Pfizer e Moderna pedem aprovação na União Europeia para vacinas contra Covid-19

A Agência Europeia do Medicamento confirmou ter recebido pedidos de aprovação de duas vacinas contra a Covid-19, a da Pfizer e a da Moderna.

As farmacêuticas Pfizer e Moderna já pediram aprovação para as suas vacinas contra a Covid-19 à Agência Europeia do Medicamento, confirmou a entidade europeia num comunicado. Os pedidos abrem caminho para eventuais aprovações de vacinas na União Europeia (UE) ainda este ano.

“A BioNTech/Pfizer e a Moderna submeteram pedidos para as suas vacinas da Covid-19. O comité de medicamentos humanos da agência marcou reuniões extraordinárias para concluir a avaliação”, lê-se numa nota publicada no site da Agência Europeia do Medicamento.

A agência Bloomberg (acesso condicionado) já tinha confirmado que a Pfizer já tinha submetido o pedido ao regulador europeu do medicamento, poucas semanas depois de ter feito o mesmo junto do regulador do medicamento norte-americano.

Estes pedidos colocam as vacina da Pfizer e da Moderna no caminho de uma possível aprovação regulatória europeia ainda antes do fim deste ano. Em relação à primeira, os ensaios clínicos envolvendo quase 44 mil voluntários mostraram que esta vacina experimental tem uma eficácia a rondar os 95%. A Moderna também provou que a sua vacina tem uma eficácia a rondar os 95%.

A Pfizer já tinha pedido aprovação da vacina nos EUA em meados de novembro e, no fim de semana, o Financial Times avançou que o regulador britânico se prepara para aprovar esta vacina nos próximos dias.

As vacinas da Pfizer e da Moderna são do tipo genético, o que significa que introduzem material genético do novo coronavírus nas células humanas, induzindo a produção de uma proteína do SARS-CoV-2 e, consequentemente, uma resposta imunitária do organismo. Se forem aprovadas, como se espera, serão as primeiras vacinas deste tipo a entrarem no mercado.

O primeiro-ministro português, António Costa, revelou esta terça-feira que o Governo vai anunciar os detalhes do plano nacional de vacinação contra a Covid-19 na quinta-feira à tarde, recusando que o país esteja atrasado nesta matéria.

Bruxelas vê “luz ao fundo do túnel”

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esta terça-feira ver “uma luz ao fundo do túnel” para a pandemia, por as primeiras vacinas poderem chegar à União Europeia ainda este ano, mas pediu disciplina.

“Existe uma luz ao fundo do túnel, mas temos de continuar a ser disciplinados até termos atingido um nível de vacinação suficiente para erradicar este vírus”, declarou Ursula von der Leyen, falando numa videoconferência da Conferência dos Órgãos Especializados em Assuntos da União dos Parlamentos da União Europeia (UE), organizado pela presidência alemã da União.

No dia em que se assinala o primeiro ano do mandato de Ursula von der Leyen, muito marcado pela crise sanitária e económica gerada pela pandemia da Covid-19, a líder do executivo comunitário notou que, “se tudo correr bem, os primeiros cidadãos a receberem a vacina poderão já ser vacinados antes do final de dezembro”. “E isto será um grande passo em direção a uma vida normal”, vincou.

Ainda assim, lembrou que “a crise do novo coronavirus está longe de estar concluída”, pelo que solicitou respeito pelas medidas de contenção.

Até ao momento, a Comissão Europeia já assinou seis contratos com farmacêuticas para assegurar vacinas para a Europa quando estas se revelarem eficazes e seguras: a AstraZeneca (300 milhões de doses), a Sanofi-GSK (300 milhões), Johnson & Johnson (200 milhões) e BioNTech e Pfizer (300 milhões), CureVac (405 milhões) e Moderna (160 milhões de doses). Ao todo, de acordo com líder do executivo comunitário, “a Comissão assegurou cerca de dois mil milhões de doses de uma potencial vacina contra o vírus”.

“Fechámos contrato com seis companhias farmacêuticas que estão a trabalhar com as vacinas mais promissoras e, até ao momento, as coisas correm bem, e todas estão a produzir aqui na Europa”, destacou.

Está previsto que as vacinas asseguradas pela Comissão Europeia sejam disponibilizadas ao mesmo tempo para todos os Estados-membros da UE, sendo que a quantidade atribuída a cada país será baseada na população. A compra também é feita por cada país.

“Os Estados-membros estão, então, a trabalhar nos seus planos de vacinação e na logística para a aplicação de dezenas de milhões de doses de vacina”, observou Ursula von der Leyen, lembrando que “não é a vacina que é importante, são os planos de vacinação”.

A líder do executivo comunitário argumentou que “a incerteza continua, mas de forma diferente do que em março e do que na primeira vaga”. “Hoje sabemos que existe uma saída e a boa notícia é que temos as ferramentas para combater esta crise”, afirmou.

Apesar do cenário otimista, Ursula von der Leyen reconheceu que “a Europa está a ser severamente atingida pela segunda vaga”, com algumas regiões “em confinamento para tentar salvar vidas, apesar de todas as consequências que isto tem para trabalhadores e empresas”.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 1.460.018 mortos resultantes de mais de 62,7 milhões de casos de infeção em todo o mundo.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h58)

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Portugal já recebeu primeiros 3.000 milhões de euros do SURE

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2020

O primeiro-ministro confirmou que Portugal recebeu esta terça-feira a primeira tranche de fundos do programa SURE, no valor de 3.000 milhões de euros. Servirá para apoiar o emprego em tempos de crise.

Portugal recebeu esta terça-feira uma tranche de três mil milhões de euros de fundos europeus, no âmbito do programa SURE, para ajudar vários setores face à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, anunciou o primeiro-ministro.

“Recebemos hoje a primeira tranche do empréstimo atribuído a Portugal no âmbito do SURE, programa europeu que apoia os Estados Membros no seu esforço de proteção dos trabalhadores e empresas. Saúdo fortemente a transferência destes 3.000 milhões de euros de fundos europeus”, escreveu António Costa numa mensagem publicada hoje na rede social Twitter.

“Estes fundos europeus vão financiar medidas como o lay-off, os apoios a trabalhadores independentes, os apoios aos país e o prémio aos trabalhadores do SNS”, sublinhou Costa.

Segundo o primeiro-ministro, “o SURE reflete a solidariedade da UE [União Europeia] e a sua pronta resposta à crise”, o que permite “continuar a proteger os postos de trabalho e os trabalhadores mais afetados”.

“Continuamos determinados na luta contra a pandemia e na mitigação dos seus efeitos sociais e económicos”, referiu ainda António Costa.

O ministro das Finanças, João Leão, tinha assinado no dia 27 de outubro o contrato de empréstimo para o programa SURE, para apoio ao emprego, no montante de 5,9 mil milhões de euros.

Na ocasião o Ministério das Finanças referiu que este é “o instrumento europeu de apoio temporário para atenuar os riscos de desemprego numa situação de emergência”, que irá “permitir o financiamento de medidas de apoio à manutenção dos contratos de trabalho e outra despesa relativa à saúde no trabalho, no âmbito da resposta à crise provocada pela pandemia da Covid-19”.

A 15 de outubro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que Portugal iria receber “em breve” 5,9 mil milhões de euros ao abrigo do programa europeu SURE.

Bruxelas transferiu 40 mil milhões do SURE a 15 países no último mês

A Comissão Europeia disponibilizou 40 mil milhões de euros a 15 Estados-membros, no último mês, ao abrigo do programa SURE, para apoiar setores afetados pela crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

De acordo com o boletim informativo divulgado esta terça-feira pela Representação da CE em Portugal, “contando com os desembolsos realizados hoje [terça-feira], quinze Estados-membros receberam, entre o final de outubro e o final de novembro, cerca de 40 mil milhões de euros ao abrigo do instrumento SURE da UE [União Europeia]”.

A Comissão Europeia disponibilizou esta terça-feira 8,5 mil milhões de euros no âmbito da terceira parcela do apoio financeiro ao abrigo do novo instrumento de apoio temporário para atenuar os riscos de desemprego numa situação de emergência (SURRE).

(Notícia atualizada às 16h04 com mais informação)

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Documentos expõem falhas na gestão inicial do surto de Covid-19 na China

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2020

A China difundiu dados mais otimistas do que os estágios iniciais do surto do novo coronavírus sugeriam e tardou em confirmar casos já diagnosticados. A informação foi exposta pela CNN.

A China difundiu dados mais otimistas do que os estágios iniciais do surto do novo coronavírus sugeriam e tardou em confirmar casos já diagnosticados, segundo documentos internos das autoridades citados pela cadeia televisiva norte-americana CNN.

As conclusões avançadas pela CNN têm como base a análise de documentos internos das autoridades de saúde do país asiático. No total, são 117 páginas vazadas do Centro para Controlo e Prevenção de Doenças da Província de Hubei, onde foram diagnosticados os primeiros casos de Covid-19.

Num relatório marcado com as palavras “documento interno, mantenham o sigilo”, as autoridades de saúde locais listam um total de 5.918 novos casos, detetados em 10 de fevereiro, mais do que o dobro do número público oficial de casos confirmados nesse dia. Este número nunca foi revelado na altura, já que o sistema de contabilidade da China parecia, no caos das primeiras semanas da pandemia, minimizar a gravidade do surto.

Um relatório produzido no início de março apontou que as autoridades estavam a demorar, em média, 23 dias a confirmar o diagnóstico de pacientes que já apresentavam sintomas. Erros de teste significaram ainda que a maioria das pessoas infetadas recebeu resultados negativos em 10 de janeiro.

As primeiras medidas de contenção do surto foram prejudicadas pela falta de fundos e pessoal e uma burocracia complexa, que complicou o sistema de emergência da China, segundo as auditorias internas a que a CNN teve acesso. A CNN afirmou também que houve um grande surto de gripe, no início de dezembro, na província de Hubei, que não foi divulgado anteriormente.

Os documentos, que cobrem um período incompleto entre outubro de 2019 e abril deste ano, revelam o que parece ser um sistema de saúde “inflexível, limitado por uma burocracia organizada do cimo para baixo e procedimentos rígidos, inapropriados para lidar com a crise”, apontou a CNN. “Em vários momentos críticos da fase inicial da pandemia, os documentos apontam evidências de erros claros e um padrão de falhas institucionais”, acrescentou.

O Governo chinês rejeitou veementemente as acusações dos Estados Unidos e de outros governos ocidentais de que deliberadamente reteve informações sobre o vírus. Em junho passado, o Conselho de Estado da China defendeu que o Governo chinês sempre publicou informações sobre a epidemia de “forma oportuna, aberta e transparente”.

“Ao fazer um esforço total para conter o vírus, a China também agiu com grande sentido de responsabilidade para com a humanidade, o seu povo, a posteridade e a comunidade internacional. Forneceu informações sobre a Covid-19 de forma totalmente profissional e eficiente e divulgou informações confiáveis e detalhadas o mais cedo possível numa base regular”, acrescentou.

Segundo a CNN, embora os documentos não ofereçam evidências de uma tentativa deliberada de ocultar informação, estes revelam várias inconsistências sobre o que as autoridades acreditavam que estava a acontecer e o que foi revelado publicamente.

Esta terça-feira, assinala-se um ano desde que o primeiro paciente conhecido apresentou sintomas da doença em Wuhan, a capital da província de Hubei, segundo um estudo publicado no jornal médico Lancet.

As revelações ocorrem numa altura em que EUA e União Europeia pressionam a China a cooperar totalmente com uma investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as origens do vírus, que infetou já mais de 60 milhões de pessoas e matou 1,46 milhões em todo o mundo.

Até à data, no entanto, o acesso de especialistas internacionais aos registos médicos dos hospitais e dados em Hubei foi limitado. A OMS disse, na semana passada, que recebeu “garantias do Governo chinês de que uma viagem ao terreno” seria concedida como parte da sua investigação.

Os arquivos foram apresentados à CNN por denunciantes que pediram anonimato, segundo a cadeia televisiva. As fontes disseram trabalhar no sistema de saúde chinês e serem patriotas que desejam expor factos que foram censurados e homenagear os colegas que falaram anteriormente.

Os documentos foram verificados por seis especialistas independentes que examinaram a veracidade de seu conteúdo, segundo a CNN.

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Pontes e fins de semana prolongados. Veja o calendário de 2021

Depois de um ano atípico de 2020, o ano de 2021 conta com três fins de semana prolongados e pelo menos quatro oportunidades para fazer "ponte" (contando com o Carnaval).

Noutros tempos, os feriados que se avizinham, a 1 de dezembro e 8 de dezembro de 2020, seriam motivo suficiente para milhares de portugueses se deslocarem até junto dos seus familiares. Não vai ser assim em plena pandemia. O Governo tomou medidas para prevenir o alastrar do vírus, impedindo as deslocações entre concelhos e aplicando medidas apertadas de recolher obrigatório às 13h00 nas regiões de maior risco.

Apesar dos apelos à tolerância de ponto e suspensão das aulas nas vésperas dos feriados, nas segundas-feiras de 30 de novembro e 7 de dezembro, a palavra de ordem é para que os cidadãos fiquem em casa. Mas com as primeiras vacinas experimentais contra a Covid-19 a produzirem resultados promissores, é tentador olhar já para o amanhã.

O ECO analisou o calendário de 2021 e mostra-lhe as possibilidades de “pontes”, que começam já em fevereiro, sendo junho o mês em que será mais fácil esticar os fins de semana com apenas um dia de férias.

No caso dos fins de semana prolongados, ou seja, em que o feriado é à sexta ou à segunda, haverá apenas três, sendo que 2021 trará ainda uns quantos feriados que apesar de o serem não terão grande impacto na vida de muitos portugueses: já calham no fim de semana.

Veja o calendário:

Possibilidade de pontes:

  • Entre 13 de fevereiro (sábado) e 16 de fevereiro (terça-feira, Carnaval)
  • Entre 3 de junho (quinta-feira, feriado do Corpo de Deus) e 6 de junho (domingo)
  • Entre 10 de junho (quinta-feira, Dia de Portugal) e 13 de junho (domingo, Dia de Santo António e feriado municipal em Lisboa)
  • Entre 24 de junho (quinta-feira, Dia de S. João e feriado municipal no Porto) e 27 de junho (domingo)
  • Entre 2 de outubro (sábado) e 5 de outubro (terça-feira, Dia da Implantação da República)

Fins de semana prolongados:

  • Entre 1 de janeiro (sexta-feira, Ano Novo) e 3 de janeiro (domingo)
  • Entre 2 de abril (sexta-feira santa) e 4 de abril (domingo de Páscoa)
  • Entre 30 de outubro (sábado) e 1 de novembro (segunda-feira, dia de todos os santos)

Outros feriados e efemérides:

  • 14 de fevereiro, dia dos Namorados – domingo
  • 25 de abril, dia da Liberdade – domingo
  • 1 de maio, dia do trabalhador – sábado
  • 15 de agosto, Assunção de Nossa Senhora – domingo
  • 1 de dezembro, restauração da Independência – quarta-feira
  • 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição – quarta-feira
  • 25 de dezembro, Natal – sábado

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PIB só pode cair até 3,4% no quarto trimestre para não comprometer meta do Governo

A economia portuguesa pode cair até 3,4% no quarto trimestre face ao terceiro trimestre e, ainda assim, a meta do Governo de uma queda anual de 8,5% será cumprida.

Após uma queda histórica no segundo trimestre, a economia portuguesa recuperou significativamente no terceiro trimestre, superando até as previsões. Contudo, a segunda vaga de infeções no outono levou a um confinamento parcial que terá impacto na economia, interrompendo a recuperação. Com os economistas a antecipar uma quebra em cadeia, a questão impõe-se: até quanto pode cair o PIB no quarto trimestre sem comprometer a meta anual do Governo?

Os cálculos do ECO com base nos dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para uma contração máxima de 3,4% em cadeia (face ao terceiro trimestre) e de 9,5% em termos homólogos. Uma queda do PIB superior a esta dimensão significa que não será alcançada a previsão de uma queda anual do PIB de 8,5% que o Ministério das Finanças inscreveu no Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021). Nos três trimestres já decorridos, o PIB acumula uma queda de 8,2% em termos homólogos.

A perspetiva é que a recuperação da economia seja interrompida no quarto trimestre, mas a dúvida que se coloca é se Portugal consegue passar por um novo período de estado de emergência, ainda que light“muito limitado e preventivo” nas palavras do Presidente da República –, sem repetir a contração histórica do segundo trimestre de 16,4%, em termos homólogos, e de 13,9% em cadeia. No terceiro trimestre, a economia cresceu 13,3% em cadeia, mas continua 5,7% aquém do PIB do terceiro trimestre de 2019.

Segundo os economistas do BPI, a previsão é que a economia vá contrair 2,6% em cadeia no quarto trimestre, o que permitirá encerrar o ano com uma queda de 8,3%. “Admitindo que o grau de confinamento não se agrava até ao final do ano, antecipamos que o PIB contraia 2,6% no quarto trimestre e que a contração da economia se fique pelos 8,3% em 2020 (antes esperávamos uma queda de 10%)”, escreveu o banco numa nota divulgada esta segunda-feira.

Também os economistas do ISEG antecipam uma contração nesta parte final do ano, mas sem chegar aos valores do segundo trimestre. “O agravamento geral da crise sanitária ao longo do mês, e as ações desencadeadas para a controlar, torna provável que a atividade económica venha a decrescer face ao trimestre anterior, ainda que numa dimensão bastante mais moderada do que a registada no segundo trimestre“, escreveram no início do mês, admitindo uma queda do PIB até 5% em cadeia para que a variação anual fosse de -9%.

O Grupo de Análise Económica do ISEG argumentava que, “em princípio, este retrocesso do crescimento será comparativamente pequeno” porque “a maior parte das medidas que estão indicadas para combater a epidemia nos diversos países não afetam diretamente a atividade económica (com a exceção de alguns setores dos serviços)”. Ainda assim, admitiam que era “inevitável” que o consumo privado e o investimento “se venha a ressentir e o PIB a cair” por causa da “situação e ambiente criado”.

Tanto em Portugal como na Zona Euro os indicadores económicos já registaram quedas em novembro — as compras com cartão baixaram, assim como o sentimento económico e as expectativas de emprego –, mas os dados ainda não permitem estimar a dimensão da queda. O primeiro valor oficial do PIB do quarto trimestre deverá ser divulgado a 2 de fevereiro do próximo ano pelo Instituto Nacional de Estatística.

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Marcelo diz se é candidato após intervenção sobre estado de emergência

O Presidente da República indicou estar a ser alvo de "várias pressões" para anunciar se é ou não candidato a um novo mandato. Anunciará a decisão após uma intervenção sobre o estado de emergência.

Marcelo Rebelo de Sousa está à espera de uma intervenção no quadro do estado de emergência para, depois, decidir e comunicar se é ou não candidato a um novo mandato. O Presidente da República tem discurso marcado sobre a renovação do estado de emergência para esta sexta-feira.

Questionado sobre quando anuncia uma eventual recandidatura, no final das cerimónias do 1 de dezembro, o chefe de Estado disse: “Tenho recebido várias pressões, de diversa natureza, e nas últimas semanas, mesmo quem recolha assinaturas e envie cartas. Mas a decisão é minha”, começou por dizer.

De seguida, acrescentou: “A decisão obedece a um objetivo: é esperar por um momento em que ainda devo intervir como Presidente da República no quadro do estado de emergência. Só depois disso é que sinto que devo tomar a decisão e comunicá-la aos portugueses”, reiterou.

O Presidente da República já marcou eleições Presidenciais para 24 de janeiro de 2021, especulando-se que se prepare para anunciar a recandidatura a Belém.

Transferência do SURE é “quota-parte do que contribuímos” para a UE

No dia em que se assinala a Restauração da Independência, o Presidente da República foi ainda confrontado com a transferência de uma primeira tranche do programa SURE, no valor de 3.000 milhões de euros, concluída esta terça-feira.

“Estes 3.000 milhões de euros são uma quota-parte daquilo que contribuímos para a União. Quando se pertence a uma União, dá-se e recebe-se. É uma primeira parcela, que todos os países receberam”, explicou.

“Ao longo dos anos, contribuímos. É justo que, num momento difícil, [Bruxelas] retribua o que os países deram”, concluiu.

O programa SURE serve para apoiar as empresas e o emprego nos Estados-membros da UE. A verba total é de 5.900 milhões de euros, que serão transferidos para Portugal em várias tranches.

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OCDE melhora previsão para Portugal e vê PIB cair 8,4% este ano

A OCDE está mais otimista em relação à previsão para 2020, mas mostra mais pessimismo com a recuperação em 2021 e 2022. Além disso, prevê uma subida da taxa de desemprego no próximo ano.

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) melhorou a previsão para a economia portuguesa esta terça-feira no novo Economic Outlook. A instituição prevê uma quebra anual do PIB de 8,4% em 2020, melhor do que a queda de 9,4% que previa em junho e ligeiramente melhor do que a previsão do Governo (-8,5%).

Apesar da melhoria da previsão para 2020, nem tudo são boas notícias para Portugal. A queda do PIB em 2020 até pode ser menor, mas a recuperação será muito mais lenta do que a prevista pelo Governo, de acordo com as previsões da OCDE que apontam para um crescimento de 1,7% em 2021, significativamente abaixo do crescimento de 5,4% previsto pelo Governo.

A Organização explica que a recuperação em 2021 virá principalmente da retoma do consumo que esteve deprimido durante este ano. Só mais tarde é que poderá haver uma “recuperação ampla” com a retoma dos setores mais afetados pela crise pandémica como é o caso do turismo e do alojamento, “assumindo que a situação sanitária melhora com o desenvolvimento de uma vacina eficaz”.

O PIB continuará de qualquer das formas abaixo do nível pré-crise no final de 2022 “devido aos efeitos duradouros da pandemia no potencial produtivo da economia”, explica a OCDE, assinalando que a “elevada incerteza” e a “elevada percentagem do turismo no PIB” vão condicionar o ritmo da retoma até que uma vacina eficaz seja distribuída. A expectativa da OCDE é que o investimento empresarial recupere principalmente por causa das taxas de juro historicamente baixas e do impulso dos fundos europeus.

Este é um cenário mais negativo do que as previsões atuais, mas a Organização alerta para uma recuperação ainda mais lenta caso o turismo e os parceiros comerciais não recuperem tanto quanto o esperado. “O crescimento fraco pode também ampliar os efeitos secundários no setor financeiro através de um aumento significativo do crédito malparado nos setores mais afetados”, avisa a OCDE, assinalando também o “peso adicional” no Estado que virá a suportar com as responsabilidades contingentes que ficam das garantias dadas para linhas de crédito Covid-19.

Por outro lado, o cenário pode até ser melhor do que o esperado se houver uma contenção “eficaz e antecipada” da pandemia, o que aumentaria a confiança. Em conjunto com uma “absorção rápida dos fundos da UE” — cujo acordo final ainda foi for firmado no Conselho Europeu –, tal levaria a um desempenho da economia mais forte do que o estimado atualmente.

Taxa de desemprego deverá subir em 2021

A previsão da OCDE é que a taxa de desemprego continue a subir em 2021 para os 9,5% — o que vai contra as previsões das restantes instituições — e que continue acima do nível pré-crise em 2022. Para contrariar esta tendência a OCDE recomenda a aposta nos programas de aprendizagem ao longo da vida e o reforço da aprendizagem no contexto do local de trabalho, o que “facilitará a realocação dos trabalhadores na economia”.

A Organização assume mesmo que os trabalhadores do turismo terão de “mudar” para setores que tenham “melhores oportunidades”. Por isso mesmo recomenda que os serviços públicos de emprego (IEFP/Centro de Emprego) devem ser “reforçados” para conseguirem lidar com um “provável aumento” do número de pessoas à procura de emprego, as quais terão de ser direcionadas para “novas profissões, setores ou regiões”.

Um dos avisos deixados pela OCDE é exatamente sobre a recuperação “desigual” entre os vários setores. Por um lado, tal como mostram os dados do PIB do Instituto Nacional de Estatística (INE), o setor da construção não foi praticamente afetado pelas restrições enquanto a retoma do setor do turismo mantém-se “incompleta”.

Já as vendas no retalho e os pagamentos com cartões recuperaram rapidamente. Na ótica das empresas, a OCDE recomenda que Portugal promova instrumentos de mercado que não passem pela dívida, tal como injeções de capital, para ajudar empresas que estejam sobre-endividadas mas que sejam viáveis.

Ao mesmo tempo, “deve evitar ajudar as empresas não viáveis” de forma a garantir que há uma “progressiva reestruturação” da economia portuguesa. Para agilizar este processo a Organização recomenda um sistema “rápido” de resolução de disputas e uma maior eficiência do sistema judicial.

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OCDE prevê défice de 6,3% em 2021 e dívida pública não baixa

Ao contrário do que prevê o Governo, a OCDE antecipa uma pequena melhoria no défice no próximo ano e prevê um novo agravamento da dívida pública, a qual só desce (e pouco) em 2022.

Apesar de ter melhorado a previsão para 2020, a OCDE está pessimista quanto à capacidade de recuperação da economia portuguesa e o mesmo se aplica às contas públicas. A Organização prevê esta segunda-feira na atualização do Economic Outlook que o défice desça apenas um ponto percentual de 7,3% em 2020 para 6,3% em 2021 enquanto o Governo prevê uma descida para 4,3%.

Quanto à dívida pública, o rácio deve alcançar os 136,1% do PIB este ano e, ao contrário das previsões de outras instituições, voltar a subir em 2021 para os 139,7%. Só em 2022 é que baixa e apenas para os 138,8%.

Estas previsões contrastam bastante com as do Governo. O Executivo prevê um défice de 4,3% do PIB em 2021, ainda que o ministro das Finanças, João Leão, já tenha admitido que com as alterações feitas na especialidade o número deverá aproximar-se dos 5%. Ainda assim, fica longe dos 6,3% estimados pela OCDE.

Em 2022 ocorre a mesma diferença. A OCDE prevê um défice (-4,9%) superior a 3% — o limite definido pelas regras europeias aceites pelos Estados-membros — enquanto o Ministério das Finanças antecipa que o saldo orçamental fique dentro desse limite.

Na dívida pública a divergência é ainda mais expressiva com a Organização e o Governo a apontarem para trajetórias completamente diferentes. A OCDE vê o endividamento público a subir tanto em 2020 como em 2021, baixando apenas marginalmente em 2022. Já o Governo antecipa uma redução para 130,9% do PIB já no próximo ano, mantendo-se a trajetória de redução da dívida nos anos seguintes.

Ajuda deve manter-se até recuperação ser robusta

A Organização considera que o apoio orçamental neste momento é “significativo” tanto na ajuda aos trabalhadores como no reforço do setor da saúde. O aviso é que este terá de continuar.

A recomendação da OCDE para a política orçamental é que Portugal deve manter os apoios até que a retoma seja evidente: “Para evitar o descarrilamento da recuperação, o regresso à prudência orçamental deve acontecer apenas depois de a recuperação plenamente encaminhada“.

A ajudar esta tarefa está e estará a política monetária expansionista do Banco Central Europeu (BCE) e o fundo de recuperação europeu (Próxima Geração UE), o qual deverá financiar despesa pública até 13,2 mil milhões de euros, o equivalente a 3,8% do PIB, nos próximos anos.

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Bolsas europeias em alta. Galp sobe 2% e impulsiona Lisboa

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2020

As bolsas europeias estão a valorizar, com os investidores otimistas quanto às vacinas contra a Covid-19. A bolsa de Lisboa também valoriza, impulsionada pela Galp.

A bolsa de Lisboa seguia esta terça-feira em terreno positivo, mantendo a tendência da abertura e a das principais congéneres europeias, com as ações da EDP e EDP Renováveis a pressionarem as negociações. Na segunda-feira, o índice de referência, o PSI20, encerrou em queda, a baixar 1,01%, para 4.604,72 pontos, tendo a Mota-Engil registado uma descida de 15,15%.

Pelas 9h17, o PSI20 seguia a avançar 0,07%, para 4.606,53 pontos, com oito ações em alta, seis em queda e três inalteradas. A Ibersol e a Altri eram as ações que mais subiam, com ganhos de 3,59% e 3,33%, para 5,20 euros e 4,66 euros, respetivamente.

A Galp Energia avançava também 1,99%, para 9,22 euros, e o BCP subia 1,43%, para 0,12 euros.

Do lado das perdas, a EDP Renováveis e a Mota-Engil eram as ações que mais perdiam, com descidas de 2,59% e 0,82%, para 17,30 euros e 1,44 euros, respetivamente.

A Jerónimo Martins e a EDP seguiam também em baixa de 0,66% e 0,29%, para 14,27 euros e 4,45 euros, respetivamente.

Os presidentes executivos da EDP e da EDP Renováveis, António Mexia e Manso Neto, ambos suspensos de funções, manifestaram-se indisponíveis na segunda-feira para voltar a integrar os órgãos sociais do grupo num novo mandato.

As bolsas europeias arrancaram o mês de dezembro em alta, animadas pelos avanços das vacinas contra a Covid-19 e a divulgação de dados económicos positivos na China.

Os investidores estão esperançosos nas vacinas contra a Covid-19, depois de a norte-americana Moderna ter anunciado na segunda-feira que vai avançar com os pedidos de autorização para a sua comercialização nos EUA e Europa.

A somar, a China divulgou esta terça-feira que a sua atividade industrial melhorou em novembro, atingindo a maior subida desde novembro de 2010, segundo o índice de compras PMI do setor industrial.

Na Ásia, os principais mercados também abriram o mês de dezembro em alta, com a bolsa de Tóquio a subir 1,34%, enquanto Xangai subiu 1,77% e Hong Kong 0,75%.

Os futuros sobre os principais índices de Wall Street também apontam para uma sessão de ganhos, o que também está a animar a Europa.

Os investidores aguardam pela publicação das previsões económicas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), mas também por novos dados sobre o setor industrial na Europa e nos EUA.

Também se espera que o presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, seja ouvido no Congresso.

No mercado de matérias-primas, o preço do crude Brent, de referência na Europa, seguia em baixa com perdas de 0,38%, para os 47,71 dólares, à espera que a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os seus aliados (OPEP+) se reúnam na quinta-feira para decidir se mantêm a partir de janeiro os cortes à produção de petróleo devido ao agravamento da pandemia.

O euro estava a valorizar 0,34% para 1,1968 dólares, a beneficiar também da melhoria da confiança quanto à chegada ao mercado de vacinas contra o novo coronavírus.

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Morreu Eduardo Lourenço, ensaísta e conselheiro de Estado. Primeiro-ministro marca dia de luto nacional

  • Lusa e ECO
  • 1 Dezembro 2020

O ensaísta Eduardo Lourenço, de 97 anos, morreu esta terça-feira em Lisboa. O primeiro-ministro marcou para esta quarta-feira um dia de luto nacional.

O ensaísta Eduardo Lourenço, de 97 anos, morreu esta terça-feira em Lisboa. Era conselheiro de Estado e considerado um dos grandes pensadores portugueses, assim como o maior ensaísta português do século XX. Nasceu em Almeida, na Beira Baixa, a 23 de maio de 1923.

A RTP recorda que Eduardo Lourenço era também professor, filósofo, escritor, crítico literário e interventor cívico, tendo sido várias vezes galardoado e distinguido.

“Eduardo Lourenço foi, desde o início da segunda metade do século passado, o nosso mais importante ensaísta e crítico, o nosso mais destacado intelectual público.” É assim que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, começa por reagir à notícia da morte de Eduardo Lourenço.

“Tendo vivido durante décadas em França, e sendo estruturalmente francófilo, poucos foram os ‘estrangeirados’ tão obsessivos na sua relação com os temas portugueses, com a cultura, identidade e mitologias portuguesas, com todos os seus bloqueios, mudanças e impasses”, continuou o chefe de Estado, numa extensa nota publicada no site da Presidência.

O Presidente da República, que no final das cerimónias do 1 de dezembro assinalou que Eduardo Lourenço representou “um século de serviço à pátria”, acrescentou ainda que “ninguém entre nós pensou a Europa e Portugal em conjunto, sem excecionalismos nem deslumbramentos, numa linha de fidelidade ao humanismo crítico de um dos seus mestres, Montaigne”.

“Vencedor de diversos prémios, incluindo o Pessoa e o Camões, distinguido por quatro vezes com ordens nacionais, e também reconhecido no estrangeiro, o Prof. Eduardo Lourenço deu-me a honra de integrar o Conselho de Estado”, disse o chefe de Estado, que termina com as “sentidas condolências” à família “pela perda deste amigo, deste sábio, desta figura essencial do Portugal que vivemos”.

“É um momento de grande tristeza. Amanhã será dia de luto nacional. É com grande saudade que nos deixa e é um grande convite também para conhecer a sua obra”, anunciou, por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa.

(Notícia atualizada pela última vez às 10h44)

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Horta Osório vai ser chairman do Credit Suisse

Após 10 anos à frente do Lloyds, o português vai ser chairman de um dos maiores bancos do mundo, o Credit Suisse. É o primeiro banqueiro não suíço a sentar-se nessa cadeira.

Money Conference/EY - 22NOV19

Foi no passado mês julho que António Horta Osório, 56 anos, anunciou que iria deixar a liderança do Lloyds Banking Group, completando um ciclo de 10 anos de liderança à frente daquele que é o maior banco comercial e de retalho do Reino Unido.

Bastaram cinco meses para que o banqueiro português com mais currículo abraçasse um novo desafio profissional: na assembleia geral de 30 de abril, os acionistas do Credit Suisse vão eleger Horta Osório para o cargo de chairman da instituição helvética, conseguindo a proeza de ser o primeiro banqueiro não suíço a ocupar essa cadeira.

A informação consta de um comunicado do Credito Suisse enviado às redações no qual Horta Osório afirma estar “muito satisfeito por ser proposto para Presidente do Conselho de Administração do Grupo Credit Suisse”.

“Estou muito motivado para continuar a desenvolver os muitos pontos fortes do grupo, em estreita colaboração com o Conselho de Administração e a equipa de gestão. Este é um momento de grandes oportunidades para o Grupo Credit Suisse, para os seus colaboradores, clientes e acionistas”, considera o banqueiro português que nos últimos 10 anos esteve à frente dos destinos do Lloyds Banking Group.

Horta Osório vai continuar nos próximos cinco meses no Lloyds para concluir a implementação do plano estratégico apresentado em 2018. Foi em março de 2011 que o Governo inglês e o então ministro das Finanças George Osborne convidaram Horta Osório para liderar o Lloyds, numa altura em que o Lloyds comprou o HBOS e em que o Estado britânico acabou por ficar acionista da instituição com 39% do capital.

António Horta Osório conseguiu dar a volta à situação difícil do banco que, em 2017, regressou a mãos privadas, tendo o Estado britânico saído do capital com lucros.

Horta Osório vai agora rumar ao banco sediado em Zurique, depois de uma carreira em cargos de chefia em grandes bancos mundiais.

No comunicado enviado às redações, o Credit Suisse recorda as passagens pelo Citigroup em Portugal, pela Goldman Sachs em Londres e Nova Iorque e ainda os muitos anos de carreira no grupo Santander, tendo sido entre 2000 e 2006 CEO do Banco Santander Totta. Ainda no grupo da família Botín, Horta Osório foi vice-presidente do Banco Santander em Espanha e CEO do Santander UK/Abbey.

No Credit Suisse, Osório vai ocupar o lugar do banqueiro suíço Urs Rohner que chegou ao limite permitido pelos estatutos de renovação de mandatos (12 anos). Nesta dança de cadeira, ficou a saber-se esta segunda-feira que para o lugar de Horta Osório no Lloyds irá Charlie Nunn, atualmente líder da unidade de banca privada do HSBC.

Em Portugal, o banqueiro desempenha funções não executivas na Fundação Champalimaud e na Sociedade Francisco Manuel dos Santos. Na semana passada, numa conferência organizada pelo Dinheiro Vivo e pela TSF, António Horta Osório saiu em defesa de apoios públicos para debelar a crise, mas com um caráter temporário.

“É importante que os apoios corretos à economia e os próximos apoios sejam o mais possível apoios extraordinários, sejam apoios pontuais. A um efeito extraordinário da Covid deve haver resposta extraordinária”, defendeu o ainda CEO do Lloyds.

“Com tempo e a longo prazo”, o Governo deve preocupar-se com a correção das contas públicas e voltar à trajetória de descida da dívida. Algo que será agora mais facilitado pelo facto de Portugal estar a observar taxas de juro perto de zero.

Após 28 anos a desempenhar funções executivas como CEO, primeiro no Santander e depois no Lloyds, Horta Osório será, a partir de maio, chairman do Credit Suisse onde terá funções não executivas, em full time.

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Cuidados de saúde oral da Santa Casa chegaram a 7 mil crianças

  • ECO
  • 1 Dezembro 2020

Cuidados de saúde oral para todos. Essa é a missão do SOL, o serviço de saúde oral da capital, uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que completou um ano e chegou a 7 mil crianças.

Em agosto, ainda mal recuperados dos efeitos do confinamento a que a pandemia nos obrigou, o SOL (Saúde Oral em Lisboa) completou um ano de vida e de missão: acesso gratuito e universal a cuidados orais a todas as crianças até aos 18 anos que residam ou estudem no concelho de Lisboa, independentemente da folha de IRS de pais ou cuidadores.

Ao todo, pelo número 219 da avenida Almirante Reis já passaram 7 mil crianças e realizaram-se 22 mil consultas (16 mil das quais até agosto), segundo as contas do médico dentista André Brandão Almeida, que lidera este projeto da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Nunca duvidou que o projeto teria “a adesão das pessoas, mas foi muito mais…”.

Temos um ingresso de 250 novas crianças todos os meses”, estima o diretor clínico do SOL. As fichas de utente mostram “o carácter multicultural da cidade”, nota. Já atenderam meninos de 31 nacionalidades – do Cazaquistão a Angola, de Itália à China.

Estão a retomar a atividade onde a deixaram, remarcando as dezenas de consultas que entre 16 de março e 16 de junho, o SOL, como outras serviços e atividades, foram obrigados a cancelar. “Reabrimos quando a equipa estava toda rotinada”, diz ao ECO. E regressaram com mais cuidados que nunca.

Uma das maiores preocupações foram os equipamentos de proteção individual (EPI), fundamental para quem está na linha da frente dos cuidados de saúde oral como os cerca de 30 profissionais de saúdes – dentistas, higienistas, auxiliares, que trabalham no SOL. “Há estudos que referem que a contaminação entre profissionais de saúde acontece na retirada do equipamento”, diz André Brandão de Almeida. Relembra, aliás, que “no início também foi isso que nos atirou para o encerramento absoluto”. Por essa altura, março de 2020, ainda muito se desconhecia sobre a covid-19. Apesar de, como salienta, “trabalhar numa área que sempre teve preocupações de segurança”.

A grande mudança no SOL, além dos equipamentos de proteção individual, é o intervalo entre consultas. Antes era de 30 minutos, agora é uma hora. Por isso, defende, o número de crianças seguidas pelo SOL poderia ser superior aos 7 mil, algumas das quais com dez ou mais consultas realizadas.

Retomar onde o confinamento interrompeu

Estão a remarcar todas as consultas que ficaram para trás. Contam com as videoconsultas para ultrapassar atrasos. “Temos um esquema para debelar isso – telemedicina – para podemos ir acompanhando os utentes”, conta. “Como é só de crianças, há uma grande componente de medicina preventiva e de aconselhamento”, explica.

No SOL, o grupo foca-se em três áreas: prevenção, manutenção e tratamento.

No primeiro, o segredo está no ensino e envolvimento da família na higiene oral. Uma primeira consulta procura perceber a história clínica da criança – as doenças, a medicação, se foi operada, sujeita a internamento, etc. – e a desfazer mitos. Explicam-lhes, por exemplo, que “devem lavar os dentes antes de dormir e de manhã e antes do pequeno-almoço”. Ao contrário da crença popular, não é necessário escovar depois de todas as refeições. Alguns alimentos possuem ácidos que uma escovagem espalha”, diz André Brandão de Almeida. O outro mito é passar a boca por água depois de lavar os dentes. “Só se deve retirar o excesso e depois deixar atuar o flúor”.

As crianças podem ser tão bebés como seis meses. A consulta é mais para os adultos do que para eles. “Para que pais e cuidadores percebam um conjunto de informações e recebam dicas. Se é normal chuchar no dedo, qual é a quantidade de pasta que deve usar? com flúor ou sem? Volta com dois anos e, se tudo correr como previsto, está criada “uma rotina que permite chegar à idade adulta com uma saúde de ferro”.

Saúde oral e saúde em geral

O médico dentista lembra a reflexão, de anos, sobre “a relação entre saúde oral e medicina geral” e “o impacto da saúde oral no indivíduo na família e na sociedade”. Sem boa saúde oral, “ficam comprometidas funções básicas – comer, sorrir, respirar…

As doenças orais têm efeitos que podem ir do absentismo escolar da criança para tratar uma infeção que lhe provoca dores lancinantes, má mastigação e má nutrição ou o recorrente adiamento de uma cirurgia, pois uma cárie pode provocar complicações no pós-operatório.

Nas crianças, diz, “inibe-as de sorrir e de socializar”. Mais: “Há estudos que dizem que uma criança aos 3 anos afetada por lesões de cárie pode ter menos de um quilo de peso”, refere André Brandão de Almeida. “Se forem precocemente recuperados, evitam-se problemas”, defende.

Resposta universal e “excelência de serviço”

A universalidade da oferta – o SOL é para todos os meninos de Lisboa dos 0 aos 17 anos e 365 dias, desde que residam ou estudem em Lisboa e qualquer que seja a folha de IRS dos pais – “foi uma das pedras de toque da formação do SOL”, refere André Brandão de Almeida. Uma das primeiras perguntas que se fizeram foi se este serviço ia “ser como os restantes serviços ou mais além?”

A resposta está à vista: a prioridade é chegar a todos tal como acontece no Serviço Nacional de Saúde (SNS), que desde 2015, isenta todas as crianças de taxas moderadoras na saúde oral. “Não interessa se os pais têm posses, o que interessa é a criança, se tem problemas de saúde oral que precisam de ser resolvidos, não interessa quem é, se é rico ou pobre. O acesso é universal”.

Muitas pessoas pensam que só podem receber este apoio se tiverem algum apoio”, mas não é assim. “Entregam cartão de cidadão, com a residência e idade tem acesso direto”, esclarece.

Ainda assim, “o nosso público maioritário é aquele que nunca foi ao dentista, aquelas crianças que dificilmente poderiam ir a uma consulta privada, há muitas crianças já com muitos problemas não só dentários”, nota. Para esses, o SOL, tem também um serviço de ortodôncia. “Tinha de ser diferente e alargado porque só assim se consegue chegar a todos”.

Outro pilar do serviço era a “excelência do serviço”, diz André Brandão de Almeida. “Quando equipámos o centro dissemos que nãos nos íamos limitar aos equipamentos tradicionais”, conta.

Um desses instrumentos é o microscópio cirúrgico que permite “uma taxa maior de longevidade no tratamento”. E, para os casos mais complexos, têm sedação consciente, uma opção para quem não aguenta mesmo os tratamentos. “Há poucas clínicas a oferecer este tratamento”. Outro dos equipamentos pouco habituais ainda é o scanner que permite fazer um molde sem pasta e com maior precisão

Um centro de referência e multidisciplinar

André Brandão de Almeida esteve envolvido no projeto desde o primeiro dia, mas atribui a paternidade do SOL ao provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho. “Tem de existir vontade política”, afirma. Foi o que aconteceu desta vez – mais do que dizer que eram precisos cuidados de saúde oral, era preciso destinar um orçamento para esses cuidados.

André Brandão de Almeida, que começou num serviço no bairro da Serafina, em Lisboa, “uma unidade que tem um carácter de prestação serviços ao Bairro da Liberdade”, acabou por ser chamado para a equipa que criou o SOL desde o primeiro minuto. Estudaram a resposta que já existia e pensaram o que podiam oferecer de novo – funcionamento, regulamentos.

Tive sempre propensão sobre este serviço público. Percebia que era possível, como é que em Portugal não se fazia?”, conta ao ECO. Ambiciona continuar a crescer: “Se queremos ser um centro de referência, não pode ser assistencial, temos de ser multidisciplinar, nutrição, terapeuta da fala, psicólogo, em que esses profissionais nos podem ajudar”.

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