Revolut quer angariar 1,5 mil milhões de dólares para financiar expansão mundial

O ambicioso plano de expansão da Revolut deverá também passar por uma nova angariação de capital de até 1,5 mil milhões de dólares, depois doa cordo com a Visa para chegar a 24 novos países.

Nikolay Storonsky fundou a Revolut em Londres há quatro anos.Kimberly White/Getty Images for TechCrunch/Flickr

A Revolut está a tentar angariar até 1,5 mil milhões de dólares para financiar um ambicioso processo de expansão mundial, depois de se ter associado à Visa para lançar o banco digital em 24 novos países. A aplicação bancária com origem no Reino Unido está presente em Portugal desde o final de 2017.

De acordo com a Sky News, que avançou a notícia, a operação está a ser montada pelo banco JP Morgan e está dividida em duas parcelas: um aumento de capital no valor de 500 milhões de dólares e um empréstimo no valor de 1.000 milhões de dólares. Segundo o Financial Times (acesso pago), esta dívida é convertível em capital caso a Revolut consiga obter licença bancária nos EUA.

A empresa fundada por Nikolay Storonsky tem vindo a ganhar popularidade junto do público mais jovem, por fornecer uma conta bancária e um cartão pré-pago livre de comissões. O serviço tem já oito milhões de clientes em todo o mundo e, em janeiro, garantia ter 100 mil utilizadores em Portugal.

Se a Revolut conseguir fechar esta angariação de capital, significa que captou mais de 2.000 milhões de dólares em financiamento desde o lançamento da startup em 2015. No entanto, apesar de ter aumentado as receitas em 354% para 65,5 milhões de euros no ano passado, viu os prejuízos mais do que duplicarem, tendo registado um resultado líquido negativo de 37 milhões de euros.

Correção: Em fevereiro, a Revolut garantia ter 100 mil utilizadores em Portugal. Uma versão anterior deste artigo referia 20 mil.

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É cliente da CGD? Uma a uma, saiba quais as comissões que vão mudar

O banco liderado por Paulo Macedo vai subir um grande conjunto de comissões que cobra aos clientes nos seus produtos e serviços. Fique a conhecer nove das principais mexidas no preçário da CGD.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai agravar as comissões sobre um grande leque de produtos e serviços que disponibiliza aos seus clientes. As mexidas acontecem a partir do início do próximo ano e têm como principais alvos as contas, mas também chegam às transferências, com o banco público a começar a cobrar no MB Way, aos cheques, ao crédito à habitação ou mesmo ao custo de alugar cofres. Conheça uma a uma, e em detalhe, todas as comissões que vão mudar na Caixa.

1. SMB passam a ser pagos, por alguns

As contas de Serviços Mínimos Bancários (SMB) são atualmente gratuitas para todos os clientes que reúnam condições para a elas aceder. Contudo, uma parte dos clientes vai perder essa isenção. A partir de 25 de janeiro, a Caixa vai passar a cobrar 35 cêntimos por mês (4,20 euros anuais) aos titulares dessas contas cujos rendimentos sejam superiores ao salário mínimo nacional. Os restantes clientes mantêm a isenção.

2. “Conta S” fica mais cara

A CGD tem cerca de 1,7 milhões de clientes que aderiram às “Contas Caixa”, sendo estas contas “pacote” um dos principais alvos das mexidas no respetivo preçário de comissões. A partir de 25 de janeiro, os clientes com a “Conta S” — a conta “pacote” mais básica do banco — vão ver a respetiva mensalidade aumentar. Quem reúne condições para ter uma bonificação nesta conta, vê os respetivos encargos mensais subirem dos atuais 2,912 euros, para 3,328 euros, representando um encargo anual acrescido de cinco euros. Nas contas sem direito a bonificação, o encargo mensal passa dos atuais 4,16 euros, para 5,148 euros, com o encargo anual a crescer cerca de 12 euros.

Esta subida de encargos será, contudo, compensada por um incremento do número de transferências bancárias sem custos que passam de duas mensais para quatro (inclui as transferências MB Way). Também a “Conta M” passa a permitir mais transferências bancárias sem custos — passam de três para cinco por mês –, na “Conta L” mantém-se um número ilimitado de transferências. Nestas duas últimas, os encargos mensais para os clientes mantêm-se.

3. “Conta Caixa Azul” mais barata, mas só na bonificada

A “Conta Caixa Azul” destinada a clientes com mais recursos vai beneficiar de uma redução de comissão de manutenção nos casos em que há direito a bonificação. Nesse caso, a mensalidade passa dos atuais 7,28 euros mensais, para 5,20 euros. Mas para isso, para além da domiciliação de rendimentos, passa a exigir ainda duas ou mais autorizações de débito na conta associada. Para as restantes contas “Caixa Azul” mantêm-se as comissões atualmente em vigor.

4. Levantar dinheiro ao balcão vai ficar mais caro

Levantar dinheiro a um balcão da CGD fica mais caro a partir de 25 de janeiro. Aos clientes que a partir dessa data apresentem a caderneta para levantar dinheiro serão cobrados 3,12 euros, acima dos 2,86 euros atualmente em vigor.

Ainda assim, mantêm-se em vigor algumas isenções que são atualmente previstas. Segundo a CGD esta comissão continuará a não ser aplicada no caso de a máquina da rede Caixa não existir ou se estiver avariada, se houver “manifesta incapacidade do cliente para a atualização de dispositivos automáticos”.

Mas também se o levantamento for feito numa conta à ordem cujo somatório dos rendimentos domiciliados seja de valor inferior a uma vez e meia o salário mínimo nacional, em que o primeiro titular tenha uma idade igual ou superior a 65 anos e um dos titulares tenha património financeiro com saldo médio igual ou inferior a 20 mil euros, mas a isenção só se aplica até dois levantamentos por mês. Antes o limite eram três levantamentos por mês. Até três levantamentos em conta base caderneta também são isentos deste encargo.

5. Atualizar a caderneta ao balcão paga mais

A atualização de cadernetas ao balcão também fica mais cara. Deixa de custar os atuais 1,04 euros, para passar a custar 2,08 euros a partir de 25 de janeiro. Ou seja, o dobro. Esse valor apenas não é cobrado em casos de ausência e/ou avaria de ATS e atualizadora, ou em situações em que haja “manifesta incapacidade do cliente para a atualização de dispositivos automáticos” (casos de clientes invisuais, analfabetos).

6. Transferências MB Way passam a ser cobradas

A realização de transferências MB Way passam a ser cobradas a partir de 25 de janeiro a quem use a app MB Way da SIBS, com o banco público a seguir os passos da concorrência. Nesses casos, o custo destas transferências será de 88,4 cêntimos por operação, ficando isentos deste encargo os clientes com menos de 26 anos e os que têm “Conta Caixa”, mas neste último caso com alguns limites. Quem utilizar as aplicações da Caixa (Caixadireta, Caixa Easy e Dabox) para realizar essas transferências também continua a não ver cobrado qualquer encargo.

7. Processamento da prestação da casa encarece em março

A 25 de março chega a vez de quem tem crédito à habitação ver aumentar os encargos de pagar a prestação. A comissão de processamento mensal dos empréstimos da casa atualmente em vigor na CGD é de 2,60 euros. A partir de 25 de março, passa a custar 2,86 euros. Ao fim de um ano, este encargo passará a ascender a 34,32 euros.

8. Custo de requisitar cheques sobe

A entrega imediata de três cheques na rede da Caixa (ATS) vai passar a custar 5,2 euros, valor que compara com os atuais 3,74 euros. Também as requisições de cheques encarecem. Por exemplo, a requisição online de um módulo de 11 cheques cruzados que atualmente custa 13,73 euros, passa a custar 15,6 euros. As mexidas no preçário de cheques entram em vigor logo a 1 de janeiro.

9. Aluguer de cofres fica mais caro

A utilização de cofres também fica mais cara, agravamento que abrange desde os de menor dimensão aos maiores. Por exemplo, o aluguer de um cofre com até 20,99 dm3 de dimensão custa atualmente 61,5 euros. A partir de 25 de janeiro passa a custar 67,65 euros. Já o aluguer dos cofres maiores, com mais de 1.700 dm3, vai passar a custar 2.337 euros. Este valor compara com os atuais 885,6 euros.

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IVA em Angola vai aumentar os preços, mas não prejudica importações

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

A implementação do IVA em Angola deverá resultar num aumento generalizado dos preços do país, mas não deverá prejudicar as importações, explicou uma especialista da sociedade de advogados Miranda.

A responsável pela análise do IVA em Angola na sociedade de advogados Miranda disse à Lusa que o novo imposto deverá levar a um aumento transversal dos preços, mas não prejudica especificamente os produtos importados.

“As importações não ficam prejudicadas na comparação com os produtos produzidos no mercado nacional porque a carga fiscal é semelhante, à exceção dos direitos aduaneiros, mas a carga fiscal da tributação indireta é igual, e nem sempre foi assim em Angola”, disse Lília Azevedo em entrevista à Lusa a propósito da entrada em vigor do IVA em Angola, no princípio do mês.

“Na prática, isto significa que pela tributação do consumo não está a ser dado nenhum incentivo à produção nacional”, aponta a advogada, salientando que é de esperar um aumento transversal dos preços.

Questionada sobre se, do ponto de vista das importações, há algum impacto, a resposta foi negativa: “Para o exportador é igual, no sentido em que não paga qualquer impacto, que está no adquirente, mas pode haver um impacto positivo ou negativo dependendo do seu produto ficar mais encarecido ou não”, defende a advogada. “Inevitavelmente, a introdução do IVA vai levar a alguma subida de preços, mas de uma forma transversal, ou seja, não se prevê que exista um tratamento desfavorável, um encarecer das importações em oposição aos produtos produzidos em Angola; a esse nível, a tributação é neutra” relativamente à origem do produto”, disse Lília Azevedo na entrevista à Lusa.

O IVA, introduzido a 1 de outubro em Angola, veio substituir o imposto de consumo que ia de 2% a 30%, dependendo do tipo de bens, por um imposto único de 14%, tendo sido também eliminado outro encargo aduaneiro no valor de 1%.

O impacto no preço de cada produto “depende de duas coisas, sendo a primeira as taxas que eram anteriormente aplicáveis a esse produto, e a segunda a categoria desse produto, que pode estar sujeito a um imposto especial de consumo”, como é o caso do tabaco ou das bebidas alcoólicas.

Inevitavelmente, a introdução do IVA vai levar a alguma subida de preços, mas de uma forma transversal, ou seja, não se prevê que exista um tratamento desfavorável.

Lília Azevedo

IVA obriga empresas a financiar Angola durante seis meses

A mesma responsável sublinhou que o imposto vai fazer com que as empresas financiem o Estado durante seis meses. “Para o processo de introdução do novo imposto correr bem, “o IVA precisa mesmo de ser neutro para as empresas, e não é neutro se o Estado não implementar o sistema de reembolsos de IVA, que é outro grande desafio do país”, disse Lília Azevedo em entrevista à Lusa.

Comentando a introdução deste novo imposto em Angola, no início do mês, a jurista afirmou: “Não há reembolsos, o que acontece é que se a empresa pagar mais, o que é feito é uma emissão de títulos de crédito que permitem à empresa compensar com outros impostos; não há, até agora, uma prática de reembolsos como há em Portugal com o IRS e com o IVA”.

Na prática, e como o processo pode demorar até seis meses, o que acontece é que as empresas vão financiar o Estado durante meio ano, dado que o erário público fica com a verba do IVA paga pelas empresas nas transações comerciais.

“Em Angola não há a prática de reembolso em dinheiro às empresas por impostos pagos a mais; o que foi dito que vai ser feito, e aliás está na lei, é que há uma conta geral do Tesouro específica para fazerem reembolsos de IVA, para onde irá uma percentagem do imposto pago que é diretamente alocada, e essa conta será apenas para fazer os reembolsos”, apontou.

No entanto, apontou, “para se ter direito a reembolso é preciso esperar três meses em situação de crédito, e depois o Estado recebe o pedido de reembolso e tem três meses para analisar, o que faz com que o processo possa demorar até seis meses”.

IVA em Angola só funciona se empresas e Estado estiverem informatizados

A responsável disse ainda que o novo imposto só vai funcionar se todas as empresas e o Estado informatizarem as suas operações de forma generalizada.

“A introdução do IVA em Angola é um grande desafio, porque para funcionar é preciso que o cumprimento esteja generalizado, que toda a gente pague, que usem o mecanismo de dedução e cobrança do IVA, e isso só se consegue com a informatização de todo o processo”, defende Lília Azevedo.

A informatização implica “fazer emissão de faturas, de transmissão eletrónica de declarações, e por isso o sucesso deste novo imposto está intimamente ligado e dependente do sucesso da implementação da informatização dos processos do IVA e dos sistemas de faturação”, acrescentou a advogada. “É uma mudança drástica ao nível da tributação indireta, e muda completamente o modelo que existia, que era muito menos sofisticado, e segue de perto o modelo europeu, tendo até algumas inovações como a redução do número de isenções”, acrescentou.

Questionada sobre se Angola está preparada para esse grau de sofisticação, que implica uma generalização da ligação à internet e contabilidade organizada e automatizada, Lília Azevedo concordou que esse é um grande desafio. “Uma coisa é falarmos de Luanda, aí não digo que corra totalmente bem, mas acho que está bem encaminhado ao nível da adesão das empresas que estão na primeira vaga, mas nas províncias acho que vai ser um grande desafio, porque depende do funcionamento da internet; ora, há províncias, como Cabinda, onde até ter rede de telemóvel é difícil”, exemplificou a jurista.

As autoridades estão cientes deste problema, considerou, lembrando que “estão a correr o país com ações de sensibilização e vão colocar pontos de acesso à internet nas repartições de finanças” mas, ainda assim, o objetivo é “um bocado ambicioso”. A ideia, apesar das dificuldades, é adequada ao processo de desenvolvimento do país, porque combate a economia informal e alarga a base tributária.

“Em Luanda, as autoridades estão a pôr o foco da sua atenção onde ela merece estar, que é a insistência no cumprimento destas formalidades, que é o que lhes vai permitir controlar que o sistema funciona, e estão a fazer um esforço muito grande nesse sentido, na necessidade de combater a informalidade da economia e potenciar o cumprimento generalizado das obrigações fiscais, e este é o único sistema”, concluiu.

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Agora há um curso de três anos para aprender a ser influenciador

Uma universidade online italiana, promovida por Cristiano Ronaldo, lançou um curso de três anos para ensinar as capacidades técnicas necessárias para se ser um influenciador.

Num mundo de youtubers e celebridades digitais, uma coisa estava em falta: um curso para aprender a ser influenciador. Mas essa espera acabou. A universidade italiana eCampus, que só leciona através da internet e é promovida por Cristiano Ronaldo, lançou um novo curso de três anos para quem queira tornar-se um influenciador das redes sociais.

Não basta saber tirar uma boa selfie para ter boa nota. Na verdade, os módulos do curso de influenciador da eCampus ensinam todas as capacidades técnicas vistas como necessárias para quem se queira profissionalizar em plataformas como o Instagram, o YouTube e o Twitter. Ao abrigo da campanha assinada pelo craque português, Ronaldo compromete-se a financiar 36 bolsas de estudo.

A eCampus é uma universidade digital que garante ter mais de 30.000 alunos. A oferta curricular não se baseia somente no curso de influenciador: também há um curso de engenharia, direito, artes e psicologia, de acordo com a Bloomberg (acesso condicionado), que divulgou esta novidade.

O surgimento de um curso de influenciador não causa surpresa. Muitas marcas têm investido cada vez mais em promoção através de pessoas com grandes audiências nas redes sociais, uma vez que este tipo de campanhas costuma ter melhores resultados e conversão (ou seja, são mais eficazes em levar a audiência a realizar uma determinada ação, como, por exemplo, adquirir um produto).

Além disso, tem ganhado popularidade o marketing ao nível dos chamados “micro influenciadores”. Isto acontece quando as empresas investem em publicidade recorrendo a pessoas comuns e com públicos menores. As marcas veem nestas pessoas uma porta de entrada para influenciar os círculos mais íntimos, como os amigos e família.

Segundo a Bloomberg, a existência deste novo curso de influenciador na universidade italiana está a causar polémica em Itália. Algumas vozes críticas receberam a ideia de tornar a atividade de influenciador numa profissão com algum ceticismo. Outras vieram enaltecer o curso num país em que o desemprego jovem chega aos 27%, refere a mesma agência.

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Investidores privados já piscam o olho aos imóveis públicos

  • ECO
  • 13 Outubro 2019

Numa altura em que muitos imóveis privados já estão ou foram alvo de obras de reabilitação, alguns investidores já estão de olhos postos nos imóveis do Estado, como é o caso da prisão de Lisboa.

Muitos edifícios privados devolutos já foram — ou estão a ser — alvo de reabilitação no centro de Lisboa, pelo que o olhar atento dos investidores deposita-se agora sobre o património público, muito dele ainda sem destino definido.

São imóveis do Estado e da Câmara Municipal que “podiam ser utilizados para colmatar o défice que existe no mercado, tanto de venda como de arrendamento”, defendeu ao Público (acesso condicionado) o diretor-geral da Sotheby’s Portugal, Miguel Poisson, que é uma imobiliária especializada no segmento de luxo. Se esse património for colocado à disposição dos investidores privados, “há margem para se encontrarem soluções benéficas tanto para o setor público como para o setor privado”, sublinha.

No centro da cidade, um dos imóveis que tem chamado mais a atenção destes investidores é o Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), no topo do Parque Eduardo VII. “É absolutamente absurda” a existência de uma prisão “numa zona tão prime“, disse Miguel Poisson ao jornal. “Faria mais sentido ter ali residências de estudantes ou dar a oportunidade a investidores que, em acordos com a Câmara Municipal, pudessem encontrar soluções benéficas para ambas as partes”, referiu.

De acordo com o Público, não é só o centro de Lisboa que está a despertar interesse. Sítios como o Beato e Marvila também se preparam para receber investimento: “Vão ser construídos alguns milhares de apartamentos naquela zona. Muitos escritórios. Vai haver ali uma centralidade muito própria”, referiu o líder da Sotheby’s no país.

Os subúrbios de Lisboa — e do Porto — também deverão começar a ver nascer novos projetos imobiliários. Mas, nestes casos, é condição essencial a existência de boas ligações de transportes públicos ao centro das cidades.

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Pires de Lima desafia, mas Adolfo Mesquita Nunes descarta candidatura à liderança do CDS

  • ECO
  • 13 Outubro 2019

António Pires de Lima quer ver, o quanto antes, uma candidatura de Adolfo Mesquita Nunes à liderança do CDS. Mesquita Nunes já reagiu e recusou o desafio.

António Pires de Lima quer que o próximo líder do CDS faça parte da “nova geração” do partido. Por isso, desafiou Adolfo Mesquita Nunes a anunciar uma candidatura à sucessão de Assunção Cristas, por considerar que o partido não pode “estar muitos meses com um líder indefinido”. No entanto, depois do desafio lançado, Adolfo Mesquita Nunes já veio dizer que não vai ser candidato à liderança do partido.

“Tenho a esperança de que, mais cedo ou mais tarde — e se pudesse ser mais cedo do que tarde, tanto melhor — o talento do Adolfo Mesquita Nunes, que é imenso, possa ser posto à prova numa função de liderança política”, afirmou o ex-ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho (em coligação PSD/CDS), numa entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios (acesso condicionado).

Adolfo Mesquita Nunes foi vice-presidente da Comissão Política Nacional do CDS. Deixou o partido em março deste ano para desempenhar o cargo de administrador não executivo da Galp Energia.

Na entrevista, Pires de Lima garantiu que votará, para líder do CDS, “num candidato que se apresente com discurso moderado, inspirado nos valores tradicionais do humanismo do CDS, mas claramente com o ADN e uma agenda liberal”. “Não votarei nem apoiarei nenhum candidato que procure fazer do CDS uma espécie de partido confessional e que não respeite aquilo que é a liberdade individual das pessoas”.

Estas declarações surgem numa altura em que João Almeida já anunciou que está na corrida à sucessão. E sobre uma possível candidatura própria, Pires de Lima afastou essa hipótese por completo: “Não serei candidato à liderança do CDS. Gosto imenso do CDS, é o meu partido. Sou militante de base hoje. Essa é a minha condição.” Já quanto a um possível regresso de Paulo Portas, Pires de Lima mostrou “saudades” do carismático presidente partido, mas aconselhou-o a “manter-se focado” na “vida que escolheu depois de sair da liderança”.

Ainda na mesma entrevista conjunta à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, António Pires de Lima falou num “mau resultado” do CDS nas legislativas do passado domingo e considerou que Cristas foi “a primeira responsável” pelo mesmo. “Fez bem em sair”, considerou, lembrando, no entanto, que a ainda presidente “assumiu” a responsabilidade “com grande dignidade”. “Agora, o tempo do CDS é um tempo para outros protagonistas”, apontou, sem ver nenhum problema se Cristas vier a decidir continuar como deputada da bancada centrista.

O próximo Parlamento contará com pelo menos cinco deputados do CDS (ainda faltam atribuir quatro mandatos), o que levou Pires de Lima a recomendar que o partido defina “quatro ou cinco bandeiras” para a próxima legislatura. Bandeiras essas que “tenham visibilidade na agenda parlamentar e que possam, no final, ser razões que levem as pessoas a querer votar no CDS”.

Por isso, para o partido se manter relevante com a bancada reduzida, e poder ser visto como alternativa os partidos da esquerda, o ex-ministro considerou que deve ser mantido o diálogo com o PSD: “A política e o país precisam de uma alternativa ao PS. Essa alternativa não se constrói se o PSD e o CDS estiverem em modo de autossuficiência e não falarem para estabelecerem pontes entre os dois”, aconselhou, apontando que isso “é válido” para as próximas autárquicas e para as legislativas que ainda estão “longínquas”.

Disse-o, porque considera que a legislatura “vai durar os quatro anos”. “Acho que a direita tem de estar preparada para isso. Acho que não pode pensar que vai disputar eleições dentro de um ano, dois anos”, defendeu. E deixou um conselho final: “Uma alternativa política não se prepara em dois meses”.

Adolfo Mesquita Nunes afasta candidatura

Perante o desafio lançado por António Pires de Lima, Adolfo Mesquita Nunes garantiu no Facebook que não vai ser candidato à liderança do CDS. “Não serei candidato à liderança do partido, em coerência aliás com uma escolha que fiz em março deste ano, cuja fundamentação se mantém”, indicou, aludindo à saída do CDS para integrar o Conselho de Administração da Galp Energia como administrador não executivo.

Ainda assim, o ex-vice-presidente da Comissão Política Nacional centrista disse que estará “presente na discussão sobre os desafios do CDS e sobre a necessidade de construir uma alternativa mobilizadora ao socialismo”. “E estarei com toda a certeza presente no Congresso do CDS, dando em liberdade conta das minhas opiniões”, sublinhou.

Adolfo Mesquita Nunes terminou com um desabafo, garantindo que “tinha como objetivo não falar em público” acerca do estado do partido pós-eleições, “mas o calendário mediático é o que é, pelo que me desviei desse propósito apenas para que ao meu silêncio não pudesse corresponder qualquer significado político de aceitação de um desafio do António Pires de Lima, um amigo, alguém que admiro muito e que é para mim uma referência”, concluiu.

(Notícia atualizada às 14h25 com mais informações)

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Brexit. Dúvidas no curto prazo, confiança no longo prazo

  • ECO
  • 13 Outubro 2019

Um inquérito da Clearwater Internacional a 2.100 empresas revela que quase metade está otimista sobre os efeitos do Brexit no longo prazo. As portuguesas são as mais pessimistas.

O Brexit tem uma data marcada, 31 de outubro, mas ainda é incerto de que forma se concretizará ou se haverá, mesmo, um novo adiamento. O que pensam os gestores de empresas europeias? Segundo um inquérito da Clearwater Internacional, uma casa de investimento com presença em Portugal, “apesar da atual incerteza em torno do Brexit ser um grande desafio para as empresas europeias, quase metade das empresas acreditam que a saída definitiva do Reino Unido da União Europeia será positiva para os negócios”.

Embora a antecipação e a preparação para o Brexit sejam uma questão a curto prazo, particularmente porque ainda subsistem dúvidas sobre a data de saída efetiva, 46,5% das empresas europeias do estudo estão muito mais optimistas quanto ao sucesso da sua atividade após o Brexit, incluindo 51% das empresas britânicas. As empresas portuguesas são, de longe, as mais pessimistas sobre os efeitos a longo prazo do Brexit, com 37% dizendo que terá um efeito “negativo” ou “muito negativo”.

O inquérito, realizado em mais de 2.100 empresas europeias nas principais economias da Europa Ocidental, revelou que a ansiedade do Brexit está presente em todo o espaço europeu, com 23,9% de todas as empresas a destacarem-na como estando entre os três principais desafios que a sua atividade enfrenta. O inquérito foi conduzido pela 3Gem junto de diretores e administradores em empresas com volume de negócios a dez milhões de euros em oito países europeus: Reino Unido (500); Irlanda (200); França (250); Alemanha (250); Itália (250); Espanha (250); Portugal (200); Dinamarca (200), entre 21 de Agosto e 9 de Setembro de 2019.

Sem surpresas, as expectativas sobre o Brexit estão mais presentes no Reino Unido, com 34% das empresas inquiridas a considerarem que é um dos maiores desafios que enfrentam. Depois do Reino Unido, as preocupações relacionadas com o Brexit são as mais elevadas em três dos seus principais parceiros comerciais europeus: República da Irlanda (27% dizem que é um grande desafio); Alemanha (26,8%); e, Espanha (26%).

Rui Miranda, Partner da Clearwater International, Portugal, afirmou ao ECO que as empresas em geral estão confiantes sobre o seu sucesso a longo prazo. “Mas a curto prazo, antecipar o impacto do Brexit representa um desafio significativo para muitas empresas. Compreensivelmente, a questão está ligada à incerteza em torno do timing, e de se será uma saída sem acordo, o que poderia ser particularmente perturbador para as empresas em Portugal, uma vez que o Reino Unido é o nosso quarto maior parceiro comercial”.

“As empresas com que falámos desejam uma clarificação do Brexit, nomeadamente do seu impacto potencial na forma como fazem negócios e sobre as mudanças que precisarão de fazer no futuro.
“Embora os efeitos a médio prazo do Brexit sejam susceptíveis de se desvanecer com o decorrer do tempo, as empresas estão justamente preocupadas com o impacto a curto prazo no seu crescimento, nas exportações e até mesmo nos custos de financiamento”, sintetiza o gestor.

E no longo prazo? Quando questionado sobre o impacto que o Brexit teria a longo prazo no seu negócio, mais de metade (51,2%) das empresas do Reino Unido questionadas disse que teria um impacto “positivo” ou “muito positivo”, em comparação com 29,2% que pensam que seria “negativo” ou “muito negativo”. Este padrão foi replicado em toda a Europa, com cerca de 62% das PME irlandesas a acreditarem que o Brexit será positivo para os seus negócios, em comparação com apenas 29,2% que acreditam que será negativo.

Embora os efeitos a médio prazo do Brexit sejam susceptíveis de se desvanecer com o decorrer do tempo, as empresas estão justamente preocupadas com o impacto a curto prazo no seu crescimento, nas exportações e até mesmo nos custos de financiamento.

Rui Miranda, partner da Clearwater International

Do mesmo modo, 54,4% das empresas francesas e 58,8% das empresas alemãs no estudo acreditam que o Brexit será, em última análise, positivo para os seus negócios, enquanto 42% das PME italianas e 38% das PME espanholas e dinamarquesas pensam o mesmo.

Globalmente, em todos os países inquiridos, 46,5% das empresas pensam que o Brexit será positivo, em comparação com 23,8% que disseram que irá impactar negativamente, enquanto um quarto disse que não espera qualquer impacto.

A Clearwater International dedica-se à prestação de serviços de assessoria financeira em transações no mid-market, incluindo M&A, private equity, assessoria de dívida e serviços de reestruturação. O Grupo conta com 16 escritórios, 42 partners e mais de 250 funcionários em toda a Europa (incluindo Portugal), América do Norte e Ásia.

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Rui Rio regressa ao Twitter para lançar suspeitas sobre RTP

  • ECO
  • 13 Outubro 2019

O líder do PSD não falava desde a noite eleitoral do passado domingo. Mas recorreu ao Twitter este sábado à noite para lançar a suspeita de que a RTP suspendeu um programa para evitar prejudicar o PS.

Rui Rio não falava publicamente desde a noite eleitoral de domingo, mas recorreu ao Twitter este sábado à noite para lançar uma suspeita sobre a estação pública RTP: “Porque será que o Sexta às 9 foi suspenso antes das eleições, particularmente este programa que só pôde ser emitido ontem [sexta-feira]? Pode haver mil razões, mas perante a gravidade do que aqui está…”, disse o líder social-democrata.

E o que está no programa? A abertura de um inquérito-crime pelo Ministério Público (MP) a uma concessão para exploração de lítio em Montalegre, entregue pelo Estado e sobre a qual, de acordo com a investigação jornalística da RTP, recaem suspeitas de crimes económicos. O caso ganha ainda mais relevância por, alegadamente, implicar Jorge Costa Oliveira, ex-secretário de Estado da Internacionalização, bem como o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira.

A declaração de Rui Rio na rede social Twitter não lança nenhuma acusação em concreto. Mas fica claro que deixa implícita a hipótese de a razão para a suspensão da emissão do programa antes das eleições e durante o período de campanha tenha sido a de não prejudicar o PS. Uma teoria que não é nova e já tinha sido suscitada quando se soube da notícia da pausa no programa. A redação da RTP sempre rejeitou as acusações ao programa apresentado por Sandra Felgueiras.

No passado domingo, o PSD perdeu as eleições para o PS com uma percentagem de 27,90% dos votos, contra os 36,65% dos socialistas. O partido liderado por Rui Rio conquistou 77 mandatos, enquanto o PS elegeu 106 deputados. O resultado as legislativas fez elevar as críticas internas a Rui Rio, permanecendo a dúvida sobre se tenciona ficar à frente do partido ou sem planeia recandidatar-se, numa altura em que já há um nome anunciado na corrida à sucessão: o de Luís Montenegro, antigo líder da bancada parlamentar.

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Iniciativa Liberal vai votar contra Programa de Governo

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

Partido estreante no parlamento quer apresentar as suas primeiras medidas, nomeadamente o desagravamento fiscal. Propõe uma taxa de IRS única de 15%.

O deputado eleito do Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, vai votar contra o Programa de Governo, e revela que as suas primeiras propostas serão de desagravamento fiscal perante um parlamento onde se quer sentar ao meio, “o mais longe dos extremos possível”.

“Já sabemos o que é que o Partido Socialista vai querer fazer, não vai divergir daquilo que foi o seu programa de campanha. A Iniciativa Liberal vai ser sempre uma oposição clara e firme ao socialismo em Portugal, e entenda-se socialismo por todas as medidas que aumentem o poder do Estado e diminuam o poder das pessoas. Como sabemos que o programa do PS vai nesse sentido, não me refugio na resposta protocolar, dou já a resposta: vamos votar contra o programa de Governo”, anuncia João Cotrim de Figueiredo.

Em entrevista à Lusa, Cotrim de Figueiredo revela também que se quer sentar “o mais longe dos extremos possível” no plenário da Assembleia da República, ou seja, sentando-se a meio do hemiciclo, referindo que o seu partido, fundado em 2017, tem um “agnosticismo” relativamente à divisão esquerda-direita, que remonta à Revolução Francesa.

“Gostaríamos de estar algures numa segunda dimensão, porque não nos revemos de todo nesta geometria, mas o hemiciclo é o que é, não será por nós que se vai fazer obras, portanto, tudo o que posso dizer é que vamos querer estar o mais longe dos extremos possível”, declarou, confirmando que “o meio é o que está mais longe”.

"Já sabemos o que é que o Partido Socialista vai querer fazer, não vai divergir daquilo que foi o seu programa de campanha. A Iniciativa Liberal vai ser sempre uma oposição clara e firme ao socialismo em Portugal, e entenda-se socialismo por todas as medidas que aumentem o poder do Estado e diminuam o poder das pessoas. Como sabemos que o programa do PS vai nesse sentido, não me refugio na resposta protocolar, dou já a resposta: vamos votar contra o programa de Governo.”

João Cotrim de Figueiredo

Deputado do Iniciativa Liberal

Na atual legislatura, também o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) recusou a divisão esquerda-direita e escolheu sentar-se ao centro do hemiciclo.

Cotrim de Figueiredo, gestor e empresário, que foi presidente do Turismo de Portugal entre 2013 e 2016, não adianta como a Iniciativa Liberal vai votar o Orçamento do Estado, mas é nessa sede que o partido estreante no parlamento “provavelmente” apresentará as suas primeiras medidas, o desagravamento fiscal que é a bandeira dos liberais, com uma taxa de IRS única de 15%.

“Esta proposta tem sido vista alternadamente como uma forma de reduzir impostos ou uma forma de revolucionar a maneira como os impostos sobre o rendimento são pensados. Ela tem, de facto, um aspeto importante, de desagravamento fiscal, mas tem, sobretudo, dois aspetos qualitativos a que nós damos porventura mais importância: um, primeiro, de simplificação”, sustenta, apontando que o número de horas passado a submeter e verificar declarações “tem um valor económico brutal e que não está devidamente contabilizado”.

O outro aspeto da proposta é o do combate à fuga de talentos, com a emigração para ambientes fiscalmente mais atrativos. Cotrim de Figueiredo argumenta que Portugal está a “perder talentos”, os seus “quadros mais qualificados, que entram no segundo, terceiro, quarto ano, das suas vidas profissionais, e que facilmente entram no terceiro ou quarto escalão [de IRS], onde já têm taxas marginais de 38 ou 40%”.

“É impossível começar uma vida familiar com este tipo de taxas marginais. São entre uma vez e meia ou duas vezes as taxas que eles conseguem nos países para onde vão, fazendo com que não só tenham quase essa necessidade [de emigrar], como as empresas para onde vão trabalhar têm que despender muito menos para lhes pagar o mesmo valor líquido. Portanto, até nisso estamos a formar pessoas para depois vir a beneficiar economias externas”, considera.

Cotrim de Figueiredo reconhece que serão “mais prováveis entendimentos com PSD e o CDS em matérias económicas do que com o PS”, mas ressalva que, “noutras matérias, se calhar, há outros alinhamentos mais naturais”, recusando uma plataforma de entendimento privilegiada com sociais-democratas e centristas. “Teremos de ver caso a caso”, declara.

Na despenalização da morte assistida, por exemplo, a Iniciativa Liberal poderá vir a votar ao lado da esquerda, embora Cotrim de Figueiredo sublinhe que tudo depende da “redação final”, e, na gestação de substituição, por outro lado, diz ter “dificuldade em enquadrar” na ideologia liberal “a ideia de sujeitar a contrato uma gestação”.

Sobre a realização de corridas de touros, assume que envolve “aspetos de natureza civilizacional e de direitos dos animais”, aos quais declara que o partido não é insensível, remetendo para uma decisão das autarquias, dado que “a tradição taurina não é igual em todo o país”.

Cotrim de Figueiredo defende um processo de descentralização sem que haja a eleição ou nomeação de um nível de poder regional, que, considera, só iria criar “uma camada de aparelho e de ‘partidarite’” no país.

Na generalidade, a Iniciativa Liberal concorda com delegação de competências nas autarquias que tem sido feita pelo Governo do PS, embora acompanhe algumas críticas de autarcas relativamente ao atraso na transferência de recursos, em áreas como a educação, saúde e transportes, referiu.

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Aliança com “total confiança” em Santana Lopes

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

Aliança decidiu passar a ter dois porta-vozes. Bruno Ferreira Costa e Daniela Antão são os novos porta-vozes do partido.

O partido Aliança decidiu passar a ter dois porta-vozes e manter a liderança de Pedro Santana Lopes com “total confiança” e “em ambiente de otimismo”, disse à Lusa o dirigente Bruno Ferreira Costa.

Bruno Ferreira Costa, que é o novo porta-voz do partido, em conjunto com Daniela Antão, transmitiu à agência Lusa os resultados da reunião do Senado Nacional do Aliança, órgão máximo entre congressos, que se realizou num hotel de Lisboa.

O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes mantém-se presidente do partido, com “total confiança e total empenho naquilo que é uma luta comum, em ambiente de otimismo”, declarou.

No que respeita aos cargos partidários, Bruno Ferreira Costa, até agora vice-presidente, assume também as funções de diretor executivo do Aliança, que eram exercidas por Luís Cirilo, passando este a vice-presidente.

Segundo o novo porta-voz, nesta reunião do Senado Nacional, que durou cerca de cinco horas e meia, “pese embora os resultados negativos” nas eleições legislativas de domingo passado, houve “grande entusiasmo e crença no projeto do Aliança”.

Foi também aprovado o regulamento para as eleições para os órgãos distritais do partido, a realizar dentro de 60 dias, adiantou.

Formalizado em outubro de 2018 junto do Tribunal Constitucional, o novo partido Aliança, fundado pelo ex-presidente do PSD Pedro Santana Lopes, estreou-se em eleições nas europeias de maio deste ano, após eleger os seus órgãos nacionais em Congresso, em fevereiro.

Nas eleições para o Parlamento Europeu, realizadas em 26 de maio, foi a sétima força política mais votada, com 61.652 votos, 2% do total, não elegendo nenhum eurodeputado.

Nas legislativas de domingo passado, também não conseguiu nenhum eleito e ficou em décimo lugar, com 39.318 votos em território nacional, 0,77% do total, quando faltam ainda apurar os votos nos círculos da emigração.

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A partir de agora, saldos têm de ser mesmo… saldos

  • Lusa
  • 13 Outubro 2019

A nova lei impõe saldos com preços mais baixos do que os praticados nos três meses anteriores. A partir de agora os saldos podem realizar-se em qualquer período desde que não ultrapassem 124 dias.

As alterações à lei relativas aos saldos e promoções, que entram em vigor este domingo, “simplificam e harmonizam um conjunto de procedimentos que devem ser cumpridos pelos agentes económicos”, disse à Lusa o vice-presidente da CCP Nuno Camilo. Em 14 de agosto, foi publicado o decreto-lei n.º 109/2019 que procede à segunda alteração ao diploma que regula as práticas comerciais com redução de preço.

O decreto-lei que entra agora em vigor foi aprovado em Conselho de Ministros em 13 de junho e estabelece que um produto vendido em saldo ou promoção não pode ter um preço mais alto do que o valor a que foi comercializado durante os 90 dias anteriores, excetuando eventuais períodos de redução de preço.

O diploma “simplifica e harmoniza um conjunto de procedimentos que devem ser cumpridos pelos agentes económicos”, disse o vice-presidente da CCP – Confederação do Comércio e Serviços Portugal. Sobre o facto de o produto em saldo ou em promoção não poder ter um preço mais alto do que valor a que foi comercializado nos 90 dias anteriores, Nuno Camilo considerou que o legislador deveria ter “definido um valor base de maneira a criar uma baliza”.

A venda em saldos pode realizar-se em qualquer período do ano, desde que não ultrapasse, no total, a duração de 124 dias por ano. O responsável da CCP considerou ainda que o legislador poderia ter ido mais longe e ter “definido os períodos” de realização de saldos e promoções.

Nuno Camilo espera que, numa nova revisão, o legislador tenha atenção a estas questões, mas do ponto de vista geral reconhece que as alterações vêm simplificar e harmonizar os procedimentos dos comerciantes.

Ficou ainda consagrado que a comunicação obrigatória do período de saldos ou liquidação à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) será realizada através do portal e.Portugal, numa concretização da medida procedimento de comunicação dos saldos mais simples, do Programa Simplex + 2018.

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Mais teoria dos jogos ou complexidade económica? O que nos trará o novo Nobel da Economia

Um especialista em complexidade económica da Irlanda do Norte, um israelita que estuda a teoria dos jogos ou dois econometristas dinarmaqueses. As apostas para o Nobel da Economia.

Quem vai ganhar o prémio Nobel da Economia de 2019? As previsões são mais complicadas nas apostas para o escolhido do que as projeções económicas, mas sendo ambas igualmente falíveis, há quem escolha olhar para o número de citações dos principais economistas — uma medida de sucesso entre os seus pares — e aí há favoritos: o britânico W. Brian Arthur, o israelita Ariel Rubinstein, e os dinamarqueses Soren Johansen e Katarina Juselius.

Ponto prévio: apesar de ser comummente apelidado de Prémio Nobel da Economia e de o processo de seleção ser em tudo igual aos restantes, com a Academia a fazer uma seleção semelhante, o Nobel da Economia é o parente pobre destes prémios porque só existe desde 1965. Foi criado pelo banco central da Suécia e até a própria família Nobel rejeita este prémio como parte dos restantes.

Ainda assim, é considerado como um Nobel e é a maior honra que pode ser atribuída a um economista. Tradicionalmente, este prémio tinha vindo a ser atribuído a economistas cuja investigação já tem um longo período de maturação — pelo menos duas décadas –, mas isso mudou há cerca de uma década.

Da mesma forma, o prémio quase sempre privilegiou economistas da escola mais liberal de defesa do mercado livre, como Friedrich Hayek e Milton Friedman, apesar de ter tentado ser mais pluralista este século, com os prémios entregues a Paul Krugman ou a Joseph Stiglitz.

Ainda assim, a escola de Chicago é de longe a que mais prémios recebeu. Os premiados têm outras características em comum: a maior parte deles são norte-americanos e são quase todos homens (só uma mulher ganhou o Nobel da Economia até este ano).

Os ‘concorrentes’ deste ano

Não há listas de apostas, e a Academia Sueca não revela a shortlist dos economistas que estão a ser considerados desde setembro.

No entanto, há quem se atreva a tentar fazer previsões, como é o caso do Web of Science Group, da Clarivate Analytics, uma empresa comprada à Thomson Reuters, que tem vindo a fazer previsões para algumas categorias dos prémios Nobel, incluindo o prémio para a economia e, desde 2002, já acertou em pelo menos 50 nomes que vieram a receber o prémio, 17 deles o Nobel da Economia.

Para isso, a empresa recorre ao número de citações da investigação dos economistas, para ver o que basicamente significa o maior reconhecimento destes economistas entre os seus pares. E, para este ano, o Web of Science Group tem mais quatro nomes na lista das suas apostas para o prémio que a Academia vai atribuir esta segunda-feira.

Entre eles estão o economista oriundo da Irlanda do Norte, W. Brian Arthur, conhecido pelo trabalho em torno da teoria moderna para o aumento dos lucros, com implicações especialmente nas empresas do setor tecnológico, e da teoria da complexidade económica, uma forma diferente de olhar para os resultados económicos que pretende uma visão alargada para saber como cada uma das peças encaixa entre si.

Também entre os “escolhido”s, está o israelita Ariel Rubinstein, pela investigação desenvolvida em torno da teoria dos jogos, mais propriamente na negociação entre duas partes num sistema de equilíbrio perfeito.

O grupo aponta ainda a possibilidade de o prémio ser atribuído aos dinamarqueses Soren Johansen e Katarina Juselius pelos contributos para o desenvolvimento de modelos econométricos mais flexíveis na análise de séries longas de dados que ajudam os economistas a evitar um enviesamento para a confirmação das suas análises.

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