Três empresas representam mais de 18% da Pharol. Qual a ligação a Nelson Tanure?
Três empresas detêm 18,71% da Pharol e só uma é detida por Nelson Tanure. O investidor brasileiro afasta estar nos comandos das outras duas, mas admite alguma proximidade. Semana que vem será crítica.
Três empresas controlam mais de 18% do capital da Pharol PHR 0,00% . Uma tem sede em Lisboa, outra nos EUA e outra em Malta. À primeira vista, tudo indica serem empresas autónomas. Mas, nas últimas semanas, novos rumores em torno destas participações qualificadas voltaram a circular.
Oficialmente, ninguém comenta. Mas várias fontes do mercado garantem ao ECO que estão ligadas a uma mesma pessoa: o investidor brasileiro Nelson Tanure, que tem assento na administração da cotada portuguesa. Em causa, a High Bridge, que detém 9,99% da empresa, e a High Seas, que controla outros 2,41%. A terceira empresa chama-se Blackhill, detém 6,31% da Pharol e é a única oficialmente detida por Nelson Tanure, de acordo com informações prestadas à CMVM.
No seu conjunto, representam mais de 18,71% do capital da Pharol. Mas a falta de clareza em torno da propriedade da High Bridge e da High Seas (a primeira é atribuída à Atlantis Global Investments e a segunda à Angra Capital Management) deixa a próxima assembleia-geral da Pharol envolta em nevoeiro.
Isto porque os estatutos da Pharol estão blindados a 10%, pelo que é necessário apurar a verdadeira natureza da ligação entre as três acionistas, para se perceber se podem votar individualmente, ou se o limite é imposto sobre os 18% como se fossem uma posição única. Ora, segundo o Jornal de Negócios (acesso pago), essa clarificação deverá surgir em breve. E a próxima semana vai ser crítica, uma vez que a assembleia-geral da Pharol está marcada para a o dia 29 de março.
Questionado pelo ECO sobre se controla, diretamente ou indiretamente, a High Bridge e a High Seas, Nelson Tanure é perentório: a resposta é não. Diz que são informações que “não procedem”. Ao Jornal de Negócios, porém, fonte oficial do investidor brasileiro admitiu que Nelson Tanure “tem antigas parcerias laços de amizade, sucesso em investimentos com a High Bridge”. Mas lembrou que tal “não é sinónimo de propriedade”.
A suspeita no mercado de que as três empresas possam estar a agir em conjunto aumentou esta semana, quando a High Bridge pediu à mesa da assembleia-geral a inclusão de novos pontos na ordem de trabalhos. A proposta abre caminho a uma autêntica revolução na administração da Pharol, com a redução do número de administradores de 11 para nove, a destituição imediata de quatro elementos atuais e a nomeação de novos nomes.
Entre os novos nomes estão Denise dos Passos Ramos, Carlos Bulhões Pereira e Ronaldo Carvalho da Silva. Segundo o mesmo jornal, são gestores que têm ligações a Nelson Tanure.
High Bridge, acionista mistério da Pharol
A High Bridge chegou aos títulos dos jornais em maio de 2017, altura em que entrou no capital da Pharol com a compra da posição de 6,17% que era detida pelo banco BCP, que estava avaliada em 14 milhões de euros. Logo nessa altura, surgiram os primeiros rumores que apontavam para que fosse Tanure o investidor por detrás da compra.
Quase dois anos depois, essa posição aumentou. A 8 de março de 2019, a High Bridge reforçou a participação qualificada para os atuais 9,99%. Precisamente no mesmo dia em que a Blackhill, publicamente atribuída a Nelson Tanure, reforçou de 4,83% para os atuais 6,31%. A informação foi divulgada na terça-feira à CMVM.
A Pharol, antiga holding da Portugal Telecom (PT), que ainda é cotada na bolsa de Lisboa, detém uma posição de 5,51% na operadora brasileira Oi e um crédito de 897 milhões de euros na Rio Forte, sociedade do falido Grupo Espírito Santo (GES). É liderada por Luís Palha da Silva e tem perseguido uma missão de recuperar os investimentos aos acionistas “apanhados” na fusão falhada da PT com a Oi e na queda do Banco Espírito Santo (BES).
Entre os principais acionistas da Pharol estão ainda a Telemar Norte Leste, com 10%; o Novo Banco, com 9,56%; e o Adar Macro Fund, com 4,80%.
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