Apoios sociais do Orçamento do Estado ainda não saíram do papel

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Em causa estão direitos que visam facilitar acesso ao subsídio de desemprego, alargam apoios a sócios-gerentes, garantem baixa médica a 100% para doentes Covid e proteção de trabalhadores informais.

A entrada em vigor do Orçamento Suplementar a 25 de julho trouxe novos direitos para apoiar trabalhadores afetados pela pandemia. Apesar de já estarem em vigor, contudo, estes direitos ainda não estão a ser aplicados, situação que o Governo justifica com a necessidade de adaptações de sistemas informáticos ou de concluir regulamentações que se encontram atrasadas, avança o Jornal de Negócios (acesso pago) esta quarta-feira.

Em causa estão novos direitos que visam facilitar o acesso ao subsídio de desemprego, que alargam os apoios a sócios-gerentes, garantem baixa médica a 100% para doentes Covid-19 e a proteção dos trabalhadores informais.

Questionado sobre quando será pago cada um desses apoios, o Governo não revelou datas concretas. Ao Jornal de Negócios, fonte oficial disse que “já está definida a calendarização para todas as medidas, estando previsto que nas próximas semanas estejam operacionais”. Como os apoios já entraram em vigor serão devidos retroativos.

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Corrida ao subsídio de desemprego atinge recorde de 15 anos

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Entre abril e junho foram inscritos quase 48 mil beneficiários nos centros de emprego. Faro e Viana do Castelo foram os distritos onde, em junho, ocorreram maiores subidas no número de beneficiários.

Os efeitos económicos resultantes da pandemia estão a fazer disparar a corrida ao subsídio de desemprego que atingiu um recorde de 15 anos, avança o Jornal de Notícias (acesso pago) esta quarta-feira. Entre abril e junho foram inscritos perto de 48 mil beneficiários nos centros de emprego de todo o país.

Os centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) registaram, no segundo trimestre, mais 47.886 beneficiários de prestações de desemprego, naquele que é o segundo maior aumento trimestral (face aos primeiros três meses do ano) das séries oficiais que remontam ao início de 2000. Será necessário recuar 15 anos para assistir a uma subida maior.

Faro e Viana do Castelo foram os distritos onde, em junho, ocorreu o maior aumento no número de beneficiários do subsídio de desemprego. No distrito mais a sul do país, o número de pessoas apoiadas com prestações de desemprego triplicou, tendo sido registada uma subida de 200% no final de junho face a igual período de 2019, reflexo direto da paragem no turismo. Já na região de Viana do Castelo, o aumento foi de 82%.

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Bolsa de Lisboa avança pelo terceiro dia com ganhos da energia e do BCP

Índice PSI-20 segue em contraciclo com a Europa, suportado sobretudo pelo avanço dos títulos do setor da energia e pelo BCP.

Após dois dias de ganhos, a bolsa nacional volta a negociar no verde. Segue assim em contraciclo com as pares europeias que acusam os receios dos investidores face à incerteza em torno de um consenso para uma nova ronda de estímulos nos EUA que permita apoiar uma economia que ainda luta com o novo coronavírus. Na praça bolsista nacional, o PSI-20 está a ser suportado sobretudo pelo avanço dos títulos do setor da energia e pelo BCP.

O PSI-20 valoriza 0,41%, para os 4.452,41 pontos, com a grande maioria dos seus títulos no vermelho. Na Europa, o Stoxx 600 — índice que agrega as 600 principais capitalizações bolsistas do Velho Continente — perde uns ligeiros 0,1%.

Na praça bolsista de Lisboa, referência positiva para o avanço de 0,97%, para os 4,382 euros, das ações da EDP. Subida acontece um dia depois de a elétrica liderada por Miguel Stillwel ter registado o aumento de capital de 1.020 milhões de euros, cujas ações começam a ser negociadas na próxima segunda-feira, montante que irá financiar parte da compra da Viesgo em Espanha.

No mesmo setor, destaque ainda para as ações da Galp Energia que valorizam 0,79%, para os 9,688 euros, e alinhadas com a subida das cotações do petróleo nos mercados internacionais.

A contribuir para os ganhos do índice PSI-20 estão também os títulos do BCP. As ações do banco liderado por Miguel Maya somam 1,32%, para os 10,76 cêntimos.

(Notícia atualizada às 08h26)

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Hoje nas notícias: Desemprego, apoios sociais e Fisco

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A corrida ao subsídio de desemprego em máximos de 15 anos em destaque no dia em que é noticiado que os apoios sociais previstos no Orçamento do Estado Suplementar já em vigor ainda não saíram do papel por dificuldades informáticas e de adaptação regulamentar. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes nacionais.

Corrida ao subsídio de desemprego atinge recorde de 15 anos

Os efeitos económicos resultantes da pandemia estão a fazer disparar a corrida ao subsídio de desemprego que atingiu um recorde de 15 anos. Entre abril e junho foram inscritos perto de 48 mil beneficiários nos centros de emprego de todo o pais. Os distritos de Viana do Castelo e de Faro foram aqueles que mais viram aumentar o número de inscritos.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

 

“Complexidade técnica” do Fisco penaliza pais divorciados no IRS

Há vários anos que alguns pais divorciados são prejudicados por não conseguirem incluir os filhos na declaração de IRS. A situação afeta contribuintes com dependentes em regime de guarda alternada e que, devido a problemas familiares, se veem impedidos de validar o agregado familiar, porque a pessoa com quem estiveram casados não partilha a senha de acesso à área reservada dos filhos no site da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). O ministro das Finanças, João Leão, reconhece que o problema existe, alega que é complexo de resolver tecnicamente pelo Fisco e promete que a AT irá estudar uma “proposta”.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Apoio sociais do Orçamento do Estado ainda não saíram do papel

A entrada em vigor do Orçamento do Estado Suplementar a 25 de julho trouxe novos direitos que visam facilitar o acesso ao subsídio de desemprego, que alargam os apoios a sócios-gerentes, garantem baixa médica a 100% para doentes Covid-19 e a proteção dos trabalhadores informais. Contudo, apesar de estes direitos já estarem em vigor ainda não estão a ser aplicados. O Governo justifica essa situação com a necessidade de adaptações de sistemas informáticos ou de concluir regulamentações que se encontram atrasadas.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Obras no Hospital Militar custaram mais do triplo face ao estimado

Inicialmente estava previsto que a reabilitação de três dos cinco pisos do antigo Hospital Militar de Belém custasse 750 mil euros. Mas a fatura já vai em Belém 2.598.964,46 euros, num contrato estabelecido por ajuste direto. A Direção-Geral de Recursos da Defesa já pagou a conta, mas o Ministério da Defesa não aceita que tenha havido uma derrapagem nas contas, nem justifica a diferença de valores. As obras na instituição visaram reforçar o SNS no internamento de doentes com Covid-19.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Futebol, BES e Isabel dos Santos na mira de Rui Pinto

Rui Pinto está a ajudar a Polícia Judiciária nas investigações que envolvem Isabel dos Santos, a corrupção no futebol português e europeu e o Banco Espírito Santo. Oficialmente não há confirmação de quais as investigações que recebem o apoio do hacker que este preso um ano, mas que agora está a colaborar com a Justiça. Rui Pinto, que agora tem um novo estatuto, pode ajudar a identificar os bancos por onde passou o dinheiro desviado do erário público ou que resultou de práticas de corrupção, os testas de ferro e outros dados que podem ser depois confirmados pelas autoridades que posteriormente os usam como prova. Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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Brasileira Azul lança empresa de aviação regional

  • Lusa
  • 12 Agosto 2020

A frota da nova transportadora é composta por 17 aeronaves modelo "Cesna Gran Caravan", com capacidade para nove passageiros. Dos 17 aparelhos, três são exclusivamente para carga.

A companhia aérea brasileira Azul lançou na terça-feira uma nova subsidiária para o mercado de voos regionais, denominada Azul Conecta, que pretende chegar a 200 cidades nos próximos anos.

A Azul Conecta, que inicia a operação em 36 destinos brasileiros, é fruto da compra da companhia TwoFlex, concretizada em maio, por 123 milhões de reais (19,4 milhões de euros).

A frota da nova transportadora é composta por 17 aeronaves modelo “Cesna Gran Caravan”, com capacidade para nove passageiros. Dos 17 aparelhos, três são exclusivamente para carga.

“Acreditamos muito na aviação sub-regional, no atendimento das cidades que hoje não conseguiríamos fazer com a frota que temos. Essa versatilidade de frota ajuda muito a atender esses mercados menores”, disse à imprensa o vice-presidente técnico operacional da Azul, Flávio Costa, durante a cerimónia de lançamento da nova companhia aérea, em Jundiaí, no estado de São Paulo.

O presidente da Azul, John Rodgerson, mostrou-se otimista em relação à crise que o mundo atravessa, afirmando que o Brasil precisa de olhar para o futuro. “Sei que todos estão tristes com tudo o que está a acontecer no mundo, mas isso vai acabar e precisamos olhar para o futuro e em como o Brasil vai crescer. Com essas aeronaves vamos transformar o país mais uma vez, chegar a mais 200 destinos”, declarou.

Também o secretário Nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, sublinhou a importância da aviação regional para o país, uma das prioridades da Secretaria que lidera. “O Brasil tem mais de cinco mil municípios e tem grandes dificuldades em conexão aérea. No sudeste, com os melhores terminais brasileiros, isso não é tão sentido, mas há cidades da Amazónia, no centro-oeste e no nordeste que não tem infraestrutura para aeronaves de médio e grande portes, e sabemos que chegar com esses modelos que a Azul Conecta opera é fundamental para o desenvolvimento do país”, afirmou Glanzmann, citado pela imprensa local.

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📹 Contribuintes podem pedir para pagar IRS em prestações. Veja como

Os contribuintes que tenham IRS a pagar mas não o consigam fazer de uma só vez podem pedir ao Fisco para aderir a um plano prestacional. O requerimento deve ser feito por via eletrónica.

Os contribuintes que apresentaram ao Fisco a Modelo 3 nos prazos legais e tenham agora IRS a pagar podem pedir para o fazer em prestações. O requerimento deve ser feito por via eletrónica, sendo possível fixar até 12 prestações.

De acordo com a informação divulgada no Portal das Finanças, para as dívidas até 5.000 euros, a adesão aos planos prestacionais não exigem garantia. O valor mínimo de cada tranche é 102 euros, variando o número de prestações em função do valor em dívida. O ECO preparou um vídeo que lhe explica como recorrer a esta ferramenta.

http://videos.sapo.pt/zgZzTuAAO0bZdt1AcHzz

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Qual a fruta mais produzida em Portugal? E o legume?

Laranja do Algarve é a fruta mais produzida em Portugal. O legume mais produzido é o tomate, que, apesar de ser uma fruta, é visto por muitos produtores e consumidores como tal.

Em Portugal, no ano passado, a laranja foi a fruta mais produzida e o tomate voltou a estar no topo das preferências ao distinguir-se como o produto agrícola mais produzido. A laranja é produzida essencialmente no Algarve e no Alentejo, enquanto a produção de tomate localiza-se entre a zona do Ribatejo, Oeste e Alentejo. Este último, apesar de ser uma fruta, é produzido como legume e comprado por muitos consumidores como tal.

Segundo dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2019, foram produzidos mais de 357 mil toneladas de laranjas em território nacional, mais de 1,4 milhões de toneladas de tomate destinados à indústria e 103 mil toneladas de tomate direcionados ao consumo em fresco.

Os dados que o INE facultou ao ECO são provisórios, tendo em conta que os dados do ano passado ainda não estão apurados. “A informação definitiva das estatísticas da produção vegetal de 2019 terá necessariamente de integrar os resultados do recenseamento agrícola 2019, operação que ainda está a decorrer”, explica o INE.

Para muitos, o tomate é considerado um fruto, para outros é um legume, um dilema que baralha sempre os consumidores. Ainda assim, quase toda a produção de tomate para a indústria destina-se essencialmente aos mercados externos; já a produção de tomate fresco divide-se de forma igualitária entre Portugal e o estrangeiro. “Mais de 95% do tomate para indústria é para exportação.

No caso do tomate fresco metade da produção direciona-se ao consumo nacional e outra metade é para exportação”, conta ao ECO Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) e vice presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

O concentrado de tomate é exportado essencialmente para o Inglaterra e Japão. “Só estes dois mercados representam quase 70% das exportações de polpa de tomate”, explica Domingos dos Santos. Já o principal mercado do tomate fresco português é Espanha.

Segundo a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, Portugal tem, atualmente, um grau de autoaprovisionamento próximo dos 85%, sendo que a autossuficiência alimentar do tomate no país é de 175%.

Produção de laranja destina-se essencialmente ao consumo nacional

Contrariamente ao tomate, a produção de laranja destina-se essencialmente ao consumo nacional (60%), sendo que a exportação representa os restantes 40% da produção. “Em relação aos mercados externos, a laranja vai essencialmente para França, Espanha e Alemanha”, conta Domingos dos Santos.

Segundo a última campanha agrícola nacional 2018/2019, independentemente das condições meteorológicas desfavoráveis, a produção de laranja atingiu recorde, tendo em conta que há 33 anos que não se produzia tanta laranja como na última campanha agrícola.

Quanto custa fazer uma máscara? Quanto gasta cada família com as telecomunicações? Quanto cobra uma imobiliária para vender a casa? Ou qual a profissão mais bem paga do país? Durante todo o mês de agosto, e todos os dias, o ECO dá-lhe a resposta a esta e muitas outras questões num “Sabia que…”.

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Com juros das dívidas em queda e as ações a recuperarem do vírus, onde investir?

Coronavírus virou os mercados financeiros de pernas para o ar, mas o poder de fogo dos bancos centrais estão a tentar por os pés novamente na terra e encaminhar a recuperação.

A pandemia de coronavírus gerou o pânico nos mercados financeiros: os juros das dívidas dispararam e as ações afundaram de forma generalizada. O efeito passageiro acabou afogado pela liquidez injetada pelos bancos centrais na economia. Com mega-estímulos em vigor e resultados empresariais afetados pelo confinamento, as maiores gestoras de ativos estão a olhar para Portugal como um oásis num mundo de baixos juros. Na dívida privada e (em parte) nas ações também há quem veja interesse.

“Temos estado muito positivos em relação a obrigações públicas nos últimos anos, mas tenho de admitir que, no ponto em que estão neste momento, não são um ativo particularmente atrativo”, diz Neville Hill, economista-chefe europeu do Credit Suisse, ao ECO. “Em geral, obrigações públicas não estão particularmente entusiasmantes. Portugal está incluído neste grupo“.

Tal como os pares, o banco de investimento suíço tem vindo a rever a estratégia para fazer face aos desenvolvimentos do coronavírus. O principal fator que determinou o apaziguar das tensões nos mercados foram a rápida ação dos bancos centrais.

"Estamos overweight em risco soberano da Zona Euro devido ao forte panorama político da compra de ativos do Banco Central Europeu e do Fundo de Recuperação da União Europeia. Gostamos especialmente de soberanos que já esgotaram uma parte significativa da dívida que esperam emitir, como Portugal ou Espanha.”

Elena Domecq

Estratega para Portugal da JP Morgan AM

No caso da Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) lançou um programa de emergência que, já após um reforço, tem 1,35 biliões de euros para comprar dívida pública e privada. Da mesma forma, nos EUA, a Reserva Federal anunciou que iria retirar os limites à aquisição de ativos e estendeu estes programas a quase todas as áreas da economia.

Se do lado dos emitentes, permitiu que se financiassem com baixos custos, do lado dos investidores, comprimiu os retornos. Também a BlackRock diminuiu a exposição a obrigações soberanas, por considerar que com yields tão reduzidas têm menos possibilidade de gerar ganhos. É o caso das Bunds alemãs, cujo juro é negativo em todas as maturidades até aos 30 anos.

Mas neste caso, a gestora de ativos assume como exceções as Treasuries norte-americanas e as obrigações da periferia da Europa, ativos nos quais a posição de overweight. “Quando falamos de periféricos, Portugal está incluído neste grupo e dentro desta previsão”, explica André Themudo, responsável pelo negócio da BlackRock em Portugal e pelo segmento wealth para a Península Ibérica.

"A intervenção dos bancos centrais, que compram obrigações corporativas diretamente, oferece um forte apoio ao mercado. Essas massivas injeções de liquidez fornecem financiamento abundante e barato às empresas e ajudam a manter as taxas de default a um nível razoável, principalmente na Europa.”

Vincent Marioni

Diretor de Credit Investments da Allianz Global Investors

Gostamos especialmente de soberanos que já esgotaram uma parte significativa da dívida que esperam emitir, como Portugal ou Espanha“, refere Elena Domecq, estratega para Portugal da JP Morgan AM, apesar de reconhecer que, além do principal fator relacionado com a própria cura para o vírus, há o risco de exaustão dos governos que possam vir a reverter a política de estímulos orçamentais demasiado cedo.

Além de alinhar na preferência por dívida portuguesa, JP Morgan e BlackRock partilham igualmente a preferência por crédito. O impulso dos bancos centrais também chegou às empresas, que têm emitido mais dívida para fazer face aos desafios gerados pelo vírus e, neste caso, os cupões são mais atrativos para compensar o risco associado ao ambiente económico deteriorado e às incertezas persistentes durante a duração da pandemia.

“A intervenção dos bancos centrais, que compram obrigações corporativas diretamente, oferece um forte apoio ao mercado. Essas massivas injeções de liquidez fornecem financiamento abundante e barato às empresas e ajudam a manter as taxas de default a um nível razoável, principalmente na Europa“, explica Vincent Marioni, diretor de Credit Investments da Allianz Global Investors.

Ações sobrevalorizadas? Ainda há margem para ganhos

A dívida privada é uma fonte de retornos para as principais gestoras de ativos, o que não quer dizer que tenham abandonado as ações. O Credit Suisse reforçou posições em março, mas recuou para uma posição neutra devido à incerteza sobre uma segunda vaga. A BlackRock também reduziu a exposição a ações, nomeadamente dos EUA, por considerar que as avaliações estão demasiado esticadas. Mas a posição não é consensual.

O Bankinter prefere olhar para estimativas de resultados em 2021 como referência para as avaliações das bolsas, “uma vez que os de 2020 estão totalmente distorcidos” pela pandemia. “Os resultados de 2021 das empresas norte-americanas já serão algo superiores aos de 2019, mas tal não acontecerá no caso da Europa”, diz a equipa de research.

“Por isso, entre outras razões, Wall Street não parece sobrevalorizado. E por isso a nossa estratégia continua centrada no mercado norte-americano. A capacidade para gerar lucros é o mais importante numa avaliação. Contudo, as bolsas deverão evoluir de forma muito mais lenta ao longo do segundo semestre. As incertezas chave são o vírus e as eleições americanas de 3 de novembro”, acrescenta.

"Wall Street não parece sobrevalorizado. E por isso a nossa estratégia continua centrada no mercado norte-americano. A capacidade para gerar lucros é o mais importante numa avaliação. Contudo, as bolsas deverão evoluir de forma muito mais lenta ao longo do segundo semestre.”

Equipa de research

Bankinter

Wall Street tem feito uma recuperação mais robusta do que as bolsas europeias após o crash vivido no início da pandemia, tendo mesmo renovado máximos antes de os dados económicos terem refreado o entusiasmo dos investidores. No total do ano, o índice tecnológico norte-americano Nasdaq já valorizou mais de 20%, enquanto o S&P 500 ou alemão DAX estão na linha de água. O pan-europeu Stoxx 600 e o português PSI-20 ainda estão negativos com perdas superiores a 10% e 15%, respetivamente.

“Em termos de ações, mantemos uma posição positiva sobre ações dos EUA, apesar de com maior foco em small caps e mantemos uma inclinação positiva para ações da Europa e mercados emergentes”, diz Domecq. “Em suma, estas inclinações do portefólio são combinadas dar um risco distinto às nossas carteiras de ativos, seguindo um padrão de crescente tolerância ao risco que começou gradualmente no final de abril”.

“No entanto, notamos que a volatilidade se mantém elevada e, como resultado, a dimensão das posições são bastante modestas. A acomodação monetária deverá manter a volatilidade numa trajetória gradualmente decrescente, mas que não exclui episódios de elevada volatilidade. Hoje, acreditamos que há impulso económico suficiente para que haja suporte para as ações e obrigações privadas“, acrescenta a estratega para Portugal da JP Morgan AM.

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Arranca a “final 8”. Milhões da Champions passam por Lisboa

De Lisboa para a Europa, arranca hoje a fase final da Liga dos Campeões. Em ano de pandemia, os milhões da liga milionária vão passar pela capital portuguesa.

Arranca esta quarta-feira, em Lisboa, a fase final da Liga dos Campeões. Em ano de pandemia, a UEFA foi forçada a reorganizar o calendário da competição de clubes mais importante da Europa numa fase final jogada a oito equipas. As partidas que faltam disputar (quartos-de-final, meias finais e final) vão ser realizadas num único jogo a eliminar, sem público e sob fortes medidas de proteção sanitária nos estádios da Luz e Alvalade entre os dias 12 e 23 de agosto.

Durante quase duas semanas Lisboa vai ser a “capital europeia do futebol”. Pela cidade portuguesa vão passar algumas das equipas de futebol mais valiosas da Europa como o Manchester City, Barcelona e Bayern de Munique, acompanhadas pelo Lyon e Atalanta que, com alguma surpresa, eliminaram na fase anterior a Juventus e o Tottenham. O lote das oito equipas da fase final fica completo com as presenças do Paris Saint-Germain, RB Leipzig e Atlético de Madrid.

Quanto valem as equipas da fase final?

Segundo os dados do Transfermarkt, a soma do valor dos oito plantéis que estão na luta pelo título de campeão europeu ultrapassa uns impressionantes 5,655 mil milhões de euros. O Manchester City treinado por Pep Guardiola tem nesta altura o plantel mais cotado com um valor a rondar os 1,070 mil milhões de euros. A título de curiosidade, só o plantel dos “citizens” vale quase tanto como a soma dos plantéis da Atalanta, Lyon e RB Leipzig, os menos valiosos desta fase.

O Barcelona de Lionel Messi e do português Nélson Semedo está avaliado em 983.20 milhões de euros seguido de perto pelo Bayern de Munique. O valor do plantel da equipa bávara atinge neste momento os 929.25 milhões de euros.

Fonte: Transfermarkt

Quem são os jogadores mais valiosos? Há dois portugueses no “top 10”

Os melhores jogadores do mundo vão passar pelos relvados da Luz e Alvalade nos próximos dias. E o valor de mercado corresponde a esse estatuto. De acordo com o Transfermarkt, Kylian Mbappé, avançado do Paris Saint-Germain, tem um valor de mercado estimado em cerca de 180 milhões de euros e lidera a lista dos dez jogadores mais valiosos. O inglês Raheem Sterling (Manchester City) e o brasileiro Neymar (Paris Saint-Germain) seguem-lhe as pisadas com um valor aproximado de 128 milhões de euros cada um.

A lista conta ainda com a presença de dois jogadores portugueses: João Félix (Atlético Madrid) e Bernardo Silva (Manchester City). Os dois futebolistas têm um valor de mercado a rondar os 80 milhões de euros.

Fonte: Transfermarkt

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Champions arranca hoje em Lisboa. Impacto económico para Portugal supera os 50 milhões de euros

  • ECO
  • 12 Agosto 2020

Começa esta quarta-feira a fase final da Liga dos Campeões em Lisboa, um evento que deverá ter um impacto superior a 50 milhões na economia portuguesa. O que traz para Portugal?

Depois de a Turquia afirmar não ter condições devido à pandemia, Lisboa foi a escolhida para receber a fase final da Liga dos Campeões, levando a melhor sobre cidades como Frankfurt e Moscovo. A notícia foi bastante bem recebida pelo Governo português, mas os jogos não serão como nos demais anos. Haverá mais cuidados devido ao coronavírus e, claro, menos adeptos. Ainda assim, os impactos positivos para Portugal são muitos e só em termos económicos devem superar os 50 milhões de euros.

Era em Istambul, na Turquia, que deveria decorrer esta fase final da Liga dos Campeões da UEFA, mas o Governo turco anunciou não ter condições para receber este evento devido ao novo coronavírus. Perante este cenário, a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) decidiu concluir a Champions a apenas uma mão e escolheu a capital portuguesa como palco, em detrimento de cidades como Frankfurt e Moscovo. Porém, o espetáculo será bem diferente de outros anos.

Desde o início que a ideia da UEFA era realizar os jogos à porta fechada, mas a decisão esteve por uns tempos em mãos portuguesas. Primeiro, o Presidente da República veio afirmar que quem o decidiria seriam os portugueses: “Se for uma situação que aconselha a que não haja público, não há público. Quer dizer, quem manda é o país onde se realiza”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. Depois, foi a vez de o primeiro-ministro dar também uma opinião, que acabou por levantar algumas esperanças: “Há uma coisa que estou convencido: cada um destes jogos vai ter menos público do que na sala do Villaret”, disse António Costa. Contudo, a decisão final acabou por ser mesmo da UEFA, que decidiu que todos os sete jogos decorrerão à porta fechada para mitigar o risco de contágio em plena crise sanitária.

Esta, que será uma final atípica, já deixou em alerta a Polícia de Segurança Pública (PSP), que se diz “preparada” para receber este evento. Apesar de os adeptos não poderem entrar nos estádios, as forças policiais estarão atentas aos espaços exteriores e interiores dos hotéis, locais de treino e estádios — Estádio da Luz e Estádio de Alvalade –, bem como o aeroporto. Tudo locais que poderão vir a ser procurados pelos mais curiosos.

O pontapé de partida, literalmente, vai ser dado esta quarta-feira em Lisboa, às 20h, no Estádio da Luz. A partilhar o campo vão estar os italianos do Atalanta e os franceses do Paris Saint-Germain, naquele que será o primeiro dos sete jogos finais para se apurar o campeão europeu. São muitos os aspetos positivos que este evento vai trazer o país, desde notoriedade e turistas, mas sobretudo económicos.

Impacto económico de 50,4 milhões de euros

De acordo com um estudo do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM), a Champions vai ter um impacto de 50,4 milhões na economia nacional. Quase metade desse impacto (49%) beneficiará as refeições dentro e fora de casa, e 13% beneficiará o alojamento (com estadias mais longas). As viagens serão beneficiadas por 9% do impacto total e as atividades turísticas por 5%. As restantes percentagens serão divididas entre atividades publicitárias, eventos, compras e outras atividades comerciais.

16.000 adeptos sem bilhete e 3.300 visitantes

Os adeptos não poderão entrar nos estádios, mas o IPAM (assim como a PSP) acredita que o entusiasmo vai atrair muitas pessoas para junto destas instalações, bem como dos hotéis, aeroporto e locais de treino. Assim, o estudo antecipa a vinda de “16.000 adeptos dos clubes finalistas sem bilhete” e 3.300 visitantes “entre comitivas das equipas, jornalistas, organização ou staff”. “Mesmo sem público, esperam-se 600 elementos das comitivas das equipas, 400 jornalistas, 1.000 pessoas de staff de apoio à competição, 1.000 convidados da UEFA, 200 elementos de produção de TV e 42 elementos das equipas de arbitragem”, diz o IPAM.

Maior impacto é o “mediático”

Apesar dos impactos económicos já enumerados, o coordenador do estudo do IPAM acredita que o maior impacto é mesmo o “mediático”. “Os 50 milhões são muito importantes, mas não vão salvar a nossa economia. O maior impacto, na nossa opinião, é o mediático”, disse Daniel Sá, citado pela Lusa. O professor universitário recorda que, na final do ano passado, foram 400 milhões os telespetadores que assistiram às últimas partidas do campeonato em todo o mundo e mais de mil milhões as interações relacionadas nas redes sociais.

Marcelo Rebelo de Sousa também partilha da opinião de que a Champions vai trazer para Portugal muito mediatismo. Em junho, o Presidente da República afirmou que a escolha de Lisboa para ser palco deste evento é um caso “único e irrepetível”, principalmente pelo momento que o mundo está a viver, referindo-se à pandemia. O chefe de Estado notou que “ser a marca Portugal aquela que vence e que se vai afirmar” “não tem preço, é irrepetível, é uma vez na vida”.

Em junho, o ECO contactou vários especialistas e entidades que também salientaram a importância deste evento. Afirmam que “não vai salvar a economia” nacional, mas vai funcionar como uma “campanha publicitária estrondosa”. Entre as entidades contactadas está a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que salientou que a Champions em Lisboa é “muito importante para a promoção e posicionamento de Portugal como destino turístico e como país seguro, apto a acolher grandes eventos”.

Um “prémio merecido aos profissionais de saúde”

De resto, a vinda da Champions para Portugal já esteve envolvida em polémica. Em causa, declarações do primeiro-ministro, António Costa, que, no dia em que foi conhecida a escolha de Lisboa, disse ser um “prémio merecido aos profissionais de saúde”.

Depois de enaltecer que a decisão era exemplo da forma como “Portugal conseguiu controlar esta pandemia”, Costa disse: “É também um prémio merecido aos profissionais de saúde e à forma como provaram que o nosso Serviço Nacional de Saúde é robusto para responder a qualquer eventualidade.”

A declaração foi alvo de várias críticas nas redes sociais, algumas delas descontextualizado as palavras de António Costa, levando o chefe do Governo a ter de se explicar mais tarde: “É preciso muita má-fé para transformar um agradecimento aos profissionais de saúde num insulto”, disse, dias depois, à entrada de um concerto em Lisboa.

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Há um ano, o país parou com a greve dos camionistas. O que mudou?

O balanço que os sindicatos fazem, um ano depois da greve, é positivo, apesar de existirem problemas por resolver. Em outubro há novas negociações para atualizar contratos, e o acordo não é certo.

Passaram precisamente 365 dias desde que foi decretada greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas, a segunda de 2019, que parou o país. Volvido este tempo, os trabalhadores têm mais proteção social, mas existem ainda algumas questões por tratar, nomeadamente relacionadas com alegados abusos durante o lay-off, regime ao qual recorreram muitas empresas do setor. Este ano, sindicatos e empresas voltam à mesa das negociações, mas não é ainda certo que haja acordo.

Foi a 12 de agosto de 2019 que arrancou a segunda greve conjunta do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM). Greves estas que foram “o culminar de mais de dois anos de tentativas de diálogo”, aponta Francisco São Bento, presidente do SNMMP, ao ECO.

Os protestos trouxeram palavras como jerricãs e açambarcamento para a ordem do dia, e verificaram-se até corridas às bombas de combustível, devido ao medo de se ficar com o depósito vazio. A greve apanhou o período tipicamente de férias de verão dos portugueses, bem como o feriado de 15 de agosto, pelo que muitos planeavam fazer viagens longas de carro e temiam ficar a meio.

Isto levou a que fossem decretados serviços mínimos e, perante relatos de que estes não estavam a ser cumpridos, o Governo avançou mesmo com uma requisição civil, que previa inclusive que os militares das Forças Armadas pudessem substituir “parcial ou totalmente” os motoristas em greve.

Fila para atestar o carro, em agostoHugo Amaral/ECO

A paralisação acabou por terminar sete dias depois, apesar de toda a antecipação fazer parecer que se estendeu por mais tempo. Ainda esteve prevista uma terceira greve, em setembro, mas foi desconvocada, sendo que um acordo que recuperava o protocolo de maio travou a paralisação.

Este protocolo surgiu já depois da primeira greve dos motoristas, em abril, que durou cerca de quatro dias e também fez parar o país, tendo sido realizada na semana da Páscoa, altura em que se costumam realizar viagens no país, perante a ameaça de uma nova paralisação, em maio.

Foi em outubro que houve consenso entre os sindicatos e a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram), levando finalmente à assinatura do novo Contrato Coletivo de Trabalho Vertical (CCTV), que foi publicado em dezembro. A revisão do contrato de trabalho coletivo atualizou a tabela salarial em 11,1% para os motoristas de pesados, bem como as principais cláusulas pecuniárias em, pelo menos, 4%. Estes valores entraram em vigor a 1 de janeiro deste ano.

Em dezembro, a Antram expressou preocupações com a entrada em vigor do novo contrato, apontando que “as empresas não terão capacidade para absorver e internalizar todos os custos”. Agora, confirma-se que o “impacto que a negociação teve nas empresas é brutal”, aponta André Matias, porta-voz da Antram, ao ECO.

“As empresas viram-se a braços com o maior aumento da história a nível de custos, a que associaram a Covid-19”, explica o advogado. A situação das empresas, sobretudo as que operam no mercado nacional, é muito “periclitante”, diz, sublinhando que “todo o tipo de variações que aumente ou incremente custos nestas empresas levará à insolvência de muitas delas“.

Negociações arrancam em outubro

Os valores do CCTV deverão ser atualizados novamente no próximo ano, sendo que, para tal, o processo negocial vai arrancar novamente este ano, em princípios de outubro. É incerto qual será o resultado das negociações, sendo que, por um lado, os sindicatos se mostram otimistas no diálogo, enquanto a Antram espera que exista “sensatez”.

“Como o diálogo já foi iniciado e estamos no bom caminho, a nível de relação, esperamos que para 2020 se mantenha o registo e que consigamos, através dessa via, continuar a trabalhar em conjunto no CCTV”, aponta o presidente do SNMMP.

Anacleto Rodrigues também aponta que o SIMM é um sindicato de “diálogo”, que irá “tentar chegar a um entendimento da atualização e cláusulas pecuniárias”, apontando ainda assim que “nada impede que se tente alterar outras cláusulas”. “Vamos ver até que ponto estão disponíveis”, completa.

A Fectrans admite que “as negociações nunca são fáceis e este ano, por razões conhecidas, mais difíceis vão ser”. Ainda assim, estão confiantes de que, à semelhança do passado, se irá “chegar a bom porto”, continuando a “construir a regularização” da situação no setor. Paulo Machado aponta que nestas conversações se irá tentar “corrigir lacunas no CCTV, para tornar o mesmo mais exequível”.

Já do lado da Antram, a perspetiva de aumento nos custos é difícil perante a situação das empresas. André Matias acredita que “haverá sensatez dos sindicatos em perceber o tema em cima da mesa perante pandemia, senão o caminho será o de insolvência”.

Balanço é positivo mas há “arestas por lapidar”

Apesar das dificuldades que algumas empresas atravessa, o balanço geral que a Antram faz é positivo, sendo que “as empresas tudo farão para pagar e honrar o compromisso” feito. Quanto à relação com os sindicatos, André Matias reitera que estas estão neste momento “pacíficas e normalizadas”.

Já para o SNMMP, as greves, “duas verdadeiras batalhas pelos direitos laborais, tiveram repercussões muito positivas”, quer a nível remuneratório e contributivo quer de condições laborais. Ainda assim, admite que “é notório que o contrato se encontra longe da perfeição e tem muitas arestas por lapidar”.

Em 2020 continuaram a existir pontos negativos, segundo Francisco São Bento que sublinha as “várias denuncias de fraude fiscal”, nomeadamente de empresas que “continuam a efetuar pagamentos de forma ilícita”, alegadamente efetuados através de ajudas de custo, o que “implica que a empresa continua a fugir ao pagamento de impostos dos trabalhadores”.

Para além disso, o sindicato também denunciou junto da tutela e da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) o “recurso abusivo e ilegal ao lay-off por algumas empresas”.

Do lado do SIMM, atualmente, o ponto de situação “é muito fraquinho, porque muito daquilo para que chamávamos a atenção continua a verificar-se”, aponta o dirigente Anacleto Rodrigues, ao ECO. “Houve muito ruído, muitos soundbytes”, e até histórias sobre um Maserati, lembra, referindo-se à polémica na altura em que o porta-voz do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, chegou a uma manifestação com um Maserati preto.

Pardal Henriques conversa com um elemento do piquete de greve, em Aveiras de Cima.MÁRIO CRUZ/LUSA

Pardal Henriques, que era advogado e porta-voz do sindicato, foi das principais figuras desta situação, mas acabou por se afastar do sindicato para se tornar candidato a deputado pelo partido de Marinho e Pinto, Partido Democrático Republicano, que conseguiu obter apenas 0,22% dos votos.

“Os problemas dos motoristas continuam”, nomeadamente com empresas que não cumprem com a tabela salarial, direitos laborais dos motoristas, direito ao descanso, trabalho sem pressão e stress”, diz Anacleto Rodrigues. Perante estes problemas, o sindicato pretende desenvolver algumas ações, já que a ACT “não funciona, e nos tribunais de trabalho parece que o trabalhador que foi desrespeitado é que é o criminoso”, devido à postura dos juízes, refere o dirigente. As ações ainda não avançaram devido à pandemia, que impede a mobilização.

Acordo trouxe mais proteção social

O dirigente do SIMM admite que, em matéria de proteção social, “mudou alguma coisinha”. Cerca de metade dos motoristas faz mais descontos, também em matéria de baixa medica e na reforma há melhorias, conta. O regime de lay-off simplificado levou alguns motoristas a perceber que a greve “valeu a pena”, porque tiveram mais proteção.

A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) também sinaliza que o “incremento que o CCTV deu em termos de proteção social se verificou rapidamente, infelizmente, devido à situação pandémica”. Isto porque inúmeras empresas das mercadorias aderiram ao regime de lay-off e o contrato “permitiu amenizar as perdas salariais dos motoristas”, já que, antes, os motoristas recebiam o salário base e tudo o resto eram ajudas de custo, que não entrariam para o cálculo do lay-off, salienta Paulo Machado, ao ECO.

Francisco São Bento aponta também que, com o acordo, foi possível garantir aos trabalhadores pontos muitos importantes, nomeadamente através do aumento das contribuições para a Segurança Social, do apoio em caso de incapacidade temporária de trabalho e no valor das reformas.

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Investimento em inovação atinge máximo histórico de 1,4% do PIB em 2019 com impulso das empresas

O investimento em inovação e desenvolvimento em Portugal atingiu 1,4% do PIB em 2019, um máximo histórico. O contributo das empresas foi decisivo para a melhoria deste indicador.

A despesa total em investigação e desenvolvimento (I&D) em Portugal aumentou 8% em 2019, para os 2.987 milhões de euros, o que corresponde a 1,4% do PIB, o rácio mais elevado de sempre. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com base no Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN), e o aumento foi superior no setor privado face ao público.

O ministério liderado por Manuel Heitor argumenta que estes dados mostram que Portugal está em convergência com a Europa neste indicador. Ao aumentar em 218 milhões de euros, ou 8%, em 2019, a despesa total em I&D “cresceu cerca do dobro do aumento relativo do PIB (que aumentou cerca de 4% entre 2018 e 2019)”. Face a 2015, início do atual Governo do PS e do mandato do ministro, o aumento da I&D é de 34% (752 milhões de euros).

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino SuperiorMinistério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Como mostra o gráfico (acima), a despesa das empresas em I&D caiu durante a anterior crise, mas depois recuperou e passou a ser superior à do setor público em 2017, tendo essa tendência sido reforçada até 2019, inclusive. No ano passado, as empresas investiram mais 144,4 milhões de euros, o equivalente a um crescimento de 10%, para os 1.569 milhões de euros (0,74% do PIB), o que corresponde a 53% da despesa de I&D em Portugal.

Anteriormente, com base apenas nas candidaturas ao SIFIDE, um universo mais reduzido do que o do IPCTN, o ministério tinha anunciado que o investimento das empresas portuguesas em investigação e desenvolvimento (I&D) cresceu cerca de 50% em 2019 e fixou-se nos 1.168 milhões de euros

Do lado do setor público, a despesa em I&D do ensino superior cresceu cerca de 5%, o equivalente a mais 56 milhões de euros, em 2019, “atingindo também um novo máximo histórico de 1.209 milhões de euros”, nota o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Face a 2015, o aumento é de 19%.

Estes dados do IPCTN, da autoria da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência, com base nas metodologias harmonizadas internacionalmente, são provisórios. Os resultados definitivos serão divulgados pela entidade após a validação final da operação estatística.

Mais investimento em I&D levou a mais emprego qualificado, diz Ministério

O aumento da despesa privada em I&D reflete o crescimento do emprego qualificado nas empresas e o esforço do setor privado em acompanhar o desenvolvimento científico e a capacidade tecnológica instalada em Portugal“, assinala o ministério no comunicado. Em números, havia 10 investigadores por 1.000 habitantes da população ativa em 2019, o que também é um máximo histórico.

Ao todo, estavam registados mais de 50 mil investigadores a tempo integral (ETI), mais 2.779 do que em 2018. Aqui o setor público sai a ganhar: “O ensino superior inclui 29.027 investigadores em ETI (eram 25.043 em 2015), representando cerca de 58% do total, enquanto as empresas incluem 19.283 investigadores em ETI (eram 11.785 em 2015), representando 38% do total”, explica o ministério tutelado por Manuel Heitor.

Incluindo não só investigadores como também técnicos e outros profissionais, o total de recursos humanos relacionados com atividades de investigação e desenvolvimento atingiu as 12 pessoas por cada 1.000 habitantes ativos, superando os 62 mil.

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