5 coisas que vão marcar o dia

  • Marta Santos Silva
  • 18 Dezembro 2017

Os alunos do básico e secundário entram de férias, mas a atualidade económica e política não: Vieira da Silva é ouvido no Parlamento e o BCE dá a conhecer a inflação na Zona Euro.

Entre a audição do ministro do Trabalho no Parlamento, novidades sobre a Conta Geral do Estado e as estatísticas da inflação, há muito a que estar atento esta segunda-feira. Especialmente os juros da dívida nacional, agora que a Fitch retirou o país de “lixo”.

Juros em queda? Fitch subiu o rating

Depois da S&P, foi a vez de a Fitch avançar com a revisão em alta da notação financeira atribuída ao país. Em vez de um, decidiu elevar o rating em dois níveis, colocando-o em BBB. Os investidores já antecipavam que esta pudesse ser a decisão, razão pela qual os juros da dívida a dez anos de Portugal tenham baixado da taxa exigida a Itália. Contudo, e tendo em conta que o país está prestes a entrar nos principais índices de obrigações mundiais, poderá haver margem para um acentuar da tendência de descida das yields de Portugal.

Vieira da Silva no Parlamento por caso Raríssimas

O ministro do Trabalho Vieira da Silva vai ser ouvido durante a tarde no Parlamento para dar explicações sobre denúncias de irregularidades na gestão da Associação Raríssimas, que terão chegado antes da divulgação de informações em várias reportagens. O PS justificou a chamada do ministro com o “fundado alarme social que esta situação provocou, as graves denúncias noticiadas e as responsabilidades do Estado no acompanhamento e fiscalização do setor social e solidário”.

Parecer sobre a Conta Geral do Estado é entregue

O presidente do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, entrega a Ferro Rodrigues, o presidente da Assembleia da República, o parecer sobre a Conta Geral do Estado de 2016. Depois, o parecer vai ser apresentado aos jornalistas. Este parecer é uma auditoria das contas de 2016, e inclui recomendações para o Governo no próximo ano.

Como se comporta a inflação na Zona Euro?

O Banco Central Europeu (BCE) lança esta segunda-feira as estatísticas do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor para os países na Zona Euro. O IHPC é uma estatística que permite comparar facilmente a inflação entre os diferentes países do grupo, porque é calculado com base num cabaz de produtos que é igual para cada um dos países.

Senado pode aprovar revolução fiscal nos EUA

O texto final da grande mudança fiscal que se espera para os Estados Unidos, que tem deixado os investidores tensos e em expectativa desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, pode ser aprovado pelo Senado já esta segunda-feira. Os senadores podem votar dia 18 ou dia 19, enquanto os representantes da outra Câmara poderão fazê-lo dia 19 ou 20.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quer minar bitcoin? É mais fácil ganhar o Euromilhões

Minar bitcoin com o computador lá de casa não é rentável, mas já foi. Outrora, um utilizador poderia ser capaz de gerar centenas de bitcoins com pouco esforço. Mas... o que mudou? Quase tudo.

Por esta altura, já saberá que a bitcoin é a febre do momento. A moeda virtual valorizou mais de 1.600% durante o ano e também já chegou a Wall Street. Saberá também que a bitcoin é gerada por milhares de milhões de computadores ligados durante todo o dia, que validam as transações e, ao mesmo tempo, geram novas moedas em benefício dos proprietários. Mas será que vale a pena pôr o computador lá de casa a minar bitcoin?

Vamos diretos ao assunto: não compensa. Não é rentável. Mas já foi. Nos primeiros tempos da bitcoin, um utilizador comum podia gerar centenas de moedas novas em apenas poucos dias. Isto era possível porque a bitcoin era relativamente desconhecida, tinha um valor bastante reduzido e existiam poucos mineiros a processar as transações. Com o tempo, isso mudou. E mudou muito.

O mundo da bitcoin está diferente

A bitcoin assenta numa tecnologia chamada blockchain. As transações são agrupadas em blocks e, para serem validadas e inscritas na rede, os computadores dos mineiros têm de resolver complexas equações matemáticas. O primeiro a conseguir processar e validar um block resolvendo essas equações, inscreve-o na rede e recebe o biscoito ? pelo trabalho realizado à comunidade.

Atualmente, esse biscoito vale 12,5 moedas de bitcoin, valor que irá gradualmente ser reduzido até zero. Esse será o momento em que estarão em circulação todas as 21 milhões de moedas de bitcoin que representam o limite de oferta definido pelo criador do sistema, o misterioso Satoshi Nakamoto, que ninguém sabe quem é. Mas, para este artigo, isso é irrelevante. O que interessa é perceber que, à medida que mais mineiros se ligam à rede, mais complexas ficam essas equações. E mais poder de computação é preciso para minar bitcoin com sucesso.

Para ser uma atividade rentável, os mineiros detêm autênticos armazéns repletos destes computadores, uma forma de aumentar a probabilidade de serem eles a processar um block. Estes armazéns chamam-se farms. As farms representam um maior poder de computação, o que significa mais energia gasta. E mais energia gasta significa mais despesa. É por isso que já existem computadores próprios para minar bitcoin.

O certo é que, muito provavelmente, mesmo que construa uma farm de raiz, nem assim deverá ser capaz de gerar bitcoin de forma rentável. Lembre-se: há cada vez mais mineiros a colaborar com este sistema.

Não os pode vencer? Junte-se a eles

Vamos por partes. É impossível saber quantos computadores estão ligados à rede por detrás da bitcoin. Mas há uma unidade de medida que pode ajudar a perceber a dimensão: o hash rate. Recorda-se das equações de que falámos mais acima? O hash rate é a velocidade a que estas equações estão a ser resolvidas pelos mineiros. Mede-se, por exemplo, em terahash por segundo (TH/s).

À hora que este artigo é escrito, a bitcoin estava a ser processada a uma velocidade de 12.337.090,77 TH/s. É um valor alto, mas que tem vindo a aumentar quase à mesma velocidade a que valoriza a moeda, como mostra este gráfico do Blockchain.info, um site que acompanha as estatísticas da moeda virtual.

Fonte: Blockchain.info

A evidência é clara: os mineiros são cada vez mais e têm cada vez mais poder de computação. E alguns países estão em vantagem. Os baixos preços da energia na China fazem com que seja um dos territórios mais apetecíveis para se gerar moedas virtuais, embora as autoridades chinesas tenham vindo a apertar as regras. Estima-se mesmo que seja o país onde existam mais mineiros de bitcoin em todo o mundo.

É por este motivo que existem cada vez mais mineiros a associarem-se entre si, como forma de aumentar ainda mais a rentabilidade. Estes grupos chamam-se mining pools e partilham as receitas da atividade. Ou seja, enquanto os mineiros por conta própria não têm de partilhar as receitas, também têm menos probabilidade de receberem a recompensa. Contudo, há prós e contras em juntar-se a uma mining pool. Uma das vantagens é que poderá, em teoria, contar com uma fonte de receita mais ou menos constante.

Em março de 2014, o jornal especializado CoinDesk já escrevia que, “no caso da bitcoin, é praticamente impossível aos mineiros a solo conseguirem ter uma mineração rentável”. A não ser que “tenham uma garagem cheia de computadores ASIC [sistemas próprios para estas tarefas] em condições semelhantes às do Pólo Norte” (os computadores funcionam melhor a baixas temperaturas).

Fonte: Blockchain.info
Fonte: Blockchain.info

Estima-se que a AntPool, sediada na China, seja a maior associação de mineiros, com um controlo de 20,5% da rede. Atrás estará a BTC.com, com 13,1% da rede, seguida da BTC.TOP, com 10,2%, segundo o Blockchain.info. Posto nesta perspetiva, ainda tem vontade de minar bitcoin com o seu próprio computador?

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Puigdemont admite voltar se for “respeitado resultado” das eleições regionais

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2017

Os partidos constitucionalistas estão à frente nas intenções de voto, mas os independentistas ganham em número de lugares, sem nenhum dos blocos ter maioria absoluta.

O número um da candidatura do Junts per Catalunya (JxCat), Carles Puigdemont, disse que deverá voltar à Catalunha se “for respeitado o resultado” das eleições de quinta-feira, e os eleitores recusarem o artigo 155.º da Constituição.

Numa entrevista publicada hoje pelo jornal La Vanguardia, Puigdemont, que fugiu à justiça espanhola na Bélgica, após a declaração unilateral de independência, apontou que “não é possível que as ideias que te fazem presidente te levem à prisão”. “Se o 155 foi rejeitado nas urnas, deverei voltar” à Catalunha, garantiu Puigdemont, numa referência às eleições regionais da próxima quinta-feira, convocadas por Madrid.

Puigdemont considerou que foi destituído pelo presidente do Governo central, Mariano Rajoy – no âmbito da aplicação do artigo 155.º -, mas apenas o parlamento regional “pode nomear ou destituir um presidente”, pelo que considera que continua a ser o chefe do executivo catalão.

Numa intervenção, através de videoconferência, numa ação em Sant Celoni (Barcelona), o cabeça de lista do JxCat defendeu que “qualquer coisa que se afaste do ‘Govern’ e do ‘parlament’ legítimo é legalizar o 155”, pedindo aos catalães que usem as urnas para restituir o Governo cessado a que presidia.

Se “ganhar” o presidente do Governo de Madrid, “será ele quem mandará”, porque a Catalunha terá “autorizado e branqueado o seu golpe de Estado”, através da aplicação do artigo 155.º. Puigdemont também apelou à construção de “um país melhor”, em forma de uma “república grande, livre, próspera e democrática”.

O número um do JxCat sublinhou que as eleições servirão para escolher entre construir “um país menor”, que é o que querem os que – disse – pretendem “menorizar e assustar” os que desejam a independência, e aqueles que querem “um país melhor”, no qual “todos possam progredir”, sem que se “liquide quem pense de forma diferente”, nem que “se envie ninguém para o exílio”.

Numa reportagem hoje publicada pelo semanário francês Le Journal du Dimanche, a mãe de Puigdemont, Núria Casamajo, disse que o seu filho não lhe telefona a partir de Bruxelas, o que a mulher explica, porque “está a fazer coisas”. “Não me liga. Mas não faz mal. É porque está a fazer coisas”, disse a mãe do antigo presidente catalão. Também a mulher de Carles Puigdemont, Marcela Topor, comenta que as condições de vida na Bélgica “são duras”. “É difícil para ele, não conhece muitas pessoas. Mas continua a ser forte e positivo”, disse.

As eleições regionais de 21 de dezembro foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, em 27 de outubro passado, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont, no âmbito da aplicação do artigo 155.º da Constituição.

Várias sondagens publicadas esta sexta-feira indicam que os partidos constitucionalistas estão à frente nas intenções de voto, mas os independentistas ganham em número de lugares, sem nenhum dos blocos ter maioria absoluta.

O partido Cidadãos (constitucionalista, direita liberal) aparece nos estudos de opinião como o mais votado (23-25%), seguido de perto pela Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista, esquerda moderada, 20-23%) que poderia eleger mais deputados, porque a lei eleitoral dá mais peso a províncias dominadas pelos independentistas.

Os partidos separatistas ganharam as últimas eleições regionais, em 2015, com 72 deputados, num total de 135 no parlamento regional, o que lhes permitiu formar um Governo que organizou um referendo de autodeterminação em 1 de outubro último, que foi considerado ilegal pelo Estado espanhol.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Santana Lopes também quer “consenso alargado” para as obras públicas das próximas décadas

Santana apresentou este domingo ideias para a economia: menos IRC, menos "Estado abusador", crescimento económico superior a 3% e um "consenso alargado" nas obras públicas, como tinha pedido Costa.

Pedro Santana Lopes apresenta este domingo o seu programa numa altura em que já conta com o apoio do líder parlamentar do PSD, Hugo Soares. No texto que disponibilizou no seu site, o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia defende que haja um “consenso alargado entre todas as forças políticas representadas no Parlamento” para as obras públicas das próximas décadas. Em agosto, António Costa tinha desafiado o PSD para acordos nas obras públicas pós-autárquicas.

Caso vença as diretas dos sociais-democratas, o ex-primeiro-ministro pretende voltar a liderar um Governo e “obter um consenso alargado entre todas as forças políticas representadas no parlamento sobre as grandes obras públicas a realizar nas próximas décadas tendo como critérios fundamentais o aumento da competitividade do País e a relação custo-benefício, bem como a sua sustentabilidade e financiamento”.

Ou seja, Santana Lopes não só inclui o PS na equação dos consensos, mas também o BE, CDS, PCP, PEV e PAN. O social-democrata quer “criar um eixo de estabilidade no grande investimento público que estrutura o País devido ao impacto destas decisões considerando o curto prazo, os custos-benefícios, a sustentabilidade e as novas gerações”, lê-se ainda no texto.

Esta é uma das várias propostas que Pedro Santana Lopes refere no seu programa “Um Portugal em Ideias” que define três eixos de atuação: “Inovação, Crescimento e Competitividade”; “Um Estado Melhor – Investir bem nas políticas sociais” e “Governar Melhor – um País (mais) inteligente”. No verão, o atual primeiro-ministro afirmou que “é fundamental” contar com o PSD para a definição das obras públicas no futuro, argumentando que “a esquerda e a direita não se distinguem, em nenhum país do mundo, por decidir se fazem um aeroporto ou não”. Mas a reação à direita foi negativa: os social-democratas acusaram Costa de regressar ao socratismo.

O candidato à liderança do PSD diz que é “urgente” que o país cresça acima dos 3%, a “única via de convergirmos com a Europa”. Uma das vertentes das reformas económicas será mudanças na política fiscal. “A taxa de IRC deve ser reduzida para as empresas que exportam mais, que são mais inovadoras, que empregam mais, que são mais amigas do ambiente, que se fixam e investem em zonas mais despovoadas”, defende Santana Lopes. Já o défice deve continuar controlado, a dívida tem de descer e a despesa pública “deve consumir menos de metade da riqueza”.

Pedro Santana Lopes fala ainda de um “Estado abusador” com o qual quer acabar. Em causa está, segundo o texto, a apropriação de verbas de impostos para financiar o Estado. Tendo em conta a relação do Estado com o exterior, a candidatura do social-democrata defende ainda a criação da figura “provedor das empresas” na presidência do Conselho de Ministros para apoiar os empresários com dificuldades no relacionamento com o Estado.

No plano económico, Santana Lopes pretende ainda “potenciar a atratividade de Lisboa como praça financeira na sequência do Brexit, nomeadamente para fundos de investimento que pretendam investir nos PALOPs“. Além disso, o candidato quer elaborar um “Programa Nacional de Aceleração de Investimento” de forma a diminuir a “regulação”, simplificar as leis e tornar os licenciamentos “mais céleres”. A ideia é acabar com os “estrangulamentos burocráticos”.

No texto introdutório também há lugar a uma crítica ao seu adversário, Rui Rio. Santana Lopes critica quem se mobiliza à volta de slogans vazios ou discursos moralistas como o do “banho de ética”, ou de promessas salvíficas de um “novo 25 de Abril”. Em causa estão duas expressões usadas pelo ex-presidente da Câmara do Porto desde que anunciou a sua candidatura. Este domingo, em entrevista ao DN/TSF, Rio defendeu a baixa da carga fiscal, principalmente do IRC.

As eleições diretas para o PSD decorrem a 13 de janeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que já se sabe sobre o Caso Raríssimas

  • ECO
  • 17 Dezembro 2017

O Caso Raríssimas foi revelado no domingo passado e marcou a atualidade mediática do país durante esta semana. O ECO reuniu a informação que já se conhece sobre esta investigação.

“É um caso de polícia”, resumiu Isabel Jonet ao ECO esta semana. O Caso Raríssimas está a ser investigado pela Polícia Judiciária e pelos inspetores da segurança social, mas na última semana mais informações foram reveladas pela imprensa. Desde novembro que o Ministério Público, através do DIAP de Lisboa, está a investigar este caso, mas ainda não foram constituídos arguidos. A Raríssimas é uma IPSS fundada em 2012 por Paula Brito e Costa para apoiar pessoas com doenças raras.

Das 1.600 fiscalizações realizadas pelo Instituto da Segurança Social a IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) nos últimos três anos, nenhuma passou pela Raríssimas onde existem agora suspeitas de gestão danosa. Contudo, como o ECO explicou, estas instituições estão também sujeitas a um controlo interno através do Conselho Fiscal e da Assembleia-Geral. Além disso, as IPSS têm que publicar “e mandar as suas contas” para a Segurança Social.

De acordo com o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), o exercício de funções nos corpos gerentes das instituições é “gratuito”, ainda que possa justificar o pagamento de despesas. O Estatuto abre a porta ao pagamento de remuneração, mas com limites. O estatuto das IPSS prevê ainda que o Estado tem poderes de inspeção e fiscalização sobre as instituições. O ministro do Trabalho pode ainda pedir judicialmente a destituição do órgãos de administração das instituições em casos específicos.

Como tudo começou

Foi a 10 de dezembro que a TVI transmitiu uma reportagem que revelou que a presidente da Raríssimas terá usado subsídios públicos em proveito próprio. Em causa está o alegado pagamento de despesas pessoais mensais de milhares de euros através de fundos da associação sem fins lucrativos. A investigação da TVI mostrou deslocações fictícias, a compra de vestidos de alta-costura, gastos pessoais em supermercados — informações que foram corroboradas pelos testemunhos de vários antigos funcionários.

Entre os ex-funcionários em causa estão dois ex-tesoureiros, uma antiga dirigente, bem como uma pessoa que trabalhou como secretária na Raríssimas, que disponibilizaram vários documentos que dão conta de transações alegadamente ilícitas que terão beneficiado Paula Brito e Costa. O salário da presidente demissionária da Raríssimas era de três mil euros mensais, a que acresciam 1.300 euros em ajudas de custo, bem como 816,67 euros de um plano poupança-reforma e ainda 1.500 euros em deslocações.

A estes valores acresceria ainda o aluguer de um carro de luxo com o valor mensal de 921,59 euros, bem como compras de ordem pessoal que Paula Brito e Costa faria com o cartão de crédito da associação. Uma fatura de um vestido de 228 euros ou de uma despesa de 364 euros em compras de supermercado, dois quais 230 euros diziam respeito a gambas, são alguns exemplos.

Em causa estão ainda várias viagens ao estrangeiro que envolviam o ex-secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado — era consultor da Raríssimas pago com três mil euros mensais –, mas também o próprio ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, que tutela as IPSS, e a deputada socialista Sónia Fertuzinhos.

As várias denúncias partiram de Jorge Nunes e chegaram a várias entidades. O ex-tesoureiro a instituição queixa-se na carta enviada de “movimentação de contas bancárias com irregularidades, em virtude de constar o meu nome como tesoureiro da Associação no portal das Finanças”. Jorge Nunes refere que “nada garante que não existam outras irregularidades” para além das que enunciou e pediu “uma inspeção profunda às contas” da Raríssimas. Além desta existiram mais denúncias feitas, por exemplo, ao IEFP e à ACT, segundo a TVI.

A defesa de Paula Brito e Costa

Logo após a emissão da reportagem, a Raríssimas reagiu através da sua página de Facebook, classificando as acusações de “insidiosas”. “Todas as acusações apresentadas nesta reportagem são insidiosas e baseadas em documentação apresentada de forma descontextualizada”, diz a associação, acrescentando que “toda a documentação, designadamente despesas efetuadas pela Presidente da Raríssimas em deslocações e em representação da Instituição, está registada contabilisticamente e auditada, tendo sido aprovada por todos os órgãos da direção”.

Contudo, dois dias depois de a polémica ter começado, Paula Brito e Costa anunciava que se iria demitir. “A minha presença já está a afetar a instituição e tenho de sair. Esta é uma cabala muito bem feita”, diz a presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, ao Expresso, acerca das acusações e gestão danosa das quais é alvo. “Saio e não sei quem fica”, afirma.

Paula Brito e Costa passou ao ataque quando acusou a sua ex-vice-presidente da delegação do norte, Joaquina Teixeira, de desvio de dinheiro. Em entrevista à RTP, a ex-responsável da associação afirmou que encontrou “desvios de fundos, fraude fiscal, branqueamento de capitais, provavelmente fuga ao fisco, desvio de dinheiro da Raríssimas”, irregularidades que diz ultrapassarem os 270 mil euros.

Este sábado, em entrevista ao Expresso, Paula Brito e Costa deu justificações para uma série de acusações que lhe imputam: os vestidos que comprou eram para visitas à rainha, as gambas eram para jantares de angariação de fundos (a própria diz ser alérgica) e o BMW era para uso de toda a direção da associação.

Já o PPR nunca chegou a receber porque achou que era uma “exorbitância”. Acusou Jorge Nunes de ter feito “muita asneira” — “o mais engraçado é que esta semana pediu a reintegração, um ano depois de ter saído”. Questionada sobre se usou o cartão da Raríssimas para gastos pessoais, Paula Brito e Costa afirmou que “jamais faria uma coisa dessas”. A ex-presidente da associação diz ser uma “lobista social” e afirmou ainda que “merecia um pedido de desculpas do país”.

Sobre o ministro, é clara: “Vieira da Silva não tem uma areia onde se lhe toque sobre este caso“, garantiu, assinalando que “é uma das pessoas com maior integridade que já vi [viu] na minha [sua] vida”.

A defesa de Manuel Delgado

Em reação à notícia, o então secretário de Estado esclareceu que a sua função como consultor, consistiu numa colaboração técnica na área de organização e serviços de saúde na Casa dos Marcos, nunca tendo participado em decisões de financiamento. Manuel Delgado afirmou ainda que foi consultor da Raríssimas entre abril de 2013 e dezembro de 2014, altura em que ainda não era secretário de Estado da Saúde, e que desde que assumiu funções no Governo de António Costa apenas fez “uma visita oficial à Casa dos Marcos”.

Antes de ser emitida uma entrevista que concedeu à TVI, Manuel Delgado formalizou a sua demissão, tendo sido substituído por Rosa Zorrinho. Mais tarde, o ex-secretário de Estado da Saúde disse que se demitiu por “grave violação da privacidade” da sua vida pessoal. E garantiu que nunca recebeu “qualquer favorecimento por qualquer relação pessoal”. “O que motivou a minha demissão foi a grave violação da privacidade da minha vida pessoal em termos e circunstâncias inadmissíveis e que ultrapassaram todos os limites, já que foram muito além do âmbito e contexto sobre as eventuais suspeitas de irregularidades de gestão que foram cometidas naquela entidade”, referiu Manuel Delgado.

Na entrevista da TVI é revelado que, alegadamente, existem emails trocados com Paula Brito e Costa que provam que Delgado tinha negociado um salário de 12 mil euros. Fotografias de ambos mostravam várias viagens ao estrangeiro. Além disso, o contabilista da Raríssimas, Jorge Nunes, terá pedido a opinião do ex-governante sobre a situação financeira da associação, referindo um saldo negativo de cerca de 300 mil euros.

A defesa de Sónia Fertuzinhos

Sónia Fertuzinhos conta que foi “convidada” para ir àquela conferência a convite da Raríssimas e que este convite se justifica pelo seu trabalho pela “implementação da Estratégia Nacional Integrada para as Doenças Raras 2015-2020”. “As despesas relacionadas com a viagem não constituíram nenhuma despesa para a Raríssimas, que tendo adiantado o pagamento dos bilhetes de avião foi reembolsada pela entidade organizadora da conferência, na totalidade do valor dos mesmos”, explicou a deputada.

Confrontada pelo Observador relativamente a outras despesas como alojamento e alimentação durante a viagem, Sónia Fertuzinhos diz: “a informação que tenho é que as despesas foram pagas pela organização”, respondeu, explicando que “os dois almoços e jantar estavam integrados no programa e decorreram na associação de doenças raras onde decorreu a conferência”.

O que diz o Governo?

Após a emissão da reportagem, o Ministério afirmou que “dentro das suas competências, irá avaliar a situação e agir em conformidade, tendo sempre em conta, e em primeiro lugar, o superior interesse dos beneficiários desta instituição”. O caso ganhou outra leitura política quando foi revelado que o ministro do Trabalho foi vice-presidente da Assembleia Geral da Raríssimas, antes de entrar no atual Governo, facto que consta da sua declaração de registo de interesses, segundo o Público.

Mais tarde, em conferência de imprensa, Vieira da Silva afirmou que o cargo “foi apenas um compromisso cívico” que assumiu, “sem nenhuma vantagem de tipo pessoal”. O ministro garantiu que, nesse período, nunca teve conhecimento de qualquer facto que tivesse levantado dúvidas sobre o funcionamento da instituição. Vieira da Silva decidiu solicitar uma “inspeção global”, com “caráter de urgência” à Inspeção-Geral do Ministério, voltando a afirmar que “não é verdade” que tenha sido alertado para uma situação de gestão danosa.

Sobre a carta que o tesoureiro da Raríssimas disse ter enviado ao ministro a denunciar as irregularidades, Vieira da Silva reafirmou que a denúncia foi “dirigida ao ministério” e que em “todas as notas” que foram enviadas para os serviços de ação “não havia nenhuma referência explícita ou implícita aos problemas identificados na reportagem televisiva”.

Contudo, o Expresso deste sábado revela que pelo menos desde junho o ministro já sabia de algum tipo de problema. A denúncia chegou pela presidente demissionária da associação, Paula Brito e Costa, numa reunião pedida pela própria que aconteceu a 22 de junho. O Ministério diz que foi informado de “um caso, regionalmente delimitado, de apropriação indevida de donativos”. “Dada a natureza das suspeitas, o senhor ministro sugeriu o envio imediato das mesmas diretamente para o Ministério Público, por ser a entidade mais competente e eficaz para a investigação destas matérias”, esclareceu o Ministério tutelado por Vieira da Silva que recusa dizer se deu seguimento à questão internamente. Contudo, o semanário revela que os serviços de inspeção e fiscalização da Segurança Social não foram informados pelo ministro.

Com a polémica a aquecer, António Costa — que esteve fora do país em encontros internacionais — garantiu que mantém “total confiança política” em Vieira da Silva. Em declarações aos jornalistas esta quinta-feira, em Bruxelas, António Costa sublinhou que Vieira da Silva é um “ministro com muita experiência e grande capacidade em todos os domínios” e que, “em todos os momentos em que exerceu a sua atividade governativa, demonstrou sempre ser um excelente governante”. O primeiro-ministro garantiu ainda que o Estado vai continuar a financiar a Raríssimas.

O ministro da Segurança Social vai ao Parlamento na próxima semana para prestar esclarecimentos aos deputados. Vieira da Silva tem dito que está de consciência tranquila: “As contas da Raríssimas eram aprovadas na assembleia geral e, desse ponto de vista, tinha conhecimento [das contas], mas nunca tive conhecimento, nunca foi identificado, nem apresentado por ninguém nessas assembleias gerais qualquer dúvida sobre essas mesmas contas”, disse, atirando a assunção de responsabilidades para quando for conhecido o resultado da inspeção.

O que diz o Presidente da República?

O Presidente da República, que visitou a instituição na terça-feira diz-se “surpreendido” com a polémica. Em declarações transmitidas pela SIC Notícias na segunda-feira, o Chefe de Estado congratulou-se com a decisão de abrir um inquérito para “apurar até ao fim aquilo que aconteceu”.

“Faz todo sentido”, que assim seja, disse. “É importante que se fiscalize e que se conclua se houve ou não eventual ilegalidade e irregularidade e é preciso que as crianças não sejam punidas por isso”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente deixou ainda um desejo: “Que para o futuro não seja preciso haver denúncias para o Estado saber o que se passa nestas instituições”.

Marcelo Rebelo de Sousa assegurou ainda que “a Belém não chegou nada de concreto relativamente ao que se passava em termos de ilegalidade” na Raríssimas. “Não tinha conhecimento de irregularidades ou ilegalidades específicas ou concretas que pudessem ser apontadas”, acrescentou. Já este sábado, Marcelo defendeu que manter o funcionamento da Raríssimas é “uma questão de bom senso”, argumentando que os doentes ajudados “não têm culpa” do que se tem passado.

O que recebeu a Raríssimas do Estado?

Na conferência de imprensa de segunda-feira, o ministro do Trabalho elencou os apoios públicos atribuídos à instituição. No âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), foi concedido um apoio de 420 mil euros para construção da Casa dos Marcos, no concelho da Moita.

Além disso, foram feitos acordos de cooperação em três áreas. Um deles é um centro de atividades ocupacionais para crianças e jovens com doenças raras, que conta com um apoio anual que depende do número de utentes e dos valores fixados nos termos da lei — “esse valor ronda os 170 mil euros anuais e a verificação da prestação desse serviço nessa valência é feita regularmente pelos serviços da Segurança Social”, disse o ministro.

Há ainda um lar residencial, onde vivem crianças e jovens com doenças raras ou deficiência aguda, que recebeu 264 mil euros (280 mil euros em 2016). Por fim, o ministro apontou para a “residência autónoma”, uma resposta residencial para pessoas com um maior nível de autonomia, que conta com 57/58 mil euros por ano, também aqui dependendo “da comprovação das frequências regulares destas instituições”.

Além disso, podem ainda ser atribuídos apoios eventuais, o que aconteceu em 2012, 2015 e 2016 com a Raríssimas “num valor total de 327 mil euros”, concluiu o governante. Na terça-feira, o Público avançou que, em cinco anos, a Raríssimas recebeu 2,7 milhões de euros das mãos do Ministério do Trabalho e Segurança Social. À fatura somam-se ainda pagamentos provenientes de outros ministérios, como o da Saúde.

Qual será o futuro da Raríssimas?

Existe o perigo da associação ficar sem dinheiro para funcionar, mas os funcionários e o Presidente da República têm pedido uma solução. A porta-voz dos trabalhadores disse mesmo que a instituição corre “o risco de fechar porque não temos dinheiro por muito tempo para dar medicamentos”. A agravar a situação está a suspensão de apoios. Algumas instituições financiadoras declararam que iriam cessar as contribuições até que a presidente, mas também o marido e o filho da responsável, abandonassem a instituição.

A solução pedida pelos trabalhadores passa por “uma comissão de gestão ou uma direção provisória que possa fazer funcionar esta Casa”. Após esta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “o pior que podia acontecer é que, de repente, houvesse uma rutura e que as grandes vítimas fossem as crianças“. O Presidente da República garantiu que o Governo já designou uma equipa para assegurar a continuidade dos serviços da Raríssimas enquanto decorre a investigação.

Entretanto, já se sabe que o novo presidente será eleito em janeiro. A Assembleia-geral foi convocada na quinta-feira para os primeiros dias do próximo mês.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Farto das fotos do seu amigo? Facebook já permite “silenciar” pessoas, grupos e páginas

  • ECO
  • 17 Dezembro 2017

Facebook acaba de apresentar uma nova funcionalidade, que lhe permite deixar de seguir temporariamente páginas, grupos ou pessoas que considere estarem a poluir o seu feed.

Se está chateado com as múltiplas fotos do gato do seu amigo que andam a passear pelo seu feed do Facebook, vai adorar a nova funcionalidade que a rede social criada por Mark Zuckerberg acaba de anunciar. Os utilizadores da plataforma vão poder fazer snooze (isto é, deixar de seguir temporariamente) aos grupos, páginas e pessoas considerados incómodos, por 30 dias.

Facebook permite silenciar conteúdo indesejado, por trinta dias.Facebook

“Os utilizadores disseram-nos que queriam mais opções para determinar o que viam no seu News Feed e quando o viam”, explica a gigante. Em resposta, o Facebook deu-lhes a oportunidade de evitar o conteúdo de certos membros, grupos e páginas da rede social, sem que os utilizadores ignorados sejam notificados da situação.

Em vez de deixar de seguir permanentemente ou mesmo eliminar da sua rede de amizade aqueles que andam a perturbar o seu feed, vai poder agora escolher, no menu aberto no canto superior direito de cada post, esta nova funcionalidade e silenciar o conteúdo indesejado. Antes de o prazo em causa expirar, será também notificado de que voltará a receber as fotos e vídeos que escolheu evitar — aliás, poderá voltar a recebê-los a qualquer momento, já que a decisão é sempre reversível.

O snooze junta-se, deste modo, à lista de funcionalidades (como a que permite esconder, deixar de seguir, denunciar ou ver primeiro) que o Facebook tem apresentado, no sentido de dar maior controlo aos membros da rede social sobre que conteúdos constituem o seu feed.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Angola prevê défice de 2,9%. PIB deve crescer 2,9% em 2018

  • Lusa e ECO
  • 17 Dezembro 2017

Angola caminha para o quinto ano consecutivo de défice fruto da crise das receitas petrolíferas. O OE2018 prevê um défice de 2,9%. Já a economia deve expandir 4,9% no próximo ano.

As contas do Estado angolano para 2018 preveem um défice de 697,4 mil milhões de kwanzas (3.560 milhões de euros), equivalente a 2,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), traduzindo-se no quinto ano consecutivo de défice nas contas nacionais.

Os dados constam do relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, que o Governo angolano entregou na Assembleia Nacional, na sexta-feira, documento ao qual a Lusa teve acesso este domingo.

Na proposta, cuja votação final no parlamento deverá acontecer até 15 de fevereiro, o Governo angolano estima despesas e receitas de 9,658 biliões de kwanzas (48,8 mil milhões de euros) e um crescimento económico de 4,9% do PIB.

O défice estimado de 2,9% é o quinto consecutivo, depois dos 5,3% do PIB previstos no OGE para 2017, de 7% em 2016, 3,3% em 2015 e de 6,6% em 2014, quando se iniciou a crise das receitas petrolíferas.

Trata-se do primeiro OGE que João Lourenço, empossado a 26 de setembro como terceiro Presidente da República e líder do Governo, leva ao parlamento, depois de 38 anos de liderança em Angola a cargo de José Eduardo dos Santos.

Estado angolano precisa de endividar-se em 26,9 mil milhões de euros em 2018

O Estado angolano prevê endividar-se em 5,254 biliões de kwanzas (26,9 mil milhões de euros), no ano de 2018, o equivalente a 22 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo Governo. Os dados constam do relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, que o Governo angolano entregou na Assembleia Nacional, na sexta-feira, documento ao qual a Lusa teve acesso.

Este volume de endividamento corresponde a 1,100 biliões (milhões de milhões) de kwanzas (5,6 mil milhões de euros) de necessidades líquidas de financiamento, nomeadamente para cobrir o défice de 2,9% do PIB estimado para 2018, no valor de 697,4 mil milhões de kwanzas (3.560 milhões de euros), e para aquisição de ativos financeiros, por 403,4 mil milhões de kwanzas (2.068 milhões de euros).

Acrescem 4,153 biliões de kwanzas (21,3 mil milhões de euros) que Angola necessitará para garantir amortizações de dívida, interna e externa, durante todo o ano de 2018. De acordo com o documento, até julho de 2017, o stock da dívida governamental – com exceção da contraída pelas empresas públicas – estava avaliada em 9,970 biliões de kwanzas (51,1 mil milhões de euros), correspondendo a 59,84% do PIB.

“A dívida do país mantém-se solúvel a prazo. Todavia, a política fiscal experimenta um contexto de ‘stress’ no curto prazo, demandando-se um processo comprometido e consistente de consolidação fiscal e das finanças públicas, incluindo um aprofundamento institucional em sede da cadeia de valor das finanças públicas, desde o ciclo orçamental à gestão de tesouraria”, lê-se no documento.

Angola espera receitas de 12,2 mil milhões de euros com o petróleo em 2018

As receitas fiscais angolanas com a exportação de petróleo deverão atingir, em 2018, mais de 2,399 biliões de kwanzas (12,2 mil milhões de euros), com o Governo a estimar vender cada barril a 50 dólares. Os dados constam do relatório de fundamentação do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, que o Governo angolano entregou na Assembleia Nacional, na sexta-feira, documento ao qual a Lusa teve acesso.

O documento do Governo angolano prevê que 24,8% de todas as receitas a angariar pelo Estado sejam provenientes do setor petrolífero, enquanto os impostos do setor não petrolífero deverão ascender, em 2018, a 1,740 biliões de kwanzas (8.890 milhões de euros). O Governo angolano prevê, no OGE, exportar 620 milhões de barris de crude por dia em 2018, acima dos 610,6 esperados, na mais recente projeção, para este ano.

Depois dos 46 dólares orçamentados em 2017, e numa altura em que o barril de crude é vendido no mercado internacional a mais de 60 dólares, o Governo optou por uma previsão mais conservadora para 2018. “Tendo em conta a incerteza atual no mercado petrolífero e a volatilidade do preço, com base em toda a informação disponível sobre o desenvolvimento do mercado petrolífero, para o exercício de 2018 foi adotada a previsão de 50 dólares/barril”, refere o relatório de fundamentação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Presidente da República decide sobre a promulgação do OE2018 entre quarta e quinta-feira

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2017

Marcelo Rebelo de Sousa tem estado a analisar uma versão prévia do documento, mas espera que a versão oficial chegue a Belém na terça ou quarta-feira.

O Presidente da República afirmou este domingo julgar estar em condições de decidir sobre a promulgação do Orçamento do Estado para 2018 entre quarta e quinta-feira da próxima semana, pouco depois de receber o diploma em Belém. Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas após a celebração de uma missa pelo cardeal Patriarca, Manuel Clemente, na cantina da Universidade de Lisboa, no âmbito da 29.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz.

Interrogado sobre o calendário que tem para decidir sobre a promulgação do Orçamento do Estado para 2018 – documento que o próprio chefe de Estado caracterizou como sendo mais complexo do que os anteriores apresentados pelo Governo minoritário socialista -, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que tem já na sua posse “há dez dias o texto praticamente final”.

“Tenho estado a estudá-lo e espero que chegue a Belém no dia 19 à noite [terça-feira] ou no dia 20 de manhã [quarta-feira]. Pode ser que me engane, mas é o que eu espero”, começou por responder o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou a seguir que já viu “praticamente tudo” em relação ao conteúdo do Orçamento do Estado para 2018, que foi aprovado em votação final global no Parlamento no final de novembro, com os votos favoráveis da esquerda parlamentar (PS, BE, PCP e PEV) e do PAN, tendo a oposição do PSD e CDS-PP.

“Entre hoje e segunda-feira vou acabar de ver a versão mesmo definitiva publicada no Diário da Assembleia da República. Isso quer dizer que estarei em condições de decidir a promulgação entre 20 e 21”, completou o Presidente da República.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

15 apps para ajudar a fazer as compras de Natal

Da preparação à compra, passando pela poupança. O ECO reuniu 15 apps que podem ser ferramentas úteis para fazer as compras de Natal, com sorte sem ter de sair de casa.

Falta uma semana para o dia de Natal. A azáfama das compras dos presentes e dos acepipes para a consoada já é grande. Lojas cheias e filas de trânsito junto aos centros comerciais são o espelho mais visível da corrida às compras da quadra. E tudo indica que o cenário se vai agravar ainda mais à medida que o Natal se aproxima. Mas há formas de evitar toda essa confusão. A solução para muitos problemas pode estar apenas à distância do smartphone.

Há um grande conjunto de apps que podem ajudar não só a preparar a quadra natalícia, como na difícil missão da compra dos presentes e dos produtos para a consoada. Algumas também ajudam a poupar algum dinheiro em todo esse processo. O ECO selecionou um conjunto de 15 apps gratuitas que podem ajudar desde a preparação e organização das compras à respetiva realização.

Para preparar e controlar

A definição de um orçamento e a realização de uma lista de compras são dicas muito relevantes para não perder a noção aos gastos das compras de Natal, mas também para evitar deixar alguém sem presente no sapatinho. Há diversas apps que podem ajudá-lo a definir tudo isso e a não perder o controlo ao planeamento da quadra.

A The Christmas Gift List é uma das ferramentas que o pode ajudar nessa missão. A app permite mantê-lo a par da sua lista de presentes, o que ainda lhe falta comprar, quanto quer gastar ou ideias sobre o que pode comprar. Pode ainda partilhar a sua lista com outras pessoas que fazem parte dos seus contactos ou adicionar locais onde pode comprar o presente ideal.

Esta aplicação permite ainda visualizar estatísticas das suas compras, através da elaboração de gráficos. Existem duas versões da app, sendo que a The Christmas Gift List Lite é gratuita. Esta aplicação está disponível apenas para dispositivos com sistema operativo iOS.

Do mesmo género é a Christmas Gifts and Budged, uma aplicação que está disponível gratuitamente para equipamentos Android. Esta app permite introduzir ideias de prendas de modo a não as esquecer, associá-las a família e amigos de modo a não se esquecer de ninguém, definir um orçamento e acompanhar as despesas de modo a não o ultrapassar, bem como marcar as compras que já foram efetuadas.

Também é possível proteger a sua lista com uma password. Todos os anos é aberta uma nova lista, sendo as anteriores arquivadas, o que permite estar sempre a par dos presentes que já deu e evitar assim repetições.

Comparar para poupar

O Natal pode ser a desculpa perfeita para “perder a cabeça” nas compras, mas não tem de ser necessariamente assim. Na compra dos presentes ou dos artigos para compor a mesa da consoada também é possível poupar. Neste campo também existem diversas apps que o permitem fazer.

A Sapo Promos é uma ferramenta que pode ajudar a baixar de forma significativa a fatura final das compras de Natal. Para que não perca o fio ao diversificado leque de campanhas promocionais, a Sapo Promos junta numa única aplicação todos os folhetos de promoções que encontra no mercado. Sejam estes para as compras do supermercado, de artigos para a casa, de tecnologia ou para a aquisição dos brinquedos que vão satisfazer os desejos dos mais pequenos com direito a desconto. Esta app está disponível gratuitamente tanto para sistema Android como para iOS.

No comparar está grande parte do segredo para poupar. E neste campo o KuantoKusta pode ajudar. Esta app permite ir à procura do melhor preço, já que possibilita a comparação dos preços de produtos de diferentes áreas em centenas de lojas. Essa pesquisa é possível por categorias de produto, referência, marca ou através do scan do código de barras.

Com esta ferramenta também é possível criar uma lista dos seus produtos preferidos e acompanhar a evolução dos respetivos preços. Esta aplicação está disponível gratuitamente, estando disponível tanto para sistema iOS como Android.

Uma ajuda para comprar

  • Compor a consoada

Depois de procurar as melhores promoções chega a hora de avançar para as compras de supermercado. Se o puder fazer a partir do conforto do sofá, evitando perder tempo com as longas filas dos caixas, melhor. O Continente tem uma app à medida, já que permite fazer compras e recebê-las num local à escolha, desde que seja em Portugal Continental. A aplicação Continente é gratuita e está disponível tanto para sistema iOS como Android.

A El Corte Inglés Supermercado permite fazer o mesmo. Esta loja online organiza-se automaticamente de acordo com os gostos do consumidor que podem passear pelos corredores virtuais e encher o cesto de compras como num supermercado físico. O cliente pode optar pela entrega ao domicílio ou recolher o seu pedido numa loja El Corte Inglés ou num dos picking points disponíveis com o serviço Click&Car. Esta app também é gratuita e está disponível tanto para dispositivos com sistema iOS ou Android.

  • Tecnologia

Excluindo as meias e os pijamas, os gadgets e a tecnologia são os reis dos presentes de Natal. Se o objetivos for apostar em compras tecnológicas e evitar a confusão dos centros comerciais, a Gearbest promete cumprir os objetivos. Mas nesta app, que está disponível apenas em inglês, vai conseguir encontrar muito mais entre 110 mil produtos de 140 categorias diferentes. Uma das suas vantagens é o facto de permitir fazer compras com preços exclusivos, mas também criar listas de produtos favoritos, ler avaliações dos produtos, bem como localizar as encomendas. A Gearbest está disponível de forma gratuita para dispositivos iOS e Android.

Mas a Amazon é seguramente a rainha das compras online, e a sua app uma ferramenta muito útil para comprar artigos de diferentes categorias, com destaque para a tecnologia. Ao fazer as compras através da loja de Espanha pode conseguir ainda que as compras lhe cheguem a casa sem custos. A poucas semanas do Natal, a Amazon anunciou que as encomendas feitas a partir do site espanhol acima dos 29 euros ficam isentas do pagamento de portes de envio. No caso dos livros basta que o pedido exceda os 19 euros. Para além de fazer compras, também pode fazer listas de compras e ver comentários. A app está disponível para Android e iOS, gratuitamente.

  • Vestuário

Se o objetivo passa por colocar no sapatinho roupa ou acessórios de moda, a opção de escolha é muito vasta no universo das apps. Reunimos apenas alguns exemplos de aplicações que dão acesso a um conjunto diversificado de artigos. A Spartoo é uma das opções para fazer compras deste género, permitindo encontrar desde roupa a sapatos, de mais de mil marcas. A Showroomprive é outra montra onde pode encontrar o presente à medida, destacando-se pelo facto de ter promoções todo o ano. A opção “entrega em 72h” também pode ser muito útil, sobretudo se o tempo até ao Natal escassear. Esta app também é gratuita e está disponível para iOS e Android.

A ASOS também tem o mesmo espírito, sendo possível aceder através da app desta loja a artigos de moda e de beleza de mais de 850 marcas. Esta possibilita a sincronização de listas de produtos entre diferentes dispositivos, bem como registar o cartão de crédito através da câmara e incluir alertas de promoções. A aplicação está disponível para Android e iOS, sendo que neste último caso é compatível com Apple Pay.

Numa altura em que muitos portugueses se têm deixado seduzir pela prática de desporto, a escolha de artigos desportivos para colocar no sapatinho pode ser uma boa opção. A Sports Direct pode ser uma ferramenta útil para tal. A aplicação agrega mais de 800 marcas com diferentes tipos de artigos, mas com foco nas marcas de desporto. Está disponível para Android e iOS de forma gratuita, sendo que também dá para sincronizar as listas de compras nos diferentes tipos de dispositivos.

  • Diversos

Tanto o OLX como o Custo Justo são páginas de classificados online onde também pode encontrar presentes de Natal entre artigos usados e novos, sendo possível encontrar preços atrativos nos acessórios para computadores ou perfumes, telemóveis ou mesmo berços. Qualquer destas duas plataformas dispõe de uma app que está disponível tanto para sistemas Android como iOS e também de forma gratuita.

“Tudo o que quiseres entregue em minutos”. O slogan é da Glovo, uma app especializada na recolha e entrega de produtos de diferentes tipos. Por que não utilizar esse serviço para ir buscar e entregar-lhe no conforto do lar as prendas que comprou. Para além de comida, também pode ir à farmácia buscar uma encomenda ou a uma loja de outro tipo qualquer. Tem a vantagem de acompanhar em tempo real o percurso do ser pedido. A app está disponível para dispositivos Android e iOS e é gratuita.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

UGT convicta de que haverá subida salarial no Estado em 2019

  • ECO
  • 17 Dezembro 2017

O secretário-geral da UGT está convencido de que vão existir aumentos salariais na função pública em 2019. Carlos Silva defende que a lei laboral deve manter-se como está.

O Governo tem de aumentar os salários da função pública antes de a legislatura terminar. Quem o defende é o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que diz estar “convencido” de que isso vai acontecer em 2019, ou seja, o ano apontado para a realização das próximas eleições legislativas. Já a lei laboral — que o BE e o PCP querem mudar — deve manter-se como está na opinião da UGT.

“É possível haver aumentos salariais? Eu estou convencido de que nesta legislatura vamos ter de assistir a um ‘clique’, a uma boa vontade do atual Governo, em 2019“, afirmou Carlos Silva, admitindo que em 2018 isso não deverá acontecer. A UGT tentará que isso aconteça na discussão do Orçamento do Estado para 2019.

Segundo o Negócios, o último aumento salarial na função pública aconteceu há dez anos. Contudo, o Programa de Estabilidade que o Executivo traçou até 2021 não contém referências a eventuais aumentos salariais no Estado.

Era importante que a lei laboral se mantivesse inalterada.

Carlos Silva

Secretário-geral da UGT

Por outro lado, Carlos Silva defende a estabilidade da lei laboral, recusando que haja mais alterações de forma a dar “garantias”. “Era importante que a lei laboral se mantivesse inalterada”, afirmou, referindo mesmo que prescindia das medidas que o Governo tem no seu programa. Em causa está a criação de mais restrições à contratação a prazo ou o fim do banco de horas individual.

Numa altura em que se começa a falar sobre o aumento do salário mínimo para o próximo ano, Caros Silva sugere que existam alterações ao pagamento por conta — que foi reduzido no início de 2017, após o PSD ter inviabilizado a descida da TSU acordada em concertação social. O líder da UGT disse ainda estar aberto a negociar uma suspensão da contribuição das empresas para o Fundo de Compensação do Trabalho durante dois anos e para renegociar o valor dos descontos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empresas elogiam rapidez no apoio. Fogos agravam obstáculos

  • Lusa
  • 17 Dezembro 2017

As empresas afetadas pelos incêndios deste ano elogiaram a rapidez e a facilidade com que os apoios chegaram ao terreno. No entanto, persiste um problema estrutural e os fogos agravaram-no.

Empresas e autarquias do Interior Centro assinalam a rapidez dos apoios disponibilizados pelo Governo, mas notam que os incêndios de junho em Pedrógão Grande agravaram os problemas da região.

Em Figueiró dos Vinhos, um dos concelhos afetados pelos incêndios de 17 de junho, a empresa de exploração de madeiras Carvalhos foi das que mais prejuízos sofreu, em maquinaria destruída pelas chamas, que ficou calcinada em terrenos florestais. A empresa, fundada há 25 anos, já recebeu mais de 600 mil euros para repor o equipamento, no âmbito que de uma candidatura que financia a 85% a fundo perdido a reposição de atividade empresarial.

“Foi tudo rápido. Apresentámos a candidatura no início de setembro. Demorou mais tempo conseguir reunir toda a documentação do que a aprovação”, disse à agência Lusa Maria do Céu Silva, que, por estes dias, assume a gestão da empresa, depois de o sócio-gerente ter sofrido um acidente de trabalho há três semanas e estar internado no hospital, e do irmão deste e um sobrinho terem morrido no incêndio de junho.

Maria do Céu explicou que o financiamento do Estado foi já aplicado na compra de duas máquinas – uma de corte e descasque de madeira, outra para estilha e biomassa – mas notou que as verbas apenas possibilitam a compra de material novo e a empresa assumiu a aquisição de um camião e um trator em segunda mão, necessários à atividade.

O problema agora é que não há onde colocar a madeira. As celuloses não recebem madeira com casca queimada e quando a vamos descascar, a madeira já com seis meses está ressequida e parte. E os parques que existem estão fechados, ou porque estão cheios, ou porque empresas [de produção de derivados, como ‘pellets’] que a recebiam também arderam nos últimos incêndios [de 15 de outubro]”, lamentou.

“Esta região precisava de polos de desenvolvimento. Mas quem é que quer vir para cá?”

Já no limite entre os distritos de Leiria e Coimbra, junto à povoação de Campelo, na estrada que liga Castanheira de Pera a Penela, está localizado o Forte da Raposa, que fazia da localização a meia encosta da serra do Espinhal, num vale atravessado por uma ribeira, um dos ativos na sua atividade ligada aos desportos de aventura e ao turismo de natureza.

Fazia, porque agora, Carlos Pedro, o proprietário – que na noite do incêndio defendeu sozinho a propriedade contra as chamas que desceram a encosta “em três minutos” e viu os cedros, carvalhos e castanheiros que rodeiam o terreno de quatro hectares, serem uma ajuda preciosa contra as chamas que devastaram os eucaliptais em redor – olha para a paisagem queimada e admite que o otimismo se desvaneceu.

Embora os alojamentos que disponibiliza não tenham sido diretamente afetados pelas chamas, os equipamentos – entre eles uma via de ‘slide’ com 75 metros através do vale e os dois campos de ‘paintball’ – têm de ser requalificados. Carlos Pedro, 57 anos, viu ser-lhe aprovada uma candidatura no valor de 52 mil euros, mas faz contas à vida: “São 85% a fundo perdido, mas tenho de pagar o IVA a 23%, mais os outros 15% e não sei como“, revela.

Embora o projeto turístico de Carlos Pedro seja apontado como diferenciador pelas entidades oficiais – há dias recebeu a visita da comissária europeia para a Política Regional, Corina Cretu – o proprietário aponta para a paisagem, onde, ao lado de um eucalipto queimado, “já despontam três ou quatro, que no verão vão ter dois metros de altura e estão prontos para arder outra vez”.

Quando precisa de ajuda para as atividades, Carlos Pedro recorre a uma “bolsa de monitores” oriundos de Torres Vedras, face à ausência de recursos locais. “Esta região precisava de polos de desenvolvimento. Mas quem é que quer vir para cá?”, questiona, exemplificando com dois estagiários, jovens que estiveram um ano no Forte da Raposa e saíram, um para o Algarve, outro para um emprego “mais próximo da casa dos pais”, com os quais reside.

Na autarquia de Pedrógão Grande, Bruno Gomes coordena o Gabinete Operacional de Recuperação e Reconstrução (GORR) e destaca a forma “fácil e simples” como as candidaturas aos apoios para empresas afetadas pelos incêndios têm vindo a decorrer, mas também a “extraordinária” atuação e apoio da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

“Está a ser uma oportunidade única para as empresas saírem do fogo e modernizarem a atividade”, afirmou Bruno Gomes, aludindo ao financiamento de 85% a fundo perdido. Como aspeto negativo, o responsável do GORR assinala que as empresas mais antigas “não têm documentos administrativos do seu imobilizado”, criando constrangimentos na justificação do valor do bem, necessário à candidatura.

“Se tenho uma empresa que pede 100 mil euros, tenho de ter 100 mil euros de valor de imobilizado destruído. Mas se os carros forem velhos, a atividade for antiga, se calhar não consigo justificar mais do que 30 ou 40 mil euros e não vou receber 100 mil euros”, explicou Bruno Gomes. Acresce que os apoios apenas incidem sobre a compra de material novo, “mas isso, todos os fundos comunitários, sempre exigiram equipamento novo”, argumentou.

Outros constrangimentos estão relacionados com empresas que não possuem o código de atividade correto relativamente à atividade que desenvolvem ou outras cujo imobilizado pertence, formalmente, a uma empresa do mesmo proprietário que fechou e a nova não “tem faturas do imobilizado que ali existia”.

No total, Bruno Gomes disse que foram recusadas, até ao momento, três candidaturas e que, do lote aprovado, existem desde pequenas candidaturas de seis ou sete mil euros, até uma que ascende ao máximo de 5,5 milhões, principalmente dos setores da madeira e derivados, mas também lagares de azeite, serviços vários e turismo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Unitel financiou Isabel dos Santos para esta controlar a Zon. Oi classifica transações de “irregulares”

  • ECO
  • 17 Dezembro 2017

A empresária angolana usou 360 milhões de euros da Unitel, uma empresa angolana, para comprar ações da Zon, o que levou à fusão com a Optimus. Nascia assim a Nos, parceria com a Sonae.

Isabel dos Santos financiou-se junto da Unitel para controlar a Zon e, mais tarde, avançar para a fusão com a Optimus para criar a Nos em parceria com a Sonae. Foi a maior operadora móvel angolana quer emprestou 360 milhões de euros a uma sociedade controlada pela mulher mais rica de África, dos quais 300 milhões de euros serviram para comprar ações da Zon, segundo o Público deste domingo. A operação é contestada pela Oi.

Em apenas um ano, Isabel dos Santos recorreu sete vezes a empréstimos da Unitel. Foi entre maio de 2012 e agosto de 2013 que a empresária se financiou para investir no mercado de telecomunicações de Portugal, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Os sete empréstimos a dez anos totalizam 360 milhões de euros.

O diário teve acesso a contratos entre a Unitel SA e a Unitel Internacional Holdings — sociedade de direito holandês que é exclusivamente controlada pela empresária e através da qual detém a ZOPT que, por sua vez, controla a Nos — que mostram os financiamentos acordados que tiveram como objetivo comprar 58 milhões de ações da Zon, tendo passado a controlar 28,8% do capital.

Questionada pelo Público, Isabel dos Santos não esclareceu, até ao momentos, se algum dos empréstimos foi reembolsado. Mas fonte oficial da Unitel SA garantiu que “todos os empréstimos e transações financeiras são legítimos e legais e refletidos nos relatórios de contas da Unitel e encontram-se devidamente auditados pelo auditor externo PwC”.

Isabel dos Santos detém 25% da Unitel e é a presidente do conselho de administração da operadora. Segundo o diário, nos contratos, Isabel dos Santos tanto assina em representação da Unitel Internacional Holdings como da Unitel, a entidade que financia. Estas transações são contestadas pela operadora brasileira Oi que, através da PT Ventures, é acionista da Unitel.

“Na visão da PT Ventures os empréstimos feitos à Unitel International Holdings BV, parte relacionada de um dos acionistas da Unitel, não contaram com as devidas aprovações societárias, sendo portanto transações irregulares”, acusou fonte oficial da Oi, assinalando que os empréstimos “foram feitos em condições muito mais vantajosas que aquelas praticadas no mercado”. O caso corre num processo arbitral na Câmara de Comércio Internacional de Paris.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.