Altice Portugal começa o ano a crescer. Receitas aumentam 14% no trimestre em que subiu preços

Empresa que detém a Meo conseguiu crescimentos robustos dos resultados financeiros e operacionais, fidelizando mais clientes, subindo preços e exportando tecnologia a partir de Aveiro.

A Altice Portugal encerrou o primeiro trimestre com crescimentos de dois dígitos nos principais indicadores financeiros que reporta. Em comparação com os mesmos três meses de 2022, as receitas subiram 14,2% e o EBITDA, que corresponde ao lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, cresceu 10,5%, anunciou esta quarta-feira a dona da Meo, que subiu os preços em 7,8% neste período.

Em termos absolutos, as receitas fixaram-se em 699 milhões de euros e o EBITDA em 245 milhões, ambos os montantes também acima do conseguido no quarto trimestre de 2022. A empresa explica que, ao aumentar a base de clientes, aumentam as receitas, o que puxa pelo EBITDA. Para tal contribui ainda a “disciplina de controlo dos custos operacionais” e as “novas linhas de negócio”.

“No primeiro trimestre de 2023, a performance operacional mantém a tendência positiva. O controlo dos desligamentos continua em níveis históricos e a aquisição de clientes mantém-se sustentada, o que permitiu aumentar a base dos serviços fixos em 5,3% nos últimos 12 meses, tendo a base de clientes do serviço de televisão por subscrição crescido 4,2%”, nota a empresa num comunicado.

“Todos os segmentos e linhas de negócio da Altice Portugal cresceram [em] receitas no primeiro trimestre de 2023, em virtude da contínua expansão da base de clientes, da diversificação do portefólio de serviços cada vez mais digitais, da aposta na inovação e qualidade de serviço, fatores estes que se revelaram determinantes para a evolução positiva registada”, acrescenta a mesma nota.

Analisando o trimestre por segmentos, o consumo, que engloba a operadora Meo, obteve receitas de 335 milhões de euros, um crescimento homólogo de 6,8%. O número de clientes subiu 1,6%, com a operadora a conquistar 26 mil clientes em termos líquidos, para 1,7 milhões. Importa notar que, a 1 de fevereiro, a Meo atualizou os preços em 7,8%, em linha com os concorrentes, uma decisão que já deverá ter tido impacto positivo neste trimestre.

Mas há alguns trimestres que o consumo não é o principal negócio da Altice Portugal. O segmento dos serviços empresariais continuou a crescer, com o qual a empresa obteve receitas de 364 milhões de euros, um crescimento de 22%. O grupo justifica a subida com o “crescimento da Altice Labs”, o polo de investigação e desenvolvimento da companhia em Aveiro.

Em fevereiro, o ECO chegou a questionar a empresa sobre os crescimentos da Altice Labs. A Altice Portugal recusou fornecer detalhes, argumentando não poder “dar valores desagregados”. Desta vez, a Altice destaca no comunicado o contributo positivo da Altice Labs “que exporta tecnologia made in Portugal para o mundo”.

Entre janeiro e março, a Altice Portugal investiu 111 milhões de euros, mais do que os 102,9 milhões que investiu no primeiro trimestre de 2022, mas menos do que os 143 milhões investidos no quarto trimestre. Boa parte deste investimento tem sido canalizado para a rede móvel e “infraestruturas core de última geração”, mas também na rede de fibra ótica, que alcança agora 6,2 milhões de lares no país.

A divulgação dos resultados da Altice Portugal, alinhada com a publicação das contas do grupo a nível internacional, coincide com o último dia do congresso anual da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), no qual se realizará o habitual debate entre os presidentes executivos das três principais operadoras de telecomunicações em Portugal, o único com esta característica e uma importante ocasião para discutir os temas do setor.

Ana Figueiredo, líder da Altice Portugal desde abril de 2022, irá debater com o novo presidente executivo da Vodafone Portugal, Luís Lopes, e com o comandante da Nos, Miguel Almeida, já veterano nesta iniciativa. O debate, marcado para as 17h45, será moderado pelo publisher do ECO, António Costa.

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Altice escolhe Nokia para o núcleo da sua rede 5G em Portugal

Dona da Meo decidiu que será a empresa finlandesa a desenvolver o núcleo (core) da sua rede 5G em Portugal, um passo importante para desbloquear todo o potencial da quinta geração.

A Altice Portugal anunciou a escolha da Nokia, uma empresa europeia, para desenvolver o núcleo (core) da sua rede 5G em Portugal, revelou a dona da Meo, em comunicado de imprensa. As duas empresas já estabeleceram “uma parceria estratégica para o fornecimento e integração do Core 5G Stand Alone“, refere a mesma nota.

Em Portugal, à semelhança de outros países, o 5G tem sido desenvolvido recorrendo numa lógica non-standalone, o que significa que o núcleo da rede, que pode ser visto como o cérebro da mesma, ainda é um núcleo de quarta geração (4G). À medida que as operadoras vão desenvolvendo a infraestrutura, é natural que migrem para um núcleo 5G, com toda a inovação que estes permitem.

Com este anúncio, a Altice Portugal dá um importante sinal no sentido de se estar a preparar para dar o passo seguinte na sua rede 5G em Portugal, que culminará com a migração para um 5G standalone, desbloqueando todo o potencial desta tecnologia. A escolha da Nokia é relevante ainda na medida em que acompanha os apelos das instituições europeias para que as operadoras evitem usar equipamentos de fabricantes chineses nas suas redes de telecomunicações, como é o caso da Huawei.

Há mais de três anos, o ECO noticiou em primeira mão que a Huawei já estava, à partida, excluída do núcleo do 5G em Portugal. Foi noticiado que a Altice Portugal estaria a fazer testes com várias empresas, incluindo a Ericsson (europeia) e a Cisco (americana).

“A Nokia, empresa multinacional de infraestruturas de telecomunicações e fabricante europeu de equipamentos, será responsável pelo desenvolvimento da rede Core 5G, incluindo a evolução para uma arquitetura nativa na cloud, onde as funções de rede são implementadas como micro-serviços, numa lógica de negócio de serviços modulares”, aponta a Altice Portugal em comunicado.

“O novo core móvel 5G Stand Alone permitirá à Altice Portugal disponibilizar serviços inovadores 5G, tais como network slicing [um tipo de arquitetura de rede], serviços de baixa latência e serviços IoT [Internet das Coisas, vulgo, sensores ligados à internet], de forma massiva, nas comunicações de clientes dos segmentos de consumo e empresarial. Por outro lado, irá também fornecer maiores níveis de segurança, utilizando algoritmos de encriptação reforçados para um aumento da privacidade”, remata a empresa liderada por Ana Figueiredo.

Por fim, a Altice Portugal salienta que os serviços assentes na próxima fase do 5G “darão uma garantia de cobertura nacional, utilizando a rede móvel pública da Altice”. “Esta oferta inovadora de alto desempenho visa satisfazer as necessidades de comunicações críticas de indústrias, organismos públicos, cidades e empresas, onde a automação e a grande intensidade de ativos são aspetos críticos”, conclui.

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Meo multada em 2,5 milhões por dificultar fim dos contratos aos clientes

A Anacom entende que a operadora do grupo Altice promoveu condutas que violam a lei no que toca à cessação de contratos quando a iniciativa partia do consumidor. Meo vai contestar em tribunal.

O regulador das comunicações multou a Meo em cerca de 2,5 milhões de euros, considerando que a operadora dificultou a cessação dos contratos quando a iniciativa partiu do cliente, violando assim a lei. A decisão foi divulgada esta terça-feira pela própria Anacom, numa nota em que explica também o que motivou esta ação. A Meo discorda do regulador e vai contestar a decisão em tribunal.

Na ótica desta autoridade, a Meo não aceitou pedidos de denúncia contratual apresentados pelos clientes em loja e sujeitou a apresentação desses pedidos à “prévia receção de uma chamada proveniente da linha de retenção, sem a qual os clientes não podiam apresentar os respetivos pedidos ou o procedimento já iniciado não poderia prosseguir”. Estas são, “sobretudo”, as violações detetadas pelo regulador.

Mas há mais. Noutros casos, refere a Anacom, a Meo não forneceu aos clientes o formulário de denúncia “a que está obrigada a ceder sempre que lhe seja solicitado”. O regulador cita ainda situações em que a empresa não pediu aos clientes “documentos que eram necessários à confirmação da denúncia”, ou pediu outros que não eram precisos “porque já os tinha em seu poder”.

A autoridade das comunicações diz ainda que a Meo “não confirmou várias denúncias dos contratos apresentadas pelos clientes e “prestou informações incompletas sobre os meios e contactos disponíveis para a apresentação dos pedidos de cessação”. A Anacom lembra que estes podem ser apresentados em loja, por carta, por email, por fax e por telefone, “pelo menos”.

Contactada pelo ECO na sequência destas acusações, a Meo diz “foi notificada da decisão da Anacom de aplicação de uma coima única de 2.460.000 euros relativa à prática de contraordenações, ocorridas nos anos de 2015 e 2016”. “Discorda a Meo totalmente das imputações que lhe são efetivadas pela Anacom no processo em apreço, pelo que irá impugnar judicialmente a presente decisão”, declara.

A motivação para este tipo de conduta é clara para o regulador: a Meo quis, com isto, dificultar a vida aos consumidores que quisessem rasgar os contratos de telecomunicações. “A Meo teve como objetivo colocar entraves injustificados e não permitidos nos procedimentos de cessação de contratos por iniciativa dos assinantes, de modo a dificultar, atrasar ou até levar à desistência de processos de alteração de prestador de serviços, obstando, dessa forma, ao desenvolvimento da concorrência no mercado das comunicações eletrónicas”, declara em comunicado.

Em causa estão regras definidas pela própria Anacom em 2012 e que o regulador entende promoverem a concorrência e a “liberdade de escolha dos utilizadores finais relativamente aos operadores que contratam”. Entre outras coisas, o conjunto de regras proíbe “a criação de condições de cessação dos contratos que sejam desproporcionadas e de procedimentos que sejam excessivamente onerosos e desincentivadores da mobilidade dos assinantes”.

“Os comportamentos adotados pela empresa são especialmente gravosos, por resultarem no incumprimento de uma ordem legítima da Anacom, que lhe foi regularmente comunicada, colocando em causa a própria regulação do mercado em que opera”, acrescenta o comunicado, que salienta que as cessações de contratos por iniciativa do cliente “são um dos temas mais reclamados no setor”. “Continuarão a merecer, da parte da Anacom, um acompanhamento muito próximo”, avisa a entidade.

(Notícia atualizada às 12h29 com mais informação)

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Fibroglobal chamada a devolver três milhões de euros ao Estado

  • ECO
  • 27 Março 2023

CCDR Centro notificou a Fibroglobal para que devolva três milhões de euros de dinheiro público usado para financiar a construção da sua rede de fibra ótica, depois de cálculo da Anacom.

A Fibroglobal tem de devolver três milhões de euros de fundos públicos ao Estado que tinham sido usados para financiar a sua rede de fibra ótica. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro confirmou ao Público que a Autoridade de Gestão do Centro 2020 seguiu a recomendação do regulador das Comunicações, feita em maio de 2018. A empresa contesta.

“Na sequência do montante de sobrefinanciamento calculado pela Anacom”, a Autoridade de Gestão entendeu que “havia lugar à devolução de verbas”, pelo que notificou a Fibroglobal. Este sobrefinanciamento clarifica que a exploração das redes não necessitava de tanto financiamento público. A empresa já contestou a decisão para “demonstrar a sua discordância com o valor de sobrefinanciamento calculado”.

De acordo com os contratos assinados em 2011, a verificação da existência de sobrefinanciamento deve ocorrer a cada cinco anos. No entanto, o processo só ocorre se o Governo assim o quiser. “Uma eventual intervenção” do regulador “terá sempre de ser desencadeada por iniciativa do Governo, que poderá designar a Anacom”, explicou o seu presidente, João Cadete de Matos. A Fibroglobal é detida pela Fastfiber, uma empresa controlada em 50,01% pela Altice Portugal e em 49,99% por um fundo gerido pela Morgan Stanley Infrastructure.

(Notícia atualizada às 9h56)

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Altice Portugal fecha o ano com mais receitas e menos investimento

Ano foi positivo para a Altice Portugal, que viu as receitas subirem para 2.629 milhões de euros à boleia de mais clientes e controlo dos desligamentos. Investimento desceu, mesmo com inflação.

A Altice Portugal fechou 2022 com mais clientes e mais receitas, mas o investimento da empresa foi inferior ao do ano anterior, mostram os dados publicados pelo grupo esta terça-feira. No quarto trimestre, os serviços empresariais geraram mais receitas do que a Meo, devido ao crescimento da Altice Labs, o polo de investigação e desenvolvimento da companhia.

A dona da Meo alcançou um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) de 906 milhões de euros no ano passado, uma melhoria de 6,2%. Enquanto isso, as receitas subiram 13,7% e atingiram os 2.629 milhões de euros. Num comunicado, o grupo liderado por Ana Figueiredo aponta para a “contínua aquisição de clientes e a manutenção dos níveis reduzidos dos desligamentos” como fatores de crescimento.

Já o investimento da Altice Portugal no ano completo de 2022 fixou-se em 483 milhões de euros. Trata-se de um montante que fica ligeiramente abaixo dos 487 milhões de euros de investimento realizado em 2021 (-0,82%), mesmo num ano marcado por forte inflação. Em 2021, ano marcado pelo lançamento do 5G, o investimento tinha crescido 4,5%, segundo dados então avançados pela empresa.

Analisando apenas o quarto trimestre, o EBITDA subiu 2,1% em termos homólogos, para 218 milhões, enquanto as receitas aumentaram 11,3%, para 695 milhões. Além do aumento do número de clientes, a Altice Portugal aponta para a “contínua disciplina dos custos operacionais”.

Passando ao desempenho operacional e aprofundando por segmentos, o consumo, que inclui o negócio da Meo, gerou receitas de 339 milhões nos três últimos meses de 2022, um aumento homólogo de 4,6%. A base de clientes únicos “continuou a expandir-se e aumentou 1,7%”, com a empresa a adicionar, em termos líquidos, 27 mil novos clientes, para um total de 1,7 milhões.

No segmento dos serviços empresariais, que inclui o negócio da Altice Empresas, as receitas foram de 356 milhões (ultrapassando, assim, as receitas da Meo neste trimestre). Representou um aumento de 18,4% no quarto trimestre face ao mesmo período de 2021 e a empresa justifica o desempenho positivo com o “crescimento da Altice Labs”.

Por fim, entre os dados destacados pela Altice, o investimento concreto no último trimestre do ano ascendeu a 143 milhões. “A aposta no reforço da rede móvel e em particular na implementação da tecnologia 5G conduziu ao aumento da taxa de cobertura da população portuguesa de 68,9% no final do segundo trimestre para 85% no final do terceiro trimestre e para 90,4% no final do quarto trimestre”, sublinha o grupo.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h30)

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Depois da Meo e da Nos, Vodafone sobe preços até 7,8% a partir de 1 de março

Operadora confirma que preços vão ser aumentados a 1 de março a uma taxa máxima de 7,8%, o valor da inflação em 2022 calculado este mês pelo INE. Clientes Meo e Nos têm aumentos já em fevereiro.

A Vodafone Portugal vai atualizar os preços dos produtos e serviços a partir de 1 de março de 2023, confirma a empresa numa nota publicada no respetivo site. A operadora prevê “um aumento máximo de 7,8% no valor global da fatura”, uma percentagem equivalente à da taxa de variação média anual da inflação em 2022, como confirmado este mês pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Já os clientes da Meo e da Nos terão aumentos logo a partir de 1 de fevereiro.

“A Vodafone Portugal irá atualizar o preço dos serviços de telecomunicações prestados aos seus clientes a partir de 1 de março de 2023, com um aumento máximo de 7,8% no valor global da fatura, conforme os serviços subscritos e de acordo com os termos e condições previstos no respetivo contrato. A atualização foi calculada com referência à taxa de inflação”, explica a empresa de telecomunicações, dando conta de que a informação mais detalhada sobre os novos preços ficará “disponível a partir” de 30 de janeiro.

A operadora liderada por Mário Vaz era a única das três principais em Portugal que ainda não tinha dado qualquer informação sobre a política de preços para este ano. Em outubro de 2022, a presidente da Altice Portugal, Ana Figueiredo, anunciou que os preços da Meo serão atualizados à inflação a 1 de fevereiro e o ECO sabe que as alterações estão agora a ser comunicadas aos clientes, tendo por referência a taxa de 7,8% (que fica acima dos 7,2% referidos pela própria Altice em outubro, a mesma que era esperada pelo Governo). Também a Nos disponibilizou recentemente uma nota no respetivo site a dar conta de “novos preços” a partir de 1 de fevereiro, sem avançar qualquer percentagem.

“Serão atualizados os valores das mensalidades dos produtos e serviços da Vodafone, bem como a generalidade das tarifas de serviço. Os novos preços entrarão em vigor a 1 de março de 2023 e poderá consultar a atualização específica sobre os seus produtos e serviços através do TOBi aqui ou ligue grátis 12 710, a partir de 30 de janeiro de 2023″, explica a Vodafone na informação disponibilizada na internet. O aumento “será refletido no valor final do seu serviço à data da alteração de preços, bem como em alguns serviços extra que tenha subscrito”, refere também a empresa.

Estas informações confirmam, assim, uma notícia avançada em agosto de 2022: com os custos a aumentarem, era certo que os preços das telecomunicações iriam subir em 2023, uma opção prevista na maioria dos contratos. Mesmo assim, a Meo só confirmaria a subida meses depois, em outubro, em declarações à agência Lusa, enquanto a Nos e a Vodafone nunca confirmaram à imprensa os aumentos de preços até à disponibilização das informações online — nem mesmo após as sucessivas questões enviadas pelo ECO, um sinal da sensibilidade do tema dos preços no setor das telecomunicações em Portugal.

“O setor das telecomunicações tem sido fortemente afetado pelo atual contexto macroeconómico e geopolítico, do qual resultaram aumentos significativos nos preços da energia e das matérias-primas. Este facto, associado à subida da taxa de inflação, resulta em aumentos expressivos nos custos operacionais e de manutenção e gestão da rede de suporte à prestação dos nossos serviços”, contextualiza a Vodafone.

No caso da Altice, a presidente da empresa disse em outubro que os preços irão subir em fevereiro à taxa da inflação. Com base na taxa prevista na altura — de 7,2%, em vez dos atuais 7,8% que estão a ser comunicados aos clientes –, a líder da Meo previa que um pacote “TV+Net+Voz” teria uma subida média de dois euros por mês, enquanto um cliente com pacote M4 veria a fatura subir quatro euros mensais. O ECO solicitou na segunda-feira novas simulações, mas ainda não obteve resposta.

Do lado da Nos NOS 0,00% , a que o ECO também tem colocado questões sobre este assunto, a informação que existe é a que foi disponibilizada no site da operadora em 6 de dezembro: “A Nos irá atualizar o preço dos serviços de acordo com o Índice de Preços do Consumidor anual de 2022, a publicar pelo INE em janeiro de 2023. Esta atualização incide apenas sobre as mensalidades dos serviços, mantendo-se inalteradas quaisquer outras tarifas dos serviços”, lê-se na nota informativa que refere que os preços vão entrar em vigor a 1 de fevereiro e que os detalhes serão dados a partir de dia 23 deste mês.

“O setor de comunicações tem vindo a ser pressionado por um forte agravamento dos custos, nomeadamente os de energia, de transporte, de equipamentos de rede e até dos serviços prestados pelos seus fornecedores. Na Nos temos absorvido parte substancial deste aumento generalizado de custos, ao mesmo tempo que continuamos a investir fortemente na expansão e melhoria da rede fixa e móvel, para que Portugal e em especial os clientes da Nos possam gozar de um serviço melhor, mais fiável, mais seguro, mais rápido”, referia a operadora.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h59)

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“Não há nenhum risco de a TDT em Portugal acabar”, garante Governo

Altice tem até 9 de dezembro para comunicar ao regulador das comunicações se pretende renovar licença de fornecimento do serviço básico de televisão. Governo fala em negociações.

O Governo assegura que os portugueses não vão deixar de ter acesso à Televisão Digital Terrestre (TDT). A garantia foi deixada no Parlamento pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes. A Altice tem apenas mais um mês para comunicar ao regulador das comunicações (Anacom) se pretende renovar a licença de fornecimento do serviço básico de televisão.

“Não há nenhum risco de a TDT em Portugal acabar”, referiu o secretário de Estado durante a audição na especialidade relativa ao Orçamento do Estado para 2023. Hugo Santos Mendes adiantou aos deputados que o Governo tem estado em negociações com a Altice.

Se a operadora não quiser renovar a licença, emitida em 9 de dezembro de 2008 e válida por 15 anos, os portugueses sem serviços de subscrição correm o risco de ficar sem televisão.

Atualmente, 5% das famílias portuguesas não paga qualquer serviço de subscrição. Ou seja, apenas têm direito a oito canais de televisão: RTP1, RTP2, SIC, TVI, RTP3, RTP Memória, Canal Parlamento e a frequência aberta para o canal “Estudo em Casa”, que funcionou durante a suspensão das aulas presenciais.

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Operadoras resistem a anunciar aumentos de preços

Meo continua sem "plano para alteração de preços", mas admite que a maioria dos clientes têm contratos indexados à inflação. Vodafone assume "enormes desafios" para manter os preços nos níveis atuais.

Sobem os preços da luz. Sobem os preços do gás. Em janeiro, aumentam as rendas, as portagens e até a manutenção do elevador do prédio. As despesas mensais das famílias portuguesas não param de engordar, à medida que as empresas vão anunciando aumentos para cobrir os seus próprios custos. Mas as telecomunicações têm destoado desta realidade – pelo menos até agora.

O setor das telecomunicações não esconde os desafios que enfrenta, nem se compromete a manter os preços. Mas as principais operadoras de telecomunicações garantem ainda não ter mexido nas faturas mensais dos clientes, apesar de o poderem fazer. Em resposta a questões do ECO, a postura continua a ser a de aguardar para ver. Facto é que dificilmente os preços vão continuar nos níveis atuais, à luz das leituras da taxa de inflação, que parece não querer dar sinais de abrandar.

“A esta data, não é possível antecipar a expressão ou timings [o momento] de eventuais alterações de preços”, disse fonte oficial da Vodafone Portugal esta terça-feira. Já a Meo, detida pela Altice Portugal, insistiu na resposta que tem vindo a dar desde o segundo trimestre: “O contexto de inflação está a ser monitorizado pela equipa de gestão da Altice Portugal com o objetivo de mitigar efeitos na estrutura e na operação. De momento não há qualquer plano para alteração de preços”. Fonte oficial da Nos não respondeu até ao fecho deste artigo.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) publica esta quarta-feira, pelas 9h30, a estimativa rápida da evolução do Índice de Preços no Consumidor em agosto. Os dados, que só serão confirmados mais tarde, em setembro, ganham relevância pois vão permitir calcular já, por exemplo, o coeficiente para a atualização das rendas em janeiro de 2023, ainda que numa versão preliminar.

Sem surpresa, a taxa deverá continuar historicamente elevada, à semelhança do que está a acontecer um pouco por todo o mundo ocidental, no contexto da guerra e do encarecimento da energia. As operadoras estão conscientes disso e admitem que dificilmente conseguirão não passar, ainda que parcialmente, este aumento de custos para a respetiva base de clientes.

Sobre este assunto, a Vodafone tinha afirmado em maio: “Estamos a fazer um esforço para que [a conjuntura] não se reflita nos preços — que, em Portugal, são dos mais baixos a nível europeu — mas não podemos comprometer-nos.” Agora, a mesma fonte confessa: “A expressiva taxa de inflação a que temos estado sujeitos tem colocado à Vodafone enormes desafios internos de forma a evitar refletir esses impactos nos preços dos serviços. Contudo, esse é um esforço não compatível com a expressão da taxa de inflação ou com o seu caráter de médio longo prazo.”

Dito isto, remata: “O setor é fortemente impactado pela inflação, em particular pelos custos de energia e dos combustíveis, bem como pelos distúrbios das cadeias logísticas e consequente aumento de preços e prazos de entrega dos equipamentos. Este aumento de custos tem impacto acrescido num momento em que a Vodafone está a desenvolver múltiplos planos de modernização da rede e de implementação do plano de obrigações de cobertura 5G.”

A expressiva taxa de inflação a que temos estado sujeitos tem colocado à Vodafone enormes desafios internos de forma a evitar refletir esses impactos nos preços dos serviços.

Fonte oficial da Vodafone

Contratos expostos à inflação

No caso da Meo, nos últimos anos, a empresa atualiza em janeiro as mensalidades dos clientes atuais com base na inflação, impondo um aumento mínimo de 50 cêntimos. Mas, nessas alturas, o IPC estava muito longe dos valores atuais, o que significava que, regra geral, as mensalidades subiam meio euro a cada ano, até acabar o prazo de fidelização.

Em julho, um analista questionou o administrador financeiro da Altice International sobre este assunto. Malo Corbin respondeu que 75% dos clientes da Meo têm contratos indexados à taxa de inflação. Apesar de não admitir claramente uma subida, a declaração não tranquiliza os clientes – muitos deles já esmagados pelos preços cada vez mais elevados dos alimentos, bem como pelas faturas mais altas da eletricidade, do gás, dos combustíveis, e, eventualmente, até da água.

Quanto aos novos contratos, o impacto da inflação é bastante mais difícil de medir. As ofertas das operadoras são complexas e incluem diversos descontos e promoções que dificultam a comparação. Ora, a Anacom tem acompanhado de perto a evolução dos preços no mercado, baseando-se no detalhe do IPC divulgado pelo INE. No mais recente relatório, a entidade aponta que os preços das telecomunicações em julho eram 1,7% mais elevados do que em julho de 2021. Mas importa notar que, apesar de representar uma subida, nesse mês, a inflação em Portugal atingiu 9,1%.

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Anacom obriga Meo a cortar preços das condutas e postes até 35%

Regulador das comunicações obrigou a Meo a descer as mensalidades máximas de acesso a condutas em 35% e de acesso aos postes em 20%, com retroativos a 15 de fevereiro.

A Anacom aprovou a decisão final que obriga a Meo a reduzir os preços de acesso a condutas e postes em até 35%, com retroativos a 15 de fevereiro de 2022, avançou esta sexta-feira o regulador das comunicações.

Em concreto, a entidade liderada por João Cadete de Matos determinou que as mensalidades máximas das ofertas de referência de acesso a condutas descem em 35%, enquanto as mensalidades máximas das ofertas de acesso a postes encolhem em 20%. Em causa está o mercado grossista de telecomunicações, ou seja, estes preços são praticados pela operadora e cobrados a outras empresas do setor, não ao cliente final.

Num comunicado, a Anacom diz considerar que “este aspeto continua a assumir particular importância”, porque, neste momento, “os operadores estão a expandir a cobertura das suas redes, móveis e fixas, para áreas cada vez mais remotas”, incluindo a nova rede 5G.

“A decisão da Anacom foi suportada nas evidências de que se impunha uma atuação ao nível dos preços mensais incluídos nas ofertas de referência de acesso a condutas e postes, para assegurar a sua orientação para os custos, entendendo-se que, face às margens verificadas nos últimos anos, a redução agora avançada é apropriada e plenamente justificada”, refere a entidade num comunicado.

Os postes e condutas fazem parte da infraestrutura de telecomunicações e uma parte importante na construção de redes de comunicações eletrónicas. Segundo a Anacom, esta medida “visa garantir que a globalidade das ofertas grossistas em causa cumpre com a obrigação de orientação dos preços para os custos imposta à Meo, por ter poder significativo no mercado grossista respetivo, assegurando-se assim a promoção da concorrência e o desenvolvimento e instalação de redes de muito elevada capacidade”.

“Esta decisão da Anacom, tal como as medidas regulatórias impostas no acesso a condutas e a postes no passado, contribuem para uma redução do custo de implantação de redes de elevada capacidade, permitindo que nas zonas onde não existam aquelas redes, todos os operadores disponham de condições semelhantes para investirem no desenvolvimento das suas próprias infraestruturas”, continua a explicar o regulador.

Deste modo, “contribui-se para um crescimento sustentado nos níveis de cobertura do território nacional por redes de elevada capacidade dos vários operadores”, defende a Anacom. O ECO contactou fonte oficial da Meo no sentido de obter uma reação.

A decisão da Anacom, que mereceu uma consulta pública e notificação à Comissão Europeia, acontece num ano em que o Governo vai lançar concursos públicos para levar conectividade às chamadas “zonas brancas”. São regiões já identificadas que não têm cobertura de redes de comunicações e não são suficientemente atrativas para o investimento privado. O programa contará com o financiamento de fundos europeus.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h04)

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75% dos clientes da Meo têm preços ligados à taxa de inflação

Administrador financeiro da "holding" que detém a Meo revelou esta quarta-feira que 75% dos clientes em Portugal têm preços indexados à taxa de inflação. Para já, não está prevista subida.

Cerca de 75% dos clientes da Meo podem sofrer aumentos nos preços das telecomunicações por causa do efeito da inflação. Essa é a percentagem dos contratos atuais com preços indexados à evolução do Índice de Preços no Consumidor (IPC), revelou o grupo esta quarta-feira.

O dado foi avançado por Malo Corbin, administrador financeiro da Altice International, a holding que controla a Altice Portugal e a operadora Meo. O gestor respondia a uma questão colocada por um analista durante uma conferência telefónica de apresentação de resultados trimestrais.

Instado a revelar a percentagem de clientes com cláusulas contratuais que permitem a atualização dos preços à taxa de inflação, Malo Corbin respondeu que uma parte da carteira de clientes da Meo diz respeito ao serviço pré-pago. No entanto, nos clientes com contratos de telecomunicações, até 80% “estão ligados ao IPC”, acrescentou — estimando, por isso, que cerca de 75% do total de clientes possam estar à mercê do aumento generalizado dos preços na economia.

De seguida, o mesmo analista perguntou se a indexação dos preços cobrados a esses clientes é igual ou superior à leitura do IPC. O gestor respondeu que é igual (e, por isso, não superior) à taxa de inflação.

O ECO confirmou a informação junto de fonte oficial da Altice Portugal, que indicou ainda que a empresa, até ao momento, não procedeu a atualizações de preços à taxa de inflação nos contratos atuais.

Mas o cenário pode mudar — se não este ano, já em janeiro próximo, por norma o momento em que as operadoras atualizam as mensalidades dos clientes atuais. Nos últimos anos, em geral, a Meo tem procedido a aumentos anuais de 50 cêntimos, o valor mínimo que define por cada atualização, podendo ser superior se a inflação assim o ditar.

Em maio deste ano, fonte oficial da Altice Portugal disse ao ECO: “O contexto da inflação está a ser monitorizado pela equipa de gestão da Altice Portugal com o objetivo de mitigar efeitos na estrutura e na operação. De momento, não há qualquer plano para a alteração de preços”. Na mesma ocasião, a concorrente Vodafone foi até mais longe. “Não podemos comprometer-nos” a não subir preços, disse fonte oficial.

Em junho, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação do IPC em Portugal, em termos homólogos, acelerou para 8,7%, um máximo desde dezembro de 1992, devido ao efeito da guerra, com aumentos nos preços da energia e dos bens alimentares. A inflação gera mais inflação, com atualizações de preços à taxa do IPC, como aquelas que poderão ocorrer em breve nas telecomunicações.

Subidas de preços que acabam por se refletir na estrutura de custos, a que o setor das telecomunicações não é imune. Face a este cenário, e numa altura em que são exigidos fortes investimentos no desenvolvimento da rede 5G (há obrigações de cobertura para cumprir, impostas pelo Governo), nos próximos meses, os clientes de telecomunicações em Portugal poderão experienciar um forte aumento nas mensalidades dos pacotes, caso as operadoras decidam proceder à atualização dos preços.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h11)

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Altice Portugal capta clientes e controla custos. Receitas crescem 14%

Primeiros resultados de Ana Figueiredo mostram crescimento nas receitas, adição de clientes e manutenção do controlo de custos. Investimento encolheu no semestre.

A Altice Portugal continuou a aumentar as receitas e a controlar as despesas no segundo trimestre de 2022, o primeiro período já com Ana Figueiredo aos comandos do grupo. Uma estratégia que contribuiu para a melhoria dos resultados da dona da Meo nos primeiros seis meses deste ano.

As receitas da operadora cresceram 14% no semestre, face ao período homólogo, para 1.254,2 milhões de euros, enquanto o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) somou 8,9%, para 454,3 milhões. Segundo revelou ainda a empresa esta quarta-feira, a base de clientes aumentou, incluindo nos serviços fixos e no negócio móvel.

Analisando apenas o segundo trimestre, as receitas cresceram 16,5% e atingiram 641,8 milhões, ao passo que o EBITDA avançou 9,1%, para 232,3 milhões. “Este nível de crescimento do EBITDA assenta na expansão progressiva da base de subscritores e no incremento do valor médio aportado, impulsionando a receita, mas também da disciplina de controlo de custos operacionais”, justifica a Altice Portugal, em comunicado.

Foi a 2 de abril, um dia depois do início do trimestre, que Ana Figueiredo assumiu o cargo de presidente executiva da Altice Portugal. Substituiu Alexandre Fonseca, que passou a desempenhar funções executivas no grupo numa escala internacional. Ana Figueiredo era, até então, CEO da Altice na República Dominicana. São, por isso, os primeiros resultados apresentados pela gestora ao acionista.

Do ponto de vista das receitas, a Altice Portugal destaca, no mesmo comunicado, que “o crescimento dos negócios fixo e móvel, da base de clientes e do portefólio de serviços da empresa, aliado à concretização de um planeamento eficaz e às iniciativas operacionais encetadas, foi determinante para a evolução das receitas neste trimestre”. O crescimento trimestral de 16,5% nesta rubrica é um “impulso decisivo na trajetória deste indicador”, assegura.

Consumo com energia

Num trimestre, o segundo do ano, marcado pelos efeitos da guerra na Europa, as receitas da Altice Portugal no segmento do consumo “demonstraram um desempenho resiliente, fixando-se em 320,2 milhões de euros”, mais 5,4% face aos mesmos três meses de 2021. A empresa começa a ver resultados do lançamento de serviços de comercialização de energia, uma estratégia adotada em 2020.

O grupo confirma que o trimestre foi “potenciado também pelo crescimento da base de clientes únicos, que expandiu 1,1% nos últimos 12 meses, do incremento do ARPU [receita média por cliente] e do crescimento da base de clientes de energia e da receita associada, que representa atualmente cerca de 3% do total da receita do segmento consumo”. Essa receita com energia “duplicou” em termos homólogos.

“Neste trimestre de 2022, a Altice Portugal registou 42,8 mil adições líquidas nos serviços fixos e os clientes únicos do segmento consumo cresceram 18,2 mil durante os últimos 12 meses. O negócio móvel conseguiu 217,2 mil adições líquidas, das quais 68,3 mil em clientes pós-pagos neste trimestre. A alavanca fundamental foi a persistência do ritmo de adições, em combinação com a manutenção do churn [taxa de cancelamento] em níveis recorde”, explica a empresa.

Dito isto, na nota de imprensa, a Altice Portugal escreve que “o crescimento das receitas foi alcançado através de uma gestão muito dinâmica do ambiente de mercado, de forma a manter elevados padrões de serviço e atratividade comercial”. A operadora promete continuar a diversificar e a inovar na “oferta comercial” e a apostar “na categoria de experiência de utilização completa”. Neste trimestre, por exemplo, lançou um conjunto de pacotes de serviços a que chamou de Meo Care.

Quanto ao segmento dos serviços empresariais, as receitas da Altice Portugal nesta área cresceram 30,2%, para 321,6 milhões de euros, beneficiando do efeito da aquisição da Unisono em Espanha. Excluindo a compra, as receitas empresariais teriam crescido, ainda assim, 12,7%, atingindo 278,5 milhões.

Investimento recua no semestre

À semelhança dos concorrentes, a Altice Portugal também continua a desenvolver a rede 5G, que lançou no início deste ano, depois de adquirir licenças no leilão promovido pela Anacom. Mas, na primeira metade de 2022, o investimento foi menor do que no primeiro semestre de 2021, mesmo num contexto de escalada da inflação.

Entre janeiro e junho, a Altice Portugal investiu 225,2 milhões de euros, menos 1,4% do que os 228,4 milhões que terá investido no primeiro semestre de 2021, calculou o ECO com base nos números reportados pela empresa em ambos os períodos. Todavia, observando apenas o segundo trimestre, o investimento da Altice Portugal cresceu 4,5%, para 122,3 milhões.

Este investimento, explica a empresa, promoveu “o reforço na rede móvel, que registou uma penetração de 4G de 99,8 no trimestre”, enquanto a rede de fibra ótica no país passou a chegar a mais 59 mil casas, num total de 6,13 milhões (5,4 milhões através da rede da Fastfiber). “Em simultâneo, a Altice Portugal manteve a aposta na tecnologia 5G, que é progressivamente mais visível e utilizável”, acrescenta no comunicado.

Por fim, no segundo trimestre, a Altice Portugal abriu quatro novas Lojas Meo em “diferentes pontos do país”.

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Tribunal da Concorrência confirma multa de 84 milhões de euros à Meo por cartel com a Nowo

  • Lusa e ECO
  • 4 Julho 2022

O Tribunal da Concorrência confirmou a coima de 84 milhões de euros aplicada pela Autoridade da Concorrência à Meo em dezembro de 2020 por cartel com a Nowo. Altice vai recorrer para a Relação.

O Tribunal da Concorrência confirmou esta segunda-feira a coima de 84 milhões de euros aplicada pela Autoridade da Concorrência (AdC) à Meo em dezembro de 2020 por cartel com a Nowo, considerando “totalmente improcedente” o pedido de impugnação. A Altice Portugal já confirmou que vai recorrer para a Relação.

Na sentença lida esta segunda-feira, o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, apenas admitiu que, na sua condenação, a AdC deveria ter indicado os factos de forma sequencial, considerando, contudo, que isso não restringiu o direito de defesa nem implica a nulidade da decisão.

A defesa da Meo vai aguardar o depósito da sentença, de que foi lida uma súmula pela juíza Vanda Miguel, para decidir se vai arguir nulidade por não comunicação de uma alteração dos factos. Entretanto, já depois de publicada esta notícia, fonte oficial da Altice Portugal, dona da Meo, disse ao ECO: “Face à decisão hoje proferida pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão com a qual a discordamos totalmente, a Meo irá recorrer para o Tribunal da Relação de Lisboa, com vista a demonstrar a sua inocência e obter a anulação da sanção aplicada.”

Na súmula lida durante pouco mais de uma hora, Vanda Miguel cingiu-se aos factos relativos aos comportamentos que levaram à celebração de um acordo anticoncorrencial entre as duas operadoras, para concluir que a Meo praticou a contraordenação muito grave de que vinha acusada pela AdC ao celebrar um acordo para fixação de preços e limitação do mercado nos serviços de comunicações móveis e fixas, com efeitos relevantes para os consumidores.

Vanda Miguel afirmou que a infração ocorreu durante cerca de 11 meses (de janeiro a novembro de 2018), tendo terminado não por iniciativa proativa da Meo, mas porque nessa data se deram as diligências de busca e apreensão por parte da AdC.

Destacou ainda o facto de, durante o julgamento, a empresa ter demonstrado ausência de consciência crítica da sua atuação, salientando que condutas como as que estão em causa neste processo, que constituem uma infração hardcore (agressiva) das regras da concorrência, “não podem ocorrer num mercado livre”.

A decisão da AdC, agora confirmada pelo TCRS, considera que o acordo anticoncorrencial celebrado entre a Meo e a Nowo “implicou aumentos de preços e redução da qualidade dos serviços prestados, assim como restrições na disponibilização geográfica dos mesmos serviços, que penalizaram os consumidores em todo o território nacional”.

O processo teve origem num pedido de clemência da Nowo, que levou a que esta empresa ficasse dispensada do pagamento da coima de 4,6 milhões de euros que lhe seria aplicada no âmbito do processo.

Em causa está um acordo anticoncorrencial assinado depois da celebração, em janeiro de 2016, de um contrato Mobile Virtual Network Operator (MVNO), na sequência dos compromissos assumidos perante a Comissão Europeia aquando da aquisição da PT pela Altice, os quais incluíam a venda da Oni e da Cabovisão (atual Nowo).

Estas duas empresas iniciaram a sua atividade de forma independente em abril de 2016 suportadas na rede de infraestruturas da Meo, no âmbito do contrato MVNO.

No acordo anticoncorrencial, a Nowo comprometeu-se a não lançar serviços móveis fora das áreas geográficas onde disponibilizava serviços fixos, não concorrendo assim, com a Meo, nomeadamente nas zonas de Lisboa e do Porto, nem a avançar com os pacotes que tinha preparado e que visavam conseguir novos subscritores, como, por exemplo, ofertas móveis a cinco euros ou menos.

Além da coima, o TCRS confirmou também a sanção acessória de publicação da decisão após transito em julgado no Diário da República e num jornal de circulação nacional, dada a gravidade e a culpa da empresa. A decisão do TCRS é passível de recurso para o Tribunal da Relação de Lisboa.

(Notícia atualizada às 14h33 com reação da Altice)

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