Nos instala rede 5G no Hospital da Luz, mas não sabe quando termina o leilão

A Nos instalou 17 antenas de 5G no Hospital da Luz. Mas Manuel Ramalho Eanes, administrador da operadora, não arrisca uma previsão sobre quando vai terminar o leilão de frequências.

A Nos NOS 0,00% e a Luz Saúde anunciaram que o Hospital da Luz, em Lisboa, está agora equipado com uma rede 5G, onde já estão a ser desenvolvidas sete aplicações tecnológicas médicas para a quinta geração. A rede assenta em 17 antenas que dão cobertura a várias áreas da infraestrutura, incluindo salas de cirurgia, centro de formação e zonas de maior afluência de utentes.

Num evento com jornalistas, a presidente executiva da Luz Saúde, Isabel Vaz, disse ser “incomensurável a vantagem que esta tecnologia” pode trazer ao setor. “A baixa latência do 5G vai permitir, de forma segura, estarmos com os nossos doentes 24 horas por dia, sete dias por semana, estejam em casa ou no trabalho”, garantiu.

Cirurgias remotas e “ambulâncias inteligentes” vão permitir um diagnóstico “mais rápido e eficaz”, explicou também o administrador executivo da Nos, Manuel Ramalho Eanes. Tratando-se do “primeiro hospital 5G do país”, o gestor considerou que é um “marco de enorme relevância”.

Com efeito, a Nos e a Luz Saúde promoveram uma demonstração de um procedimento realizado por uma médica interna, com uns óculos de realidade aumentada Hololens, num manequim. A intervenção simulada foi conduzida à distância por uma médica mais experiente, beneficiando de comunicações quase instantâneas oferecidas pelo 5G. Mas a tecnologia ainda é algo embrionária, havendo margem para melhorias.

Simulação de intervenção médica guiada à distância com 5G:

“Numa fase inicial, o 5G vai sentir-se na formação e treino dos profissionais e alunos do Hospital da Luz Lisboa, através da utilização de aplicações de realidade virtual e de realidade aumentada para criar novos cenários e ambientes virtuais para formação, diagnóstico e tratamento. As mesmas tecnologias serão utilizadas nos cuidados paliativos do hospital, como complemento às terapias habituais, seja numa lógica de tranquilização, como de estímulo sensorial”, explicou a Nos num comunicado conjunto.

Segundo a empresa, entre as aplicações concretas que já estão em desenvolvimento no Hospital da Luz está o recurso a sensores para a “monitorização” de utentes que se encontram em “internamento domiciliário”, bem como uma solução de cuidados de saúde remotos assente na “colaboração médica à distância”.

Nos não sabe quando acaba o leilão

Apesar de a cobertura de rede móvel estar garantida no Hospital da Luz, o leilão de frequências da quinta geração ainda está em curso. O processo está manifestamente atrasado e as operadoras e a Anacom, o regulador do setor, responsabilizam-se mutuamente por esse facto. Portugal e Lituânia são os últimos países da União Europeia que ainda não tem 5G.

Questionado sobre isso, Manuel Ramalho Eanes confirmou que a Nos e o Hospital da Luz ainda não podem usar o 5G para aplicações comerciais. “O que podemos é usar para fins não comerciais as frequências de teste” cedidas pela Anacom, disse.

Instado a estimar quando é que o 5G estará disponível à população, Manuel Ramalho Eanes rematou: “Não consigo dar qualquer perspetiva de quando termina o leilão.”

Alguns países europeus lançaram o 5G antes mesmo de terem realizado ou concluído um leilão, recorrendo à tecnologia Dynamic Spectrum Sharing (DSS), que usa as atuais frequências de 4G para a quinta geração. Confrontado com este facto, Manuel Ramalho Eanes afirmou: “Não acreditamos que o DSS seja verdadeiramente 5G, para poder fazer funcionar o 5G com o mínimo de diferenciação.”

Não muito longe do Hospital da Luz, ao mesmo tempo que decorria a apresentação da Nos, o presidente da Anacom comentava o leilão do 5G numa audição híbrida no Parlamento. João Cadete de Matos prometeu que no dia em que o leilão terminar, vai ser público tudo aquilo que aconteceu ao longo” do processo e quem usou abusou das regras para o prolongar. O regulador realizou este mês uma consulta pública com vista à alteração do regulamento da venda de frequências, imprimindo velocidade no processo.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h19)

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Nos passa de prejuízos a lucros de 30,5 milhões de euros. Confinamento trava receitas

Operadora liderada por Miguel Almeida apresentou lucros de 30 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, período marcado por um novo confinamento. Tanto o EBITDA como as receitas caíram.

A Nos passou de prejuízos a lucros no primeiro trimestre. A operadora ganhou 30,5 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, período marcado pelo novo confinamento que, apesar de não ter impacto nos resultados líquidos, pesou nas contas da empresa liderada por Miguel Almeida. As receitas caíram.

“O resultado líquido consolidado situou-se em 30,5 milhões de euros face aos 10,4 milhões negativos registados um ano antes”, refere a Nos em comunicado enviado à CMVM. O EBITDA consolidado cedeu 0,4%, para 152,2 milhões de euros, enquanto as receitas recuaram 2,3% para os 337,4 milhões de euros.

“O EBITDA de comunicações aumentou 1,2%, neste período, para 143,5 milhões de euros. Na área de cinema e audiovisuais, a quebra dos resultados operacionais atingiu 20,6% face aos primeiros três meses do ano passado”, refere a empresa, sendo este resultado reflexo do encerramento destes espaços devido à pandemia.

“As receitas de telecomunicações, apesar dos efeitos da pandemia sobre as receitas de roaming, registaram um crescimento de 0,8% face ao período homólogo, atingindo 335,7 milhões de euros”, nota a Nos. “As receitas consolidadas, não comparáveis com as do período homólogo de 2020 devido ao encerramento dos cinemas e ao impacto verificado com o confinamento neste trimestre, registaram um decréscimo de 2,3% para 337,4 milhões de euros”, salienta.

Mais clientes, mais investimento

A Nos revela que nas comunicações móveis “verificou-se um crescimento de 3% no número de serviços, que passam a totalizar 4,992 milhões”. E diz que esta tendência foi também sentida nos serviços de banda larga fixa, que cresceram em 37 mil, totalizando 1,462 milhões, e também nos serviços de voz fixa, que atingiram 1,771 milhões, mais 14 mil serviços, face ao ano anterior.

O 5G é uma tecnologia disruptiva na qual a Nos pretende ter uma posição de liderança.

Miguel Almeida

CEO da Nos

“O número de clientes convergentes e integrados alcançou 62,9% da base total de clientes fixos, mais 2,2 pontos percentuais do que no final de março de 2020”, refere no comunicado enviado ao regulador do mercado de capitais. “No final do primeiro trimestre de 2021, a base de serviços totais prestados pela Nos atingia 9,902 milhares de RGUs, um crescimento de 2,1% face ao período homólogo”, remata.

Neste período, a Nos fez chegar a sua rede a mais casas: “a cobertura de rede fixa de nova geração atingiu, no final deste trimestre, 4,913 milhões de casas, mais 274 mil face ao final do trimestre homólogo”, diz. A Nos “reforçou os seus investimentos, em particular na área de comunicações. O Capex total do grupo, excluindo os contratos de leasing, aumentou 8,7% e atingiu 96 milhões de euros”, salienta.

Nos quer posição de liderança no 5G

Os investimentos vão prosseguir, especialmente nas redes de nova geração, o 5G. Isto apesar de Miguel Almeida salientar as dificuldades que o 5G enfrenta no mercado nacional.

“Apesar de todas as dificuldades regulatórias que se têm enfrentado em Portugal, o 5G é uma tecnologia disruptiva, na qual a Nos pretende ter uma posição de liderança, focada numa abrangente implementação e na superação contínua das expectativas dos nossos clientes, que constituem o centro da nossa atividade”, diz o CEO.

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Nos instala infraestrutura de 5G no estádio do Benfica

  • ECO
  • 9 Abril 2021

O estádio da Luz está agora preparado para ter cobertura de rede móvel de quinta geração assim que as ofertas comerciais estejam disponíveis.

O estádio do Benfica tem agora infraestrutura para rede 5G, estando, por isso, preparado para a cobertura de quinta geração assim que as licenças sejam atribuídas. A tecnologia foi instalada ao abrigo de uma parceria entre o Benfica e a operadora Nos.

“O 5G, a nova revolução tecnológica, vai permitir aos mais de 65 mil adeptos que o Estádio do Sport Lisboa e Benfica comporta uma experiência de acesso à internet móvel em média dez vezes mais rápida, com velocidades superiores a 1 Gbps. Isto significa downloads e uploads de fotografias ou vídeos de forma quase instantânea, ou videochamadas sem qualquer interrupção, com o estádio na sua máxima capacidade”, anunciou a empresa de telecomunicações num comunicado.

Na visão da operadora, o 5G “vai transformar radicalmente a experiência de quem assiste aos jogos do Benfica, através do acesso a conteúdos de forma totalmente imersiva, graças à combinação do 5G com tecnologias como realidade virtual ou aumentada”. “Acesso a estatísticas do jogo ou dos jogadores em tempo real, possibilidade de escolher o ângulo a partir do qual se quer ver o jogo, ativando em tempo real uma das muitas câmaras que estão a ser utilizadas na emissão, ou a possibilidade de fazer streaming de vídeo em direto, em alta qualidade e definição, são algumas das inúmeras experiências que os amantes do futebol poderão viver no primeiro estádio 5G”, acrescenta a Nos.

Citado em comunicado, o administrador executivo da Nos Manuel Ramalho Eanes afirmou: “Quando o 5G for uma realidade, queremos ser os primeiros a entregá-lo às pessoas e às empresas, e sendo o futebol um território natural para a tecnologia se desenvolver.” Do lado do Benfica, Rui Costa, vice-presidente do clube, considerou que este é “um projeto transformador”. “Esta tecnologia irá aproximar ainda mais o Benfica dos seus Sócios, adeptos e simpatizantes”, sublinhou.

A rede 5G ainda não está comercialmente disponível em Portugal, encontrando-se em curso o leilão de frequências às operadoras. A fase principal dura há 60 dias e, na quinta-feira, a Anacom anunciou a intenção de alterar o regulamento para acelerar o fim do leilão. Esta sexta-feira, a Nos insurgiu-se contra a decisão, sugerindo a “demissão” do Conselho de Administração da Anacom, que é presidido por João Cadete de Matos.

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Nos pede “demissão” na Anacom e considera que mudar leilão do 5G seria “ilegal”

Depois de a Anacom ter admitido mudar as regras do leilão do 5G, que está em curso, a Nos diz que "só há um caminho possível", o da demissão da administração do regulador. Alteração seria "ilegal".

A Nos considera que alterar o regulamento do leilão do 5G para acelerar a venda, como admitiu a Anacom na quinta-feira, seria “ilegal” e só vê “um caminho possível” depois deste episódio: “o da demissão” do Conselho de Administração do regulador, que é presidido por João Cadete de Matos.

“Com esta atuação, o regulador demonstra, mais uma vez, que acha que pode atuar em cima ou à margem da lei e, para este comportamento, só há um caminho possível: o da demissão”, disse ao ECO fonte oficial da empresa de telecomunicações.

A empresa liderada por Miguel Almeida recusa a ideia de se alterar o regulamento do leilão do 5G numa altura em que a fase principal já vai no 60.º dia de licitações. Em declarações à Lusa, a administradora executiva da Nos Filipa Carvalho considerou que a alteração das regras do leilão 5G, que está a decorrer, anunciadas pelo regulador Anacom, “é absolutamente inaceitável e ilegal”.

Na quinta-feira, no 60.º dia de licitação principal, a Anacom anunciou que “decidiu iniciar um procedimento de alteração do respetivo regulamento” para acelerar o leilão de quinta geração. “A Nos entende que a alteração das regras do leilão é absolutamente inaceitável e ilegal”, afirmou Filipa Carvalho, que deu como exemplo um jogo de futebol.

“Imagine o que seria se nos 90 minutos de um jogo de futebol um árbitro mudasse as regras e precipitasse o fim do jogo com um golo de ouro, é a mesma coisa, é algo absolutamente inconcebível”, sublinhou a administradora da operadora de telecomunicações.

“E não se diga, como o regulador pretende fazer passar, que as alterações são pouco importantes e procedimentais porque elas na verdade vão ao âmago do leilão, vão ao coração da estratégia dos licitantes”, apontou a gestora. Isto porque “alteram as regras da formação do preço”, sustentou Filipa Carvalho.

A administradora acusou a Anacom de estar a “tentar empurrar a responsabilidade pela duração do leilão, que já dura há 60 dias, para os operadores, vestindo uma capa de proteção do interesse do país”.

Mas, “na verdade”, apontou a responsável, “o único responsável” pelas regras do leilão, “que são más, é o próprio regulador, que foi bem alertado para isso durante as consultas públicas e que não mudou as regras”.

“Este, em nosso entender, é mais um momento profundamente infeliz da atuação do regulador que claramente se julga acima da lei e que não pode ter lugar num panorama de um Estado de Direito democrático como o português”, rematou Filipa Carvalho. A atribuição das licenças 5G estava prevista até final do primeiro trimestre, mas ainda continua.

Entre as alterações – que visam viabilizar um maior número diário de rondas – está a redução da duração das rondas (60 para 15 minutos), e/ou alargando o período diário de licitações, prevendo-se ainda a possibilidade, “se for necessário, de inibir a utilização dos incrementos mínimos que os licitantes podem escolher numa dada ronda (1% e 3%).

Os interessados têm agora um prazo de cinco dias úteis, até 15 de abril, para enviar os seus contributos e sugestões “que entenderem dever ser considerados na elaboração do projeto de alteração do regulamento, que será subsequentemente submetido a consulta pública”.

Até estar concluído o procedimento, “o leilão continua, naturalmente, a decorrer de acordo com as regras em vigor, as quais já permitem que os licitantes, querendo, imprimam uma maior celeridade do leilão”, de acordo com a Anacom, liderada por João Cadete de Matos.

A Anacom referiu que trata-se de “alterações que não desvirtuam o procedimento de leilão, nem comprometem as estratégias de licitação das empresas envolvidas, mas que podem acelerar o seu desfecho”.

Se o leilão principal, que arrancou há mais de dois meses (14 de janeiro), tivesse terminado na quinta-feira, o Estado teria tido um encaixe de mais de 359 milhões de euros (incluindo o montante da licitação dos entrantes de 84,3 milhões de euros), muito acima do valor indicativo de 237,9 milhões de euros.

O processo tem sido bastante contestado pelas operadoras históricas, envolvendo processos judiciais, providências cautelares e queixas a Bruxelas, considerando que o regulamento tem medidas “ilegais” e “discriminatórias”, o que incentiva ao desinvestimento.

(Notícia atualizada às 10h35 com mais informação)

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Caixa assume parte da posição de Isabel dos Santos na dona da Nos

  • ECO
  • 7 Abril 2021

Banco diz deter o controlo das ações da Kento na dona da Nos pois é a entidade beneficiária do penhor das ações detidas pelo veículo de Isabel dos Santos na Zopt, que detém mais de 50% da operadora.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) informou a Zopt, a empresa através da qual a Sonaecom (da Sonae) e Isabel dos Santos detêm a maioria do capital da Nos, que assumiu o controlo de parte de posição que a empresária angolana detém indiretamente na operadora, avança o jornal Expresso (acesso pago), citando o relatório e contas da Sonaecom.

“Em janeiro de 2021, a Zopt foi notificada pela CGD, na qualidade de entidade beneficiária do penhor das ações detidas pela Kento na Zopt, referindo estar investida da faculdade de exercer os direitos de voto inerentes às ações, e todos os demais direitos inerentes, e de que a Kento estava privada de exercer tais direitos sem a autorização prévia, expressa e por escrito da CGD”, refere a Sonaecom no documento.

Esta notificação ocorreu em janeiro. Cerca de dois meses depois, em 25 de março, o banco colocou uma ação de execução de 6,2 milhões de euros contra a Kento Holding, o veículo financeiro de Isabel dos Santos que controla 17,35% da Zopt, juntamente com a angolana Unitel (também da empresária e que detém 32,65%) e a Sonaecom.

Por sua vez, a Zopt controla 52,15% da Nos, sendo que a joint-venture entre a Sonae e Isabel dos Santos foi desfeita no ano passado, na sequência da polémica em torno do Luanda Leaks.

A Kento disse ao jornal não ter sido notificada dos arrestos na Zopt. A administração da Zopt considera que a Caixa, não tendo a tutela do valor económico das ações, “como credor pignoratício da Kento, deverá atuar de acordo com as instruções desta, o que significa votar no sentido definido pela Kento”.

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Nos está “preparada para o 5G” mas Anacom “parece que não”

  • Lusa
  • 11 Março 2021

O presidente executivo da Nos disse que a empresa está "preparada para o 5G", mas que o regulador "é que parece que não". Sobre a economia, diz que ainda vai piorar antes de melhorar.

O presidente executivo da Nos NOS 0,00% , Miguel Almeida, garantiu à Lusa que a operadora está “completamente” preparada para o 5G e para ser “líder” nesta área, mas que o regulador Anacom “é que parece que não”. O gestor falava à Lusa um dia depois de a operadora de telecomunicações ter divulgado os seus resultados de 2020, que considerou “positivos”.

Sobre o leilão do 5G (quinta geração), que na quarta-feira atingiu o seu 40.º dia de licitação principal, Miguel Almeida não fez comentários, uma vez que o processo ainda está a decorrer. No entanto, recordou que recentemente o leilão em Espanha pela faixa 3,6 GHz, que é também uma das frequências objeto de leilão em Portugal, “começou às 9h00 da manhã e acabou às 11h00 do mesmo dia”.

Perante a duração de 40 dias, Miguel Almeida referiu que o normal é os leilões serem “formatados, estruturados, de uma forma que não leva este tipo de situações”. Mas, “também é verdade que a maior parte dos leilões ou a totalidade dos leilões em outros países são desenhados por gente competente e não por gente irresponsável”, criticou o presidente da Nos.

Questionado sobre se o grupo de telecomunicações estaria preparado para arrancar com a quinta geração, se a licença fosse atribuída hoje mesmo, Miguel Almeida asseverou que sim. “Nós estamos completamente preparados para o 5G, o regulador é que parece que não”, rematou. A Nos, tal como os outros operadores históricos, avançou com ações judiciais devido ao regulamento do leilão de quinta geração.

Para Miguel Almeida, o 5G é “uma corrida de fundo”, uma tecnologia que “vai transformar a indústria, os serviços, as economias nos próximos dez anos”. E mais “importante do que uma semana ou mais” é que “tenhamos um 5G em condições, que de facto suporte a economia e a transição digital do país”, defendeu.

Miguel Almeida considerou que no 4G “há muito ainda para retirar”, recordando que o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira tem falado ultimamente nesta tecnologia. “O que é importante é que criemos as condições para entregar um 5G de qualidade ao país” e “naquilo que depende de nós, isso está garantido”, asseverou. “Nós queremos ser o rosto do 5G em Portugal, o líder 5G”, sublinhou o presidente executivo da Nos.

O lucro da Nos caiu 35,9% no ano passado, face a igual período de 2019, para 92 milhões de euros, enquanto, no quarto trimestre, o resultado líquido mais que duplicou para 12,9 milhões de euros. No ano passado, a operadora aumentou a sua capacidade móvel em 25% para fazer face ao aumento da procura, ao mesmo tempo que investiu na expansão e modernização da rede 4G, e a preparou para o 5G.

Economia “ainda vai piorar antes de recuperar”

Miguel Almeida considerou ainda que a economia portuguesa “ainda vai piorar antes de recuperar” e que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) deveria ter tido medidas relativas ao 5G.

“Acho que vivemos numa ilusão não sustentável e portanto os impactos da economia ainda se vão fazer sentir, infelizmente”, prosseguiu, esperando que tal seja de “forma comedida”. E rematou: “Não sei se temos condições para ser otimistas nessa matéria”.

Questionado sobre as perspetivas da retoma, o gestor disse que do ponto de vista da operadora de telecomunicações, o objetivo é “começar a fazer” os projetos de quinta geração (5G). “Estamos entusiasmados e com expectativas de avançar com estes investimentos no 5G, começar a fazer”, afirmou Miguel Almeida.

Sobre o PRR, Miguel Almeida adiantou que teve o cuidado de consultar o plano e “não há nada, absolutamente nada, previsto quer seja a cobertura das redes móveis, quer seja a cobertura de redes fixas”, o que considerou uma “inconsistência” do discurso político.

Questionado sobre se o PRR deveria ter incluído alguma medida sobre o 5G, já que é uma tecnologia com impacto transversal em toda a economia, Miguel Almeida disse que “sim”.

O presidente da Nos sublinhou que as comunicações eletrónicas “demonstraram ser muito mais do que alguns imaginavam” durante a pandemia, apontando que “o país, e também o mundo, não parou graças às telecomunicações”, tal como a atividade económica e até a “atividade política”.

Tudo continuou “a funcionar graças às telecomunicações, mas mais do que isso”, em relação à recuperação económica, “esta é uma oportunidade única para o país abraçar a transição digital, a economia do futuro”, salientou Miguel Almeida.

Tal exige “uma grande transformação das empresas e, para isso, o 5G e o setor das comunicações são críticos e é por isso, mais uma vez, que é lamentável que seja precisamente neste contexto único, em que em toda a Europa está previsto investimentos desses fundos [PRR]” no setor das comunicações eletrónicas, “a começar por Espanha até à Alemanha” e “Portugal é o único que não tem”, apontou.

Miguel Almeida, que tece duras críticas ao regulador Anacom devido ao seu “ambiente hostil” às empresas do setor, destaca que naqueles países “existe um ambiente regulatório favorável ao investimento”. E este ambiente existe porque “os políticos e os responsáveis desses países percebem a importância de incentivar esse investimento e a importância para a economia”, referiu.

No entanto, “em Portugal vemos o oposto: no momento mais crítico, em que o país mais precisa, em que precisa de uma grande aposta na transição digital, vemos alguém a destruir o setor [numa alusão ao regulador] perante a passividade do resto da sociedade”, acusou.

Ainda sobre o PRR, Miguel Almeida reconheceu que há muitos setores da economia e áreas do Estado a reclamar dinheiro e investimento. “Acho que para o setor das telecomunicações, a iniciativa privada seria capaz de dar resposta às necessidades do país, não fora ela ser boicotada pelo próprio Estado na figura do regulador”, criticou.

E os danos disso “já são irreversíveis”, considerou, pelo que “a única alternativa, uma vez que não foram criadas as condições para um investimento privado”, ou seja, “foram boicotadas”, então “terá de ser, infelizmente mais uma vez, o Estado a assumir esse papel”.

Questionado se estes danos, Miguel Almeida afirmou: “Temo que seja sem retorno, exceto se as nossas reclamações [processos colocados por vários operadores] forem atendidas a tempo”. Mas em Portugal “isso raramente acontece”, concluiu.

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Nos e AWS lançam acelerador de startups focado no 5G

  • Lusa
  • 8 Março 2021

A Nos e a Amazon Web Services vão promover projetos ligados ao 5G por via de um novo "Acelerador", lançado esta segunda-feira. Inscrições já estão abertas.

A Nos e a Amazon Web Services (AWS) lançaram um “Acelerador 5G” para impulsionar startups com ideias e negócios que possam ser potenciados pela quinta geração de rede de comunicações, cujas inscrições terminam em 11 de abril. O programa tem o apoio da Startup Lisboa.

“Com velocidades muito mais rápidas, baixa latência e com a capacidade de ligar milhões de equipamentos e dispositivos entre si, o 5G será um dos principais impulsionadores da economia digital”, refere a operadora liderada por Miguel Almeida, num comunicado.

“A Nos, enquanto operador de telecomunicações líder na inovação, e a AWS lançam um programa que vai desafiar as startups com atividade em Portugal a tirarem partido da tecnologia 5G, para desenvolverem as suas ideias de negócio”, acrescenta.

A Nos e a AWS pretendem “apoiar a construção de um ecossistema de inovação e de empreendedorismo 5G em Portugal, liderando a transformação digital e potenciando a criação de oportunidades associadas à nova tecnologia móvel”, salientam as tecnológicas.

A este acelerador podem concorrer startups nacionais e estrangeiras com operação em Portugal “que tenham um modelo de negócio que possa ser potenciado pela tecnologia 5G ou que pretendam explorar e desenvolver novos modelos de negócio a partir desta tecnologia”.

As startups selecionadas irão beneficiar “da exposição a potenciais investidores, entre o quais a Armilar Venture Partners, entidade que gere o Fundo de Capital de Risco ‘Nos 5G'”. Além disso, terão também acesso a sessões com mentores técnicos e de negócio da Nos e da AWS e a uma oferta de serviços da Amazon Web Services que pode ir até 100 mil euros, através do programa AWS Activate.

“O grande vencedor receberá um prémio monetário de 7.500 euros e acesso direto à incubação na Startup Lisboa”, refere a Nos.

O programa Acelerador 5G tem a duração de sete semanas e é composto por webinars, sessões de mentoria e momentos de acompanhamento individual de cada projeto, entre outros, terminado em 30 de junho com “a dinamização de um Demo Day e a apresentação pública dos projetos finalistas a potenciais parceiros e investidores”.

Todos os projetos que integrem este programa têm “desde logo acesso a oportunidades de inovação colaborativa seja diretamente com a Nos e com a AWS, ou com clientes das mesmas, assim como acesso a parceiros e mentores especialistas, incluindo a rede de mentores da Startup Lisboa”.

A Nos sublinha que esta iniciativa vem reforçar a sua aposta “no ecossistema de empreendedorismo 5G nacional, depois da constituição do Fundo de Capital de Risco NOS 5G no final de 2019, com uma dotação de 10 milhões de euros”.

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Nos diz que regras do Governo permitem aos alunos usarem net emprestada com YouTube e Netflix, dificultando acesso às aulas

A Nos garante que a internet emprestada pelo Governo aos alunos não distingue tráfego, como diz o secretário de Estado para a Transição Digital. Mas fica mais lenta quando é passado um dado limite.

A Nos assegura que não está prevista “qualquer limitação do tipo de tráfego” nos hotspots com internet grátis que estão a ser emprestados pelo Governo aos alunos da Ação Social Escolar. E avisa que muitos estão a usar o serviço com aplicações “para fins lúdicos” fora do período escolar, como YouTube e Netflix, o que poderá degradar a qualidade internet na hora de assistirem às aulas.

O ECO publicou esta segunda-feira uma entrevista ao secretário de Estado para a Transição Digital, na qual André de Aragão Azevedo afirma que o Governo acordou com os operadores a “seleção do tipo de serviços que estão disponíveis” para “garantir que o consumo de dados só é elegível se for para contexto educativo”. O ECO contactou as operadoras, a Apritel e a Anacom, tendo apenas obtido, até ao momento, resposta da Nos que contraria o governante.

“Os procedimentos definidos pelo Governo para contratação da conectividade móvel no âmbito do programa Escola Digital não preveem, à data de hoje, qualquer limitação do tipo de tráfego”, garante a operadora liderada por Miguel Almeida. “Os beneficiários tanto podem usar o acesso que lhes é disponibilizado gratuitamente para fins educativos, como para fins lúdicos (ex. YouTube, Netflix)”, acrescenta.

No entanto, a solução encontrada, segundo a Nos, foi a “limitação na velocidade para todo o tipo de tráfego, incluindo o escolar, quando ultrapassado determinado volume de consumo”. Ou seja, por outras palavras, se os alunos passarem o limite definido, a internet fica mais lenta, impedindo que o serviço seja usado tanto para assistir às aulas como para o uso de todos os outros serviços digitais e aplicações.

À luz destas informações, a Nos acrescenta que já está a detetar que o limite no volume com consequente redução da velocidade está a ser ultrapassado pelos alunos, dificultando o acesso às aulas e, potencialmente, degradando a qualidade do serviço à população em geral.

“Dados recentes da Nos já apontam para uma alteração significativa no perfil de consumo destes utilizadores [alunos], tendo-se registado um aumento considerável de tráfego em aplicações que não as de âmbito educacional, em períodos fora do horário escolar”, refere a empresa de telecomunicações.

Pressão dos alunos pode degradar internet à generalidade da população

“Esta situação coloca uma pressão desproporcional e injustificada sobre as redes, que poderá conduzir à degradação da qualidade dos serviços para a generalidade da população, incluindo os serviços críticos, e inviabilizar a sustentabilidade e continuidade de tais ofertas”, alerta a Nos.

Esta situação coloca uma pressão desproporcional e injustificada sobre as redes, que poderá conduzir à degradação da qualidade dos serviços para a generalidade da população.

Fonte oficial da Nos

A empresa lembra, por fim, que uma lei que entrou em vigor esta segunda-feira permite que as operadoras, durante o estado de emergência, limitem o acesso a certas aplicações para preservar a qualidade da internet para a população.

“Recordamos que para as medidas do Estado de Emergência permitem aos operadores condicionar o acesso a algumas aplicações, como forma de preservar a qualidade de acesso à internet para a generalidade da população. Porém, o serviço de internet gratuito para alunos e professores perdurará para além do Estado de Emergência”, conclui.

Na entrevista ao secretário de Estado para a Transição Digital, o governante confirmou que, no âmbito do programa Escola Digital, já foram entregues a alunos os primeiros 84 mil portáteis, incluindo este serviço de internet, parte da primeira tranche de 100 mil computadores. Mas está prevista a entrega de um total de 435 mil para os alunos que beneficiam do escalão A e B da Ação Social Escolar, todos com internet.

Numa fase posterior, o objetivo é o da universalização, num total de um milhão e cento e trinta mil máquinas para todos os alunos e professores do país, todos com internet gratuita nestas condições. Segundo André de Aragão Azevedo, o serviço acordado com as operadoras prevê que os alunos só possam usar a internet para as aulas.

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Telecoms de olho em tecnologia que evita dependência de um fornecedor no 5G

À semelhança das pares, as operadoras portuguesas também estão de olhos postos na OpenRAN, uma tecnologia que poderá evitar a dependência de fornecedores como a Huawei, líder de mercado.

As operadoras de telecomunicações estão de olho numa tecnologia que lhes permitirá ter equipamentos de várias marcas na parte rádio das novas redes 5G, composta por elementos como as antenas, evitando deste modo a “concentração” de fornecedores como a Huawei. A tendência é internacional, mas também já reúne o interesse do setor em Portugal.

Em causa está a nova arquitetura de rede OpenRAN, que pressupõe a “abertura” dos protocolos e interfaces da parte rádio das redes. O tema tem merecido amplo interesse e atenção noutros mercados e não deverá passar ao lado do 5G português, admitem ao ECO duas das principais empresas do setor.

“A maioria das redes utiliza arquiteturas suportadas em interfaces proprietários, que favorece a adoção de soluções monolíticas e que resultou numa grande concentração do setor”, explica fonte oficial da Nos. “A adoção de OpenRAN no desenvolvimento do 5G promove a entrada de novas empresas fornecedoras de software e equipamentos no setor e aumenta a inovação”, sublinha ainda a empresa, que reconhece que esta “é uma tendência da indústria, que irá provavelmente ser adotada nas redes móveis também em Portugal”.

Por outras palavras, atualmente, é difícil para uma operadora ter mais do que um fornecedor de equipamentos para a parte rádio da sua rede móvel. Isto acontece porque alguns destes fornecedores desenvolverem sistemas fechados e proprietários, dificultando a adoção de equipamentos de marcas concorrentes uma vez incluídos numa determinada rede. Imagine, por exemplo, ter de adquirir todos os eletrodomésticos lá de casa de uma única marca. Com a OpenRAN, a realidade muda de figura.

“Atualmente, os três maiores fornecedores de equipamentos para as redes de acesso móvel [Huawei, Nokia e Ericsson] têm uma quota de mercado próxima de 80%. A arquitetura OpenRAN permitirá a entrada de novas empresas no setor, estimular a inovação e possibilitar a integração de novas funções de rede e hardware entre diferentes parceiros e facilitar a introdução de inteligência artificial nos algoritmos que otimizam a qualidade da rede”, explica a Nos.

Em alguns mercados, a OpenRAN é vista como uma possível solução para evitar a aposta exclusiva em equipamentos de fornecedores considerados “de risco”. É o caso da Huawei, a gigante chinesa das telecomunicações, “apanhada” no centro da guerra comercial entre Estados Unidos e China em 2019 e acusada pela ex-Administração Trump de ser um veículo de espionagem ao serviço da China — alegações que a empresa nega. É que, apesar de Meo, Nos e Vodafone já terem garantido que a Huawei estará fora do “núcleo” das redes 5G em Portugal, tal não se aplica à outra parte da rede, chamada “rádio” (ou RAN).

A OpenRAN “é a evolução natural das redes móveis para a virtualização das funções de rede e desagregação do software e do hardware“, refere ainda a Nos. Tal significa que, ao invés de equipamentos especificamente desenhados para o efeito, será possível correr partes das redes móveis em computadores com software, o que também pode significar uma redução nos custos.

O grupo Vodafone também assume estar interessado na OpenRAN a nível internacional, incluindo em Portugal, sendo várias vezes mencionado em artigos e notícias internacionais acerca desta temática. Desde logo, fonte oficial da Vodafone Portugal, contactada pelo ECO, recorda que a empresa assinou a 20 de janeiro um memorando de entendimento com a Deutsche Telekom, a Orange e a Telefónica para apoiar o lançamento da OpenRAN.

“A Vodafone acredita que a OpenRAN será umas tecnologia chave para as futuras redes móveis, já que a desagregação de hardware e software permitirá a um maior número de empresas contribuir para o desenho das redes e, com isso, impulsionar a inovação tecnológica, promover a concorrência e aumentar a resiliência das redes”, explica também a operadora, que detalha: “Em termos práticos, qualquer elemento da rede pode ser obtido por um fornecedor diferente, sem que isso prejudique o desempenho e o funcionamento de todo o sistema que compõe a rede”.

A arquitetura OpenRAN promete revolucionar a forma como funciona a parte rádio (antenas e outros equipamentos) das redes móveis do futuro.Pixabay

OpenRAN promete 5G mais seguro e acelera cobertura em zonas rurais

Depois, tanto a Nos como a Vodafone não escondem ver amplos benefícios na adoção da OpenRAN. Entre as características enaltecidas estão o aumento da “transparência” e o reforço da “segurança”, passando pelo acelerar da transformação digital.

Para a Nos, esta arquitetura de rede “tem a vantagem de implementar interfaces abertos, que aumentam a transparência com que é processada a informação e o operador passa a controlar o fluxo de dados, reforçando a segurança”. “Deixam de existir funções de rede fechadas, nas quais o operador não controla o processamento da informação”, explica a empresa.

Para a Vodafone Portugal, a OpenRAN será um fator “facilitador da transformação digital” e contribuirá para “a recuperação europeia, beneficiando o crescimento, fomentando emprego e impulsionando o aparecimento de novos fornecedores”.

Além disso, “uma vez que a OpenRAN tem o potencial de aumentar significativamente a resiliência do ecossistema 5G, é expectável que também seja um instrumento fundamental para fortalecer a segurança da rede”, admite ainda a operadora, apontando para as diretrizes europeias que apelam a que os Estados-membros “não dependam de um único fornecedor”.

“A OpenRAN irá facilitar a aceleração da cobertura de rede, sendo mais fácil, por exemplo, chegar com tecnologia de ponta a zonas rurais ou de baixa densidade populacional”, refere ainda a operadora.

Com o leilão do 5G em curso, Meo, Nos e Vodafone ainda estão a licitar pelas frequências que lhes permitirão lançar a quinta geração de rede de comunicações em Portugal, algo que a Anacom espera que seja possível ainda neste trimestre.

Por agora, no que à OpenRAN diz respeito, o grupo liderado por Mário Vaz tem já um alerta a fazer: “O setor tem de trabalhar com os governos nacionais e europeus, procurando garantir a existência de subsídios para a sua implementação em tempo útil, esperando-se que os governos desempenhem um papel importante na promoção e desenvolvimento deste ecossistema, financiando a implementação inicial, a realização de testes, a pesquisa e desenvolvimento, e incentivando a diversidade da cadeia de abastecimento, contribuindo para a redução de barreiras à entrada de startups e de pequenas e médias empresas”.

O ECO contactou também a Altice Portugal acerca deste tema. O grupo que detém a Meo, operadora com a maior quota de mercado em Portugal, não quis responder às questões sobre OpenRAN “nesta fase”, não tendo feito mais comentários.

(Notícia atualizada com novo título às 12h17)

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Parecer de Paulo Otero pedido pela Nos diz que regulamento do 5G é inconstitucional

O ECO teve acesso ao parecer jurídico do professor catedrático Paulo Otero, que conclui que o regulamento de frequências do 5G aprovado pela Anacom é inconstitucional. Avaliação foi pedida pela Nos.

O professor catedrático Paulo Otero considera que o regulamento do leilão de frequências do 5G tem pressupostos que violam a Constituição da República Portuguesa. Num parecer com 47 páginas, pedido pela operadora Nos NOS 0,00% e ao qual o ECO teve acesso, o especialista defende que algumas das regras do procedimento violam princípios como o da proporcionalidade, lesam a propriedade privada e carecem de fundamentação por parte da Anacom, o regulador do setor.

Este é um dos documentos que tem servido de base à opinião da Nos de que o leilão de frequências do 5G é “ilegal” nos termos desenhados pela Anacom. Na segunda-feira, o presidente executivo da operadora, Miguel Almeida, desafiou os deputados da comissão parlamentar de economia a solicitarem ao Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização abstrata do regulamento do leilão. A confirmação da inconstitucionalidade poderia, assim, ditar a nulidade do procedimento.

Paulo Otero é licenciado em Direito, mestre em Ciências Jurídico-Políticas e doutorado em Direito. É professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa há 15 anos, onde leciona Direito Administrativo e Direito Constitucional. Foi consultado pela Nos enquanto jurisconsulto, função que desempenha junto de entidades públicas e privadas.

Roaming nacional obrigatório lesa propriedade privada

No parecer, com a data de 4 de dezembro, o especialista vê problemas de inconstitucionalidade nas regras distintas previstas para os chamados “novos entrantes” — isto é, empresas que ainda não têm presença no mercado e pretendem usar o leilão para entrarem nele. Está prevista uma reserva de espetro para estas empresas externas ao setor e as operadoras já estabelecidas, como a Nos, ficam obrigadas a estabelecerem acordos comerciais de roaming nacional com os “novos entrantes”, uma medida que se mantém por, pelo menos, uma década.

Para Paulo Otero, estas medidas representam “uma limitação ou restrição dos direitos fundamentais dos atuais operadores”, havendo mesmo uma “lesão” do direito e liberdade de iniciativa económica privada. O especialista vê ainda uma violação “do direito de propriedade privada dos atuais operadores”. Miguel Almeida, presidente executivo da Nos, também tem feito eco destas considerações, tendo referido em declarações públicas que o leilão do 5G representa “uma expropriação” dos atuais operadores pelo Estado em benefício de outras empresas privadas.

“A imposição administrativa aos atuais operadores da obrigatoriedade de facultarem o acesso às suas redes a novos entrantes consubstancia uma medida de efeito equivalente ou análogo a uma expropriação, verificando-se que a Anacom cria um locupletamento [enriquecimento] dos novos entrantes sem uma causa lícita, pois esse enriquecimento resulta de uma lesão da propriedade privada dos atuais operadores“, lê-se no parecer acedido pelo ECO.

Há “diferença abissal” nas obrigações de cobertura

Estes não são, contudo, os únicos problemas na ótica de Paulo Otero. O jurisconsulto considera que há uma “diferença abissal de obrigações de cobertura entre os novos entrantes e os atuais operadores” no que toca à faixa dos 700 MHz, que é uma das mais relevantes para o 5G nesta fase.

Entre outras condições, o regulamento prevê que os “novos entrantes” que adquiram espetro nessa faixa tenham de assegurar, ate 2025, a cobertura de 25% de todas as autoestradas, itinerários principais rodoviários e itinerários ferroviários do Corredor Atlântico, entre outras ligações, bem como de 25% da população nacional no prazo de três anos. As atuais empresas do setor terão de, no mesmo prazo, cobrir 75% da população de cada uma das freguesias de baixa densidade, mais as regiões autónomas da Madeira e Açores, bem como 70% da população de cada freguesia que não seja considerada de baixa densidade até 2024.

O professor catedrático Paulo Otero defende, assim, que as obrigações para as novas operadoras “são meramente simbólicas”, o que representa um “desequilíbrio excessivamente inigualitário entre agentes económicos que desenvolvem a mesma atividade no mercado das comunicações eletrónicas”. Para o especialista, não há dúvidas: “existe aqui, à luz da jurisprudência do Tribunal Constitucional, uma violação do postulado da igualdade proporcional”. Ou seja, por outras palavras, para Paulo Otero, o regulamento é inconstitucional.

Independentemente disto, e regressando à obrigação prevista de roaming nacional, o professor catedrático considera que “permitir que um novo operador possa, durante três anos, desenvolver uma atividade, através de redes alheias, sem realizar investimentos que concretizem obrigações de cobertura […], revela-se uma solução manifestamente desrazoável”, sendo “violadora do princípio da proporcionalidade”.

Olhando para o regulamento, e novamente na visão de Paulo Otero, há ainda uma violação do “princípio da igualdade” nas regras do leilão aprovadas pela Anacom. “A ausência de obrigações de cobertura por parte de novos entrantes” no espetro a estes reservado, nas faixas dos 900 MHz e 1.800 MHz, é diferente do que aconteceu em leilões de frequência passados, argumenta o especialista, o que se mostra como uma “solução diferenciadora” e, por isso, inconstitucional.

Fundamentação da Anacom é “inválida”

Por fim, o especialista debruça-se sobre o “pressuposto justificativo” da Anacom para a aprovação das regras em questão. Citando um relatório do regulador em resposta a objeções das operadoras, no qual a Anacom refere que “elencou as conclusões da avaliação do mercado móvel efetuada em 2014”, Paulo Otero critica a entidade liderada por João Cadete de Matos por “basear medidas de discriminação positiva num estudo de mercado […] com seis anos” e anterior à pandemia, pelo que diz que que as decisões do regulador são “inválidas”.

“Se não existe falta de competitividade no mercado das telecomunicações móveis, nem os preços são elevados, ao contrário do que a Anacom entende, estamos diante de uma situação de erro nos pressupostos de facto que inquina a validade das medidas de discriminação positiva consagradas no regulamento” do leilão, conclui o professor, que termina, indicando que “a falta de um estudo” que avalie o impacto das medidas aprovadas pelo regulador “revela uma violação da vertente positiva do princípio da imparcialidade”.

O regulamento do leilão do 5G foi aprovado pela Anacom no início de novembro e o procedimento está em curso, sendo alvo de fortes críticas e litigância por parte não só da Nos como também da Altice Portugal e da Vodafone Portugal.

Numa nota informativa emitida por ocasião da decisão, a Anacom considera que o regulamento foi desenhado com o “objetivo de promover uma maior concorrência no mercado das comunicações eletrónicas, contribuindo para que os utilizadores obtenham o máximo benefício em termos de escolha, preço e qualidade de serviço”.

Concretamente sobre as medidas dirigidas aos “novos entrantes”, o regulador justificou que estas visam “assegurar um nível de investimento que contribua de forma mais efetiva para robustecer a capacidade agregada do setor e aumentar o benefício para os utilizadores finais”. A entidade vê nas medidas “um equilíbrio adequado” nas regras para as novas e atuais empresas no mercado.

No plano concorrência, as operadoras têm recusado a ideia de que o mercado português não é concorrencial, assim como a de que os preços das telecomunicações são altos em Portugal, a contraciclo com o que indicam os dados oficiais mais recentes. A 21 de dezembro, o Eurostat publicou um conjunto de dados que indicam que as comunicações em Portugal são 21% mais caras do que a média europeia, apontando mesmo para um agravamento de seis pontos percentuais entre 2018 e 2019.

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Leilão do 5G arrisca tornar Portugal “na 18.ª comunidade autónoma espanhola”, alerta Miguel Almeida

O presidente executivo da Nos disse no Parlamento que o leilão do 5G pode favorecer a substituição dos operadores portugueses por espanhóis, tornando Portugal "na 18.ª comunidade autónoma espanhola".

O presidente executivo da Nos NOS 0,00% , Miguel Almeida, alertou no Parlamento que o regulamento do 5G, como está desenhado, vai “favorecer” uma de duas situações: ou a “entrada no mercado de fundos especuladores”, ou a “substituição dos atuais operadores por operadores espanhóis, tornando Portugal na 18.ª comunidade autónoma espanhola”.

Numa participação remota sobre o leilão de frequências para a quinta geração, agora sobre o regulamento final, Miguel Almeida disse que “os problemas do regulamento mantêm-se e são por demais evidentes”, prevendo-se “medidas discriminatórias inédias” que podem provocar “desequilíbrios estruturais” no mercado.

Em causa estão as preocupações da Nos sobre a reserva de espetro para “novos entrantes” e a possibilidade de as operadoras já estabelecidas serem forçadas a estabelecer acordos pagos de roaming nacional com estes novos players, uma obrigação a vigorar por dez anos, pelo menos. Para a operadora, são “condições assimétricas” e “altamente lesivas da concorrência”.

Miguel Almeida reforçou a posição da Nos de que o leilão do 5G é “ilegal” e protagoniza uma “expropriação do Estado, não a favor do Estado, mas a favor de interesses económicos privados”. Para tal, citou pareceres de constitucionalistas como Paulo Otera, Vital Moreira e Jorge Miranda e abriu a porta à fiscalização do regulamento a nível constitucional.

“A atuação da Anacom é incompreensível, irresponsável e também indigna”, disse o líder executivo da Nos. “Uma autoridade administrativa tem de ser politicamente neutra e não pode tomar decisões de política económica”, disse, garantindo que, neste momento, é a Anacom que define a política de comunicações em Portugal.

(Notícia atualizada pela última vez as 15h52)

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Nos emite 100 milhões de euros em dívida sustentável com maturidade em 2026

A Nos vai emitir 100 milhões de euros em papel comercial com maturidade em 2026. A dívida estará indexada ao desempenho da Nos em critérios ligados à sustentabilidade.

A Nos NOS 0,00% vai emitir 100 milhões de euros em dívida associada ao seu desempenho ao nível da sustentabilidade, a primeira linha de financiamento deste tipo lançada pela operadora. O papel comercial terá a maturidade em 2026, anunciou o grupo numa nota enviada à CMVM.

Segundo a Nos, “os termos acordados incluem uma componente relativa ao desempenho e classificação ESG [Environmental, Social and Corporate Governance] da Nos, certificada pela VigeoEiris”. “Com esta operação, a Nos liga de forma tangível uma parte do seu custo de financiamento ao seu desempenho ao nível da sustentabilidade”, acrescenta a empresa.

A operação conta com o BBVA como intermediário financeiro. A Nos salienta que mantém um custo médio da dívida de 1,2% nos termos reportados para os primeiros nove meses do ano e que apresenta um rácio de dívida líquida face ao EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) após leasings de 1,4 vezes.

Segundo a Nos, a VigeoEiris classifica a Nos como “a quinta melhor empresa de telecomunicações na Europa” entre um total de 41 empresas avaliadas: “A Nos foi classificada com o nível de ‘Advanced’, obtendo uma pontuação de 60 em 100.”

A certificação ao nível dos objetivos ESG incide sobre seis dimensões, nomeadamente o comportamento da empresa, direitos humanos, ambiente, envolvimento com a comunidade, governo da sociedade e recursos humanos. A Nos assegura que esta será a primeira operação do género por parte de uma empresa de telecomunicações no mercado português.

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