“Cloud” e vendas na net engordam lucros da Amazon em 56%

  • Lusa
  • 4 Fevereiro 2022

Gigante norte-americana viu os lucros de 2021 dispararem 56%, resultado do aumento das vendas de serviços "cloud" da Amazon Web Services e do crescimento das vendas online.

A subida das vendas através da internet e de serviços na cloud permitiram que os lucros da Amazon atingissem os 33.364 milhões de dólares no ano passado, um aumento superior a 56% face a 2020, quando atingiu 21.331 milhões.

Em 2021, as vendas da Amazon resultaram em 469.822 milhões de dólares, 21,7% a mais face aos 386.064 milhões registados em 2020.

A empresa com sede em Seattle, no Estado de Washington, revelou na quinta-feira os seus resultados trimestrais, onde obteve um lucro líquido por ação de 65,96 dólares, face aos 42,64 alcançados no ano anterior.

A Amazon é uma das empresas que mais lucraram ao longo dos dois anos de pandemia de Covid-19, beneficiando com o aumento do comércio online derivado das restrições à mobilidade e do encerramento ou redução da capacidade e horário das lojas físicas durante vários meses.

Em 2021, a empresa liderada por Andy Jassy aumentou as suas vendas quer no seu principal mercado, a América do Norte, com um aumento de 18% para uma faturação de 279.833 milhões de dólares, quer no resto do mundo, onde as receitas aumentaram 22% para 127.787 milhões de dólares.

Por outro lado, a plataforma Amazon Web Services (AWS) que oferece serviços de computação na cloud [nuvem, em português], e que é líder no setor, aumentou as receitas em 37%, para os 62.202 milhões de dólares. A AWS é a grande aposta da empresa para o futuro e o seu negócio mais lucrativo, além de ter o domínio indiscutível no mercado, bem acima de seus maiores rivais, a Azure da Microsoft e a Google Cloud.

Além destes dois setores, a Amazon obteve ainda grandes lucros com o investimento na empresa de veículos elétricos Rivian, registando quase 12.000 milhões no último trimestre, coincidindo com a sua operação na bolsa de valores.

A empresa divulgou ainda, pela primeira vez, dados detalhados sobre o seu negócio de publicidade, pelo qual as empresas promovem os seus produtos na plataforma, que registou um lucro de 9,7 biliões de dólares entre outubro e dezembro, um crescimento de 32% em relação ao ano anterior.

A Amazon é a terceira empresa norte-americana com maior quota no mercado de publicidade online, atrás apenas das duas grandes dominadoras do setor, Alphabet (Google) e Meta (Facebook).

Prime fica mais caro

A empresa de Seattle aproveitou a apresentação dos resultados nesta quarta-feira para revelar um aumento de preço da assinatura Prime nos Estados Unidos, que agora é de 12,99 dólares por mês e que a partir de 18 de fevereiro será de 14,99 dólares por mês, para novos membros.

O Prime oferece serviços de entrega rápida sem custo adicional para produtos adquiridos na Amazon e acesso a uma biblioteca online de músicas e vídeos.

Em julho do ano passado, Jeff Bezos, fundador da empresa, deixou o cargo de CEO após 27 anos à frente da Amazon e foi substituído por Andy Jassy, ​​figura da sua maior confiança e que liderou a AWS durante anos. O CEO explicou que os “desafios” atuais são a escassez de trabalhadores nos Estados Unidos e a alta inflação.

“Apesar dos desafios de curto prazo, continuamos otimistas com o futuro e animados com o negócio agora que estamos a sair da pandemia”, frisou Jassy.

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Milhares de milhões de pessoas disseram “I love you” à Alexa no último ano

Na Web Summit, Tim Taylor, SVP da Amazon, revelou que a assistente virtual da Amazon tem imensos pretendentes. Só no último ano, disseram-lhe 'I love you' "dezenas de milhares de milhões de vezes".

Tim Taylor, SVP da Amazon, supervisiona 10 mil engenheiros que desenvolvem a AlexaWeb Summit via Flickr

Ao longo do último ano, marcado pelo isolamento causado pela Covid-19, os utilizadores disseram I love you (“eu amo-te”, em português) à Alexa, a assistente virtual da Amazon, “dezenas de milhares de milhões de vezes”. A revelação foi feita na Web Summit por Tim Taylor, o responsável da Amazon que supervisiona o produto.

A Alexa é a assistente virtual que alimenta alguns dos produtos vendidos pela Amazon, principalmente as colunas inteligentes Echo. Desde setembro que as versões internacionais do produto passaram a ser vendidas aos portugueses através da loja da Amazon Espanha, respondendo a comandos de voz dos utilizadores.

Tim Taylor subiu ao palco principal da conferência esta terça-feira de manhã para explicar porque é que a Amazon quer que os clientes “falem menos” para a Alexa. Sete anos depois do lançamento da assistente virtual, o responsável indicou que a tecnologia de inteligência artificial (IA) que alimenta o sistema, em breve, será capaz de detetar rotinas e programar-se sozinha — ou seja, exigirá cada vez menos intervenção por parte dos utilizadores.

A Alexa é o sistema que alimenta os dispositivos inteligentes Echo da AmazonPixabay

Na mesma intervenção, o responsável disse ainda que a intenção da Amazon é “democratizar ainda mais a IA” e recordou que, agora, qualquer pessoa é capaz de desenhar rotinas e configurar a Alexa. Algo que, há poucos anos, era tarefa mais vocacionada para cientistas de dados e engenheiros. Taylor chamou-lhe “self-service AI.

Os avanços nesta vertente têm sido possíveis graças à enorme quantidade de dados pessoais que a Amazon guarda dos seus clientes. A gigante do e-commerce sabe o que os consumidores pesquisam e aquilo que mais compram, informação valiosa que pode permitir até saber o que o utilizador quer antes mesmo de este pedir.

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Amazon está mais perto e assume “compromisso de longo prazo” com Portugal

A Amazon ainda não tem uma loja em Portugal, mas traduziu para português europeu a loja que tem em Espanha. Em resposta ao ECO, a empresa assume o "compromisso de longo prazo" com o país.

A Amazon tem vindo a aproximar-se cada vez mais de Portugal. E quer “continuar a conquistar a confiança dos consumidores portugueses”, assumindo um “compromisso” a “longo prazo” com o país. É a própria empresa que o diz, em respostas enviadas ao ECO.

Em janeiro de 2018, o Jornal de Negócios avançou que a Amazon estava a negociar a entrada no mercado português. Três anos depois, ainda não houve confirmação oficial. Mas a empresa tem dado passos subtis e concretos. E passos de um gigante nunca passam despercebidos.

No ano passado, a pandemia acelerou o comércio eletrónico e colocou Portugal a convergir com a Europa. O mercado expandiu-se e a oportunidade ganhou dimensão. A 27 de janeiro deste ano, a Amazon traduziu a loja espanhola para português europeu. E juntou ao catálogo várias marcas portuguesas, da Ramirez à Science4you. Depois, também a app foi traduzida. Para muitos portugueses, comprar na Amazon já é como ir às compras noutra loja qualquer.

Mas a grande novidade surgiu a 25 de maio, dia em que a Amazon divulgou um primeiro comunicado em português a dar conta da chegada do Prime ao país. É certo que muitos portugueses já assinavam o serviço através da loja de Espanha. Mas a mensalidade caiu para 3,99 euros, preço que inclui portes grátis, plataforma de streaming e armazenamento ilimitado de fotografias. Antes, só o Prime Video custava 5,99 em Portugal.

Qual é a estratégia da Amazon? Fonte oficial da empresa explica ao ECO que “já tem um grande número de utilizadores em Portugal há muitos anos”, que compram em várias lojas da Amazon, incluindo a de Espanha (amazon.es).

“No entanto, estamos bem conscientes de que a experiência desses consumidores não tem sido tão boa como poderia ser, nomeadamente por não poderem comprar no seu idioma nativo”, admite a Amazon. Por isso, a tradução da loja espanhola “foi o próximo passo mais natural”.

“Depois de fornecermos essa experiência, estávamos numa posição de poder lançar um serviço localizado de Prime para os nossos clientes portugueses, com base no serviço Prime espanhol”, acrescenta a mesma fonte. E agora? A empresa espera “continuar a ganhar a confiança dos clientes portugueses e a fornecer uma experiência que estes valorizem”.

Esperamos que estes investimentos mostrem o nosso compromisso de longo prazo com os nossos clientes portugueses.

Fonte oficial da Amazon

Movimentações nos bastidores

Para muitos portugueses, a chegada da Amazon a Portugal só é “oficial” quando houver amazon.pt. Atualmente, o endereço ainda remete para a loja espanhola. Em 2018, quando questionada sobre a abertura da Amazon Portugal, fonte oficial da empresa não quis comentar “especulações”.

Três anos e uma pandemia depois, o ECO voltou a fazer a pergunta à Amazon. A resposta foi semelhante, mas com uma ligeira diferença: “Não fazemos comentários sobre planos futuros.” A interpretação da expressão “planos futuros” fica à consideração de cada um.

Certo é que já há movimentações nos bastidores. Este ano, a empresa passou a fazer-se representar por uma agência de comunicação em Portugal, a Tinkle. E pelo menos uma fonte próxima do Governo disse ao ECO saber que a Amazon está a preparar o aumento da operação no país “há algum tempo, com alguns recrutamentos”.

Mas nada disto garante que a Amazon tenha planos para abrir o amazon.pt num futuro próximo. Muito menos a instalação de um armazém ou centro de logística no país, hipótese que, quando confrontada pelo ECO, a empresa também chuta para canto. É, no entanto, um sinal claro de aproximação a Portugal. Como o é também a própria existência de respostas às perguntas de um órgão de comunicação social português.

“O nosso foco é sempre os nossos clientes. Por isso, continuar a investir neles e a fornecer-lhes uma experiência em constante melhoria é central para a Amazon enquanto negócio. Isto é o que acontece em Portugal, onde investimos na experiência de compra em língua portuguesa e num programa localizado de Prime. Esperamos que estes investimentos mostrem o nosso compromisso de longo prazo com os nossos clientes portugueses”, diz a Amazon.

Se a Amazon, porventura, vier a lançar o amazon.pt este ano, não será a primeira expansão da empresa em 2021. A 2 de março, a Polónia passou a contar com uma loja localizada, acessível através de amazon.pl. A empresa disponibilizou também nesse mercado as versões internacionais dos dispositivos Echo e Echo Dot, que incluem a assistente virtual Alexa.

Todavia, num comunicado a dar conta desse lançamento, a Amazon sublinhou que já operava na Polónia desde 2014. Ou seja, quando foi lançado o amazon.pl, já a Amazon empregava no país um total de 18 mil pessoas em nove centros de distribuição, e três escritórios, um deles da subsidiária AWS. Apesar da aproximação a Portugal, é uma dimensão de presença que a empresa ainda não tem no país. Por isso, a avaliar por estes números, talvez o amazon.pt ainda tenha de esperar mais um pouco.

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Já arrancou o Prime Day. Amazon tem dois milhões de produtos com desconto

O Prime Day da Amazon chega pela primeira vez a Portugal este ano, para os assinantes do recém-lançado Prime. A empresa tem mais de dois milhões de produtos com descontos, o dobro do ano passado.

Aquela que é uma das maiores campanhas de vendas em todo o mundo chega pela primeira vez a Portugal este ano. O Prime Day da Amazon arrancou às 23h00 de domingo e decorrerá até ao final do dia de terça-feira, abrangendo “mais de dois milhões” de produtos com descontos nas várias categorias na loja online. Mas só para os subscritores do Prime.

Em 25 de maio, a Amazon anunciou o lançamento do serviço premium Prime em Portugal. Alguns portugueses já assinavam o serviço através da loja de Espanha, mas a Amazon passou a oferecer a subscrição no mercado nacional a um preço mais reduzido: 3,99 euros por mês, com todos os benefícios. Incluindo portes grátis para todas as encomendas.

Nos dois primeiros dias da semana, soma-se à lista a campanha do Prime Day, um evento anual semelhante à Black Friday e ao Singles’ Day da Alibaba, mas promovido pela Amazon: “Este singular período de compras vai proporcionar aos membros Prime mais de dois milhões de ofertas em categorias como moda, lar, beleza e muitas mais, juntamente com as melhores vantagens do entretenimento”, indica a empresa num comunicado.

Segundo a CNBC, os dois milhões de produtos com descontos representam o dobro do Prime Day do ano passado. Nos EUA, estima-se que as vendas no comércio eletrónico disparem 17,3% face a 2020, para 12,18 mil milhões de dólares. Concretamente na loja da Amazon, é esperado um pulo de 18,3%, para 7,31 mil milhões de dólares, segundo dados da EMarketer.

Numa nota enviada à imprensa, a Amazon indica que “vai investir mais de 100 milhões de dólares (81 milhões de euros) em atividades promocionais para incentivar os clientes a comprar nas pequenas empresas que vendam na Amazon”. “Os vendedores aderentes têm batido recordes de vendas todos os anos desde o lançamento do Prime Day, com mais de 3,5 mil milhões de dólares em vendas só durante o evento do ano passado”, aponta a multinacional.

Além do Prime Day, a Amazon está a promover a campanha “Gaste 10€, Ganhe 10€”. Começou esta segunda-feira e vai durar até 20 de junho, um domingo. “A Amazon vai oferecer um crédito de dez euros para usar no Prime Day aos membros que gastarem dez euros em artigos selecionados de marcas e pequenos negócios na loja da Amazon”, aponta a empresa.

Os dias pacíficos da Amazon, contudo, podem ter os dias contados. A empresa está sob forte escrutínio na União Europeia por alegadas práticas anticoncorrenciais, incluindo acusações de que usa os dados dos parceiros vendedores para lançar produtos de marca própria (a Amazon nega).

Além disso, na semana passada, nos EUA, o Presidente Joe Biden nomeou para a liderança da Federal Trade Commission (FTC) Lina M. Khan. Khan é conhecida por ser muito crítica do domínio das grandes empresas de tecnologia e ganhou notoriedade graças a um artigo que escreveu para o The Yale Law Journal em 2017, com o título “O paradoxo anticoncorrencial da Amazon”.

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Amazon compra produtora da saga James Bond por 8,45 mil milhões de dólares

Naquele que é o maior negócio da Amazon desde que adquiriu a Whole Foods em 2017, o grupo de Jeff Bezos vai pagar 8,45 mil milhões pela MGM, que produz a saga James Bond.

Negócio fechado: a Amazon vai mesmo comprar a Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), pela qual pagará 8,45 mil milhões de dólares (incluindo dívida). A produtora de Hollywood é mundialmente famosa graças à saga James Bond, também conhecida por 007. O seu logótipo, composto pela figura de um leão, é reconhecido internacionalmente nos grandes e pequenos ecrãs.

Este é o maior negócio da gigante do e-commerce desde que adquiriu a retalhista Whole Foods em 2017, por 13,4 mil milhões. Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a Amazon pôs fim aos rumores que já circulavam há dias e confirma que “chegou a um acordo definitivo” para a compra da MGM: “A Amazon vai ajudar a preservar o património da MGM e catálogo de filmes”, garante a empresa fundada por Jeff Bezos.

De acordo com o The New York Times, o preço que a Amazon vai pagar está 40% acima do que outros potenciais interessados terão oferecido pela MGM, incluindo a Apple e a Comcast. No entanto, a compra do estúdio de televisão acarreta um detalhe importante: a Amazon só vai controlar metade do franchise de James Bond. A outra metade é controlada por Barbara Broccoli e o irmão, Michael G. Wilson, que são também os únicos que têm poder de decisão sobre quando lançar um novo filme.

A Amazon tem uma reserva de cash de mais de 70 mil milhões de dólares e um valor de mercado de 1,64 biliões. Com a compra da MGM, propõe ainda “empoderar” o estúdio a continuar o seu trabalho, mas são evidentes as sinergias entre os dois grupos, sobretudo porque a Amazon detém uma plataforma de streaming, o Prime Video, e também tem investido em conteúdo original.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h21)

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Nos e AWS lançam acelerador de startups focado no 5G

  • Lusa
  • 8 Março 2021

A Nos e a Amazon Web Services vão promover projetos ligados ao 5G por via de um novo "Acelerador", lançado esta segunda-feira. Inscrições já estão abertas.

A Nos e a Amazon Web Services (AWS) lançaram um “Acelerador 5G” para impulsionar startups com ideias e negócios que possam ser potenciados pela quinta geração de rede de comunicações, cujas inscrições terminam em 11 de abril. O programa tem o apoio da Startup Lisboa.

“Com velocidades muito mais rápidas, baixa latência e com a capacidade de ligar milhões de equipamentos e dispositivos entre si, o 5G será um dos principais impulsionadores da economia digital”, refere a operadora liderada por Miguel Almeida, num comunicado.

“A Nos, enquanto operador de telecomunicações líder na inovação, e a AWS lançam um programa que vai desafiar as startups com atividade em Portugal a tirarem partido da tecnologia 5G, para desenvolverem as suas ideias de negócio”, acrescenta.

A Nos e a AWS pretendem “apoiar a construção de um ecossistema de inovação e de empreendedorismo 5G em Portugal, liderando a transformação digital e potenciando a criação de oportunidades associadas à nova tecnologia móvel”, salientam as tecnológicas.

A este acelerador podem concorrer startups nacionais e estrangeiras com operação em Portugal “que tenham um modelo de negócio que possa ser potenciado pela tecnologia 5G ou que pretendam explorar e desenvolver novos modelos de negócio a partir desta tecnologia”.

As startups selecionadas irão beneficiar “da exposição a potenciais investidores, entre o quais a Armilar Venture Partners, entidade que gere o Fundo de Capital de Risco ‘Nos 5G'”. Além disso, terão também acesso a sessões com mentores técnicos e de negócio da Nos e da AWS e a uma oferta de serviços da Amazon Web Services que pode ir até 100 mil euros, através do programa AWS Activate.

“O grande vencedor receberá um prémio monetário de 7.500 euros e acesso direto à incubação na Startup Lisboa”, refere a Nos.

O programa Acelerador 5G tem a duração de sete semanas e é composto por webinars, sessões de mentoria e momentos de acompanhamento individual de cada projeto, entre outros, terminado em 30 de junho com “a dinamização de um Demo Day e a apresentação pública dos projetos finalistas a potenciais parceiros e investidores”.

Todos os projetos que integrem este programa têm “desde logo acesso a oportunidades de inovação colaborativa seja diretamente com a Nos e com a AWS, ou com clientes das mesmas, assim como acesso a parceiros e mentores especialistas, incluindo a rede de mentores da Startup Lisboa”.

A Nos sublinha que esta iniciativa vem reforçar a sua aposta “no ecossistema de empreendedorismo 5G nacional, depois da constituição do Fundo de Capital de Risco NOS 5G no final de 2019, com uma dotação de 10 milhões de euros”.

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Quem é Andy Jassy, discípulo de Bezos e futuro chefe da Amazon?

Esteve na origem de um dos motores de crescimento da Amazon: o negócio da cloud. Quem é o gestor que vai assumir a liderança do grupo Amazon a partir deste verão?

Andy Jassy, atual líder da Amazon Web Services e futuro presidente executivo do grupo Amazon.Steve Jurvetson via Flickr

Tem 53 anos, está na Amazon há mais de 20 e é visto como um discípulo do fundador do grupo, Jeff Bezos. Andy Jassy, que lidera o negócio de cloud da empresa, foi o escolhido para assumir a presidência executiva da gigante norte-americana a partir do verão.

Quem é este gestor? Em 2003, Andy Jassy participou na troca de ideias que daria origem ao que é hoje o principal motor de crescimento da empresa, a Amazon Web Services. Nessa sessão, na sala de estar de Bezos, foi visionada a possibilidade de transformar a infraestrutura de computação da Amazon num negócio próprio.

A ideia era a seguinte: permitir que qualquer pessoa numa garagem pudesse ter acesso a infraestrutura de computação com a mesma estrutura de custos e escalabilidade que as maiores empresas do mundo. Um negócio que, agora, é amplamente conhecido por cloud, do qual o grupo é destacado líder de mercado.

De volta ao presente, a Amazon Web Services, da qual Jassy é presidente executivo, gerou vendas líquidas de 12,7 mil milhões de dólares entre outubro e dezembro de 2020 e um lucro de 3,6 mil milhões, que representa mais de metade do lucro operacional de todo o grupo Amazon, escreve o The Wall Street Journal (acesso pago). Neste contexto, a escolha de Bezos para seu substituto não é assim tão surpreendente.

Jassy cresceu em Scarsdale (Nova Iorque) e fez um M.B.A. na Universidade de Harvard. Segundo o jornal, é conhecido pela sua curiosidade e respeito pelos dados. No mercado, é ainda visto como um braço-direito de Bezos, acompanhando-o ao longo de grande parte da história da Amazon, empresa que, para quem a conhece melhor, só poderia ser liderada por alguém que viesse de dentro.

O futuro líder da Amazon, que continuará a contar com Bezos como chairman executivo, tomará as rédeas a uma empresa que parece ter sido desenhada a pensar numa pandemia: para além da cloud que alimenta a internet e permite o teletrabalho, gere uma das maiores plataformas do mundo de comércio eletrónico e entregas de encomendas e até tem um serviço de streaming de filmes e séries.

No quarto trimestre de 2020, a Amazon ultrapassou pela primeira vez a fasquia dos 100 mil milhões de dólares em receitas, com um recorde de 125,5 mil milhões. E, num ano marcado por sérias dificuldades para famílias e empresas em todo o mundo, obteve receitas de 380,06 mil milhões, uma subida de 37% face a 2019.

Mesmo assim, Jassy não deverá ter um estado de graça. O gestor, enquanto novo presidente executivo, ficará responsável por conduzir os destinos da empresa num período em que se espera forte escrutínio dos reguladores a eventuais abusos de posição dominante. Há já processos e investigações em curso na União Europeia e é, também, esperada uma acusação nos EUA a qualquer instante.

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Amazon lança site em português de Portugal

Já há uma versão em português do site da Amazon em Espanha e uma página dedicada a produtos de marcas nacionais. Novidade surge na loja espanhola e ainda não há www.amazon.pt.

A Amazon está cada vez mais próxima dos portugueses. Ainda não é desta que Portugal tem direito a nome próprio, até porque o site www.amazon.pt continua a encaminhar os visitantes para a loja em Espanha. Mas a plataforma passa agora a contar com uma versão traduzida para português de Portugal.

Os utilizadores portugueses da Amazon Espanha são agora convidados a optar pelo site em PT-PT, no qual surge a indicação em grande destaque “Bem-vindo à Amazon em Português”, acompanhada de elementos da cultura nacional, como as cores da bandeira, a Torre de Belém, Ponte 25 de Abril, entre outros.

Além da tradução, a Amazon Espanha apresenta agora, também, uma área dedicada a “produtos de marcas portuguesas”. Entre as marcas destacadas estão a Ambar, Casa Alegre, Castelbe, SL Benfica e Seleção Portuguesa. A gigante promove ainda “milhares de produtos com envios grátis para Portugal em pedidos superiores a 29 euros, ou 19 euros em livros”.

Página principal do site da Amazon Espanha em português.Amazon

Em 2018 foi noticiado que a Amazon estaria a negociar a entrada em Portugal, o que acabou por não se verificar até ao momento. Na altura, os analistas do CaixaBank chegaram a indicar que a possível entrada da Amazon em Portugal iria “aumentar a concorrência” a retalhistas como a Sonae, que chegaram a desvalorizar em bolsa perante as notícias.

No final desse ano, depois de fahada uma operação de venda de ações da Sonae MC, a Sonae veio garantir que a Amazon “não é um grande problema em Portugal”. “Os shoppings são muito populares aqui e a Amazon não tem um site www.amazon.pt nem um armazém”, sublinhou então a empresa.

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Comissão Europeia acusa Amazon de violar lei da concorrência e abre nova investigação

A Comissão Europeia acusou a Amazon de usar informação de outros comerciantes para beneficiar os seus próprios produtos na plataforma que gere. Ao mesmo tempo, abriu uma nova investigação ao grupo.

A Comissão Europeia acusou a Amazon de violar as regras da concorrência no mercado europeu, em mais um processo que opõe Bruxelas a uma grande empresa norte-americana do setor da tecnologia.

A equipa da vice-presidente executiva Margrethe Vestager considera que a Amazon tem “sistematicamente” recorrido a informação privada de comerciantes independentes na sua plataforma para impulsionar as vendas dos seus próprios produtos. A acusação ainda é “preliminar”, mas já era esperada há vários meses.

Simultaneamente, Bruxelas abriu uma nova investigação à empresa fundada por Jeff Bezos que poderá resultar em novas acusações. Desta vez, vai focar-se no “possível tratamento preferencial” da Amazon aos seus próprios produtos e aos produtos dos vendedores que usem os serviços de logística e de entregas da própria Amazon, em detrimento dos demais. Os serviços em causa são o “Buy Box” e a marca Prime.

“É preciso garantir que as plataformas com um duplo papel que tenham poder de mercado, como a Amazon, não distorcem a concorrência. Dados da atividade de outros comerciantes não devem ser usados para beneficiar a Amazon quando esta atua como concorrente desses mesmos vendedores”, sublinha Margrethe Vestager, também titular da pasta da concorrência, citada num comunicado.

Por “duplo papel”, a comissária refere-se ao facto de a Amazon ser, simultaneamente, a gestora de uma plataforma de comércio usada por milhões de comerciantes para venderem os seus produtos, e vendedora nessa mesma plataforma, através de marcas próprias. A Comissão Europeia considera que, nesta posição, a Amazon tem acesso a dados dos comerciantes com quem também concorre e que os usa em seu próprio benefício.

"É preciso garantir que as plataformas com um duplo papel que tenham poder de mercado, como a Amazon, não distorcem a concorrência. Dados da atividade de outros comerciantes não devem ser usados para beneficiar a Amazon quando esta atua como concorrente desses mesmos vendedores.”

Margrethe Vestager

Comissária europeia para a Concorrência

“As descobertas preliminares da Comissão mostram que largas quantidades de informação privada dos comerciantes está disponível aos trabalhadores do negócio de retalho da Amazon e flui diretamente para os sistemas automatizados desse negócio”, indica a Comissão Europeia na mesma nota. Desta forma, a empresa “calibra” as suas próprias ofertas para vender mais que os concorrentes, defende Bruxelas.

Numa reação à acusação, a Amazon afirma “discordar com as considerações preliminares da Comissão” e assegura que “vai continuar a fazer todos os esforços” para que Bruxelas tenha “um entendimento preciso dos factos”. “A Amazon representa menos de 1% do mercado global de retalho, e há retalhistas maiores em qualquer mercado onde operamos”, argumenta fonte oficial, em resposta ao ECO.

A mesma fonte indica ainda que “nenhuma outra companhia se preocupa mais com as pequenas empresas ou fez mais para apoiá-las nas últimas duas décadas do que a Amazon”. “Há mais de 150 mil empresas europeias a vender através das nossas lojas que geram dezenas de milhares de milhões de euros em receias anualmente e que criaram centenas de milhares de empregos”, destaca fonte oficial do grupo.

O caso deverá ser atentamente seguido na Europa e nos EUA, onde tem vindo a aumentar o escrutínio regulatório sobre a forma como grandes empresas como a Google, Amazon, Facebook e Apple mantêm posições dominantes nos mercados em que operam.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h48 com reação da Amazon)

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Novo sistema Amazon One permite pagar com a palma da mão

A Amazon está a testar um novo método de pagamento nas lojas em Seattle (EUA). O sistema Amazon One recorre à palma da mão para autorizar as transações.

O novo sistema Amazon One permite pagar com a palma da mão.Amazon

Há cada vez mais formas de pagar, desde as aplicações aos cartões contactless. Agora, surgiu mais uma, que está literalmente na palma da mão. A Amazon desenhou um sistema de pagamentos para as lojas físicas, através do qual basta o cliente posicionar a mão por cima de uma máquina, que lê a “assinatura” única de cada um e autoriza a transação.

Por enquanto, este método de pagamento está restrito a duas lojas Amazon Go em Seattle, mas será expandido a outras lojas, sendo que a empresa também oferecerá o serviço a comerciantes e outras empresas que estejam interessadas na tecnologia, de acordo com o Engadget. A tecnológica aponta que o serviço poderá também ser usado, no futuro, para entrar em locais como ginásios ou estádios.

Para usar o sistema, apelidado de Amazon One, é preciso uma inscrição na primeira visita, inserindo o cartão de crédito e seguindo as instruções do scanner no ecrã. Assim que o cartão e a palma da mão forem “emparelhados”, poderá entrar nas lojas simplesmente posicionando a mão acima do dispositivo “durante cerca de um segundo”.

Segundo a Amazon, o reconhecimento da palma da mão é considerado “mais privado do que algumas alternativas biométricas, porque não se pode determinar a identidade de uma pessoa olhando para a imagem da palma da mão”, ao contrário do reconhecimento facial. É também algo que requer um gesto intencional, aponta a tecnológica. O facto de o sistema não exigir o contacto físico é um bónus no atual contexto de pandemia.

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Amazon lança mini-drone que patrulha a casa em busca de invasores

  • ECO
  • 25 Setembro 2020

A Amazon apresentou novos produtos e um deles é um pequeno drone que voa pela casa à procura de invasores. Mas há também novidades para quem tem a Alexa e uma câmara que grava operações stop.

A Amazon desvendou os trunfos que tinha na manga para a próxima temporada, entrando no mercado dos jogos na “nuvem”, somando novos modelos à linha de equipamentos Echo e lançando novas soluções de proteção do lar. Entre as novidades está um pequeno drone que, enquanto está fora, é capaz de voar pela casa e espreitar as várias divisões.

O aparelho chama-se Ring Always Home Cam. Como o nome indica, foi feito para dar a sensação de que está sempre em casa. Pode ser particularmente útil se, por exemplo, for conjugado com a função Guard da Alexa, que liga e desliga as luzes de casa aleatoriamente, dando a sensação de presença a quem espreite de fora.

Mas a funcionalidade principal e mais inovadora deste produto é a possibilidade de patrulhar a casa em busca de invasores. Tem a forma de uma pequena caixa que serve de base e carrega um aparelho multi-rotor, um mini-drone, que voa pela casa num percurso predefinido pelo utilizador. Chega em 2021 por 250 dólares.

O Ring Always Home Cam promete ser o seu “eye in the sky”: voa pela casa à procura de invasores.Amazon

Porém, não foi a única tecnologia apresentada pela gigante das compras online. De acordo com o Business Insider, o grupo tem outras novidades na sua oferta de hardware e software, incluindo para os fãs de videojogos.

  • Chegou a plataforma Luna, um catálogo de jogos que podem ser jogados diretamente na cloud, o que significa que o processamento gráfico é totalmente feito ao nível remoto. A plataforma é compatível com a generalidade dos sistemas, desde iOS a Android, passando por Mac, Windows e, claro, Fire TV. Custará 5,99 dólares por mês nesta fase inicial.
  • A assistente virtual Alexa vai ter uma nova casa, nomeadamente estas novas colunas inteligentes da gama Echo que perdem o design cilíndrico habitual. Estes novos Echo custam 100 dólares. Para quem usa a Alexa para fazer videochamadas, há também um novo Echo Show cujo ecrã roda a 360 graus, acompanhando a posição do utilizador. O preço é 250 dólares e o aparelho chega mais perto do fim do ano.

Os novos modelos da gama Echo, equipados com a Alexa.

  • Numa altura em que muitos norte-americanos protestam contra a atitude da polícia, a Amazon lança a Ring Car Cam. É uma câmara de segurança para ter no carro, que tem uma funcionalidade especificamente desenhada para gravar interações com as autoridades, por exemplo, durante uma operação stop.
  • E por falar em Alexa, a assistente da marca Amazon está, claro, mais inteligente. Por exemplo, se o algoritmo não entender imediatamente o que é pedido pelo utilizador, a Alexa é agora capaz de pedir clarificações adicionais, ao invés de descartar logo uma eventual resposta.

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Facebook pisa território da Amazon. Vem aí um duelo no e-commerce

O lançamento do Facebook Shops colocou a maior rede social do mundo em rota de colisão com a gigante Amazon. Mas enquanto o Facebook vence na conveniência, a Amazon ganha na perceção.

O Facebook pisou território dominado pela Amazon com o lançamento do Facebook Shops.

O Facebook oficializou a entrada no negócio do e-commerce. Com o Facebook Shops, a maior rede social do mundo passou a permitir às empresas criarem uma “montra virtual” para exporem e venderem os seus produtos. O que passaria despercebido como mera novidade representa, na verdade, mais do que isso. Isto porque as novas “lojas” do Facebook poderão desencadear um duelo de titãs.

Desde logo, Mark Zuckerberg está de olho na Amazon. Apesar de o grupo ainda não estar formalmente presente em Portugal, disponibilizando produtos aos portugueses apenas através dos armazéns em países como Espanha e Alemanha, a Amazon é reconhecida mundialmente como o sítio onde ir por quem procura comprar online. É no marketplace da Amazon que milhões de comerciantes apresentam e vendem os seus produtos, pagando uma taxa à Amazon pela intermediação.

Já o Facebook é visto pelos utilizadores como uma ferramenta de conexão à família e aos amigos, um local para ver as últimas notícias ou, cada vez mais, um ponto de contacto com as marcas. A empresa espera, por isso, aproveitar a vasta audiência da plataforma para tentar ajudar os comerciantes a escoarem os stocks, ao mesmo tempo que impulsiona o tempo de utilização das suas aplicações e recolhe informação sobre os hábitos de consumo, dando ainda mais fôlego ao modelo de negócio que a tornou numa das maiores empresas do mundo.

É na relação dos utilizadores com as marcas presentes na plataforma que surge a nova aposta do Facebook. Com o Facebook Shops, o mercado passa a dispor de um novo local para impulsionar a visibilidade dos produtos perante um audiência potencial de cerca de 2,6 mil milhões de pessoas em todo o mundo, que corresponde ao número de contas mensais ativas no Facebook. Assim, numa altura em que o comércio online está em alta por causa da pandemia, a empresa fundada por Mark Zuckerberg propõe-se a desempenhar o mesmo papel de intermediação da Amazon. E sem cobrar taxas aos vendedores.

Segundo explicou fonte da rede social ao ECO, as lojas do Facebook já estão disponíveis para as pequenas e médias empresas (PME) também em Portugal. A funcionalidade permite mostrar e vender produtos através da plataforma do Facebook, mas remete para a loja online do próprio comerciante, onde os clientes podem depois concluir a compra. A novidade no mercado português fica, por isso, aquém do que foi anunciado nos EUA, em que a rede social passa agora a disponibilizar uma experiência de compra total, sem sair da plataforma, cobrando uma taxa aos clientes pelo processamento da transação e para suportar um sistema antifraude.

Assim sendo, o Facebook Shops vai colocar a rede social gerida por Mark Zuckerberg em concorrência direta com marketplaces como a Amazon e até o eBay, sobretudo nos EUA e na Europa ocidental. Isto porque, disse o fundador ao Financial Times, um dos obstáculos ao lançamento desta novidade é o combate à contrafação. E, quanto a isso, o Facebook admite ser capaz de garantir mais facilmente a integridade dos comerciantes nestas regiões, onde dispõe também de mais recursos.

Facebook Shops é solução “chave na mão”. Mas Amazon tem vantagem

Filipe Carrera, coordenador da pós-graduação em marketing digital do Instituto, não acredita que o Facebook Shops se revele um game changer no imediato. Em conversa com o ECO, o professor argumenta que a novidade do Facebook é “o revamp [renovação] de um produto já existente há vários anos”, referindo-se ao Facebook Marketplace, uma área de classificados na rede social que emula o que faz, por exemplo, o OLX.

“É um produto que já existia há muito tempo”, prossegue Filipe Carrera. Mas “não havia massa crítica”, reconhece. Na visão do professor do IPAM, a nova área de lojas no Facebook “vai funcionar mais como uma montra” e deve agora atrair mais comerciantes, independentemente de já estarem ou não presentes na plataforma concorrente, da Amazon. “O comerciante tem de estar onde estão os consumidores. Se há consumidores na Amazon, tem de estar na Amazon. Se há no Facebook, tem de estar no Facebook”, salienta, lembrando que, por exemplo, no setor hoteleiro, os estabelecimentos estão presentes em diversas plataformas de booking.

O Facebook Shops deverá, assim, ser também mais apelativo às PME, que são o foco da empresa nesta altura, e não tanto às grandes empresas, aponta Filipe Carrera. “Fundamentalmente, é uma forma de melhorar o acesso a um conjunto imenso de pequenos negócios”, aponta, sobretudo nesta fase, em que a pandemia criou condições para impulsionar o comércio eletrónico em todo o mundo. “Acelerámos um processo de transformação digital de cinco anos em dois meses”, refere.

[O Facebook Shops] é uma solução chave na mão muito conveniente para empresas.

Filipe Carrera

Coordenador da pós-graduação de marketing digital do IPAM

Contas feitas, para o especialista, o Facebook Shops beneficia as PME por ser uma “solução chave na mão”. A palavra-chave é “conveniência”, assim como a possibilidade de aceder a um público e a um tipo de funcionalidade que, vulgarmente, apenas está ao alcance de grandes grupos.

Ainda assim, para Filipe Carrera, a Amazon parte em vantagem nesta luta de titãs. E tudo por uma questão de perceção da plataforma: “O Facebook sempre teve dificuldades em fazer vendas. Nunca foi associado como uma comunidade de venda de produtos. Foi sempre associado como comunidade de elementos pessoais, de opiniões, não uma comunidade onde se pode comprar e vender”, indica. Por isso, “a Amazon tem uma vantagem”: “A primeira coisa que nos vem à cabeça é que é uma loja gigante”, conclui.

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