Função Pública não abdica de aumentos também para quem ganha mais

  • Marta Santos Silva
  • 4 Outubro 2018

Os sindicatos da Administração Pública têm preferência por um modelo de atualizações salariais em percentagem igual para todos os escalões. Uma proposta final ficou prometida para a próxima semana.

A Frente Sindical não aceitaria que as atualizações salariais na Função Pública não abrangessem aqueles que mais recebem, visto que também foram estes que mais foram forçados a contribuir durante o período da austeridade, explicou ao ECO a dirigente sindical do STE, Helena Rodrigues, após uma reunião com o Ministério das Finanças.

O Ministério das Finanças, que tutela os trabalhadores do Estado, ainda não fechou qual o formato de atualizações salariais para a Administração Pública que irá levar a cabo no Orçamento do Estado para 2019, e esta quinta-feira, em reunião com os sindicatos do setor, procurou obter as perspetivas dos representantes dos trabalhadores.

O Governo terá colocado em cima da mesa três formulações diferentes para estas atualizações remuneratórias. Por um lado, poderia haver um aumento generalizado, chegando a todos, num valor absoluto em euros que fosse igual para todos. Uma segunda hipótese seria um aumento percentual que abrangesse, também, todos os trabalhadores, resultando em aumentos proporcionais ao salário. A terceira hipótese de aumento seria uma em percentagem que favorecesse aqueles que ganham menos, ou seja, que previsse uma percentagem mais alta de aumento para quem menos recebe, e um aumento percentual mais baixo para aqueles que ganham mais.

A perspetiva do STE, esclareceu Helena Rodrigues, é a de que a opção mais favorável entre os cenários propostos pelo Governo seria a de um aumento salarial percentual que fosse igual para todos os trabalhadores. O que está mesmo fora de questão, sublinhou, é um aumento salarial que não afete os trabalhadores que mais ganham. “Não aceitamos”, reafirmou, uma situação do género, já que considera que estes trabalhadores foram aqueles que de mais abdicaram durante o período da crise em que a austeridade pressionou os salários do setor.

O primeiro-ministro António Costa, numa entrevista que deu à TVI no princípio desta semana, pareceu favorecer uma solução semelhante, ao ter afirmado que, na sua opinião pessoal, a pequena margem que existe para conceder aumentos na Administração Pública deveria ser utilizada para aumentar os que menos recebem. “Mas é minha opção pessoal: acho que teria maior eficácia concentrar a margem que existe em quem mais precisa e onde a diferença é maior do que disseminar de forma igualitária por todos, beneficiando todos pouco e com alguns vencimentos sem registar grande impacto”, explicou António Costa, parecendo favorecer assim a opção que a Frente Sindical mais põe de parte.

As negociações continuam na próxima semana, nos últimos dias que antecedem a apresentação do Orçamento do Estado para 2019 pelo Governo. No dia 10, o Ministério das Finanças volta a receber os sindicatos da Administração Pública. Esta tarde, a tutela ouviu também a Fesap e a Frente Comum, as duas outras principais forças sindicais do setor.

A dirigente sindical da Frente Comum, Ana Avoila, falou ao ECO no final da reunião com o Ministério das Finanças, garantindo que a reunião com a tutela não resultou em novas informações. As soluções para aumentos salariais, disse, são ainda pouco claras. A Frente Comum não deixa as suas reivindicações de aumentos de 60 euros para quem ganha menos de 1.500 euros e de 4% para quem ganha mais do que isso (4% de 1.500 é precisamente 60 euros). A Fesap é o último sindicato a ser recebido no Ministério.

O último a ser recebido pelo Governo, representado pela secretária de Estado da Administração Pública e pelo secretário de Estado do Orçamento, foi o dirigente sindical da Fesap, José Abraão. O sindicalista sublinhou que os representantes dos trabalhadores veem com bons olhos a abertura do Governo para utilizar uma folga orçamental inicialmente imprevista, como terá dito o secretário de Estado do Orçamento, João Leão, para aumentar salários na Função Pública. Assinalou, porém, o mesmo que Ana Avoila e Helena Rodrigues: “Não há trabalhadores de primeira e de segunda”, disse. Os salários devem ser todos aumentados, seja através de um valor absoluto, seja de forma proporcional. A Fesap aguarda agora a proposta do Governo, que deverá ser enviada antes da reunião de dia 10 aos sindicatos, onde estará descrito o aumento salarial a efetuar em 2019.

Notícia atualizada às 18:00 com as declarações de Ana Avoila e às 22:15 com as de José Abraão.

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A tarde num minuto

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das mais relevantes para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

A administração e a Comissão de Trabalhadores da fábrica de Palmela continuam sem chegar a acordo. A empresa já terá proposto compensação adicional pelos fins de semana, mas ainda aquém do exigido. O Governo avançou esta quinta-feira para a aprovação do decreto-lei que recuperará mais de dois anos da carreira dos professores durante o período de congelamento, com efeitos já a partir de 2019.

A laboração contínua já está em vigor há mais de um mês na Autoeuropa, mas a Comissão de Trabalhadores (CT) e administração da fábrica da Volkswagen ainda não conseguiram chegar a um acordo. A empresa está a ceder em todos as exigências, mas as propostas ficam aquém tanto em termos da atualização salarial pretendida como da compensação adicional pelo trabalho ao fim de semana. A CT pede mais. As reuniões vão continuar.

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros o decreto-lei que operacionaliza a recuperação do tempo de serviço dos docentes, que refletirá dois anos, nove meses e 18 dias do período em causa, apesar da contestação dos professores que, esta semana, fazem greve contra o que consideram ser uma proposta injusta.

A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) suspendeu o processo de atualização das taxas aeroportuárias, iniciado pela ANA – Aeroportos de Portugal, por considerar que a proposta apresentada para o aeroporto de Lisboa contraria o contrato de concessão.

Os bancos portugueses reduziram o valor de crédito malparado em 18 mil milhões de euros nos últimos dois anos, segundo dados esta quinta-feira divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), que sinalizam uma nova quebra deste tipo de empréstimos.

“Sei que terei dificuldades. Mas dificuldades que tentarei ultrapassar com os vossos contributos em ordem a manter o elevado nível que é reconhecido à jurisprudência deste Supremo Tribunal. Sei que posso contar com o vosso apoio. Não obstante o desconforto das instalações provisórias, continuaremos a dar o melhor de nós”. As palavras são de António Joaquim Piçarra, o novo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, no seu discurso de tomada de posse que decorre esta quinta-feira, no salão nobre do STJ, em Lisboa. Uma cerimónia que contou, pela primeira vez, com a presença de um Chefe de Estado, neste caso Marcelo Rebelo de Sousa.

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BCP e EDP pressionam e Europa arrasta Lisboa para o vermelho

  • Marta Santos Silva
  • 4 Outubro 2018

Nenhuma das principais praças europeias escapou à razia provocada ainda pelas tensões que rodeiam os mercados italianos. As energéticas penalizaram fortemente o PSI-20.

A bolsa de Lisboa fechou com perdas esta quinta-feira, mas não o fez sozinha: todas as principais praças europeias fecharam em queda e, à hora de fecho em Portugal, também os principais índices do outro lado do Atlântico negociavam no vermelho. Num dia em que as dificuldades da Itália continuam a pressionar a Europa, as energéticas também castigaram o PSI-20.

O índice de referência nacional fechou a perder 0,76% para os 5.254,19 pontos, ficando no vermelho tal como Paris, Londres, Frankfurt e, até às 16h30, os índices norte-americanos. Em parte, a pressão vem de fora: “Na Europa, o tema dominante continua a ser a Itália e as projeções para o défice”, disse à agência Reuters a trader Carla Santos, da XTB. “Itália chegou a um consenso, elevar o défice acima do proposto pela UE em 2019, para os 2,4%, mas ir reduzindo nos anos seguintes. A questão que se coloca é como vai o Governo reduzir o défice nos anos seguintes, e se não estão a mandar areia para os olhos da UE”.

A pressão vinda de Itália — que também resultou na bolsa italiana a fechar com perdas de meio ponto percentual — afetou Lisboa, que foi ainda pressionada pelas energéticas. A EDP caiu mais de meio ponto percentual para os 3,18 euros, e a EDP Renováveis afundou 2,05% para os 8,59 euros. Também a Galp e Ren desvalorizaram esta quinta-feira.

A colocar um peso adicional no índice nacional esteve o BCP. A banca europeia esteve generalizadamente nas miras do ceticismo dos investidores, com a queda do Danske Bank, que está sob investigação nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro na sua sucursal na Estónia. O BCP perdeu 2,2% para se fixar nos 0,2399 euros.

A subir, apenas três cotadas, com destaque para a Altri, que disparou 5,13% esta quinta-feira. A empresa terminou a sessão a valer 8,61 euros por título. O BPI reviu em alta o preço-alvo da Altri, prevendo que esta possa melhorar a sua atual cotação em 15,6%. Os analistas do banco consideraram que a subida dos preços da pasta de papel e a valorização do dólar deverão ajudar a Altri a ter uma melhor performance no futuro.

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Estas startups vão representar Portugal no Web Summit

Startup Portugal anunciou as 200 startups que representarão Portugal no maior evento de empreendedorismo e tecnologia do mundo, que decorre entre 5 e 8 de novembro, em Lisboa.

Já são conhecidas as 200 startups que vão representar Portugal nos próximos dias 5 a 8 de novembro, no Web Summit, em Lisboa, com um desconto de 50% para exporem os seus projetos num dos dias do evento. O número tem crescido ao longo dos anos para aumentar a presença de startups portuguesas no maior evento de tecnologia e empreendedorismo do mundo. E se, em 2016, o programa ofereceu metade da entrada a 66 startups, esse número aumentou para 150 em 2017 e, finalmente, para as duas centenas na edição de 2018.

As startups foram escolhidas ao abrigo do acordo entre o Web Summit e o Governo português, a propósito da iniciativa Road2WebSummit. A escolha dá acesso aos palcos do evento, milhares de investidores, CEO’s e fundadores. Mas, além da presença no evento, as 200 startups selecionadas terão acesso a dois dias intensivos de um bootcamp organizado pela Startup Portugal, associação que leva a cabo a estratégia nacional para o empreendedorismo, em parceria com a Aicep e a Beta-i.

A formação que serve de preparação para o evento decorre em Lisboa nos dias 17 e 18 de outubro e, no Porto, nos dias 23 e 24.

As startups finalistas podem ser conhecidas aqui.

 

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“Ministro ganhava em prestar esclarecimentos no parlamento” sobre Tancos

  • Lusa
  • 4 Outubro 2018

A coordenadora do BE defendeu que o ministro da Defesa "ganhava em prestar esclarecimentos no parlamento" sobre o caso da recuperação do material militar furtado nos paióis em Tancos.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta sexta-feira que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, “ganhava em prestar esclarecimentos no parlamento” sobre o caso da recuperação do material militar furtado nos paióis em Tancos.

O ministro da Defesa negou “categoricamente” ter tido conhecimento de qualquer “encobrimento” no caso da recuperação do material militar furtado nos paióis em Tancos, depois de o Expresso ter noticiado que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar, major Vasco Brazão, assegurou ao juiz de instrução ter dado conhecimento a Azeredo Lopes da encenação montada na Chamusca mais de um mês após a recuperação das armas.

Julgo que o ministro da Defesa ganhava em prestar esclarecimentos no parlamento“, respondeu apenas Catarina Martins aos jornalistas quando questionada pelos jornalistas se o primeiro-ministro tinha feito bem manter a confiança política no seu ministro.

Em Lisboa, à margem de um encontro com trabalhadores precários do IPMA, no âmbito do programa de regularização de precários na administração pública (PREVPAP), a líder bloquista foi questionada diversas vezes pelos jornalistas sobre este tema, mas não se quis alongar mais para lá da ideia de que Azeredo Lopes deveria prestar esclarecimentos na Assembleia da República.

“Nós estamos aqui a falar do PREVPAP, do IPMA, não tenho muito a acrescentar sobre essa matéria”, respondeu logo no início.

Hoje, depois de ter sido conhecida a notícia do Expresso, Azeredo Lopes falou aos jornalistas em Bruxelas para negar ter tido conhecimento de encenação da operação de recuperação das armas furtadas em Tancos.

“Queria dizer categoricamente que é totalmente falso que eu tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo”, salientou.

“Não tive conhecimento de qualquer facto que me permitisse acreditar que terá havido um qualquer encobrimento na descoberta do material militar de Tancos”, garantiu.

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“Solução para o arrendamento está bloqueada porque não há entendimento nem sentimento de urgência”

Helena Roseta considera que a situação é urgente, principalmente nas grandes cidades do país, e que requer que sejam tomadas medidas rapidamente.

Estamos a viver uma crise de habitação que é uma crise nacional“, disse Helena Roseta, presidente da Assembleia Municipal e coordenadora do Grupo de Trabalho da Habitação. Se, por um lado, há zonas do país onde não há falta de casas mas sim de pessoas, devido à desertificação, por outro, a falta de acessibilidade de arrendamento impõe-se, nomeadamente nas grandes cidades.

“Lisboa e Porto têm um sentido de extrema urgência, especialmente para os jovens e jovens estudantes”, acrescentou, referindo que se trata de uma situação de urgência e, por isso, precisa de “medidas de urgência”. E o problema, a seu ver, é que “a solução legal está relativamente bloqueada porque não há um entendimento nem o sentimento de urgência que esta matéria requer”.

Helena Roseta referiu que as propostas da habitação foram apresentadas por todos os partidos e que, agora, há um conjunto de iniciativas pendentes a votar. Votação essa que diz ter de ser feita “rapidamente”, para não se tornar “inútil”. Ao todo, o conjunto engloba 24 iniciativas relacionadas com questões como o prazo mínimo dos contratos, as rendas acessíveis e os benefícios fiscais. O risco de tudo isto é que “estamos muito em cima do acontecimento”, explicou Helena Roseta.

“Esta matéria tem de ser aprovada muito rapidamente, porque estamos a falar de matérias que não entram no Orçamento do Estado. No entanto, corremos o risco de não haver maioria para nada, porque toda a gente vota contra toda a gente“, referiu.

"Corremos o risco de não haver maioria para nada, porque toda a gente vota contra toda a gente.”

Helena Roseta

Presidente da Assembleia Municipal

A presidente da Assembleia Municipal criticou a falta de discussão no parlamento sobre a lei de base da habitação, na qual defende que deveriam haver três tipologias: a renda apoiada para famílias com carências económicas, que já existe; a renda livre, que considera que tem de existir; e, finalmente, a renda acessível, que é, no fundo, um intermédio entre as outras duas. “Destinada às famílias que não conseguem chegar à renda apoiada, porque os seus rendimentos são um bocadinho mais acima, mas, também, não conseguem a renda livre, porque os seus rendimentos são um bocadinhos mais abaixo”, explicou.

Helena Roseta criticou, também, “os partidos da chamada geringonça”, dizendo que não compreende porque é que “não fazem da habitação uma bandeira comum“.

750 afetações concretizadas até ao final do ano

Paula Marques, vereadora da habitação e desenvolvimento local da CML — que fez um balanço sobre a habitação, na sequência do primeiro ano de mandato municipal — referiu que, até ao final do mesmo, a câmara municipal de Lisboa vai “chegar às 750 afetações e atribuições de chaves, naquilo que é a habitação pública”. Até agora, a Câmara já atribuiu cerca de 500 habitações.

Deste número, Paula Marques destaca as 100 habitações que foram atribuídas no âmbito do programa de habitação do centro histórico. Um programa “em que é disponibilizado património que estava associado à habitação para que as famílias que estavam a perder alojamento pudessem continuar a viver no centro histórico. E estamos a falar, em particular, de pessoas que já tinham contratos de arrendamento nestas zonas há vários anos”, explicou.

Aos programas de habitação “vamos somar mais de 1.500 fogos e 200 quartos para estudantes, associados à segurança social”, acrescentou a vereadora da habitação e desenvolvimento local da CML.

Quanto às famílias abrangidas pelo subsídio municipal de arrendamento, até agora a CML já conta com 650.

Estas medidas, assegura, vão ao encontro à “cidade mais aberta e mais justa” que a vereadora defende. No entanto, Paula Marques adverte, também, para a necessidade de medidas a nível nacional. “Não nos enganemos. Não é só com medidas de intervenção a nível local que vamos conseguimos mudar esta questão e combater a alteração profunda que estamos a viver na habitação”, disse.

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David Chesnoff, o advogado das estrelas, já não vai representar Ronaldo

O mais recente comunicado de imprensa da Gestifute foi assinado por Christian Schertz, advogado alemão especialista em lei da comunicação social. TVI 24 fala em Peter S. Christiansen.

David Chesnoff, o “advogado das estrelas” que já representou celebridades como Mike Tyson e Harvey Weinstein em casos de assédio sexual, não vai representar Cristiano Ronaldo no caso de uma alegada violação à norte-americana Kathryn Mayorga, segundo confirmou o Observador junto da Gestifute.

O mais recente comunicado de imprensa da Gestifute foi assinado por Christian Schertz, advogado alemão especialista em lei da comunicação social. Mas a TVI 24 falava ontem em Peter S. Christiansen, um advogado de Las Vegas especialista em direito criminal e danos pessoais.

Ronaldo terá contratado David Chesnoff, advogado especializado em direito criminal, na passada quarta-feira, para o representar legalmente no processo em que o jogador português é acusado de violação pela norte-americana Kathryn Mayorga, num episódio que remonta a 2009, em Las Vegas.

Chesnoff representa celebridades como Bruno Mars, Leonardo DiCaprio, Britney Spears, Paris Hilton, Jamie Foxx, David Copperfield e até familiares de Michael Jackson.

Sediado em Las Vegas, o advogado conta com uma firma em nome próprio — a Chesnoff & Schonfeld –, especializada em áreas como o crime e a injúria pessoal, e é apontado por vários diretórios internacionais como um dos melhores em litígios.

Segundo a agência noticiosa AP, Chesnoff não perdeu tempo a agir: depois de ter sido contratado na quarta-feira, 3 de outubro, emitiu um comunicado onde desmente “categoricamente” todas as acusações de que Ronaldo é alvo, depois de os advogados da queixosa terem dado uma conferência de imprensa no mesmo dia.

Citado pela AP, o advogado afirmou ainda que a polícia de Las Vegas investigou a denúncia de violação, reportada por Mayorga em 2009, e que não lhe recomendou apresentar queixa na altura.

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Novo líder dos juízes pede magistrados mais próximos do século XXI

Joaquim Piçarra foi presidente do Tribunal da Relação de Coimbra e exerceu funções de vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM). Aos 67 anos, toma posse como líder dos juízes.

“Sei que terei dificuldades. Mas dificuldades que tentarei ultrapassar com os vosso contributos em ordem a manter o elevado nível que é reconhecido à jurisprudência deste Supremo Tribunal. Sei que posso contar com o vosso apoio. Não obstante o desconforto das instalações provisórias, continuaremos a dar o melhor de nós”. As palavras são de António Joaquim Piçarra, o novo presidente do Supremo Tribunal de Justiça, no seu discurso de tomada de posse que decorre esta quinta-feira, no salão nobre do STJ, em Lisboa. Uma cerimónia que contou, pela primeira vez, com a presença de um Chefe de Estado, neste caso Marcelo Rebelo de Sousa.

“Permitam-me uma saudação aos juízes portugueses que, bem longe dos holofotes mediáticos, vão procurando fazer a melhor Justiça, servindo os seus concidadãos. Integram uma componente fundamental do judiciário, mas invisível para a maioria dos cidadãos”. Cidadãos que avaliam de uma forma “redutora” o judiciário que lhes é transmitido pela comunicação social, defende o juiz Conselheiro.

“Urge melhorar o equipamento informático nos tribunais, melhoria das instalações provisórias precárias e é urgente um reforço significativo na assessoria técnica desta instância, nas áreas de bancário, propriedade intelectual e concorrência, são necessidades urgentes”.

O novo presidente do STJ, perante a presença de Francisca Van Dunem, fez um pedido direta à ministra da Justiça: “Falta que é mais urgente suprir no que diz respeito à decisão de recursos e relativas a áreas muito especializadas como as que acabei de referir”. Criticando o facto dessa mesma assessoria ser dada na fase de inquérito e instrução e faltar nesta última instância.

Apelando à magistratura, assume ser necessário que as sentenças e acórdãos passem a ser “compreensíveis aos cidadãos”. Num contexto em que se critica algumas decisões judiciais relativas a casos como o de violação. “Num cenário atual, uma das maiores críticas que nos é feita, prende-se com a falta de sensibilidade de lidar com temas como a violência de género e tratamento de minorias. A Justiça portuguesa a todos trata por igual. Sendo o seu desiderato não descriminar qualquer indivíduo”, justifica o líder dos magistrados judiciais. Mas apela aos juízes para largar alguns “pensamentos retrógrados”.

Para a magistratura, deixou o recado: tem de haver uma “maior proximidade ao século XXI , explicar a sua realidade em moldes mais realistas, de forma a consolidar a confiança e a sua própria legitimidade. Não esquecendo o sentido de autocrítica. Se tal não for alcançado, com a crescente mediatização da Justiça, o poder judicial será sempre responsabilizado por tudo o que correr mal na Justiça”, sublinha.

Os 62 juízes do Supremo Tribunal de Justiça elegeram, a 18 de setembro, numa votação entre pares, o novo presidente do STJ. Santos Cabral, Pinto Hespanhol e Joaquim Piçarra eram os nomes mais falados para suceder a Henriques Gaspar. Mas foi Joaquim Piçarra que acabou por ser nomeado.

Joaquim Piçarra foi presidente do Tribunal da Relação de Coimbra e exerceu funções de vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM), órgão de gestão, administração e disciplina dos juízes. Nasceu há 67 anos em Idanha-a-Nova e fez carreira na área do direito civil.

Em 2014 lançou fortes suspeitas sobre o processo de escolha dos juízes que iriam presidir às novas comarcas judiciais de todo o país, numa altura em que era vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura e o mapa judiciário de Paula Teixeira da Cruz tinha acabado de arrancar.

Piçarra acusou membros da comissão eleita (e da qual não fazia parte) de, para escolher os candidatos aos lugares, terem “contactado telefonicamente pelo menos com dois deles, propondo-lhes a aceitação de lugares para os quais nem sequer haviam concorrido”.

As nomeações mantiveram-se e o juiz assumiu que discordava frontalmente “da metodologia utilizada pela comissão, que obteve acolhimento maioritário e consequentemente não me revejo, de modo algum, na generalidade das escolhas a que a mesma conduziu, manifestamente pré-preparadas, trabalhadas e condicionadas pela dita comissão, não deixando também de revelar feição marcadamente pessoal e de resquícios de acentuada proximidade com determinado núcleo, há muito dominante na magistratura e estruturas coadjuvantes. Além disso, relativamente aos dois casos em que ocorreu convite telefónico, tenho sérias dúvidas sobre a regularidade desse procedimento, o qual considero envolver um claro tratamento preferencial, para não dizer desigual, para outros candidatos, que em nada abona este órgão e contra o qual sempre me bati”.

Ainda um juiz com pouca experiência, decidiu o caso de Osso da Baleia, o homem que em 1987 matou sete pessoas, incluindo a mulher e a filha. Acabou por condenar o arguido à pena máxima, apesar de alguns especialistas defenderem em tribunal a sua inimputabilidade.

A falta de especialização dos juízes do Supremo é uma questão que preocupa Joaquim Piçarra, para quem a solução para o problema pode passar por reforçar os assessores deste tribunal, que neste momento são 12.

Henriques Gaspar, quarta figura do Estado, deixa o cargo após um mandato de cinco anos. “Caminhei o meu caminho, combati o bom combate, guardei, íntegros, os valores da Justiça e cumpri as promessas da República”, disse Henriques Gaspar no seu discurso de despedida, no salão nobre do STJ.

“Juntamente com todos vós, penso ter caminhado este caminho sem hesitar na direção e com a sobriedade na firmeza que é o segredo da eficácia. Combati bons combates na permanente dignificação da Justiça, tendo presente, sempre, a ambição de construir a confiança. No fim, se soube guardar íntegros os valores da Justiça e cumpri as promessas da República, só pode ser dito no vosso julgamento”, concluiu.

O STJ é um tribunal superior que julga recursos em matéria de direito e aprecia pedidos de habeas corpus para libertar arguidos que consideram que a sua detenção ou prisão é ilegal.

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Bancos portugueses reduzem 18 mil milhões de euros de crédito malparado em dois anos

  • Lusa
  • 4 Outubro 2018

No segundo trimestre de 2018, os depósitos de clientes aumentaram 3,6%, de acordo com o BdP. Os indicadores de liquidez permaneceram em níveis elevados.

Os bancos portugueses reduziram o valor de crédito malparado em 18 mil milhões de euros nos últimos dois anos, segundo dados esta quinta-feira divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), que sinalizam uma nova quebra deste tipo de empréstimos.

De acordo com o relatório do BdP sobre o sistema bancário português divulgado esta quinta-feira, desde o máximo histórico, observado em junho de 2016, o rácio de NPL (‘non-performing loans’, expressão em inglês para crédito malparado) diminuiu 6,2 pontos percentuais, “refletindo uma redução de 36% do ‘stock’ total de NPL” e correspondendo a 18 mil milhões de euros.

No segundo trimestre de 2018, o rácio de NPL total diminuiu um ponto percentual para 11,7%, beneficiando principalmente da redução do ‘stock’ de malparado, que baixou 2,3 mil milhões de euros (6,5%) e, em menor medida, do aumento dos empréstimos não classificados como NPL (‘performing’).

Também de acordo com o BdP, no segundo trimestre de 2018, os depósitos de clientes aumentaram 3,6%, “tendo este aumento sido transversal às instituições mais significativas do sistema”.

Esta evolução foi mais expressiva nos segmentos das sociedades não financeiras e das outras sociedades financeiras (excluindo instituições de crédito), que registaram aumentos de 4,1 mil milhões de euros e de 2,5 mil milhões de euros, respetivamente.

Por sua vez, o financiamento junto de bancos centrais prosseguiu a sua trajetória descendente, registando um novo mínimo desde o primeiro trimestre de 2010. Os indicadores de liquidez permaneceram em níveis elevados, tendo melhorado em todos os intervalos de maturidade. O ativo total do sistema bancário aumentou no segundo trimestre de 2018, invertendo a tendência de queda verificada nos últimos anos.

Esta evolução reflete, segundo o BdP, essencialmente, o crescimento das disponibilidades em bancos centrais e da carteira de títulos de dívida pública, em especial portuguesa.

A rendibilidade do sistema bancário aumentou de forma significativa no primeiro semestre de 2018, em termos homólogos, traduzindo uma redução do fluxo de imparidades e provisões, em especial para crédito, bem como a redução dos custos com pessoal, acrescenta o BdP.

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Juros da dívida tiram força a Wall Street. Tecnológicas abrem em queda

Os juros dos títulos da dívida norte-americana sobem e roubam as atenções das negociações de ações. Os índices abrem no vermelho, com as tecnológicas a pesar.

Depois de a Reserva Federal norte-americana apresentar dados económicos fortes e previsões otimistas, os juros dos títulos da dívida subiram, afastando as atenções das negociações de ações. Os índices abriram no vermelho.

Jerome Powell refere que a economia norte-americana pode continuar a expandir-se por “um tempo considerável”, e a expectativa para uma quarta subida nos juros da Fed para dezembro aumentou. Os juros da dívida dos EUA a dez anos registaram a maior subida diária desde as eleições que deram a vitória a Trump.

O aumento das ‘yields‘ dos títulos diminui a atratividade das ações, principalmente das empresas de áreas como imobiliário e de serviços públicos, que pagam dividendos altos. O principal índice de referência, S&P 500, arranca a sessão a cair 0,22% para os 2.919,20 pontos. Também o industrial Dow Jones abre a recuar 0,19% para 26.778,62 pontos, e o tecnológico Nasdaq cai 0,37% para os 7.995,01 pontos.

A prejudicar o desempenho em bolsa está também o Facebook. O regulador irlandês responsável pela rede social abriu oficialmente uma investigação para perceber a extensão e origem da falha de segurança da plataforma, que expôs dados de 50 milhões de utilizadores. Os títulos da empresa liderada por Mark Zuckerberg, nesta abertura, caem 1,26% para 160,38 dólares.

Ainda no setor tecnológico, a Apple cai 1,21% para os 229,26 dólares no arranque da sessão, enquanto a Amazon recua 1,02% para os 1.932,75 dólares. Foram descobertas tentativas de espionagem chinesa através de chips em hardware utilizados por empresas como a Apple e a Amazon, num dia em que também foi conhecido que a Apple é a marca mais valiosa do mundo. No entanto, foi a da Amazon que mais valorizou.

Os investidores estão ainda cuidadosos enquanto esperam por dados sobre o desemprego nos Estados Unidos, que são divulgados na sexta-feira.

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Governo não cede e aprova recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias das carreiras dos professores

  • Marta Santos Silva
  • 4 Outubro 2018

O Governo avançou esta quinta-feira para a aprovação do decreto-lei que recuperará mais de dois anos da carreira dos professores durante o período de congelamento, com efeitos já a partir de 2019.

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros o decreto-lei que operacionaliza a recuperação do tempo de serviço dos docentes, que refletirá dois anos, nove meses e 18 dias do período em causa, apesar da contestação dos professores que, esta semana, fazem greve contra o que consideram ser uma proposta injusta.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, explicou aos jornalistas que a contabilização deste período foi calculada com base na forma como se processou a progressão, após o descongelamento, para os trabalhadores das carreiras gerais da Função Pública, procurando criar equitatividade entre estas carreiras e ainda tendo em conta a sustentabilidade orçamental.

Os efeitos da contabilização deste tempo de serviço para a progressão na carreira poderão ser sentidos já no princípio de 2019 pelos docentes que, juntando ao seu tempo de serviço atual estes dois anos, nove meses e 18 dias, já tenham possibilidade de avançar de escalão.

O decreto-lei aprovado neste Conselho de Ministros, acrescentou Tiago Brandão Rodrigues, é “resultado do processo negocial” com os sindicatos de professores, que “foram inflexíveis e não se aproximaram a esta proposta do Governo”. Para os sindicatos dos professores, não seria negociável a quantidade de tempo a recuperar. Considerando não só o congelamento de carreiras entre 2011 e 2017 mas também os dois anos que o antecederam, os professores reivindicam a recuperação de nove anos, quatro meses e dois dias de trabalho realizado durante o período de congelamento.

Para o Governo, as progressões dos professores que resultariam da contabilização do tempo total da carreira seriam financeiramente insustentáveis. Assim, foi feita a proposta de uma recuperação que, em vez de ter em conta a quantidade de anos de serviço prestado, se assemelharia à progressão feita nas carreiras gerais, onde a avaliação depende da acumulação anual de pontos.

Como a progressão é mais lenta nas carreiras gerais, o tempo de serviço cumprido durante o congelamento só equivale à progressão de cerca de 70% de um escalão, pelo que o Governo aplicou esse rácio ao tempo de serviço dos professores para lhes permitir progredir 70% de um escalão. No entanto, para os professores, a progressão de escalão ocorre habitualmente de quatro em quatro anos, pelo que os sindicatos consideram que as regras da carreira específica em causa não estão a ser cumpridas.

“A solução agora apresentada pelo Governo apresenta um paralelismo em relação ao que aconteceu com as carreiras gerais na Função Pública”, disse o ministro na conferência de imprensa desta quinta-feira, “e vai permitir que docentes possam acelerar as suas progressões já a partir de 1 de janeiro de 2019”.

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Como serão as seguradoras do futuro?

Dentro de 20 ou 30 anos, os seguros serão feitos de maneira diferente, a comunicação dos sinistros mais automatizada, e os segurados farão uma monotorização da gestão do seu sinistro em tempo real.

A revolução tecnológica nos seguros já começou e vai mudar a maneira como clientes e seguradoras se relacionam nos próximos 20 a 30 anos. Seja na contratação dos seguros, na gestão dos sinistros ou na aplicação das poupanças, as seguradoras do futuro vão estar mais próximas dos clientes. O ECO contactou alguns especialistas do setor e, em jeito de “quase futurologia”, questionou como serão as seguradoras em 2038? Que mudanças se podem esperar no futuro para este setor?

“No futuro, as empresas de seguros terão de ser menos tradicionais e resistentes à mudança, passando a ser mais inovadoras, ágeis e com forte capacidade de adaptação, tendo como foco a prevenção e mitigação de risco, ao invés da proteção”, explicou Vanessa Serrão, manager da EY Portugal. Segundo esta especialista, são esperadas mudanças na relação com o cliente: “será muito mais automatizada, flexível e eficiente”, devendo as seguradoras “mudar os seus relacionamentos contratuais de curto prazo para longo prazo”.

Nuno Esteves, partner da KPMG, destacou que “esta tendência de inovação” poderá continuar a acentuar-se durante os próximos anos, o que irá “consolidar modelos já existentes e permitir o aparecimento de novos modelos de negócio, novos canais e formas de interagir com os clientes, cada vez mais personalizadas”, sendo possível, por exemplo, adotarem-se “novas formas de autenticação de clientes” o que irá permitir “reforçar o nível de automatização e desmaterialização dos processos”.

Já para Nuno Luís Sapateiro, advogado coordenador da Área de Direito dos Seguros de PLMJ, o futuro passará pela tecnologia aliada a uma melhor gestão e por produtos personalizados para cada cliente de forma rápida – “a seguradora do futuro terá a capacidade de mensurar riscos, gerar cotações e emitir apólices tailormade [feitas à medida] num espaço de poucos minutos”.

Além disso, “as relações entre os consumidores e as seguradoras no futuro estarão sustentadas, essencialmente, em smartphones e wearables, sendo que esse tipo de dispositivos poderá ter utilidade na perspetiva do consumidor mas também da monitorização dos riscos pelas seguradoras”, acrescentou o advogado coordenador da Área de Direito dos Seguros de PLMJ.

Nova estrutura de seguros e novas ofertas digitais

Os especialistas entrevistados pelo ECO acreditam que a própria estrutura dos seguros, nos diferentes ramos, irá mudar, de forma a adaptar-se continuamente à nova realidade.

“No ramo vida, fatores como a maior longevidade da população e a melhoria das condições de vida a nível global trazem importantes desafios de rentabilidade, permitindo o reforço de ofertas que promovam a manutenção da qualidade de vida no longo prazo, como por exemplo, o reforço da oferta de produtos atrativos que potenciem a poupança”, explicou Nuno Esteves, da KPMG.

Já Nuno Luís Sapateiro, da PLMJ, destacou que “um dos ramos que já está a sofrer uma grande transformação e que deverá continuar a ser objeto de aperfeiçoamento é o automóvel, uma vez que é um seguro obrigatório e que está associado a uma elevada sinistralidade e burocracia na gestão de sinistros”. Vanessa Serrão, da EY Portugal, salientou o seguro de saúde, além do automóvel, como as áreas que irão sofrer maior transformação: “As principais transformações situar-se-ão talvez no seguro automóvel e no seguro de saúde, sendo estes dois dos três ramos Não Vida com mais expressão do mercado.” Contudo, relembra que as novas tecnologias também trazem um “aumento significativo do risco associado à proteção e segurança de dados e sistemas. No entanto, este desafio pode ser visto como uma nova oportunidade, possibilitando a criação de novas áreas e produtos direcionados para uma vertente de cibersegurança”.

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