Insolvências aceleram em Portugal. Hotelaria e restauração no top

Setembro "afirma-se como o mês deste ano com maior número de insolvências, 660 registos". No global do ano, em contexto de pandemia, houve já 3.877 insolvências.

As insolvências continuam a crescer, num contexto de crise provocada pela pandemia. Registaram em setembro um forte aumento, tendo este sido o mês com maior número de empresas portuguesas a declararem falência: 660.

De acordo com dados da Iberinform, setembro “afirma-se como o mês deste ano com maior número de insolvências, 660 registos. Face ao ano passado, este valor traduz um incremento de 53,5%. Este é o valor mais elevado verificado em setembro desde 2017″.

No global do ano, “há registo de 3.877 insolvências, com mais 424 empresas insolventes, o que traduz um incremento de 12,3% face ao período homólogo de 2019”. Foi declarada a insolvência de 2.100 empresas, mais 220 que no mesmo período do ano passado, enquanto “os encerramentos com planos de insolvência tiveram uma redução de 15%”.

“O setor transformador é o que regista o maior número de insolvências até final de setembro (917), seguido pelos serviços (776), construção e obras públicas (540), comércio a retalho (461), comércio por grosso (452) e hotelaria e restauração (340)”, diz a Iberinform.

Contudo, “o maior aumento percentual pertence ao setor das telecomunicações (+166,7%), seguido pela hotelaria e restauração (+30,8%) e pelos serviços (+22,8%)”, nota. Só a agricultura, caça e pesca apresenta uma variação negativa de 9,1%, enquanto o “setor da eletricidade, gás e água tem uma variação nula face a de 2019 (oito insolvências)”.

Lisboa e Porto dominam. Castelo Branco com forte aumento

Por distritos, Lisboa e Porto mantêm as posições dianteiras em termos de insolvências nos primeiros nove meses deste ano. A cidade Invicta lidera em valores absolutos com 986 insolvências contra 806 em Lisboa”, diz a Iberinform. “Em termos percentuais, Lisboa apresenta um incremento de 18,5% face ao desempenho de 2019, enquanto o Porto vê o indicador crescer 12,9%”.

“Contudo, os maiores aumentos verificam-se em Castelo Branco (*56,4%), Angra do Heroísmo (+46,2%), Faro (+39,7%), Viana do Castelo (+39,2%), Madeira (+26,3%), Évora (+23,3%) e Beja (+20%)”, refere. Num cenário de incremento de insolvências há, contudo, quatro distritos com variações negativas: Horta (-33,3%), Coimbra (-19,8%), Guarda (-15,2%) e Aveiro (-0,3%). Vila Real tem variação nula, com 32 insolvências.

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Apanhar Covid-19 num voo? Companhias aéreas dizem que é mais fácil acertar no Euromilhões

IATA diz que existe o dobro de probabilidade de um jogador acertar na lotaria jogando uma única vez (uma entre 13,9 milhões) do que infetar-se com o novo coronavírus durante uma viagem de avião.

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês), que reúne as principais companhias aéreas, e os fabricantes aeronáuticos Airbus, Boeing e Embraer, assegura que é quase impossível ser-se infetado pela Covid-19 durante um voo de avião, devido aos sistemas de ventilação das aeronaves.

O estudo da IATA, citado pelo El País (acesso livre, conteúdo em espanhol), comparou os 44 casos de Covid-19 detetados desde o início de 2020 nos quais se acredita que a transmissão tenha sido associada a um voo (sejam estes casos confirmados, provaríeis ou potenciais) com os cerca de 1,2 mil milhões de passageiros que viajaram nesse período para concluir que o risco de contrair a doença é de um caso para cada 27 milhões de viajantes.

Nesse sentido, segundo esta investigação, existe o dobro de probabilidade de um jogador acertar no Euromilhões jogando uma única vez (uma entre 13,9 milhões) do que infetar-se com o novo coronavírus durante uma viagem de avião. Não obstante, os autores do estudo reconhecem que mesmo nesta hipótese pode haver uma subestimação dos casos reais por falta de notificações, mas acrescentam que, mesmo que 90% dos casos não fossem notificados, a possibilidade ainda seria mínima: um caso para cada 2,7 milhões de viajantes.

Achamos que esses números são extremamente tranquilizadores. Além disso, a grande maioria dos casos identificados ocorreu antes de o uso de máscaras ser obrigatório durante os voos“, sinaliza David Powell, conselheiro médico da IATA, citado pelo jornal espanhol.

Depois de abril e maio terem sido meses marcados pelos fortes bloqueios às viagens internacionais, aos poucos o setor da aviação tem tentado recuperar, ainda que a pandemia já tenha afetado 400.000 empregos no setor. No entanto, as restrições e as quarentenas impostas por forma a travar uma maior propagação da Covid-19 continuam a limitar os serviços e a afastar as viagens dos voos.

Há vários meses que o setor da aviação faz pressão para que exista uma coordenação internacional de procedimentos, nomeadamente no que toca aos testes da Covid-19 nos aeroportos e os requisitos de quarentena. Nesse sentido, há uma nova aplicação a ser desenvolvida, com o intuito de transmitir mais segurança aos passageiros. Chama-se CommonPass e conta com o apoio do Fórum Económico Mundial.

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Nas notícias lá fora: Bolsa italiana, Vaticano e Covid-19

Euronext fechou a compra da bolsa italiana. Ao mesmo tempo, sabe-se queo Vaticano usou dinheiro para a caridade em dívida da Hertz. IATA diz que é quase impossível ser-se infetado com a Covid num voo.

No plano económico, a Euronext, juntamente com dois bancos italianos, fechou a compra da Bolsa Italiana, numa operação avaliada em mais de 4 mil milhões de euros. Ao mesmo tempo, sabe-se agora que Vaticano utilizou doações para a caridade para investir em dívida da Hertz. A pandemia de Covid-19 continua a marcar a atualidade, com a China a ser o mais recente país a aderir à COVAX, enquanto a IATA divulgou um estudo que conclui que é quase impossível ser infetado durante um voo de avião.

Bloomberg

Euronext fecha compra da bolsa da Bolsa Italiana

A Euronext, juntamente com dois bancos italianos, concluíram com sucesso a compra da Bolsa Italiana à London Stock Exchange Group. A operação avaliada em 4,33 mil milhões de euros, irá permitir a criação da maior gestora do mercado de capitais na Europa.

Leia a notícia completa na Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Financial Times

Vaticano usou dinheiro para a caridade em dívida da Hertz

O Vaticano utilizou doações para a caridade para investir em derivados de crédito da agora falida Hertz. Parte dos 528 milhões de euros da carteira de investimentos financiada com dinheiro que foi doado por fiéis para ajudar os mais desfavorecidos estava aplicada em títulos da companhia norte-americana de rent-a-car que por causa da pandemia acabou por incumprir no pagamento da sua dívida.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Reuters

China adere à COVAX para democratizar acesso à vacina da Covid

A China anunciou esta sexta-feira que aderiu à COVAX, uma iniciativa global que pretende tornar equitativo o acesso a uma vacina para a Covid-19 e co-liderada pela Organização Mundial da Saúde. O país torna-se, assim, na maior economia a comprometer-se a apoiar na compra e distribuição de vacinas. Nesse sentido, o país já está em negociações com a OMS para que as vacinas contra o novo coronavírus produzidas na China sejam avaliadas para uso internacional.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

El País

IATA defende que é quase impossível contrair Covid-19 num voo

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês), que reúne as principais companhias aéreas, e os fabricantes aeronáuticos Airbus, Boeing e Embraer, assegura que é quase impossível ser infetado pela Covid-19 durante um voo de avião, devido aos sistemas de ventilação das aeronaves. O estudo comparou os 44 casos de Covid-19 detetados desde o início de 2020 nos quais se acredita que tenham sido contaminados num voo e os cerca de 1,2 mil milhões de passageiros que viajaram nesse período para concluir que o risco de contrair a doença é de um caso para cada 27 milhões de viajantes.

Leia a notícia completa no El País (acesso livre, conteúdo em espanhol).

Business Insider

Já chegou o carro elétrico da Amazon

A Amazon apresentou o seu primeiro carro elétrico completamente personalizado. Os carros são fabricados pela Rivian e a empresa de e-commerce pretende lançá-los já em 2021. Ao Business Insider, a Amazon garantiu que os carros têm uma autonomia de até 150 milhas (240 quilómetros) com um único carregamento. Além disso, os condutores poderão utilizar o software integrado de inteligência artificial Alexa, da Amazon, para ter acesso às rotas, tráfego e informações meteorológicas com as mãos livres.

Leia a notícia completa no Business Insider (acesso livre, conteúdo em inglês).

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Ourivesaria portuguesa lança plataforma para brilhar lá fora

"Together We Stand" é a nova campanha de promoção internacional do setor da relojoaria. Retrata um "setor unido e comprometido com a missão de afirmar a joalharia portuguesa no mundo", diz AORP.

A Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) vai apresentar esta sexta-feira, na Casa das Artes, no Porto, a nova campanha de promoção internacional do setor, a “Together We Stand”. Esta nova campanha, como o nome indica, reforça uma mensagem de união para fazer face ao contexto pós-pandémico que o país e o mundo estão a enfrentar.

“A nova campanha “Together We Stand” reforça uma mensagem de união e força coletiva, como solução à recuperação da positiva trajetória que o setor vinha a registar nos últimos anos. Esta campanha retrata um setor unido e comprometido com a missão de afirmar a joalharia portuguesa no mundo“, refere, em comunicado, a associação liderada por Nuno Marinho.

Das oficinas tradicionais à indústria inovadora, do design clássico ao contemporâneo, do comércio local aos marketplaces digitais, o setor português da ourivesaria evoluiu. De acordo com a associação esta campanha é uma forma de “inspirar as nossas empresas a verem nessa diversidade a complementaridade que necessitam para fazer crescer os seus negócios, através de sinergias e de plataformas coletivas de partilha e de promoção“, explica o presidente da AORP, Nuno Marinho.

Entre 2015 e 2018, o setor de joalharia e relojoaria registou um crescimento de 17% do volume de negócios e um aumento de 23% nas exportações entre 2015 e 2019, alcançando os 208 milhões de euros no final do ano passado, de acordo com um estudo realizado pela Deloitte Portugal, agora divulgado pela associação. Apesar dos últimos anos terem sido generosos para o setor e da dinâmica positiva registada, as taxas de exportação continuam muito abaixo de mercados como Espanha, França ou Itália.

A AOPR explica que a campanha “Together We Stand” visa “recuperar a trajetória positiva que vinha a registar” e “encontrar novos caminhos e soluções para fazer face ao contexto pós-pandémico”. “A mensagem que queremos passar é de que estamos todos ligados no problema e, por isso, também temos de estar ligados na solução. As associações, o Governo, as empresas, o consumidor, todos têm um papel determinante nesta recuperação. Enquanto Associação que representa o setor temos vindo a criar plataformas de partilha e promoção coletiva, acrescenta Nuno Marinho. Esta nova campanha conta com o apoio do Compete 2020, sendo que está previsto um investimento de três milhões de euros, entre 2020 e 2021, em ações de promoção internacional.

Percebendo este contexto de migração digital e o seu enorme potencial para o negócio e internacionalização das marcas, a AORP decidiu criar uma plataforma coletiva de promoção internacional das marcas portuguesas, com venda online de forma a aproximar a joalharia nacional de vários públicos. A Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal vai aproveitar a comunicação da nova campanha “Together We Stand” para anunciar o novo endereço digital da joalharia portuguesa a “Portuguesejewellery.pt”.

“Enquanto Associação que representa o setor temos vindo a criar plataformas de partilha e promoção coletiva, como é exemplo o futuro portal portuguesejewellery.pt, no sentido de identificar novas oportunidades e fortalecer todo o ecossistema, para que ele se possa tornar mais forte e imune às flutuações de mercado que, como vimos, são inevitáveis e por vezes inesperadas”, conclui o presidente da associação, Nuno Marinho.

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Lisboa contraria Europa. Galp Energia e BCP condicionam PSI-20

Depois de ter arrancado a sessão a subir, a bolsa nacional inverteu a tendência. Lisboa contraria os ganhos ligeiros da Europa, com as quedas da Galp Energia e do BCP a condicionarem o PSI-20.

Depois de ter arrancado a sessão a subir, a bolsa nacional inverteu a tendência. Lisboa, contraria, assim, o otimismo vivido na generalidade das praças europeias. Quedas da Galp Energia e do BCP condicionam PSI-20.

Na Europa, o Stoxx 600 avança 0,2% a par com o alemão DAX, enquanto o francês CAC-40 e o britânico ganham 0,3%. Em contrapartida, o espanhol Ibex-35 cai 0,1%, na sequência de o primeiro-ministro espanhol ter convocado para esta sexta-feira um Conselho de Ministros extraordinário para decretar o estado de emergência em Madrid, devido ao aumento de novos casos na capital.

A ajudar ao desempenho das bolsas está a esperança dos investidores quanto à aprovação de estímulos à economia dos EUA. Esta semana, Donald Trump anunciou o fim das negociações com os democratas em torno de um amplo pacote de apoio à economia até depois das eleições. Contudo, na quinta-feira pediu ao Congresso que aprovasse algumas medidas mais específicas, nomeadamente de apoio ao setor da aviação, um dos mais afetados pela pandemia, e às famílias.

Apesar de ter arrancado a sessão a subir, Lisboa contraria o otimismo vivido na Europa, com o PSI-20 a recuar 0,14% para os 4.216, 420 pontos. Entre os “pesos pesados”, a Galp Energia cede 0,87% para os 8,4180 euros, contrariando a tendência das cotações do petróleo no mercado internacional. O Brent, de referência europeia, avança 0,12% para os 43,39 dólares, ao passo que o WTI está a ganhar 0,07% para os 41,22 euros, em Nova Iorque.

Ao mesmo tempo, ainda no setor energético, a EDP recua 0,25% para os 4,3790 euros, enquanto a subsidiária EDP Renováveis se encontra inalterada. A condicionar o índice de referência nacional estão ainda as ações do BCP que caem 0,66% para os 8,29 cêntimos.

Mas a maior desvalorização do PSI-20 é mesmo a da Mota-Engil, cujos títulos perdem 1,11% para os 1,2460 euros. Em contrapartida, a evitar uma queda superior do índice de referência, estão os títulos da Jerónimo Martins, que somam 0,11% para os 14,2050 euros.

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CTT defendem que é preciso “reinventar a própria natureza do serviço público”

  • Lusa
  • 9 Outubro 2020

Os CTT consideram que o próximo contrato de serviço universal postal deve ter em conta que o financiamento por via do preço está "ameaçado" pela quebra do volume de correio.

O presidente executivo dos CTT considera que a queda do correio endereçado é um desafio de “todo o país”, já que a forma de financiamento público pelo preço “começa a ficar ameaçada”, defendendo a reinvenção da sua “própria natureza”.

Em declarações à Lusa, no âmbito do Dia Mundial dos Correios, que se comemora esta sexta-feira, João Bento apontou a queda do correio endereçado como um desafio não apenas da empresa, “mas de todo o país, pois a forma de financiamento do serviço público por via do preço começa a ficar ameaçada pela escassez da procura”.

“Há, por isso, que reinventar a própria natureza do serviço público não só por essa razão, mas também porque as próprias falhas de mercado que ele visa suprir estão em mutação, por via da aceleração da digitalização”, prosseguiu o gestor.

Para João Bento “estes desafios não são de hoje e não podem deixar de estar presentes na aproximação da conclusão do contrato de concessão do Serviço Postal Universal [SPU]”.

O contrato de prestação do Serviço Postal Universal dos CTT termina no final deste ano.

O gestor recordou que a empresa pretende continuar a prestar o Serviço Postal Universal, “desde que se configure de forma sustentável, ou seja, desde de que as condições relativas aos níveis de serviço e à formação do preço possam ser revistas de forma a assegurar a sua sustentabilidade”.

Ora, alertou, isto “deixou de acontecer no atual contrato de concessão tornou-se insuportável com a queda abrupta do correio por força da pandemia”, afirmou, deixando críticas à posição do regulador Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).

"Se o contrato tiver condições de sustentabilidade, se os níveis de qualidade exigidos forem exequíveis (por mais exigentes que sejam), algo que agora não acontece, se os mecanismos de formação dos preços assegurarem a sustentabilidade do serviço e estiverem protegidos de modificação discricionária, os CTT querem ser essa entidade e acreditamos que o seremos.”

João Bento

CEO dos CTT

“Todas as indicações que temos recebido e observado por parte do Governo apontam num sentido que parece genericamente convergente com as nossas expectativas mas, infelizmente, o mesmo não se observa quanto ao posicionamento da Anacom, que contraria a ‘praxis’ europeia e se posiciona em oposição ao que se tem observado em todos os países com os quais nos deveríamos comparar, nomeadamente, por já terem atravessado processos de digitalização da economia há mais tempo”, explicou João Bento.

“Se o contrato tiver condições de sustentabilidade, se os níveis de qualidade exigidos forem exequíveis (por mais exigentes que sejam), algo que agora não acontece, se os mecanismos de formação dos preços assegurarem a sustentabilidade do serviço e estiverem protegidos de modificação discricionária, os CTT querem ser essa entidade e acreditamos que o seremos”, asseverou.

A resposta à aceleração da queda do correio é “um desafio de transformação do portefólio de negócios”, assumindo uma posição de liderança na transformação digital, em particular, por via do comércio eletrónico e do papel que os novos e mais ágeis modelos de logística, distribuição, pagamentos, impõem”, adiantou.

“De facto, queremos transformar esse desafio numa oportunidade, pois a nossa vocação de entregar ‘coisas físicas’ complementa de forma única tudo o que está a acontecer em termos de ‘coisas e serviços digitais'”, acrescentou.

Questionado sobre como vê o futuro das empresas do setor a médio prazo, João Bento salientou que “o arrefecimento da economia e o período de estado de emergência […] impôs a todos os operadores postais a necessidade de acelerar a transformação do seu modelo de negócio”.

As empresas de correio, apontou, “são mais do que empresas de correio, são cada vez mais operadores que diversificam o negócio, que cresceram para áreas adjacentes ou mesmo complementares, quer seja, por exemplo, o mercado de encomendas ou a banca de retalho”.

Para João Bento, “é expectável” que as empresas de correios se tornem “diferentes, como os CTT têm vindo a tornar-se”.

Nos países em que a digitalização teve início mais cedo, verifica-se que “os operadores postais já dependem menos do que os CTT dos proveitos de correio” e “também já beneficiam mais do que os CTT do crescimento das suas linhas de negócio de ‘expresso e encomendas’, por via da explosão do comércio eletrónico”.

“Resultará daqui que, para os poucos operadores globais existentes, haverá oportunidades de consolidação mas também se manterá inabalável a transformação e reforço da presença local dos operadores postais que, se se modernizarem e transformarem a tempo, mantendo-se com níveis de eficiência na distribuição ‘last mile’ difíceis de bater”, considerou.

Para o presidente executivo dos CTT, a dinâmica de evolução do mercado “poderá ditar alguma consolidação regional, mas a tónica será a de manutenção e crescimento dos operadores globais, acompanhando o crescimento do mercado de ‘expresso e encomendas’, ao mesmo tempo que se assistirá ao reforço da importância dos operadores postais para distribuição local, exceto nas grandes economias em que poderá haver escala suficiente para consolidação por via de operadores globais”.

Já sobre qual a expectativa sobre a atividade do setor nos próximos seis meses, João Bento disse que “é a de uma recuperação gradual do correio, à boleia de alguma recuperação da economia”.

Espera também “um continuado crescimento do expresso”, impulsionado pelas iniciativas dos CTT de promoção do comércio eletrónico, como também “da continuada afirmação do banco CTT, enquanto banco preferido dos jovens e dos portugueses que mudam de banco”.

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Ideia de que gastámos mal o dinheiro de Bruxelas “é completamente absurda”, diz Elisa Ferreira

  • ECO
  • 9 Outubro 2020

Elisa Ferreira pede urgência na aprovação final do Fundo de Recuperação e Resiliência. E diz que a ideia de Portugal gastar mal o dinheiro de Bruxelas é ”absurda".

A comissária portuguesa Elisa Ferreira, responsável pela pasta da Coesão e Reformas, pede urgência na aprovação final do Fundo de Recuperação e Resiliência. Em entrevista ao Público (acesso pago), a comissária europeia defende que a ideia de Portugal gastar mal o dinheiro de Bruxelas é ”completamente absurda”.

Para Elisa Ferreira o acordo sobre o Fundo de Recuperação e Resiliência foi “histórico”, mas alerta que ainda há um caminho a fazer, nomeadamente “a concordância do Parlamento Europeu com a utilização da margem existente de recursos próprios para garantir o pagamento da dívida de longo prazo que a Comissão vai contrair nos mercados”, bem como a “ratificação parlamentar em muitos países desse compromisso adicional das suas finanças“. Ainda assim, a comissária europeia adverte que o processo deve ser “célere” para que os países possam começar a combater depressa os efeitos da pandemia.

Questiona sobre o facto de Portugal gastar mal o dinheiro de Bruxelas, Elisa Ferreira diz que a ideia é “completamente absurda”, alegando que esse é “o argumento dos frugais”. “Qualquer projeto que seja objeto de fraude ou que não seja reconhecidamente útil, qualquer desperdício, é fatal para a nossa credibilidade na Europa – isso deve ficar muito claro“, alerta ao mesmo jornal.

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PS avança com auditoria pública ao Novo Banco

  • ECO
  • 9 Outubro 2020

Deputados socialistas decidiram apresentar, junto da Comissão de Orçamento e Finanças, um pedido de auditoria suplementar ao banco. Tentam responder às exigências do BE para aprovar o OE2021.

O Partido Socialista (PS) vai avançar com um pedido de auditoria ao Novo Banco por parte do Tribunal de Contas. Esse pedido vai ser formalizado esta sexta-feira, numa altura em que o Governo tenta conquistar o voto favorável do Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado para 2021.

Os deputados socialistas decidiram apresentar, junto da Comissão de Orçamento e Finanças, um pedido de auditoria suplementar, revela o Observador (acesso pago). É a resposta às exigências de vários partidos, como o BE que traçou com linha vermelha para a aprovação do OE2021 a injeção de mais dinheiro por parte do Estado na instituição liderada por António Ramalho.

“Percebemos e compreendemos que há um conjunto de partidos que põe reservas em relação àquela auditoria em concreto [a da Delloite]. Portanto, não há razão nenhuma para esperar pelo próximo ano” para esta auditoria pública à instituição, diz Fernando Anastácio, deputado do PS.

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“Árvores urbanas” têm estreia mundial em Lisboa. Produzem oxigénio para 7.000 pessoas por hora

As duas estruturas de madeira batizadas como City Trees e "plantadas" em Lisboa pelo grupo DPD contêm diferentes tipos de musgo que têm como função limpar o ar e produzir oxigénio junto ao Tejo.

Chamam-se City Trees, mas quem olha para as duas estruturas de madeira recentemente instaladas em plena frente ribeirinha, na Ribeira das Naus, à beira Tejo, não diz que são árvores. Muito longe disso, apesar da sombra que oferecem a quem passeia junto ao rio. À primeira vista fazem lembrar instalações artísticas, mas a verdade é que no seu interior se encontram diferentes tipos de musgo que têm como função limpar o ar e produzir oxigénio suficiente para 7.000 pessoas por hora, por cada unidade.

Ou seja, as duas City Trees agora “plantadas” em Lisboa pelo grupo DPD (que escolheu especialmente a capital portuguesa para arrancar com este projeto-piloto de descarbonização urbana) produzem a cada hora que passa oxigénio para 14.000 pessoas. Ao fim de 24 horas a qualidade do ar em redor destas “árvores urbanas” já melhorou e há oxigénio para 336 mil pessoas.

Além do musgo no interior, as duas estruturas de madeira têm integrada uma tecnologia avançada com sensores que permitem recolher informação, de forma exaustiva, sobre o estado dos equipamentos, além de fornecer dados em tempo real sobre o ambiente e a qualidade do ar em redor dos mesmos.

No início de outubro, o grupo DPD — responsável pela entrega diária de 5,3 milhões de encomendas através das suas marcas DPD, Chronopost, SEUR e BRT — anunciou que vai investir 200 milhões de euros até 2025 no compromisso a nível global Driving Change, com o objetivo de reduzir a pegada ambiental das suas operações e garantir “entregas verdes” em 225 cidades europeias (entre as quais Lisboa já em 2021 e o Porto entre 2022 e 2025), em 20 países diferentes, contribuindo assim para uma melhoria da qualidade de vida nos meios urbanos.

Outros objetivos da empresa passam por ter sete mil veículos com emissões reduzidas (elétricos, a gás natural ou bicicletas de carga) até 2025 e chegar a 54% de eletricidade consumida proveniente de fontes renováveis. Das metas fazem parte 3.600 novos pontos de carregamento elétrico e 80 armazéns no perímetro urbano. No total, serão 80 milhões de habitantes que beneficiarão das novas “entregas verdes” e o grupo DPD aponta para uma redução de 89% das suas emissões de carbono nas cidades abrangidas pela iniciativa.

Deste compromisso faz parte o Programa de Diagnóstico da Qualidade do Ar Air Diag desenvolvido em cinco cidades europeias, sendo que também aqui Lisboa foi escolhida para acolher o projeto-piloto. Usando sensores móveis com base em tecnologia laser, toda a frota de 600 veículos de distribuição da DPD Portugal, bem como as lojas da rede Pickup, conseguiram monitorizar os níveis de poluição do ar em tempo real durante vários meses.

Com este programa, quem vive na cidade de Lisboa consegue verificar online a qualidade do do ar “à sua porta” de cada vez que recebe uma encomenda entregue pela DPD.

“Desde junho de 2019, através da nossa frota que circula em Lisboa, conseguimos medir a cada entrega as partículas do ar mais finas e perigosas. Agora queremos intervir numa das zonas com maior circulação da cidade de Lisboa, junto à Avenida da Ribeira das Naus, para melhorar a qualidade do ar. Temos muito gosto em oferecer à cidade de Lisboa estes dois equipamentos totalmente inovadores, as City Trees”, disse Olivier Establet, presidente da DPD Portugal.

Olivier Establet, presidente da DPD Portugal e Miguel Gaspar, vereador da Câmara de Lisboa para as áreas de Mobilidade, Segurança, Economia e Inovação

Os dados obtidos e os resultados do primeiro programa permitiram à Câmara de Lisboa traçar uma zona de emissões reduzidas (ZER) no coração da cidade, inicialmente prevista para arrancar já este verão. A pandemia de Covid-19 trocou as voltas à autarquia e a concretização do projeto foi entretanto adiada por Fernando Medida, presidente da autarquia, para o seu próximo mandato, caso seja reeleito no final de 2021.

Tal como Lisboa, em 2019 Paris e Madrid também acolheram este programa inovador de medição de emissões poluentes, seguindo-se Londres e Roterdão já em 2020. O grupo DPD quer estender a iniciativa a 20 cidades europeias até 2021.

Já Miguel Gaspar, vereador da Câmara de Lisboa para as áreas de Mobilidade, Segurança, Economia e Inovação, afirmou que o novo projeto-piloto City Trees é uma “iniciativa muito útil para a cidade de Lisboa. É um projeto decisivo, uma vez que nos permite obter dados adicionais fundamentais e identificar áreas verdes e pontos críticos da cidade. Graças à colaboração com o grupo DPD, podemos melhorar a qualidade do ar na cidade e, assim, ter um impacto positivo na saúde dos nossos cidadãos”.

Para Olivier Establet, “este é mais um passo na parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, depois do programa Air Diag Lisboa e da assinatura do Pacto de Mobilidade Empresarial e do Compromisso Lisboa Capital Verde Europeia. A nossa colaboração estreita com a CML vai ao encontro da missão de descarbonização da cidade, estando igualmente nos nossos planos tornar a nossa frota “zero emissões” em Lisboa, já no final de 2022”.

Em todo o mundo, o grupo DPD ambiciona reduzir as emissões de CO2 por encomenda em 30% até 2025, por comparação com os níveis de 2013.

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Hoje nas notícias: Novo Banco, Bruxelas e pré-reformas

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Novo Banco continua a marcar a atualidade nacional. A banca mostra-se disponível para emprestar até 400 milhões de euros à instituição liderada por António Ramalho, enquanto o grupo parlamentar do PS vai pedir ao Tribunal de Contas que faça uma auditoria ao banco. A comissária europeia Elisa Ferreira defende que a ideia de Portugal gastar mal o dinheiro de Bruxelas é ” completamente absurda”. Ao mesmo tempo, depois de esta quinta-feira o Governo ter aprovado em Conselho de Ministros o OE2021, sabe-se agora que o Executivo se prepara avançar com a pré-reforma para os professores, já no próximo ano.

Banca pronta a emprestar até 400 milhões ao Novo Banco

Os bancos admitem financiar o Novo Banco, na ausência de verbas do orçamento do Estado para o Fundo de Resolução. Estão dispostos a emprestar entre 250 e 400 milhões de euros, dinheiro esse que será obtido junto dos mercados internacionais para entregar a Máximo dos Santos que, por sua vez, o irá injetar na instituição liderada por António Ramalho. Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

PS avança com auditoria pública ao Novo Banco

O PS formaliza sexta-feira um pedido de auditoria ao Novo Banco pelo Tribunal de Contas. O pedido vai ser entregue na Comissão de Orçamento e Finanças para agilizar o processo. O objetivo passa por permitir uma auditoria suplementar, respondendo assim às exigências de vários partidos, como o Bloco de Esquerda que traçou com linha vermelha para a aprovação do OE2021 a injeção de mais dinheiro por parte do Estado na instituição liderada por António Ramalho. Leia a notícia completa no Observador (acesso pago).

Ideia de que gastámos mal o dinheiro de Bruxelas “é completamente absurda”

Elisa Ferreira, comissária europeia responsável pela pasta da Coesão e Reformas, defende que a ideia de Portugal gastar mal o dinheiro de Bruxelas é ” completamente absurda”. Nesta entrevista ao Público, chama a atenção para os efeitos negativos da suspensão das regras das ajudas de Estado, alegando que criou desequilíbrios nunca vistos “na história europeia”. Leia a entrevista completa no Público (acesso pago).

Quase 400 mil famílias deixaram de pagar os créditos

Há cada vez mais famílias que deixam de conseguir pagar os seus empréstimos por causa da crise provocada pela pandemia, vendo-se obrigadas a recorrer a acordos extrajudiciais com os bancos. Foram, no total, 397 mil os novos processos abertos pelos bancos no primeiro semestre deste ano, avaliados em 2,2 mil milhões de euros. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre).

Pré-reforma dos professores avança em 2021

O Governo está a preparar um conjunto de critérios para que o sistema de pré-reformas avance na Educação já em 2021. Esta medida deverá constar no OE do próximo ano. A ideia é usar o setor da Educação como referencial para toda a Administração Pública e definir para professores, assistentes técnicos (administrativos) e assistentes operacionais (auxiliares) com pelo menos 55 anos anos um conjunto de condições uniformes, para que possam negociar com os empregadores a passagem à pré-reforma com um corte salarial, mas com a garantia de reforma completa na idade legal de aposentação. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

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“Trabalhador transfronteiriço” facilita circulação entre Portugal e Espanha

  • Lusa
  • 9 Outubro 2020

Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que será apresentada na Cimeira Luso-Espanhola, prevê criação da figura de trabalhador transfronteiriço e de um documento único de circulação.

A criação da figura de trabalhador transfronteiriço e de um documento único de circulação para harmonizar a passagem de menores entre Portugal e Espanha são duas medidas previstas na Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que será apresentada no sábado.

“Pela primeira vez há um documento político que resulta da vontade dos dois países em definirem uma estratégia”, disse à Lusa a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, a propósito da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT), que será apresentada no sábado, na Cimeira Luso-Espanhola, que se irá realizar na Guarda.

A estratégia irá abranger 1.551 freguesias, cerca de metade das freguesias portuguesas, e abarca uma área correspondente a 62% do território nacional, beneficiando diretamente mais de 1,6 milhões de portugueses e cinco milhões de habitantes dos dois lados da fronteira.

Mas, salientou a ministra, “mais do que uma estratégia, já há eixos com medidas concretas definidas”, num trabalho liderado pelo Ministério da Coesão Territorial e o seu homólogo espanhol, envolvendo outros ministérios de ambos os países, comunidades intermunicipais e autarquias, num exercício de “grande conjugação política”.

A estratégia está dividida em cinco eixos, apresentando o primeiro eixo – sobre mobilidade, segurança e eliminação dos custos de contexto – várias medidas, nomeadamente a criação da figura do trabalhador transfronteiriço.

“Tem de haver um documento regulador” dessa figura, salientou Ana Abrunhosa, considerando que se há alguns meses, quando as fronteiras entre Portugal e Espanha estiveram encerradas devido à pandemia de Covid-19, este estatuto já estivesse definido teria facilitado o dia-a-dia dos trabalhadores que vivem num país e trabalham do outro lado da fronteira.

Além disso, acrescentou, as autoridades portuguesas e espanholas estão também já a trabalhar num “documento único de circulação para harmonizar e padronizar a passagem de menores na fronteira”, bem como a tentar encontrar “melhorias para a cobrança das portagens”.

No eixo relativo à “melhoria de infraestruturas e conectividade territorial”, tal como já foi anunciado, foi consensualizado o compromisso para o “fecho de rede” de um conjunto de ligações rodoviárias, como por exemplo entre Vilar Formoso e Fuentes de Oñoro, estando prevista a criação de uma saída na autoestrada para a vila portuguesa, a requalificação do parque para veículos de mercadorias e a renovação do posto de turismo.

Além disso, serão criados projetos-pilotos, nomeadamente nas ligações entre Porto e Vigo, Évora e Mérida, Aveiro e Salamanca e Faro e Huelva, para garantir cobertura de rede móvel em todos os percursos.

No eixo de “coordenação dos serviços básicos” pretende-se, segundo a ministra da Coesão Territorial, fazer “uma gestão racional de serviços de Educação, Saúde, Serviços Sociais e Proteção Civil.

Um dos projetos que está a ser trabalhado prevê a articulação dos serviços de emergência na zona da fronteira. A ideia é permitir que se uma pessoa se sentir mal e ligar para o 112 seja socorrida pela ambulância que estiver mais perto do local, seja portuguesa ou espanhola.

“Trata-se de racionalizar e partilhar serviços que temos”, enfatizou.

No eixo sobre “desenvolvimento económico”, o objetivo é “tornar os territórios mais atrativos para a atividade económica” e trabalhar em conjunto em projetos inovadores, enquanto no eixo sobre “ambiente, energia, centros urbanos e cultura” prevê-se, entre outras matérias, trabalhar na gestão conjunta das área protegidas.

“Estamos a trabalhar num horizonte a cinco anos, mas a estratégia é dinâmica”, acrescentou Ana Abrunhosa, adiantando que existem áreas que não estão definidas no documento, mas que Portugal quer discutir com o Governo espanhol, como a aplicação às regiões de fronteira de um estatuto de benefícios fiscais para as empresas, semelhante àqueles que têm as regiões ultraperiféricas.

Ainda de acordo com a ministra, os recursos que irão permitir a concretização das medidas previstas na estratégia virão do Plano de Recuperação e Resiliência e de fundos comunitários.

Contudo, referiu, “muitas destas medidas mais do que recursos precisam que as administrações se articulem e trabalhem em conjunto”.

“Muitos dos problemas que temos de contexto e de barreiras resultam de regras diferentes e, portanto, o que temos de fazer é harmonizar e articular e trabalharmos em conjunto para eliminar essas barreiras”, defendeu.

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Contabilistas querem revogar “Big Brother fiscal”

Paula Franco explica que o tema está “a ser discutido" com Mendonça Mendes, que “está sensível” à questão e “percebe que muitas das questões que estiveram na base não são exequíveis".

A Ordem dos Contabilistas Certificados quer ver “alterado de raiz” ou “revogado” o decreto-lei que define os procedimentos a adotar no que se refere à submissão do ficheiro SAF-T, mais conhecido por Big Brother fiscal. Em causa está a falta de exequibilidade do diploma, mas também o facto de não corresponder exatamente à lei de bases que lhe deu origem.

“Esperamos que o SAF-T tenha uma alteração muito substancial”, diz ao ECO, Paula Franco. A bastonária da OCC defende que este ficheiro deve ser “alterado de raiz ou acabar completamente com ele”.

O SAF-T, que contém toda a informação contabilística das empresas (como dados sobre clientes, faturação, notas de cobrança, etc), tem de ser enviado por todos os contribuintes com contabilidade organizada para o Fisco passar a pré-preencher grande parte da Informação Empresarial Simplificada (IES). Mas, desta forma, a AT passaria a ter acesso a mais informação do que aquela que realmente necessita. Por isso, o Parlamento forçou a introdução de mudanças ao “Big Brother fiscal” para fossem excluídos, previamente à submissão do ficheiro, os campos de dados relativos à contabilidade de “menor importância ou desproporcionalidade”.

O que está aprovado não é exequível. Não tem bases. É pouco claro e transparente. Por isso tem de sofrer uma alteração substancial e todos temos de ser conhecedores dos objetivos da Autoridade Tributária na concretização do SAF-T”, explica a responsável, sublinhando que “há algo que não é perfeitamente transparente e claro nos objetivos da AT”.

Paula Franco explica que o tema está “a ser discutido com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais”, com as empresas e com as empresas de software “porque todos têm de estar envolvidos no processo para resultar”.

A bastonária garante que Mendonça Mendes “está sensível” à questão e, apesar de ser um grande defensor do processo, “percebe que muitas das questões que estiveram na base não são exequíveis”. “Portanto, temos de reestruturar muito este processo”, diz a bastonária reconhecendo que esteve “do lado do processo do SAF-T até determinado momento”, mas agora, “a arrogância e falta de diálogo da AT” faz com que hoje estejam “completamente contra o que está a ser feito”. “Principalmente por causa da criação da figura da encriptação de dados, com a intervenção da Casa da Moeda, que é absolutamente rocambolesca”, acrescentou.

Depois das fortes críticas de que o ficheiro SAF-T garantia ao Fisco acesso a informação sensível e que não era estritamente necessária para que a AT pré-preenchesse a IES, o Governo aprovou em Conselho de Ministros, em julho deste ano, um decreto onde a segurança do procedimento passava a ser assegurada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda, que assumia a responsabilidade pela disponibilização e manutenção do serviço de geração e armazenamento de chaves para descaracterização dos dados do ficheiro SAF-T. O objetivo era assegurar que, após a validação e agregação, os dados de detalhe obtidos a partir dos ficheiros SAF-T submetidos eram eliminados da base de dados da AT. Mas para Paula Franco estas garantias não são suficientes.

“É uma forma de suspeitar dos profissionais [os contabilistas] e dos contribuintes”, diz a bastonária. “E diria que, normalmente é o contrário. É menos de confiar na AT do que nos contribuintes.

Para a bastonária, “o diploma aprovado não corresponde ao que está vertido na lei de bases que lhe deu origem”, por isso defende que “não deveria ter eficácia, uma vez que não corresponde ao que seria exigido”.

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