Banca lucra mais de 1.000 milhões até setembro

Lucro agregado da banca dispara este ano, mas rentabilidade continua bastante deprimida. Volume de negócios aumentou, mas margem financeira voltou a ceder. Eis o retrato da banca até setembro.

Os principais bancos em Portugal registaram lucros agregados de mais de 1.000 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, valor que compara com os 25 milhões registados no mesmo período do ano passado.

Apesar do aumento dos resultados, o setor continua a ter problemas de rentabilidade do capital, como lembrou esta quinta-feira o presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), sendo que o banco público foi quem mais lucro teve neste período: 429 milhões de euros, correspondendo a um ROE de 6,9%. “A Caixa tem nove mil milhões de capital que tem de remunerar, que tem de devolver aos contribuintes”, frisou Paulo Macedo aos jornalistas.

A subida dos resultados deve-se sobretudo à inversão do desempenho do Novo Banco, que passou de prejuízos de 853 milhões em setembro 2020 para lucros de 154,1 milhões em setembro de 2021, confirmando o “virar de página” da instituição liderada por António Ramalho após anos e anos de prejuízos e faturas milionárias para o Fundo de Resolução.

Já tem mais lucros do que o BCP, por exemplo. Esta “curiosidade” não passou despercebida a Paulo Macedo, que lamentou os encargos cada vez maiores com o Fundo de Resolução: “Os custos com o Fundo de Resolução são cada vez mais curiosos, porque o destinatário do Fundo de Resolução [Novo Banco] já tem mais lucros do que vários dos seus participantes”.

Por outro lado, o BPI também viu o lucro quase duplicar neste período, alcançando um resultado líquido de 242 milhões, mas este foi muito ajudado pelos dividendos e reservas distribuídos pelo banco em Angola, um fator que não se repetirá no próximo ano, segundo o CEO João Pedro Oliveira e Costa.

Caixa lidera nos resultados

Fonte: Bancos

BCP e Santander viram os lucros caírem, penalizados sobretudo pelos custos com a reestruturação que ambos efetuaram este ano.

O BCP teve lucros de 59,5 milhões, menos 60% face ao mesmo período do ano passado. Além dos encargos de 88 milhões com o ajustamento de pessoal, o banco liderado por Miguel Maya tem outra dor de cabeça: o problema com os créditos hipotecários em francos suíços na Polónia, que já obrigou a provisões de 313 milhões para os riscos legais com este processo. O ROE caiu para 1,4%.

O resultado do Santander caiu mais de 30% para 172,2 milhões de euros, depois de ter assumido provisões de mais de 160 milhões para implementar o seu processo de reestruturação, levando o ROE a cair para 4,9%.

"Os custos com o Fundo de Resolução são cada vez mais curiosos, porque o destinatário do Fundo de Resolução [Novo Banco] já tem mais lucros do que vários dos seus participantes.”

Paulo Macedo

CEO da Caixa Geral de Depósitos

Saíram 2.400 trabalhadores e eliminados 240 balcões

Sem exceção, os cinco principais bancos do sistema reduziram os seus quadros de pessoal no último ano. BCP e Santander, que avançaram com planos de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, têm hoje em dia menos 600 trabalhadores cada: o primeiro contava com 6.511 trabalhadores em setembro e o segundo 5.439 colaboradores. A Caixa tem menos 574 trabalhadores do que tinha há um ano.

No seu conjunto, os bancos têm hoje menos 2.384 trabalhadores face a setembro de 2020. Má notícia: os próximos anos deverão continuar a ser de ajustamento dos quadros, perante a acelerada transformação digital e dos hábitos dos clientes.

Quanto à rede comercial, os bancos também estão mais pequenos: eliminaram 240 balcões, dispondo agora de uma rede de quase 2.000 agências em Portugal.

Volumes sobem mas margem cede

Por causa dos efeitos da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), os bancos continuam a ter as margens pressionadas. Em termos agregados, a margem financeira (diferença entre juros recebidos nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos) dos Big-5 caiu quase 1% nos 3.223 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

Margem financeira continua sob pressão

Fonte: Bancos

A amparar uma maior queda da margem esteve a subida do crédito às famílias e empresas na ordem dos 3,7% para 205 mil milhões de euros.

Por outro lado, os recursos de clientes aumentaram mais de 7% para 262 mil milhões de euros, com os bancos a explicarem este crescimento com o aumento da poupança das famílias durante o confinamento e também com o reforço das contas das empresas com as linhas Covid.

Com o aumento da atividade em Portugal, os bancos tiveram boas notícias na parte do comissionamento: as receitas com comissões subiram 10% para 1.795 milhões de euros, mantendo-se como uma importante fonte de proveitos para a banca neste ambiente de pressão sobre a margem.

Novobanco tem o maior rácio de NPE

Fonte: Bancos

A subida do negócio deu-se num período em que os bancos mantiveram a limpeza do balanço. Neste capítulo, o Novobanco foi quem empreendeu o maior esforço: o rácio de ativos não produtivos (NPE, non performing exposure) caiu 1,6 pontos percentuais para 7,3% no final de setembro. Os outros bancos apresentam rácios de NPE bem mais baixos do que o Novobanco, com o BPI a ter o valor mais baixo: 1,5%.

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Caixa reestruturou créditos de 3.000 famílias e 600 empresas que estavam em moratória

A Caixa reestruturou créditos de 3.000 famílias e de 600 empresas que estavam protegidas pelas moratórias, totalizando os 480 milhões de euros.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reestruturou créditos de 3.000 famílias e de 600 empresas que estavam protegidos pelas moratórias, totalizando os 480 milhões de euros, revelou o banco esta quinta-feira.

Estes números refletem “as atitudes preventivas e de antecipação dos efeitos do fim das moratórias” em setembro, frisou o administrador financeiro da instituição, José de Brito, na conferência de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano. A Caixa registou uma subida de 9,4% dos lucros para 429 milhões de euros até setembro.

De acordo com o banco, foram reestruturados 330 milhões de euros em empréstimos de particulares e 150 milhões de euros em empréstimos de empresas cujos contratos estavam abrangidos pelas moratórias.

Com o fim das moratórias, expiraram 6,2 mil milhões de euros em empréstimos que se encontravam suspensos no seu pagamento por causa da pandemia, sendo que ainda estão ativas moratórias no valor de 210 milhões de euros que vão expirar até final do ano.

Segundo o CEO da Caixa, Paulo Macedo, o tema das moratórias não será um problema para o banco nem para o setor. “Achamos que não vamos ter um problema macro, e não vamos ter um problema na banca”, disse aos jornalistas.

Neste momento, a CGD assiste a um nível de incumprimento de 3% na parte das famílias e de 4% na parte das empresas que pediram moratórias, mas Macedo admite que este cenário pode agravar-se. “Temos de ver o que vai acontecer daqui a três e seis meses, mas os primeiros sinais são positivos”, destacou.

Durante a sessão, também foi comentado o tema da crise de matérias-primas e dos elevados custos de energia, fatores que poderão ter impacto nas empresas se os problemas se prolongarem por muito tempo.

Também por essa razão o banco vai manter imparidades “preventivas” de 500 milhões de euros para fazer face a eventuais desenvolvimentos negativos. E tão cedo estas imparidades vão ser revertidas, admitiu o administrador financeiro.

(Notícia atualizada às 18h56)

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Caixa paga dividendo extra de 300 milhões ao Estado

A Caixa já tinha pago 80 milhões em dividendos ao Estado este ano. Mas anunciou esta quinta-feira um cheque extra de 300 milhões depois de não ter distribuído lucros no ano passado.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou esta quinta-feira que vai pagar ainda este mês um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros ao Estado.

O banco liderado por Paulo Macedo justifica este cheque extra com as perspetivas de um menor impacto da pandemia nas suas contas, “com menores efeitos ao nível da qualidade dos ativos de crédito, a par da robusta posição de capital”.

São parte dos dividendos que não foi possível pagar relativos aos lucros de 2020 e 2019“, sublinhou o CEO do banco público na conferência de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano, explicando que teve de informar as autoridades europeias, nomeadamente o Banco Central Europeu (BCE), desta decisão.

O Estado já havia recebido 83 milhões de euros em dividendos da Caixa relativos ao exercício de 2020, mas vai agora receber mais depois de o BCE ter levantado em setembro as restrições que impôs aos bancos europeus em termos de distribuição de lucros aos dividendos por causa da pandemia.

Em 2020, a Caixa registou lucros de 420 milhões de euros, sendo que os resultados dos primeiros nove meses deste ano ultrapassam já os ganhos do ano passado. O banco público reportou um lucro de 429 milhões de euros até setembro.

Aos jornalistas, Paulo Macedo reforçou que tem a meta de devolver até 2023 cerca de 2.000 milhões de euros do total que foi investido na recapitalização do banco em 2017, que passa pelo pagamento de dividendos e também pela recompra dos títulos de dívida AT1 (perpétua) e AT2 (maturidade de 10 anos) no valor de 1.000 milhões que o banco público teve de emitir no processo de reforço de capital realizado há quatro anos.

(Notícia atualizada às 18h31)

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Lucro da Caixa sobe 9% para 429 milhões até setembro

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 429 milhões de euros, o que representa uma subida de 9,4% face ao mesmo período do ano passado.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 429 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o que representa uma subida de 9,4% face ao mesmo período do ano passado, anunciou a instituição financeira esta quinta-feira.

“Apesar da conjuntura atual, a atividade core do grupo CGD continua a demonstrar resiliência ao conseguir compensar a diminuição da margem financeira com o aumento das comissões líquidas e da eficiência operacional, conseguida através da redução dos custos de estrutura”, destaca o banco público em comunicado enviado ao mercado.

A margem financeira (que resulta da diferença entre os juros recebidos e os juros pagos) caiu 6,5% para 724 milhões de euros, enquanto as comissões líquidas subiram 11,8% para 412 milhões.

O CFO do banco, José de Brito, esclareceu na conferência de apresentação de resultados que o aumento das receitas com as comissões “foi determinado exclusivamente pelo aumento de volume de transações”. “A Caixa não mexeu no seu preçário. O crescimento vem da maior vinculação dos seus clientes com a Caixa”, frisou o responsável.

Também os resultados com operações financeiras ajudaram nos resultados, tendo atingido os 136,9 milhões de euros (mais 100 milhões em relação ao ano passado). A Caixa explica que esta variação foi influenciada por um ganho extraordinário registado com uma recuperação de ativos financeiros, no valor de 47 milhões.

Contas feitas, o produto bancário registou uma subida de quase 6% para 1,29 mil milhões de euros.

Do lado dos custos com estrutura, deu-se uma redução acentuada de 17,6% para 511 milhões de euros, com os custos com pessoal a caírem 27,9% para 276,7 milhões de euros (devido a um efeito extraordinário) e os custos administrativos a recuarem 5,2% para 159,8 milhões.

Olhando para o balanço, a atividade dos primeiros nove meses do ano mostram um crescimento de 3% da carteira de crédito, que totaliza os 44,8 mil milhões de euros em Portugal, e um aumento de 7,1% dos recursos de clientes para 84,8 mil milhões de euros. O banco explica o aumento dos recursos de clientes com “o aumento da poupança doméstica, proporcionada pela restrição do consumo em consequência da pandemia e respetivo confinamento”.

Quanto à qualidade da carteira de empréstimos, o banco dá conta de uma redução do rácio de malparado (NPL, non performing loans) para 2,8%, com a cobertura de NPL a atingir os 112,5% no final de setembro.

Por fim, a Caixa chegou a setembro com um rácio CET 1 de 18,2% e rácio total de 20,82%, com José de Brito a dizer que o banco tem uma posição confortável face às exigências regulatórias e que permite pagar um dividendo extra de 300 milhões, conforme anunciou o CEO, Paulo Macedo.

(Notícia atualizada às 17h30)

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Um mês depois, banca fala em fim “controlado” das moratórias. Mas critica solução para as empresas

Moratórias bancárias terminaram há um mês. Bancos falam em situação controlada e não está preocupada com o nível de incumprimento dos clientes. Mas já deixaram críticas à solução para as empresas.

Um mês depois do fim das moratórias, os bancos falam em “normalidade” e situação “controlada” e não preocupante no que diz respeito aos incumprimentos dos clientes, mas deixam críticas sobre a solução encontrada pelo Governo para ajudar as empresas.

“Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios”, revela ao ECO fonte oficial do Santander, onde mais de seis mil milhões de euros de crédito deixaram de estar protegidos pela moratória no início deste mês.

Também o BPI, com contas a apresentar na próxima semana, diz que “a evolução do processo e o diálogo com os clientes estão a decorrer nos termos previstos, com inteira normalidade”.

Esta quarta-feira, o presidente do BCP disse que “não está preocupado com a evolução crédito vencido resultante das moratórias” face ao diagnóstico atual. “Preocupa-nos cada uma das situações em concreto. O que nos preocupa é estarmos atentos a cada um dos clientes que tenham condições e viabilidade e que devemos ajudar. (…) Na visão global, não há motivo de preocupação especial”, assumiu Miguel Maya na conferência de resultados do trimestre.

No BCP, ainda estão vivas moratórias no valor de 730 milhões de euros que vão expirar até final do ano, sendo que 90% das moratórias estão em situação regular.

Há duas semanas, a agência Fitch disse que o período após o fim das moratórias era o “elefante na sala” para os bancos portugueses, antecipando que entre 10% a 20% das moratórias possam transformar-se em crédito malparado.

Dados do Banco de Portugal revelados esta sexta-feira revelam que o montante global de empréstimos abrangidos por moratórias afundou 17,2 mil milhões de euros no espaço de um mês, fixando-se em 19,2 mil milhões de euros no final de setembro, data em que terminou a moratória pública para a generalidade dos contratos.

Por enquanto, o balanço é positivo, estando o incumprimento controlado quer em particulares quer em negócios.

Santander

Fonte oficial

Solução para as empresas com muitas críticas e com fraca adesão

Para assegurar uma transição tranquila do fim das moratórias, o Governo anunciou várias medidas para apoiar famílias e empresas.

Quanto aos particulares, os bancos não revelam quantos acordos foram estabelecidos com os clientes no âmbito do PARI, o plano de ação para o risco de incumprimento cujo enquadramento legal foi reforçado pelo Executivo, nomeadamente ao obrigar os bancos a contactar e apresentar soluções às famílias em situação de dificuldade. A exceção foi mesmo a Caixa, que revelou que já estabelecido acordos de reestruturação de créditos com 2.000 clientes.

Para as empresas, o Executivo lançou no final de setembro uma linha de 1.000 milhões de euros em garantias públicas para reestruturações de crédito nos setores mais vulneráveis do turismo, transportes e comércio. Contudo, o programa está a merecer muitas críticas dos bancos: chegou tarde e as regras de utilização colocam muitos entraves para aderir a esta solução. Razão pela qual as empresas e a banca não estão muito virados para esta solução.

“O feedback que temos tido da rede é de que têm existido poucas consultas por parte de clientes. Por outro lado, as condições de elegibilidade previstas pela Linha reduzem em muito o universo de clientes e operações potencialmente enquadráveis”, aponta o Santander, juntando-se ao coro de críticas que tinha sido feitas pelos presidentes do BCP e Caixa Geral de Depósitos, que pediram afinações no programa.

Uma das preocupações que Miguel Maya tinha com este programa residia no facto de os contratos de leasing não se encontrarem abrangidos. Mas o CEO do BCP revelou que já teve uma conversa com o ministro da Economia, Siza Vieira, que lhe assegurou que estes contratos também são elegíveis.

Há duas semanas, Paulo Macedo disse que poucas empresas estão a aderir ao programa porque “as restrições foram tantas que há poucas empresas a qualificarem-se para o programa”.

Por sua vez, contactado pelo ECO, o Banco Português de Fomento não esteve disponível para fornecer dados sobre as adesões ao programa que arrancou operacionalmente em meados do mês, sendo cedo para fazer um balanço.

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Fitch mantém ratings mas sobe outlook da Caixa e BCP

Agência destaca resiliência da carteira de ativos dos dois bancos e a capacidade de gerar lucros, apesar do impacto da pandemia. Não sobe rating por causa dos riscos económicos da crise pandémica.

A Fitch manteve os ratings da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do BCP, mas melhorou as perspetivas de evolução (outlook) dos dois bancos. Para o banco público, ao melhorar o outlook de “negativo” para “positivo”, a agência americana sinaliza mesmo uma subida da notação de risco nos próximos meses. Quanto ao Montepio, nada mudou.

A justificar estas decisões está a “resiliência da qualidade dos ativos” e a “rentabilidade” da Caixa e do BCP (no caso do BCP, o outlook sobe para “estável”), isto apesar do impacto da crise pandémica, explicam os analistas da Fitch em duas notas divulgadas esta segunda-feira.

“Acreditamos que isto permitirá ao banco gerar um lucro antes de imparidades suficiente para absorver futuros encargos com imparidades para crédito face à pressão da qualidade dos ativos”, afirmou a agência de rating em relação a ambos os bancos.

Quanto ao BCP, a Fitch acrescenta o tema das provisões para os riscos legais com os créditos hipotecários em francos suíços na Polónia para dizer que o banco liderado por Miguel Maya será capaz de aguentar o choque.

Sobre a Caixa, os analistas destacam a robustez ao nível dos rácios de capital, que deverão continuar “a exceder de forma significativa os níveis dos outros bancos portugueses e dos bancos do sul da Europa”.

A Fitch destaca ainda a redução da incerteza relacionada com o impacto da pandemia na economia portuguesa, embora se mantenham riscos relevantes e que estão a impedir melhorias nos ratings dos dois bancos.

A Caixa tem um rating de “BB+”, um nível abaixo do patamar de “investimento de qualidade”. Já o rating do BCP está um nível abaixo: “BB”. E o Montepio manteve o rating de “B-” com outlook “negativo”.

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Banca disponível para financiar 60% do negócio dos fundos ECS

Se as propostas pela carteira de hotéis de luxo rondarem os 900 milhões, isto significa que o empréstimo dos bancos ao fundo comprador ascenderá a mais de 500 milhões.

Os bancos estão disponíveis para financiarem 60% da compra dos fundos de reestruturação ECS, que compreende uma carteira de mais de duas dezenas de hotéis, entre outros ativos imobiliários, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes próximas da operação.

Com o “negócio imobiliário do ano” a avançar para a fase final, o fundo Davidson Kempner e o consórcio Bain/Cerberus têm até ao final desta quinta-feira para apresentar as best and final offers, numa transação que se poderá fazer por cerca de 900 milhões de euros, segundo o Jornal Económico.

Isto significa que o empréstimo dos bancos poderá ascender a mais de 500 milhões de euros ao fundo que comprar estes ativos.

Entre as instituições com maiores exposições aos fundos de reestruturação ECS estão Novo Banco, BCP e Caixa Geral de Depósitos (CGD). Santander e Oitante (veículo financeiro criado para gerir ativos do Banif que não foram comprados pelo Santander) também detêm unidades de participação dos fundos, mas com menores exposições.

Antes de selecionarem o comprador final, os bancos estiveram em negociações nas últimas semanas para que os fundos melhorassem as suas propostas, e um dos temas que esteve em cima da mesa foi justamente o financiamento bancário.

As instituições financeiras mostraram disponibilidade para financiar o comprador, mas as condições do empréstimo não terão sido do agrado de todos os investidores. Um dos pontos levantados tem a ver com os prazos de reembolso exigentes, pois colocam pressão em torno da venda dos ativos pelo futuro comprador.

O ECO contactou os bancos sobre o tema do financiamento, mas Caixa e BCP não quiseram fazer comentários sobre o processo.

Em causa neste negócio está uma carteira de hotéis de luxo, incluindo o Conrad Algarve, o Cascatas Golf & Resort Spa da Hilton (na foto) e o grupo NAU, entre outros ativos imobiliários.

Segundo o Jornal Económico, os bancos já retiraram sete ativos desta carteira, com o valor bruto de 300 milhões de euros, devido às baixas ofertas apresentadas pelos fundos a cada um deles. Foram eles: Jardins de Birre; o Colombo’s Resort; a Herdade da Barrosinha, em Alcácer do Sal; os Terrenos de Coimbra; Quinta dos Clérigos; Morgado Golf & Country Club, e o Lago Montargil & Villas, no Alentejo. A redução do perímetro da carteira não deverá implicar grandes alterações no preço oferecido pelos investidores na medida que já avaliavam estes ativos a um valor baixo.

É expectável que o comprador venha a ser escolhido até final do ano, prevendo-se o closing da operação durante o primeiro semestre do próximo ano.

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CGD não pode “descurar o rigor” nem cometer “erros” após boas notícias

  • Lusa
  • 21 Setembro 2021

Após a agência Moody's ter melhorado o rating da Caixa, Paulo Macedo diz que banco não pode "descurar o rigor no crédito" nem cometer "erros de governance como no passado" para manter caminho.

O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, disse à Lusa, após a subida do rating pela Moody’s, que a instituição não pode “descurar o rigor no crédito” nem cometer “erros de governance como no passado”.

Questionado acerca do que a CGD não pode fazer para evitar cometer os erros do passado, Paulo Macedo respondeu que o banco “não pode descurar o rigor no crédito”.

“Não pode ter erros de governance como no passado, não pode deixar de ser competitiva, ou seja, tem que ver quais são os movimentos da concorrência“, acrescentou.

O gestor apontou que o banco público “hoje em dia ganha operações e perde operações por 0,01%, portanto concorre com todas as outras instituições, designadamente junto das entidades públicas que trocam a Caixa nos concursos públicos apenas por uma décima ou uma centésima, muitas das vezes”.

Se a Caixa se mantiver competitiva, se a Caixa assegurar uma boa governance, se a Caixa mantiver um rigor de crédito e melhorar as suas práticas e cada vez tiver mais próxima do cliente, se não fizer o oposto disto, eu acho que apesar do negócio bancário estar muito difícil, e dos proveitos core bancários preverem-se estar estagnados, a Caixa tem uma boa base para prosseguir o seu caminho“, sustentou.

Paulo Macedo reagia assim à notícia de que a Moody’s subiu o rating de dívida sénior de longo prazo da CGD de Baa3 para Baa2 e da dívida sénior de curto prazo de P-3 para P-2, na sequência da subida do rating da República, que passou também para Baa2.

“É uma subida importante porque primeiro houve uma subida por parte da Moody’s, há poucas semanas, na sequência da revisão de uma metodologia”, que levou a CGD para nível de investimento, referiu.

Agora, com a subida alinhada com o rating da República, ficar no mesmo patamar “obviamente é revelador daquilo que se entende que é a solidez da Caixa”, referiu o gestor.

Paulo Macedo relevou ainda os recentes resultados dos stress tests do Banco Central Europeu (BCE) e da Autoridade Bancária Europeia (EBA) e a emissão de obrigações sustentáveis por parte do banco público.

“Há um conjunto de notícias positivas, quer em termos de solidez, como é a subida do rating, quer em termos de inovação, como foi o facto da primeira obrigação sustentável por uma instituição financeira portuguesa, quer em termos de resultados e da presença da Caixa”, assinalou.

O gestor apontou agora ao crescimento junto das pequenas e médias empresas (PME), e voltou a referir o objetivo de “devolver o dinheiro aos contribuintes” depois da recapitalização pública concluída em 2017.

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Caixa reestruturou créditos de mais de 2.000 clientes com moratórias

  • Lusa
  • 21 Setembro 2021

Número foi avançado pelo presidente da Caixa, Paulo Macedo, que não espera que o fim das moratórias venha a causar um "problema enorme" na banca, como se antecipava.

O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, afirmou esta terça-feira, no Algarve, que o fim das moratórias bancárias vai ter impactos “assimétricos” nas empresas e famílias, mas não causará um “problema” à banca.

Paulo Macedo expressou esta posição no Autódromo Internacional de Portimão, ao intervir na abertura do “Encontro Fora da Caixa”, iniciativa da CGD para discutir a importância do turismo e que reuniu empresários e responsáveis do setor.

“O final das moratórias afetará muitas empresas e muitos particulares – por exemplo no caso da CGD houve mais de 2.000 pessoas que nos pediram para restruturar os seus créditos e, portanto, restruturámo-los -, mas em termos macroeconómicos diria não se espera que o fim das moratórias cause um problema nos bancos, como estava dito, ou cause um problema enorme”, disse Paulo Macedo.

A mesma fonte advertiu que o processo vai ser “penoso, obviamente, para muitas empresas e para muitas famílias”, mas considerou que ele será “menos penoso se o nível de emprego mantiver os níveis em que está”.

Paulo Macedo reconheceu que a saída das moratórias será “um pouco assimétrica”, porque “têm a expressão maior na restauração e turismo” e “há setores que basicamente pediram [moratórias] por precaução”, como é “o caso das empresas do setor da construção civil, que tiveram crescimento, quer no setor privado quer no público”.

"O final das moratórias afetará muitas empresas e muitos particulares – por exemplo no caso da CGD houve mais de 2.000 pessoas que nos pediram para restruturar os seus créditos e, portanto, restruturámo-los -, mas em termos macroeconómicos diria não se espera que o fim das moratórias cause um problema nos bancos, como estava dito, ou cause um problema enorme.”

Paulo Macedo

CEO da Caixa

Há empresários que, claramente, já têm as suas contas para este ano com resultados bastante positivos e temos outros que não recuperaram minimamente a sua rentabilidade”, distinguiu, dando como exemplo o caso da “restauração”, onde há “restaurantes que estão a faturar tanto neste mês de agosto ou mais do que já faturaram”, enquanto há “outros restaurantes que, primeiro que voltem a faturar semelhante ao que estavam, vai demorar algum tempo”.

Mais afetadas são também as “agências de viagem”, que “têm um panorama mais duro do que alguns grupos hoteleiros”, referiu.

“Há aqui uma assimetria grande, não vale a apena dizer que vai correr tudo às mil maravilhas nem vale a pena dizer que será tudo uma desgraça, é preciso percebermos os casos”, argumentou, afastando, contudo, o cenário mais pessimista para os efeitos que o fim das moratórias terá em termos macroeconómicos para o setor bancário.

Paulo Macedo lembrou que o cenário atual aponta para crescimentos entre 4% e 5% para este ano e próximo, níveis que baixarão para os 2% a 3% nos anos seguintes, mas que podem ser influenciados pelo investimento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), porque gera também “investimento indireto”.

“Até 2023, 2024 ou 2025 conta-se com um ambiente de indexantes de taxas de juro negativas”, sinalizou Paulo Macedo, considerando que a esta realidade soma-se um “bom nível de poupança” e o sentimento económico positivo”, embora com um “aumento da inflação” e com “problemas na cadeia de produção” que pode atrasar a entrega de mercadorias e componentes para a indústria.

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Caixa vai pagar juro abaixo de 0,4% por 500 milhões de dívida sustentável

A primeira emissão de dívida sustentável de sempre realizada por um banco português vai contar com um juro abaixo de 0,4%. Operação vai permitir financiamento de 500 milhões à Caixa.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está no mercado para obter um financiamento de 500 milhões de euros através da inédita emissão de títulos de dívida sustentável pelos quais vai pagar uma taxa de juro abaixo de 0,4%.

De acordo com o site de informação financeira IFR, a operação contará com um juro de 0,375% para estes títulos com o prazo de seis anos (maturidade em setembro de 2027), com o banco a ficar uma opção de reembolso antecipado no final do quinto ano (setembro de 2026).

Esta é a primeira emissão de dívida sustentável de um banco português, e irá abrir a porta deste segmento de mercado aos restantes bancos nacionais, numa altura de forte dinamização.

No lançamento da emissão na semana passada, a Caixa adiantou que dinheiro levantado nesta emissão será direcionado para “operações de crédito dos seus clientes nos domínios ambientais e do desenvolvimento socioeconómico”.

A operação está a ser trabalhada por diversos bancos: CaixaBI, Citigroup, Crédit Agrícole-CIB, ING, Natixis e o UBS.

“Será um marco importante na concretização dos compromissos assumidos pela CGD no domínio do financiamento sustentável, criando valor para os seus clientes e reduzindo o impacto ambiental da sua atividade”, sublinhou o banco liderado por Paulo Macedo na sexta-feira.

“Desta forma, a emissão permitirá endereçar oito Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas que vão da eficiência energética à geração de emprego em áreas menos favorecidas”, acrescentou.

A CGD fechou a primeira metade do ano com lucros de 294 milhões de euros, uma subida de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Caixa avança com primeira emissão de dívida verde. Quer 500 milhões

É o primeiro banco em Portugal a avançar com uma emissão de dívida sustentável. A instituição liderada por Paulo Macedo pretende obter 500 milhões de euros.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou esta sexta-feira que vai avançar com a primeira emissão de dívida verde. É o primeiro banco em Portugal a realizar este tipo de operação. A instituição liderada por Paulo Macedo pretende obter 500 milhões de euros.

O financiamento captado com esta emissão será direcionado para “operações de crédito dos seus clientes nos domínios ambientais e do desenvolvimento socioeconómico“, adianta o banco na nota enviada aos mercados.

A operação deverá ser concretizada na próxima semana, dependendo das condições do mercado. Em causa está a emissão de títulos de dívida sénior preferencial sustentável com o prazo de seis anos (maturidade em setembro de 2027), com o banco a ficar com opção de reembolso antecipado no final do quinto ano (setembro de 2026), de acordo com a apresentação feita aos investidores.

“Será um marco importante na concretização dos compromissos assumidos pela CGD no domínio do financiamento sustentável, criando valor para os seus clientes e reduzindo o impacto ambiental da sua atividade”, sublinha o banco do Estado. “Desta forma, a emissão permitirá endereçar oito Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas que vão da eficiência energética à geração de emprego em áreas menos favorecidas”, acrescenta.

"[A emissão de dívida verde] será um marco importante na concretização dos compromissos assumidos pela CGD no domínio do financiamento sustentável, criando valor para os seus clientes e reduzindo o impacto ambiental da sua atividade.”

Caixa Geral de Depósitos

Comunicado

A emissão deverá contar com um rating “Baa3” da parte da Moody’s, colocando-os num patamar considerado de “grau de investimento”, e um rating de “BBB” da DBRS.

A operação não só permitirá à Caixa diversificar as suas fontes de financiamento como também abrirá a porta deste mercado da dívida verde e sustentável aos outros bancos nacionais, ao estabelecer um preço de referência inicial.

A CGD fechou a primeira metade do ano com lucros de 294 milhões de euros, uma subida de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

(Notícia atualizada às 11h05)

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Negócio imobiliário do ano entra na reta final com dois interessados

Davidson Kempner e o consórcio Bain/Cerberus submeteram propostas firmes pelos fundos de reestruturação da ECS. Banca escolhe comprador até final do ano e até poderá ajudar financiar operação.

Cascatas Golf & Resort Spa, da HiltonDR

O negócio imobiliário do ano em Portugal entrou na fase decisiva. A banca já havia selecionado em abril uma shortlist de três investidores para a segunda fase do processo de venda dos fundos de reestruturação ECS. Agora, ao que o ECO apurou, apenas Davidson Kempner e o consórcio Bain/Cerberus decidiram mesmo avançar com propostas vinculativas, tendo submetido as respetivas ofertas dentro do prazo limite que terminou na segunda-feira da semana passada. A Oaktree terá ficado pelo caminho.

Em causa está uma carteira de hotéis de luxo, incluindo o Conrad Algarve, o Cascatas Golf & Resort Spa da Hilton (na foto) e o grupo NAU, de centros comerciais La Vie, entre outros ativos imobiliários, numa transação que poderá atingir os mil milhões de euros (preço de reserva dos bancos).

Estes ativos imobiliários são detidos pelos principais bancos nacionais através de unidades de participação em fundos que são geridos pela ECS, a sociedade de Fernando Esmeraldo e António de Sousa.

De acordo com as informações recolhidas pelo ECO, é expectável que o comprador venha a ser escolhido até final do ano, prevendo-se o closing da operação algures durante o primeiro semestre do próximo ano. Uma fonte próxima do processo lembrou que ainda existe o risco de o negócio não chegar a concluir-se.

Na fase que agora terminou, as instituições financeiras já estiveram a negociar diretamente com os interessados, nomeadamente em relação ao contrato de compra e venda e também quanto a um possível financiamento da operação. As negociações vão agora tornar-se mais complexas. As duas propostas em cima da mesa não deverão ser diretamente comparáveis entre si. Por outro lado, os bancos vão querer regatear o melhor preço possível pelo negócio.

Novo Banco, BCP e Caixa Geral de Depósitos são os bancos com maiores exposições neste conjunto de ativos, sendo que Santander e Oitante (veículo financeiro criado para gerir ativos do Banif que não foram comprados pelo Santander) também detêm unidades de participação nos fundos da ECS.

Para a banca, financiar o investidor na transação poderá trazer vantagens. Não só porque permite ao comprador melhorar as condições da proposta final. Mas também porque as instituições não têm problemas de liquidez (aliás, até são penalizados pelo excesso de dinheiro por causa do BCE), sendo que, num cenário adverso de incumprimento por parte do comprador, o pior que pode acontecer é ter os ativos de volta.

Ainda assim, não deixa de ser uma operação sensível para quem está exposto. Um negócio por um valor abaixo do valor daquele a que as unidades de participação se encontram registadas nos seus balanços poderá representar mais imparidades — além das perdas com os fundos de reestruturação que já registaram no ano passado em função do impacto da pandemia.

Em relação aos potenciais compradores, tanto a Davidson Kempner como a Bain e a Cerberus já fizeram negócios com os bancos portugueses no passado, sendo investidores conhecidos no mercado nacional.

Processo Discovery cai por terra

Além do processo da ECS, os bancos também estiveram a explorar a venda de outro fundo de recuperação ligado à área do turismo: o fundo de promoção turística Discovery Portugal Real Estate Fund, gerido pela sociedade Explorer e que gere mais de 40 ativos em Portugal, incluindo o Six Senses Douro Valley e o Eden Resort.

Contudo, a operação, que estava a ser conduzida pela Houlihan Lockey, caiu por terra, de acordo com informações recolhidas pelo ECO.

As unidades de participação neste fundo estão avaliadas em mais de 400 milhões de euros pelas próprias instituições — neste caso, detidas pelos bancos BCP, Novo Banco, Caixa e Oitante. Mais de uma mão cheia de fundos internacionais chegaram a ser convidados a olhar para este dossiê. Mas o processo não foi adiante.

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