O dia em direto nos mercados e na economia – 17 de maio

  • ECO
  • 17 Maio 2024

Ao longo desta sexta-feira, 17 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A quarta expedição dermatológica do ISDIN a Moçambique realiza cerca de 150 cirurgias de cancro da pele em pessoas com albinismo

  • Servimedia
  • 17 Maio 2024

O laboratório, em colaboração com a Fundação Africa Direct, enviou 13 dermatologistas voluntários de 10 nacionalidades a Moçambique para ajudar as pessoas com albinismo.

Um total de 13 médicos dermatologistas de 10 nacionalidades deslocaram-se a Moçambique para lutar contra o cancro da pele nas pessoas com albinismo. A quarta expedição organizada pelo ISDIN, um laboratório líder em fotoproteção e dermatologia, e pela Fundação Africa Direto, tratou cerca de mil pacientes e realizou 146 cirurgias a lesões pré-cancerosas e cancros da pele, o que representa um aumento de 50% em relação à última expedição, em outubro do ano passado.

“Penso que é muito gratificante para qualquer pessoa, e sobretudo para mim como médico, saber que estamos efetivamente a salvar vidas, porque não se trata apenas de detetar e educar, mas também de evitar a progressão do tumor que poderia levar a um desfecho fatal”, explica Sebastián Andreani, dermatologista chileno bolseiro do ISDIN.

As pessoas com albinismo em Moçambique têm um risco extremamente elevado de desenvolver cancro da pele, agravado pela elevada radiação solar e pela falta de medidas de proteção, e 98% morrem antes dos 40 anos de idade, a maior parte delas devido a este tipo de cancro. Como explica a Dra. Yvette Rosario, uma dermatologista peruana que também recebeu uma bolsa do ISDIN, “é muito difícil, porque vemos pacientes muito jovens, crianças e até bebés, que já têm lesões pré-cancerosas ou cancros da pele, e é por isso que tentamos fazer a nossa parte para ajudar esta população, de facto, fazemo-lo e participamos sendo agentes de mudança neste trabalho”.

A expedição, que durou dez dias, percorreu diferentes locais como o Hospital Central de Maputo, o Hospital Provincial de Xai-Xai e o Hospital Central da Beira. Para além das cirurgias, os profissionais realizaram exames à pele e tratamentos como a crioterapia, bem como ações de sensibilização junto da população local com albinismo, de forma a consciencializar para os riscos da exposição solar e a importância da fotoproteção.

“Muitas pessoas não sabem que o problema é o sol”, afirma a Dra. Cristina Abellaneda, uma dermatologista espanhola que colaborou no projeto ISDIN. Depois de lidar com pacientes em Moçambique, explica que se deparou com casos de pessoas que “não comem peixe ou marisco porque pensam que é isso que causa o cancro da pele”. Para Abellaneda, dar-lhes informação é fundamental e oferecer-lhes fotoprotetores “vai mudar as suas vidas e, para alguns, salvá-las”.

Desde o início do projeto, em outubro de 2022, 40 dermatologistas de 10 nacionalidades foram enviados para tratar mais de 1500 pacientes e realizaram mais de 427 cirurgias. Estes números têm um impacto muito elevado no país africano, que tem apenas 20 dermatologistas para tratar uma população de mais de 32 milhões de habitantes.

O projeto da ISDIN inclui também a doação anual de mais de 80.000 protetores solares, permitindo que mais de 3.500 pessoas com albinismo tenham acesso a estes produtos que, de outra forma, seriam inacessíveis devido ao seu elevado preço. Assim explica Ubu, que necessita de fotoproteção para si e para o seu filho, uma vez que ambos sofrem de albinismo: “um protetor solar em Naymban, onde vivo, custa em média 1.500 meticais, o que corresponde a dois terços do salário mínimo, e entre comprar protetor solar e arroz, um pai prefere naturalmente comprar arroz”.

ESTIGMA

Para além dos problemas de saúde relacionados com a exposição solar, as pessoas com albinismo sofrem discriminação e graves violações dos direitos humanos, incluindo mutilações e assassinatos. Isto deve-se ao facto de serem vistas pela sociedade como o resultado de maldições ou castigos divinos.

Asha Manshati viveu esta situação em primeira mão quando deu à luz o seu filho com albinismo: “Quando dei à luz, os médicos não me deixaram ver o bebé e disseram-me que o mudariam se eu quisesse. De acordo com Manshati, ela levantou-se e considera o seu filho “uma dádiva de Deus”, mas diz que isto não é comum e que “muitas mães tendem a abandoná-los”.

A difícil situação das pessoas com albinismo em Moçambique faz com que projetos como o do ISDIN e da Fundação África Direto sejam essenciais e que o trabalho dos dermatologistas voluntários mude a vida de milhares de pacientes, bem como a sua própria. Andrés Casassas, um dermatologista chileno que recebeu uma bolsa do ISDIN, diz que quando vê “a alegria e a gratidão dos pacientes, esquece todas as dificuldades” e diz que regressa a casa com um enriquecimento que descreve como “alimento para a alma”.

O seu companheiro de missão, o dermatologista mexicano Diego Pérez Rojas, também considera que “a expedição foi muito enriquecedora e espero que consigamos uma mudança cultural e que a missão da ISDIN e da Africa Direto para todos estes doentes que se encontram na situação mais vulnerável que existe se torne cada vez mais importante”.

O objetivo geral do projeto do ISDIN em Moçambique vai além das expedições e visa estabelecer um programa de formação para os médicos locais, a fim de garantir a sustentabilidade e a continuidade dos cuidados especializados, na esperança de que, no futuro, estas intervenções externas deixem de ser necessárias.

Para além deste projeto, o ISDIN lidera várias iniciativas de combate ao cancro da pele. Um exemplo é que, há quase 30 anos, o laboratório sensibiliza mais de 7 milhões de crianças em cerca de 10.000 escolas sobre os riscos da radiação solar e como se proteger dela. A empresa também criou, em 2022, a International School of Derma (ISD), uma escola para profissionais de dermatologia, que contribui ativamente para o estudo e a divulgação de conhecimentos relacionados com a saúde da pele.

 

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33% das mulheres sentem pressão para alterar a sua aparência devido às imagens que veem nas redes sociais

  • Servimedia
  • 17 Maio 2024

Na sequência desta análise, a Dove decidiu tomar medidas, renovando o seu compromisso e vetando a utilização de IA em qualquer uma das suas campanhas.

33% das mulheres sentem-se pressionadas a alterar a sua aparência devido às imagens que veem nas redes sociais, de acordo com um estudo do 20.º aniversário da Dove para compreender como a beleza afeta as mulheres e as raparigas de hoje.

Há vinte anos, Dove foi uma das marcas pioneiras a mostrar como é a beleza quando é real, com o lançamento do seu primeiro spot em 2004, “Evolution”. Nesta campanha, a marca mostrou como os programas e os retoques fotográficos podem criar padrões de beleza irrealistas, prejudicando assim a autoestima das mulheres.

Em 2004, apenas 2% das mulheres se consideravam bonitas. Assim, Dove entrou em ação, desafiando a sociedade, os meios de comunicação social e a própria indústria da beleza a mudar a sua imagem das mulheres. Durante duas décadas, Dove continuou a reforçar a confiança corporal e a autoestima de milhões de mulheres e raparigas”, afirma a empresa.

Para assinalar os 20 anos do lançamento da Campanha Real Beleza, Dove contactou mais de 33.000 pessoas em 20 países, realizando o maior estudo de sempre de uma marca de beleza para compreender como a beleza afeta as mulheres e as raparigas de hoje. Neste relatório, ‘O Verdadeiro Estado da Beleza’, Dove descobriu que o valor desproporcionado que a sociedade atribui à aparência intensificou a pressão para lutar por um determinado estereótipo de beleza.

Este estudo demonstra que o trabalho iniciado em 2004 está longe de ter terminado, mostrando como é importante que marcas de beleza como Dove nunca parem de expor o impacto prejudicial dos ideais de beleza tóxicos e de defender o poder da verdadeira beleza.

Entre as conclusões deste estudo está o facto de 1 em cada 3 mulheres sentir pressão para alterar a sua aparência devido às imagens que veem nas redes sociais, mesmo quando sabem que são falsas ou geradas por IA. Quase 9 em cada 10 mulheres e raparigas afirmam ter sido expostas a conteúdos de beleza tóxicos em linha, enquanto 2 em cada 5 dariam um ano da sua vida para alcançar o seu corpo e beleza ideais. Ao mesmo tempo, 2 em cada 3 mulheres interiorizam que se espera que sejam fisicamente mais atraentes do que a geração das suas mães.

A Dove efetuou uma análise exaustiva de todos os dados recolhidos no estudo macro e decidiu tomar medidas. “A Dove representa as mulheres como elas são na vida real, nunca recorrendo à contratação de modelos profissionais para as suas campanhas e anúncios, nem distorcendo ou modificando imagens com retoques. Portanto, como a Inteligência Artificial (IA) ameaça a representação da beleza real hoje, a Dove compromete-se ainda a nunca usar IA para representar mulheres reais em seus anúncios, mantendo sua promessa: sempre apresentar mulheres reais como elas são; esforçar-se para representar a diversidade de todas as mulheres; defender a visão de uma mulher sobre sua própria beleza; e promover a confiança corporal e a autoestima “, disse a empresa.

O CÓDIGO

Com este mesmo objetivo claro em mente, a Dove está a lançar a sua mais recente campanha, “The Code”, que irá sensibilizar para a ameaça que a IA representa para a representação da verdadeira beleza. “Pedimos à IA para gerar uma imagem de uma mulher bonita e ela mostrou-nos uma imagem irreal e perfeita; depois fizemos a mesma pergunta, mas acrescentámos ‘de acordo com a beleza real da Dove’ e apareceu a imagem de uma mulher com características naturais e muito mais representativas”, diz Anna Gost, responsável pela Dove em Espanha. “Em 2025, 90% do conteúdo online será gerado por IA e temos de tomar medidas para defender a transparência e a diversidade da verdadeira beleza. Na Dove, conseguimos gerar um impacto que até a IA foi capaz de registar, mas ainda há um longo caminho a percorrer”.

O responsável salienta que a IA está a perpetuar padrões de beleza irrealistas e uma falta de representação através do conteúdo que está a criar. Embora a IA tenha o potencial de encorajar a criatividade e o acesso à beleza, com 1 em cada 4 mulheres (28%) e quase 1 em cada 2 raparigas (41%) a concordarem que a possibilidade de criar diferentes versões de si próprio utilizando a IA é empoderadora, continua a ser necessária uma maior representação e transparência.

Esta campanha mostra a imagem de uma mulher perfeita de acordo com o conceito de beleza da sociedade e, por sua vez, mostra uma imagem de uma mulher bonita com características naturais e diversas de acordo com o conceito de beleza real da Dove.

Embora os problemas de confiança corporal possam afetar toda a gente, as mulheres e as raparigas são o grupo mais afetado pelas pressões sobre a imagem corporal. O foco geral da Dove é este público em particular, razão pela qual esta campanha foi criada como parte do compromisso da marca em abordar questões que afetam a autoconfiança e a autoestima. No entanto, a Dove também incluiu homens e rapazes no estudo macro e também chegou a uma série de conclusões úteis para apoiar ainda mais as questões dos homens através das suas campanhas Dove Men+ Care.

Para ajudar a estabelecer novos padrões digitais de representação, a Dove criou o “The Real Beauty Guide”, um guia gratuito para professores, criadores de conteúdos e qualquer pessoa que utilize inteligência artificial, que mostra como criar imagens nestas plataformas para representar a verdadeira beleza nos programas de IA mais populares.

Desta forma, a marca da empresa Unilever está agora mais empenhada do que nunca em fazer da beleza uma fonte de felicidade para todas as mulheres e raparigas, tomando medidas concretas para a inclusão da beleza e a autoestima positiva para todos e lutando contra os falsos estereótipos, agora cada vez mais fomentados pela IA.

A Dove acrescenta que saúda e aplaude todas as iniciativas e todos aqueles que dão voz à verdadeira beleza e compromete-se a continuar a trabalhar para promover a representação inclusiva e respeitosa das mulheres nas suas campanhas de comunicação. “A marca de beleza acredita firmemente que todos os corpos são iguais, independentemente da sua forma, cor ou características. Dove procura não só sensibilizar para os atuais desafios da indústria da beleza, mas também inspirar mudanças positivas no sentido de uma representação mais inclusiva e autêntica da beleza a todos os níveis.

 

 

 

 

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5 coisas que vão marcar o dia

Os funcionários públicos vão estar em greve e a ministra da Justiça reúne-se com o Sindicato dos Funcionários Judiciais. A Moody’s avalia o "rating" da dívida portuguesa.

Esta sexta-feira os funcionários públicos vão estar em greve e a ministra da Justiça reúne-se com o Sindicato dos Funcionários Judiciais. Já a agência de notação financeira Moody’s avalia o “rating” da dívida portuguesa.

Greve da Função Pública

Esta sexta-feira a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública convoca uma greve nacional de 24 horas para exigir o aumento dos salários em pelo menos 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador. A paralisação deve afetar o normal funcionamento de escolas, repartições de finanças, serviços da Segurança Social ou tribunais. Este protesto inclui uma manifestação e posterior concentração em frente ao Ministério das Finanças pela valorização das carreiras e o reforço dos serviços públicos.

Ministra da Justiça reúne com Sindicato dos Funcionários Judiciais

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, reúne com o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) pelas 10h00, no Ministério da Justiça, em Lisboa. O SFJ reivindica para a classe a inclusão no vencimento do suplemento de recuperação processual com efeitos a 21 de janeiro de 2021, ou seja, o pagamento do valor mensal nas 14 prestações anuais, “decorrente do compromisso assumido pelo Governo de que este suplemento seria integrado na remuneração e que já constou de duas leis de Orçamento do Estado de 2020 e 2021”.

Debate sobre política setorial

Decorre na Assembleia da República o debate sobre política setorial com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz. Para esta sexta-feira também está marcado, em sessão plenária, o debate do relatório da Comissão Parlamentar Especial constituída na sequência da apresentação, pelo grupo parlamentar do Chega, do projeto de deliberação com o objeto “Abertura de processo contra o Presidente da República pelas declarações proferidas a propósito da responsabilidade do Estado português pelo processo histórico da Colonização”.

Novo debate das eleições europeias

João Oliveira (CDU), Catarina Martins (BE), João Cotrim Figueiredo (IL)e Francisco Paupério (Livre) são os protagonistas do debate das eleições europeias desta sexta-feira, pelas 20h30, num debate na TVI.

Moody’s avalia rating da dívida portuguesa

Esta sexta-feira também fica marcada pela avaliação da agência de notação financeira Moody’s à dívida portuguesa. Em novembro de 2023 esta agência subiu o rating em dois níveis de ‘Baa2’ para ‘A3’, com perspetiva estável, numa altura em que o país vivia uma crise política depois de António Costa se ter demitido.

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“Precisamos de aumentos já”. Função Pública em greve esta sexta-feira

No poder há mês e meio, Governo não chamou até agora sindicatos que representam funcionários públicos. "Ausência completa de diálogo", a par de aumentos salariais, levam hoje Função Pública à greve.

Logo que perceberam que a pasta da Função Pública ia ficar sob a alçada do Ministério das Finanças, partilhada pelo Ministério da Presidência, pediram uma “reunião urgente“, mas do Governo, até ao momento, não veio qualquer resposta. A “ausência completa de diálogo” é uma das razões que leva os funcionários públicos esta sexta-feira à greve. Reivindicam, além disso, a valorização das carreiras, a defesa dos serviços públicos e aumentos salariais intercalares, enumera em conversa com o ECO o coordenador da estrutura sindical que convocou este dia de luta, a Frente Comum.

O secretário-geral da Frente Comum, Sebastião Santana, durante a conferência de imprensa para anunciar uma manifestação nacional, em Lisboa.António Cotrim /Lusa 26 Abril, 2022

“Os trabalhadores da Administração Pública estão a perder poder de compra há duas décadas. Precisamos de aumentos já, não é em janeiro de 2025″, sublinha Sebastião Santana.

A Frente Comum defende aumentos salariais intercalares de, pelo menos, 150 euros para todos os funcionários públicos, uma vez que, segundo o referido sindicalista, há neste momento muitos trabalhadores do Estado cujos salários não conseguem fazer face às despesas.

Em janeiro, ainda com o Governo de António Costa no poder, os vencimentos dos funcionários públicos aumentaram 52,63 euros ou 3%, valorizações que foram consideradas insuficientes pela Frente Comum. E em 2023 também já tinham subido, igualmente com críticas por parte desta estrutura sindical: primeiro, em 2% ou 52 euros e, depois, em maio, em mais 1%, com retroativos ao início do ano.

Já esta semana, a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) publicou os números relativos ao primeiro trimestre, que deram conta que o ganho médio dos trabalhadores públicos teve um aumento nominal recorde de 6,6%, ultrapassando, pela primeira vez, a fasquia dos dois mil euros brutos.

Onde é que estão os dois mil euros de cada trabalhador?“, atira, confrontado com estes dados, Sebastião Santana, que insiste que o que tem havido são “pequenas atualizações que nem sequer têm feito face à inflação“. O sindicalista alerta, por isso, que é preciso ler esses números a par dos dados da evolução dos preços para perceber que salário está efetivamente à disposição dos trabalhadores.

Abertura ao privado preocupa

Além de aumentos salariais, a Frente Comum reivindica a defesa e o reforço dos serviços públicos, revelando Sebastião Santana que a abertura do atual Governo aos privados para garantir serviços adequados está a gerar preocupação. “Entendemos que, mais cedo do que mais tarde, essas políticas vão levar a um desmantelamento dos serviços públicos“, avisa o sindicalista.

O Governo de Luís Montenegro tem deixado claro que não tem preconceitos ideológicos com o recurso ao setor privado para assegurar aos portugueses serviços de qualidade. Por exemplo, ainda esta quarta-feira a ministra da Juventude dizia, a respeito a rede de vagas gratuitas nas creches, que é importante que “não haja qualquer tipo de preconceito ideológico que prejudique as crianças“. “Não podemos colocar os preconceitos ideológicos à frente dos interesses das pessoas”, insistiu Margarida Balseiro Lopes.

“Outro exemplo é que a Segurança Social vai ter de competir com o setor privado e mutualista“, assinala Sebastião Santana, criticando essa intenção do Executivo.

Em concreto, no programa do Governo está indicado que, para melhorar a sustentabilidade financeira da Segurança Social, poderá ser ponderada a “melhoria do papel da gestão de ativos, preparando a Segurança Social pública para gerir fundos de capitalização de adesão voluntária, em competição com o setor privado e mutualista“. “É uma aberração que põe em causa a Segurança Social pública e solidária, que temos desde 25 de abril e que queremos reforçar, não desmantelar”, defende Sebastião Santana.

Revogar sistema de avaliação

Outro dos motivos da luta desta sexta-feira prende-se com o sistema de avaliação de desempenho dos trabalhadores da Administração Pública, o SIADAP. O sistema foi revisto recentemente, mas a Frente Comum pede a sua revogação, considerando que, como está, é um obstáculo à progressão na carreira.

Além disso, esta estrutura sindical defende a valorização das várias carreiras do setores públicos, garantindo Sebastião Santana que são várias as “matérias absolutamente urgentes” que a Frente Comum quer discutir com o Governo.

Enquanto isso, os sinais que vêm do Ministério das Finanças são de que haverá menos abertura para negociar do que houve no Governo anterior, admite o sindicalista. “Pelo menos, em relação a questões gerais“, declara.

Em contraste, quanto a questões setoriais — como a recuperação do tempo de serviço “perdido” pelos professores e os suplementos das forças de segurança –, o Governo até tem encetado reuniões, mas a Frente Comum deixa um aviso: “o Governo quer dividir para reinar? A resposta será a luta“.

Ao ECO, Sebastião Santana diz que “o Governo remeteu para o dia de São Nunca à tarde as negociações mais gerais“, mas os trabalhadores “não se deixaram ir nessa conversa“. “Esta sexta-feira a luta é de todos os trabalhadores, incluindo daqueles que estão em negociações, porque os resultados são uma frustração absoluta das expectativas“, salienta, avisando que espera que o Governo perceba a “gravidade do erro” de não estar a negociar com a Frente Comum.

Escolas, tribunais e repartições de finanças em risco de fechar

A greve desta sexta-feira deverá impactar vários setores da Administração Pública, das escolas às repartições de finanças. “Temos avisos prévios na Administração Central. Temos também avisos prévios da parte da Fenprof. É esperado que haja escolas encerradas, serviços de finanças e da Segurança Social, tribunais. Há de haver também perturbações em muitos serviços da administração central e local”, avança o coordenador da Frente Comum.

Já esta manhã, o responsável referiu que a greve dos trabalhadores da administração pública, que teve início às 07h, levou já ao encerramento de várias escolas “de norte a sul do país”, sem avançar com dados mais concretos.

No que diz respeito à Administração Local, os dados disponibilizados pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) permitem perceber, por exemplo, que no município de Lisboa há um aviso prévio de greve que cobre todos os trabalhadores, incluindo os das empresas municipais, intermunicipais, fundações e até das freguesias da capital.

Já no que diz respeito às escolas, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, explicou ao ECO que o fecho de escolas por efeito da greve deverá ser “mais sentido” no primeiro ciclo e no pré-escolar, porque são estabelecimentos onde, tipicamente, há menos funcionários.

Já nas escolas do 5.º ano em diante, onde, regra geral, há vários funcionários e docentes ao serviço, o encerramento dependerá do grau de adesão à greve. “Peço que os pais estejam munidos de um plano b para a eventualidade de as escolas não abrirem”, realça o responsável.

Além da greve, a Frente Comum convocou para esta sexta-feira uma manifestação junto ao Ministério das Finanças, em Lisboa, pelas 15h00.

No Governo anterior, a pasta da Função Pública tinha ficado com a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, mas nesta legislatura regressa à Avenida Infante Dom Henrique, agora ocupada por Joaquim Miranda Sarmento. “Independentemente da tutela, o que é preciso é dar resposta aos trabalhadores, o que não tem acontecido“, deixa claro Sebastião Santana, que antecipa grande adesão à luta que marcada para esta sexta-feira.

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Como quatro irmãos se complementaram para criar um gigante na cortiça

José, António, Américo e Joaquim Amorim assumiram nos anos 1950 as rédeas do negócio da cortiça, criado pelo avô em 1870. Com os quatro irmãos, a Corticeira agigantou-se e tornou-se líder global.

Corticeira Amorim plantou cerca de 200 mil sobreiros em 2023 e prevê plantar mais 250 mil em 2024

Conta com mais de 150 anos de história, mas foi sob a liderança de quatro irmãos da terceira geração da família que a Corticeira Amorim se tornou líder global na indústria de cortiça mundial. Com perfis e características que se complementavam, José, António, Américo e Joaquim Ferreira de Amorim transformaram a empresa iniciada pelo seu avô, António Alves Amorim, em 1870, num caso de sucesso mundial. Com a morte de António, esta semana, desaparece o último dos quatro irmãos que colocaram Portugal no pódio da cortiça.

De geração, em geração, a Corticeira Amorim tem prolongado aquele que é o legado empresarial da família e cuja criação remonta ao século XIX, quando o bisavô do atual líder da empresa, António Rios de Amorim, fundou a primeira fábrica de produção manual de rolhas de cortiça, no Cais de Vila Nova de Gaia. O negócio foi crescendo e a 11 de março de 1922 nascia, já pelas mãos da segunda geração Amorim, a primeira empresa do grupo: a Amorim & Irmãos. Nesta nova fase, a empresa ganha novo dinamismo e nos anos 30, a Amorim & Irmãos tornou-se na maior fábrica de rolhas do Norte de Portugal.

Mas, a grande transformação chegaria em meados do século, quando os quatro irmãos da terceira geração Amorim sobem ao palco. É no ano de 1953 que José, António, Américo e Joaquim Ferreira de Amorim assumem a liderança da empresa. Os quatro filhos homens de Albertina e de Américo Alves Amorim — há ainda quatro irmãs — dão início a um percurso de sucesso, que conduziu a Corticeira Amorim ao pódio mundial da cortiça.

Américo Amorim foi o líder desta geração e o visionário que conduziu a estratégia da empresa. José conhecia a cortiça como ninguém. A António cabia a responsabilidade de gerir a fábrica. O mais novo e mais curioso, Joaquim, era dos quatro o “comercial por excelência”. Saiba como cada um dos quatro irmãos influenciou e contribuiu para a transformação da Corticeira Amorim.

José, o senhor cortiça

José Ferreira Amorim era o irmão mais velho do clã Amorim. Ao mais velho dos oito filhos de Albertina e de Américo Alves Amorim cabia o aprovisionamento da matéria-prima da empresa de cortiça. Pelas palavras de António Ferreira Amorim, num artigo publicado no site da Corticeira Amorim, o irmão mais velho conhecia e sabia mais de cortiça e do montado do que ninguém.

Tal como os irmãos começou a trabalhar desde muito cedo. Os pais incutiam em todos os irmãos o sentido de responsabilidade e a importância do trabalho. José geria como ninguém as herdades de cortiça e, quando começou, aos 18 anos, viajava muitas vezes de madrugada para fazer os melhores negócios.

“Às vezes tinha de esperar dentro do carro que o sol nascesse e só parava quando o sol se punha. Sempre contou isto como se fosse uma coisa absolutamente normal: era assim que conseguia ver 10 ou 11 herdades num dia, enquanto os outros compradores só iam a três ou quatro. Chegava a regressar à pensão [onde viveu entre 1948 e 1958] às 10h da noite, para invariavelmente ouvir: ‘Oh senhor Amorim, já não tenho nada para comer, a hora de jantar acabou’. E lá lhe arranjavam umas sandes”, contou o neto, João Amorim, à revista Sábado, no verão de 2020.

Fazia, em média, 50 mil quilómetros por ano, mais de 130 por dia. Pelas palavras do neto, João, sabia que “orientar as herdades para garantir cortiça” sempre tinha sido aquilo que o avô mais gostara de fazer. Apesar da sua capacidade para garantir a melhor matéria-prima para o negócio da família, José acabaria por abandonar o grupo em 1987. A vontade do irmão, Américo Amorim, de levar a empresa para a bolsa e abrir capital foi o motivo da discórdia que culminou com a saída de José do grupo. A partir de então passou a gerir as suas três herdades – duas em Abrantes, uma em Coruche, o que fez até aos seus 85 anos.

Após a saída de José dos negócios da família, o grupo Amorim começou um período em que entrou em novos negócios, desde a banca, aos seguros, têxteis, pneus, hotéis, ou shoppings.

António garantia o controlo da fábrica

António Ferreira de Amorim

António Ferreira Amorim morreu esta quarta-feira. Deixou à frente da Corticeira Amorim o seu filho, também António (Rios de Amorim). A empresa foi a sua vida e, pelo menos, até aos 92 anos, ainda visitava a fábrica todos os dias — sábados e domingos incluídos. O terceiro dos oito irmãos e o segundo mais velho entre os rapazes começou a trabalhar no grupo da família em 1949, logo depois de fazer a tropa em Tavira, onde fora cabo. Mas já antes, com 14 anos, tinha tido um primeiro contacto com o negócio familiar, enquanto estudou no Colégio S. Luís em Espinho e na Escola Académica do Porto por “sentir curiosidade em saber o que se passava atrás das portas da Amorim & Irmãos”.

Dos quatro irmãos era o mais envolvido na fábrica, o homem de ação e que tratava todos os colaboradores pelo nome. “Gostei sempre de trabalhar na fábrica; gosto do ambiente da fábrica, junto dos trabalhadores fabris”, disse citado por um texto publicado no site da empresa. “Acompanhava todas as cargas e descargas; antigamente, os fardos de cortiça e de aparas eram pesados um a um e tomava-se nota dos pesos. Quem vendia e quem comprava anotava os pesos fardo a fardo e só depois é que eram levados para os armazéns, ou então carregados para exportar por Vila Nova de Gaia, Matosinhos ou por Lisboa.”

Num artigo publicado na Sábado, António Rios de Amorim lembrava que as visitas diárias do pai às fábricas tinham resultados concretos, dando o exemplo da construção do novo armazém de 12 mil metros quadrados — o anterior tinha quatro mil. “A ideia dele foi contestada porque era cara, até que ele disse: ‘Eu vou tratar disso.’ Juntou uma equipa e um advogado e comprou os terrenos. Sem esse armazém seria muito difícil manter o ritmo de crescimento que estávamos a ter e isso foi obra dele”, reconhece o CEO da Corticeira Amorim.

Foi sempre conhecido pelo respeito pelas pessoas. Cabia-lhe ainda o dom da organização, rigor e eficácia que permitiu sempre, dentro das empresas, a paz e a tranquilidade social, tão importante para a companhia.

No texto publicado pela Corticeira Amorim, por ocasião dos 150 anos, deixa uma mensagem inspirada na própria vida, na proximidade e no trato com as pessoas: “Não sou muito de dar conselhos; gosto de falar; gosto de ouvir; gosto que todos participem das decisões e que transmitam a sua opinião,” reforça. “Mas, se me permitem, dou apenas um conselho: os técnicos, os engenheiros e os economistas têm de ouvir e falar com quem está no terreno; é importante dar valor aos trabalhadores; gosto que eles falem e digam o que pensam. É importante dar-lhes atenção e ouvi-los.”

Américo Amorim: “Rei da Cortiça”, “self made man” ou criador de riquezas

Américo Amorim dispensa apresentações. Conhecido como “Rei da Cortiça”, “self made man” ou fazedor de impérios, foi o mais carismático dos quatro irmãos que lideraram a transformação do negócio da cortiça da família mais rica de Portugal. A sua visão estratégica e o seu carisma foram determinantes para colocar a empresa na liderança do setor a nível global.

Nascido a 21 de julho de 1934, faleceu a pouco dias de completar o seu 83º aniversário, era “figura pública” da família. Em maio de 1955 Henrique Amorim, tio dos irmãos Amorim, viaja de automóvel com os sobrinhos, por Espanha, França, Itália, Suíça, Holanda e Alemanha. Logo depois, Américo Amorim parte para Bordéus, no Sud Express. Até 1967 visita países da Europa e América Latina. Estas viagens permitiram a Américo Amorim abrir horizontes e ambicionava para o Grupo uma expansão além-fronteiras.

A sua visão de modernização permitiu à empresa apostar numa abertura internacional. Nas suas viagens compreende como nos EUA se acrescenta valor à cortiça com novos produtos. Em 1958 visita a Roménia e depois a União Soviética, numa primeira incursão à COMECON. Apercebe-se da forma como na Alemanha, EUA, França, Reino Unido ou Japão a cortiça, com exceção das rolhas, é importada em bruto e depois transformada em produtos, como aglomerados para isolamentos, revestimentos de paredes e pavimentos, ou em juntas para motores de variadas indústrias.

Com base neste conhecimento começa a conceber uma nova fábrica, cujo objetivo é aproveitar os 70% de desperdícios gerados pela Amorim & Irmãos no fabrico de rolhas. Em janeiro de 1963 nasce a Corticeira Amorim Indústria. Assim começa a verticalização do negócio da cortiça.

Amorim começa a comprar herdades no Alentejo, em 1972. Três anos depois, em pleno Verão Quente, são expropriados os três mil hectares de sobreiro que detinha no Alentejo. Mas em fevereiro de 1976 voltam “a comprar herdades no Alentejo a famílias que, em pânico, estavam dispostas a vender”.

Em 1977, com a ajuda do tio Henrique, que morre um ano mais tarde, sem descendentes, os irmãos Amorim passam a ser os únicos donos da Corticeira e a operar profundas remodelações na estrutura empresarial da Corticeira. Em 1978 é criada a Ipocork, destinada à produção de revestimentos em cortiça para pavimentos, área ainda pouco desenvolvida no país. Um investimento estratégico num setor em permanente atualização.

As décadas seguintes seriam de grande crescimento — Américo Amorim tirou partido de boas relações no Leste e em Cuba –, conduzindo a Corticeira Amorim à liderança na indústria da cortiça. Ainda que o empresário dissesse que enquanto outros países tinham petróleo, Portugal tinha cortiça, Américo Amorim também fez a sua própria exploração petrolífera, quando, em 2005, comprou a Galp, através de uma posição controlada pela Amorim Energia.

A banca foi outra das paixões, mas houve mais. Esteve na fundação da Telecel (hoje Vodafone), de bancos como o BCP ou BNC (absorvido pelo Banco Popular) ou o angolano BIC e firmou parcerias com grupos e empresários de todo o mundo. Pelo meio criou e vendeu empresas, deixando uma marca na economia portuguesa. “O homem sonha, a obra nasce”. E com Américo Amorim era muito provável nascer.

Joaquim, o conhecedor de mercados

Joaquim Amorim (1936– 2023).Corticeira Amorim

Joaquim Amorim, falecido no ano passado, era o mais novo dos irmãos Amorim. Esse facto deu-lhe uma liberdade da qual os irmãos mais velhos não beneficiaram. Mas foi essa liberdade — que usou para viajar e conhecer novos países — que o dotou de conhecimento de mercados, permitindo-lhe ajudar na internacionalização da empresa.

Em 1954, Joaquim Ferreira de Amorim, terminava o curso na Escola Comercial do Porto e era convidado por um cliente da Amorim & Irmãos, o francês Charles Duvicq et Fils, que tinha fábricas de cortiça, perto de Bayonne, para fazer um estágio. Recorda que “foi um grande estágio” onde “aprendeu muito”. “Acompanhava-o nas visitas a clientes, enquanto ele negociava. Aprendi muito sobre a cultura francesa, sobre a rolha”, recorda numa publicação da Corticeira em maio de 2020.

Na véspera do Natal de 1966, Joaquim Amorim regressa a Portugal e integra-se em pleno na empresa liderada pelo quarteto de irmãos. É um período que dedica ao conhecimento profundo da cortiça na sua origem: o Montado. No Alentejo, vai aprender com as pessoas, observando, ouvindo, e “contactando com este e com aquele”, visitando as fábricas do grupo em Portugal, descendo até Silves para mergulhar na indústria.

A partir de 1970, acompanhando a internacionalização do grupo, capitaliza o seu conhecimento internacional e assume uma vertente mais comercial, acompanhando as equipas comerciais em visita a clientes no estrangeiro. Saiu da Amorim Investimentos e Participações em 2013.

“Dos quatro irmãos eu era o mais pequeno, e como os outros estavam já dentro do grupo, eu era o mais livre” reconhece Joaquim Amorim, numa publicação no site da empresa. “Quando me pergunto o que fiz nestes 60 anos, lembro-me sempre do que dizia o meu irmão Américo — a primeira escola que temos é viajar e conhecer o mundo. E se conhecermos o mundo e soubermos adaptar-nos ao mundo, teremos sucesso. Tive essa felicidade de me adaptar ao mundo.”

Com 153 anos e uma presença mundial, dez unidades de preparação de matérias-primas e uma faturação próxima de mil milhões de euros, a Corticeira Amorim é hoje o maior grupo de transformação de cortiça do mundo. Um resultado para o qual foi determinante a liderança dos quatro irmãos, cada um com as suas competências.

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Freixo de Espada à Cinta volta a ser a câmara que mais tempo demora a pagar aos fornecedores

Tábua está a negociar com os bancos um empréstimo de seis milhões de euros, num processo de saneamento financeiro voluntário. Verbas servirá para pagar dívidas aos fornecedores.

Freixo de Espada à Cinta voltou a ser a autarquia que mais tempo demora a pagar aos fornecedores. No primeiro trimestre deste ano precisou de 161 dias para pagar as suas faturas, um desempenho que ainda assim representa uma melhoria face aos 193 dias dos três meses anteriores, ou os 361 dias que chegou a demorar no terceiro trimestre de 2023, de acordo com os dados divulgados pela Direção-Geral das Autarquias Locais.

Num universo de apenas 99 municípios para os quais existem dados (não há para os 308), cinco demoravam mais de 90 dias a pagar as faturas a fornecedores, menos um do que no trimestre anterior. Mas, no último trimestre de 2023 havia 179 município com informação validada no Sistema de Informação para o Subsetor da Administração Local (Sisal). Os dados revelam ainda que onze câmaras demoravam mais de 60 dias.

Freixo de Espada à Cinta não tinha dados validados no final de 2023, caso tivesse seria a autarquia que mais tempo levava a saldar as contas e não Tábua. A câmara do distrito de Bragança recorreu ao Fundo de Apoio Municipal (FAM), em novembro de 2023, contraindo um empréstimo de 12,6 milhões de euros para fazer face às necessidades financeiras. Mas a primeira tranche só chegou em janeiro deste ano e até lá a autarquia teve de fazer face às suas responsabilidades apenas com a tesouraria, explicou ao ECO o presidente Nuno Ferreira.

Com a primeira tranche de quatro milhões de euros, recebida em janeiro deste ano, foi possível pagar todas as dívidas até dezembro de 2022”, frisou o edil socialista. “Com a segunda tranche vamos pagar as dívidas até agosto de 2023”, acrescentou Nuno Ferreira.

É graças a este “programa excecional” que a autarquia está a reduzir os prazos de pagamento aos fornecedores e pagar 12 empréstimos que foram herdados desde há 25 ano. Nuno Ferreira acredita que, no final do ano, será possível pagar a 60 ou 90 dias.

Tábua surge agora em segundo lugar. Esta câmara da região Centro precisou de 125 dias para pagar aos fornecedores, mais dois do que no trimestre anterior. De sublinhar que a DGAL fez uma revisão dos dados, já que no boletim anterior Tábua surgia com prazos de pagamento de 219 dias no final de 2023, um valor que foi revisto para 123.

Uma revisão que o presidente da câmara justifica, ao ECO, com o facto de só “em abril as contas estarem fechadas e os dados estabilizados”, sublinhando que uma revisão em baixa de 96 dias “é considerável”.

Tábua negoceia com a banca empréstimo de seis milhões

Ricardo Cruz explica que os pagamentos em atraso se devem ao facto de a autarquia ter aderido a um saneamento financeiro voluntário. “Desde que tomámos posse que temos problemas de tesouraria e a solução encontrada com os ministérios das Finanças e da Coesão foi contrair um empréstimo para pagar aos fornecedores e depois ter pagamentos mais regulares”, disse o edil socialista. Em causa está um saneamento financeiro voluntário, porque o volume de dívidas não é suficiente para um obrigatório, acrescentou.

“Para requerer o saneamento temos de ter um volume de faturas e não as podemos pagar, caso contrário saem do processo de saneamento. Depois pagaremos tudo assim que o empréstimo for concedido”, explicou Ricardo Cruz, admitindo, por isso, que nos próximos trimestres o prazo médio de pagamento a fornecedores volte a aumentar.

A câmara está a negociar com os bancos um empréstimo em torno dos seis milhões de euros que só deverá ser concedido em setembro, detalhou o responsável. Primeiro foi necessário aprovar as contas em abril, a consulta aos bancos será em junho, depois da expectável redução das taxas de juro, na sequência da decisão do BCE – “não vamos lançar os procedimentos com as taxas tão altas” -, depois o plano de saneamento voluntárias é apresentado em assembleia municipal, e depois há que espera a resposta dos bancos e a validação de Tribunal de Contas, afirmou.

A 22 de abril de 2024, data na qual foi feito o corte para definir os atrasos de pagamentos aos fornecedores no primeiro trimestre, mais uma vez, não havia dados disponíveis para Tabuaço, a autarquia com o pior desempenho no terceiro trimestre. Na altura demorava, em média, 167 dias para pagar aos fornecedores. Uma situação que resultou também do facto de Freixo não ter dados validados, porque nesse trimestre o seu desempenho foi dos piores de sempre: 361 dias para saldar as dívidas.

O presidente da câmara de Tabuaço tinha explicado ao ECO a ausência dos dados com problemas na validação da informação na plataforma da DGAL. Carlos Carvalho reconhece que o prazo de pagamento da autarquia continuará a ser elevado porque tem uma dívida de curto prazo muito elevada que já vem de executivos anteriores, sendo que alguma está a ser contestada em tribunal. “Essas situações ainda não se resolveram, mas estes números não refletem a gestão diária do município”, frisa o edil social-democrata. Carlos Carvalho recorda que a situação já foi pior – Tabuaço chegou a levar 376 dias para pagar aos fornecedores – antes de ter encontrado uma solução para a dívida de cerca de três milhões de euros junto do Grupo Águas de Portugal e está confiante que assim que as dívidas herdadas forem consolidadas será possível melhorar os prazos de pagamento.

Com apenas dois dias de diferença em relação a Tábua surge a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António que demora agora 123 a pagar, uma recuperação face aos 184 dias do último trimestre de 2023 (na altura também não apresentava dados validados), mas longe dos 33 dias do primeiro trimestre de 2023.

Em recuperação está também Monção que está há cinco trimestres a violar a regra de pagar a menos de 90 dias, mas ainda assim desceu de 110 dias para 104.

Alfândega da Fé é outra das autarquias incumpridoras a levar 102 dias a pagar aos seus fornecedores, mais oito dias face aos três meses anteriores, naquele que é o segundo trimestre consecutivo de agravamento.

Caminha que demorava 193 dias a pagar no final de 2023, Madalena (105), Vagos (104), Santa Comba Dão (100) não têm dados relativos ao primeiro trimestre deste 2024 e, por isso, não é possível concluir se continuam a violar as regras definidas, ou se os seus desempenhos até foram revistos em baixa como aconteceu com outras autarquias.

Os dados do primeiro trimestre revelam que sete das onze autarquias agravaram os prazos de pagamento a fornecedores e, inclusivamente, três cumpriam a regra de pagar a menos de 60 dias e passaram a violá-la: Monforte, Peniche e Viana do Castelo.

O ranking dos prazos médios de pagamento das autarquias há muito que padece de falta de comparabilidade. Desde o quarto trimestre de 2019 que não existe uma listagem completa que inclua os 308 municípios devido às dificuldades técnicas de adaptação ao novo Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP) introduzido em 2020. Não é só o prazo médio de pagamento dos municípios que é afetado. Também a aferição do seu nível de endividamento foi afetado.

O presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta lamenta que o Sisal não tenha capacidade de validar atempadamente os mapas que as câmaras até entregam dentro do prazo, o que leva a DGAL a ir buscar mapas desatualizados, “o que prejudica os municípios”.

O ECO contactou também a câmara municipal de Vila Real de Santo António, assim como o Ministério da Coesão, mas não obteve respostas até à publicação deste artigo.

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Nova proposta do PSD para o IRS encolhe ganhos para salários de 3.000 euros. Veja as simulações

Proposta do PSD aprofunda os ganhos para o terceiro e quarto escalões, mas para o sexto escalão o benefício anual encolhe face à medida inicial do Governo de Montenegro.

Perante a falta de consenso no Parlamento à volta da proposta do Governo para baixar o IRS, o PSD decidiu dar uns toques na medida para a aproximar dos moldes avançados pelo PS — que contou com o apoio do Chega. Com estas mudanças, os trabalhadores com salários até dois mil euros mensais têm maiores ganhos anuais, mas quem recebe 3.000 euros por mês perde face à proposta original do Governo de Luís Montenegro, de acordo com as simulações feitas pela EY para o ECO.

A proposta do Governo previa uma diminuição da taxa do 3.º escalão, entre 11.623 e 16.472 rendimentos brutos anuais, em 0,5 pontos percentuais (p.p.), de 23% para 22,50%. Ora o projeto do PSD visa baixar mais 0,5 p.p. para 22%. No 4º escalão, entre 16.472 e 21.321 euros anuais, o Executivo pretendia diminuir a taxa em 0,5 p.p., de 26% para 25,50%. Os social-democratas propõem agora recuar o imposto mais 0,5 p.p. para 25%.

Já para o 6.º escalão, como contrapartida, o PSD vai baixar menos a taxa deste intervalo de rendimentos. Isto significa que a taxa deste patamar de retribuições, entre 27.146 e 39.791 euros brutos anuais, em vez de baixar 3 p.p., de 37% para 34%, deverá ter uma redução menor, de apenas 1 p.p., para 36%, em linha com o que propõe o PS.

É de salientar que o PS tinha também mostrado disponibilidade para avançar com um texto de substituição que “concilie os vários projetos em apreciação”, que diz ser uma “solução de compromisso”, segundo um e-mail enviado aos vários grupos parlamentares e que o ECO teve acesso — tendo também assim uma proposta de aproximação semelhante àquela apresentada agora pelo PSD.

A nova proposta social-democrata, mais aproximada da do PS e do Chega, aumenta assim o rendimento líquido dos salários entre o terceiro e quarto escalões, mas reduz o benefício dos escalões superiores.

Segundo as simulações para a nova proposta do PSD, um contribuinte solteiro que recebe um salário mensal bruto de 1.500 euros, teria uma poupança anual de 26,37 euros acima daquela que resultava da proposta do Governo. São, no total, mais 91 euros por ano de rendimento disponível, face às taxas que estão em vigor, no Orçamento do Estado para 2024 da responsabilidade do anterior Governo.

Já para os casados com dois titulares, quer tenham um ou dois filhos, veem a poupança anual com impostos aumentar em 52,73 euros face à proposta inicial do Governo de Montenegro.

Passando para os salários de 2.000 euros brutos por mês, um solteiro pode contar com um acréscimo do rendimento líquido de 48,49 euros, para um total de 155 euros face ao que está em vigor no Orçamento do Estado para este ano. O OE2024 já garante a estes trabalhadores uma redução de impostos face ao ano anterior que corresponde a um aumento do rendimento líquido de 645,94 euros. Para casados, a proposta do PSD traz um benefício adicional de 96,9 euros, totalizando 310 euros.

É nos salários de 3.000 euros mensais que surge uma perda face à proposta original do Executivo de Montenegro. Se com a proposta inicial os contribuintes solteiros e sem filhos iriam ter uma poupança anual em impostos de 438,06 euros, esse valor reduz-se em 53,8 euros com a nova calibração sugerida pelo PSD. Recorde-se que esta categoria de rendimentos já desfruta, este ano, de uma redução de impostos de 734,88 euros em virtude da baixa de IRS introduzida pelo Orçamento do Estado para 2024.

Para os casados, a perda do benefício é de 107,7 euros por ano, que encolhe o benefício anual desta mudança nas taxas de IRS para 769 euros, segundo as simulações da EY.

(Notícia atualizada às 12h00)

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Extendam compra Sofitel Lisbon Liberdade

  • Servimedia
  • 17 Maio 2024

Extendam, o líder francês em investimentos de capital privado dedicados à hotelaria, continua a sua expansão com a aquisição do Sofitel Lisbon Liberdade em Lisboa e do Sofitel Roma Villa Borghese.

“Estas duas aquisições marcam o início da nossa parceria com a Sofitel, uma marca hoteleira de luxo francesa pioneira que temos o prazer de apoiar”, afirma Bertrand Pullès, diretor-geral adjunto da Extendam.

De acordo com Maud Bailly, CEO da Sofitel, MGallery e Emblems, a chegada da Extendam como parceira apoia a influência da marca Sofitel na Europa. “Para além da sua força e profissionalismo, a Extendam compreende perfeitamente o ADN da marca e a ambição que temos para a Sofitel”, afirma.

Com esta aquisição, o Sofitel Lisboa Liberdade, um hotel de 5 estrelas na Avenida da Liberdade, será submetido a uma renovação com novas credenciais de sustentabilidade e será atualizado de acordo com os mais recentes padrões da marca Sofitel.

A operação está a ser realizada em paralelo com a DG Invest, um dos parceiros de longa data da Extendam. A DG Invest irá gerir os activos do hotel.

A aquisição e a renovação do hotel estão a ser financiadas através de um empréstimo verde concedido pelo CaixaBank e pelo BPI.

 

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Novo provedor absolvido em processo do Banco de Moçambique

O gestor escolhido para liderar a SCML foi condenado, em 2019, pelo Banco de Moçambique, recorreu e foi absolvido em 2020. Leia aqui a sentença que absolveu o gestor. Ministra mantém nomeação.

Dia 28 de agosto de 2019, o Banco de Moçambique anunciou em comunicado a inibição de funções do presidente do BCI, Paulo Alexandre de Sousa, por um período de três anos, por conflito de interesses num negócio relacionado com a “aquisição da Interbancos pela Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO)”, escreveu o regulador financeiro. O gestor português recorreu para os tribunais, foi absolvido e, depois, o banco central de Moçambique foi impedido de recorrer da sentença por ter falhado o prazo do recurso.

O gestor agora escolhido pela ministra da Segurança Social, Palma Ramalho, para suceder a Ana Jorge como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), tinha sido inibido de funções em 2019, mas fonte oficial do gabinete da ministra garante ao ECO que Palma Ramalho mantém a nomeação, precisamente porque Paulo Sousa foi absolvido daquele processo.

O que foi decidido em 2019? Segundo a notícia da agência Lusa, “ao abrigo da Lei das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras, a entidade reguladora do sistema financeiro moçambicano aplica ao presidente do BCI “uma multa de duzentos mil meticais (cerca de 2.900 euros)” e “inibição do exercício de cargos sociais e de funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras, por três anos”, anunciou hoje em comunicado. O BCI tem a CGD como principal acionista, sendo que também o BPI está na estrutura. Segundo o BM, “o arguido agiu em conflito de interesses aquando da sua participação no processo de apreciação e decisão da proposta de aquisição da Interbancos pela Sociedade Interbancária de Moçambique (SIMO)”, escreve o regulador financeiro. A Interbancos e SIMO são plataformas de banca eletrónica e caixas automáticas em Moçambique. O Banco de Moçambique justifica a decisão referindo que Paulo Sousa defendeu, “simultaneamente, os interesses da SIMO, na qualidade de administrador, e da Interbancos na qualidade de presidente do conselho de administração“.

No entanto, o gestor recorreu para os tribunais dessa decisão e, a 18 de dezembro de 2020, o Tribunal de Polícia da Cidade de Maputo, segundo noticiou o jornal Savana, considerou “nulo e sem nenhum efeito a decisão condenatória” do Banco de Moçambique. O banco central viria a recorrer, já em janeiro de 2021, mas o tribunal não aceitou o recurso por terem passados os prazos legais. E posteriormente, no final de 2021, a decisão de absolvição viria a transitar em julgado.

Quem é o novo Provedor?

Paulo Alexandre Sousa vai ser o próximo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (CML), substituindo Ana Jorge no cargo, que assumiu funções a 1 de maio de 2023 e foi exonerada a 29 de abril pelo atual Executivo, anunciou esta quinta-feira a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no Parlamento. “O novo provedor da Santa Casa está escolhido. Não é Pedro Mota Soares, nem Maria Luís Albuquerque. É Paulo Alexandre Sousa”, revelou Maria do Rosário Ramalho, na reta final da sua audição na comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, na sequência de um requerimento do PS da Iniciativa Liberal (IL).

Nascido em Lisboa, Paulo Alexandre Sousa, tem 56 anos, é licenciado em Gestão de Empresas, pelo ISEG. Pós-graduado em gestão bancária e em estratégias de exportação, Paulo Alexandre Sousa “tem uma vasta experiência em cargos de administração, de onde se destacam a presidência da Comissão Executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A., a Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos e a Presidência do Conselho de Administração da Wolfpart, SGPS”, adianta o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSS), em comunicado enviado minutos depois da audição terminar.

O próximo provedor da Santa Casa conta ainda com experiência internacional, tendo sido, nomeadamente representante de Portugal no Economic Affairs Committee, no âmbito da European Mortgage Federation (EMF). Além disso, tem “também experiência na área social, tendo sido Vice-Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa” e fez parte da “direção do Núcleo da Costa do Estoril durante dois mandatos“, acrescenta o ministério.

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Warren Buffett torna-se, secretamente, no 2.º maior acionista da Chubb

  • ECO Seguros
  • 16 Maio 2024

A Berkshire Hathaway esteve desde o verão passado a comprar secretamente 6,7 mil milhões de dólares em ações da 8.ª maior seguradora europeia. Agora deu a conhecer que é a segunda maior acionista.

O grupo Berkshire Hathaway, construído pelo empresário Warren Buffett, anunciou esta quarta-feira que se tornou o segundo maior acionista da Chubb, detendo agora 6,4% da oitava maior seguradora da Europa. O grupo esteve a comprar secretamente ações desde o verão de 2023, mas não divulgou o investimento porque a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC, tinha permitido a confidencialidade.

A posição indicada de 6,4% do capital é a registada no final do primeiro trimestre. A maior acionista da Chubb continua a ser a Vanguard com 9,5% do capital e depois da BH estão a BlackRock, T. Rowe Price a State Street e a Fidelity.

A Chubb tem sede na Suíça e contou com cerca de 53 mil milhões de euros de prémios emitidos em 2023, 65% dos quais obtidos no mercado dos Estados Unidos, obtendo 9,3 mil milhões de lucros. Cotada na Bolsa de Nova Iorque, o anúncio do interesse da Berkshire Hathaway fez nesse dia as cotações subirem 9,9% e nesta quinta-feira, o valor de mercado da seguradora atingia os 103 mil milhões de dólares.

Sendo uma das maiores seguradoras Não Vida, dos EUA, a Chubb opera em 55 países, incluindo Portugal, e oferece também seguros vida (apenas 12% da carteira), saúde e resseguros, através da General Re. A empresa é muito conhecida pelo specialty insurance, a cobertura de riscos pouco usuais que vão desde o recente show da Madonna no Brasil, com 1,6 milhões de espetadores, até a ponte abalroada por um navio em Maryland em que o prejuízo vai, até agora, em 350 milhões de dólares.

O CEO da empresa, Evan Greenberg, é filho de um lendário CEO da AIG, Maurice ‘Hank’ Greenberg. Em 2015, foi Greenberg quem planeou a compra, pela ACE Limited, da Chubb Corporation numa transação de 28 mil milhões de dólares. A nova empresa — Chubb Limited — ficou baseada em Zurique, onde já era a sede da ACE.

Já a Berkshire tem diversos investimentos no setor de seguros, incluindo participações em companhias como a Geico, líder nos seguros automóvel nos Estados Unidos e a Alleghany que custou 11,6 mil milhões em 2022.

A Berkshire Hathaway é um grupo em que os seguros têm um peso significativo dada a predileção de Buffet por um negócio que recebe antecipadamente e paga, só em caso de sinistro, quando for caso disso. Essa liquidez permanente pode ser usada para outros investimentos e foi isso que levou o empresário a comprar a seguradora National Indemnity em 1967, dando início ao grupo.

Hoje a Berkshire Hathaway vale em bolsa 892 mil milhões de dólares e apresentou vendas consolidadas de 357 mil milhões em 2023, com resultados líquidos de 33,4 mil milhões de dólares. Com uma posição de liquidez de 189 mil milhões de dólares de liquidez, exposta na última assembleia geral, Buffet gastou uma parcela pequena para obter uma posição muito relevante na Chubb.

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Paulo Alexandre Sousa escolhido para provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O gestor, 56 anos, é o nome escolhido para suceder a Ana Jorge. Foi presidente do BCI em Moçambique, condenado a inibição de funções e, depois, absolvido pela justiça moçambicana.

Paulo Alexandre Sousa vai ser o próximo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (CML), substituindo Ana Jorge no cargo, que assumiu funções a 1 de maio de 2023 e foi exonerada a 29 de abril pelo atual Executivo, anunciou esta quinta-feira a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, no Parlamento. “O novo provedor da Santa Casa está escolhido. Não é Pedro Mota Soares, nem Maria Luís Albuquerque. É Paulo Alexandre Sousa”, revelou Maria do Rosário Ramalho, na reta final da sua audição na comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, na sequência de um requerimento do PS da Iniciativa Liberal (IL).

O anúncio rapidamente se tornou polémico. Paulo Alexandre Sousa foi condenado, há quatro anos, pelo banco central de Moçambique a uma pena de inibição de três anos de exercer cargos sociais e funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras, devido a uma situação de “conflito de interesses” durante a sua passagem pela administração do Banco Comercial e de Investimentos de Moçambique. Mas, como o ECO revelou em primeira mão, o gestor foi depois absolvido dessa inibição, que já transitou em julgado.

Nascido em Lisboa, Paulo Alexandre Sousa, tem 56 anos, é licenciado em Gestão de Empresas, pelo ISEG. Pós-graduado em gestão bancária e em estratégias de exportação, Paulo Alexandre Sousa “tem uma vasta experiência em cargos de administração, de onde se destacam a presidência da Comissão Executiva do Banco Comercial e de Investimentos, S.A., a Direção Central de Financiamento Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos e a Presidência do Conselho de Administração da Wolfpart, SGPS”, adianta o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSS), em comunicado enviado minutos depois da audição terminar.

O próximo provedor da Santa Casa conta ainda com experiência internacional, tendo sido, nomeadamente representante de Portugal no Economic Affairs Committee, no âmbito da European Mortgage Federation (EMF). Além disso, tem “também experiência na área social, tendo sido Vice-Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa” e fez parte da “direção do Núcleo da Costa do Estoril durante dois mandatos“, acrescenta o ministério.

Minutos antes de anunciar o nome do substituto de Ana Jorge, Maria do Rosário Ramalho explicou que o Governo procurou um “novo modelo de provedor” para fazer face à “gravíssima situação financeira”. Assim, por um lado, tem que ser um financeiro dada a “absoluta emergência financeira” da instituição, mas por outro, tem que ter um “perfil com provas dadas de ação social”, dado a missão social da instituição. “Em breve, será anunciada a data da respetiva tomada de posse e a constituição da restante Mesa”, acrescenta a tutela.

(Noticia atualizada com informação sobre processo judicial em Moçambique)

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