Dividendos da Nos para Isabel dos Santos congelados na CGD

Ministério Público determinou ainda que os dividendos da Zopt -- que controla a telecom -- não podem ser usados para a empresária angolana pagar a dívida ao banco público.

Os dividendos que a Nos distribua junto das empresas de Isabel dos Santos através da Zopt — veículo que criou com a Sonae para controlar a telecom — vão ter de ficar guardados na Caixa Geral de Depósitos (CGD), de acordo com o Ministério Público. Estes dividendos, determina ainda o MP, não podem servir para pagar a dívida da empresária angolana junto do banco público.

A Zopt controla 52,15% da Nos, sendo que este veículo é detido em partes iguais por Isabel dos Santos — através das sociedades Kento Holding (17,35% da Zopt) e Unitel (32,65%) — e pela Sonae.

Em março deste ano, a operadora de telecomunicações pagou mais de 143 milhões de euros aos acionistas, com 74 milhões de euros a serem transferidos para a Zopt.

No caso da Kento e da Unitel — onde estão os ativos de Isabel dos Santos que se encontram arrestados pela Justiça por causa da ação colocada pelo Estado angolano –, os dividendos estão congelados, o que levou o Ministério Público português a requerer à Zopt que os montantes que cabiam às duas sociedades fossem depositados na CGD para “garantir que os mesmos fiquem à ordem destes autos”. A informação consta no relatório e contas do primeiro semestre da Sonaecom, divulgado esta terça-feira.

Além disso, o Ministério Público manifestou outra posição junto da Zopt: que os dividendos não podem ser usados “para satisfazer um alegado crédito da CGD sobre a Kento Holding Limited”.

Antes, se a Caixa quiser reaver o financiamento que concedeu ao veículo de Isabel dos Santos, deve “fazer valer os seus alegados direitos pelo meio processualmente adequado”, segundo o entendimento dos procuradores.

Contactada pelo ECO, a Caixa não quis prestar qualquer declaração sobre este assunto, embora o banco do Estado tenha já avançado, em março, com uma ação de execução no valor de 6,2 milhões de euros justamente contra a Kento.

Antes disso, a instituição liderada por Paulo Macedo já havia assumido o controlo da posição da Kento na Zopt “na qualidade de entidade beneficiária do penhor das ações detidas pela Kento” no veículo que une Isabel dos Santos e a Sonae na operadora portuguesa e que está em processo de dissolução.

(Notícia atualizada às 19h47)

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Greve na CGD foi “um êxito” para sindicato. Banco assegura que só 20% dos balcões encerraram

A CGD diz que apenas 20% dos balcões encerraram com a greve dos trabalhadores esta segunda-feira. Um sindicato contesta e diz que o protesto foi "um êxito".

Para o sindicato, a greve dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi um “êxito”. Para o banco público, as razões deste protesto “banalizam o direito à greve” e a adesão foi relativamente baixa.

O Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC) indica, num comunicado citado pela Lusa, que os funcionários do banco “mostraram hoje [segunda-feira] a sua indignação à administração pela forma completamente insensível como estão a ser tratados, relativamente à revisão da tabela salarial e ao assédio que sobre eles recai e que se reveste de várias formas”.

O STEC garantiu ainda que “não há agências a funcionar com normalidade”, classificando a ação como “um êxito”. “Apesar das pressões e ameaças, das transferências à pressa para substituir os trabalhadores em greve, muitas dezenas de agências estão encerradas, muitas outras dezenas estão abertas, mas de porta fechada, apenas com a gerência, sem efetuar operações e só para se dizer e contabilizar que estão abertas, outras ainda estão a funcionar com base em estagiários que não podem fazer greve”, acrescentou a estrutura.

Por sua vez, noutro comunicado, a CGD transmite uma visão bem diferente. O banco começa por indicar que a greve “é um direito que assiste a todos os trabalhadores”, mas tem de cumprir “todas as formalidades que são definidas na lei”. “A Caixa entende que as razões invocadas pelos sindicatos aderentes à greve de hoje banalizam o direito à greve, como é demonstrado pela adesão dos colaboradores, inferior em 50% em relação à última greve de 2018”, calcula o banco.

“Nesta greve, a Caixa tem 80% das agências abertas e processou um volume de transações totais superior em 4% (às 12 horas) face ao período homólogo do ano anterior”, acrescenta ainda a empresa.

A CGD esclarece, também, que “tem uma tabela de remunerações muito acima dos restantes bancos com quem concorre” e que “nunca esteve, nem está, em cima da mesa qualquer hipótese de um despedimento coletivo”. “Pelo contrário, para os colaboradores que têm escolhido sair, as condições de saída, quer seja por pré-reforma ou mútuo acordo têm sido das mais favoráveis da banca portuguesa”, argumenta o banco presidido por Paulo Macedo.

A CGD ataca, por fim, os sindicatos, acusando-os de insensibilidade na escolha do momento do protesto. “Convocada para o dia em que muitos portugueses recebem as suas pensões e pretendem honrar pontualmente os seus compromissos, esta é uma greve que demonstra insensibilidade por parte das estruturas sindicais que a convocaram, prejudicando alguns dos mais vulneráveis, mais desfavorecidos e com menor literacia financeira”, conclui a instituição financeira.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h08)

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Mais sindicatos aderem à greve na CGD e pagam dia a grevistas

  • Lusa
  • 6 Agosto 2021

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB) disseram que "não toleram despedimentos coletivos ou ameaças de extinção de postos de trabalho".

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB) aderiram à greve dos trabalhadores da CGD da próxima segunda-feira, garantindo o pagamento do dia aos seus associados que façam greve.

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, estes sindicatos anunciaram a adesão à greve e apelaram para que os seus sócios participem. Disseram ainda que a quem participar garantem o “pagamento, através dos respetivos Fundos de Greve, da perda de retribuição comprovadamente ocorrida”.

O sindicato dos trabalhadores do grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC) convocou greve para 09 de agosto, exigindo a negociação efetiva da tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária.

Em 27 de julho, o Mais Sindicato e o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) anunciaram que a CGD comunicou que vai iniciar em setembro a revisão da tabela salarial. O STEC manteve a greve.

Ainda no comunicado divulgado, em que anunciam a adesão à greve marcada pelo STEC, o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB) disseram que “não toleram despedimentos coletivos ou ameaças de extinção de postos de trabalho” e que, “caso ocorram, será, de imediato, convocada nova greve”.

Exigiram ainda ser informados sobre os processos de reestruturação feitos pelos bancos (que implicam saídas de funcionários), afirmando que não podem ser excluídos de participar nesses processos.

A CGD teve, no primeiro semestre, lucro de 294 milhões de euros, mais 18% do que no período homólogo de 2020.

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Caixa quer devolver dois mil milhões da recapitalização até 2023

Paulo Macedo reforçou intenção de pagar dividendo extra de 300 milhões ao Estado, mas também quer recomprar os 500 milhões de dívida AT1 que custam 40 milhões por ano em juros ao banco público.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) pretende devolver até junho de 2023 dois mil milhões de euros aos investidores que injetaram dinheiro no banco público na última recapitalização, revelou o CEO Paulo Macedo esta sexta-feira.

Não só quer pagar dividendos ao acionista Estado, que foi o principal contribuinte da recapitalização da Caixa em 2017, como também pretende amortizar os títulos de dívida AT1 (perpétua) e AT2 (maturidade de 10 anos) no valor de 1.000 milhões que o banco público teve de emitir no processo de reforço de capital realizado há quatro anos.

“Entendemos que é possível distribuir um dividendo adicional”, declarou Paulo Macedo na conferência de resultados. O Jornal de Negócios noticiou a possibilidade de um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros, já depois de a Caixa ter desembolsado 84 milhões ao Estado e de o Banco Central Europeu (BCE) tirar o travão aos dividendos a partir do final de setembro.

Mas “há outra questão para a distribuição de dividendo”, avisou o líder da Caixa. “Nunca pode pôr em causa o pagamento do AT1. É o melhor investimento que o nosso acionista pode ter, que é livrar-se de um encargo de uma entidade de capitais públicos onde paga 10,75%”, explicou. “É a grande prioridade da Caixa” liquidar os AT1, sublinhou o gestor,

Ou seja, a Caixa prepara-se para recomprar os 500 milhões de euros em títulos AT1 que emitiu em 2017, no âmbito do processo de recapitalização, com o objetivo de “poupar cerca de 40 milhões anos por ano”.

Segundo as contas de Paulo Macedo, com os dividendos ao Estado e a liquidação dos títulos AT1, a Caixa vai conseguir assim devolver 1.000 milhões de euros aos investidores até junho de 2023. Mas não ficará por aqui.

“Se as coisas continuarem a correr bem, aí já é mais difícil de ver, até 2023 pagará outros mil milhões. Ou seja, amortizará os 500 milhões do Tier 2, se tiver as autorizações necessárias, se não houver problemas com as moratórias e se o país e o mundo tiverem recuperado da pandemia”, apontou Macedo. Nestes cálculos já estará a contar com mais 500 milhões de euros em dividendos para o Estado.

No âmbito da recapitalização da Caixa, o Estado pôs 3,9 mil milhões de euros no banco público, cujo capital foi ainda reforçado com duas idas ao mercado para emitir 500 milhões em dívida AT1 e outros 500 milhões em dívida AT2.

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Lucro da Caixa sobe 18% para 294 milhões no primeiro semestre

A Caixa Geral de Depósitos registou lucros de 294 milhões de euros no primeiro semestre do ano, uma subida de 18% em relação ao mesmo período do ano passado.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 294 milhões de euros no primeiro semestre do ano, o que corresponde a uma subida de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, anunciou a instituição esta sexta-feira.

O banco liderado por Paulo Macedo explica que esta evolução é sobretudo “consequência da boa performance dos resultados de operações financeiras“, que dispararam 210% para 122 milhões de euros, sendo que os proveitos core mantiveram “tendência negativa”: a margem financeira caiu 8,5% para 480 milhões de euros, sendo compensada parcialmente pelo aumento das comissões, que subiram 9% para 310 milhões de euros.

A impulsionar os resultados com operações financeiras estão um conjunto de fatores, avançou o CFO José de Brito na conferência de apresentação de contas, incluinto resultados cambiais (20 milhões de euros), ganhos com derivados de taxas de juro (15 milhões) e ganhos com ativos financeiros.

Contas feitas, o produto global regista um crescimento de quase 6% (à boleia dos resultados de operações financeiras) para 858,7 milhões de euros.

A Caixa detalha ainda que o resultado líquido inclui ainda um ganho extraordinário de 44,3 milhões de euros (depois de impostos) decorrentes da reavaliação das responsabilidades com benefícios pós-emprego e provisões para o programa de pré-reformas.

Ou seja, sem contar com efeitos extraordinários, o lucro corrente foi de 250 milhões, aumentando de 26,2% face ao resultado corrente do primeiro semestre de 2020.

Volume de negócios aumenta

Apesar da pressão nas margens, o banco do Estado aumentou o volume de negócios na primeira metade do ano, dado que tanto o crédito como os depósitos aumentaram.

Os empréstimos subiram 2,7% para 49,2 mil milhões de euros até junho, com a Caixa a destacar a subida da nova produção de crédito hipotecário de 65%, “resultando na liderança do mercado com uma quota de nova produção de 24,4%, até maio de 2021”. O banco justifica esta subida expressiva da nova produção com baixa produção no segundo trimestre de 2020, devido ao confinamento.

Já os depósitos de clientes aumentaram 4,5 mil milhões de euros (+6,3%), “impulsionado pelo aumento da taxa de poupança das famílias e demonstrando a confiança e vinculação dos clientes na Caixa”.

5,5 mil milhões em moratória, 8,7% em alto risco

O montante de crédito em moratória decresceu no segundo trimestre, com a Caixa a registar 5,5 mil milhões de euros de empréstimos em suspenso, o equivalente a quase 14% da carteira.

Mais de 90% das moratórias estão em situação de stage 1 e stage 2, sendo que 8,7% estava classificada em stage 3, em situação de incumprimento.

NPL líquidos em 0%

O CEO Paulo Macedo destaque a qualidade da carteira de crédito da Caixa. O rácio de malparado líquido de imparidades atingiu os 0%, isto é, o banco tem crédito problemático e em situação de incumprimento que estão totalmente cobertas por imparidades.

O rácio NPL bruto (sem contar com imparidades) baixou 0,4 pp no último trimestre para 3,2%.

(Notícia atualizada às 18h03)

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Nova administração da Caixa já está em avaliação no BCE

Administração da Caixa Geral de Depósitos está fechada e o processo já deu entrada no Banco Central Europeu para avaliação da idoneidade dos gestores.

A administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) está finalmente fechada e o dossiê já se encontra em análise no Banco Central Europeu (BCE) para efeitos do chamado processo fit & proper, confirmou fonte oficial do banco público ao ECO.

“A proposta está submetida ao BCE e está a seguir os seus trâmites”, declarou o CEO Paulo Macedo durante a conferência de apresentação dos resultados semestrais. A Caixa registou uma subida de 18% do lucro para 294 milhões de euros no primeiro semestre.

Já se conhecem alguns dos nomes da nova equipa para o mandato até 2021-2014, que continuará a ser liderada por Paulo Macedo, sendo que António Farinha de Morais ocupará o cargo de chairman, substituindo Rui Vilar. Entre as novidades na equipa executiva da Caixa estão Manuela Ferreira (quadro da Caixa) e Madalena Talone (que vem do BPI, tal como Farinha de Morais).

O processo de eleição dos novos órgãos tem registado atrasos. Habitualmente, são eleitos na assembleia geral de maio. Cabe ao acionista Estado (através da tutela do Ministério das Finanças) propor os nomes, que depois terão de ser aprovados pelos reguladores para o registo de funções. Neste momento, só a EY foi designada para a auditoria externa e revisor oficial de contas, com o mandato renovado.

O novo mandato trará uma mudança no modelo de governação que passará pela redução do conselho de administração da CGD para 17 elementos, em vez dos atuais 20, e também pela extinção do conselho fiscal, o qual dará lugar ao conselho de auditoria. E trará ainda um novo plano estratégico depois de concluída a reestruturação dos últimos anos por conta do processo de recapitalização.

Na conferência de imprensa, Paulo Macedo rejeitou que os atrasos na nomeação da nova equipa tenha implicações na implementação da estratégia da Caixa para os próximos anos. “O plano estratégico tem um conjunto grande de opções, algumas mais disruptivas, e para essas terá de haver um novo conselho, terá de se falar com o acionista, mas há outras opções que não dependem do novo conselho, como a melhoria da eficiência”, explicou.

Mas “neste momento não sentimos que a Caixa seja penalizada por não ter uma aprovação formal do plano”, declarou aos jornalistas.

(Notícia atualizada às 18h07)

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Além de Berardo, outros fizeram “truques para não pagarem à banca”. “Espero que seja feita justiça”, diz Mortágua

Dirigente do Bloco de Esquerda lembra que há mais devedores, além do empresário madeirense, que fizeram “truques” para não pagarem as dívidas à banca.

Mariana Mortágua diz que “vê com bons olhos” o funcionamento da Justiça no caso de Joe Berardo, que foi detido esta terça-feira por suspeitas de vários crimes económicos. O empresário madeirense deve cerca de mil milhões à banca. A dirigente do Bloco de Esquerda “quer e deseja que seja feita Justiça”.

“Tudo o que tenha a ver com o funcionamento da justiça, só posso ver com bons olhos”, afirmou Mariana Mortágua em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.

A deputada bloquista recordou a audição polémica Joe Berardo há dois anos no Parlamento, no âmbito do inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Segundo Mariana Mortágua, Berardo foi ao Parlamento em maio de 2019 “gabar-se de ser intocável, gabar-se de ter conseguido encontrar um truque que foi descoberto e exposto ao país na comissão de inquérito, uma fraude para esconder obras de arte do Novo Banco e da Caixa para que a divida não pudesse ser cobrada”.

E aqui lembrou que outros grandes devedores da banca tiveram comportamentos semelhantes. “Depois dessa audição [de Berardo] houve muitos outros devedores que foram às comissões de inquérito e onde foram expostos truques muito parecidos para não pagarem o que devem aos bancos”.

Tudo o que espero e desejo é que seja feita justiça relativamente a esse tipo de ações, muitas delas de caráter fraudulento, levadas a cabo para estes devedores não pagarem as suas dívidas aos bancos com prejuízos para todos os contribuintes e portugueses”,rematou Mariana Mortágua.

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DBRS mantém ratings da Caixa e BCP, mas alerta para impacto da pandemia

Agência de notação de risco alerta que a pandemia deverá reduzir lucros dos bancos e aumentar o malparado. E por isso deixou os ratings com "tendência negativa".

A DBRS/Morningstar manteve os ratings da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do BCP, assim como as perspetivas negativas para as notações de risco dos dois bancos, devido ao potencial impacto da pandemia nos lucros e no crédito malparado.

Em relação à CGD, a DBRS Morningstar deixou inalterado o rating de longo prazo de “BBB” e o rating dos depósitos de longo e curto prazo em BBB (high) e R-1 (low), respetivamente, justificando esta decisão com “a posição de liderança de mercado em Portugal, a posição sólida de funding e capital, o progresso feito na redução do malparado e outros ativos tóxicos, assim como a racionalização da estrutura operacional”.

Já a tendência negativa, que indica que os ratings poderão sofrer cortes nos próximos meses, deve-se aos riscos de queda dos “já modestos níveis de rentabilidade decorrentes do impacto económico da Covid-19”.

“O ambiente atual está a pressionar as receitas do banco e pode resultar em maiores níveis de NPL e encargos com imparidades”, considera a DBRS. A agência nota que a qualidade da carteira de crédito da CGD se tem mantido resiliente desde o início da pandemia, “ajudada pelas medidas de apoio postas em prática pelo governo”, mas os NPL (non performing loans) deverão aumentar assim que as medidas forem retiradas.

Quanto ao BCP, a agência confirmou o rating de longo prazo de BBB (low) e o rating dos depósitos de longo e curto prazo em “BBB” e “R-2” (high), respetivamente. “Tem em conta a estabilidade do franchise do banco, o perfil de financiamento sólido e as almofadas de capital moderadas”, explica a DBRS.

O facto de se manter a tendência negativa reflete os riscos de deterioração dos ativos e da rentabilidade devido à incerteza provocada pela pandemia. A DBRS lembra que o BCP tem um “considerável” montante de crédito em moratória, num total de oito mil milhões de euros, correspondendo a 21% da carteira de crédito do banco.

Por outro lado, o BCP enfrenta riscos legais e financeiros na Polónia, “com a sua exposição aos créditos hipotecários em francos suíços na sua subsidiária na Polónia, decorrentes da eventual conversão dos empréstimos para zlotys polacos ou da anulação dos contratos se forem considerados abusivos”

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Ministérios setoriais na calha para o edifício-sede da Caixa

Pastas como a Administração Interna ou a Defesa deverão ficar excluídas de uma futura mudança para o Campo Pequeno, em Lisboa. Banco do Estado já não está sozinho no edifício.

A transferência de ministérios dispersos por várias localizações para o edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos deverá abranger apenas pastas setoriais, como a Economia, Planeamento, Ambiente ou Finanças, apurou o ECO. De fora ficam os ministérios que cumprem funções de Estado, como os da Administração Interna e da Defesa.

Luís Marques Mendes avançou este domingo no seu espaço habitual de comentário na SIC que existiam “conversações entre o Governo e a CGD para que vários ministérios que estão dispersos pela cidade de Lisboa serem transferidos para o edifício-sede da CGD”.

A informação foi confirmada ao ECO esta segunda-feira pela Presidência do Conselho de Ministros: “Existem conversações preliminares entre o Governo e a CGD com vista a avaliar a eventual utilização pelo Estado de espaço livre no edifício-sede daquela instituição bancária”.

A mudança serviria os interesses de ambas as partes. No caso do Governo promoveria uma maior racionalização na utilização dos imóveis do Estado e uma maior proximidade entre os ministérios. Para a Caixa representa uma oportunidade para rentabilizar as partes do edifício que estão desocupadas.

O presidente executivo do banco público abordou o tema na conferência de apresentação dos resultados de 2019, em janeiro do ano passado. “O que a Caixa sabe é que não continuará a ocupar este espaço sozinha”, disse Paulo Macedo, citado pelo Dinheiro Vivo, lembrando que o banco será “cada vez mais digital” e “eficiente”, necessitando por isso de menos recursos humanos.

O Grupo tinha 11.178 empregados no final do ano passado, segundo o último relatório e contas, quase metade dos 23.083 contabilizados uma década antes. A maior fatia diz respeito à CGD Portugal (atividade bancária), que emagreceu de 9.672 para 6.244 colaboradores.

A outra Caixa Geral do edifício

A obra com 205 mil metros quadrados e 15 pisos, estreada em 1994, já alberga um serviço público. A Caixa Geral de Aposentações, que gere as pensões dos funcionários públicos, mudou-se para o edifício da Avenida João XXI em 2018, deixando a morada na esquina da Avenida de Berna com a 5 de Outubro, que foi sede do Banco Nacional Ultramarino e agora pertence à Segurança Social.

Além do espaço disponível, a opção prendeu-se com o facto de a CGD prestar serviços à Caixa Geral de Aposentações. Resta saber se virá a ter a companhia dos ministérios, cumprindo um propósito que remonta, pelo menos, a 2004, quando foi criado um grupo de trabalho para estudar a concentração, liderado pelo então ministro-Adjunto, José Luís Arnault.

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Caixa com 9% do crédito em moratória em maior risco mas sem “pessimismo”

Caixa chegou ao final de março com quase seis mil milhões de euros de crédito em moratória, dos quais 532 milhões estão em risco mais elevado de incumprimento.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) chegou a março com 5,99 mil milhões de euros de crédito em moratória, o que representa uma descida 1,1 mil milhões de euros em relação ao pico registado em setembro. Quase 9% do crédito em moratória encontra-se em stage 3, isto é, em situação de maior risco de incumprimento. Ainda assim, não há razões para “pessimismo”, disse o presidente do banco, Paulo Macedo.

“No stage 3 temos um conjunto de crédito com imparidade, mas dois terços está coberto por imparidade. O stage 3 não coberto é muito baixo”, sublinhou Paulo Macedo na conferência apresentação dos resultados da Caixa.

Por outro lado, Paulo Macedo lembrou que o banco teve “sinais pouco significativos em termos de acréscimo de imparidades”, quando acabou a moratória de março. “Tivemos um acréscimo de crédito vencido muito pouco significativo”, disse o gestor.

Os dados da CGD revelam ainda que 40% do crédito em moratória tem hipoteca de propriedade residencial e 16% tem hipoteca de propriedade comercial.

O banco reforçou as imparidades para crédito em 60 milhões de euros no primeiro trimestre. Desde o início da pandemia, a Caixa já registou no seu balanço cerca de 370 milhões de euros em imparidades para fazer face a eventuais incumprimentos nos empréstimos.

Paulo Macedo disse não estar “pessimista” se estas duas condições se concretizarem: por um lado, “o aumento da taxa de vacinação, o aumento da mobilidade e o encerramento do lockdown total; e, por outro lado, se materializarem os apoios que estão a ser equacionados, e já foram falados, para apoiar as empresas no final de setembro”.

“Quanto às imparidades, não haverá se as empresas estiverem bem. Só há se as empresas não conseguirem cumprir. E isso vai depender da pandemia, da mobilidade, da retoma da atividade, acabar com o lockdown de certas atividades”, declarou o CEO da Caixa.

Comissões bancárias sem mais subidas este ano

Depois da subida das comissões no início deste mês, Paulo Macedo descartou mais aumentos nos preços dos produtos bancários, relembrando que a Caixa pratica o preçário mais baixo da banca portuguesa.

Não temos qualquer intenção de haver qualquer aumento de preçário até final do ano. Relembro que, de qualquer maneira, o que tivemos foi uma redução de preçário em janeiro e depois algum ajustamento em maio”, referiu o CEO do banco público. Desde 1 de maio que o banco acabou com as isenções nas comissões de manutenção na generalidade dos produtos e promoveu alterações os critérios de bonificação nas contas pacote.

Paulo Macedo espera que as receitas com comissões aumentem em produtos fora do balanço do banco, isto é, com fundos de investimento e com seguros. “A nossa perspetiva relativamente às comissões é que, à semelhança dos outros anos, haja um crescimento da atividade sobretudo nos produtos fora de balanço, nos produtos que não propriamente do core de atividade bancária”.

Sobre o relançamento da venda do banco no Brasil, Paulo Macedo disse que “a esperança é que agora apareçam interessados com propostas interessantes”, depois de uma primeira tentativa falhada. “Temos alguns indícios disso, que haja ofertas que sejam positivas para a Caixa e que permitam a alienação de um banco que é relevante mas que tem poucos clientes portugueses”.

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Lucro da Caixa cai 6% para 81 milhões no primeiro trimestre

O lucro da Caixa Geral de Depósitos registou uma descida de 6% para 81 milhões de euros, depois de ter reforçado as imparidades de crédito com quase 60 milhões, antecipando efeitos da pandemia.

O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou uma descida de 6% para 81 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, anunciou o banco esta quinta-feira. As imparidades de crédito foram novamente reforçadas no arranque do ano com quase 60 milhões de euros, “em antecipação dos efeitos da crise pandémica”, justificou o banco.

De acordo com José de Brito, administrador financeiro da CGD, a queda de cinco milhões nos lucros “pode ser integralmente explicada pela contabilização dos custos regulatórios”. “Este ano [o resultado do primeiro trimestre] incorpora a taxa adicional que foi criada no Orçamento de Estado e que no ano passado surgiu apenas em junho no Orçamento Suplementar”, justificou o o administrador na conferência de resultados, com o banco a apontar que os custos regulatórios tiveram um impacto de 52,7 milhões de euros no resultado líquido dos primeiros meses do ano.

A margem financeira (diferença entre juros recebidos e juros pagos) continuou sob pressão, tendo descido 11,5% para 233 milhões de euros, por causa dos níveis de taxa de juro e spreads que estão a impactar toda o setor bancário.

Por sua vez, os resultados de serviços e comissões subiram 2,2% para 125 milhões de euros. José de Brito acredita que estas receitas poderão subir mais à boleia da recuperação da economia após o confinamento. Neste ponto, também Paulo Macedo antecipa boas notícias no comissionamento de produtos de seguros e fundos de investimento, fora do balanço do banco. O CEO da Caixa descartou qualquer aumento do precário este ano, depois do ajustamento feito este mês.

Apesar da pressão da margem no produto bancário, a CGD fala numa “estabilização” do rácio cost-to-income: situou-se nos 50,6% no final de março.

Volumes aumentam

A queda da margem deu-se num período em que os volumes de crédito e depósitos até voltaram a crescer. A carteira de empréstimos a clientes da Caixa cresceu 1,4% para 48,6 mil milhões de euros em termos consolidados. Os recursos de clientes aumentaram 2,8% para 74 mil milhões de euros.

Ao nível da qualidade de carteira, José de Brito salientou que o banco já tem no seu balanço 370 milhões de euros de imparidades para crédito para fazer face a eventuais problemas por causa da pandemia. O tema é importante por causa das moratórias que vão expirar dentro de meses, sublinhou o CFO do banco. Paulo Macedo acrescentou: “Quanto às imparidades: não haverá se as empresas estiverem bem, só há se as empresas não conseguirem cumprir, isso vai depender da pandemia, da mobilidade, do retoma da atividade, acabar com o lockdown de certas atividades”.

Já o rácio de malparado baixou 0,3 pontos percentuais para 3,6% em março em relação ao final do ano.

A CGD destaca ainda os rácios de capital “acima da média dos bancos portugueses e europeus”, apresentando rácios CET1, Tier1 e Total de 18,0%, 19,1% e 20,6%, respetivamente. Evidencia a “robusta e adequada posição de capital” do banco.

(Notícia atualizada às 18h48)

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Governo relança processo de venda da Caixa Brasil

O Governo aprovou esta quinta-feira em Conselho de Ministros o relançamento do processo de venda do banco brasileiro da Caixa Geral de Depósitos.

Um ano depois de falhado o primeiro concurso de venda, Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o relançamento do processo de alienação do banco brasileiro da Caixa Geral de Depósitos (CGD).

Foi aprovada a resolução que determina o relançamento do processo de alienação das ações representativas da totalidade do capital social da sociedade Banco Caixa Geral – Brasil”, adianta o comunicado do conselho de ministros desta quinta-feira.

“Determina-se o relançamento do processo de alienação da totalidade ou parte das ações representativas da totalidade do capital social da sociedade de direito brasileiro Banco Caixa Geral – Brasil, detidas direta e indiretamente pela CGD, da totalidade ou parte do capital social das sociedades detidas, direta ou indiretamente, por aquela, bem como da totalidade ou parte dos respetivos ativos”, acrescenta o Executivo no comunicado.

O processo de venda da operação no Brasil estava previsto no plano de reestruturação da CGD acordada entre Portugal e Comissão Europeia, o qual já terminou no final do ano passado. Ainda assim, a Caixa mantém a intenção de alienar o banco brasileiro.

Há um ano, o Governo rejeitou as propostas apresentadas para a compra do banco brasileiro porque não estava “garantida, à luz do interesse público, a concretização dos objetivos subjacentes ao processo de alienação”. O Banco Luso-Brasileiro, do grupo Amorim, o Banco ABC Brasil e o fundo Artesia eram os três candidatos à compra do Banco Caixa Geral Brasil, mas as propostas não agradaram, com o Governo a seguir a posição do banco público liderado por Paulo Macedo.

Desde então ficou estabelecido o relançamento do processo quando estivessem “reunidas as condições de mercado, tendo em conta o atual contexto epidemiológico, em termos e condições a definir”.

(Notícia atualizada às 18h04)

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