Caixa, na Assembleia Geral que chumbou a OPA, foi ditado pelo Governo. Todos o sabem. E estou convencido que ainda vou ter vida suficiente para saber exatamente como tudo se passou nos bastidores”.

O empresário não se enganou e viveu, de facto, o suficiente para conhecer pelo menos parte da verdadeira história. Em 2015, os investigadores do Ministério Público começaram a investigar o falhanço desta OPA. Este ano, quando foi conhecida a acusação da Operação Marquês, soube-se que José Sócrates é suspeito de ter recebido, de Ricardo Salgado, seis milhões de euros para que o então primeiro-ministro travasse a OPA à PT.

Belmiro, o mecenas

Belmiro de Azevedo com o filho Paulo Azevedo.José Coelho / Lusa

Juntamente com a atividade empresarial, Belmiro de Azevedo dedicou-se também ao mecenato, sobretudo depois de se afastar da liderança da Sonae. Foi em 1991 que criou a Fundação Belmiro de Azevedo, dedicada ao mecenato nas áreas da Educação, das Artes, da Cultura e da Solidariedade. Através desta fundação, financiou projetos como o Edulog, um think tank de educação que atribuiu bolsas para projetos de investigação, por exemplo.

A educação foi uma das principais áreas a que se dedicou quando se retirou da administração da Sonae, em 2015. “Dedicarei parte substancial do meu tempo futuro” ao Edulog, disse na cerimónia dos seus 50 anos no grupo.

A agricultura foi outra das áreas a que se dedicou nos últimos tempos. “Continuarei, também, a dedicar-me ao setor primário em Portugal, incluindo a primeira e segunda transformação de produtos naturais, que considero, como tenho dito muitas vezes, absolutamente crítico para o sucesso do nosso país” explicou na mesma altura.

Mas nunca deixou de intervir na Sonae. “Continuarei a zelar pelos nossos valores enquanto acionista e no âmbito do global advisory board que a Sonae está a equacionar criar e que deverá apoiar decisões estratégicas do grupo em busca de novos negócios e novas tecnologias, com particular ênfase em outras geografias”.

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Corticeira Amorim paga dividendo extra a 14 de dezembro

Dividendo extraordinário de oito cêntimos será distribuído pelos acionistas a partir de 14 de dezembro, informou hoje a Corticeira Amorim após luz verde da assembleia geral.

A Corticeira Amorim COR 0,00% vai pagar um dividendo extra de oito cêntimos no dia 14 de dezembro, anunciou a empresa esta quarta-feira em comunicado enviado ao mercado após a aprovação da proposta em assembleia geral.

No total, a Corticeira Amorim propõe-se distribuir 10,6 milhões de euros pelos acionistas, uma decisão que surge depois do “sólido crescimento da atividade e dos resultados ao longo dos últimos exercícios, bem como as perspetivas para o exercício corrente, vêm permitindo à Corticeira Amorim gerar cash flows crescentes”.

“Sendo assim é possível efetuar uma distribuição de reservas aos acionistas sem colocar em causa a manutenção de uma eficiente estrutura de capitais”, justificou a empresa aquando da convocação da assembleia geral no início deste mês.

O pagamento deste dividendo acontece depois de já este ano a empresa ter pago um dividendo de 18 cêntimos por ação aos acionistas. De resto, já o ano passado a empresa de Rios Amorim pagou no final do ano um dividendo extraordinário semelhante ao proposto agora.

A empresa lembra que “os acionistas que não tenham ainda procedido à conversão das suas ações tituladas em ações escriturais não poderão exercer o respetivo direito a dividendos até que efetuem a referida conversão, sendo tais dividendos pagos logo que efetuada a conversão”.

A Corticeira Amorim fechou os primeiros nove meses do ano com lucros de 56,4 milhões de euros, um crescimento de 2,1% face ao período homólogo do ano anterior.

As ações da Corticeira estão a valorizar 0,93% para os 11,68 euros, acumulando um ganho de 37% desde o início do ano.

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Ministro da Saúde: mudança do Infarmed “foi muito mal comunicada”

  • ECO
  • 29 Novembro 2017

O ministro da Saúde assumiu a responsabilidade pela "má comunicação" da decisão da transferência do Infarmed para o Porto.

Adalberto Campos Fernandes admitiu esta quarta-feira que o anúncio da transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto não foi a melhor, tal como já tinha indicado o primeiro-ministro. À saída da comissão parlamentar de saúde, o ministro da Saúde afirmou que a decisão “foi muito mal comunicada”, em declarações citadas pelo Público.

O responsável sobre essa má comunicação sou eu“, assumiu o ministro da Saúde esta quarta-feira perante as perguntas dos jornalistas no Parlamento. Adalberto Campos Fernandes argumentou que, no entanto, essa falha não deve ser utilizada como desculpa para não ir para a frente com a transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto. “Assumo as minhas responsabilidades e terei agora de explicar detalhadamente, de trabalhar detalhadamente com todos, para que essa comunicação seja recomposta”, rematou.

O ministro da Saúde indicou ainda que já está em marcha um grupo de trabalho liderado por Henrique Luz Rodrigues, ex-presidente do Infarmed, que fará a “apreciação material, técnica e científica” da “intenção política” do Governo. Após a decisão estar feita, segundo Adalberto Campos Fernandes, é tempo de fazer uma análise — o ministro até admitiu ter “em consideração” a deliberação do grupo de trabalho, mesmo que chumbe a transferência.

Esta semana somaram-se as críticas. A Federação de Sindicatos da Administração Pública afirmou que esta mudança “não é uma política com sentido”. E a própria presidente do Infarmed veio dizer que o Governo não decidiu, tendo apenas uma intenção.

Por outro lado, no Porto os partidos juntaram-se para exigir o Infarmed na cidade e pediram que este não seja um ato isolado.

(Notícia alterada às 16:37, corrigindo o nome do líder do grupo de trabalho)

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Míssil norte-coreano não assusta Wall Street. S&P 500 renova máximos

  • ECO
  • 29 Novembro 2017

As ameaças de Pyongyang ainda não abalaram as bolsas norte americanas, que reagem de forma positiva à reforma fiscal de Donald Trump.

As bolsas norte-americanas abriram esta quarta-feira a subir. O otimismo entre os investidores faz-se sentir após os progressos na aprovação da reforma fiscal de Trump entre os senadores, e com algumas pistas de alívio no setor financeiro, anunciadas por Jerome Powell, do comité do Senado. O novo teste nuclear de Pyongyang não está para já a assustar Wall Street.

O S&P 500 continua a apresentar a melhor performance, abrindo a valorizar 0,98% para os 2.627,04 pontos, ainda em máximos históricos. O índice industrial Dow Jones segue a valorizar 0,31% e o tecnológico NASDAQ começa a dar alguns sinais de reversão, tendo iniciado a sessão a cair 0,27%.

O Senado norte-americano tem vindo a dar luz verde na reforma fiscal proposta por Trump, que prevê dar alguma folga na carga fiscal às empresas. O voto final será dado na próxima quinta-feira. Trump prevê que a sua proposta siga em frente, abrindo portas para aquilo que diz ser “o maior [corte de impostos] na história” dos Estados Unidos.

A tarde da passada terça-feira ficou marcada no cenário internacional pelo lançamento de um novo míssil balístico pela Coreia do Norte. Trump diz que vai “tomar conta do assunto” e os investidores ainda não apresentaram grandes preocupações.

Numas das suas últimas aparições enquanto presidente da Fed, Janet Yellen avançou que os ativos se encontram em valores “altos dados os valores históricos, e que as vulnerabilidades no setor financeiro parecem ser moderadas”.

Quanto à mais recente revisão do crescimento da economia norte-americana, o PIB cresceu 3,3%, acima dos 3% estimados anteriormente.

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FESAP sobre mudança do Infarmed: “Isto não é uma política com sentido”

  • ECO
  • 29 Novembro 2017

FESAP diz que mudança do Infarmed para o Porto foi anunciada de "forma totalmente incompreensível" e apela à sua clarificação. Este é um dos temas reunião desta quarta dos sindicatos com o Governo.

À entrada da reunião do Governo com os sindicatos sobre a política de admissões nas empresas do Estados, João Abraão deu nota negativa à mudança do Infarmed para o Porto: “Isto não significa nenhuma política de mobilidade com algum sentido”, disse. De acordo com o secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), o anúncio foi feito de “forma totalmente incompreensível” e deixou clara a necessidade de esclarecer e discutir os programas de mobilidade na Administração Pública, para que os trabalhadores não sejam penalizados por qualquer mudança que possa vir a acontecer.

Na semana passada, o ministro da Saúde anunciou que a Autoridade Nacional de Medicamentos e Produtos de Saúde (Infarmed) iria passar a ter sede no Porto, na sequência do fim da corrida europeia para a próxima cidade sede da Agência Europeia do Medicamento. Entretanto, a presidente dessa entidade já esclareceu que o governante lhe tinha apresentado essa mudança apenas como “intenção” e não uma decisão, revelando-se “incrédula” com o anúncio.

Na reunião desta quarta-feira do Governo com os sindicatos, estará, além disto, em cima da mesa o combate à precariedade — não só com o reforço do Programa de Regularização Extraordinária dos Vínculos Precários na Administração Pública, mas também com a garantia de que no futuro não se farão mais contratos com os mesmos traços problemáticos — e o descongelamento das carreiras.

“Há uma questão que nos preocupa imenso que tem a ver com o facto de contratos individuais de trabalho, às dezenas de milhares, nos hospitais EPE que não têm carreira, nem serão objeto de descongelamento, no ano de 2018“, frisou Abraão. Segundo o representante da FESAP, o Orçamento do Estado abriu portas, nesse sentido, mas ainda é percebido lutar “para que ninguém fique para trás” e para que haja “justiça no descongelamento e nas políticas de mobilidade”.

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PME da Zona Euro com crescimento recorde nos lucros

Desde a crise financeira que não se verificava um crescimento generalizado dos lucros das PME da Zona Euro, nota o Banco Central Europeu.

As pequenas e médias empresas (PME) estão a crescer nos lucros. O Banco Central Europeu registou uma subida de 5%, um recorde desde que o primeiro levantamento foi feito, em 2009. O acesso ao financiamento é o que menos preocupa estas empresas, que esperam um contínuo alívio neste âmbito.

Há menos microempresas a apresentarem uma redução nos lucros e mais que reportam um crescimento nesta frente. Assim, a Zona Euro consegue um aumento de 5% nos resultados líquidos das PME, informa o Banco Central Europeu no Inquérito ao Acesso a Financiamento às empresas na Zona Euro, que analisa o período entre abril e setembro de 2017. “As PME continuaram a atribuir os desenvolvimentos favoráveis na disponibilidade de financiamento externo a melhorias na vontade dos bancos de concederem crédito“, lê-se no relatório.

As PME continuaram a atribuir os desenvolvimentos favoráveis na disponibilidade de financiamento externo a melhorias na vontade dos bancos de concederem crédito.

Banco Central Europeu

No documento, as PME apontam uma maior disponibilidade de empréstimos bancários e crédito a descoberto (bank overdrafts), numa altura em que o apetite por esta última opção aumenta enquanto a necessidade de recorrer a empréstimos bancários se mantém inalterada. “A procura por financiamento externo aumentou moderadamente no período em análise“, comenta o banco central, e acrescenta: “As empresas da Zona Euro registaram melhorias nas condições de financiamento externo, o que apoia a expansão económica a decorrer.

As condições atuais deixam espaço ao otimismo, com a instituição liderada por Mário Draghi a concluir que “as PME da Zona Euro esperam melhorias continuadas na disponibilidade de fontes internas e externas de financiamento“, olhando para o período dos seis meses que terminam em março de 2018.

Encontrar financiamento é mais fácil que encontrar mão-de-obra

O acesso a financiamento é o menor dos problemas nas pequenas e médias empresas, dizem as próprias. Mantêm no topo das preocupações encontrar clientes, embora encontrar os colaboradores com as qualificações certas seja o problema que mais tem agigantado nas empresas, com 23% das empresas a considerarem esta a maior dificuldade.

  • Encontrar clientes (24%)
  • Disponibilidade de mão-de-obra qualificada (23%)
  • Competição (13%)
  • Regulação (12%)
  • Custo de produção (12%)
  • Acesso a financiamento (8%)

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BEI financia 1,9 mil milhões de euros de projetos portugueses no Plano Juncker

Até novembro já foram aprovados financiamentos no valor de 1,9 mil milhões de euros, referentes a 27 operações, que, no total, deverão alavancar um investimento de 5,5 mil milhões dos privados.

O Banco Europeu de Investimento vai financiar 1,9 mil milhões de euros em projetos portugueses ao abrigo do Plano Juncker, o que coloca Portugal entre os principais beneficiários deste instrumento que visa fomentar o crescimento na Europa.

De acordo com os últimos valores divulgados pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) — a instituição que financia o Plano Juncker com garantias do orçamento comunitário — até novembro já foram aprovados financiamentos no valor de 1,9 mil milhões de euros, referentes a 27 operações, que, no total, deverão alavancar um investimento de 5,5 mil milhões de euros dos privados.

Até ao final do ano, a expectativa da equipa do BEI em Lisboa é conseguir assinar operações de financiamento no valor de 200 milhões de euros. Ou seja, dos 1,9 mil milhões de operações aprovadas, 200 milhões passem para a fase seguinte que permitirá a chegada efetivado dinheiro à economia real.

A nível europeu, Portugal é apontado como um caso de sucesso na implementação do Plano Juncker, não só em termos absolutos — está em sétimo ou oitavo lugar — mas também em termos relativos. Apenas em Portugal, o BEI financia diretamente um município (a Câmara Municipal de Lisboa) ou um projeto tão pequeno, como o campus da Nova School of Business em Carcavelos (16 milhões de euros) — normalmente o BEI só financia diretamente projetos superiores a 50 milhões de euros.

Com “dezenas de projetos a serem analisados”, a equipa do BEI em Lisboa espera, no próximo ano, acrescentar mais mil milhões de euros em aprovações no âmbito do Plano Juncker.

Mas a atividade do BEI, enquanto tal, em Portugal também está a evoluir a passos largos. A expectativa é de o volume de projetos assinados com o banco, em Portugal, seja idêntico ao do ano passado, em torno dos 1,5 mil milhões de euros. Nos próximos dias deverá ser fechada a assinatura de mais um projeto — o Alqueva — que ajudará a atingir esta meta. O Governo pretende aumentar em 50 mil hectares o regadio do Alqueva através de um empréstimo de 260 milhões de euros. Na sua intervenção inicial na discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2018, no Parlamento, a 14 de novembro, o ministro da Agricultura disse que este mês ainda será oficializado este empréstimo. “Depois de muitos meses, mais de um ano, de negociação com o BEI vai ainda este mês concretizar-se a assinatura do empréstimo de 260 milhões de euros”, anunciou Luís Capoulas Santos. O empréstimo “ainda deixará uma folga financeira de outros cinquenta milhões, para além do PDR [Programa de Desenvolvimento Rural], a investir noutras áreas do país”, acrescentou.

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Centeno no Eurogrupo? Há apoios, mas “não está decidido”, diz Mourinho Félix

Ricardo Mourinho Félix diz que se houver entendimento de parte de um conjunto abrangente de países, há uma ponderação que tem de ser feita não só pelo ministro das Finanças".

Mário Centeno mantém o silêncio. E os restantes membros do Governo de António Costa também não confirmam que o ministro das Finanças de Portugal será candidato à liderança do Eurogrupo, apesar da disponibilidade para o fazer. Mourinho Félix diz que ainda nada está decidido, mas reconhece que “se houver entendimento de parte de um conjunto abrangente de países, há uma ponderação que tem de ser feita” por Centeno.

“O ministro das Finanças português manifestou disponibilidade para ser candidato caso seja um fator de união e um fator de promoção da discussão do aprofundamento da União Económica e Monetária, uma parte essencial do trabalho do próximo líder do Eurogrupo”, disse Mourinho Félix à margem do Fórum Banca, promovido pelo Jornal Económico e PwC.

A candidatura só avança se estiverem reunidos dois pressupostos: um apoio abrangente que não quer dizer a certeza de que se ganhe e uma ponderação sobre as implicações que isso tem sobre a condução da política económica em dois fora: na República portuguesa e na presidência do Eurogrupo. Existe uma probabilidade de concretização desses dois pressupostos.

Ricardo Mourinho Félix

Secretário de Estado das Finanças

“O Governo e o ministro das Finanças estão envolvidos num conjunto de contactos a nível europeu”, por causa da eleição do próximo presidente do Eurogrupo. “As discussões estão a acontecer”, afirmou o secretário de Estado das Finanças. “Se houver esse entendimento de parte de um conjunto abrangente de países, há uma ponderação que tem de ser feita“. “Se estiverem reunidas as condições a nível europeu e a nível nacional, a seu tempo será dito o que acontecerá”, disse Mourinho Félix.

“Ainda não está decidido”, acrescentou, sendo que o prazo para apresentação das candidaturas termina esta quinta-feira, sendo eleito o próximo presidente do Eurogrupo no dia 4 de dezembro. “A candidatura só avança se estiverem reunidos dois pressupostos: um apoio abrangente que não quer dizer a certeza de que se ganhe e uma ponderação sobre as implicações que isso tem sobre a condução da política económica em dois fora: na República portuguesa e na presidência do Eurogrupo”. E remata: “existe uma probabilidade de concretização desses dois pressupostos“.

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