Santa Casa premeia investigação científica portuguesa
Uma nova terapia para regeneração da medula espinhal e dois projetos relacionados com a doença de Parkinson vencem prémios destinados a promover a investigação científica em Portugal.
Maria Leonor Tavares Saúde é a vencedora de 2020 do prémio Melo e Castro, no valor de 200 mil euros, atribuído pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) a projetos que potenciem a recuperação e tratamento de lesões vertebro-medulares.
A cientista desenvolveu o projeto “Células senescentes e o seu fenótipo secretor: novos alvos na reparação da medula espinhal”, que se propõe a contribuir para o desenvolvimento de uma nova terapia para regeneração em mamíferos.
“O que queremos fazer é estudar muito bem este programa das células senescentes e saber se há algum benefício em eliminar estas células e se traz alguma melhoria na recuperação da medula espinhal”, afirmou Leonor Saúde sobre o trabalho que está a desenvolver. “Para nós é um orgulho muito grande e também uma grande responsabilidade”, disse a investigadora, agradecendo à equipa com quem trabalha. “Este prémio é muito estimulante”.
A Santa Casa foi pioneira na área da recuperação de lesões na medula quando, em 1966, abriu o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. O prémio foi implementado para promover a descoberta de soluções para a reabilitação de pessoas que sofrem destas patologias, reduzindo, de forma significativa, as limitações motoras e fisiológicas que lhes estão associadas.
Prémio para investigação da doença de Parkinson
Dentro nas Neurociências, e também com um valor de 200 mil euros, o prémio Mantero Belard foi atribuído a Noam Shemesh, investigador na Fundação Champalimaud, com o projeto “Da expressão genética à função das redes neuronais: estabelecendo a ponte na doença de Parkinson”, que visa ter valor clínico para o diagnóstico e caracterização da doença de Parkinson em fases iniciais, rastrear a progressão da doença ao longo do tempo e monitorizar o sucesso de novas terapias.
“Trazemos connosco as ferramentas e conhecimento, mas não temos maneira de facilitar o projeto e isso é o faz a Santa Casa, é muito importante para mim, para o meu laboratório e para a fundação”, considerou Noam Shemesh sobre o prémio.
Esta bolsa “tem como objetivo reconhecer e dinamizar a investigação científica ou clínica desenvolvida no âmbito das doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer, possibilitando o surgimento de novas estratégias no tratamento e restabelecimento das funções neurológicas”.
E ainda o prémio Lobo Antunes
O Prémio João Lobo Antunes foi atribuído em 2020 a João Luís Oliveira Durães. O projeto deste médico destina-se a avaliar doentes com a Doença de Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum, submetidos a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) que desenvolvem problemas de marcha incluindo freezing (FOG).
Esta bolsa, no valor de 40 mil euros, destina-se a licenciados em medicina em regime de internato médico, visa estimular a cultura científica e a investigação clínica na área das neurociências, sem esquecer o princípio de João Lobo Antunes relativo à humanização do ato médico – “os seus pacientes e as suas histórias”.
João Durães considera este prémio “essencial” para o avançar da ciência em Portugal. “Permite estimular a investigação clínica e laboratorial, aproximando a comunidade científica da comunidade em geral”.
Os três prémios são entregues desde 2013 e procuram promover a investigação científica e médica de excelência, através da criação de uma das maiores bolsas para projetos em Neurociências desenvolvidos em Portugal. Representam um investimento anual de 400 mil euros na área das biociências, nomeadamente a neurologia, a neuropatologia, a bioquímica, a biologia molecular, a genética molecular, a química, a farmacologia, a imunologia, a fisiologia, e a biologia celular, entre outras.
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