Cotec teme que 5G se torne num “pesadelo” para as empresas. Defende normas de cibersegurança

  • Lusa
  • 7 Maio 2019

A digitalização e a conectividade das empresas "requer algum cuidado, nomeadamente contra ciberataques”, alerta Isabel Furtado.

A Associação Empresarial para a Inovação (Cotec Portugal) admitiu temer que os riscos associados às redes móveis de quinta geração (5G) se tornem num “pesadelo” para as empresas portuguesas, defendendo a criação de normas de cibersegurança.

“O 5G pode ser uma coisa fantástica, mas se não tivermos o cuidado necessário com a segurança e a cibersegurança […] é uma ameaça que se pode tornar num pesadelo”, afirmou em entrevista à Lusa a presidente da Cotec Portugal, Isabel Furtado.

Falando a propósito do XIII Encontro Cotec Europa – que decorre em Nápoles e junta líderes empresariais e figuras institucionais dos três países com esta associação (Portugal, Itália e Espanha) -, a responsável notou que o 5G é, para já, um “mundo de incógnita” e, “se for mal utilizado, pode ser um problema grave”.

“Todas as empresas podem ser afetadas”, apontou Isabel Furtado.

Segundo a presidente da Cotec Portugal, o 5G representa “mudanças e conectividade rápida, eficiente e tridimensional”, o que “é ótimo”.

Contudo, “os riscos advêm dessa mesma rapidez de conectividade e de ter livros abertos, quer a clientes, quer a fornecedores, […] nomeadamente na proteção intelectual, industrial e do conhecimento”, assim como na questão dos dados pessoais, elencou.

“Tudo isso tem de estar bem protegido”, salientou Isabel Furtado.

A cibersegurança é, inclusive, uma das prioridades atuais da Cotec, estando a associação a promover ferramentas de prevenção e boas práticas junto das empresas.

“A digitalização e a conectividade das empresas, quer com os seus clientes, quer com os seus fornecedores, e ao longo da cadeia produtiva, também requer algum cuidado, nomeadamente contra ciberataques”, referiu Isabel Furtado.

A associação defende que as empresas portuguesas devem garantir que as suas informações estão “confortavelmente protegidas contra esses ataques”, tanto no que toca aos dados “dentro de portas” como aos que são partilhados “com o exterior”.

Apesar de considerar que as companhias estão, “seguramente, mais conscientes” sobre os ataques cibernéticos, a responsável notou que “a maioria não está preparada” para esses casos.

“A maioria das empresas ainda não vê o ataque informático como uma ameaça muito grande no seu todo, embora já tenha havido, recentemente, ataques a empresas […] que puseram em risco dados confidenciais que elas tinham”, adiantou.

A questão da cibersegurança está na ordem do dia devido às suspeitas de espionagem que recaem sobre a fabricante chinesa Huawei no desenvolvimento de equipamentos 5G.

A Cotec é a associação empresarial portuguesa para a promoção da inovação e cooperação tecnológica. Abrange multinacionais, grandes grupos e pequenas e médias empresas (PME), representando mais de 16% do produto interno bruto (PIB) nacional e cerca de 8% do emprego no setor privado.

Hoje, decorre em Nápoles o encontro anual das associações nacionais para a inovação e desenvolvimento dos países mediterrânicos (Itália, Espanha e Portugal), visando discutir a introdução das novas tecnologias digitais no Estado.

O objetivo é delinear planos de ação comuns para a administração pública numa altura marcada por grandes mudanças industriais e tecnológicas.

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Dividendos tiram força a Lisboa. EDP e BCP travam perdas

A bolsa nacional está no vermelho pela sexta sessão consecutiva, penalizada pelo destaque dos dividendos da Galp Energia e da Jerónimo Martins. Ganhos da EDP e do BCP travam perdas.

A bolsa nacional está no vermelho pela sexta sessão consecutiva, num dia em que está a sofrer o impacto da entrada em ex-dividendo da Galp Energia e da Jerónimo Martins. As perdas só não são mais acentuadas fruto do avanço dos títulos do universo EDP e do BCP.

O PSI-20 está a recuar 0,1%, para os 5.296,02 pontos, em contraciclo com as pares europeus que recuperam do efeito “tweet de Donald Trump” que arrastou as bolsas na última sessão.

O rumo do índice bolsista nacional está a ser influenciado pela entrada em ex-dividendo de dois dos seus pesos pesados: a Galp Energia e a Jerónimo Martins. As duas cotadas vão distribuir um dividendo de 35,75 e 32,50 cêntimos, respetivamente, a 9 de maio.

Esta terça-feira estão a descontar o dividendo, razão que faz com que estejam a desvalorizar em bolsa. Os títulos da Galp Energia deslizam 2,1%, para os 14,395 euros, enquanto as da Jerónimo Martins perdem 0,7%, para os 14,18 euros.

As perdas não são mais acentuados em resultado do avanço dos restantes títulos do setor da energia e também do BCP.

Destaque para a subida de 0,58%, para os 8,72 euros, da EDP Renováveis, enquanto a casa-mãe EDP soma 0,39%, para os 3,332 euros. Já a REN progride 0,59%, para os 2,54 euros.

A contribuir positivamente para o rumo do PSI-20 está ainda o BCP, cujas ações valorizam 0,56%, para os 25,14 cêntimos, num dia de recuperação. Destaque ainda para a Nos que vê as suas ações avançarem 0,6%, para os 5,91 euros.

(Notícia atualizada às 8h31 com mais informação e nova cotações)

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Governo optou por “cortar algum investimento público” para ter défice zero, diz Marcelo à Globo

  • Lusa
  • 7 Maio 2019

Em entrevista à Globo, Marcelo Rebelo de Sousa disse que a convivência com a geringonça "é uma coabitação especial". Sobre o modo como exerce, admitiu que “fisicamente é um desgaste brutal".

Numa conversa com o jornalista e apresentador Pedro Bial, transmitida nesta segunda-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a admitir que Portugal venha a ter “défice zero ou superavit” em 2019 e considera que, para conseguir isso, o executivo do PS optou por “cortar algum investimento público”.

Nesta edição do programa da rede de televisão brasileira Globo “Conversa com Bial”, gravada há cerca de dois meses no Palácio de Belém, em Lisboa, o Presidente da República fala da sua convivência com a chamada “geringonça”, expressão que se escusa a usar, preferindo antes a designação “fórmula governativa”, por sentido de Estado. “É uma coabitação especial”, afirma.

Questionado se é graças a si que a social-democracia subsiste em Portugal, responde: “Bom, eu não direi graças a mim. Direi que houve uma combinação única em Portugal de um Governo socialista apoiado por forças mais à esquerda — comunistas e Bloco de Esquerda — e, portanto, um Governo minoritário, tendo de negociar permanentemente o Orçamento para ir durando a legislatura, e um Presidente que vem do centro-direita”. Esta solução “verdadeiramente obriga a um equilíbrio constante entre o Governo e a base de apoio parlamentar, e um equilíbrio entre o Governo e o Presidente da República”, acrescenta.

Interrogado se a austeridade terminou ou continua de outra forma em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa sustenta que o atual executivo do PS tem cumprido as exigências europeias de controlo orçamental “fazendo subir rendimento, mas cortando nalgum investimento público”, contendo gastos “em infraestruturas”, em “despesas de soberania” ou em “reforma no sistema social”. “Este ano, penso que podemos ter défice zero ou superavit. Para fazer isso, onde vai cortar [o Governo]? Vai cortar nalgum investimento público”, refere.

Passando em revista o seu mandato, o chefe de Estado aponta a morte de mais de cem pessoas nos incêndios de 2017 como “certamente o pior momento” da sua vida, não só política, como pessoal: “Nem o desgosto da morte do pai e da mãe, três meses depois, nem outro tipo de desgosto é comparável a esse choque”.

Sobre o modo como tem exercido funções, admite que “fisicamente é um desgaste brutal” a escolha de “todo o dia estar em toda a parte”, mas alega que “houve presidentes mais ativos”, como Mário Soares, que classifica como “um Presidente superativo”. E enquadra assim a sua intervenção: “O meu estilo é estar próximo das pessoas e, nesse sentido, eu interfiro, porque há um evento, há um drama, há uma tragédia, eu estou lá. E isso às vezes é um pouco incómodo para outros protagonistas políticos, é verdade”.

Marcelo Rebelo de Sousa defende, porém, que tem atuado “respeitando sempre os limites dos poderes presidenciais” e diz que tem vetado “muito pouco” do total de diplomas que lhe chegam às mãos, sem pedir ao Tribunal Constitucional “o controlo preventivo, nunca”, um dado que realça.

Nesta entrevista, reitera a sua posição a favor de um afastamento entre o cargo unipessoal de Presidente da República e a sua família. “Tenho irmãos que nunca almoçaram nem jantaram em Belém, três anos depois, porque Presidente é Presidente, família é família. E o mesmo com os netos”, assinala. Contudo, ressalva que os seus antecessores “tiveram primeiras-damas excecionais, todos”, mas defende que no seu estilo isso não faz sentido. “Eu tento, além da função de Presidente, em muitos momentos, suprir a falta de primeira-dama”, adianta.

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Três em cada quatro salários abaixo de 500 euros são de mulheres

  • ECO
  • 7 Maio 2019

Estudo da Polar Insight revela elevada discrepância salarial entre homens e mulheres em Portugal. Maior parte dos vencimentos acima dos 3.500 euros são de homens.

As mulheres ganham menos que os homens. Entre os trabalhadores portugueses com vencimentos abaixo dos 500 euros mensais, 75% são mulheres, de acordo com um estudo realizado pela consultora britânica Polar Insight. Entre os salários mais elevados, os homens dominam.

De acordo com o Dinheiro Vivo, mais de três quartos (75,5%) das pessoas com rendimentos mensais inferiores a 500 euros são mulheres, enquanto praticamente oito em cada dez pessoas (78,9%) com salários mensal acima dos 3.500 euros são homens.

Além de obterem rendimentos inferiores, o estudo aponta também para o facto de os trabalhadores do sexo feminino terem maiores dificuldades em mudar de horário de trabalho do que os homens.

“O trabalhador flexível é maioritariamente do género masculino, com idade acima dos 46 anos, rendimentos elevados, a trabalhar em grandes empresas, com responsabilidades de coordenação de pessoas”, refere o estudo realizado em parceria com o CEPCEP – Centro de Estudos sobre Pessoas e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica.

As mulheres apenas têm mais facilidade em trabalhar fora de casa “se declararem terem outras pessoas a cargo, como bebés, crianças, idosos e doentes”, remata.

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Hoje nas notícias: Herdeiros, proteção de dados e Portugália

  • ECO
  • 7 Maio 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Agilizar processos de venda de imóveis de herdeiros desavindos é uma das batalhas do Parlamento, enquanto uma proposta do PS de alteração à Lei de Acesso aos Documentos é criticada pela Comissão Nacional de Proteção de Dados. Avizinha-se ainda mais uma batalha jurídica entre os CTT e a Anacom sobre as novas regras para o sistema de medição dos indicadores de qualidade do serviço postal universal. Há ainda um plano para uma torre de 16 pisos no quarteirão da Portugália, enquanto a desigualdade salarial entre mulheres e homens volta à ribalta.

Parlamento aperta cerco a prédios de herdeiros desavindos

O PSD vai apresentar uma proposta de alteração ao projeto de lei de bases da habitação do PS. O objetivo é garantir que, no futuro, sejam “agilizados” os processos “de heranças em situação complicada, em que as famílias não se entendem sobre o que fazer aos imóveis”, avança o Jornal de Negócios. O partido pretende assim deixar esse princípio já definido na lei de bases e, posteriormente, avançar com um projeto de lei que permita a venda de um imóvel mesmo que nem todos os herdeiros estejam de acordo, ao contrário do que acontece hoje em dia, em que é preciso unanimidade. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Proposta do PS “aniquila direito à proteção de dados pessoais”

A Comissão Nacional de Proteção de Dados criticou a proposta de alteração à Lei de Acesso aos Documentos apresentada pelo grupo parlamentar do PS. Aquela entidade considera que aquela proposta que facilita o acesso de qualquer cidadão a documentos de entidades públicas com dados pessoais não sensíveis de terceiros viola a Constituição, adianta o Público. Atualmente, uma pessoa só pode aceder a documentos da Administração Pública que incluam dados pessoais de outros com autorização destes ou demonstrando um “interesse direto, pessoal, legítimo e constitucionalmente protegido suficientemente relevante”. Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

CTT avançam com novo processo contra a Anacom

Um novo escalar do braço de ferro entre os CTT e a Anacom na esfera judicial. Os Correios decidiram contestar em tribunal a decisão do regulador relativa à implementação de novas regras para o sistema de medição dos indicadores de qualidade do serviço postal universal. A ação deu entrada em tribunal administrativo a 29 de abril, adianta o Jornal de Negócios, que não conseguiu no entanto um comentário dos CTT. Fonte oficial da Anacom disse apenas que a entidade “ainda não foi citada”. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Há plano para uma torre de 16 pisos no quarteirão da Portugália

Abandonados há décadas, os terrenos do quarteirão da Cervejaria Portugália, na Avenida Almirante Reis, preparam-se para ser urbanizados com 85 apartamentos por um fundo imobiliário alemão, avança o Diário de Notícias. Um dos edifícios — o Portugália Plaza — terá 60 metros de altura e 16 andares. O projeto da parcela norte da urbanização está feito, tem parecer positivo do departamento de urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa e está em consulta pública até 12 de maio. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

75% dos trabalhadores que recebem menos de 500 euros são mulheres

As mulheres ganham menos, têm poucas responsabilidades e muitas dificuldades em mudar de horário de trabalho apesar de terem a mesma formação que os homens. Esta é a principal conclusão de um estudo da consultoria britânica Polar Insight sobre flexibilidade do trabalho em Portugal, citado pelo Dinheiro Vivo. O estudo adianta ainda que mais de três quartos (75,5%) das pessoas com rendimentos mensais inferiores a 500 euros são mulheres, enquanto praticamente oito em cada dez pessoas (78,9%) com salários mensal acima dos 3.500 euros são homens. Leia a notícia completa no Dinheiro Vivo (acesso pago).

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Partidos abrem porta à venda de casas de herdeiros desavindos

  • ECO
  • 7 Maio 2019

A questão das heranças indivisas, que muitas vezes leva ao abandono dos imóveis, é um dos temas em cima da mesa dos partidos.

O PSD vai apresentar uma proposta de alteração ao projeto de lei de bases da habitação do PS. O objetivo é garantir que, no futuro, sejam “agilizados” os processos “de heranças em situação complicada, em que as famílias não se entendem sobre o que fazer aos imóveis”. O partido pretende, assim, deixar esse princípio já definido na lei de bases e, posteriormente, avançar com um projeto de lei que permita a venda de um imóvel mesmo que nem todos os herdeiros estejam de acordo.

É frequente a falta de entendimento entre os herdeiros levar ao abandono dos imóveis e, muitas vezes, à sua degradação. É neste sentido, e com o objetivo de evitar situações destas, que os sociais-democratas querem agir. A ideia é que a venda seja possível “havendo uma maioria dos detentores, ficando o dinheiro que couber aos que não quiseram vender depositado durante um determinado período numa conta” criada para o efeito, avança o Jornal de Negócios (acesso pago).

Este problemas das heranças indivisas já constava na primeira versão do projeto de lei de bases do PS, elaborado por Helena Roseta, onde se previa que as “habitações devolutas ou degradadas à espera das necessárias partilhas sucessórias” há mais de cinco anos ficassem sujeitas a uma “requisição temporária” para fins habitacionais. Mas essa proposta acabou por ficar pelo caminho.

No texto de substituição desapareceu qualquer referência às heranças indivisas e ainda à possibilidade de esses imóveis devolutos virem a ser requisitados para habitação. Helena Roseta, que voltou a trabalhar na preparação deste texto de substituição, não concorda com esta decisão do PS em retirar esta medida e, assim, prepara-se para “reapresentar essa proposta a titulo individual”.

Do lado do PCP há também uma proposta neste sentido, prevendo-se que “os prédios ou frações autónomas que se encontrem devolutas, total ou parcialmente, ou em estado de degradação há cinco ou mais anos por razões sucessórias” possam ser “objeto de decisão administrativa de exercício do direito de preferência pelo Estado, regiões autónomas ou autarquias locais”, estando ou não o processo de partilhas parado em tribunal.

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Taxas sobem mesmo. EUA acusam China de “retroceder” nas negociações

  • Lusa
  • 7 Maio 2019

Representante máximo dos EUA nas negociações para um acordo comercial acusa Pequim de "retroceder em compromissos anteriores", após dez rondas de negociações.

O representante máximo dos Estados Unidos nas negociações por um acordo comercial com Pequim confirmou o aumento das taxas alfandegárias, a partir de sexta-feira, sobre bens importados da China.

Robert Lighthizer detalhou que o aumento, de 10% para 25%, das taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares (178,4 mil milhões de euros) de bens, entrará em vigor à meia-noite, no horário da costa leste dos EUA.

O responsável disse que as negociações com a delegação chinesa prosseguem, na quinta-feira, em Washington.

Em conferência de imprensa, Lighthizer acusou ainda Pequim de “retroceder em compromissos anteriores”, após dez rondas de negociações.

Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.

Em causa está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.

Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

As negociações decorriam desde que, em dezembro passado, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas, entretanto prolongado, para chegar a um acordo.

No domingo passado, o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou que os EUA iam aumentar as taxas alfandegárias.

“Durante dez meses, a China pagou taxas alfandegárias aos Estados Unidos de 25% sobre 50 mil milhões de dólares [44,6 mil milhões de euros] de [bens] tecnológicos, e 10% sobre 200 mil milhões de dólares de outros bens”, escreveu Trump, na rede social Twitter.

“Os 10% vão ser aumentados para 25% na sexta-feira”, acrescentou.

O anúncio surgiu quando o vice-primeiro-ministro chinês e responsável máximo da China pelas negociações, Liu He, se preparava para viajar para Washington para continuar as negociações.

Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês indicou que uma delegação chinesa está a “preparar-se para partir” para os EUA, mas não confirmou se será liderada por Liu, como estava planeado.

No mesmo dia, a moeda chinesa caiu para o nível mais baixo, desde janeiro passado, em relação ao dólar norte-americano, enquanto a bolsa de Xangai encerrou com uma queda de 5,6%.

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5 coisas que vão marcar o dia

Chegam as Previsões da Primavera de Bruxelas, sobre o crescimento económico da Zona Euro. O Santander Totta revela os resultados do primeiro trimestre do ano.

Esta terça-feira fica marcada pelas previsões da Comissão Europeia, relativas à performance da economia da Zona Euro e dos Estados-membros. O INE irá divulgar dados sobre as condições de vida dos portugueses, bem como os rendimentos auferidos em 2018. Pelo Parlamento, a comissão de inquérito à CGD continua, desta vez com as audições aos supervisores do Banco de Portugal. O banco Santander Totta vai apresentar os resultados relativos aos primeiros três meses do ano. Vai ter início uma nova ronda de negociações entre o sindicato dos motoristas de matérias perigosas com a ANTRAM, que pode levar a uma nova greve.

Bruxelas apresenta previsões

A Comissão Europeia vai divulgar as Previsões de Primavera, que contêm estimativas a dois anos de um conjunto de variáveis macroeconómicas para a zona euro e para os Estados-Membros da União Europeia. Nas últimas projeções, no inverno, Bruxelas reviu em baixa as previsões de crescimento da economia da zona euro, bem como de Portugal, até 2020. Mesmo assim, via a economia portuguesa a crescer mais que a Zona Euro este ano e em 2020.

Santander Totta apresenta resultados

O banco Santander Totta apresenta, nesta terça-feira, os dados relativos aos resultados do primeiro trimestre do ano. Em 2018, naquele que foi o último ano com António Vieira Monteiro como líder do banco, o Santander Totta aumentou os lucros em 14,6% para 500 milhões de euros. Foi o melhor resultado desde 2015 para o banco que agora é presidido por Pedro Castro e Almeida.

Como foram os salários dos portugueses em 2018?

O INE publica as estatísticas referentes ao rendimento e às condições de vida dos portugueses, onde são definidos, por exemplo, os valores para o salário médio e mediano de 2018. Os dados recolhidos neste inquérito adiantam ainda quantos portugueses se encontram em risco de pobreza, bem como o contributo das transferências sociais e as desigualdades na distribuição dos rendimentos. A população em risco de pobreza em Portugal recuou pelo terceiro ano consecutivo, para 17,3% em 2017.

Supervisores do Banco de Portugal ouvidos na Comissão da CGD

Continuam as audições na comissão de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e à gestão do banco público. Está marcada para esta manhã a audição a José Cunha Pereira e Eduardo dos Santos, supervisores do Banco de Portugal (BdP), nesta que é já a segunda comissão de inquérito à CGD.

Sindicato e ANTRAM reúnem-se

Depois de uma greve de dois dias que parou o país, o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas volta a sentar-se à mesa com a ANTRAM, nesta terça-feira. A ANTRAM até admite vir a rever o contrato coletivo e a pronunciar-se sobre o reconhecimento da categoria profissional de motorista de matérias perigosas, mas a primeira conversa, há precisamente uma semana, não acabou da melhor forma. O Governo estará representado nas negociações por um mediador, sendo neste caso Guilherme Dray.

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PSD não será “obstáculo” à lei laboral. Acordo do PS à direita “não surpreenderia” esquerda

O pacote de alterações ao Código do Trabalho apresentado por Vieira da Silva ao Parlamento está a afastar o Governo das bancadas da esquerda. É à direita que se espreita uma possível aliança.

Estacionada na especialidade desde o verão do ano passado, a proposta de revisão do Código do Trabalho apresentada pelo Governo acaba de entrar numa nova fase. Os partidos vão apresentar, esta terça-feira, as suas propostas de alteração ao pacote laboral levado ao Parlamento por Vieira da Silva e já deixaram claro que o PS “tem de perceber de que lado está”. Ou seja, não há meios acordos. À esquerda, o PCP adianta que irá chumbar o projeto do Executivo e o Bloco de Esquerda tem deixado desafios ao Governo. À direita, o PSD garante que “não será um obstáculo” e o CDS admite mesmo viabilizar as alterações, mas impõe uma condição.

A proposta apresentada pelo Executivo de António Costa na Assembleia da República incluiu a limitação dos contratos a termo, a criação de uma taxa por rotatividade excessiva, o alargamento do período experimental para os contratos para jovens à procura do primeiro emprego ou desempregados de longa duração, o alargamento do prazo e do âmbito dos contratos de muito curta duração, a eliminação do banco de horas individual e a alteração do regime do banco de horas grupal.

Em causa está um pacote de alterações ao Código do Trabalho que não satisfez inteiramente nenhum dos lados do hemiciclo, mas deixou mais sorrisos à direita do que à esquerda do PS, com os sociais-democratas a justificar esse apoio com o “interesse nacional”. De resto, a aprovação na generalidade deste projeto-lei foi conseguida exatamente com os votos favoráveis dos socialistas e a abstenção do CDS-PP e do PSD. Os bloquistas e os comunistas votaram contra.

Nove meses depois dessa votação, as posições mantêm-se relativamente inalteradas. “Votaremos contra, como votamos na generalidade”, garante ao ECO a deputada comunista Rita Rato. O bloquista José Soeiro diz-se disponível para negociar uma “legislação mais equilibrada”, mas garante que “se o PS mantiver as normas acordadas com os patrões” manterá o seu sentido de voto. De notar que, em resposta ao desafio deixado por Catarina Martins durante o debate quinzenal, o primeiro-ministro deu a resposta seca de que os bloquistas é que têm de decidir se viabilizam uma legislação que “não sendo a dos seus sonhos, é de facto um progresso”.

Portanto, será a direita a dar novamente a mão ao Governo nesta matéria? Certezas não há, mas as bancadas de Fernando Negrão e Assunção Cristas parecem mais disponíveis para aprovar o pacote laboral. “A única coisa que o CDS admite viabilizar é o que foi acordado na Concertação Social”, adianta o deputado António Carlos Monteiro. “O PSD não vai ser um obstáculo. Não inviabilizamos nada à partida, respeitamos o acordo da Concertação Social”, reforça a deputada Clara Marques Mendes.

Que alterações exigem os partidos?

O Bloco de Esquerda e o PCP estão juntos na defesa do fim da caducidade unilateral dos contratos coletivos e da reposição do tratamento mais favorável. “Desde que, em 2003, ficou prevista a possibilidade da caducidade das convenções coletivas, muitas confederações patronais têm apresentado propostas para caducar os contratos coletivos de trabalho”, conta Rita Rato, defendendo que a liquidação dessas convenções só dever poder ser feita quando ambas as partes estiverem de acordo e “não quando só uma das parte faz caducar direitos adquiridos pelos trabalhadores”.

A comunista explica ao ECO que, no entanto, essa proposta já foi levada ao Parlamento três vezes, tendo sido “sempre rejeitada pelos mesmos três: PS, PSD e CDS”. As expectativas não são, por isso, as melhores, para as novas votações.

A propósito, à direita, as propostas no que diz respeito às convenções coletivas vão no sentido contrário. “O trabalhador pode revogar a escolha, cessando a aplicação da convenção seis meses após a comunicação dessa revogação“, lê-se nos documentos apresentados pelo PSD e pelo CDS, o que contrasta com o limite mínimo atual de um ano.

Estas bancadas propõem ainda que o período experimental só seja reduzido ou excluído “consoante a duração de anterior contrato a termo com a mesma entidade” e não “consoante a duração de anterior contrato a termo para a mesma atividade”. Defendem, além disso, que o banco de horas grupal possa ser aplicado por decisão dos trabalhadores em referendo.

Tudo somado, o deputado do CDS António Carlos Monteiro diz: “Aquilo que fizemos foi recolher essas propostas e apresentar os reparos que foram feitos pelos parceiros sociais”. No mesmo sentido, a social-democrata Clara Marques Mendes explica: “Todas as nossas alterações resultam daquilo que nos foi dito pelos parceiros sociais”. Daí que PSD e CDS condicionem o seu voto a favor do projeto-lei do Governo da aprovação “do acordo da Concertação Social”.

Recorde-se que a proposta apresentada pelo Governo foi resultado de um acordo com a UGT e com as quatro confederações patronais reunidas no Conselho Permanente da Concertação Social. Durante a discussão na especialidade, os parceiros sociais fizeram, contudo, questão de deixar claro que algumas das suas exigências não foram atendidas. É a estas “falhas” que o CDS e o PSD dizem querer dar resposta.

“Existe um discurso que é contraditório com a prática”

José Soeiro salienta que as alterações apresentadas pela bancada bloquista vão no sentido de “expurgar da proposta do Governo as contrapartidas que foram dadas aos patrões e retirar as marcas da Troika da Lei Laboral”. Embora considere que “não seria surpreendente” que o PS fizesse uma aliança com a direita sobre esta matéria, o deputado considera que tal seria “desperdiçar uma oportunidade única”.

Talvez por isso, o Bloco de Esquerda tem dito que o seu voto favorável do projeto do Governo depende apenas do chumbo pelos socialistas de três pontos desse pacote: O alargamento do âmbito e da duração dos contratos de muito curta duração, a extensão do período experimental para trabalhadores menos qualificados, e o banco de horas fora da contratação coletiva, ou seja, as tais normas acordadas com os patrões.

“O PS revela um desconforto em relação às normas acordadas com os patrões, mas não as quis eliminar. Optou por pequenos arranjos, que visam manter o acordo com o patronato”, diz Soeiro ao ECO. “Não nos basta que o PS se sinta desconfortável”, assegura, referindo que os socialistas ou se juntam à direita ou à esquerda. Leia-se: não há meios acordos… e “o PS não parece empenhado em negociar à esquerda”.

“Não se compreende que o PS mantenha intocável um Código do Trabalho do PSD e do CDS”, acrescenta Rita Rato, lembrando que, em 2012, os socialistas votaram ao lado da direita a legislação laboral. Daí que hoje tenham “um compromisso de manter intocáveis os privilégios do patronato”.

“Havia hoje uma oportunidade histórica por haver uma correlação de forças na Assembleia da República que permitira revogar as normas gravosas do Código do Trabalho e o PS prefere ficar ao lado do PSD e do CDS”, lamenta a comunista, garantindo que o PCP votará contra o projeto do Executivo.

Ainda assim, e enquanto a votação global não acontece, Rita Rato atira: “O PS tem de perceber de que lado é que está”. E critica que um Governo que se diz empenhado na valorização do trabalho continue, por exemplo, a recuar na reposição dos 25 dias de férias e na implementação das 35 horas no privado. “Existe um discurso que é contraditório com a prática”.

De notar que, no seio do Executivo, um entendimento à esquerda sobre esta matéria também já não é visto como expectável e há mesmo quem já considere esse aperto de mãos “impossível”, avançou uma fonte próxima do Executivo ao Expresso.

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Os grandes recuos na política nacional. Da TSU aos professores

Recuo, cedência ou travagem a fundo. As descrições são múltiplas para a posição assumida pela direita na questão dos professores. Esta é apenas a mais recente das reviravoltas das política portuguesa.

Recuo, cedência e travagem a fundo. Foram estas as palavras mais frequentes nas capas dos jornais desta segunda-feira para descrever a posição do PSD e do CDS sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores. É que Rio e Cristas assumiram que não irão viabilizar essa contagem integral, se não for aprovado um travão financeiro, cedendo ao ultimato deixado pelo Executivo de António Costa.

Depois de o Parlamento ter aprovado a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias “perdidos” pelos professores, o primeiro-ministro garantiu que se demitiria, caso a proposta chegasse a lei. A esquerda manteve-se firme, mas a direita acabou por frisar que só aprovaria a recuperação integral se fossem aprovadas certas condicionantes.

Este recuo pôs termo à crise política, dos últimos dias, mas constitui apenas a mais recente de uma longa série de outras reviravoltas que pontuaram a história política nacional.

  • 2019: Como a direita aprovou a recuperação integral do tempo dos professores… mas acabou por insistir num travão financeiro

Os deputados do PSD, CDS, BE e PCP aprovaram, na última semana, a recuperação integral do tempo de serviço dos professores, deixando pelo caminho os calendários propostos pela esquerda e as condicionantes financeiras defendidas pela direita.

Em reação, o primeiro-ministro ameaçou demitir-se, caso essa lei avançasse, considerando que tal medida “condicionaria de forma inadmissível a governação futura”. Perante esta crise política, a direita voltou a insistir na necessidade de deixar claro que a recuperação integral acontecerá de acordo com o crescimento económico, da sustentabilidade financeira, da negociação do estatuto da carreira dos docentes e do regime de aposentação e frisou que só votará favoravelmente a recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias congelados se for aprovada esta “salvaguarda financeira”.

O Bloco de Esquerda já fez saber que votará contra este “travão” proposto pela direita e o PCP não comenta. Resta agora saber qual será a posição do PS.

  • 2019: Como as PPP na saúde iam acabar… mas não têm fim à vista

Foi a 17 de abril que Moisés Ferreira anunciou o acordo do Bloco de Esquerda com o Governo para por fim às Parceiras Público Privadas (PPP) na saúde, no âmbito da nova Lei de Bases da Saúde. O Governo veio, contudo, contrariar rapidamente esse anúncio, garantindo que o que o BE chamava acordo era afinal apenas “documentos de trabalho”. O Expresso acabou, no entanto, por revelar um documento no qual a própria ministra da Saúde assinava as alterações como o fim das PPP.

“Posteriormente à distribuição dessa mesma versão, foi dito aos vários parceiros, incluindo o Bloco de Esquerda, que ela já não correspondia à última posição, desde logo assumida pelo PS em concertação com o Governo”, disse na ocasião o secretário de Estados dos Assuntos Parlamentares.

De notar que nas propostas de alteração apresentadas pelos socialistas conta a limitação das PPP, mas não a sua eliminação, o que deixou em “choque” o Bloco de Esquerda e abriu caminho a uma aproximação à direita.

  • 2017: Como a CESE sobre as renováveis foi aprovada pelo PS… e chumbada pelo PS

Em 48 horas, muita água pode correr. Prova disso foram as posições assumidas pelos socialistas em relação à proposta bloquista para o alargamento às renováveis da Contribuição Extraordinária do Setor Energético (CESE), no âmbito do Orçamento do Estado para 2018. Os socialistas aprovaram na sexta-feira e chumbaram na segunda-feira. O travão foi decidido pelo próprio primeiro-ministro.

Os deputados do PS tinham indicação para votarem a favor a proposta do Bloco de Esquerda, uma vez que a medida não teria qualquer impacto orçamental (a receita resultante seria canalizada para abater o défice tarifário e baixar os preços da eletricidade), mas acabaram por recuar e chumbaram a iniciativa dos bloquistas.

De acordo com o Bloco de Esquerda, essa mudança de posição resultado de movimentações do setor, tendo o PS decidido avocar a proposta a nova votação, a pedido do Governo, chumbando o que tinham começado por aprovar. Na altura, o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis disse que “imperou o bom senso”. “Alguém no Governo deve ter feito as contas e percebeu que seria a morte” do setor das renováveis em Portugal”, disse.

  • 2017: Como o Infarmed ia para o Porto… mas não foi

Foi em novembro de 2017 que o Executivo de António Costa anunciou que a sede da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) iria passar para o Porto. A mudança já tinha até data marcada (janeiro de 2019), mas a quatro meses dessa transferência o Governo travou a fundo e atirou a decisão para uma nova comissão técnica independente para a descentralização.

Ainda que a Invicta não tivesse triunfado na corrida para receber a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), o primeiro-ministro confirmou que o plano de mudança do Infarmed para o Porto se mantinha. O Governo acabou, contudo, por traçar algumas linhas vermelhas que acabaram por condenar esta mudança de morada: a garantia de que a estabilidade do Infarmed não era posta em causa, e que a decisão não iria contra os direitos dos trabalhadores.

Este último ponto tornou-se particularmente sensível, face a uma sondagem interna que revelou fortes resistências dos trabalhadores a essa transferência, não estando mesmo disponíveis para essa deslocalização. Numa audição no Parlamento, a presidente do Infarmed frisou, além disso, que essa mudança poderia vir a ser “uma ameaça à saúde pública não só em Portugal como na Europa”.

Tudo somado, em setembro do ano passado, o ministro da Saúde acabou por passar a decisão para uma comissão para a descentralização. “A Assembleia da República está em condições, neste momento, de criar uma comissão que vai acompanhar as decisões ou recomendações de descentralização. Considerámos que não fazia sentido extrair o Infarmed deste processo”, disse Adalberto Campos Fernandes de modo a justificar a suspensão da decisão.

  • 2014: Como havia consenso sobre reforma do IRC… e o PS rompeu-o

A descida progressiva do IRC foi concertada em 2013 entre o PSD, CDS e PS (então liderado por António José Seguro), mas não sobreviveu ao Orçamento do Estado para 2015.

Já com António Costa como novo secretário-geral do PS, o partido rompeu esse pacto, propondo como alteração ao Orçamento em causa a eliminação da descida do IRC. Isto porque, defendia na altura, as “condições do acordo” não estavam a ser cumpridas, nomeadamente no que diz respeito ao IRS. “Não se coaduna com o acordo a que chegaram Governo e Partido Socialista, visto tratar-se de uma redução percentual não consentânea com a descida do IRS”, escreveu o PS, na ocasião, referindo que esse recuo beneficiaria principalmente as grandes empresas.

“Trata-se de uma proposta claramente impulsora de injustiça social, pois a evolução da situação económica e financeira do país deveria permitir uma reformulação simultânea dos regimes do IRS e do IRC”, justificou a bancada socialista.

2013: Como Portas se demitiu “irrevogavelmente”… mas ficou no Governo e foi promovido

Foi em julho de 2013 que Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros, apresentou o seu pedido de demissão “irrevogável” ao primeiro-ministro. Isto porque o então líder do CDS, e parceiro de coligação de Pedro Passos Coelho, queria apontar para a pasta das Finanças alguém capaz de operar uma verdadeira mudança política, mas o primeiro-ministro acabou por ser escolher Maria Luís Albuquerque. Para Portas, Albuquerque era depreciativamente “um Gaspar de saias”, o que o levou a pedir demissão.

“Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um ato de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível“, escreveu Portas, na sua carta de demissão, que não foi aceite por Passos Coelho.

Passos Coelho obrigou o líder do CDS a conversar — estiveram reunidos duas vezes antes de chegarem a acordo, e fez da demissão irrevogável a subida de Paulo Portas à posição de vice-primeiro-ministro.

  • 2012: Como a TSU dos trabalhadores ia aumentar… mas ficou na mesma

Em setembro de 2012, o então primeiro-ministro Passos Coelho anunciou que a contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social iria subir de 11% para 18%, de modo a permitir o recuo da taxa social única (TSU) exigida às empresas de 23,5% para 18%. Apesar dos argumentos apresentados pelo então chefe do Executivo, a medida gerou fortes críticas, não só da oposição e dos sindicatos, mas também no seio da coligação governamental, com Paulo Portas a discordar frontalmente desta proposta.

Pedro Passos Coelho explicou, na altura, que a subida da TSU dos trabalhadores do setor privado e dos funcionários públicos serviria para melhorar a situação financeira das empresas e combater o crescimento do desemprego, mas a contestação não deu espaço para a concretização da medida. A social-democrata Manuela Ferreira Leite considerou que a iniciativa aumentaria “drasticamente” o desemprego e o centrista Paulo Portas (então apenas ministro dos Negócios Estrangeiros) disse não ter bloqueado a decisão para evitar uma crise nas negociações com a troika.

A 15 de setembro, de norte a sul do país, as ruas das principais cidades encheram-se de milhares de portugueses — Lisboa recebeu mesmo uma das maiores manifestações depois do 25 de abril — que quiseram mostrar ao Executivo que não estavam dispostos mais um sacrifício.

Entretanto, o Presidente da República convocou uma reunião do Conselho de Estado, durante a qual o Governo acabou por se mostrar disponível para “estudar alternativas” à alteração da TSU. Essa alternativa foi o “enorme aumento de impostos” de Vítor Gaspar.

  • 2002: Como o choque fiscal de Barroso fica na gaveta

A campanha eleitoral de Durão Barroso tinha um grande mote: a promessa de um choque fiscal. A redução de impostos diretos sobre os lucros das empresas estimularia a atividade económica e atrairia mais investimento estrangeiro. Mas o dito choque nunca passou do programa eleitoral para o programa de Governo.

Luís Marques Mendes, o responsável pela elaboração do programa de campanha de Durão, recorda ao ECO como Manuela Ferreira Leite, escolhida para ministra das Finanças “discordava em absoluto da ideia”. Além disso, o Executivo de Barroso teve de lutar contra o monstro do défice que logo no seu primeiro ano já ia em 4%, pelo segundo ano consecutivo.

As críticas e os apelos para que Barroso concretizasse o choque fiscal não cessaram até porque o recuo foi óbvio. Até o presidente do conselho de administração da recém-criada Agência Portuguesa para o Investimento (API), Miguel Cadilhe, numa cerimónia no Porto, na presença do próprio primeiro-ministro, lembrou a Barroso que os investidores aguardavam o prometido choque fiscal. Mas ele nunca chegou.

  • 1997: Como um OE ditou a “pena máxima para a coleta mínima”

Uma das grandes alterações introduzidas pelo Governo de António Guterres e do seu ministro das Finanças, Sousa Franco, foi a criação da coleta mínima. Um precursor do Pagamento Especial por Conta — que é calculado a partir de uma percentagem do volume de negócios relativo ao exercício económico anterior (havendo limites mínimos e máximos fixados e alterados pelos sucessivos governos da República ao longo dos últimos vinte anos) –, que fez parte do panorama fiscal português desde 1998 e a que António Costa pôs fim definitivamente no Orçamento do Estado para 2019.

Mas para ver aprovado o Orçamento do Estado para 1998, Guterres, que tinha um Governo minoritário, teve de fazer um acordo com o líder do maior partido da oposição, Marcelo Rebelo de Sousa. A contrapartida era abrir mão da coleta mínima. O PSD tinha inclusivamente um slogan para a campanha: “Pena máxima para a coleta mínima”. Guterres teve de convencer Sousa Franco, mas o Governo acabou por recuar na medida.

  • 1994: Como o buzinão na ponte 25 de abril travou as portagens

Em junho de 1994 Governo de Cavaco Silva decidiu avançar com um aumento de 50% no preço das portagens. Os 100 escudos [o equivalente a 50 cêntimos] que eram cobrados foram agravados para 150. A medida foi altamente contestada, apesar das diversas tentativas do ministro Joaquim Ferreira do Amaral para explicar a necessidade e a virtude desta iniciativa, alegando que a verba seria usada para construir uma nova travessia.

Nada conseguiu travar um longo buzinão que haveria de culminar com um bloqueio da ponte por camionistas. Tudo começou a 21 de junho de 1994 e foram três longos dias de buzinadelas e de condutores pagar as portagens com as moedas mais pequenas ou as notas maiores que tinham. Cavaco estava numa cimeira europeia em Corfu e foi Fernando Nogueira que enfrentou a fúria dos manifestante que teve três desfechos: Cavaco acabou por recuar na medida, um jovem ficou paralisada devido a uma bala perdida, no esforço das autoridades de segurança em dispersar os manifestantes e, no ano seguinte, Cavaco perdeu as eleições dando lugar a António Guterres.

  • 1993: Como Cavaco não deu tolerância de ponto no Carnaval

A primeira vez que um Governo em Portugal não concedeu a tradicional tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval foi em 1993. Era, então, Cavaco Silva o primeiro-ministro. A medida altamente impopular e desaconselhada por muitos, mesmo no seio do próprio Executivo, foi justificada pelo chefe de Governo pelo “interesse nacional” e porque era importante “difundir aos portugueses a mensagem de que era com trabalho, e não com facilidades, que poderíamos vencer as dificuldades”, recorda um colaborador do ex-ministro e ex-Presidente da República, citado pelo Sol.

A medida gerou muita celeuma e houve até mesmo quem faltasse ao trabalho como forma de protesto. Cavaco “fez a avaliação da situação, que não fazia sentido e depois recuou”, contou, ao ECO, Luís Marques Mendes que foi ministro-adjunto de Cavaco. O próprio Cavaco Silva reconheceu anos mais tarde que essa decisão foi um erro. “Em fevereiro de 1993, cometi o erro político de não assinar o despacho que concedia aos funcionários públicos tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval”, escreveu Cavaco no segundo volume da sua autobiografia política.

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Sonae IM investe em tecnológica israelita Cellwize. De olhos postos na rede 5G

O mais recente investimento da Sonae IM foca-se numa empresa israelita de automação da rede móvel. O desenvolvimento da tecnologia da Cellwize pode expandir-se para as infraestruturas de 5G.

O ramo de investimento da Sonae, a Sonae IM, investiu na israelita Cellwize, uma tecnológica especializada em automação da rede móvel. Com este investimento, a empresa tem nos planos o crescimento e a expansão da tecnologia, nomeadamente para as novas infraestruturas da rede 5G.

“A Cellwize está pronta para apoiar os operadores de rede móvel na transformação das suas operações, agilizando e automatizando processos, para construir as fundações de operações autónomas”, adianta Ofir Zemer, CEO da empresa, citado em comunicado. As soluções oferecidas pela empresa focam-se na experiência de cliente “independentemente do vendedor de equipamento ou tecnologia”.

Para a Sonae IM, que tem vindo a investir em várias empresas de cibersegurança e inteligência artificial, a Cellwize é “um fornecedor de referência para operadores de rede, num mundo de crescente complexidade da rede móvel”, indica Carlos Alberto Silva, diretor executivo na Sonae IM.

Para além da Sonae, também a Deutsche Telekom Capital Partners, Viola Ventures, Green Apple Tech e Vintage Investment Partners investiram na Cellwize. A tecnológica israelita está presente em vários países, e tem como clientes operadoras como a Telefónica, a Axiata e a Bell Canada.

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Cibersegurança: “A maior ameaça está dentro das organizações”

  • ECO Seguros
  • 7 Maio 2019

Eben Louw, senior manager da EY, explicou como pode ser fácil um hacker aceder aos dados de um colaborador de uma empresa

Eben Louw, senior manager da EY, explicou como pode ser fácil um hacker aceder aos dados de um colaborador de uma empresa sem este o saber. E como as empresas se podem preparar para estes ataques. Foi na conferência Cibersegurança – Da Prevenção à Resposta Forense, ontem realizada, organizada pela parceria EY e ECO online.

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