Estado perde opção de compra da Coleção Berardo se recusado valor da avaliação

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

Se a Associação não aceitar o preço determinado para a coleção, a opção de compra fica sem efeito, lê-se na adenda assinada ao protocolo assinado entre o Estado e Berardo.

O Estado pode perder a opção de compra sobre a coleção de arte de José Berardo caso uma das partes discorde do valor da avaliação, indica a adenda ao protocolo assinado entre ambos em 2016.

De acordo com o documento consultado esta quarta-feira pela agência Lusa nos serviços do Ministério da Cultura, a adenda determina claramente a atribuição, pela Associação Coleção Berardo, proprietária da coleção, do direito de opção de compra ao Estado.

Esse direito, estabelecido na cláusula V da adenda, atribui a opção de compra por um valor a determinar, de modo a que a coleção “possa vir a integrar de forma definitiva o património da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo, nos termos dos estatutos aprovados no decreto-lei 164/2006″.

No entanto, de acordo com o estipulado na adenda de 2016, “a Associação poderá não aceitar o preço determinado para a coleção, e, nesse caso, a opção fica sem efeito, e, por outro lado, se for o Estado a não concordar, limita-se a não exercer o direito de opção de compra”.

Em 2006, a Fundação Coleção Berardo foi criada com a participação do colecionador, do Estado, através do Ministério da Cultura, e da Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), com a missão de criar o Museu Berardo para exibir um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário.

As obras foram então cedidas ao Estado, num acordo de comodato por dez anos, e avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.

É esta coleção que a CGD, o BCP e o Novo Banco querem penhorar através dos títulos de participação da Associação Coleção Berardo que o empresário e colecionador deu como garantia para obter créditos que atualmente atingem quase mil milhões de euros.

A polémica surgiu quando Berardo foi questionado no parlamento sobre as dívidas e disse que a coleção pertencia à associação em seu nome, dando a entender que os bancos não poderão aceder-lhe.

Sobre a possibilidade de as obras saírem do CCB, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, veio dizer depois que o Governo “usará as necessárias medidas legais” para garantir que a coleção continuará inteira e acessível à fruição pública.

Em novembro de 2016, pouco antes do fim do contrato de dez anos entre as partes, foi negociada e assinada uma adenda ao acordo que determinou a sua prolongação por mais seis anos, com a possibilidade de ser renovada automaticamente a partir de 2022, se não for denunciado nos seis meses antes do fim do protocolo.

Ainda segundo a adenda consultada pela Lusa, a associação tem 30 dias para dizer se aceita ou não o valor determinado para a coleção – caso seja pedido -, e a falta de resposta é tomada como concordância.

A adenda esclarece que, sobre o direito de opção de compra, o Estado também “pode exercê-la até 30 dias antes do termo de vigência do comodato ou da sua última renovação, mediante comunicação por carta registada com aviso de receção à Associação”.

O documento determina ainda que a Coleção Berardo “deverá ser vendida no estado em que se encontrar à data do exercício de opção de compra”.

Na cláusula VI da adenda, é também determinado que a avaliação deve ser feita por “prestigiada firma internacional a escolher por comum acordo entre o Estado e a Associação, e a contratar pela Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo”.

Essa avaliação será feita “de acordo com o valor de mercado unitário das obras que a constituem e do valor como conjunto, devendo estar concluída num prazo máximo de dois meses de antecedência relativamente ao termo de vigência do comodato”.

O valor da avaliação será o preço final da compra, ao qual acrescem impostos e encargos legais.

Quanto aos custos, a mesma cláusula determina que, se a Associação não aceitar o valor, terá de suportar a sua totalidade, mas, no caso de aceitar, serão suportados pelo Estado e pela Associação em partes iguais.

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Berardo pede gravação da audição para avançar com processo contra deputados

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

Deputados já foram notificados oficialmente do pedido de Joe Berardo de aceder às gravações da sua audição na Comissão de inquérito à recapitalização da CGD.

O empresário José Berardo pediu acesso à transcrição e à gravação vídeo da sua audição no parlamento em 10 de maio, com vista a avançar com um processo judicial contra os deputados presentes.

De acordo com fonte da segunda Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização e gestão do banco, os deputados já foram notificados oficialmente do pedido, feito através da sociedade de advogados Saragoça da Matta & Silveiro de Barros.

Em 18 de maio foi noticiado pela RTP que o empresário José Berardo, conhecido por Joe Berardo, queria processar o presidente da comissão de inquérito, Luís Leite Ramos (PSD), mas sabe-se agora que o processo foi alargado aos deputados presentes na audição.

Na sua audição no parlamento, em 10 de maio, Joe Berardo pediu para que a sua audição não fosse transmitida em direto pela ARTV, com o advogado do empresário, André Luiz Gomes, a considerar “totalmente ilícita” a transmissão da audição pelo canal parlamento (ARTV).

“É totalmente ilícita a transmissão, ainda que pelo canal parlamento. (…) A partir deste momento, qualquer gravação de som e imagem não tem autorização do meu constituinte sem prejuízo da gravação para efeitos legais”, afirmou André Luiz Gomes no parlamento, em Lisboa, considerando ser um direito do seu cliente o direito à imagem.

A audição do empresário Joe Berardo não foi gravada por câmaras dos órgãos de informação, uma vez que o empresário o pediu, para proteção da sua imagem. Contudo, não foi aceite pelo presidente da comissão parlamentar de inquérito à CGD o pedido para que também não fosse transmitida pela ARTV.

O presidente da comissão de inquérito explicou que só foi informado deste pedido pouco antes do início da audição, motivo pelo qual não colocou esta questão em reunião com os deputados e tomou a decisão sozinho.

A ida de Joe Berardo à comissão parlamentar de inquérito à CGD no passado dia 10 provocou um coro de críticas, desde logo pela forma como se dirigiu aos deputados.

Perante os parlamentares, o empresário madeirense declarou que é “claro” que não tem dívidas, uma vez que as dívidas aos bancos (incluindo o banco público CGD) não são dívidas pessoais, mas de entidades ligadas a si.

Berardo afirmou ainda que tentou “ajudar os bancos” com a prestação de garantias e que foram estes que sugeriram o investimento em ações do BCP.

Deu ainda a entender que os títulos de participação da Associação Coleção Berardo (a dona das obras de arte) que entregou aos bancos para reforçar as garantias dos empréstimos perderam valor com um aumento de capital em que as entidades financeiras não participaram, aparentemente porque não souberam que existiu.

A várias perguntas dos deputados, Joe Berardo disse ainda que deveriam era ser feitas aos bancos em causa: “Pergunte à Caixa, eles é que me emprestaram o dinheiro”.

Já confrontado com a ideia de que a Caixa “está a custar uma pipa de massa”, respondeu: “A mim, não!”.

Entretanto, em 23 de maio, Joe Berardo admitiu que se excedeu durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD, mas disse que não tinha a intenção de “ofender”.

“Tenho que admitir que, no calor da discussão, me excedi, dando algumas respostas impulsivas e não devidamente ponderadas”, pode ler-se num comunicado do empresário.

Joe Berardo disse que “certamente” não foi sua intenção “ofender quem quer que seja, muito menos faltar ao respeito devido à Assembleia da República”.

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Sem consenso em torno de Weber, Conselho deve procurar personalidade “que tenha experiência”

Caso não haja consenso para o candidato do PPE, deverá procurar-se consenso em torno de uma personalidade que tenha experiência, sugere Durão Barroso.

Durão Barroso defende que se o nome de Manfred Weber para próximo presidente da Comissão Europeia não reunir consenso entre os vários partidos políticos europeus, o Conselho Europeu deverá procurar “um consenso em torno de uma personalidade” que já tenha tido experiência política a nível nacional.

“É uma pessoa encantadora […], tem imensas qualidades. Dito isto, é verdade que não tem experiência governativa, como tiveram experiência governativa, até agora, os presidentes da Comissão”, afirmou Durão Barroso, à margem das Conferências do Estoril.

Weber é um dos spitzencandidaten (candidatos principais) e o nome indicado pelo PPE, o partido mais votado destas europeias, para a liderança daquela instituição. No entanto, o nome não tem reunido consenso: apesar de não ser exigida por lei, a oposição tem apontado o facto de Weber não ter tido experiência política no país de origem, isto é, na Alemanha.

“Os últimos têm sido todos ex-primeiros-ministros. Por isso, compreendo o argumento da experiência política governativa. Não está em nenhuma lei, mas é um argumento importante”, apontou o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro português. “Por isso, no caso de não haver consenso para o candidato do PPE, deverá procurar-se um consenso em torno de uma personalidade que tenha experiência”, referiu.

Por isso, no caso de não haver consenso para o candidato do PPE, deverá procurar-se um consenso em torno de uma personalidade que tenha experiência.

Durão Barroso

Mais sobre o ex-presidente da Comissão Europeia

Durão Barroso sublinhou, ainda assim, ver como um “erro do ponto de vista europeu” se o partido mais votado fosse “atirado para a oposição”. “Esperava-se que o cabeça de lista da força mais votada fosse indicado pelo Conselho Europeu para presidente da Comissão Europeia”, afirmou.

Durão Barroso concluiu, afirmando ter reunido recentemente com a chanceler alemã Angela Merkel, a quem recomendou que o processo de escolha dos líderes das várias instituições europeias seja célere e esteja concluído antes de outubro. “Em outubro dá-se o Brexit. Seria muito mau, ao mesmo tempo, termos toda a divisão e incerteza gerada pelo Brexit e ainda a questão da sucessão inconstitucional”, recomendou Durão Barroso.

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“Não me recordo de Almerindo Marques ou Tomás Correia terem questionado as políticas de crédito da CGD”, diz Vítor Fernandes

O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos diz que não se lembra de Almerindo Marques ou Tomás Correia terem questionado as políticas de crédito do banco.

O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Vítor Fernandes, diz não ter memória de alguma vez terem sido questionadas, em Conselho de Administração, as políticas de concessão de crédito do banco público. Além disso, diz nunca ter sido qualquer “tensão” nos “poucos” Conselhos de Crédito em que esteve presente. As perdas de quase 2.000 milhões de euros que o banco registou deveram-se, disse Vítor Fernandes, à crise e às falhas de algumas pessoas.

“Não me recordo de Almerindo Marques ou Tomás Correia terem questionado políticas de crédito da CGD”, repetiu várias vezes o ex-administrador do banco público, em mais uma audição na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da CGD, esta quarta-feira. “Quando digo que não me recordo é porque não tenho a certeza absoluta, mas tenho uma grande probabilidade de poder dizer que não me recordo de ter sido discutido ao nível do Conselho de Administração qualquer mal-estar sistemático no que diz respeito à prática e à concessão de crédito na CGD”.

Nunca sentiu qualquer “preocupação em matéria de admissão de crédito”, disse, respondendo que tinha a perceção de que não havia problemas de concessão de crédito no banco público, acrescentando que “nunca houve indicações de relaxar os créditos de risco para crescimento da quota de mercado”.

Vítor Fernandes foi mesmo mais longe e referiu que não se recorda da presença de Almerindo Marques em reuniões do conselho de crédito, razão pela qual diz ter estranhado a carta enviada por este ao ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal em 2002. “Foi comentado, mas não se conhecia o teor da carta. A carta até me surpreendeu, porque Almerindo Marques nunca foi a nenhum Conselho de Crédito”.

Questionado diretamente se alguma vez teve noção do que se passava na CGD ao nível da concessão de crédito, o ex-administrador disse apenas: “O número que tenho na cabeça é que a CGD tinha qualquer coisa como 80 mil milhões de euros de créditos. Esses valores são volumosos, mas não sei se representam 1% do crédito da CGD“.

Se hoje se arrepende de ter confiado nos administradores do banco público, depois do relatório da EY ter sido tornado público, Vítor Fernandes preferiu não responder, explicando apenas que “o Conselho de Administração é um grupo de pessoas que tem o objetivo de levar a instituição a um melhor patamar. E a questão de confiar ou não confiar não se põe“.

Confrontado com as declarações do antigo acionista do Grupo Espírito Santo, Patrick Monteiro de Barros, que referiu, em entrevista ao Jornal Económico, que José Sócrates passou da CGD para o BCP os seus “homens de confiança”, Vítor Fernandes defendeu-se, afirmando que nunca esteve em reuniões com o antigo primeiro-ministro. “Se alguma vez me cruzei com ele, terá sido numa inauguração qualquer, mas nem disso me recordo. Por isso, eu ser um homem de confiança de Sócrates, não sei como”.

Sobre o que poderá ter corrido mal para a CGD, Vítor Fernandes culpou, inicialmente, a crise. “Assistimos em 2008, 2009 e 2010 à maior crise do século XXI e, provavelmente, à maior crise após 1930. Essa é a razão para as coisas terem corrido mal. Mas nem tudo correu mal“.

Descontente com esta resposta, o deputado do PCP voltou a fazer a mesma pergunta e, à terceira, obteve uma resposta mais concreta. “Naturalmente não é tudo perfeito. Nenhuma organização é perfeita. Na altura a CGD tinha uma organização de risco em linha com as práticas e com as estruturas de risco dos outros bancos. Não foi por um deficiente modelo de risco e admissão e controlo de risco que as perdas ocorreram. Agora, as políticas são postas em prática por pessoas. E as pessoas, em algumas circunstâncias, falham“.

(Notícia atualizada às 19h11 com mais informação)

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Sócrates não vai à comissão de inquérito à CGD. Pediu para responder por escrito

O antigo primeiro-ministro socialista José Sócrates pediu para responder por escrito às perguntas dos deputados, tal como já o tinha feito na comissão de inquérito às rendas excessivas.

José Sócrates não vai ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos. O antigo primeiro-ministro socialista pediu para responder por escrito às questões dos deputados.

Os coordenadores de cada um dos partidos na segunda comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos foram informados esta tarde da indisponibilidade do antigo primeiro-ministro em responder às perguntas dos deputados no Parlamento.

Sócrates não será ouvido presencialmente no inquérito à recapitalização da CGD e aos atos de gestão, mas irá responder por escrito, disse uma fonte parlamentar ao ECO.

José Sócrates já tinha invocado este direito de que dispõe, por ter sido primeiro-ministro, de responder às perguntas por escrito na comissão de inquérito às rendas excessivas.

Recorde-se que Sócrates foi primeiro-ministro de Portugal entre 2005 e 2011, período em que a CGD foi liderada, entre outros, por Carlos Santos Ferreira.

Durante a liderança de Santos Ferreira foram concedidos vários créditos que vieram a revelar-se ruinosos para o banco público, entre eles o financiamento a Joe Berardo, para comprar ações do BCP, e o investimento da CGD no resort de Vale de Lobo.

O investimento da CGD acabou por ser investigado pelo Ministério Público no âmbito da Operação Marquês, sendo que os procuradores acreditam que José Sócrates teve influência na decisão da CGD.

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Mueller sobre Trump: “Se tivéssemos confiança de que o Presidente não cometeu um crime, tê-lo-íamos dito”

"Se tivéssemos confiança de que o Presidente claramente não cometeu um crime, tê-lo-íamos dito", afirmou Mueller, deixando contudo claro que seria inconstitucional acusar um Presidente em funções.

Robert Mueller quebrou o silêncio. O agora ex-procurador especial norte-americano comentou, pela primeira vez, a investigação sobre a possível obstrução à justiça de Donald Trump no âmbito da investigação à alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais, sublinhando: “Se tivéssemos confiança de que o Presidente claramente não cometeu um crime, tê-lo-íamos dito”. Muller fez, contudo, questão de salientar que seria constitucionalmente impossível acusar um Presidente em funções.

“Depois da investigação, se tivéssemos confiança de que o Presidente claramente não cometeu nenhum crime, tê-lo-íamos dito. No entanto, não determinámos se o Presidente cometeu ou não um crime“, disse Robert Mueller, pouco depois de ter anunciado a sua demissão do cargo de procurador especial face ao fim da investigação em causa.

O responsável fez questão ainda de lembrar que, de acordo com a Constituição norte-americana, um Presidente em funções não pode ser acusado. “Isso é inconstitucional. Mesmo que a acusação seja mantida sob sigilo é proibido”, frisou Mueller, citado pela CNBC. “Acusar o Presidente por um crime não foi, portanto, uma opção que tenhamos podido considerar”.

Ainda assim, o procurador especial demissionário salientou que a Constituição norte-americana prevê um outro processo formal que permite acusar um Presidente em funções, sinalizando a possibilidade de o Congresso desencadear o processo de impeachment, escreve o The New York Times.

Na intervenção desta quarta-feira, Robert Mueller reforçou ainda que as provas encontradas no âmbito desta investigação demonstram que o esforço russo para interferir nas eleições de 2016 foi uma ameaça ao sistema político norte-americano e “merece atenção de todos” os cidadãos.

Sobre o relatório, o antigo procurador especial disse também esperar não ter de voltar a falar publicamente sobre ele, o que é particularmente relevante, já que Mueller poderá vir a ser chamado ao Congresso norte-americano para testemunhar na investigação do comité judicial às suspeitas de obstrução à justiça de Trump.

Entretanto, Donald Trump já reagiu a estas declarações. “Nada muda em relação ao relatório de Mueller. Não há provas suficientes e, portanto, no nosso país, o cidadão é inocente. O caso está fechado! Obrigado”, escreveu o líder, no Twitter.

Recorde-se que Robert Mueller esteve a investigar as suspeitas de interferência dos russos na campanha presidencial de 2016. O relatório final foi publicado de abril, não tendo sido conclusivo quanto à possibilidade de Donald Trump ter tentado obstruir a investigação alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais.

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CGD vai financiar 85% de contrato da Mota-Engil em Angola

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

A CGD vai financiar 85% do contrato de 270 milhões de euros adjudicado à construtura Mota-Engil para modernizar as instalações navais no Soyo.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai financiar 85% do contrato de 270 milhões de euros adjudicado à construtura Mota-Engil para a modernização das instalações navais do Soyo, no norte de Angola, segundo um despacho assinado pelo Presidente angolano.

Num despacho presidencial datado de 22 de maio e a que a Lusa teve acesso, além de adjudicar a empreitada à construtura portuguesa, o Presidente de Angola, João Lourenço, aprovou um contrato de financiamento entre o Estado angolano e a CGD avaliado em 252.530.810 euros. O valor presente neste contrato de financiamento destina-se à “cobertura de 85% do Contrato de Empreitada” e a “100% do prémio de seguro”, lê-se no documento assinado pelo chefe de Estado angolano.

João Lourenço justificou a celebração destes contratos com a “necessidade de recursos financeiros para materializar os projetos de investimentos públicos e melhorar as condições das infraestruturas do país” e com a “necessidade de financiar o projeto de modernização das infraestruturas navais do Soyo”.

Na terça-feira, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Mota-Engil informou que, através da Mota-Engil Engenharia e Construção África, “se concretizaram os últimos trâmites legais conducentes à execução de um contrato para a modernização das Instalações Navais do Soyo, no norte de Angola”.

A construtora liderada por Gonçalo Moura Martins detalhou que o contrato totaliza 270 milhões de euros e contempla a execução de três atividades principais: dragagem, construção de cais e edifícios e infraestruturas. “O financiamento integral do projeto está assegurado por uma instituição de crédito à exportação”, acrescentou a Mota-Engil.

No comunicado, a construtora portuguesa referiu que “a confirmação da adjudicação deste contrato em toda a sua extensão é mais um exemplo relevante da dinâmica comercial da Mota-Engil em África, e em Angola em particular, continuando este país a afirmar-se como um pilar do desenvolvimento do Grupo”.

A Mota-Engil adiantou que, nos últimos dias, foram também adjudicados “contratos de menor dimensão em Angola, no Uganda, em Moçambique e no Malawi”, num valor total de cerca de 180 milhões de euros, na sequência dos quais a carteira de encomendas cresceu 450 milhões de euros na região africana.

Em 10 de maio, a Mota-Engil anunciou ter assinado novos contratos no Quénia no valor de 100 milhões de euros, relativos ao projeto, construção, operação e manutenção por 10 anos de duas redes de estradas naquele país.

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Alocação de meios para operação stop do Fisco “foi completamente absurda”, diz Manuel Faustino

Antigo diretor do IRS critica duramente a ação de fiscalização da AT e da GNR para cobrar dívidas fiscais e alerta que os demais contribuintes sentem este tipo de pressão nas repartições.

Ainda que a operação stop levada a cabo pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) e pela GNR para cobrar dívidas fiscais tenha sido em si mesma legal, a ação foi pontuada por um conjunto de procedimentos que extravasam a lei, considera o fiscalista Manuel Faustino. Em declarações ao ECO, o antigo diretor do IRS critica a utilização “completamente absurda” de meios naquela que foi batizada de “Ação sobre Rodas” e sublinha que o tipo de pressão de que foram alvos os condutores na terça-feira é vivida frequentemente pelos demais contribuintes nas diversas repartições do Fisco.

Na manhã de terça-feira, os condutores de Alfena, em Valongo, foram surpreendidos por uma operação stop levada a cabo por 20 elementos da AT e 10 militares da GNR com o objetivo de cobrar dívidas fiscais. As autoridades estavam a cruzar as matrículas com a situação fiscal dos proprietários destas viaturas, convidando os condutores com dívidas a saldarem esse valores. Caso não o fizessem, GNR e AT estavam em condições de apreender as viaturas, o que terá acontecido em um caso.

“A AT aparentemente fez uso de poderes que a lei não lhe dá. A penhora nos termos legais não implica a apreensão da viatura, implica a apreensão dos documentos. A viatura não fica à guarda do Fisco“, salienta Manuel Faustino. O fiscalista explica ainda que, atualmente, a Administração Fiscal “tem meios internos muito mais eficazes” na sua atuação, sendo estranha esta operação na rua. “Se foi uma manifestação de poder ou de força, foi muito contraproducente. Isto foi um tiro no pé”, defende.

O ex-diretor do IRS deixa ainda outro alerta: “Se em frente das câmaras a AT tem esta manifestação, imagine-se a pressão que acontece dentro dos gabinetes”. Segundo Faustino, a pressão sentida na terça-feira pelos condutores é vivida com frequência pelos demais contribuintes, nas repartições de Finanças, em parte porque os funcionários querem garantir que se concretizam as metas e são distribuídos os prémios de produtividade. “Não é o elemento decisivo, mas que lá está, lá. Não há notícias que alguém tenha abdicado do prémio”, frisa.

Questionado sobre se, tudo somado, a lei precisa de ser alterada para proteger melhor os contribuintes, o fiscalista diz: “O problema está na forma como a AT interpreta o sentido da lei”. Manuel Faustino remata dizendo que essa interpretação tem sido escondida, sendo os cidadãos apanhados de surpresa com as decisões da AT.

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Onde são usados os fundos europeus? Veja o vídeo

O Portugal 2020 já apoiou mais de 32 mil agricultores, 115 mil bolseiros no ensino superior, 84 infraestruturas de proteção civil e 571 quilómetros de ferrovia, mas há muito mais.

O tempo vai passando e os 25 mil milhões de euros do Portugal 2020 vão sendo investidos. O último boletim trimestral do atual quadro comunitário traz uma novidade: demonstra onde é usado o dinheiro no terreno.

Para além da abstração financeira, que revela que, até final de março de 2019, foram pagos aos beneficiários 9,7 mil milhões de euros, o relatório mostra ainda que só falta pôr a concurso 12% do bolo que Portugal tem para investir até 2020 e que a taxa de execução é de 35%, agora é possível saber que os fundos pagaram a intervenção em 571 quilómetros de linha férrea, que foram apoiadas 1.011 startups ou que foram reabilitadas mais de seis mil casas com dinheiro europeu.

Veja o vídeo que lhe mostra outros exemplos:

https://videos.sapo.pt/mhtpqsrgSHrgIIqO9f38

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Banca está a cumprir travão ao crédito do Banco de Portugal, mas com “algum gradualismo”

A medida macroprudencial do Banco de Portugal que entrou em vigor no início de julho de 2018 está a ser seguida pelos bancos, havendo uma convergência face à meta. Próxima avaliação é em 2020.

A medida macroprudencial do Banco de Portugal, popularmente conhecida como travão ao crédito, que entrou em vigor em julho o ano passado com o objetivo de prevenir riscos para os bancos, situações de sobreendividamento das famílias e riscos para a economia, está a ser respeitada pelos bancos. De acordo com o Banco de Portugal, as instituições financeiras estão a acatar e a aplicar o conjunto de três limites que devem ser tidas em conta na hora de dar crédito às famílias, sobretudo habitação, mas também no consumo, embora com “algum gradualismo”. As recomendações visam o cumprimento de limites ao LTV, taxas de esforço e maturidades dos empréstimos. O BdP pretende manter a medida como uma simples recomendação e não passá-la a determinação, tendo em conta o cumprimento que tem tido por parte das instituições financeiras. Nova avaliação será feita no primeiro trimestre de 2020.

A conclusão consta do relatório de acompanhamento macroprudencial sobre novos créditos aos consumidores, divulgado nesta quarta-feira pelo Banco de Portugal, em que é feito um balanço dos primeiros nove meses de aplicação da medida, com base maioritariamente em informação sobre novos créditos às famílias, reportado por uma amostra de 13 instituições — incluindo instituições especializadas no crédito ao consumo — representativas de cerca de 93% das novas operações de crédito a particulares.

“É possível concluir que as instituições implementaram a recomendação, embora com algum gradualismo”, começa por referir o Banco de Portugal no sumário executivo do relatório, acrescentando que “de uma maneira geral, as instituições estão a convergir para os limites previstos”.

O regulador lembra que “os primeiros meses de implementação da recomendação foram afetados pela existência de operações de crédito cuja avaliação de solvabilidade do mutuário foi realizada antes da sua entrada em vigor”, algo que é particularmente evidente no crédito à habitação, já que o período que medeia entre a análise de solvabilidade e a libertação de fundos é maior do que no caso do crédito ao consumo.

Tendo em conta esses pressupostos, o Banco de Portugal refere que “quando comparados os meses de julho de 2018 e de março de 2019, observou-se uma convergência significativa para os limites estabelecidos na Recomendação”.

Em causa estão as recomendações do Banco de Portugal anunciadas em fevereiro de 2018 e que entraram em vigor no início de julho. Visam que os bancos respeitem três tipos de limites. Nomeadamente, tetos para o rácio entre o montante do financiamento face ao valor do imóvel que serve de garantia (LTV), um limite máximo para o rácio entre os encargos com créditos e o rendimento familiar (taxa de esforço), bem como uma limitação à maturidade dos empréstimos.

De forma desagregada, o regulador da banca refere que relativamente aos limites ao rácio LTV “observou-se uma redução significativa do crédito concedido com um rácio LTV mais elevado“. “Em julho de 2018, mais de 20% do crédito concedido para habitação própria e permanente tinha associado um rácio LTV superior a 90%, reduzindo-se esta percentagem para menos de 1%, em março de 2019”, nota o relatório, salientando que no segmento de crédito à habitação para outras finalidades também foi observada “uma tendência de convergência”.

No que diz respeito ao rácio DSTI (acrónimo na língua inglesa para debt service-to-income) — ou seja, a taxa de esforço –, a instituição liderada por Carlos Costa diz que também se verificou uma “convergência” face aos objetivos da recomendação, referindo que, “tanto no crédito à habitação como no crédito ao consumo, os limites ao rácio DSTI já se encontram dentro do previsto na Recomendação“.

Já os limites à maturidade foram, “de uma forma geral, respeitados, no crédito à habitação e ao consumo”, com o regulador a registar uma redução da maturidade média sobretudo no crédito à habitação. “Em julho de 2018, a maturidade média do crédito à habitação era 33,5 anos tendo passado para 32,7 anos, em março de 2019”, especifica.

Relativamente ao requisito de pagamentos regulares, é dito que “verificou-se um elevado grau de conformidade com a Recomendação“, salientando que em março de 2019 “apenas cerca de 5% do total de crédito concedido não cumpria com este requisito”.

Bancos cumprem, efeitos sentem-se

Se os bancos estão a dar o devido seguimento à recomendação do Banco de Portugal, os efeitos pretendidos no que respeita à avaliação dos mutuários estão a ter efeitos. “De uma forma geral, a implementação da Recomendação parece ter originado melhorias na avaliação de solvabilidade dos mutuários pelas instituições, uma vez que a recomendação estabeleceu um mínimo harmonizado de critérios a serem observados aquando da contratação de crédito”.

O Banco de Portugal identifica ainda uma melhoria gradual no perfil de risco dos mutuários de crédito à habitação, entre julho de 2018 e março de 2019, considerando a conjugação dos indicadores dos rácios DSTI e LTV.

Certo é que desde que entrou em vigor a recomendação do Banco de Portugal é notória uma tendência de desaceleração do ritmo de crescimento da concessão de crédito à habitação. Os últimos dados disponíveis mostram que nos primeiros três meses de 2019, os bancos concederam 2.351 milhões de euros para a compra de habitação, 7,5% acima do mesmo período de 2018, mas aquém o crescimento de 21% verificado entre o primeiro trimestre de 2017 e 2018.

Novo crédito para a casa em desaceleração

Fonte: Banco de Portugal

Os próprios bancos já reconheceram estar a sentir o impacto do travão do regulador da banca no que respeita à procura de empréstimos para a compra de casa. Tal foi assumido no inquérito trimestral aos bancos sobre o mercado de crédito relativo ao primeiro trimestre do ano, realizado pelo Banco de Portugal.

“No segmento dos particulares, verificou-se uma ligeira diminuição da procura de crédito para aquisição de habitação, para a qual terá contribuído a medida macroprudencial aplicada aos novos créditos à habitação e ao consumo pelo Banco de Portugal”, frisava o banco central, que acrescentava, contudo, que no caso do crédito para consumo e outros fins a procura “permaneceu virtualmente inalterada”.

Tendo em conta a forma como os bancos têm implementado a medida macroprudencial, o Banco de Portugal diz que o caráter de recomendação é para manter, não vendo a necessidade para que passe a ser uma determinação. Também não pretende levar a cabo qualquer alteração nos limites criados até à próxima avaliação que ocorre no primeiro trimestre de 2020.

“A análise apresentada neste relatório aponta para que os limites previstos na Recomendação estejam a ser adequados e eficazes no cumprimento dos objetivos estabelecidos. Assim, os limites para o rácio LTV, o rácio DSTI e a maturidade, bem como as exceções a estes limites e o requisito de pagamentos regulares de capital e juros nas novas operações, permanecerão inalterados até à nova avaliação que terá lugar no primeiro trimestre de 2020″, concretiza.

Os limites em vigor à quase um ano são:

  • LTV limitados a 90%

A primeira medida teve como alvo o rácio entre o montante do empréstimo e o valor do imóvel dado em garantia (LTV), com a imposição de limites diferenciados consoante o crédito à habitação em causa. No que respeita ao crédito à habitação própria e permanente, o limite para este indicador foi traçado nos 90%. No caso dos créditos com outras finalidades que não habitação própria e permanente, o teto ficou em 80%, enquanto nos créditos para aquisição de imóveis detidos pelas instituições e para contratos de locação financeira imobiliária, o limite fica em 100%.

  • Taxa de esforço até 50%

A taxa de esforço associada ao contrato de crédito foi outro dos alvos da imposição de limites. Foi fixada em 50%, para o rácio entre o montante da prestação mensal calculada com todos os empréstimos do mutuário e o seu rendimento (DSTI – debt service-to-income). Mas foram incluídas exceções, com limites mais altos. Até 20% do montante total de créditos concedidos por cada instituição, em cada ano, pode ser concedido a mutuários com DSTI até 60%. Até 5% do montante total de créditos concedidos por cada instituição, em cada ano, pode ainda ultrapassar os limites previstos ao DSTI.

Para o cálculo do DSTI, as prestações mensais do novo contrato de crédito devem ser calculadas assumindo que são constantes ao longo do período de vigência do contrato. Mas no caso de contratos a taxa de juro variável e mista, deve ser considerado o impacto de um aumento da taxa de juro. No cálculo dessa taxa de esforço deve ainda ser contabilizada uma redução do rendimento do cliente quando o mutuário tenha mais de 70 anos de idade, exceto se, no momento da avaliação da solvabilidade, este já estiver reformado.

  • Maturidades dos créditos da casa baixam para 30 anos

O terceiro limite teve como foco a maturidade original dos empréstimos. No caso do crédito à habitação, o objetivo é que essa maturidade passe dos 33 anos, em média, que acontecia nos novos empréstimos para a compra de casa, em 2016, para 30 anos, mas num processo gradual. Inicialmente foi determinado um teto de 40 anos nos novos contratos de crédito à habitação e crédito com garantia hipotecária ou equivalente, sendo prevista uma convergência gradual para uma maturidade média de 30 anos até final de 2022.

Quando esta medida entrou em vigor, no início do mês de julho, vários bancos que permitiam financiamentos por prazos de 50 anos, baixaram para o limite dos 40 anos determinado pelo Banco de Portugal.

no crédito ao consumo, o limite é de 10 anos para a maturidade nos novos contratos.

O objetivo do Banco de Portugal é que os limites aplicáveis para o LTV, o DSTI e a maturidade sejam observados em simultâneo. A medida macroprudencial estabelece ainda que os contratos de crédito devem ter pagamentos regulares de juros e capital.

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Europa afunda. Lisboa regista perdas acima de 1%

O pessimismo está instalado nas bolsas mundiais e Lisboa não é exceção. Num dia de quedas de quase 2% na Europa, o PSI-20 perdeu mais de 1%. Sem a EDP Renováveis, queda teria sido bem maior.

As principais bolsas europeias fecharam a sessão com perdas superiores a 1%. Lisboa também seguiu a tendência numa sessão em que todas as cotadas registaram perdas, à exceção da EDP Renováveis, cujo desempenho impediu uma queda ainda maior no principal índice português.

A onda de pessimismo em torno da economia mundial está a levar os investidores a fugirem das ações e a apostarem em ativos menos voláteis, como as obrigações soberanas, o que está a precipitar as bolsas mundiais. O europeu Stoxx 600 recuou 1,6%, mas as perdas foram superiores no francês CAC 40, por exemplo, que desvalorizou 1,71%.

O cenário não é diferente em Portugal. O PSI-20 fechou a sessão desta quarta-feira com uma desvalorização de 1,19% e com todas as cotadas no vermelho, à exceção da EDP Renováveis. A valorização de 1,26% da empresa de energia limpa amparou a queda do principal índice português e levou os títulos da companhia liderada por João Manso Neto a um preço de 8,85 euros por ação.

Um desempenho que esteve longe do que o verificado nas restantes empresas. Da banca à energia, passando pela indústria papeleira, as perdas generalizaram-se e não pouparam algumas das maiores empresas nacionais.

Os CTT recuaram 2,50%, a EDP perdeu 1,91%, o BCP deslizou 1,52% e a Galp Energia, também pressionada pela queda do preço do petróleo, derrapou 0,94%. A matéria-prima está em queda nos mercados internacionais e, em Londres, o preço do barril de Brent, referência para as importações nacionais, já perde 1,80%, estando a negociar a 68,85 dólares o barril, isto é, abaixo da fasquia dos 69 dólares.

Na indústria papeleira, destaque para a queda de 4,61% das ações da Altri, seguida de perto pela Navigator, cujos títulos desvalorizaram 2,90%.

Este é o efeito da perda de confiança dos investidores na robustez da economia mundial, perante vários indicadores de que o crescimento económico deverá abrandar nos próximos trimestres. Um dos dados mais recentes a pesar na avaliação dos investidores foi o aumento inesperado de pedidos de subsídio de desemprego que se verificou na Alemanha este mês.

Além disso, teme-se a escalada das tensões comerciais entre a China e os EUA. A informação mais recente foi avançada pela imprensa chinesa e aponta para que o regime de Xi Jinping esteja a ponderar deixar de exportar alguns metais raros para os EUA. Entre eles estarão alguns materiais que são essenciais para produzir dispositivos eletrónicos e equipamento militar.

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